Por *Francisco José Barros
Araújo
“Toda celebração litúrgica, como obra de Cristo Sacerdote e de seu Corpo que é a Igreja, é uma
ação sagrada por excelência, cuja eficácia, no mesmo título e grau, não é
igualada por nenhuma outra ação da Igreja”. (SC
n.º 7)
“A Liturgia é o cimo para o qual se dirige a ação da Igreja e, ao
mesmo tempo, a fonte donde emana toda a sua força. Na verdade, o trabalho apostólico ordena-se a conseguir que todos os
que se tornaram filhos de Deus pela fé e pelo batismo, se reúnam em assembleia,
louvem a Deus na Igreja, participem no sacrifício
e comam a Ceia do Senhor” (SC, 10).
A partir destas palavras da constituição
Sacrosanctum Concilium do Concílio Vaticano II sobre a liturgia católica,
percebemos que estudar e se aprofundar na Santa Liturgia é mais do que aprender
ritos e rubricas do culto sagrado. É aprofundar sua
espiritualidade e dispor-se a descobrir novos aspectos da figura de Cristo
Sacerdote, do Sacramento da Igreja e das celebrações da vida cristã.É
proporcionar firme fundamento à sua vida de oração e comunhão com Deus. A
Liturgia, intimamente associada ao uso da S. Escritura, é a grande fonte de
vitalidade da Igreja e do cristão. Toda nossa fé se
fundamenta na Revelação. Nasce da manifestação de um Deus que ordinariamente
não poderia ser alcançado, visto, tocado, escutado, mas somente temido,
venerado. Aqui se apresenta o grande mistério que transpassa todo o percurso
histórico da fé cristã, longamente preparado pelo antigo Israel, realizado
plenamente em Jesus Cristo e prolongado na Igreja: “Não é a criatura que chega
até Deus, mas é Deus que em primeiro lugar alcança o ser humano, caminha
na sua direção, a ele se revela, dele assume não somente a carne, mas o próprio
ser”(cf. GS, 22).
É
importante frisar que apesar de necessário e irrenunciável o esforço
intelectual e moral na vida cristã, este por si só, não é suficiente para se
chegar até Deus!
A fé sim, esta se apresenta
como um dom gratuito de Deus. A fé, porém, não é
transmitida e recebida por meio da doutrina ou pelas aplicações de leis morais,
que têm como objetivo levar a humanidade a tornar-se melhor, por meio do
querigma, do anúncio de Cristo e da história da salvação, porque é
exatamente ali, na história da salvação, que se dá a revelação de Deus
encarnado em Jesus Cristo, o qual distribui gratuitamente o dom da fé.Aqui entra a liturgia que se configura como um constante fazer memória desta história de salvação!
Neste curso básico de
liturgia, após sua conclusão, você será capaz de conceituar (não
necessariamente nesta ordem):
1)-O
que é Liturgia?
2)-Por que a Celebração da Santa Missa une e distingue o Memorial da Presença Real?
3)-A
Liturgia e o Mistério Pascal de Cristo
4)-Por que a liturgia é Trinitária?
5)-Qual o papel da Virgem Maria e dos Santos no Mistério da Liturgia?
6)-Como entender o conceito de Sinais Visíveis na liturgia que nos apontam para realidades invisíveis?
7)-Como se entende a realidade dos Ritos e do tempo no Ano Litúrgico da Igreja?
8)-Qual a importância dos Salmos e da Liturgia das Horas na vida litúrgica da Igreja?
9)-Como entender os
Sacramentos como Sinais Eficazes que atuam nos ministros ordenados de forma "Ex opere operato" (diferentemente
nos exorcismos).
10)-Por que a Eucaristia é Fonte e ápice de toda liturgia?
11)-Como entender a dinâmica da "lex orandi, lex credendi"("a lei da oração é a
lei da fé")?
11)-Qual a importância da Religiosidade
Popular na Liturgia
12)- Como entender a Liturgia sendo excelente meio de Evangelização (após o Kerigma), como lugar de Catequese?
13)- Qual a importância do Domingo na liturgia?
14)-Qual o Paralelo entre a Paixão, Morte e Ressurreição de Cristo e a Santa Missa?
CONCEITOS
FUNDAMENTAIS
A palavra liturgia deriva de
dois vocábulos gregos: LEITON= povo e ERGON= ação,
serviço dedicado. Na Sagrada Escritura, é assim que o culto e todos os
ritos da Lei de Moisés são assim chamados[1]. No Novo Testamento, é
principalmente nos escritos paulinos que encontramos o termo, tendo três
sentidos diferentes:
1)-Um profano,
designando qualquer serviço pessoal ou coletivo. Função
profana: pública, não remunerada, a função de juiz, de festeiro de jogos
públicos, de diretor de teatro, de armador de navio, mesmo de operário público;
denota qualquer ministério exercido em nome ou em favor da comunidade.
2)-Um cúltico, designando
rituais de celebração: na pregação da palavra, nas orações dos
padres e principalmente no sacrifício da Santa Missa, pois, desde o século IV
os gregos utilizavam estes termos para falar da Santa Missa. Já no AT o serviço
dos sacerdotes e levitas no santuário se chama liturgia (cf. Ex 28,39). No NT o
serviço sacro de Zacarias é Liturgia (cf. Lc 1,23); principalmente Jesus Cristo
é chamado leitourgos (cf. Hb 8,2). Os Santos Padres muitas vezes falam da
liturgia sacra, entendendo todo o serviço sacro do clero.
3)-Um vivencial,
referindo-se ao culto a Deus e à sua prática na vida: um
encargo na comunidade religiosa. No NT, os Atos dos Apóstolos também usam essa
palavra para se referir à celebração cristã. Mas não só, Hebreus a usa para
designar o ministério de Cristo como sumo sacerdote, Filipenses a usa para
falar da vida cristã entendida como oferta de todo o nosso ser e 2 Coríntios a
usa para se referir à coleta pública realizada por S. Paulo.
Na Didaque[2], a palavra vai
designar a ação de Cristo no culto prestado por Cristo ao Pai. Fato é que enquanto no Oriente “liturgia” passou a designar a
celebração eucarística, no Ocidente, a palavra só foi resgatada para o uso
eclesial no século XIX, designando toda a ação celebrativa da Igreja,
povo de Deus:
-O
serviço no templo – Lc 1,23
-A
coleta em favor de Jerusalém – 2 Cor 9,12
-A
celebração cristã – At 13,2
-A
oferta da vida – Fp 2,17
Vemos, portanto, que liturgia é
o serviço por parte de Deus em favor do povo. Pela liturgia, Cristo, nosso
Redentor e Sumo-Sacerdote, continua na Sua Igreja, com ela e por ela, a obra da
nossa redenção (cf. CAT, 1069), e ainda:
“Na liturgia estão entendidas todas as formas que a Igreja tem para celebrar o mistério cristão, todas as formas rituais que permitem vivenciar e experimentar a íntima comunhão com Deus e com os irmãos” (CNBB, Doc. 43).
OBJETO
DA LITURGIA
O objeto primário da liturgia é Deus! Uno e Trino! Somente a
Ele compete a adoração, somente a Ele se oferece o sacrifício da Missa!
“Na verdade, é justo e
necessário, é nosso dever e salvação dar-vos graças, sempre e em todo lugar, Senhor, Pai santo, Deus eterno e todo-poderoso, por Cristo,
Senhor nosso. Ele é a vossa palavra viva, pela qual tudo criastes. Ele é o nosso Salvador e Redentor, verdadeiro homem,
concebido do Espírito Santo e nascido da Virgem Maria. Ele, para cumprir
a vossa vontade, e reunir um povo santo em vosso louvor, estendeu os braços na
hora da sua paixão, a fim de vencer a morte e manifestar a ressurreição. Por Ele,
os anjos celebram vossa grandeza e os santos proclamam vossa glória.
Concedei-nos também a nós associar-nos a seus louvores, proclamando a uma só
voz: Santo, Santo, Santo, Senhor Deus do Universo! O
Céu e a Terra proclamam a Vossa glória. Hosana nas alturas! Bendito o
que vem em Nome do Senhor. Hosana nas alturas!” (Oração Eucarística Nº 2 –
Missal Romano)
SUJEITO
DA LITURGIA
O primeiro sujeito da Liturgia
é Jesus Cristo. Ele é o ministro principal, pois Sua morte na cruz foi o
sacrifício que deveria reconciliar a humanidade pecadora com Deus, e Ele mesmo
foi o sacerdote, o “liturgo” que se ofereceu ao Pai Celestial. Este sacerdócio
ainda continua no céu (cf. Hb 7,24). Na terra Ele é o liturgo principal na
Santa Missa. OConcílio de Trentodeclara: “É o mesmo que agora se sacrifica pelo
ministério dos sacerdotes e que se ofereceu na cruz”.Ele é o liturgo principal
na administração dos sacramentos. Célebres são as palavras de Santo
Agostinho:“Se Pedro batiza, é Este (Cristo) que batiza;se Paulo batiza, é Este
que batiza; se Judas batiza, é Este que batiza.”O
liturgo secundário é o sacerdote, que recebe o poder no sacramento da ordem.
Atua não só em nome de Jesus Cristo, mas também em nome da Igreja, como seu
representante legítimo. Suas orações litúrgicas têm por isso valor
independente da sua santidade pessoal, baseado nos méritos da Igreja, que é
amada por Cristo (cf. Ef 5,25).
PALAVRA
E RITO
A celebração litúrgica está firmada em dois elementos: apalavra e o rito (o dizer e
o fazer). Todo o nosso mundo interior, que é o pensar, o querer e o
sentir, só pode exprimir-se fora de nós e ser transmitido aos outros pela
palavra e pelos sinais. Estes dois elementos, tão humanos, são também os
elementos fundamentais de toda a celebração litúrgica, enquanto ela é uma ação.
O mistério que a liturgia celebra exprime-se
necessariamente nesta linguagem humana da palavra e do sinal, do rito, em continuidade
com o próprio mistério da encarnação do Verbo de Deus: Jesus Cristo!
a) A palavra –A
palavra é a expressão vocal que damos ao nosso pensamento. Antes de ser voz na
boca, a palavra já existia no pensamento; com as palavras manifestamos aos
outros o que temos no pensamento. A palavra é, de fato, o
primeiro processo maravilhoso, de nos exprimirmos. Mas a sua expressão
dirige-se mais diretamente à inteligência. Procura primariamente comunicar ao
outro o nosso pensamento. Apenas precisa da língua de quem fala e do ouvido de
quem escuta. Apesar de maravilhoso, a palavra, por si só, é um meio um tanto austero,
por vezes até fatigante.A palavra tende espontaneamente a tomar corpo, a tornar-se
visível, a encarnar. E foi assim que o Filho de Deus,
Aquele que em Deus é a expressão do Seu pensamento e que S. João, a maneira dos
Gregos, chamou, por isso mesmo, a Palavra, o Verbo, o Logos. De fato, “o
Verbo Se fez carne e habitou entre nós” (Jo 1,14). Não bastava, para nós, que
Ele fosse Palavra; convinha que a Palavra Se fizesse carne, Se tornasse sinal,
que não falasse apenas à inteligência dos homens, mas como que lhes entrasse
pelos olhos, se tornasse Palavra visível e não apenas audível, e capaz de ser
tocada pelas mãos humanas, como diz São João, falando precisamente do Verbo
encarnado: “O que as nossas mãos tocaram…” (1 Jo 1,1).A
palavra é elemento fundamental de toda a liturgia, como o foi em toda a
história da salvação: “Muitas vezes e de muitos modos Deus falou” (Hb
1,1). Pela nossa própria experiência litúrgica sabemos muito bem o lugar
excepcional que a palavra ocupa na celebração. Mas também na liturgia a palavra
tende a encontrar continuidade e como complementaridade nos sinais, naquilo a que
passo a chamar o rito.
b) O rito – A palavra rito vem de ritmo, ritmar, uma forma própria de realizar algo. Rito é um gesto que se repete. O sinal da cruz é um rito que se faz em todo começo e final da celebração dos sete sacramentos e de outras celebrações. A uma sequência de ritos dá-se o nome de ritual. Também tem o sentido de sinal, de ação sagrada, como, por exemplo o banho de água no Batismo, a imposição das mãos na Confirmação, na Penitência, na Eucaristia, na Ordem, a unção com o óleo santo na Confirmação e na Unção dos enfermos, o ato sacrifical e a fração do pão na Eucaristia, entre outros. A isto chamamos de rito, sinal ou símbolo: “apalavra que se diz e o rito que se faze como se faz”. Pelos sinais visíveis são realizadas maravilhas invisíveis. A palavra, como vimos, já é, em certo sentido, um sinal, mas o rito, é o sinal pela ação, pertence a uma outra ordem, diferente da palavra. Enquanto a palavra fala à inteligência e comunica uma noção, uma ideia, o sinal dirige-se principalmente à sensibilidade. A palavra faz um pensamento; o sinal gera um sentimento, dilata o pensamento formado e abre o interior do homem ao que está para além do âmbito do pensar; leva-o a querer, impele-o a amar. O sinal faz o homem compreender não apenas com a inteligência, mas de uma forma total.
Relação
entre palavra e rito
Os sacramentos são a maior expressão desta relação e foi o próprio Senhor Jesus que quis que fosse assim. Na véspera da Sua morte, falou com os discípulos, deu-lhes Suas últimas palavras, comoventes e tão íntimas que os discípulos sentiram o coração abrir-se a ponto de Lhe dizerem: “Agora falas abertamente e já não usas linguagem enigmática” (João 16,29). Parece, pois, que a palavra teria sido bastante. E, depois, toda aquela tragédia da prisão, da condenação à morte, da crucifixão no Calvário parece que teria sido bastante para eles jamais esquecerem aqueles momentos e Suas palavras. Porém, Jesus, Palavra encarnada, tomou o pão, tomou a taça com vinho, deu graças, entregou à eles e disse: “Fazei isto em memória de Mim” (Lc 22,19). Não bastava a palavra, não bastava que eles soubessem; era preciso que eles fizessem. Além da palavra era necessário o rito, um sinal para que a palavra se não calasse após ter sido dita, mas ficasse a ecoar, a ser vista, presenciada, tomada, comida e bebida, para ir mais fundo do que a inteligência; era preciso que ela fosse entendida e guardada no coração. Por isso, a liturgia é composta de ações litúrgicas e esta é uma afirmação dos textos dos dois últimos concílios: Trento e Vaticano II[2].A liturgia é celebração e por isso, uma ação. Nesta ação são elementos basilares a palavra e o rito. Estes dois elementos completam-se. Um não substitui o outro nem estão opostos ou em contradição. Integram-se um no outro, como dois componentes de um mesmo corpo. A palavra faz, dizendo; o rito diz, sendo feito. A palavra sem o rito ficaria inacabada; o rito sem a palavra pode tornar-se equívoco. No caso dos sacramentos, todos são celebrados juntando ao rito a palavra.
Os
ritos na Igreja
Na Igreja Católica Apostólica Romana, a liturgia é a mesma e é única a soberania da cátedra de Pedro. Entretanto, há diferentes formas de se rezar a Missa e de se realizar as cerimônias litúrgicas católicas, todas autênticas e aprovadas formalmente pela Igreja. A origem destas diferenças na forma litúrgica é histórica: desde os primórdios dos Atos dos Apóstolos, cada comunidade cristã desenvolveu, de forma independente e adaptada à cultura e aos costumes locais. No Ocidente, o rito latino foi dominante desde o princípio, mas, no Oriente, com o surgimento dos grandes patriarcados como Jerusalém, Constantinopla, Alexandria e Antioquia, estes ritos assumiram um caráter mais regional e específico[3].
Assim, a
Igreja Católica não se limita ao rito romano! Ela
é uma grande comunhão de 24 igrejas, sendo 1 ocidental e 23 orientais!
Igrejas
“sui juris” (autônomas para legislar de modo
independente a respeito de seu rito e da sua disciplina, mas não a respeito dos
dogmas, que são universais e comuns a todas elas e garantem a sua unidade de fé, formando, na essência, a única Igreja Católica
obediente ao Santo Padre, o Papa, que a todas preside na caridade)[4].
O ramo ocidental, ao qual
pertencemos, é representado pela tradição latina da Igreja!
Chama-se ocidental por causa da
localização de Roma e não porque se restringe aos países ocidentais. A tradição latina é, de longe, a maior de todas, contando com
cerca de 98% dos católicos do mundo inteiro.
Segue, abaixo, uma lista com
os diferentes ritos adotados:
1. Ritos Ocidentais – Igreja Católica Latina:
-Rito Romano (Missa
“Tridentina” e Missa “Nova”)[5];
-Rito Ambrosiano;
-Rito Bracarense;
-Rito Galicano;
-Rito Moçárabe;
-Uso Anglicano (para absorver
os convertidos da Religião Anglicana);
-Rito dos Cartuxos.
2. Rito Bizantino – adotado pelas Igrejas:
-Igreja Greco-Católica Melquita
(1726);
-Igreja Católica Bizantina
Grega (1829);
-Igreja Greco-Católica
Ucraniana (1595);
-Igreja Católica Bizantina
Rutena (1646);
-Igreja Católica Bizantina
Eslovaca (1646);
-Igreja Católica Búlgara
(1861);
-Igreja Greco-Católica Croata
(1611);
-Igreja Greco-Católica
Macedônica (1918);
-Igreja Católica Bizantina
Húngara (1646);
-Igreja Greco-Católica Romena
unida a Roma (1697);
-Igreja Católica Ítalo-Albanesa
(sempre em comunhão com a Igreja Católica);
-Igreja Católica Bizantina
Russa (1905);
-Igreja Católica Bizantina
Albanesa (1628);
-Igreja Católica Bizantina
Bielorrussa (1596).
3. Rito de Antioquia – adotado pelas Igrejas:
-Igreja
Maronita (união oficial reafirmada em 1182).
-Igreja Católica Siro-Malancar (1930).
-Igreja Católica Siríaca (1781).
4. Rito Siríaco – adotado pelas Igrejas:
-Igreja Caldeia (1692);
-Igreja Católica Siro-Malabar
(1599).
5. Rito Armênio:
-Igreja Católica Armênia
(1742).
6. Rito de Alexandria – adotado pelas Igrejas:
-Igreja Católica Copta (1741);
-Igreja Católica Etíope (1846).
Os fiéis pertencentes a estas
igrejas orientais católicas[6] são tão católicos quanto
aqueles pertencentes à Igreja Latina, mas, de acordo com o Direito Canônico, só
podem mudar de rito sob autorização expressa da Santa Sé. Embora
conservem tradições litúrgicas e devocionais próprias há séculos e apresentem
abordagens teológicas, ritos litúrgicos e regras canônicas específicas (os chamados católicos bizantinos ou greco-católicos
constituem cerca de 50% dos católicos orientais e professam o rito bizantino), têm
em comum com a Igreja Latina o primado pela unidade da fé e a submissão ao
poder do Santo Padre, reconhecido em sua suprema autoridade e infalibilidade
magisterial.
CELEBRAÇÃO
DO MISTÉRIO CRISTÃO
O Catecismo da Igreja Católica
apresenta a liturgia como celebração do mistério cristão, celebração do
mistério pascal. Coloca, portanto, a liturgia na dimensão da celebração. Celebrar é tornar célebre. Tornar célebre é tornar famoso,
conhecido, é tornar presente. O que torna uma pessoa célebre, famosa, são as
suas obras, os seus feitos. Para reconhecer a celebridade de uma pessoa,
procura-se lembrar o que ela foi e o que ela fez;
lembram-se, narram-se suas obras. Esta narração das obras torna a pessoa
novamente presente.
Os elementos de uma
celebração - Em toda celebração temos alguns elementos que a constituem:
-O fato e pernona a ser
valorizado e celebrado.
-A expressão significativa do
fato valorizado (chamada rito)
-E por fim, a participação ou vivência do mistério.
Na celebração cristã ou
liturgia, o fato valorizado é o mistério pascal de
Cristo, centrado na Sua Paixão, Morte e Ressurreição. Em outras
palavras, é a obra da salvação de Cristo Jesus, desde o mistério da Encarnação
até o Seu retorno glorioso. A expressão significativa
(rito) são as diversas celebrações da Igreja que comemoram a Páscoa de Cristo e
dos cristãos, como os sacramentos. No centro de tudo está a Santíssima
Eucaristia, o Ano Litúrgico, a Liturgia das Horas e o Domingo, que é festa
pascal semanal.A participação no mistério é aquela
comunhão de amor e de vida entre Deus e o homem, que acontece na ação
comemorativa da obra da salvação de Cristo, que assim se torna atual e presente
na vida da Igreja e da humanidade. É Cristo que continua a encarnar-se,
a morrer e ressuscitar-nos que nele creem e o acolhem como Senhor e Salvador da
humanidade. Eis a celebração cristã, eis a liturgia, à luz do conceito de
celebração.
Elementos
constitutivos da celebração litúrgica
•Assembleia: os
batizados que se reúnem para celebrar;
•Ministros: há os
ministros ordenados – bispos, padres, diáconos – e os ministros instituídos,
leitores e acólitos;
•Proclamação da Palavra de Deus: Leitura
de uma perícope bíblica [7], devidamente escolhida para a celebração;
•Ações simbólicas: ritos e
símbolos mediante os quais os fiéis entram em comunhão com Deus através dos nossos orgãos sensíveis: Ouvidos,olhos, olfato, tato e paladar.
