Salmo Responsorial -
33(34): “Provai e vede quão suave é o Senhor!”
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do Evangelho: Lucas 15,1-3.11-32
— Glória a vós, Senhor!
Alegra-te,
Jerusalém! Reuni-vos, vós todos que a amais; vós que estais tristes, exultai de
alegria! Saciai-vos com a abundância de suas consolações (Is 66,10s). - Com alegria nos reunimos para celebrar, na Eucaristia, o
mistério pascal de Jesus. O Senhor nos acolhe de braços abertos e nos convida a
provar a suavidade do seu amor. Reconciliados por Cristo com Deus, nosso
Pai, participemos do banquete por ele oferecido, no qual partilhamos do seu
perdão e da sua misericórdia.
Aleluia, aleluia, aleluia!
“Vou
levantar-me e vou a meu pai e lhe direi: Meu pai, eu pequei contra o céu e
contra Ti...”
Naquele
tempo, 1os publicanos e pecadores aproximavam-se de
Jesus para o escutar. 2Os fariseus, porém, e os mestres da Lei criticavam
Jesus: “Este homem acolhe os pecadores e faz refeição com eles”. 3Então,
Jesus contou-lhes esta parábola: 11“Um homem tinha dois filhos. 12O filho mais
novo disse ao pai: ‘Pai, dá-me a parte da herança que me cabe’. E o pai dividiu
os bens entre eles. 13Poucos dias depois, o filho mais
novo juntou o que era seu e partiu para um lugar distante. E ali esbanjou tudo
numa vida desenfreada. 14Quando tinha gasto tudo o que possuía, houve
uma grande fome naquela região e ele começou a passar necessidade. 15Então foi
pedir trabalho a um homem do lugar, que o mandou para seu campo cuidar dos
porcos. 16O rapaz queria matar a fome com a comida que
os porcos comiam, mas nem isso lhe davam. 17Então caiu em si e disse:
‘Quantos empregados do meu pai têm pão com fartura, e eu aqui, morrendo de
fome. 18Vou-me embora, vou voltar para meu pai e
dizer-lhe: Pai, pequei contra Deus e contra ti; 19já não mereço ser chamado teu
filho. Trata-me como a um dos teus empregados’. 20Então ele partiu e
voltou para seu pai. Quando ainda estava longe, seu pai o avistou e sentiu
compaixão. Correu-lhe ao encontro, abraçou-o e cobriu-o de beijos. 21O filho,
então, lhe disse: ‘Pai, pequei contra Deus e contra ti. Já não mereço ser chamado teu filho’. 22Mas o pai disse aos empregados:
‘Trazei depressa a melhor túnica para vestir meu filho. E colocai um anel no
seu dedo e sandálias nos pés. 23Trazei um novilho gordo e matai-o. Vamos fazer
um banquete. 24Porque este meu filho estava morto e tornou a viver; estava
perdido e foi encontrado’. E começaram a festa. 25O filho mais velho
estava no campo. Ao voltar, já perto de casa, ouviu música e barulho de dança.
26Então chamou um dos criados e perguntou o que estava acontecendo. 27O criado respondeu: ‘É teu irmão que voltou. Teu pai matou
o novilho gordo, porque o recuperou com saúde’. 28Mas ele ficou com raiva e não
queria entrar. O pai, saindo, insistia com ele. 29Ele, porém, respondeu ao pai:
‘Eu trabalho para ti há tantos anos, jamais desobedeci a qualquer ordem tua. E
tu nunca me deste um cabrito para eu festejar com meus amigos. 30Quando chegou
esse teu filho, que esbanjou teus bens com prostitutas, matas para ele o
novilho cevado’. 31Então o pai lhe disse: ‘Filho, tu estás sempre comigo
e tudo o que é meu é teu. 32Mas era preciso festejar e alegrar-nos, porque este
teu irmão estava morto e tornou a viver; estava perdido e foi encontrado'”
— Palavra da Salvação!
— Glória a vós, Senhor!
