Marcos
5,25-28: “E certa mulher que, havia doze anos, tinha um
fluxo de sangue. E que havia padecido muito com vários médicos, e despendido
tudo quanto tinha, nada lhe aproveitando isso, antes indo de mal a pior;
Ouvindo falar de Jesus, veio por detrás, entre a multidão, e tocou na sua veste.
Porque dizia a si mesma: Se tão-somente
tocar nas suas vestes, sararei”.
Fé duvidosa é como plantar uma
semente e todos os dias retirá-la da terra para ver se a semente está brotando.
Não será dada a esta semente a oportunidade de germinar e criar raízes. Ora, se
a fé é uma esperança certa e antecipada, naquilo que ainda não se vê (Heb
11,1), devemos construir a certeza do “SE” como a mulher hemorroíssa, que na fé
disse a si mesma interiormente com toda convicção: “Se eu apenas tocar a orla
de seu manto ficarei curada”. Construamos, ou já visualizemos a certeza do
nosso “SE”.O próprio Deus, desejou e visualizou antes da criação, para que do
nada viesse a ser. Esta despretensiosa matéria baixo vai nos questionar: Como
está a visualização de nossas esperanças? Como está a nossa educação na fé?
Como está nossa visão a respeito de nós mesmos, dos outros, de nossa família,
de nossas comunidades, e da realidade que nos cerca? A palavra de Deus nos
assegura:
“Conforme
creres em teu íntimo, assim se dará” (Marcos11,23)
O Catecismo da Igreja, ao
falar da fé, começa afirmando que ela é um dom. “A fé é um dom de Deus, uma
virtude sobrenatural infundida por Ele” (CIC.153). A nossa vida de fé
começa com o batismo. Quando recebemos esse sacramento, recebemos a Graça
divina de crer, de pertencer à família dos que creem, ou seja, a Igreja. Mas é
evidente que a fé que recebemos nesse momento ainda precisa crescer e se
fortalecer muito. Isso é muito evidente se recebemos o sacramento ainda bebês,
quando nem temos a consciência de que estamos recebendo esse dom. Depois de
afirmar a gratuidade da fé, o Catecismo continua dizendo que:
“Mesmo
sendo um dom, “não é menos verdade que crer é um ato autenticamente humano”
(CIC 154).
Ou seja, é algo que os seres
humanos fazem e, ao fazer, realizam em seu ser. Confiar é algo que está
inscrito em quem somos. Assim, confiamos em nossos pais, em nossos professores,
em nossos amigos.
Claro
que essa confiança pode ser (e o é muitas vezes) defraudada. Mas se não
confiássemos uns nos outros, não poderíamos terminar um dia sequer sem ficar
meio paranoico. Já pensou se você duvidasse que o alimento que você compra não
vai te matar? O carro vai não bater, o elevador não vai cair, ou que o remédio
que você toma não vai ter nenhum efeito?
Confiamos diariamente nos
outros. E aprendemos a confiar cada vez mais e a desconfiar de quem merece ser
desconfiado. Ou seja, vamos aprendendo a confiar cada vez melhor. Se isso é verdade
para as relações humanas, também é verdade para a nossa relação com Deus. Uma
boa argumentação sobre a relação entre a inteligência e a fé nos é dada por São
Tomás de Aquino, que diz:
“Não existe no interno da fé uma busca da razão
natural para demonstrar o que cremos. Mas
existe a busca daquilo que pode levar o homem a crer: por exemplo, porque
Deus disse e é confirmado por milagres.” (STh III q. 2 a.1).
-Jesus
diz: “Eu sou a luz do mundo” (Jo 8,12) e para manifestar esta verdade Ele cura
o cego de nascimento (cf. Jo 9,7);
-Cristo
diz: “Eu sou a ressurreição e a vida. Aquele que crê em mim, ainda que esteja
morto, viverá” (Jo 11,25), e para suscitar a fé na verdade de que Ele é a vida
– que vai para além de uma vida somente aqui nesta terra, que vence toda morte
– Ele ressuscita Lázaro.
Por
isso deve ser afirmada a relação entre a fé e a inteligência (cf. CIC 156-157).
A fé não é oposta a razão,
mas, ao contrário, ela vem iluminar a inteligência, abrindo os olhos do
entendimento, que, por sua vez, dá o seu consenso à verdade revelada.
Assim,
devemos afirmar que “crer é um ato autenticamente humano” (CIC 154), capaz de
mérito (cf. STh III q. 2 a.9), que não faz violência à liberdade e à
inteligência, mas conduz o homem à verdade plena.
Por isso em 1Pedro 3,15 os
cristãos são exortados:
“Estai
sempre prontos a responder para vossa defesa a todo aquele que vos pedir a razão
de vossa esperança...”
Particularmente
no Evangelho de São João, compreendemos a “função” capital da fé para os
cristãos - Jesus diz:
“Com efeito, de tal modo Deus amou o mundo, que lhe
deu seu Filho único, para que todo o que nele crer não pereça, mas tenha a vida
eterna” (Jo 3,16).
Nesta
mesma linha afirma o Papa Bento XVI:
“A fé não é só uma inclinação da pessoa para
realidades que hão-de vir, mas estão ainda
totalmente ausentes; ela dá-nos algo. Dá-nos já agora algo da realidade
esperada, e esta realidade presente constitui para nós uma ‘prova’ das coisas
que ainda não se veem. Ela atrai o futuro para dentro do presente, de modo que
aquele já não é o puro ‘ainda-não’. O fato de este futuro existir muda o
presente; o presente é tocado pela realidade futura, e assim as coisas futuras
derramam-se naquelas presentes e as presentes nas futuras’”(Spe Salvi 7).
A fé portanto, deve ser vivida
no dia a dia, para atualizar e fazer crescer a graça recebida no Batismo, já
que “sem fé é impossível agradar a Deus” (Hb 11,6). Esta riqueza, que é
a nossa fé, deve ser vivida, testemunhada para transbordar no anúncio, como nos
ensina o Catecismo da Igreja Católica:
CIC 1816: “O discípulo de
Cristo não somente deve guardar a fé e
viver dela, como ainda professá-la, dar firme testemunho dela e propagá-la: Todos
devem estar dispostos a confessar Cristo diante dos homens e a segui-Lo no
caminho da cruz, no meio das perseguições que nunca faltam à Igreja. O serviço e o testemunho da fé são
requeridos para a salvação: ‘A todo aquele que me tiver reconhecido diante dos
homens, também Eu o reconhecerei diante do meu Pai que está nos céus. Mas
aquele que me tiver negado diante dos homens, também Eu o negarei diante do meu
Pai que está nos céus” (Mt 10,32-33)”
CONCLUSÃO
Assim, aquele dom inicial irá
se fazendo cada vez mais forte com a nossa cooperação. Dom de Deus e cooperação humana
caminham juntas. Muitas vezes pensamos que ter fé em Deus irá diminuir a nossa
liberdade quando a verdade é exatamente o contrário. Quando mais
confiamos em quem criou tudo e nos criou, mais viveremos uma vida plena, de
acordo com quem somos, cumprindo a vocação que Deus tem para cada um de nós.
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