•Canto: indispensável
na celebração, o canto expressa a harmonia dos cristãos, unidos pela mesma fé e prepara o nosso coração para receber a semente da palavra de Deus.
•Espaço sagrado: local
da celebração, casa onde a comunidade cristã reforça sua fraternidade e sentido de pertença a um povo.
•Tempo: é a
sucessão das horas do dia e da noite (chronos), mas é também o instante de
graça de Deus (kairós); são momentos em que Deus, desde toda a eternidade, vai
realizando Seu plano de salvação na história humana.
MAGISTÉRIO DA IGREJA - Significação da palavra liturgia
§1069 A palavra "liturgia" significa originalmente "obra pública", "serviço da parte do povo e em favor do povo". Na tradição cristã. ela quer significar que O povo de Deus toma parte na "obra de Deus". Pela liturgia, Cristo, nosso redentor e sumo sacerdote, continua em sua Igreja, com ela e por ela, a obra de nossa redenção.
Fins
dos mistérios litúrgicos
§1068 E este mistério de Cristo
que a Igreja anuncia e celebra em sua liturgia, a fim de que os fiéis vivam e
dêem testemunho dele no mundo: Com efeito, a liturgia,
pela qual, principalmente no divino sacrifício da Eucaristia, "se exerce a
obra de nossa redenção", contribui do modo mais excelente para que os
fiéis, em sua vida, exprimam e manifestem aos outros o mistério de Cristo
e a genuína natureza da verdadeira Igreja.
Igreja, lugar próprio da oração litúrgica
§2691 Lugares favoráveis à
oração - A Igreja, casa de Deus, é o lugar próprio para a oração litúrgica da
comunidade paroquial. E também o lugar privilegiado da
adoração da presença real de Cristo no Santíssimo Sacramento. A escolha
de um lugar favorável é importante para a verdade da oração:para a oração
pessoal, pode ser um "recanto de oração", com as Sagradas Escrituras
e imagens sagradas, para aí estar "no segredo" diante do Pai. Numa
família cristã, essa espécie de peque no oratório favorece a oração em comum;nas
regiões onde existem mosteiros, a vocação dessas comunidades é favorecer a
partilha da Oração das Horas com os fiéis e permitir a solidão necessária a uma
oração pessoal mais intensa;as peregrinações evocam nossa caminhada pela terra
em direção ao céu. São tradicionalmente tempos fortes de renovação da oração.
Os santuários são para os peregrinos, em busca de suas fontes vivas, lugares
excepcionais para viver "como Igreja" as formas da oração cristã.
§2695 Os
ministros ordenados, a vida consagrada, a catequese, os grupos de oração e a
"direção espiritual" garantem na Igreja uma ajuda à oração.
Liturgia
celeste
§1090 QUE PARTICIPA DA LITURGIA
CELESTE:"Na liturgia terrestre, antegozando participamos (já) da liturgia
celeste, que se celebra na cidade santa de Jerusalém, para a qual, na qualidade
de peregrinos, caminhamos. Lá, Cristo está sentado à
direita de Deus, ministro do santuário e do tabernáculo verdadeiro; com toda a
milícia do exército celestial cantamos um hino de glória ao Senhor e, venerando
a memória dos santos, esperamos fazer parte da sociedade deles; suspiramos pelo
Salvador, Nosso Senhor Jesus Cristo, até que Ele, nossa vida, se
manifeste e nós apareçamos com ele na glória."
§1137 OS CELEBRANTES DA
LITURGIA CELESTE : O Apocalipse de São João, lido na liturgia da Igreja,
revela-nos primeiramente "um trono no céu e, no trono, alguém
sentado": "o Senhor Deus" (Is 6,1). Em seguida, o Cordeiro,
"imolado e de pé" (Ap 5,6): Cristo crucificado e ressuscitado, o
único sumo sacerdote do verdadeiro santuário, o mesmo "que oferece e é
oferecido, que dá e que é dado". Finalmente,
"o rio de água da vida (...) que saía do trono de Deus e do Cordeiro"
(Ap 22,1), um dos mais belos símbolos do Espírito Santo.
§1138 "Recapitulados"
em Cristo, participam do serviço do louvor a Deus e da realização de seu
desígnio: as potências celestes, a criação inteira (os
quatro viventes), os servidores da antiga e da nova aliança (os vinte e quatro
anciãos), o novo povo de Deus (os cento e quarenta e quatro mil), em especial
os mártires "imolados por causa da Palavra de Deus" (Ap 6,9) e a
Santa Mãe de Deus (a mulher; a Esposa do Cordeiro), e finalmente "uma
multidão imensa, impossível de se enumerar, de toda nação, raça, povo e
língua" (Ap 7,9).
§1139 É dessa liturgia eterna
que O Espírito e a Igreja nos fazem participar quando celebramos o mistério da
salvação nos sacramentos.
Liturgia
da palavra
§1103 A anamnese. A celebração
litúrgica refere-se sempre às intervenções salvíficas de Deus na história.
"A economia da revelação concretiza-se por meio das ações e das palavras
intimamente interligadas - As palavras proclamam as obras e elucidam o mistério
nelas contido." Na liturgia da palavra, o Espírito
Santo "recorda" à assembléia tudo o que Cristo fez por nós.
Segundo a natureza das ações litúrgicas e as tradições rituais das Igrejas, uma
celebração "faz memória" das maravilhas de Deus em uma anamnese mais
ou menos desenvolvida. O Espírito Santo, que desperta assim a memória da
Igreja, suscita então a ação de graças e o louvor (doxologia).
§1154 A liturgia da palavra é
parte integrante das celebrações sacramentais. Para
alimentar a fé dos fiéis, os sinais da Palavra de Deus precisam ser
valorizados: o livro da palavra (lecionário ou evangeliário), sua veneração
(procissão, incenso, luz), o lugar de onde é anunciado (ambão), sua leitura
audível e inteligível, a homilia do ministro que prolonga sua proclamação,
as respostas da assembléia (aclamações, salmos de meditação, ladainhas,
profissão de fé...).
§1346 A liturgia da Eucaristia
desenrola-se segundo uma estrutura fundamental que se conservou ao longo dos
séculos até nossos dias. Desdobra-se em dois grandes momentos que formam uma
unidade básica:a convocação, a Liturgia da Palavra, com as leituras,A homilia e a oração universal; a Liturgia Eucarística, com a apresentação
do pão e do vinho, a ação de graças consecratória e a comunhão.Liturgia da
Palavra e Liturgia Eucarística constituem juntas "um só e mesmo ato do
culto"; com efeito, a mesa preparada para nós na Eucaristia é ao mesmo
tempo a da Palavra de Deus e a do Corpo do Senhor .
§1349 A liturgia da Palavra
comporta "os escritos dos profetas", isto é, o Antigo Testamento, e
"as memórias dos Apóstolos", isto é, as epístolas e os Evangelhos;
depois da homilia, que exorta a acolher esta palavra como ela verdadeiramente
é, isto é, como Palavra de Deus, e a pô-la em prática, vêm as intercessões por
todos os homens, de acordo com a palavra do Apóstolo: "Eu
recomendo, pois, antes de tudo, que se façam pedidos, orações, súplicas e ações
de graças por todos os homens, pelos reis e todos os que detêm a
autoridade" (1Tm 2,1-2).
§2183 "Por falta de
ministro sagrado ou por outra causa grave, se a
participação na celebração eucarística se tornar impossível, recomenda-se
vivamente que os fiéis participem da liturgia da Palavra, se houver, na igreja
paroquial ou em outro lugar sagrado, celebrada segundo as prescrições do Bispo
diocesano, ou então se dediquem à oração durante um tempo conveniente, a
sós ou em família, ou em grupos de famílias, de acordo com a
oportunidade."
Liturgia
hebraica e cristã
§1096 Liturgia judaica e liturgia cristã. Um conhecimento mais aprimorado da fé e da vida religiosa do povo judaico, tais como são professadas e vividas ainda hoje, pode ajudar a compreender melhor certos aspectos da liturgia cristã. Para os judeus e para os cristãos, a Sagrada Escritura é uma parte essencial de suas liturgias: para a proclamação da Palavra de Deus, a resposta a esta palavra, a oração de louvor e de intercessão pelos vivos e pelos mortos, o recurso à misericórdia divina.
A Liturgia da palavra, em sua estrutura própria,
tem sua origem na oração judaica. A Oração das horas, bem como outros
textos e formulários litúrgicos, tem seus paralelos na oração judaica, o mesmo
acontecendo com as próprias fórmulas de nossas orações mais veneráveis, entre
elas o Pai-Nosso. Também as orações eucarísticas inspiram-se em modelos da
tradição judaica. As relações entre liturgia judaica e
liturgia cristã mas também a diferença de seus conteúdos são particularmente
visíveis nas grandes festas do ano litúrgico, como a Páscoa. Cristãos e judeus
celebram a Páscoa; Páscoa da história, orientada para o futuro, entre os
judeus; Páscoa realizada na morte e na Ressurreição de Cristo, entre os
cristãos, ainda que sempre à espera da consumação definitiva.
§1217 Na liturgia da noite pascal,
quando da bênção da água batismal, a Igreja faz solenemente memória dos grandes
acontecimentos da história da salvação que já prefiguravam o mistério do
Batismo: Ó Deus, pelos sinais visíveis dos sacramentos realizais maravilhas
invisíveis. Ao longo da história da salvação, vós vos servistes da água para
fazer-nos conhecer a graça do Batismo.
Liturgia
terrestre
§1088.. ESTÁ PRESENTE NA
LITURGIA TERRESTRE... "Para levar a efeito tão grande obra" a saber,
a dispensação ou comunicação de sua obra de salvação" Cristo está sempre presente em sua Igreja, sobretudo nas
ações litúrgicas. Presente está no sacrifício da missa, tanto na pessoa do
ministro, pois 'aquele que agora oferece pelo ministério dos sacerdotes é o
mesmo que outrora se ofereceu na cruz', quanto sobretudo sob as espécies
eucarísticas. Presente está por sua força nos sacramentos, a tal ponto que,
quando alguém batiza, é Cristo mesmo que batiza. Presente está por sua
palavra, pois é ele mesmo quem fala quando se lêem as Sagradas Escrituras na
Igreja. Presente está, finalmente, quando a Igreja reza e salmodia, ele que
prometeu: 'Onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome, aí estarei no meio
deles' (Mt 18,20)."
§1089 "Na realização de tão grande obra, por meio da qual Deus é perfeitamente
glorificado e os homens são santificados, Cristo sempre associa a si a Igreja,
sua esposa direitíssima, que o invoca como seu Senhor e por ele presta
culto ao eterno Pai.
Liturgias
orientais
§948 O termo "comunhão dos
santos" tem, pois, dois significados intimamente interligados:
"comunhão nas coisas santas (sancta)" e "comunhão entre as
pessoas santas (sancti)"."Sancta sanctis!" (o que é santo para
os que são santos): assim proclama o celebrante na maioria das liturgias
orientais no momento da elevação dos santos dons, antes do serviço da comunhão.
Os fiéis (sancti) são alimentados pelo Corpo e pelo
Sangue de Cristo (sancta), a fim de crescerem na comunhão do Espírito Santo
(Koinonia) comunicá-la ao mundo.
§1182 O
altar da nova aliança é a cruz do Senhor, da qual brotam os sacramentos do
mistério pascal. Sobre o altar, que é o centro da igreja, se faz presente o
Sacrifício da Cruz sob os sinais sacramentais. Ele é também a mesa do Senhor,
para a qual o povo de Deus é convidado. Em certas liturgias orientais, o
altar é também o símbolo do sepulcro (Cristo morreu de verdade e ressuscitou de
verdade).
§1240 Na Igreja latina, esta
tríplice infusão é acompanhada das palavras do ministro: "N..., eu te
batizo em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo". Nas liturgias orientais, estando o catecúmeno voltado para o
nascente, o ministro diz: "O servo de Deus, N..., é batizado em nome do
Pai, do Filho e do Espírito Santo". E à invocação de cada pessoa da
Santíssima Trindade o ministro mergulha o candidato na água e o retira dela.
§1623 Segundo
a tradição latina, são os esposos que, como ministros da graça de Cristo, se
conferem mutuamente o sacramento do Matrimônio, expressando diante da Igreja
seu consentimento. Nas tradições das Igrejas Orientais, os sacerdotes, Bispos
ou presbíteros, são testemunhas do consentimento recíproco dos esposos,
mas também é necessária a bênção deles para a validade do sacramento.
Maria
Santíssima na liturgia
§721 Maria, a Mãe de Deus toda
santa, sempre Virgem, é a obra prima da missão do Filho e do Espírito na
plenitude do tempo pela primeira vez no plano da salvação e porque o seu
Espírito a preparou, o Pai encontra a Morada em, que
seu Filho e seu Espírito podem habitar entre os homens. E neste sentido
que a Tradição da Igreja muitas vezes leu, com relação a Maria, os mais belos
textos sobre a Sabedoria: Maria é decantada e
representada na Liturgia como o "trono da Sabedoria". Nela
começam a manifestar-se as "maravilhas de Deus" que o Espírito vai
realizar em Cristo e na Igreja.
Participação
na liturgia da Igreja
§1273 Incorporados Igreja pelo
Batismo, os fiéis receberam o caráter sacramental que os consagra para o culto
religioso cristão. O selo batismal capacita e
compromete os cristãos a servirem a Deus em uma participação viva na sagrada
liturgia da Igreja e a exercerem seu sacerdócio batismal pelo testemunho de uma
vida Santa e de uma caridade eficaz.
§1389 A
Igreja obriga os fiéis "a participar da divina liturgia aos domingos e nos
dias festivos" e a receber a Eucaristia pelo menos uma vez ao ano, se
possível no tempo pascal, preparados pelo sacramento da reconciliação. Mas
recomenda vivamente aos fiéis que recebam a santa Eucaristia nos domingos e
dias festivos, ou ainda com maior freqüência, e até todos os dias.
Religiosidade
popular e liturgia
§1674 A RELIGIOSIDADE POPULAR
Além da liturgia sacramental e dos sacramentais, a
catequese tem de levar em conta as formas da piedade dos fiéis e da
religiosidade popular. O senso religioso do povo cristão encontrou, em todas as
épocas, sua expressão em formas diversas de piedade que circundam a vida
sacramental da Igreja, como a veneração de relíquias, visitas a santuários,
peregrinações, procissões, via-sacra, danças religiosas, o rosário, as
medalhas etc.
§1675 Estas expressões
prolongam a vida litúrgica da Igreja, mas não a substituem: "Considerando os tempos litúrgicos, estes exercícios
devem ser organizados de tal maneira que condigam com a sagrada liturgia, dela
de alguma forma derivem, para ela encaminhem o povo, pois que ela, por
sua natureza, em muito os supera".
§1070 A palavra
"liturgia" no Novo Testamento é empregada para designar não somente a
celebração do culto divino, mas também o anúncio do Evangelho e a caridade em
ato. Em todas essas situações, trata-se do serviço de Deus e dos homens. Na
celebração litúrgica, a Igreja é serva à imagem do seu Senhor, o único "liturgo",
participando de seu sacerdócio (culto) profético (anúncio) e régio (serviço de
caridade): Com razão, portanto, a liturgia é tida como
o exercício do múnus sacerdotal de Jesus Cristo, no qual, mediante sinais
sensíveis, é significada e, de modo peculiar a cada sinal, realizada a
santificação do homem, e é exercido o culto público integral pelo Corpo Místico
de Cristo, cabeça e membros. Disto se segue que toda a celebração
litúrgica, como obra de Cristo sacerdote e de seu corpo que é a Igreja, é ação
sagrada por excelência, cuja eficácia, no mesmo titulo e grau, não é igualada
por nenhuma outra ação da Igreja.
Celebração
litúrgica do Sacramento da Confirmação
§1321 Quando a Confirmação é
celebrada em separado do Batismo, sua vinculação com
este e expressa, entre outras coisas, pela renovação dos compromissos
batismais. A celebração da confirmação no decurso da Eucaristia
contribui para sublinhar a unidade dos sacramentos da iniciação cristã.
Da
Celebração da Eucaristia
§1330 Memorial da Paixão e da
Ressurreição do Senhor. Santo Sacrifício, porque
atualiza o único sacrifício de Cristo Salvador e inclui a oferenda da Igreja;
ou também santo sacrifício da Missa, "sacrifício de louvor" (Hb
13,15), sacrifício espiritual, sacrifício puro e santo, pois realiza e supera
todos os sacrifícios da Antiga Aliança.Santa e divina Liturgia, porque
toda a liturgia da Igreja encontra seu centro e sua expressão mais densa na
celebração deste sacramento; é no mesmo sentido que se chama também celebração
dos Santos Mistérios. Fala-se também do Santíssimo
Sacramento, porque é o sacramento dos sacramentos. Com esta denominação
designam-se as espécies eucarísticas guardadas no tabernáculo.
§1345 A celebração
litúrgica da Eucaristia - A MISSA DE TODOS OS SÉCULOS - Desde o século II temos o
testemunho de S. Justiço Mártir sobre as grandes linhas do desenrolar da
Celebração Eucarística, que permaneceram as mesmas até os nossos dias para
todas as grandes famílias litúrgicas. Assim escreve, pelo ano de 155,
para explicar ao imperador pagão Antonino Pio (138-161) o que os cristãos fazem:"No
dia 'do Sol', como é chamado, reúnem-se num mesmo lugar os habitantes, quer das
cidades, quer dos campos. Lêem-se, na medida em que o tempo o permite, ora os
comentários dos Apóstolos, ora os escritos dos Profetas. Depois, quando o
leitor terminou, o que preside toma a palavra para aconselhar e exortar à
imitação de tão sublimes ensinamentos. A seguir, pomo-nos todos de pé e
elevamos nossas preces por nós mesmos (...) e por todos os outros, onde quer
que estejam, a fim de sermos de fato justos por nossa vida e por nossas ações,
e fiéis aos mandamentos, para assim obtermos a salvação eterna.Quando as
orações terminaram, saudamo-nos uns aos outros com um ósculo. Em seguida,
leva-se àquele que preside aos irmãos pão e um cálice de água e de vinho misturados. Ele
os toma e faz subir louvor e glória ao Pai do universo, no nome do Filho e do
Espírito Santo e rende graças (em grego: eucharístia, que significa 'ação de
graças' longamente pelo fato de termos sido julgados dignos destes dons).Terminadas
as orações e as ações de graças, todo o povo presente prorrompe numa aclamação
dizendo: Amém!!! Depois de o presidente ter feito a ação de graças e o povo ter
respondido, os que entre nós se chamam diáconos distribuem a todos os que estão
presentes pão, vinho e água 'eucaristizados' e levam (também) aos
ausentes".
§1346 A liturgia da Eucaristia
desenrola-se segundo uma estrutura fundamental que se conservou ao longo dos
séculos até nossos dias. Desdobra-se em dois grandes momentos que formam uma
unidade básica:* a convocação, a Liturgia da Palavra, com as leituras, a
homilia e a oração universal;a Liturgia Eucarística, com a apresentação do pão
e do vinho, a ação de graças consecratória e a comunhão. Liturgia da Palavra e Liturgia Eucarística constituem juntas
"um só e mesmo ato do culto"; com efeito, a mesa preparada para nós
na Eucaristia é ao mesmo tempo a da Palavra de Deus e a do Corpo do Senhor .
§1347 Por acaso não é exatamente esta a seqüência da Ceia Pascal de Jesus
ressuscitado com seus discípulos? Estando a caminho, explicou-lhes as
Escrituras, e em seguida, colocando-se à mesa com eles, "tomou o pão, abençoou-o,
depois partiu-o e distribuiu-o a eles".
§1348A SEQÜÊNCIA DA CELEBRAÇÃO
Todos se reúnem. Os cristãos acorrem a um mesmo lugar para a Assembléia
Eucarística, encabeçados pelo próprio Cristo, que é o ator principal da
Eucaristia. Ele é o sumo sacerdote da Nova Aliança. É
ele mesmo quem preside invisivelmente toda Celebração Eucarística. É
representando-o que o Bispo ou o presbítero (agindo "em representação de
Cristo-Cabeça") preside a assembléia, toma a palavra depois das leituras,
recebe as oferendas e profere a oração eucarística. Todos têm sua parte
ativa na celebração, cada um a seu modo: os leitores, os que trazem as
oferendas, os que dão a comunhão e todo o povo, cujo Amém manifesta a
participação.
§1349 A liturgia da Palavra
comporta "os escritos dos profetas", isto é, o Antigo Testamento, e
"as memórias dos Apóstolos", isto é, as epístolas e os Evangelhos;
depois da homilia, que exorta a acolher esta palavra como ela verdadeiramente
é, isto é, como Palavra de Deus, e a pô-la em prática, vêm as intercessões por
todos os homens, de acordo com a palavra do Apóstolo: "Eu recomendo, pois,
antes de tudo, que se façam pedidos, orações, súplicas e ações de graças por
todos os homens, pelos reis e todos os que detêm a autoridade" (1Tm
2,1-2).
§1350 A apresentação das
oferendas (o ofertório): trazem-se então ao altar, por vezes em procissão, o
pão e o vinho que serão oferecidos pelo sacerdote em nome de Cristo no
Sacrifício Eucarístico e ali se tornarão o Corpo e o Sangue de Cristo. Este é o
próprio gesto de Cristo na última ceia, "tomando pão e um cálice".