COMENTÁRIO DO
EVANGELHO
Hoje, domingo Laetare (“Exultai”), quarto da Quaresma, escutamos este fragmento íntimo do Evangelho segundo São Lucas, no que Jesus justifica a sua pratica inaudita de perdoar os pecados e recuperar os homens para Deus. Nas escrituras sempre que aparece a figura de porcos, essa está sempre, analogamente, ligada a impureza e ao demônio (os biógrafos de Santo Antão relatam que o santo quando era tentado pelo demônio, este se manifestava em forma de um porco). Neste contexto o filho em seu desregramento moral, atingiu aquela expressão muito usada no meio Cristão de “fundo-de-poço”, ou seja, em sua devassidão, acabou compactuando com a impureza e alimentando-se com o alimentos, segundo o contexto judaico, próprio dos demônios, portanto, compactuando com esta prevaricação de caráter religioso. O filho prodigo fez semelhante a Esaú trocou toda sua herança por um mísero e passageiro "prato de lentilhas" - Esaú tem uma atitude impensada, querendo apenas satisfazer seu desejo momentâneo, ou seja, saciar a sua fome! Depois cai em si e numa atitude desesperada chora clamando ao pai que o abençoasse mas, já era tarde demais. Semelhantemente fez o filho prodigo quando desprezou uma vida abençoada sob a cobertura do seu Pai e tudo mais que ele podia desfrutar, por um momento de Prazer e aventura. Sabemos que os pais criam os filhos e algum dia eles terão de sair de sua casa para constituir sua própria família. Mas essa história é um pouco diferente, nos lembra que mesmo tendo a liberdade de viver a nossa própria vida, jamais devemos sair da cobertura, proteção e orientação de nosso Pai Celeste. Sempre me perguntei se a maioria das pessoas entendia bem a expressão “o filho pródigo” com a qual se designa esta parábola. Penso que devíamos rebatizá-la com o nome da parábola do “Pai prodigioso”.Efetivamente, o Pai da parábola — que se comove ao ver que volta aquele filho perdido pelo pecado— é um ícone do Pai do Céu refletido no rosto de Cristo: «Quando ainda estava longe, seu pai o avistou e foi tomado de compaixão. Correu-lhe ao encontro, abraçou-o e o cobriu de beijos» (Lc 15, 20). Jesus dá-nos a entender claramente que todo o homem, inclusive o mais pecador, é para Deus uma realidade muito importante que não quer perder de nenhuma maneira; e que Ele está sempre disposto a conceder-nos com gozo inefável o seu perdão (até ao ponto de não poupar a vida de seu Filho).Este domingo tem um matiz de serena alegria e, por isso, é designado como o domingo “exultai”, palavra presente na antífona de entrada da Missa de hoje: «Alegra-te, Jerusalém; rejubilai, todos os seus amigos. Exultai de alegria». Deus compadeceu-se do homem perdido e extraviado, e manifestou-lhe em Jesus Cristo – morto e ressuscitado – a sua misericórdia.João Paulo II dizia na sua encíclica Dives in misericórdia que o amor de Deus, numa história ferida pelo pecado, converteu-se em misericórdia, compaixão. A Paixão de Jesus é a medida desta misericórdia. Assim entendemos que a alegria maior que damos a Deus é deixar-nos perdoar apresentando à sua misericórdia a nossa miséria, o nosso pecado. Às portas da Páscoa acudimos de bom grado ao sacramento da penitência, a sua fonte da divina misericórdia: daremos a Deus uma grande alegria, ficaremos cheios de paz e seremos mais misericordiosos com os outros. Um detalhe interessante nesta parábola é que o evangelista a deixa aberta, ou seja, sem conclusão. Não sabemos se o filho mais velho aceitou o convite do paia para participar da festa, e se reconheceu o que retornou como irmão. Percebemos que o evangelista quis nos ensinar que a conversão é uma necessidade e imperativo constante em nossas vidas, e muitas vezes, quem mais necessita de conversão é aquele que se sente mais justo e cumpridor de seus deveres para com Deus. Nunca é tarde para nos levantarmos e voltar para o Pai que nos ama! Devemos acreditar na misericórdia do Pai que nos recebe sempre de braços abertos e com muita festa! (conf. Lucas 15,7). E devemos, sobretudo, pedir que essa mesma misericórdia seja derramada infinitamente em nosso coração para que possamos ver com os olhos de Deus os nossos irmãos que julgamos pecadores e reconhecer que todos somos merecedores do mesmo amor do Pai.
Uma abençoada e frutífera Quaresma para todos!
“Louvado Seja Nosso Senhor Jesus
Cristo!”
MOTIVAÇÕES PARA A
LITURGIA DIÁRIA E DOMINICAL:
A Liturgia Diária é uma ótima ocasião para que se opere a “conversão diária!” -
A leitura da Liturgia Diária forjou e moldou muitos Santos:
1)-Santo Agostinho foi um deles. “Tolle et lege” (Toma e lê) foi a frase que o conduziu a ler um trecho
do Evangelho que mudou sua vida.
2)-O grande Santo Antão, que deu origem à
vida monástica, foi tocado pela graça ao ler a parábola do moço rico no
Evangelho.
3)- São Francesco (Francisco) cujo nome é adotado depois de
uma viagem à França, onde o menino teria ficado
cativado pela vida francesa, sua música, sua poesia e seu povo, seu pai teria
começado a chamá-lo de "francesco", que significa "francês"
em italiano. Também, como Santo Antão,a passagem do
jovem rico é tão significativa que inspirou também São Francisco de Assis a
elaborar sua Regra de Vida baseada no desapego aos bens e o amor aos pobres:
“Se queres ser perfeito, vai, vende teus bens, dá-os aos pobres e terás um
tesouro no céu. Depois, vem e segue-me”. (Mt 19, 21).