"Esta oblação, só a Igreja a oferece, pura, ao Criador, oferecendo-lhe com
ação de graças o que provém de sua criação. A
apresentação das oferendas ao altar assume o gesto de Melquisedec e entrega os
dons do Criador nas mãos de Cristo. E ele que, em seu sacrifício, leva à
perfeição todos os intentos humanos de oferecer sacrifícios.
§1351 Desde os inícios, os
cristãos levam, com o pão e o vinho para a Eucaristia, seus dons para repartir
com os que estão em necessidade. Este costume da
coleta, sempre atual, inspira-se no exemplo de Cristo que se fez pobre para nos
enriquecer:Os que possuem bens em abundância e o desejam, dão livremente o que
lhes parece bem, e o que se recolhe é entregue àquele que preside. Este socorre
os órfãos e viúvas e os que, por motivo de doença ou qualquer outra razão, se
encontram em necessidade, assim como os encarcerados e os imigrantes;
numa palavra, ele socorre todos os necessitados.
§1352 A anáfora. Com a Oração
Eucarística, oração de ação de graças e de consagração, chegamos ao coração e
ao ápice da celebração. No prefácio, a Igreja rende
graças ao Pai, por Cristo, no Espírito Santo, por todas as suas obras, pela
criação, a redenção, a santificação. Toda a comunidade junta-se então a
este louvor incessante que a Igreja celeste, os anjos e todos os santos cantam
ao Deus três vezes santo.
§1353 Na
epiclese ela pede ao Pai que envie seu Espírito Santo (ou o poder de sua
bênção) sobre o pão e o vinho, para que se tornem, por seu poder, o Corpo e o
Sangue de Jesus Cristo, e para que aqueles que tomam parte na Eucaristia sejam
um só corpo e um só espírito (certas tradições litúrgicas colocam a
epiclese depois da anamnese). No relato da instituição, a força das palavras e
da ação de Cristo e o poder do Espírito Santo tornam sacramentalmente
presentes, sob as espécies do pão e do vinho, o Corpo e o Sangue de Cristo, seu
sacrifício oferecido na cruz uma vez por todas.
§1354 Na
anamnese que segue, a Igreja faz memória da Paixão, da Ressurreição e da volta
gloriosa de Cristo Jesus; ela apresenta ao Pai a oferenda de seu Filho que nos
reconcilia com Ele.Nas intercessões, a Igreja exprime que a Eucaristia é
celebrada em comunhão com toda a Igreja do céu e da terra, dos vivos e dos
falecidos, e na comunhão com os pastores da Igreja, o Papa, o Bispo da diocese,
seu presbitério e seus diáconos, e todos os Bispos do mundo inteiro com suas
igrejas.
§1355 Na comunhão, precedida
pela oração do Senhor e pela fração do pão, os fiéis recebem "o pão do
céu" e "o cálice da salvação", o Corpo e o Sangue de Cristo, que
se entregou "para a vida do mundo" (Jo 6,51):Porque
este pão e este vinho foram, segundo a antiga expressão,
"eucaristizados", "chamamos este alimento de Eucaristia, e a
ninguém é permitido participar na Eucaristia senão àquele que admitindo como
verdadeiros os nossos ensinamentos e tendo sido purificado pelo Batismo
para a remissão dos pecados e para o novo nascimento, levar uma vida como
Cristo ensinou".
§1363 No sentido da Sagrada
Escritura, o memorial não é somente a lembrança dos acontecimentos dos
acontecimento do passado, mas a proclamação das maravilhas que Deus realizou
por todos os homens. A celebração litúrgica desses
acontecimentos toma-os de certo modo presentes e atuais. É desta maneira que
Israel entende sua libertação do Egito: toda vez que é celebrada a Páscoa, os
acontecimentos do êxodo tomam-se presentes à memória dos crentes, para
que estes conformem sua vida a eles.
Celebração
do Sacramento da Ordem
§1572 . A celebração deste
sacramento A celebração da ordenação de um Bispo, de presbíteros ou de
diáconos, devido à sua importância para a vida da
Igreja particular, exige o concurso do maior número possível de fiéis. Deverá
realizar-se de preferência num domingo e na catedral, com uma solenidade
adaptada à circunstância. As três ordenações - do Bispo, do padre e do
diácono - seguem o mesmo movimento. Seu lugar é no seio
da Liturgia Eucarística.
§1573 O rito essencial do sacramento da Ordem consta, para os três graus, da imposição
das mãos pelo Bispo sobre a cabeça do ordenando e da oração consagratória
específica, que pede a Deus a efusão do Espírito Santo e de seus dons
apropriados ao ministério para o qual o candidato é ordenado.
§1574 Como todos os
sacramentos, ritos anexos cercam a celebração. Variando consideravelmente nas
diferentes tradições litúrgicas, o que têm em comum é exprimir os múltiplos
aspectos da graça sacramental. Assim, os ritos iniciais
no rito latino - a apresentação e a eleição do ordinando, a alocução do Bispo,
o interrogatório do ordinando, a ladainha de todos os santos - atestam que a
escolha do candidato foi feita de conformidade com a prática da Igreja e
preparam o ato solene da consagração, depois da qual diversos ritos vêm
exprimir e concluir, de maneira simbólica, o mistério que acaba de consumar-se:
para o Bispo e para o presbítero, a unção do santo crisma, sinal da unção
especial do Espirito Santo que torna fecundo seu ministério; entrega do livro dos
Evangelhos, do anel, da mitra e do báculo ao bispo, em sinal de sua missão
apostólica de anúncio da Palavra de Deus, de sua fidelidade à Igreja, esposa de
Cristo, de seu cargo de pastor do rebanho do Senhor; entrega da patena e
do cálice ao presbítero, "a oferenda do povo santo" que ele deve
apresentar a Deus; entrega do livro dos Evangelhos ao diácono, que acaba de
receber a missão de anunciar o Evangelho de Cristo.
§1597 O sacramento da Ordem é
conferido pela imposição das mãos, seguida de uma solene oração consecratória
que pede a Deus, para o ordenando, as graças do Espírito Santo, necessárias
para exercer seu ministério. A ordenação imprime um
caráter sacramental indelével.
Celebração
do Sacramento da Penitência
§1480 A celebração do sacramento
da Penitência Como todos os sacramentos, a Penitência é
uma ação litúrgica. São estes ordinariamente os elementos da celebração:
saudação e bênção do sacerdote, leitura da Palavra de Deus para iluminar a
consciência e suscitar a contrição, exortação ao arrependimento; confissão que
reconhece os pecados e os manifesta ao padre; imposição e aceitação da
penitência; absolvição do sacerdote; louvor de ação de graças e
despedida com a bênção do sacerdote.
§1481 A liturgia bizantina
conhece diversas fórmulas de absolvição, forma depreciativa, que exprimem
admiravelmente o mistério do perdão: "Que o Deus
que pelo profeta Natã perdoou a Davi, que confessou seus próprios pecados; a
Pedro, quando chorou amargamente; à prostituta, quando lavou seus pés com lágrimas;
ao publicano e ao filho pródigo, que esse mesmo Deus vos perdoe, por mim,
pecador, nesta vida e na outra, e vos faça comparecer em seu terrível tribunal
sem vos condenar, Ele que é bendito nos séculos dos séculos. Amém.
§1482 O
sacramento da Penitência também pode ter lugar no quadro de uma celebração
comunitária, na qual as pessoas se preparam juntas para a confissão e também
juntas agradecem pelo perdão recebido. Neste caso, a confissão pessoal
dos pecados e a absolvição individual são inseridas numa liturgia da Palavra de
Deus, com leituras e homilia, exame de consciência em comum, pedido comunitário
de perdão, oração do Pai-Nosso e ação de graças em comum. Esta celebração comunitária exprime mais claramente o caráter
eclesial da penitência. Mas, seja qual for o modo da celebração, o sacramento
da Penitência sempre é, por sua própria natureza, uma ação litúrgica, portanto
eclesial e pública.
§1483 Em
casos de necessidade grave, pode-se recorrer à celebração comunitária da
reconciliação com confissão e absolvição gerais. Esta necessidade grave pode
apresentar-se quando há um perigo iminente de morte sem que o ou os sacerdotes
tenham tempo suficiente para ouvir a confissão de cada penitente. A necessidade
grave pode também apresentar-se quando, tendo-se em vista o número dos
penitentes, não havendo confessores suficientes para ouvir devidamente as
confissões individuais num tempo razoável, de modo que os penitentes, sem culpa
de sua parte, se veriam privados durante muito tempo da graça sacramental ou da
sagrada Eucaristia. Nesse caso, os fiéis devem ter, para a validade da
absolvição, o propósito de confessar individualmente seus pecados graves no
devido tempo. Cabe ao Bispo diocesano julgar se os requisitos para a absolvição
geral existem. Um grande concurso de fiéis por ocasião
das grandes festas ou de peregrinação não constitui caso de tal necessidade
grave.
§1484 "A confissão
individual e integral seguida da absolvição continua sendo o único modo
ordinário pelo qual os fiéis se reconciliam com Deus e com a Igreja, salvo se
uma impossibilidade física ou moral dispensar desta confissão." Há razões
profundas para isso. Cristo age em cada um dos sacramentos. Dirige-se
pessoalmente a cada um dos pecadores: "Filho, os teus pecados estão perdoados"
(Mc 2,5); ele é o médico que se debruça sobre cada um dos doentes que têm
necessidade dele para curá-los; ele os soergue e reintegra na comunhão
fraterna. A confissão pessoal é, pois, a forma mais significativa da reconciliação
com Deus e com a Igreja.
Celebração
litúrgica da Unção dos enfermos
§1517 Como é celebrado este
sacramento? Como todos os sacramentos, a Unção dos
Enfermos é uma celebração litúrgica e comunitária, quer tenha lugar na família,
no hospital ou na Igreja, para um só enfermo ou para todo um grupo de enfermos.
E de todo conveniente que ela se celebre dentro da Eucaristia, memorial da
Páscoa do Senhor. Se as circunstâncias o permitirem, a celebração do
sacramento pode ser precedida pelo sacramento da Penitência e seguida pelo
sacramento da Eucaristia. Como sacramento da Páscoa de Cristo, a Eucaristia
deveria sempre ser o último sacramento da peregrinação terrestre, o
"viático" para a "passagem" à vida eterna.
§1518 Palavra e sacramento
formam um todo inseparável. A Liturgia da Palavra,
precedida de um ato penitencial, abrirá a celebração. As palavras de Cristo, o
testemunho dos apóstolos despertam a fé do enfermo e da comunidade para
pedir ao Senhor a força de seu Espírito.
§1519 A celebração do
sacramento compreende principalmente os elementos seguintes: "os presbíteros da Igreja (Cf Tg 5,14) impõem - em
silêncio - as mãos aos doentes; oram sobre eles na fé da Igreja. É a epiclese
própria deste sacramento. Realizam então a unção com óleo consagrado, que, se
possível, deve ser feita pelo Bispo. Essas ações litúrgicas indicam a
graça que esse sacramento confere aos enfermos.
§1531 O essencial da celebração
deste sacramento consiste na unção da fronte e das mãos do doente (no rito
romano) ou de outras partes do corpo (no Oriente), unção acompanhada da oração
litúrgica do presbítero celebrante, que pede a graça especial deste sacramento.
Celebração
litúrgica da exéquias
§1684 A celebração dos funerais
Os funerais cristãos são uma celebração litúrgica da Igreja. O ministério da
Igreja tem em vista aqui tanto exprimir a comunhão eficaz com o defunto como
fazer a comunidade reunida participar das exéquias e lhe anunciar a vida
eterna!
§1685 Os diferentes ritos dos
funerais exprimem O caráter pascal da morte cristã e respondem às situações e
tradições de cada região, mesmo com relação à cor litúrgica.
§1686 O Ordo exsequiarum (rito das exéquias) (OEx) da liturgia romana propõe três tipos
de celebração dos funerais, correspondendo aos três lugares onde acontece (a
casa, a igreja, o cemitério) e segundo a importância que a ele atribuem
a família, os costumes locais, a cultura e a piedade popular. Este esquema é,
aliás, comum a todas as tradições litúrgicas e compreende
quatro momentos principais:
§1687 O acolhimento
da comunidade. Uma saudação de fé abre a celebração. Os
familiares do defunto são acolhidos com uma palavra de consolação" (no
sentido do Novo Testamento: a força do Espírito Santo na esperança). A
comunidade orante que se reúne escuta também "as palavras de vida
eterna". A morte de um membro da comunidade (ou o dia de aniversário, o
sétimo ou o trigésimo dia) é um acontecimento que deve fazer ultrapassar as
perspectivas "deste mundo" e levar os fiéis às verdadeiras
perspectivas da fé em Cristo ressuscitado.
§1688 A Liturgia da
Palavra, por ocasião dos funerais, exige um preparação bem atenciosa, pois a
assembléia presente ao ato podem englobar fiéis pouco assíduos à liturgia e
também amigos do falecido que não sejam cristãos. A
homilia em especial deve "evitar gênero literário de elogio fúnebre"
e iluminar o mistério da morte cristã com a luz de Cristo Ressuscitado.
§1689 O Sacrifício
Eucarístico. Se a celebração se realizar na igreja, Eucaristia é o coração da
realidade pascal da morte cristã. É então que a Igreja exprime
sua comunhão eficaz com o defunto: oferecendo ao Pai, no Espírito Santo, o
sacrifício da morte e ressurreição de Cristo, ela lhe pede que seu filho seja
purificado de seus pecados e de suas c seqüências e que seja admitido à
plenitude pascal da mesa do Reino. É pela Eucaristia assim celebrada que a
comunidade dos fiéis, especialmente a família do defunto, aprende a viver em
comunhão com aquele que dormiu no Senhor", comungando do Corpo de Cristo,
do qual é membro vivo, e rezando a seguir por ele e com ele.
§1690 O adeus
("a Deus") ao defunto é sua "encomendação a Deus" pela
Igreja. Este é o "último adeus pelo qual a
comunidade cristã saúda um de seus membros antes que o corpo dele seja levado à
sepultura "; tradição bizantina o exprime pelo beijo de adeus ao falecido: Com esta saudação final "canta-se por causa de sua
partida desta vida e por causa de sua separação, mas também porque há uma
comunhão e uma reunião. Com efeito, ainda que mortos, não estamos separados uns
dos outros, pois todos percorremos o mesmo caminho e nos reencontraremos no
mesmo lugar. Jamais estaremos separados, pois vivemos por Cristo, e
agora estamos unidos a Cristo, indo em sua direção... estaremos todos reunidos
em Cristo".
Celebração
litúrgica do Batismo Cristão
§1234 O significado e a graça
do sacramento do Batismo aparecem com clareza nos ritos de sua celebração. É acompanhando, com uma participação atenta, os gestos e as
palavras desta celebração que os fiéis são iniciados nas riquezas que este
sacramento significa e realiza em cada novo batizado.
§1235 O
sinal-da-cruz no limiar da celebração, assinala a marca de Cristo naquele que
vai pertencer-lhe e significa a graça da redenção que Cristo nos
proporcionou por sua cruz.
§1236 O núncio da
Palavra de Deus ilumina com a verdade revelada os candidatos e a assembléia, e
suscita a resposta da fé, inseparável do Batismo. Com
efeito, o Batismo é de maneira especial "o sacramento da fé", uma vez
que é a entrada sacramental na vida de fé.
§1237 Visto que o
Batismo significa a libertação do pecado e de seu instigador, o Diabo,
pronuncia-se um (ou vários) exorcismo(s) sobre o candidato. Este é
ungido com o óleo dos catecúmenos ou então o celebrante impõe-lhe a mão, e o
candidato renuncia explicitamente a satanás. Assim preparado, ele pode
confessar a fé da Igreja, à qual será "confiado" pelo Batismo.
§1238 A água batismal
é então consagrada por uma oração de epiclese (seja no próprio momento, seja na
noite pascal). A Igreja pede a Deus que, por seu Filho,
o poder do Espírito Santo desça sobre esta água, para que os que forem
batizados nela "nasçam da água e do Espírito" (Jo 3,5).
§1239 Segue então o
rito essencial do sacramento: o Batismo propriamente dito, que significa e
realiza a morte ao pecado e a entrada na vida da Santíssima Trindade por meio
da configuração ao mistério pascal de Cristo. O
Batismo é realizado da maneira mais significativa pela tríplice imersão na água
batismal. Mas desde a antigüidade ele pode também ser conferido derramando-se,
por três vezes, a água sobre a cabeça do candidato.
§1240 Na Igreja latina,
esta tríplice infusão é acompanhada das palavras do ministro: "N..., eu te
batizo em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo". Nas
liturgias orientais, estando o catecúmeno voltado para o nascente, o ministro
diz: "O servo de Deus, N..., é batizado em nome do Pai, do Filho e do
Espírito Santo". E à invocação de cada pessoa da Santíssima Trindade o
ministro mergulha o candidato na água e o retira dela.
§1241 A unção com o
santo crisma, óleo perfumado consagrado pelo Bispo, significa o dom do Espírito
Santo ao novo batizado. Este tornou-se um cristão, isto é,
"ungido" do Espírito Santo, incorporado a Cristo, que é ungido
sacerdote, profeta e rei.
§1242 Na liturgia das
Igrejas do Oriente, a unção pós-batismal é o sacramento da Crisma
(Confirmação). Na liturgia romana, porém, esta primeira
unção anuncia outra, a do santo Crisma, que será feita pelo Bispo: o sacramento
da Confirmação, que, por assim dizer, "confirma"
e encerra a unção batismal.
§1243 A veste branca simboliza
que o batizado "vestiu-se de Cristo": ressuscitou com Cristo. A vela, acesa no círio pascal, significa que Cristo iluminou
o neófito. Em Cristo, os batizados são "a luz do mundo" (Mt 5,14).
O novo batizado é agora filho de Deus no Filho único. Pode rezar a oração dos
filhos de Deus: o Pai-Nosso.
§1244 A primeira comunhão
eucarística. Uma vez feito filho de Deus, revestido da veste nupcial, o neófito
é admitido "ao festim das bodas do Cordeiro" e recebe o alimento da
vida nova, o Corpo e o Sangue de Cristo. As Igrejas
orientais mantêm uma consciência viva da unidade da iniciação cristã dando a
Santa comunhão a todos os novos batizados e confirmados, mesmo às crianças,
lembrando-se da palavra do Senhor: "Deixai vir a mim as crianças, não as
impeçais" (Mc 10,14). A Igreja latina, que reserva a Santa comunhão
aos que atingiram a idade da razão, exprime a abertura do Batismo para a
Eucaristia aproximando do altar a criança recém-batizada para a oração do
Pai-Nosso.
§1245 A bênção solene conclui a
celebração do Batismo. Por ocasião do batismo de recém-nascidos, a bênção da mãe ocupa um lugar especial.
Celebração
litúrgica do Matrimônio
§1621 A celebração do
Matrimônio No rito latino, a celebração do Matrimônio entre dois fiéis
católicos normalmente ocorre dentro da santa missa, em vista de vínculo de
todos os sacramentos com o mistério pascal de Cristo. Na
Eucaristia se realiza o memorial da nova aliança, na qual Cristo se uniu para
sempre à Igreja, sua esposa bem-amada, pela qual se entregou. Portanto, é
conveniente que os esposos selem seu consentimento de entregar-se um ao outro
pela oferenda de suas próprias vidas, unindo-o à oferenda de Cristo por sua
Igreja que se toma presente no Sacrifício Eucarístico, e recebendo
Eucaristia, a fim de que, comungando no mesmo Corpo e no mesmo Sangue de
Cristo, eles "formem um só corpo" nele.
§1622 "Como gesto
sacramental de santificação, a celebração litúrgica do Matrimônio ... deve ser
válida por si mesma, digna e frutuosa." Convém, pois, que os futuros
esposos se disponham à celebração de seu casamento recebendo o sacramento da
Penitência.
§1623 Segundo a tradição
latina, são os esposos que, como ministros da graça de
Cristo, se conferem mutuamente o sacramento do Matrimônio, expressando diante
da Igreja seu consentimento. Nas tradições das Igrejas Orientais, os
sacerdotes, Bispos ou presbíteros, são testemunhas do consentimento recíproco
dos esposos, mas também é necessária a bênção deles para a validade do
sacramento.
§1624 As diversas liturgias são
ricas em orações de bênção e de epiclese para pedir a Deus a graça e a bênção
sobre o novo casal, especialmente sobre a esposa. Na
epiclese deste sacramento, os esposos recebem o Espírito Santo como comunhão de
amor de Cristo e da Igreja (Cf Ef 5,32). É Ele o selo de sua aliança, a fonte
que incessantemente oferece seu amor, a força em que se renovar a fidelidade
dos esposos.
§1631 É por esta razão que a
Igreja normalmente exige de seus fiéis a forma eclesiástica da celebração do
casamento. Diversas razões concorrem para explicar esta determinação: casamento-sacramento
é um ato litúrgico. Por isso, convém que seja celebrado na liturgia pública da
Igreja. Matrimônio foi introduzido num ordo eclesial, cria direitos e deveres na
Igreja, entre os esposos e relativos à prole. Sendo o Matrimônio um estado de
vida na Igreja, é necessário que haja certeza a seu respeito (daí a obrigação
de haver testemunhas).caráter público do consentimento protege o mútuo
"Sim" que um dia foi dado e ajuda a permanecer-lhe fiel.
§1663 Como o Matrimônio
estabelece os cônjuges num estado público de vida na Igreja, convém que sua celebração seja pública no quadro de uma
celebração litúrgica diante do sacerdote (ou de testemunha qualificada da
Igreja), das testemunhas e da assembléia dos fiéis.
Ministérios
e celebração litúrgica
§1142 Mas "os membros não têm
todos a mesma função" (Rm 12,4). Certos membros são chamados por Deus, na
e pela Igreja, a um serviço especial da comunidade. Tais servidores são
escolhidos e consagrados pelo sacramento da ordem, por meio do qual o Espírito
Santo os torna aptos a agir na pessoa de Cristo-Cabeça para o serviço de todos
os membros da Igreja. O ministro ordenado é como o
ícone de Cristo Sacerdote. Já que o sacramento da Igreja se manifesta
plenamente na Eucaristia, é na presidência da Eucaristia que o ministério do
Bispo aparece primeiro, e, em comunhão com ele, o dos presbíteros e dos
diáconos.
§1143 No intuito de servir às
funções do sacerdócio comum dos fiéis, existem também outros ministérios
particulares, não consagrados pelo sacramento da ordem, e cuja função é determinada
pelos bispos de acordo com as tradições litúrgicas e as necessidades pastorais.
"Também os ajudantes, os leitores, os
comentaristas e os membros do coral desempenham um verdadeiro ministério
litúrgico."
§1144 Assim,
na celebração dos sacramentos, a assembléia inteira é o "liturgo",
cada um segundo sua função, mas na "unidade do Espírito", que age em
todos. "Nas celebrações litúrgicas, cada qual, ministro ou fiel, ao
desempenhar sua função, faça tudo e só aquilo que pela natureza da coisa ou
pelas normas litúrgicas lhe compete."
O
Mistério Pascal de Cristo na celebração litúrgica
§1067 "Esta obra da
redenção humana e da perfeita glorificação de Deus, da qual foram prelúdio as
maravilhas divinas operadas no povo do Antigo Testamento, completou-a Cristo
Senhor, principalmente pelo mistério pascal de sua bem-aventurada paixão,
ressurreição dos mortos e gloriosa ascensão. Por este
mistério, Cristo, 'morrendo, destruiu nossa morte, e ressuscitando, recuperou
nossa vida'. Pois do lado de Cristo adormecido na cruz nasceu o admirável
sacramento de toda a Igreja." Esta é a razão pela qual, na liturgia, a
Igreja celebra principalmente o mistério pascal pelo qual Cristo
realizou a obra da nossa salvação.
§1068 E este mistério de Cristo
que a Igreja anuncia e celebra em sua liturgia, a fim de que os fiéis vivam e
dêem testemunho dele no mundo: Com efeito, a liturgia,
pela qual, principalmente no divino sacrifício da Eucaristia, "se exerce a
obra de nossa redenção", contribui do modo mais excelente para que os
fiéis, em sua vida, exprimam e manifestem aos outros o mistério de Cristo e
a genuína natureza da verdadeira Igreja.
Mudança
do rito dos Sacramentos
§1125 E por isso que nenhum rito sacramental pode ser modificado ou manipulado ao
arbítrio do ministro ou da comunidade. Nem mesmo a suprema autoridade da Igreja
pode alterar a Liturgia ao seu arbítrio, mas somente na obediência da fé
e no religioso respeito do Mistério da Liturgia.
Tradições
litúrgicas e catolicidade da Igreja
§1200 DIVERSIDADE LITÚRGICA E
UNIDADE DO MISTÉRIO TRADIÇÕES LITÚRGICAS E CATOLICIDADE DA IGREJA - Desde primeira comunidade de Jerusalém até a parusia, o mesmo
mistério pascal é celebrado, em todo lugar, pelas Igrejas de Deus fiéis à fé
apostólica. O mistério celebrado na liturgia é um só, mas as formas de sua celebração são diversas.
§1201 A riqueza insondável do
mistério de Cristo é tal que nenhuma liturgia é capaz de esgotar sua expressão.
A história do surgimento e do desenvolvimento desses
ritos atesta uma complementaridade surpreendente. Quando as Igrejas viveram
essas tradições litúrgicas em comunhão na fé e nos sacramentos da fé,
enriqueceram-se mutuamente e cresceram na fidelidade à tradição e à
missão comum à Igreja toda.
§1202 As diversas tradições
litúrgicas surgiram justamente em razão da missão da Igreja. As Igrejas de uma
mesma área geográfica e cultural acabaram celebrando o mistério de Cristo com
expressões particulares tipificadas culturalmente: na tradição do
"depósito da fé", no simbolismo litúrgico, na organização da comunhão
fraterna, na compreensão teológica dos mistérios e nos tipos de santidade.
Assim, Cristo, luz e salvação de todos os povos, é manifestado pela vida
litúrgica de uma Igreja ao povo e à cultura aos quais ela é enviada e nos quais
está enraizada. A Igreja é católica: pode integrar em
sua unidade, purificando-as, todas as verdadeiras riquezas das culturas.
§1203 As tradições litúrgicas
ou ritos atualmente em uso na Igreja são o rito latino (principalmente o rito
romano, mas também os ritos de certas Igrejas locais como o rito ambrosiano, ou
de certas ordens religiosas) e os ritos bizantinos, alexandrino ou copta,
siríaco, armênio, maronita e caldeu. "Obedecendo
fielmente à tradição, o sacrossanto Concílio declara que a santa mãe Igreja
considera como iguais em direito e em dignidade todos os ritos legitimamente
reconhecidos, e que no futuro quer conservá-los e favorecê-los de todas
as formas."
CELEBRANTES DA LITURGIA
CELESTE NO LIVRO LITÚRGICO DO APOCALÍPSE!
§1137 - O apocalipse de São
João, lido na liturgia da Igreja, revela-nos primeiramente "um trono no
céu e, no trono, alguém sentado": "o Senhor Deus" (Is 6,1). Em
seguida, o Cordeiro, "imolado e de pé" (Ap 5,6): Cristo crucificado e
ressuscitado, o único sumo sacerdote do verdadeiro santuário, o mesmo "que
oferece e é oferecido, que dá e que é dado". Finalmente, "o rio de
água da vida (...) que saía do trono de Deus e do Cordeiro" (Ap 22,1), um
dos mais belos símbolos do Espírito Santo
§1138 "Recapitulados"
em Cristo, participam do serviço do louvor a Deus e da realização de seu
desígnio: as potências celestes, a criação inteira (os quatro viventes), os
servidores da antiga e da nova aliança (os vinte e quatro anciãos), o novo povo de Deus (os cento e quarenta e quatro mil), em
especial os mártires "imolados por causa da Palavra de Deus" (Ap 6,9)
e a Santa Mãe de Deus (a mulher; a Esposa do Cordeiro), e finalmente
"uma multidão imensa, impossível de se enumerar, de toda nação, raça, povo
e língua" (Ap 7,9).
§1140 OS CELEBRANTES DA
LITURGIA SACRAMENTAL É toda a comunidade, o corpo de Cristo unido à sua Cabeça,
que celebra. "As ações litúrgicas não são ações privadas, mas celebrações
da Igreja, que é o 'sacramento da unidade', isto é, o povo santo, unido e
ordenado sob a direção dos Bispos. Por isso, estas celebrações pertencem a todo
o corpo da Igreja, influem sobre ele e o manifestam; mas atingem a cada um de
seus membros de modo diferente, conforme a diversidade de ordens, ofícios e da
participação atual efetiva." É por isso que
"todas as vezes que os ritos, de acordo com sua própria natureza, admitem
uma celebração comunitária, com assistência e participação ativa dos fiéis,
seja inculcado que na medida do possível, ela deve ser preferida à celebração
individual ou quase privada".
§1141 A Assembléia que celebra
é a comunidade dos batizados, os quais, "pela regeneração e unção do
Espírito Santo, são consagrados para serem casa espiritual e sacerdócio santo e
para poderem oferecer um sacrifício espiritual toda atividade humana do
cristão". Este "sacerdócio comum" é o de Cristo, único
sacerdote, participado por todos os seus membros:A mãe
Igreja deseja ardentemente que todos os fiéis sejam levados àquela plena,
consciente e ativa participação nas celebrações litúrgicas que a própria
natureza da liturgia exige e à qual, por força do batismo, o povo
cristão, "geração escolhida, sacerdócio régio, gente santa, povo de
conquista" (1 Pd 2,9), tem direito e obrigação.
§1143 No intuito de servir às
funções do sacerdócio comum dos fiéis, existem também
outros ministérios particulares, não consagrados pelo sacramento da ordem, e
cuja função é determinada pelos bispos de acordo com as tradições litúrgicas e
as necessidades pastorais. "Também os ajudantes, os leitores, os
comentaristas e os membros do coral desempenham um verdadeiro ministério
litúrgico."
§1156 CANTO E MÚSICA "A
tradição musical da Igreja universal constitui um tesouro de valor inestimável
que se destaca entre as demais expressões de arte, principalmente porque o
canto sacro, ligado às palavras, é parte necessária ou integrante da liturgia
solene." A composição e o canto dos salmos
inspirados, com freqüência acompanhados por instrumentos musicais, já aparecem
intimamente ligados às celebrações litúrgicas da antiga aliança. A Igreja
continua e desenvolve esta tradição: Recital "uns com os outros salmos,
hinos e cânticos espirituais, cantando e louvando ao Senhor em vosso
coração" (Ef. 5,19) . "Quem canta reza duas vezes."
§1157 O canto e a música
desempenham sua função de sinais de maneira tanto mais significativa por
"estarem intimamente ligados à ação litúrgica", segundo três
critérios principais: a beleza expressiva da oração, a participação unânime da
assembléia nos momentos previstos e o caráter solene da celebração. Participam
assim da finalidade das palavras e das ações litúrgicas: a glória de Deus e a
santificação dos fiéis:Quanto chorei ouvindo vossos
hinos, vossos cânticos, os acentos suaves que ecoavam em vossa Igreja! Que
emoção me causavam! Fluíam em meu ouvido, destilando a verdade em meu coração. Um
grande elã de piedade me elevava, e as lágrimas corriam-me pela face, mas me
faziam bem.
§1158 A harmonia dos sinais
(canto, música, palavras e ações) é aqui mais expressiva e fecunda por
exprimir-se na riqueza cultural própria do povo de Deus que celebra? Por isso, o "canto religioso popular ser
inteligentemente incentivado a fim de que as vozes dos fiéis possam ressoar nos
pios e sagrados exercícios e nas próprias ações litúrgicas, de acordo com as
normas e prescrições das rubricas. Todavia, "os textos destinados
ao canto sacro hão de ser conformes à doutrina católica, sendo até tirados de
preferência das Sagradas Escrituras e das fontes litúrgicas.
Imagens
sacras na Liturgia
§1159 AS SANTAS IMAGENS A
imagem sacra, o ícone litúrgico, representa
principalmente Cristo. Ela não pode representar o Deus invisível e
incompreensível; é a encarnação do Filho de Deus que inaugurou uma nova
"economia" das imagens: Antigamente Deus, que não tem nem corpo nem
aparência, não podia em absoluto ser representado por uma imagem. Mas agora que
se mostrou na carne e viveu com os homens posso fazer uma imagem daquilo que vi
de Deus. (...) Com o rosto descoberto, contemplamos a glória do Senhor.
§1160 A iconografia cristã
transcreve pela imagem a mensagem evangélica que a Sagrada Escritura transmite
pela palavra. Imagem e palavra iluminam-se mutuamente:Para proferir
sucintamente nossa profissão de fé, conservamos todas as tradições da Igreja,
escritas ou não-escritas, que nos têm sido transmitidas sem alteração. Uma
delas é a representação pictórica das imagens, que concorda com a pregação da
história evangélica, crendo que, de verdade e não na aparência, o Verbo de Deus
se fez homem, o que é também útil e proveitoso, pois as coisas que se iluminam
mutuamente têm sem dúvida um significado recíproco.
§1161 Todos os sinais da
celebração litúrgica são relativos a Cristo: são-no
também as imagens sacras da santa mãe de Deus e dos santos. Significam o Cristo
que é glorificado neles. Manifestam "a nuvem de testemunhas" (Hb
12,1) que continuam a participar da salvação do mundo e às quais estamos
unidos, sobretudo na celebração sacramental. Por meio de seus ícones, revela-se
à nossa fé o homem criado "à imagem de Deus" e transfigurado "à
sua semelhança", assim como os anjos, também recapitulados em Cristo: Na
trilha da doutrina divinamente inspirada de nossos santos Padres e da tradição
da Igreja católica, que sabemos ser a tradição do Espírito Santo que habita
nela, definimos com toda certeza e acerto que as veneráveis e santas imagens,
bem como as representações da cruz preciosa e vivificante, sejam elas pintadas,
de mosaico ou de qualquer outra matéria apropriada, devem ser colocadas nas
santas igrejas de Deus, sobre os utensílios e as vestes sacras, sobre paredes e
em quadros, nas casas e nos caminhos, tanto a imagem de Nosso Senhor, Deus e
Salvador, Jesus Cristo, como a de Nossa Senhora, a puríssima e santíssima mãe
de Deus, dos santos anjos, de todos os santos e dos justos.
§1162 "A
beleza e a cor das imagens estimulam minha oração. É uma festa para os meus
olhos, tanto quanto o espetáculo do campo estimula meu coração a dar glória a
Deus." A contemplação dos ícones santos, associada à meditação da
Palavra de Deus e ao canto dos hinos litúrgicos, entra na harmonia dos sinais
da celebração para que o mistério celebrado se grave na memória do coração e se
exprima em seguida na vida nova dos fiéis.
Palavras
e ações na Liturgia
§1153 PALAVRAS E AÇÕES Uma
celebração sacramental é um encontro dos filhos de Deus com seu Pai, em Cristo
e no Espírito Santo, e este encontro se exprime como um diálogo, mediante ações
e palavras. Sem dúvida, as ações simbólicas já são em
si mesmas uma linguagem, mas é preciso que a Palavra de Deus e a resposta de fé
acompanhem e vivifiquem estas ações para que a semente do Reino produza seu
fruto na terra fértil. As ações litúrgicas significam o que a Palavra de
Deus exprime: a iniciativa gratuita de Deus e ao mesmo tempo a resposta de fé
de seu povo.
§1154 A liturgia da palavra é
parte integrante das celebrações sacramentais. Para alimentar a fé dos fiéis,
os sinais da Palavra de Deus precisam ser valorizados: o livro da palavra
(lecionário ou evangeliário), sua veneração (procissão, incenso, luz), o lugar
de onde é anunciado (ambão), sua leitura audível e inteligível, a homilia do
ministro que prolonga sua proclamação, as respostas da assembléia (aclamações,
salmos de meditação, ladainhas, profissão de fé...).
§1155 Inseparáveis enquanto
sinais e ensinamento, a palavra e a ação litúrgicas são indissociáveis também
enquanto realizam o que significam. O Espírito Santo
não somente dá a compreensão da Palavra de Deus suscitando a fé; pelos
sacramentos ele realiza também as "maravilhas" de Deus anunciadas
pela palavra: torna presente e comunica a obra do Pai realizada pelo Filho bem-amado.
BREVE TEOLOGIA DOS SINAIS SACRAMENTAIS NA IGREJA
Tertuliano, o famoso jurista africano, foi o primeiro dos Padres da Igreja em aplicar ao batismo e à eucaristia a denominação comum de sacramento. No entanto, o utilizava ainda em um sentido pagão como simples sinal de um pacto: assim como o "sacramentum" (tatuagem) era o sinal da consagração do soldado a serviço do imperador, pelo batismo o cristão passava a fazer parte da "militia Christi" (exército de Jesus Cristo) (1).O ser Humano é um “animal simbólico” (E. Cassier). Em qualquer lugar ou tempo os seres humanos utilizam imagens carregadas de significado que nos transmitem informações nos mais variados planos, sejam eles subjetivos ou objetivos, estimulando as nossas emoções e pensamentos. A maior parte das informações que assimilamos, o fazemos de modo inconsciente e a linguagem do inconsciente é a linguagem dos símbolos. Notadamente, o que melhor diferencia o homem dos demais animais, é sua capacidade de dar vida e significação a todas as coisas e ao mesmo tempo, decifrar a mensagem do mundo, “não fosse os olhos do homem, as coisas não seriam mais que matéria opaca, os acontecimentos da vida não passariam de fatos brutos sem nenhum significado (2) ”. Na medida que o homem se faz capaz de interpretar as mensagens do mundo, se depara com a realidade invisível assinalada pela prática sacramental.
O Sinal Sagrado
Santo Agostinho visando explicar o sacramento na Igreja, direciona a questão para abordar o aspecto puramente teológico. É ele que estabelece o conceito clássico para sinal, ao definir: "Sinal é toda coisa que, além da impressão que produz em nossos sentidos, faz que nos venha ao pensamento outra ideia distinta" (A doutrina cristã 2, l, 1). Tal afirmação, nos permite concluir que quando os sinais se referem às Realidades divinas, são chamados de sacramento. Assim sendo, é possível afirmar que Sacramentos são sinais sagrados. “São sinais visíveis que indicam uma realidade invisível” (A doutrina cristã 3, 9, 13; A cidade de Deus IO, 5). Desta forma percebe-se que são incontáveis os sinais sagrados e estariam entre eles o sinal-da-cruz,o lava-pés, o cuidado com os pobres, os ritos de catecumenato e muitos outros. Porém, ao se referir aos ritos litúrgicos da Igreja, Santo Agostinho manifesta um entendimento muito mais restritivo do que vem a ser sacramento. Assim se transcreve: “Na Carta 55, por ocasião da festa de Páscoa, diz ao seu interlocutor Genaro que Cristo deu ao seu povo tão-só uns poucos sacramentos. E menciona em particular o sacramento do batismo e a celebração do sangue e do corpo do Senhor. É provável que já esteja apontando, especificamente os sacramentos da Igreja. Entre estes sacramentos “litúrgicos” incluiriam também a crisma, a penitência, a ordem e o matrimônio. Ou seja, praticamente o septenário que temos hoje”. Para Santo Agostinho, os sinais sacramentais são constituídos de dois elementos:
1)-Um elemento material: (“elementum”) que pode ser percebido pelos sentidos.
2)-Um elemento formal: (“verbum”) a Palavra de Deus, a ação divina que capta a realidade significada.
Conclui-se que a Palavra de Deus converte a materialidade das coisas em sacramento, ao dotar seu simbolismo natural de um significado e efeito que transcende a experiência comum”³ .Agostinho ao explicar a eucaristia afirma: “Eles (os discípulos) conhecem Cristo a partir do pão. Não é qualquer pedaço de pão que tu vês que chega a ser o Corpo de Cristo, mas o pão que recebe a bênção de Cristo” (Sermão 234, 2). Aprofundando nesta linha, Agostinho formula a definição clássica de sacramento que se incorporará à doutrina da Igreja no Concílio de Trento (5): “Sinal visível da graça invisível”. Assim, como consequência lógica, podemos assumir que a ação sacramental conduz a graça divina.
Podemos
resumir assim a proposta teológica de Agostinho:
-Sacramento em sentido amplo: É um sinal sagrado pelo qual aquilo que é visto e experimentado corresponde a uma realidade espiritual mais profunda que chega a se expressar pelo próprio sinal.
-Sacramento em sentido estrito: É a palavra visível de Deus recebidas nos ritos da Igreja. Assim como não se pode separar a palavra do seu significado, também não se pode separar o elemento externo visível, da realidade interna significada.” (4)
Referência Bibliográfica:
1 - Caderno de Espiritualidade Agostiniana nº 40, pág. 5
2 - Caderno de Espiritualidade Agostiniana nº 40, pág. 4
3 - Caderno de Espiritualidade Agostiniana nº 40, pág. 6
4 - Caderno de Espiritualidade Agostiniana nº 40, pág. 7
OS SÍMBOLOS E OS GESTOS NA LITURGIA
A liturgia Cristã é formada, de modo geral, pela tríade: experiência de fé, símbolos e gestos. Hoje adentraremos em alguns dos símbolos e gestos presentes numa celebração litúrgica. É interessante destacar que nossa fé também se desenvolve a partir dos sentidos humanos (visão, tato, paladar, olfato, audição); através dos símbolos e sinais criados pelo próprio ser humano, ou utilizados por Deus para se manifestar a nós ou para nos explicar as realidades espirituais (ex: água viva, pão da vida, videira verdadeira, etc.), somos capazes de perceber as realidades invisíveis da fé e de nos comunicar com Deus de modo mais afetivo e efetivo. Cada símbolo e gesto, dentro do âmbito litúrgico, expressa algo que vai além do que se visualiza, realidades de fé capazes de levar-nos mais facilmente à comunhão com Deus. No decorrer da história da Igreja e na evolução da compreensão litúrgica, os sinais e gestos foram sendo, alguns reafirmados e outros incorporados no contexto litúrgico.
Vejamos alguns Sinais(símbolos) visíveis que nos apontam para realidades invisíveis
ÁGUA: Símbolo da vida e de purificação. Presente desde a criação do mundo (Gn 1, 1). Por ela morremos para o pecado e ressurgimos para a vida em Cristo. Remete-nos ao batismo. É também chamada de Sacramental (sinal presente no Sacramento). A água é um símbolo presente no batismo, no rito da aspersão, nas bênçãos, na Celebração Eucarística, etc.