4)-Também para Santo Inácio de Loyola a ocasião escolhida por Deus para sua mudança de vida foi a leitura de
consagrados livros Cristãos.
Gravemente ferido na batalha de Pamplona (20 de Maio de 1521), passou
meses inválido, no castelo de seu pai. Durante o longo
período de recuperação, Inácio procura ler livros para passar o tempo, e começa
a ler a "Vita Christi", de Rodolfo da Saxônia, e a Legenda Áurea,
sobre a vida dos santos, de Jacopo de Varazze, monge cisterciense que comparava
o serviço de Deus com uma ordem cavalheiresca.A partir destas leituras,
tornou-se empolgado com a ideia de uma vida dedicada a Deus, emulando os feitos
heroicos de Francisco de Assis e outros líderes religiosos. Decidiu
devotar a sua vida à conversão dos infiéis na Terra Santa.
Os Santos recomendam
com empenho a Liturgia Diária:
1)-São Bernardo: “A leitura
espiritual nos prepara para a oração e a prática das virtudes. Leitura e Oração são as armas com as quais se vence o demônio
e se conquista o céu”.
2)-São Cipriano (bispo de Cartago -África): “Permanece na oração e na leitura: desse modo conversarás com Deus e
Deus estará contigo”.
3)-Santo Afonso de Ligório: “Quantos Santos
abandonaram o mundo e se deram a Deus por meio da leitura espiritual!”
4)-São Gregório Magno, Papa: “Eu te rogo: empenha-te em meditar cada dia as palavras do teu Criador. Assim aprenderás a conhecer o coração de Deus através
das palavras de Deus”.
A Liturgia Diária
ajuda-nos a compreender e amar a Liturgia Católica:
O Catecismo da Igreja Católica ensina que “a
liturgia é participação na oração de Cristo, dirigida ao Pai no Espírito Santo.
Nela, toda a oração cristã encontra a sua fonte e o seu termo. Pela
liturgia, o homem interior lança raízes e alicerça-se no «grande amor com que o
Pai nos amou» (Ef 2, 4).
A Liturgia Diária
prepara nossa alma para recebermos o Corpo e Sangue de Nosso Senhor Jesus
Cristo
Na Liturgia Diária, as orações e as leituras da Palavra de Deus são
ocasião para alimentar a nossa fé. Em cada leitura Deus fala a seu povo e o
alimenta.Por esse modo a Santa Igreja prepara o coração
dos fiéis para poder receber o Corpo e Sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo, na
Sagrada Comunhão.Na Liturgia da Palavra o fiel ouve com atenção as leituras da
Bíblia que são uma carta escrita por Deus para cada um de nós.Na
Liturgia Eucarística somos preparados para receber o Pão dos Anjos, que
transformará nossa vida, e como Elias nos dar força para continuar a caminhada
alimentados por este pão (I Reis 19,4-10).
Como viver de forma
prática a Liturgia Diária?
Este é um método de “leitura orante da Palavra
de Deus”, da Liturgia Diária, praticado e ensinado pelos Padres da Igreja desde
os seus primeiros séculos. Foi batizada com esse nome por Orígenes no Séc. III,
e generalizou-se nos séculos IV e V como maneira predominante de ler a bíblia. Esta
pode ser feita diariamente, por exemplo, meditando o Evangelho proposto pela liturgia
diária da Santa Missa.
Após suplicar a luz
do Espírito Santo, o método se desenvolve em 4 passos:
1)-Leitura: o que a Palavra diz
em si?
2)-Meditação: o que a Palavra diz
para mim; o que ela me ensina, me revela, como ela me forma, como a vejo em
minha vida?
3)-Oração: Qual minha resposta a palavra de
Deus?
4)-Contemplação: O que a
palavra de Deus fez em mim? O que devo mudar concretamente em minha vida? Que postura
devo tomar? O que me proponho a viver doravante durante a minha vida? - O fruto dessa
nova dinâmica de vida ao ritmo da Palavra é uma transformação real e concreta
que nos elevará em fé, esperança e caridade, além disso, nos proporcionará uma
vida junto de Deus mais constante e digna de Seu amor! Por último,
que possamos perseverar neste caminho. Auxiliados pela graça de Deus já
provaremos aqui nesta terra das riquezas do céu, e possamos cantar esperançosos
com São Tomás de Aquino:
“...Ó Jesus, que nesta vida pela fé eu vejo
Realiza, eu te suplico, este meu desejo:
Ver-te, enfim, face a face, meu divino amigo
Lá no céu, eternamente, ser feliz contigo!”
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