ÓLEO: Símbolo da eleição divina e da fortaleza de Deus. Os escolhidos por Deus eram ungidos (recebiam a força de Deus) para atuar em favor do povo (Rei Saul – 1 Sm 9,10; Rei Davi – 2 Sm 2,4). Também os enfermos devem receber a unção com o óleo (Tg 5, 14). O óleo é utilizado nos sacramentos do batismo, crisma, ordem e unção dos enfermos.
PALAVRA: Para o povo de Israel a Palavra era o sinal da presença de Deus no meio da comunidade. Segundo o evangelista João, Jesus é o logos criador (Palavra de Deus encarnada) pela qual o mundo foi criado (Jo 1, 1ss). Assim, o cristianismo, com o passar do tempo, incorpora a Revelação de Jesus, através dos Evangelhos e das Cartas, como Palavra de Deus, formando e constituindo a Sagrada Escritura que hoje conhecemos. A Palavra é proclamada em todas as celebrações litúrgicas e reuniões da comunidade cristã.
PÃO: Alimento corporal e símbolo visível do alimento espiritual (Corpo de Cristo). Remete-nos à partilha, à doação e ao serviço (preparar do pão). Jesus, na última Ceia, tomou o pão e partiu-o entre seus discípulos, alimentando-os corporalmente e espiritualmente. Jesus se utiliza desse símbolo para perpetuar sua presença real entre nós (sacramento da Eucaristia).
VINHO: Assim como Jesus, que foi crucificado, morto e ressuscitou no terceiro dia, a videira (plantação de uva) também remete seu ciclo de vida a uma simbologia do sagrado: ela perde sua folhagem e hiberna no inverno — como se estivesse morta — e renasce na primavera para dar o fruto que será fermentado e transformado em vinho. Pela nossa fé, o vinho, durante a ação litúrgica, se transforma no próprio sangue de Jesus Cristo, bebida que nos alimenta espiritualmente.
INCENSO: O queimar incenso ou a incensação exprime reverência e oração, como vem significado na Sagrada Escritura (cf. Salmo 140, 2; Ap 8,3). Através da fumaça que sobe até Deus, nossos pedidos são também acolhidos por Deus. O perfume nos remete ao “bom odor”, ou à sensação agradável da pertença a Cristo.
VELA: As velas na celebração significam a alegria e a festa, mas também a presença do mistério que se manifestou a Moisés como “sarça ardente” (Ex 3,2). A vela nos simboliza no sentido de que estamos diante do mistério que nos ilumina e nos consome, transformando-nos. O símbolo da luz nos diz: Cristo é luz e vida, proximidade, felicidade, festa, amor…
CRUZ: O símbolo da cruz demonstra o caminho do cristão e não o seu horizonte; no horizonte está a Ressurreição, mas antes vem a cruz, por isso a sua importância. A cruz é o grande símbolo cristão. Em uma celebração ela deverá sempre trazer a imagem do crucificado (Jesus Cristo), para que ao olharmos para ele possamos compreender seu projeto de salvação da humanidade.
CÍRIO PASCAL: O Círio Pascal, que é imagem de Cristo ressuscitado, não equivale às velas, e por isso não se pode substituir as velas pelo Círio Pascal. O Círio Pascal deve ser aceso na Vigília da Páscoa e durante o Tempo Pascal. Deve ser colocado ao lado do ambão, sinalizando a presença do Ressuscitado que dali é anunciado à assembleia orante. Após o Tempo Pascal deve ser colocado ao lado da pia batismal.O Círio Pascal deve ser preparado e aceso na Vigília Pascal. Ao acendê-lo pela primeira vez, o padre pronuncia as seguintes palavras: “a luz do Cristo que ressuscita resplandecente dissipe as trevas do nosso coração e da nossa mente”. Ele nos recorda a importância de vivermos iluminados pelo Ressuscitado.
Além desses principais símbolos, acima destacados, a liturgia também, se faz mediante os gestos que a assembleia celebrante realiza!
Assim, seja ao recitarmos uma oração, ou ainda, ao ouvirmos a Palavra de Deus, precisamos estar dispostos (com o corpo) àquilo que elaboramos em nossa mente e pronunciamos com nossos lábios. Vejamos:
ESTAR EM PÉ: para louvar, cantar. É atitude de estar atento para acolher e participar e exprime a dimensão sacerdotal do povo de Deus.
AJOELHAR-SE: é atitude de adoração e súplica, de humildade e também de penitência. Na celebração Eucarística ajoelha-se durante a consagração.
CAMINHAR: deslocar-se em procissão como, por exemplo, para comungar, ou para iniciar o rito. É expressão do Povo de Deus peregrino que caminha para a Jerusalém Celeste, a realização plena do Reino de Deus.
SENTAR-SE: para ouvir, acolher e meditar a Palavra. É a atitude do discípulo (a) que ouve e atende ao apelo do mestre.
LEVANTAR AS MÃOS: atitude que imita Cristo na Cruz, súplica, louvor, pedido de perdão e de bênção.
APLAUDIR: com moderação e nos momentos oportunos dentro da liturgia, indica aprovação e alegria. Nos tempos litúrgicos marcados pela penitência (Advento e Quaresma) deve-se evitar os aplausos.
SILÊNCIO: é também um gesto corporal e uma atitude litúrgica; deve ser observado antes da celebração para que todos se disponham bem a celebrar, e também nos momentos celebrativos prescritos (após as leituras e, em especial, após a homilia).
Vale ressaltar que os gestos e sinais humanos, quando realizados, vividos e compreendidos de forma harmoniosa e na inteireza do ser humano, com o que se pronuncia e se expressa, são capazes de nos levar à verdadeira comunhão com Deus. Se pensarmos neles isoladamente não terão tanto sentido, porém, dentro de um contexto oracional eles tornam verdadeiros “canais” que nos ligam ao sagrado. Por fim, vale lembrar que, além dos gestos e símbolos, também há a experiência com o Ressuscitado, que jamais poderá ser esquecida. Sem ela, nosso rito torna-se um mero cumprimento de preceito e não produz fruto nenhum em nós. Podemos até fazer celebrações maravilhosas, porém, sem a experiência de fé, de nada valeriam aos olhos de Deus. A experiência com o Ressuscitado nos impulsiona e nos garante o sentido de todas as coisas. Que Deus nos ajude a celebrar e a utilizar bem os sinais e símbolos de modo que possamos, através deles, viver os mistérios de nossa fé, na certeza de que nossa vida está nas mãos do Senhor.
As realidades visíveis e invisíveis da Igreja
O credo Niceno-Constantinopolitano (o Símbolo dos Apóstolos), logo na sua primeira sentença de fé diz o seguinte: “Creio em um só Deus, […] Criador […] de todas as coisas visíveis e invisíveis”. Ao rezar o credo, portanto, estamos dando consentimento à existência de realidades que estão para além daquilo que os nossos parcos sentidos podem captar.No que se refere à Igreja Católica, o número dois da Constituição Sacrosanctum Concilium nos apresenta que é próprio da Igreja ser, simultaneamente, humana e divina, quer dizer, visível, porém dotada de elementos invisíveis. A Igreja como que sacramento universal de Salvação pode ser triplamente vista como:
1)-Visível: Hierárquica, juntamente com todo povo Cristão! A Igreja visível quer gostemos ou não, possui característica hierárquica, cuja cabeça é Pedro juntamente com o seu colégio apostólico, ou seja, o Papa e os bispos, os sucessores dos apóstolos. A presença de Pedro na Igreja é, naturalmente, compreendida pelo fato de que nenhuma instituição humana perduraria no tempo (há história) sem que houvesse uma figura que mantivesse sua ordem e sua unidade. Por exemplo: a escola possui um diretor, um país possui um presidente (ou um líder), uma paróquia possui um pároco e assim por diante. A Igreja visível, no aspecto geral, somos todos nós, batizados, que compreendemos a nossa missão de filhos de Deus e professamos uma única fé.
2)-Invisível: Como convocação de, e para todos os povos, auxiliada pela comunhão dos Santos da Igreja Gloriosa(no Céu) e da Igreja Padecente (no purgatório).Se a Igreja visível é hierarquia, a invisível é mística, afirma o Papa Bento XVI em uma audiência geral no dia 6 de junho de 2007. Em outras Palavras, a Igreja possui um “corpo místico”. Trata-se, pois, da Igreja Triunfante, que é constituída pelas almas que já se encontram na glória de Deus e da Igreja Padecente, que são as almas dos nossos irmãos que se encontram no Purgatório. Contudo, é importante salientar que não se trata de duas, mas de uma única Igreja, fundada por Jesus, que é seu único mediador e que a sustenta continuamente sobre a terra. Portanto,podemos afirmar, sem medo, que Igreja é, simultaneamente, terrestre e celeste; visível e espiritual. Em outras palavras, “a Igreja está na história, mas, ao mesmo tempo, transcende-a” (CIC 770). Assim, a Igreja terrestre é sinal da Jerusalém celeste. Diante dessa maravilhosa realidade, São Cipriano, no século III, formula uma contundente afirmação: “fora da Igreja não há salvação”.Para finalizar, citamos São Bernardo de Claraval, doutor da Igreja: “Humildade! Sublimidade! […]; habitação terrena e palácio celeste; casa de barro e corte real; corpo mortal e templo de luz; enfim, objeto de desprezo para os orgulhosos e esposa de Cristo! […] ela que, empalidecida pela fadiga e sofrimento dum longo exílio, tem, no entanto, por ornamento a beleza celeste”. Que o Senhor nos ensine a amar, cada vez mais, a nossa Santa mãe Igreja, que é Coluna e sustentáculo da Verdade (conf. I Tim 3,15).
SINAIS
E SÍMBOLOS CONFORME O MAGISTÉRIO DA IGREJA
§1145 Como celebrar? SINAIS
SÍMBOLOS Uma celebração sacramental é tecida de sinais e de símbolos. Segundo a pedagogia divina da salvação, o significado dos
sinais e símbolos deita raízes na obra da criação e na cultura humana,
adquire precisão nos eventos da antiga aliança e se revela plenamente na pessoa
e na obra de Cristo.
§1146 Sinais o mundo dos
homens. Na vida humana, sinais e símbolos ocupam um lugar importante. Sendo o homem um ser ao mesmo tempo corporal e espiritual,
exprime e percebe as realidades espirituais por meio de sinais e de símbolos
materiais. Como ser social, o homem precisa de sinais e de símbolos para
comunicar-se com os outros, pela linguagem, por gestos, por ações. Vale
o mesmo para sua relação com Deus.
§1147 Deus ala ao homem por
intermédio da criação visível. O cosmos material
apresenta-se à inteligência do homem para que este leia nele os vestígios de
seu criador. A luz e a noite, o vento e o fogo, a água e a terra, a árvore e os
frutos falam de Deus, simbolizam ao mesmo tempo a grandeza e a
proximidade dele.
§1148 Enquanto criaturas, essas
realidades sensíveis podem tornar-se o lugar de expressão da ação de Deus que
santifica os homens, e da ação dos homens que prestam seu culto a Deus. Acontece o mesmo com os sinais e os símbolos da vida social
dos homens: lavar e ungir, partir o pão e partilhar o cálice podem exprimir a
presença santificante de Deus e a gratidão do homem diante de seu criador.
§1149 As grandes religiões da
humanidade atestam, muitas vezes de maneira impressionante, este sentido
cósmico e simbólico dos ritos religiosos. A liturgia da
Igreja pressupõe, integra e santifica elementos da criação e da cultura humana
conferindo-lhes a dignidade de sinais da graça, da nova criação em Jesus
Cristo.
§1150 Sinais a aliança. O povo
eleito recebe de Deus sinais e símbolos distintivos que marcam sua vida litúrgica:
estes não mais são apenas celebrações de ciclos cósmicos e gestos sociais, mas
sinais da aliança, símbolos das grandes obras realizadas por Deus em favor de
seu povo. Entre tais sinais litúrgicos da antiga
aliança podemos mencionar a circuncisão, a unção e a consagração dos reis e dos
sacerdotes, a imposição das mãos, os sacrifícios, e sobretudo a Páscoa.
A Igreja vê nesses sinais uma prefiguração dos sacramentos da Nova Aliança.
§1151 Sinais assumidos por
Cristo. Em sua pregação, o Senhor Jesus serve-se muitas vezes dos sinais da
criação para dar a conhecer os mistérios do Reino de Deus. Realiza suas curas ou sublinha sua pregação com sinais
materiais ou gestos simbólicos. Dá um sentido novo aos fatos e aos sinais da
Antiga Aliança, particularmente ao Êxodo e à Páscoa, por ser ele mesmo o
sentido de todos esses sinais.
§1152 Sinais sacramentais.
Desde Pentecostes, é por meio dos sinais sacramentais de sua Igreja que o
Espírito Santo realiza a santificação. Os sacramentos da Igreja não abolem,
antes purificam e integram toda a riqueza dos sinais e dos símbolos do cosmos e
da vida social. Além disso, realizam os tipos e as figuras da antiga aliança,
significam e realizam a salvação operada por Cristo, e prefiguram
e antecipam a glória do céu.
Interpretação
da liturgia - atualiza os acontecimentos salvadores!
§1104 O ESPÍRITO SANTO ATUALIZA
O MISTÉRIO DE CRISTO A liturgia cristã não somente recorda os acontecimentos
que nos salvaram, como também os atualiza, toma-os presentes. O mistério pascal
de Cristo é celebrado, não é repetido; o que se repete são as celebrações; em
cada uma delas sobrevêm a efusão do Espírito Santo que atualiza o único
mistério.
Liturgia
e ação da Igreja.
§1071 Além de ser obra de
Cristo, a liturgia é também uma ação de sua Igreja. Ela
realiza e manifesta a Igreja como sinal visível da comunhão entre Deus e os
homens por meio de Cristo. Empenha os fiéis na vida nova da comunidade.
Implica uma participação "consciente, ativa e frutuosa" de todos.
§1072 "A liturgia não esgota toda a ação da Igreja": ela tem de ser
precedida pela evangelização, pela fé e pela conversão; pode então
produzir seus frutos na vida dos fiéis: a vida nova segundo o Espírito, o
compromisso com a missão da Igreja e o serviço de sua unidade.
Liturgia:
ápice para o qual tende a ação da Igreja e fonte donde emana sua força
§1074 "A
liturgia é o ápice para o qual tende a ação da Igreja, e ao mesmo tempo é a
fonte donde emana toda a sua força." Ela é, portanto, o lugar privilegiado
da catequese do povo de Deus. "A catequese está intrinsecamente
ligada a toda ação litúrgica e sacramental, pois é nos sacramentos, e sobretudo
na Eucaristia, que Cristo Jesus age em plenitude para a transformação dos
homens."
Liturgia
elemento constitutivo da Tradição
§1124 A
liturgia da Igreja é anterior à fé do fiel, que é convidado a aderir a ela.
Quando a Igreja celebra os sacramentos, confessa a fé recebida dos apóstolos.
Daí o adágio antigo: lex orandi, lex credendi ("a lei da oração é a lei da
fé") (ou então: legem credendi, lex statuat supplicandia lei do que
suplica estabeleça a lei do que crê, segundo Próspero de Aquitânia [século V). A lei da oração é a lei da fé, ou seja: a Igreja traduz em
sua profissão de fé aquilo que expressa em sua oração. A liturgia é um
elemento constitutivo da santa e viva Tradição.
Liturgia
é sim lugar privilegiado da catequese!
§1074 "A liturgia é o
ápice para o qual tende a ação da Igreja, e ao mesmo tempo é a fonte donde
emana toda a sua força." Ela é, portanto, o lugar privilegiado da
catequese do povo de Deus. "A catequese está
intrinsecamente ligada a toda ação litúrgica e sacramental, pois é nos
sacramentos, e sobretudo na Eucaristia, que Cristo Jesus age em plenitude para
a transformação dos homens."
Liturgia
resposta da fé
§1083 Compreende-se então a
dupla dimensão da liturgia cristã como resposta de fé e de amor às
"bênçãos espirituais" com as quais o Pai nos presenteia. Por um lado,
a Igreja, unida a seu Senhor e "sob a ação do Espírito Santo", bendiz
o Pai "por seu dom inefável" (2Cor 9,15) mediante a adoração, o
louvor e a ação de graças. Por outro lado, e até a
consumação do projeto de Deus, a Igreja não cessa de oferecer ao Pai "a
oferenda de seus próprios dons" e de implorar que Ele envie o Espírito
Santo sobre a oferta, sobre si mesma, sobre os fiéis e sobre o mundo inteiro,
a fim de que pela comunhão com a morte e a ressurreição de Cristo Sacerdote e
pelo poder do Espírito estas bênçãos divinas produzam frutos de vida "para
louvor e glória de sua graça" (Ef 1,6).
Renovação
da liturgia segundo as várias culturas
§1204 LITURGIA E CULTURAS Por
isso a celebração da liturgia deve corresponder ao gênio e à cultura dos
diferentes povos. Para que o mistério de Cristo seja "dado a conhecer a
todos os gentios, para levá-los à obediência da fé" (Rm 16,26), deve ser
anunciado, celebrado e vivido em todas as culturas, de sorte que estas não
sejam abolidas, mas resgatadas e realizadas por ele". E mediante sua
cultura humana própria, assumida e transfigurada por Cristo, que a multidão dos
filhos de Deus tem acesso ao Pai, para glorificá-lo, em um só Espírito.
§1205 "Na
liturgia, sobretudo na liturgia dos sacramentos, existe uma parte imutável -
por ser de instituição divina -, da qual a Igreja é guardiã, e há partes
suscetíveis de mudança, que ela tem o poder e, algumas vezes, até o dever de
adaptar às culturas dos povos recentemente evangelizados.
§1206 "A diversidade
litúrgica pode ser fonte de enriquecimento, mas pode também provocar tensões,
incompreensões reciprocas e até mesmo cismas. Neste campo, é claro que a
diversidade não deve prejudicar a unidade. Esta unidade não pode exprimir-se
senão na fidelidade à fé comum, aos sinais sacramentais que a Igreja recebeu de
Cristo, e à comunhão hierárquica. A adaptação às
culturas requer uma conversão do coração e, se necessário, a ruptura com
hábitos ancestrais incompatíveis com a fé católica."
Liturgia
das Horas
§1173 Quando, no ciclo anual, a Igreja faz memória dos mártires e dos outros santos,
"proclama o mistério pascal" naqueles e naquelas "que sofreram
com Cristo e estão glorificados com Ele, e propõe seu exemplo aos fiéis
para que atraia todos ao Pai por Cristo e, por seus méritos, impetra os
benefícios de Deus"
§1174 A LITURGIA DAS HORAS O mistério de Cristo,
sua Encarnação e sua Páscoa, que celebramos na Eucaristia, especialmente na
assembléia dominical, penetra e transfigura o tempo de cada dia pela celebração
da Liturgia das Horas, "o Ofício Divino" Esta celebração, em
fidelidade às recomendações apostólicas de "orar sem cessar",
"está constituída de tal modo que todo o curso do dia e da noite seja
consagrado pelo louvor de Deus" Ela constitui "a oração pública da
Igreja", na qual os fiéis (clérigos, religiosos e leigos) exercem o
sacerdócio régio dos batizados. Celebrada "segundo a forma aprovada"
pela Igreja, a Liturgia das Horas "é verdadeiramente a voz da própria
esposa que fala com o esposo, e é até a oração de Cristo, com seu corpo, ao
Pai".
§1175 A Liturgia das Horas é
destinada a tornar-se a oração de todo o povo de Deus. Nela, o próprio Cristo
"continua a exercer sua função sacerdotal por meio de sua Igreja";
cada um participa dela segundo seu lugar próprio na Igreja e segundo as
circunstâncias de sua vida: os presbíteros, enquanto dedicados ao ministério da
palavra; os religiosos e as religiosas, pelo carisma de sua vida consagrada;
todos os fiéis, segundo suas possibilidades: "Os
pastores de almas cuidarão que as horas principais, especialmente as vésperas,
nos domingos e dias festivos mais solenes, sejam celebradas comunitariamente na
Igreja.Recomenda-se que os próprios leigos recitem o Ofício divino, ou
juntamente com os presbíteros, ou reunidos entre si, e até cada um
individualmente".
§1176 Celebrar Liturgia das
Horas exige não somente que se harmonize a voz com o coração que reza, mas
também "que se adquira um conhecimento litúrgico e bíblico mais rico,
principalmente dos Salmos".
§1177 Os hinos e as ladainhas
da Oração das Horas inserem a oração dos salmos no tempo da Igreja, exprimindo
o simbolismo do momento do dia, do tempo litúrgico ou da festa celebrada. Além disso, a leitura da Palavra de Deus a cada hora (com os
responsos ou os tropários que vêm depois dela) e, em certas horas, as leituras
dos Padres da Igreja e dos mestres espirituais revelam mais profundamente o
sentido do mistério celebrado, ajudam na compreensão dos salmos e preparam para
a oração silenciosa. A lectio divina, em que a Palavra de Deus é lida e
meditada para tornar-se oração, está assim enraizada na celebração litúrgica.
§1178 A liturgia das Horas, que
é como que um prolongamento da celebração eucarística, não
exclui, mas requer de maneira complementar as diversas devoções do Povo de
Deus, particularmente a adoração e o culto do Santíssimo Sacramento.
§1437 A leitura da Sagrada
Escritura, a oração da Liturgia das Horas e do Pai-nosso, todo ato sincero de
culto ou de piedade reaviva em nós o espírito de conversão e de penitência e
contribui para o perdão dos pecados.
§ 2691 Lugares favoráveis à
oração - A Igreja, casa de Deus, é o lugar próprio para a oração litúrgica da
comunidade paroquial. E também o lugar privilegiado da adoração da presença
real de Cristo no Santíssimo Sacramento. A escolha de um lugar favorável é
importante para a verdade da oração: para a oração pessoal, pode ser um
"recanto de oração", com as Sagradas Escrituras e imagens sagradas,
para aí estar "no segredo" diante do Pai. Numa família cristã, essa
espécie de peque no oratório favorece a oração em comum; nas regiões onde existem mosteiros, a vocação
dessas comunidades é favorecer a partilha da Oração das Horas com os fiéis e
permitir a solidão necessária a uma oração pessoal mais intensa; as
peregrinações evocam nossa caminhada pela terra em direção ao céu. São
tradicionalmente tempos fortes de renovação da oração. Os santuários são para
os peregrinos, em busca de suas fontes vivas, lugares excepcionais para viver
"como Igreja" as formas da oração cristã.
Cristo na liturgia
§1084 CRISTO GLORIFICADO...
"Sentado à direita do Pai" e derramando o Espírito Santo em seu Corpo
que é a Igreja, Cristo age agora pelos sacramentos, instituídos por Ele para
comunicar sua graça. Os sacramentos são sinais sensíveis (palavras e ações),
acessíveis à nossa humanidade atual. Realizam eficazmente a graça que
significam em virtude da ação de Cristo e pelo poder do Espírito Santo
§1085 Na liturgia da Igreja,
Cristo significa e realiza principalmente seu mistério pascal. Durante sua vida
terrestre, Jesus anunciava seu Mistério pascal por seu ensinamento e o
antecipava por seus atos. Quando chegou sua hora, viveu o único evento da
história que não passa: Jesus morre, é sepultado, ressuscita dentre os mortos e
está sentado à direita do Pai "uma vez por todas" (Rm 6,10; Hb 7,27;
9,12). É um evento real, acontecido em nossa história, mas é único: todos os
outros eventos da história acontecem uma vez e depois passam, engolidos pelo
passado. O Mistério pascal de Cristo, ao contrário, não pode ficar somente no
passado, já que por sua morte destruiu a morte, e tudo o que Cristo é, fez e
sofreu por todos os homens participa da eternidade divina, e por isso abraça
todos os tempos e nele se mantém presente. O evento da cruz e da ressurreição
permanece e atrai tudo para a vida.
§1086 ... A PARTIR DA IGREJA
DOS APÓSTOLOS... "Assim como Cristo foi enviado pelo Pai, da mesma forma
Ele mesmo enviou os apóstolos, cheios do Espírito Santo, não só para pregarem o
Evangelho a toda criatura, anunciarem que o Filho de Deus, por sua Morte e
Ressurreição, nos libertou do poder de Satanás e da morte e nos transferiu para
o reino do Pai, mas ainda para levarem a efeito o que anunciavam: a obra da
salvação por meio do sacrifício e dos sacramentos, em tomo dos quais gravita
toda a vida litúrgica."
§1087 Dessa forma, Cristo
ressuscitado, ao dar o Espírito Santo aos Apóstolos, confia-lhes seu poder de
santificação: eles tomam-se assim sinais sacramentais de Cristo. Pelo poder do
mesmo Espírito Santo, os Apóstolos confiam este poder a seus sucessores. Esta
"sucessão apostólica" estrutura toda a vida litúrgica da Igreja; ela
mesma é sacramental, transmitida pelo sacramento da ordem.
§1088 .... ESTÁ PRESENTE NA LITURGIA TERRESTRE...
"Para levar a efeito tão grande obra" a saber, a dispensação ou
comunicação de sua obra de salvação" Cristo está sempre presente em sua
Igreja, sobretudo nas ações litúrgicas. Presente está
no sacrifício da missa, tanto na pessoa do ministro, pois 'aquele que agora
oferece pelo ministério dos sacerdotes é o mesmo que outrora se ofereceu na
cruz', quanto sobretudo sob as espécies eucarísticas. Presente está por
sua força nos sacramentos, a tal ponto que, quando alguém batiza, é Cristo
mesmo que batiza. Presente está por sua palavra, pois é ele mesmo quem fala
quando se lêem as Sagradas Escrituras na Igreja. Presente está, finalmente,
quando a Igreja reza e salmodia, ele que prometeu: 'Onde dois ou três estiverem
reunidos em meu nome, aí estarei no meio deles' (Mt 18,20)."
§1097 Na liturgia da nova
aliança, toda ação litúrgica, especialmente a celebração da Eucaristia e dos
sacramentos, é um encontro entre Cristo e a Igreja. A assembléia litúrgica tira
sua unidade da "comunhão do Espírito Santo", que congrega os filhos
de Deus no único corpo de Cristo. Ela ultrapassa as afinidades humanas,
raciais, culturais e sociais.
§1136 Quem celebra? A liturgia
é "ação" do "Cristo todo" ("Christus totus"). Os
que desde agora a celebram, para além dos sinais, já estão na liturgia celeste,
em que a celebração é toda festa e comunhão.
§2665 A oração a Jesus - A oração da Igreja, alimentada pela Palavra de Deus, e a
celebração da Liturgia nos ensinam a orar ao Senhor Jesus. Ainda que seja
dirigida sobretudo ao Pai, ela inclui, em todas as tradições litúrgicas, formas
de oração dirigidas a Cristo. Certos Salmos, conforme sua atualização na
Oração da Igreja, e o Novo Testamento põem em nossos lábios e gravam em nossos
corações as invocações desta oração a Cristo: Filho de Deus, Verbo de Deus,
Senhor, Salvador, Cordeiro de Deus, Rei, Filho bem-amado, Filho da Virgem, Bom
Pastor, nossa Vida, nossa Luz, nossa Esperança, nossa Ressurreição, Amigo dos
homens...
Cristo
centro e sacerdote da liturgia
§662 "E, quando eu for
elevado da terra, atrairei todos os homens a mim" (Jo 12,32). A elevação
na Cruz significa e anuncia a elevação da Ascensão ao céu. É o começo dela.
Jesus Cristo, o Único Sacerdote da nova e eterna Aliança, não "entrou em
um santuário feito por mão de homem... e sim no próprio céu, a fim de
comparecer agora diante da face de Deus a nosso favor" (Hb 9,24). No céu,
Cristo exerce em caráter permanente seu sacerdócio, "por isso é capaz de
salvar totalmente aqueles que, por meio dele, se aproximam de Deus, visto que
ele vive eternamente para interceder por eles" (Hb 7,25). Como "sumo
sacerdote dos bens vindouros" (Hb 9,11) ele é o centro é o ator principal
da liturgia que honra o Pai nos Céus.
§1088 ...ESTÁ PRESENTE NA LITURGIA TERRESTRE...
"Para levar a efeito tão grande obra" a saber, a dispensação ou
comunicação de sua obra de salvação" Cristo está sempre presente em sua
Igreja, sobretudo nas ações litúrgicas. Presente está no sacrifício da missa,
tanto na pessoa do ministro, pois 'aquele que agora oferece pelo ministério dos
sacerdotes é o mesmo que outrora se ofereceu na cruz', quanto sobretudo sob as
espécies eucarísticas. Presente está por sua força nos sacramentos, a tal ponto
que, quando alguém batiza, é Cristo mesmo que batiza. Presente está por sua
palavra, pois é ele mesmo quem fala quando se lêem as Sagradas Escrituras na
Igreja. Presente está, finalmente, quando a Igreja reza e salmodia, ele que
prometeu: 'Onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome, aí estarei no meio
deles' (Mt 18,20)."
O Pai, fonte e fim da liturgia
§1077 "Bendito seja o Deus
e Pai de Nosso Senhor Jesus Cristo, que nos abençoou com toda sorte de bênçãos
espirituais, nos céus, em Cristo. Nele escolheu-nos antes da fundação do mundo
para sermos santos e irrepreensíveis diante dele no amor. Ele nos predestinou
para sermos seus filhos adotivos por Jesus Cristo, conforme o beneplácito de
sua vontade, para louvor e glória de sua graça, com a qual ele nos agraciou no
Bem-amado" (Ef 1,3-6).
§1080 Desde o começo, Deus
abençoa os seres vivos, especialmente o homem e a mulher. A aliança com Noé e
com todos os seres animados renova esta bênção de fecundidade, apesar do pecado
do homem, por causa do qual a terra é "amaldiçoada". Mas é a partir
de Abra o que a bênção divina penetra a história dos homens, que caminhava para
a morte, para fazê-la retomar à vida, à sua fonte: pela fé do "pai dos
crentes" que acolhe a bênção, inaugura-se a história da salvação.
§1082 Na liturgia da Igreja, a
bênção divina é plenamente revelada e comunicada: o Pai é reconhecido e adorado
como a fonte e o fim de todas as bênçãos da criação e da salvação; em seu
Verbo, encarnado, morto e ressuscitado por nós, ele nos cumula com suas
bênçãos, e por meio dele derrama em nossos corações o dom que contém todos os
dons: o Espírito Santo
§1083 Compreende-se então a
dupla dimensão da liturgia cristã como resposta de fé e de amor às
"bênçãos espirituais" com as quais o Pai nos presenteia. Por um lado,
a Igreja, unida a seu Senhor e "sob a ação do Espírito Santo", bendiz
o Pai "por seu dom inefável" (2Cor 9,15) mediante a adoração, o
louvor e a ação de graças. Por outro lado, e até a consumação do projeto de
Deus, a Igreja não cessa de oferecer ao Pai "a oferenda de seus próprios
dons" e de implorar que Ele envie o Espírito Santo sobre a oferta, sobre
si mesma, sobre os fiéis e sobre o mundo inteiro, a fim de que pela comunhão
com a morte e a ressurreição de Cristo Sacerdote e pelo poder do Espírito estas
bênçãos divinas produzam frutos de vida "para louvor e glória de sua
graça" (Ef 1,6).
O Espírito Santo na liturgia
§688 A Igreja, comunhão viva na
fé dos apóstolos, que ela transmite, é o lugar de nosso conhecimento do
Espírito Santo:nas Escrituras que ele inspirou;na Tradição, da qual os Padres
da Igreja são as testemunhas sempre atuais;no Magistério da Igreja, ao qual ele
assiste;na Liturgia sacramental, por meio de suas palavras e de seus símbolos,
na qual o Espírito Santo nos coloca em Comunhão com Cristo;na oração, na qual
Ele intercede por nós;nos carismas e nos ministérios, pelos quais a Igreja é
edificada;nos sinais de vida apostólica e missionária;no testemunho dos santos,
no qual ele manifesta sua santidade e continua a obra da salvação.
§1091 - Na liturgia, o Espírito Santo é o pedagogo da fé do povo
de Deus, o artífice das "obras-primas de Deus", que são os
sacramentos da nova aliança. O desejo e a obra do Espírito no coração da Igreja
é que vivamos da vida de Cristo ressuscitado. Quando encontra em nós a resposta
de fé que ele mesmo suscitou, realiza-se uma verdadeira cooperação. Por meio
dela a liturgia se toma a obra comum do Espírito Santo e da Igreja.
§1092 Nesta comunicação
sacramental do mistério de Cristo, o Espírito age da mesma forma que nos outros
tempos da economia da salvação: prepara a Igreja para encontrar seu Senhor,
recorda e manifesta Cristo à fé da assembléia, torna presente e atualiza o
mistério de Cristo por seu poder transformador e, finalmente, como Espírito de
comunhão, une a Igreja à vida e à missão de Cristo.
§1093 - O ESPÍRITO SANTO PREPARA PARA ACOLHER A CRISTO - Na economia sacramental o Espírito Santo leva à realização as figuras da antiga aliança. Visto que a Igreja de Cristo estava "admiravelmente preparada na história do Povo de Israel e na Antiga Aliança", a liturgia da Igreja conserva como parte integrante e insubstituível - tomando-os seus - alguns elementos do culto da Antiga Aliança:* principalmente a leitura do Antigo Testamento; /* a oração dos Salmos /* e sobretudo a memória dos eventos salvadores e das realidades significativas que encontraram sua realização no Mistério de Cristo (a Promessa e a Aliança, o Êxodo e a Páscoa, o Reino e o Templo, o exílio e a volta).
§1094 É em tomo desta harmonia
dos dois Testamentos que se articula a catequese pascal do Senhor, e
posteriormente a dos Apóstolos e dos Padres da Igreja. Esta catequese desvenda
O que permanecia escondido sob a letra do Antigo Testamento: o mistério de
Cristo. Ela é denominada "tipológica" porque revela a novidade de
Cristo a partir das "figuras" (tipos) que a anunciavam nos fatos, nas
palavras e nos símbolos da primeira aliança. Por esta releitura no Espírito de
verdade a partir de Cristo, as figuras são desveladas. Assim, o dilúvio e a
arca de Noé prefiguravam a salvação pelo Batismo, o mesmo acontecendo com a
nuvem e a travessia do Mar Vermelho, e a água do rochedo era a figura dos dons
espirituais de Cristo; o maná do deserto prefigurava a Eucaristia, "o
verdadeiro Pão do Céu" (Jo 6,32).
§1095 É por isso que a Igreja,
particularmente no advento, na quaresma e sobretudo na noite de Páscoa, relê e
revive todos esses grandes acontecimentos da história da salvação no
"hoje" de sua liturgia. Mas isso exige também que a catequese ajude
os fiéis a se abrirem a esta compreensão "espiritual" da economia da
salvação, tal como a liturgia da Igreja a manifesta e no-la faz viver.
§1097 Na liturgia da nova
aliança, toda ação litúrgica, especialmente a celebração da Eucaristia e dos
sacramentos, é um encontro entre Cristo e a Igreja. A assembléia litúrgica tira
sua unidade da "comunhão do Espírito Santo", que congrega os filhos
de Deus no único corpo de Cristo. Ela ultrapassa as afinidades humanas,
raciais, culturais e sociais.
§1098 A assembléia deve se
preparar para se encontrar com seu Senhor, deve ser "um povo
bem-disposto". Essa preparação dos corações é obra comum do Espírito Santo
e da assembléia, em particular de seus ministros. A graça do Espírito Santo
procura despertar a fé, a conversão do coração e a adesão à vontade do Pai.
Essas disposições constituem pressupostos para receber as outras graças
oferecidas na própria celebração e para os frutos de vida nova que ela está
destinada a produzir posteriormente.
§1099 O ESPÍRITO SANTO RECORDA
O MISTÉRIO DE CRISTO - O Espírito e a Igreja cooperam para manifestar o Cristo e
sua obra de salvação na liturgia. Principalmente na Eucaristia, e
analogicamente nos demais sacramentos, a liturgia é memorial do Mistério da
Salvação. O Espírito Santo é a memória viva da Igreja.
§1082 Na liturgia da Igreja, a
bênção divina é plenamente revelada e comunicada: o Pai é reconhecido e adorado
como a fonte e o fim de todas as bênçãos da criação e da salvação; em seu
Verbo, encarnado, morto e ressuscitado por nós, ele nos cumula com suas
bênçãos, e por meio dele derrama em nossos corações o dom que contém todos os
dons: o Espírito Santo
§1083 Compreende-se então a
dupla dimensão da liturgia cristã como resposta de fé e de amor às
"bênçãos espirituais" com as quais o Pai nos presenteia. Por um lado,
a Igreja, unida a seu Senhor e "sob a ação do Espírito Santo", bendiz
o Pai "por seu dom inefável" (2Cor 9,15) mediante a adoração, o
louvor e a ação de graças. Por outro lado, e até a consumação do projeto de
Deus, a Igreja não cessa de oferecer ao Pai "a oferenda de seus próprios
dons" e de implorar que Ele envie o Espírito Santo sobre a oferta, sobre
si mesma, sobre os fiéis e sobre o mundo inteiro, a fim de que pela comunhão
com a morte e a ressurreição de Cristo Sacerdote e pelo poder do Espírito estas
bênçãos divinas produzam frutos de vida "para louvor e glória de sua
graça" (Ef 1,6).
§1091 O Espírito Santo e a
Igreja na liturgia - Na liturgia, o
Espírito Santo é o pedagogo da fé do povo de Deus, o artífice das
"obras-primas de Deus", que são os sacramentos da nova aliança. O
desejo e a obra do Espírito no coração da Igreja é que vivamos da vida de
Cristo ressuscitado. Quando encontra em nós a resposta de fé que ele mesmo
suscitou, realiza-se uma verdadeira cooperação. Por meio dela a liturgia se
toma a obra comum do Espírito Santo e da Igreja.
§1092 Nesta comunicação
sacramental do mistério de Cristo, o Espírito age da mesma forma que nos outros
tempos da economia da salvação: prepara a Igreja para encontrar seu Senhor,
recorda e manifesta Cristo à fé da assembléia, torna presente e atualiza o
mistério de Cristo por seu poder transformador e, finalmente, como Espírito de
comunhão, une a Igreja à vida e à missão de Cristo.
§1097 Na liturgia da nova
aliança, toda ação litúrgica, especialmente a celebração da Eucaristia e dos
sacramentos, é um encontro entre Cristo e a Igreja. A assembléia litúrgica tira
sua unidade da "comunhão do Espírito Santo", que congrega os filhos
de Deus no único corpo de Cristo. Ela ultrapassa as afinidades humanas,
raciais, culturais e sociais.
§1098 A assembléia deve se
preparar para se encontrar com seu Senhor, deve ser "um povo bem-disposto".
Essa preparação dos corações é obra comum do Espírito Santo e da assembléia, em
particular de seus ministros. A graça do Espírito Santo procura despertar a fé,
a conversão do coração e a adesão à vontade do Pai. Essas disposições
constituem pressupostos para receber as outras graças oferecidas na própria
celebração e para os frutos de vida nova que ela está destinada a produzir
posteriormente.
§1101 É o Espírito Santo que dá
aos leitores e aos ouvintes, segundo as disposições de seus corações, a
compreensão espiritual da Palavra de Deus. Por meio das palavras, das ações e
dos símbolos que formam a trama de uma celebração, o Espírito põe os fiéis e os
ministros em relação viva com Cristo, palavra e imagem do Pai, a fim de que
possam fazer passar à sua vida o sentido daquilo que ouvem, contemplam e fazem
na celebração.
§1106 Juntamente com a
anamnese, a epiclese está no cerne de cada celebração sacramental, mais
especialmente da Eucaristia: Perguntas como o pão se converte no Corpo de
Cristo e o vinho em Sangue de Cristo. Respondo-te: o Espírito Santo irrompe e
realiza aquilo que ultrapassa toda palavra e todo pensamento... Basta-te saber
que isso acontece por obra do Espírito Santo, do mesmo modo que, da Santíssima
Virgem e pelo mesmo Espírito Santo, o Senhor por si mesmo e em si mesmo assumiu
a carne.
§1107 O poder transformador do
Espírito Santo na liturgia apressa a vinda do Reino e a consumação do mistério
da salvação. Na expectativa e na esperança ele nos faz realmente antecipar a
comunhão plena da Santíssima Trindade. Enviado pelo Pai que ouve a epiclese da
Igreja, o Espírito dá a vida aos que o acolhem e constitui para eles, desde já,
"o penhor" de sua herança.
§1108A COMUNHÃO DO ESPÍRITO
SANTO O fim da missão do Espírito Santo em toda a ação litúrgica é colocar-se
em comunhão com Cristo para formar seu corpo. O Espírito Santo é como que a
seiva da videira do Pai que produz seus frutos nos ramos. Na liturgia
realiza-se a cooperação mais íntima entre o Espírito Santo e a Igreja. Ele, o
Espírito de comunhão, permanece indefectivelmente na Igreja, e é por isso que a
Igreja é o grande sacramento da Comunhão divina que congrega os filhos de Deus
dispersos. O fruto do Espírito na liturgia é inseparavelmente comunhão com a
Santíssima Trindade e comunhão fraterna entre os irmãos.
§1109 A epiclese é também a
oração para o efeito pleno da comunhão da assembléia com o mistério de Cristo.
"A graça de Nosso Senhor Jesus Cristo, o amor de Deus Pai e a comunhão do
Espírito Santo" (2Cor 13,13) devem permanecer sempre conosco e produzir
frutos para além da celebração eucarística. A Igreja pede, pois, ao Pai que
envie o Espírito Santo para que faça da vida dos fiéis uma oferenda viva a Deus
por meio da transformação espiritual à imagem de Cristo, (por meio) da preocupação
pela unidade da Igreja e da participação da sua missão pelo testemunho e pelo
serviço da caridade.
Tempo litúrgico
O ano litúrgico pode ser descrito como o conjunto das celebrações com que a Igreja celebra anualmente o mistério de Cristo. Sua história comprova que ele não é um fato meramente organizativo do tempo, em vista da distribuição funcional das festas cristãs, no decurso do ano. Com isso queremos dizer, que o ano litúrgico não surgiu obedecendo a um plano concebido de modo orgânico e sistemático, mas é fruto principalmente de uma reflexão teológica sobre o tempo favorável da graça e misericórdia (kairós), oferecida gratuitamente ao homem.Com efeito, a liturgia da Igreja deve ser considerada como um momento da história salvífica. Neste sentido, o ano litúrgico ou tempo litúrgico é continuação do tempo bíblico ou histórico salvífico, no qual sucederam os eventos da salvação; as celebrações do ano litúrgico tornam eficaz no presente, a realidade salvífica de tais eventos. Chamamos de tempo cósmico, aquela dimensão do universo com o qual se mede o perdurar das coisas mutáveis, ou também a sucessão rítmica das fases em que se processa o devir da natureza. É um que se desenrola independente do homem. Os ritmos do tempo cósmico são percebidos pelo homem primitivo, antes que ele o transforme em objeto de uma verdadeira reflexão filosófica, como o receptáculo das vicissitudes da sua vida pessoal, familiar e social e, desta forma, surge o tempo histórico.A própria razão da religião é uma tomada de consciência diante do tempo histórico. Todas as antigas religiões, conferem ao tempo cósmico um caráter sagrado: os dias, os meses e as estações assumem um valor religioso, pois são sinais nos quais se revela algo de grandioso! Essa sacralização mística faz com que se estabeleça o calendário das festas, que seguem precisamente o ritmo das estações e dos meses. Essa concepção cíclica do tempo parece ligado à cultura dos agricultores, na qual a experiência direta dos ritmos cíclicos de produção e da sua renovação anual, teria sido transferida a uma rotatividade de todo o tempo. A lei dominante é a do eterno retorno segundo o qual, os mesmos eventos se reproduzem eternamente. Alguns autores sublinham que essa consciência cíclica do tempo, é característica particular das civilizações orientais e grega. O tempo cíclico, torna-se na verdade sinônimo de uma rotação sem sentido. Nessa concepção, a história do mundo é vazia, porque não se baseia numa plenitude absoluta e não mede a vida real, o progresso de uma humanidade a caminho. É uma história sem esperança porque, sendo uma realidade cíclica fechada no ciclo eterno dos astros, recomeça sempre, sem jamais cumprir-se definitivamente. Se o homem busca a sua plena libertação e salvação, não pode achá-la senão fora do tempo. Na imposição cíclica, pode-se representar o tempo como um grande disco, dentro do qual o homem torna-se prisioneiro e no qual, monotonamente, vive eventos repetitivos e sem sentido. Não existe apenas uma concepção bíblica do tempo, mas o Antigo Testamento conhece diversas. A visão veterotestamentária do tempo, se sobrepõem dois aspectos: um, regulado pelos ciclos da natureza (tempo cósmico) e outro que se desenrola no fluxo dos acontecimentos (tempo histórico). Deus os governa do mesmo modo e os orienta juntamente para um mesmo fim (tempo salvífico).
Foi principalmente a visão profética que deu à narração histórica a sua unidade, revelando um comportamento divino que, partindo primeiro momento criativo de Deus, vai efetuando ao longo do percurso da história, o desígnio de salvação, que o amor de Deus concebeu desde a eternidade.Novo Testamento tem uma concepção perfeitamente linear do tempo: ontem, hoje, amanhã. Neste contexto, torna-se possível e compreensível a realização progressiva e completa do plano salvífico divino. O evento decisivo desse plano é Cristo, que dá cumprimento ao tempo veterotestamentário (Mc 1, 15) e se propõe como realidade central e predeterminante do tempo posterior a ele: Cristo é o Alfa e o Ômega, o Primeiro e o último, o Princípio e o Fim da história (Ap 22, 1). A interpretação neotestamentária do tempo, ressalta o fato de que a história não está submetida à lei do retorno cíclico do tempo cósmico, mas é orientada fundamentalmente pelo desígnio de Deus, que mela se realiza e se manifesta. Uma linha reta traça o caminho da humanidade, desde o primeiro momento criativo de Deus, até a plena e definitiva realização da redenção, no final dos tempos (Ef 1, 3-14).
AS FESTAS LITURGICAS DA IGREJA
O ponto central
referente ao tempo e à festa no Novo testamento, vem a
ser a dinâmica que se encontra no evento Cristo, entre o já realizado e o ainda
não completamente cumprido (tensão escatológica). O sacrifício de Cristo
é oferecido uma só vez, isto é, todo de uma vez e uma vez por todas,
distinguindo-se de tal forma dos sacrifícios da antiga aliança, repetido
indefinidamente. O tempo salvífico se cumpriu em Cristo. Ele inaugurou o ano da
graça do Senhor anunciado pelo profeta Isaías (Lc 4, 21). Para o cristão, é festa não em um dia particular da semana,
mas toda a sua vida, inaugurada pelo evento pascal. Porém, a plenitude deste
mistério, precisa ser desdobrada e recebida em cada uma de sua parte. O
traçado da história da salvação, contido na Bíblia, é vivido na liturgia; ela
propõe um comentário vivo da Bíblia em toda a plenitude do seu significado,
comentário este que se articula em etapas salvíficas, que são o desdobramento
orgânico da memória dos mistérios de Cristo, que se conjugam no único mistério
pascal. O tempo litúrgico, caracterizado pela
circularidade própria do ano cósmico, faz a síntese da história da salvação,
mas não a encerra no seu círculo. A circularidade do ano litúrgico, prende-se
mais a um conceito de ano, entendido como uma seqüência de pontos na linha temporal da história da
salvação, isto é, um momento do grande ano da redenção, inaugurado por Cristo (Lc 4, 19-21). Portanto,
o ano litúrgico não deve ser confundido como o eterno, fatalístico retorno das
estações; é um tempo que se repete, como uma espiral progressiva, e vai em
direção à parusia. O ano litúrgico é uma estrutura
ritual, na qual a totalidade da história da salvação, a saber, o evento Cristo,
nas suas diversas projeções temporais de passado-presente-futuro, se atualiza
no tempo determinado de uma concreta assembléia eclesial e no espaço de um ano.
A repetição das celebrações, ano após ano, oferece à Igreja a
oportunidade de um contínuo e ininterrupto contato com os mistérios do Senhor:
como uma estrada que corre serpenteando ao redor de um monte, com o objetivo de
poder atingir pouco a pouco, em subida gradual o escarpado pico, assim também
nós devemos fazer de novo num plano mais elevado a mesma caminhada, enquanto não
se atingir o ponto final, que é o próprio Cristo, nossa meta.O mistério de
Cristo torna-se a vida da Igreja, e a Igreja por sua vez, prolonga e completa o
mistério de Cristo.
Por que a Igreja separa o Ano Litúrgico em A, B
e C?
Antes de falarmos
propriamente da divisão do ano litúrgico, vale
recordar, primeiro, o valor daquilo que celebramos. Em cada Santa Missa,
celebramos o mistério de nossa salvação. Em cada Eucaristia celebrada, Cristo
nasce, morre e ressuscita. Tocamos, desse modo, no coração da fé
católica. Cristo se fez homem para salvar todos os homens. Assim como em Adão,
todos pecaram, e por isso decaíram; mas em Jesus todos são salvos, e por isso
elevados. O apóstolo Paulo, na Carta aos Timóteos,
afirmou que Deus “quer que todos os homens se salvem e cheguem ao conhecimento
da verdade” (I Tim 2,4). Para que isso se realizasse, Ele foi capaz de tudo,
inclusive de se fazer homem como nós, em tudo, menos no pecado (Heb 4,15). A
“sua humanidade foi, na unidade da pessoa do Verbo, o instrumento da nossa
salvação. Por isso, em Cristo se realizou plenamente a nossa reconciliação e
nos deu a plenitude do culto divino” (Sacrosanctum Concilium, n. 5).Precisamos compreender que tudo na liturgia é voltado para a
nossa salvação, inclusive a maneira como o ano litúrgico é dividido. A
Igreja, em cada Eucaristia, faz memória da obra de salvação do seu Divino
Esposo (Cf. Sacrosanctum Concilium, n. 102). Enquanto o ano civil começa dia 1º
de janeiro, o ano litúrgico inicia-se, na maioria das
vezes, no final de novembro ou início de dezembro; tendo em vista que o
ano litúrgico começa com o tempo do Advento, quatro semanas antes do Natal. Seu término coincide com a Solenidade de Cristo Rei,
no ano civil seguinte.
Para que serve essa divisão?
Comumente, o ano
litúrgico é dividido em ano A, B e C. Essa divisão é
uma maneira pedagógica de as leituras lidas aos domingos voltarem a ser lidas
novamente após três anos. Na liturgia do domingo, são lidas duas
leituras, uma do Antigo Testamento e outra do Novo Testamento, acompanhada do
Salmo e do Evangelho.
Nesta divisão, cada Evangelho tem seu lugar
próprio e exclusivo!
-No ano A, é lido o
Evangelho de São Mateus;
-No ano B, lê-se o Evangelho
de São Marcos;
-No ano C, lê-se o Evangelho de São Lucas.
*Quanto ao Evangelho de São João, ele é lido, de modo particular,
intercalado, em ocasiões especiais, isto é, nas festas e solenidades
específicas da Igreja!
As leituras são organizadas para narrar a vida
de Jesus: seus exemplos, sua missão no anúncio dos valores do reino passando
por todas sua vida, paixão, morte, ressurreição e glorificação em nosso favor!
Uma particularidade dessa
divisão: o cristão que acompanha, assiduamente, os três
ciclos litúrgicos – A, B e C – tem uma visão geral de toda a Sagrada Escritura,
tendo em vista que, nos três anos são lidas as principais leituras que narram a
história da salvação. Sejam as leituras do Antigo Testamento, que
anunciam a vinda do Messias; seja a do Novo Testamento, que relata a Sua
chegada.A leitura de cada Evangelho, acompanhada das
demais leituras, leva o fiel a percorrer, em ordem cronológica, toda a vida de
Jesus, isto é, desde o nascimento à ascensão. A liturgia de cada tempo
litúrgico relata uma realidade da vida de Jesus. O
Advento possui dupla característica: a primeira vinda de Jesus,
celebrada com a festa do Natal, bem como a expectativa da segunda e definitiva
vinda de Jesus nos fins dos tempos.
Presença de Deus na história
Quando Deus se revela a
Israel, esse ritmo não é rompido, mas é compreendido à luz da sua fé. Assim, o povo de Israel tinha também um ritmo cíclico de
celebrações litúrgicas que se repetiam cada ano, tornando presente de forma
cúltica as diversas passagens de Deus pela sua história. Contudo, Israel
entendeu que essa repetição, apesar de ser cíclica, não era fechada e morta em
si, mas aberta a futuras e novas intervenções de Deus na história.
Israel entendeu também que essas repetições tornavam presente de forma
misteriosa aqueles fatos que poderiam simplesmente ter ficado no passado. Os cristãos herdaram do povo judeu a celebrar de forma
memorial as intervenções de Deus na história.
O culto litúrgico da Igreja surgiu para
celebrar a Páscoa memorial de Cristo, conforme Ele ordenara!
Os primeiros cristãos
não possuíam um “ano litúrgico” propriamente dito. A
vida dos primeiros cristãos tinha como centro a Páscoa, celebrada semanalmente
no “domingo” e também anualmente no “Grande Domingo”. Depois outras
celebrações vão sendo assimiladas e o mistério pascal de Cristo passa a ser
celebrado não somente de forma “concentrada” na Páscoa, mas em cada uma de suas
facetas (sem deixar de estar inteiro em cada uma delas) no decorrer do ano.
Mistério pascal de Cristo
A razão para que se
constituísse pouco a pouco o ano litúrgico como nós o conhecemos foi pedagógica
e teológica: pedagógica, porque não podemos apreender
todas as dimensões do mistério pascal de Cristo em uma única celebração;
teológica, porque na verdade o mistério pascal de Cristo é amplo (vai da
criação à Parusia), e cada uma das suas etapas se reveste de singular
importância, ainda que esteja em relação ao todo.
Assim, aos poucos, vão surgindo os chamados
“tempos litúrgicos” e as “festas”:
-A Páscoa logo se
desenvolve num Tríduo e depois passa a se desdobrar em 50 dias (o santo
Pentecostes);
-Para preparar melhor a
iniciação cristã que era realizada na Páscoa e também os penitentes que eram
reconciliados na quinta-feira santa surgiu a Quaresma;
-Surgem, também, as
celebrações dos mártires, aqueles que tornaram viva a Páscoa de Cristo no seu
testemunho;
-Após a “dormição
miraculosa” de Maria começa o culto de honra da Virgem Maria: Como a Bem
aventurada por todas as gerações, Theotókos, Tota Pulchra, Kecharitomene (cheia da graça),a mãe dos remidos na cruz,
e a Nova Eva.
-O Natal (sobretudo a
partir do século 4 para combater a festa pagã do chamado “sol invicto”,
mostrando que Jesus é o verdadeiro “Sol” que nasceu do alto);
-O Advento, para
preparar o Natal,
-E também chamado “Tempo
Comum” ou “Tempo Durante o Ano” (a vida pública e comum de Jesus).
Assim se formou o ano litúrgico como temos
hoje:
-Iniciamos no Advento
(marcado pela cor roxa).
-Passamos depois ao Natal
e a Epifania (dourado ou branco – sentido festivo)
-Seguimos pelo Tempo
Comum (Cor verde).
-A Quaresma (roxo –
sinal de penitência).
-Depois da Quaresma
entramos no Grande Período Pascal (dourado ou branco – sentido festivo),
-O período Pascal termina
com a Solenidade de Pentecostes (vermelho – Espírito Santo),
-Depois voltamos ao
Tempo Comum, que dura até a Festa de Cristo Rei, que coroa todo o ano
litúrgico.
As festas dos mártires, dos santos e da Virgem Maria são celebradas no
decorrer de todo o ano litúrgico. Em cada um destes “mistérios” é, na
verdade, o único Mistério Pascal de Cristo que está sendo celebrado.
§1163 Quando celebrar? O TEMPO
LITÚRGICO "A Santa mãe Igreja julga seu dever celebrar com piedosa
recordação, em certos dias fixos no decurso do ano, a obra salvífica de seu
divino esposo. Em cada semana, no dia que ela passou a chamar 'dia do Senhor',
recorda a ressurreição do Senhor, celebrando-a uma vez por ano, juntamente com
sua sagrada paixão, na solenidade máxima da Páscoa. E desdobra todo o mistério
de Cristo durante o ciclo do ano (...) Recordando assim os mistérios da
Redenção, franqueia aos fiéis as riquezas das virtudes e dos méritos de seu
Senhor, de maneira a torná-los como que presentes o tempo todo, para que os
fiéis entrem em contato com eles e sejam repletos da graça da salvação."
§1164 O povo de Deus, desde a
lei mosaica, conheceu festas fixas a partir da páscoa para comemorar as ações
admiráveis do Deus salvador, dar-lhe graças por elas, perpetuar-lhes a
lembrança e ensinar às novas gerações a conformar sua conduta com elas. Na era
da Igreja, situada entre a páscoa de Cristo, já realizada uma vez por todas, e
a consumação dela no Reino de Deus, a liturgia celebrada em dias fixos está
toda impregnada da novidade do mistério de Cristo.
§1165 Quando celebra o mistério de Cristo, há uma palavra que marca a oração da Igreja: hoje!, fazendo eco à oração que seu Senhor lhe ensinou e o apelo do Espírito Santo'. Este "hoje" do Deus vivo em que O homem é chamado a entrar é "a hora"; da Páscoa de Jesus que atravessa e leva toda a história:A vida estendeu-se sobre todos os seres, e todos ficam repletos de uma generosa luz; o Oriente dos orientes invadiu o universo, e aquele que era "antes da estrela da manhã" e antes dos astros, imortal e imenso, o grande Cristo brilha sobre todos os seres mais que o sol! É por isso que, para nós que cremos nele, se instaura um dia de luz, longo, eterno, que não se apaga: a páscoa mística'.
§ 1166 O DIA DO
SENHOR"Devido tradição apostólica que tem origem no próprio dia da
ressurreição de Cristo, a Igreja celebra o mistério pascal a cada oitavo dia,
no dia chamado com razão o dia do Senhor ou domingo. " O dia da
ressurreição de Cristo é ao mesmo tempo "o primeiro dia da semana",
memorial do primeiro dia da criação, e o "oitavo dia", em que Cristo,
depois de seu "repouso" do grande sábado, inaugura o dia "que O
Senhor fez", o "dia que não conhece ocaso". A "Ceia do
Senhor" é seu centro, pois é aqui que toda a comunidade dos fiéis se encontra
com o Senhor ressuscitado, que Os convida a seu banquete:O dia do Senhor, o dia
da ressurreição, o dia dos cristãos, é o nosso dia. E por isso que ele se chama
dia do Senhor: pois foi nesse dia que o Senhor subiu vitorioso para junto do
Pai. Se os pagãos o denominam dia do sol, também nós o confessamos de bom
grado: pois hoje levantou-se a luz do mundo, hoje apareceu o sol de justiça
cujos raios trazem a salvação.
§1167 O domingo é o dia por
excelência da assembléia litúrgica, em que os fiéis se reúnem "para,
ouvindo a Palavra de Deus e participando da Eucaristia, lembrarem-se da paixão,
ressurreição e glória do Senhor Jesus, e darem graças a Deus que os 'regenerou
para a viva esperança, pela ressurreição de Jesus Cristo de entre os
mortos"Quando meditamos, ó Cristo, as maravilhas que foram operadas neste
dia de domingo de vossa santa ressurreição, dizemos: Bendito é o dia do
domingo, pois foi nele que se deu o começo da criação (...) a salvação do mundo
(...) a renovação do gênero humano.(...) E nele que o céu e a terra rejubilaram
e que o universo inteiro foi repleto de luz. Bendito é o dia do domingo, pois
nele foram abertas as portas do paraíso para que Adão e todos os banidos entrem
nele sem medo.
§1168 O ANO LITÚRGICO Partindo
o tríduo pascal, como de sua fonte de luz, o tempo novo da Ressurreição enche
todo o ano litúrgico com sua claridade. Aproximando-se progressivamente de
ambas as vertentes desta fonte, o ano é transfigurado pela liturgia. É
realmente "ano de graça do Senhor". A economia da salvação está em
ação moldura do tempo, mas desde a sua realização na Páscoa de Jesus e a efusão
do Espírito Santo o fim da história é antecipado, "em antegozo", e o
Reino de Deus penetra nosso tempo.
§1169 Por isso, a páscoa não é
simplesmente uma festa entre outras: é a "festa das festas",
"solenidade das solenidades", como a Eucaristia é o sacramento dos
sacramentos (o grande sacramento). Santo Atanásio a denomina "o grande
domingo como a semana santa é chamada no Oriente "a grande semana". O
mistério da ressurreição, no qual Cristo esmagou a morte, penetra nosso velho
tempo com sua poderosa energia até que tudo lhe seja submetido.
§1170 No Concílio de Nicéia (em
325), todas as Igrejas chegaram a um acordo acerca de que a páscoa cristã fosse
celebrada no domingo que segue a lua cheia (14 Nisan) depois do equinócio de
primavera. Por causa dos diversos métodos utilizados para calcular o dia 14 de
mês de Nisan, o dia da Páscoa nem sempre ocorre simultaneamente nas Igrejas
ocidentais e orientais. Por isso busca-se um acordo, a fim de se chegar
novamente a celebrar em uma data comum o dia da Ressurreição do Senhor.
§1171 O ano litúrgico é o
desdobramento dos diversos aspectos do único mistério pascal. Isto vale muito
particularmente para o ciclo das festas em tomo do mistério da encarnação
(Anunciação, Natal, Epifania) que comemoram o começo de nossa salvação e nos
comunicam as primícias do Mistério da Páscoa.
§1173 Quando, no ciclo anual, a
Igreja faz memória dos mártires e dos outros santos, "proclama o mistério
pascal" naqueles e naquelas "que sofreram com Cristo e estão
glorificados com Ele, e propõe seu exemplo aos fiéis para que atraia todos ao
Pai por Cristo e, por seus méritos, impetra os benefícios de Deus"
§1177 Os hinos e as ladainhas
da Oração das Horas inserem a oração dos salmos no tempo da Igreja, exprimindo
o simbolismo do momento do dia, do tempo litúrgico ou da festa celebrada. Além
disso, a leitura da Palavra de Deus a cada hora (com os responsos ou os
tropários que vêm depois dela) e, em certas horas, as leituras dos Padres da
Igreja e dos mestres espirituais revelam mais profundamente o sentido do
mistério celebrado, ajudam na compreensão dos salmos e preparam para a oração
silenciosa. A lectio divina, em que a Palavra de Deus é lida e meditada para
tornar-se oração, está assim enraizada na celebração litúrgica.
§1095 É por isso que a Igreja,
particularmente no advento, na quaresma e sobretudo na noite de Páscoa, relê e
revive todos esses grandes acontecimentos da história da salvação no "hoje"
de sua liturgia. Mas isso exige também que a catequese ajude os fiéis a se
abrirem a esta compreensão "espiritual" da economia da salvação, tal
como a liturgia da Igreja a manifesta e no-la faz viver.
Memória
da Virgem Maria
§1172 O SANTORAL NO ANO
LITÚRGICO "Ao celebrar o ciclo anual dos mistérios de Cristo, a santa
Igreja venera com particular amor a bem-aventurada mãe de Deus, Maria, que por
um vínculo indissolúvel está unida à obra salvífica de seu Filho; em Maria a
Igreja admira e exalta o mais excelente fruto da redenção e a contempla com
alegria como puríssima imagem do que ela própria anseia e espera ser em sua
totalidade."
§1370 À oferenda de Cristo
unem-se não somente os membros que estão ainda na terra, mas também os que já
estão na glória do céu: é em comunhão com a santíssima Virgem Maria e fazendo
memória dela, assim como de todos os santos e santas, que a Igreja oferece o
Sacrifício Eucarístico. Na Eucaristia, a Igreja, com Maria, está como que ao pé
da cruz, unida à oferta e à intercessão de Cristo.
Memória
dos santos
§1173 Quando, no ciclo anual, a
Igreja faz memória dos mártires e dos outros santos, "proclama o mistério
pascal" naqueles e naquelas "que sofreram com Cristo e estão
glorificados com ele, e propõe seu exemplo aos fiéis para que atraia todos ao
Pai por Cristo e, por seus méritos, impetra os benefícios de Deus"
O Domingo
§1166 - O DIA DO SENHOR "Devido tradição apostólica que tem
origem no próprio dia da ressurreição de Cristo, a Igreja celebra o mistério
pascal a cada oitavo dia, no dia chamado com razão o dia do Senhor ou domingo.
" O dia da ressurreição de Cristo é ao mesmo tempo "o primeiro dia da
semana", memorial do primeiro dia da criação, e o "oitavo dia",
em que Cristo, depois de seu "repouso" do grande sábado, inaugura o
dia "que O Senhor fez", o "dia que não conhece ocaso". A
"Ceia do Senhor" é seu centro, pois é aqui que toda a comunidade dos
fiéis se encontra com o Senhor ressuscitado, que Os convida a seu banquete:O
dia do Senhor, o dia da ressurreição, o dia dos cristãos, é o nosso dia. E por
isso que ele se chama dia do Senhor: pois foi nesse dia que o Senhor subiu
vitorioso para junto do Pai. Se os pagãos o denominam dia do sol, também nós o
confessamos de bom grado: pois hoje levantou-se a luz do mundo, hoje apareceu o
sol de justiça cujos raios trazem a salvação.
§1167 O domingo é o dia por
excelência da assembléia litúrgica, em que os fiéis se reúnem "para,
ouvindo a Palavra de Deus e participando da Eucaristia, lembrarem-se da paixão,
ressurreição e glória do Senhor Jesus, e darem graças a Deus que os 'regenerou
para a viva esperança, pela ressurreição de Jesus Cristo de entre os
mortos" - Quando meditamos, ó Cristo, as maravilhas que foram operadas
neste dia de domingo de vossa santa ressurreição, dizemos: Bendito é o dia do
domingo, pois foi nele que se deu o começo da criação (...) a salvação do mundo
(...) a renovação do gênero humano.(...) E nele que o céu e a terra rejubilaram
e que o universo inteiro foi repleto de luz. Bendito é o dia do domingo, pois
nele foram abertas as portas do paraíso para que Adão e todos os banidos entrem
nele sem medo.
§2177 A celebração dominical do
Dia e da Eucaristia do Senhor está no coração da vida da Igreja. "O
domingo, dia em que por tradição apostólica se celebra o Mistério Pascal, deve
ser guardado em toda a Igreja como dia de festa de preceito por
excelência." - "Devem ser guardados igualmente o dia do Natal de
Nosso Senhor Jesus Cristo, da Epifania, da Ascensão e do Santíssimo Corpo e
Sangue de Cristo, de Santa Maria, Mãe de Deus, de sua Imaculada Conceição e
Assunção, de São José, dos Santos Apóstolos Pedro e Paulo e, por fim, de Todos
os Santos."
A MISSA É MEMORIAL, MAS A PRESENÇA NAS ESPÉCIES
CONSAGRADAS É REAL!
§1373 A PRESENÇA DE
CRISTO PELO PODER DE SUA PALAVRA E DO ESPÍRITO SANTO - "Cristo Jesus, aquele que morreu, ou melhor, que
ressuscitou, aquele que está à direita de Deus e que intercede por nós"
(Rm 8,34), está presente de múltiplas maneiras
em sua Igreja): em sua Palavra, na oração de sua Igreja, "lá onde dois ou
três estão reunidos em meu nome" (Mt 18,20), nos pobres, nos doentes, nos
presos, em seus sacramentos, dos quais ele é o autor, no sacrifício da missa e
na pessoa do ministro. Mas "sobretudo (está presente) sob as espécies
eucarísticas".
§1374 - O
modo de presença de Cristo sob as espécies eucarísticas é único. Ele eleva a Eucaristia acima de todos os
sacramentos e faz com que seja "como que o coroamento da vida espiritual e
o fim ao qual tendem todos os sacramentos". No santíssimo sacramento da
Eucaristia estão "contidos verdadeiramente, realmente e substancialmente o
Corpo e o Sangue juntamente com a alma e a divindade de Nosso Senhor Jesus
Cristo e, por conseguinte, o Cristo todo"
- "Esta presença chama-se 'real' não por
exclusão, como se as outras não fossem 'reais', mas por antonomásia, porque é substancial e porque por ela Cristo,
Deus e homem, se toma presente completo."
§1375 É ela
conversão do pão e do vinho no Corpo e no Sangue de Cristo que este se torna
presente em tal sacramento. Os Padres da
Igreja afirmaram com firmeza a fé da Igreja na eficácia da Palavra de Cristo e
da ação do Espírito Santo para operar esta conversão. Assim, São João
Crisóstomo declara:Não é o homem que faz com que as coisas oferecidas se tomem
Corpo e Sangue de Cristo, mas o próprio Cristo, que foi crucificado por nós. O sacerdote, figura de Cristo, pronuncia essas
palavras, mas sua eficácia e a graça são de Deus. Isto é o meu Corpo, diz ele.
Estas palavras transformam as coisas oferecidas. E Santo Ambrósio afirma acerca desta conversão: Estejamos
bem persuadidos de que isto não é o que a natureza formou, mas o que a bênção
consagrou, e que a força da bênção supera a da natureza, pois pela bênção a
própria natureza mudada. Por acaso a palavra de Cristo, que conseguiu fazer do
nada o que não existia, não poderia mudar as coisas existentes naquilo que
ainda não eram? Pois não é
menos dar às coisas a sua natureza primeira do que mudar a natureza delas.
§1376 O
Concílio de Trento resume a fé católica ao declarar "Por ter Cristo, nosso
Redentor, dito que aquilo que oferecia sob a espécie do pão era verdadeiramente
seu Corpo, sempre se teve
na Igreja esta convicção, que O santo Concílio declara novamente: pela
consagração do pão e do vinho opera-se a mudança de toda a substância do pão na
substância do Corpo de Cristo Nosso Senhor e de toda a substância do vinho na
substância do seu Sangue; esta mudança, a Igreja católica denominou-a com
acerto e exatidão Transubstanciação".
§1377 A
presença eucarística de Cristo começa no momento da consagração e dura também
enquanto subsistirem as espécies eucarísticas. Cristo está presente inteiro em cada uma das
espécies e inteiro em cada uma das partes delas, de maneira que a fração do pão não divide o
Cristo.
§1413 Por
meio da consagração opera-se a Transubstanciação do pão e do vinho no Corpo e
no Sangue de Cristo. Sob as
espécies consagradas do pão e do vinho, Cristo mesmo, vivo e glorioso está
presente de maneira verdadeira, real e substancial, seu Corpo e seu Sangue, com sua alma e sua
divindade.
CURIOSIDADES SOBRE A CELEBRAÇÃO LITÚRGICA DA EUCARISTIA
1)-As vestes
sacerdotais - As
roupas utilizadas pelos ministros sagrados nas celebrações litúrgicas são derivadas
das vestimentas gregas-romanas. Nos primeiros séculos,
a forma de vestir das pessoas de uma determinada classe social (os honestiores)
foi também adotada para o culto cristão, e esta prática foi mantida na Igreja,
mesmo após a paz de Constantino. Como contado por alguns escritores
eclesiásticos, os ministros sagrados usavam suas melhores roupas, provavelmente
reservadas para a ocasião. Enquanto que na antiguidade cristã as vestimentas
litúrgicas diferiam das de uso cotidiano não pela forma particular, mas apenas
pela qualidade dos tecidos e decoração particular, no curso das invasões
bárbaras, os costumes, e com eles também a forma de vestir dos novos povos,
foram introduzidos no Ocidente, levando a mudanças na moda profana. A Igreja, ao contrário, manteve essencialmente inalteradas as
roupas usadas pelos sacerdotes nos cultos públicos; foi assim que as
vestimentas de uso cotidiano acabaram por se diferenciar das de uso litúrgico. Na
época carolíngia, finalmente, os paramentos próprios de cada grau do sacramento
da ordem foram definitivamente definidos, assumindo a aparência que conhecemos
hoje. Pode-se dizer que a “ocultação” do corpo do ministro sob as vestes, em certo sentido, despersonaliza-o, removendo o ministro celebrante do centro, para revelar o verdadeiro Protagonista da ação litúrgica: Cristo. A forma das vestes, portanto, lembra-nos que a liturgia é celebrada in persona Christi, e não em próprio nome.
2)-Procissão de
entrada e saída – A princípio
era devido as grandes catedrais, ou seja, palácios reais que eram doados a Igreja
pelos imperadores convertidos ao Cristianismo. E para se chegar até o altar central,
o sacerdote e equipe de liturgia percorriam grandes distâncias. Depois foram
introduzidos os cânticos de entrada para preencher esta lacuna de tempo de
deslocamento, e posteriormente estes cantos foram direcionados a predispor a assembleia
reunida a penetrarem no mistério a ser celebrado naquela missa específica. A
procissão de saída faz parte dos ritos finais, formando o último gesto da
celebração litúrgica. Esse direcionar-se até a porta da
Igreja, se torna sinal de que congregados no Senhor somos enviados em missão.
Após sermos nutridos pela Palavra e de comungarmos do Corpo e Sangue do Senhor,
a própria dinâmica da Eucaristia nos impele a testemunhar a presença de Cristo
em nós. Somos portadores dessa presença e o envio litúrgico exorta a vivermos
essa graça em nosso cotidiano. Concretamente, a procissão de saída
muitas vezes não é realizada em nossas comunidades, ou não se dá muita
importância para esse gesto. No entanto, a profundidade desse momento nos
reporta ao próprio envio do Ressuscitado aos seus discípulos (cf. Mc 16,15-20). De forma prática, a procissão é organizada
sob a mesma ordem da procissão de entrada. Primeiramente a cruz processional e
por último o presidente da celebração. O canto litúrgico também pode favorecer
a consciência desse envio missionário. Esse rito também provoca ao presidente
da celebração realizar o seu cumprimento na porta da Igreja a cada pessoa que
participou da celebração litúrgica. Hoje as procissões
de entrada e saída na celebração litúrgica são sinais visíveis da unidade e do
envio missionário. São gestos que nos introduzem no mistério celebrado e nos
animam a viver o que se celebra. É realizar diariamente em nós a relação
mistagógica de fé e vida, identidade da Igreja peregrina.
3)-Kyrie eleison - Kyrie é o vocativo da palavra grega κύριος
(transl. kyrios, "Senhor"), traduzido livremente como "ó
Senhor", enquanto eleison (ελεησον) é o imperativo aoristo do verbo eleéo
(ελεεω; "ter piedade", "compadecer-se"). É originário do
salmo penitencial 51 (50 na versão da bíblia Septuaginta), usado como começo de
uma antiga oração cristã repetida nas liturgias dos primeiros séculos da Igreja
- Supõem-se que foi de certa forma um substituto da liturgia romana, quando os
imperadores desfilavam após as vitórias nas batalhas com derrotados e
vencedores, e estes últimos pediam aos imperadores: “Senhor tende piedade!” Pedido
que ficava a cargo dos imperadores atender ou não! Para nós Cristãos, o nosso
imperador é Cristo, ao qual clamamos também, sua misericórdia e patrocínio em
nossas vicissitudes. Essa palavra tem a mesma raiz da
palavra grega para o óleo, ou mais precisamente, óleo de oliva – uma substância
que era amplamente utilizada como agente calmante para hematomas e pequenas
feridas. A palavra hebraica que também é traduzida como ‘eleos’ e piedade é
‘hesed’, cujo significado é ‘amor firme’. As palavras gregas para ‘Senhor, tem
piedade’ são ‘Kyrie, eleison’, que significam: ‘Senhor, acalma-me, consola-me,
tira minha dor, mostra-me o seu amor firme’. Assim, a piedade não se refere
tanto à justiça ou à absolvição, mas à infinita bondade amorosa de Deus e sua
compaixão por seus filhos sofredores! É nesse sentido que rezamos
‘Senhor, tende piedade’, com grande frequência ao longo da Divina Liturgia”. À
luz desta explicação, a frase ganha vida e destaca a beleza e a profundidade da
misericórdia de Deus. Isso mostra um Deus amoroso que quer amarrar nossas
feridas, já que ele é o Médico Divino. Ao invés de
ficarmos na frente de um tribunal humano, pedindo a piedade de um poderoso
imperador, estamos cara a cara com um Deus compassivo, que está pronto para nos
segurar quando caímos.Enfim, embora pareça estranho pronunciar palavras
gregas na Missa, temos que lembrar que a Igreja escolheu essas palavras há
séculos especificamente por seu significado profundo e poderoso.
4)-Cruz sobre o altar
- O papa Bento XVI incentivou a utilização de
uma cruz sobre o altar voltada para o sacerdote para
que tanto ele quanto todo o povo lembrem-se que Cristo é o principal, é o
centro de toda a celebração. O fato de estar voltado para o povo não quer dizer
que o sacerdote esteja celebrando “para o povo”, mas sim oferecendo ao Pai com
todo o povo de Deus o sacrifício de Cristo que se renova na Santa Missa.Colocar
o crucifixo sobre o altar é, então, uma forma de fazer com que povo e sacerdote
se recordem sempre do sentido da celebração litúrgica e também possibilitar que
o padre celebre tanto voltado para o povo (pois fica de frente para o povo)
como também voltado para Deus (representado pelo crucifixo sobre o altar).Confira
abaixo pequenos trechos dos livros “Introdução ao Espírito da Liturgia” e
“Teologia della Liturgia”, onde o papa explica suas motivações para essa prática:
“A cruz deveria encontrar-se no
meio do altar, sendo o ponto de vista comum para o sacerdote e para a
comunidade orante.Assim, seguimos a antiga exclamação de oração no limiar da
Eucaristia “Conversi ad Dominum” – voltai-vos para o Senhor.Desta maneira
olhamos juntos para Aquele cuja morte rasgou o véu – para o que está diante do
Pai por nós e que nos abraça, fazendo de nós templos vivos.Considero as
inovações mais absurdas das últimas décadas aquelas que põem de lado a cruz, a
fim de libertar a vista dos fiéis para o sacerdote.Será
que a cruz incomoda a Eucaristia? Será que o sacerdote é mais importante que o
Senhor? Este erro deveria ser corrigido o mais depressa possível, não sendo
precisas para isso nenhumas reconstruções. O Senhor é o ponto de referência.
Ele é o Sol nascente da História. A cruz pode ser a da paixão, que presencia
Jesus que por nós deixou transpassar seu lado, donde derramou sangue e água –
eucaristia e batismo – tal como pode ser a cruz triunfal, que reflete a ideia
do regresso, guiando o nosso olhar para Ele. Pois é sempre o mesmo
Senhor Jesus Cristo, é sempre o mesmo ontem, hoje e por toda a eternidade (Hb
13,8).” (Joseph Ratzinger – Introdução ao espírito da Liturgia).
5)-Água no Vinho - Para quem não sabe, a gota de água que o
padre coloca no cálice representa a nossa humanidade pecadora que é diluída na
divindade de Jesus com sua infinita misericórdia! É apenas uma gota, que,
quando se mistura ao vinho, desaparece, assim como os nossos pecados diante da grandiosa
e imensurável misericórdia divina! São Cipriano de
Cartago dizia: “Se houver apenas água, sem vinho, nós estamos sozinhos, sem
Cristo. E se houvesse só vinho sem água estaria Cristo sozinho sem nós”. Esta
gota de água tem um simbolismo muito forte e muito bonito. Esse simbolismo está
bem expresso na oração que o sacerdote faz, enquanto coloca a agua no cálice: “Pelo mistério desta água e deste vinho possamos participar
da divindade do vosso Filho, que se dignou assumir a nossa humanidade”. Desta
forma entendemos que a gota de água simboliza a nossa humanidade pecadora e
decaída, que é mergulhada no mistério de Cristo. E, da mesma forma como a
Igreja reza, ela crê que pela força do sacramento da Eucaristia, todo fiel
possa estar em plena comunhão com Deus, participando de sua vida divina, da
mesma forma que o Cristo assumiu e participa da nossa natureza humana.
Que paralelo podemos
estabelecer entre a paixão, morte e ressurreição de Cristo e a Santa Missa?
1 - Jesus ora no
Horto, com o rosto prostrado na terra: O sacerdote, ao pé do altar,
recita o Confiteor, em humilde postura.
2 - Jesus, amarrado,
sobe a Jerusalém: O sacerdote, cingido com todos os
paramentos, sobe ao altar.
3 - Jesus foi, de
tribunal em tribunal, instruindo o povo, seus acusadores e seus juízes: O
sacerdote vai de um ao outro lado do altar, para multiplicar e difundir a
instrução preparatória.
4 - Jesus Cristo,
assim que sentenciado e despojado de suas roupas, oferece seu corpo à
flagelação, prelúdio da sua execução e morte: O sacerdote descobre as
oblações, retirando o véu que cobre o cálice e a hóstia, ainda não consagrados,
e faz a oferenda do pão e do vinho, que vão ser consagrados, e cuja substância
vai ser consumida;
5 - Jesus é pregado
na cruz: Da mesma forma como Ele se fixa no altar
com as palavras da Consagração!
6 - Jesus é suspenso
na Cruz, entre o céu e a terra: Como no
momento da Elevação das espécies consagradas na Missa
7 -Jesus expira na
cruz:
O sacerdote parte a Hóstia, indicando, sensivelmente, esta morte.
8 - Jesus é colocado
no sepulcro: Na Comunhão, Jesus é colocado no coração
do sacrificador e dos cristãos.
9 - Jesus ressuscita
glorioso: A ressurreição é significada pelo
lançamento de um fragmento da hóstia consagrada ( o corpo de Cristo) no cálice
que contém o sangue de Cristo, na hora em que o sacerdote diz a oração “Pax
Domini sit semper vobiscum” (A paz do Senhor esteja sempre convosco) fazendo
cinco cruzes sobre o cálice e fora dele. O sacerdote pede o efeito desta vida
nova através das orações após a Comunhão.
10 - Jesus sobe aos
céus, abençoando sua Igreja: O sacerdote/diácono se despede dos
fiéis e os abençoa dizendo: Ide...
NOTAS
EXPLICATIVAS
[1] Na versão grega do Antigo
Testamento.
[2]Instrução ou Doutrina dos
Doze Apóstolos, escrito do século I que trata do catecismo cristão.
[3]O rito bizantino teve origem
em Bizâncio, capital do Império romano do Oriente, e dominou a região da Ásia
Menor (greco-melquita, eslavo, ucraniano e outros); o antioquenho (siríaco,
antioquenho, maronita e malancar na Índia), o caldeu (na Índia) e o alexandrino
(copta e etíope) que se tornou preponderanteem certas regiões da África.
[4]A legislação de cada Igreja
“sui juris” é estudada e aprovada pelo seu respectivo sínodo, ou seja, pela
reunião dos seus bispos sob a presidência do seu arcebispo-maior ou patriarca.
Por exemplo, a Igreja Melquita é presidida por Sua Beatitude o Patriarca
Youssef I Absi; a Igreja Greco-Católica Ucraniana, por Sua Beatitude o
Arcebispo-Maior Dom Sviatoslav Shevchuk. O rebanho dos fiéis católicos de rito
latino é guiado diretamente pelo Papa Francisco, bispo de Roma, que é também o
líder de toda a grande comunhão da Igreja Católica em suas diversas tradições.
[5] Este é o modo apropriado de
referir-se: forma extraordinária do rito romano (liturgia em uso antes da
reforma litúrgica do Concílio Vaticano II, ou, do Missal Romano de 1962) e
forma ordinária do rito romano (liturgia em uso desde o Missal revisado em
1969).
[6] Não confundir com as
igrejas orientais não-católicas chamadas ortodoxas, separadas de Roma, que,
muitas vezes, adotam os mesmos ritos litúrgicos.
[7] Trecho, pequeno ou longo,
extraído de uma passagem da Sagrada Escritura que possui um significado pleno.
BIBLIOGRAFIA
CONSULTADA E RECOMENDADA
-Constituição Gaudium et spes.
n. 22. In: AAS 58 (1966) 22, p. 1042-1043; Documentos do Concílio Ecumênico
Vaticano II. 2. ed. São Paulo: Paulus, 2002.
https://www.montfort.org.br/bra/documentos/catecismo/missa/
-KHATLAB, Roberto. As Igrejas
Orientais, católicas e ortodoxas, tradições vivas. São Paulo: Ave Maria
edições, 1997. 256p.
-SILVA, Jerônimo Pereira. O
RICA, um caminho de iniciação antes e depois do batismo. Revista de Liturgia,
São Paulo, n. 249, p. 12-17, mai./jun. 2015.
-CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA.
2ª. ed. Petrópolis: Vozes; São Paulo: Paulinas, Loyola, Ave-Maria, 1993
Por *Francisco José Barros Araújo – Bacharel em Teologia pela Faculdade Católica do RN, conforme diploma Nº 31.636 do Processo Nº 003/17
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Que beleza é a liturgia católica! Cada dia amo mais a nossa igreja!
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