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Um Católico autêntico pode aderir ao "liberalismo"? – Veja prós e contras

Written By Beraká - o blog da família on quinta-feira, 25 de junho de 2020 | 19:01







 

Não é só o "liberalismo social e moral" a Igreja condena o LIBERALISMO ECONÔMICO também! Achar que o mercado pode agir livremente sem regulação nenhuma é algo anti católico quem acredita nisso está longe da Fé verdadeira. O Estado deve sim ser pontual em suas intervenções atuando pra evitar fraudes, carteis , abusos do empresário etc a economia não pertence ao Estado e sim aos grupos de indivíduos mas tais grupos precisam de regulação. Quem segue essa linha de " mão invisível do Estado " está longe da verdadeira e original fé da Igreja.






Vamos as encíclicas papais



 


Pio XI citando os seus predecessores:



 

"Como não pode a unidade social basear-se na luta de classes, assim a reta ordem da economia não pode nascer da livre concorrência de forças. Deste princípio como de fonte envenenada derivaram para a economia universal todos os erros da ciência econômica "individualista"; olvidando esta ou ignorando, que a economia é juntamente social e moral, julgou que a autoridade pública a devia deixar em plena liberdade, visto que no mercado ou livre concorrência possuía um princípio diretivo capaz de a reger muito mais perfeitamente, que qualquer inteligência criada. Ora a livre concorrência, ainda que dentro de certos limites é justa e vantajosa, não pode de modo nenhum servir de norma reguladora à vida econômica. Aí estão a comprová-lo os factos desde que se puseram em prática as teorias de espírito individualista. Urge por tanto sujeitar e subordinar de novo a economia a um princípio directivo, que seja seguro e eficaz. A prepotência econômica, que sucedeu à livre concorrência não o pode ser; tanto mais que, indômita e violenta por natureza, precisa, para ser útil a humanidade, de ser energicamente enfreada e governada com prudência; ora não pode enfrear-se nem governar-se a si mesma. Força é portanto recorrer a princípios mais nobres e elevados: à justiça e caridade sociais. E preciso que esta justiça penetre completamente as instituições dos povos e toda a vida da sociedade; é sobre tudo preciso que esse espírito de justiça manifeste a sua eficácia constituindo uma ordem jurídica e social que informe toda a economia, e cuja alma seja a caridade. Em defender e reivindicar eficazmente esta ordem jurídica e social deve insistir a autoridade pública; e fá-lo-á com menos dificuldade se se desembaraçar daqueles encargos, que já antes declarámos não serem próprios dela" (Pio XI, Encíclica Quadragesimo Anno, 15 de Maio de 1931).

 



"16. Para explicar melhor como o comunismo conseguiu das massas operárias a aceitação, sem exame, de seus erros, convém recordar que estas massas operárias estavam já preparadas para ele pelo miserável abandono religioso e moral a que as havia reduzido, na teoria e na prática, a economia liberal. Com turnos de trabalho, inclusive dominicais, não se deixava tempo ao operário para cumprir suas mais elementares deveres religiosos nos dias festivos; não se teve preocupação alguma para construir Igrejas junto às fábricas nem para facilitar a missão do sacerdote; ao contrário, se continuava promovendo positivamente o laicismo. Se recolhem, portanto, agora, os frutos amargos de erros denunciados tantas vezes por nossos predecessores e por Nós mesmos ...". (Pio XI, Encíclica Quadragesimo Anno, 15 de Maio de 1931).




 

“As exigências da concorrência, que é uma consequência normal da liberdade e engenhosidade humana, não deve ser a norma final da economia” (Pio XII, Discurso aos participantes do congresso internacional da fundação técnica, 28 de Setembro de 1954).

 




"Igualmente cega é a confiança quase supersticiosa no mecanismo do mercado mundial para equilibrar a economia, como a de quem a fiam a um Estado providencia encarregado de procurar a todos seus súditos, e em todas as circunstâncias da vida, o direito a satisfazer exigências, ao fim das contas, irrealizáveis" (Discurso ao Congresso Internacional de Estudos Sociais, 3 de junho de 1950).

 



"Por outro lado, ganha terreno a concepção que é da economia, e em particular de uma forma sua específica, que é o livre-comércio, que se deve esperar a solução do problema da paz. Tivemos outra vez a ocasião de expor o erro de tal doutrina. E mais ou menos cem anos atrás os sequazes do sistema de livre comércio esperavam dele coisas maravilhosas, vendo nisso um poder quase mágico. Um de seus mais ardentes prosélitos não duvidava em comparar o princípio do livre-comércio, na medida dos efeitos no mundo moral, ao princípio da gravidade que rege o mundo físico, assinalando-lhe, como efeito próprio, a aproximação dos homens, o desaparecimento do antagonismo baseado em raça, fé, língua, e a unidade de todos os seres humanos numa paz inalterável.O curso dos eventos demonstrou quanto é enganosa a ilusão de confiar na paz só pelo livre-comércio. Não será diferente no futuro, se se insiste nesta fé cega que dá a economia uma forma mística imaginária" (Radiomessaggio a tutto il mondo in occasione del Natale, 24 dicembre 1954).




Papa São Paulo VI

 



26. "Infelizmente, sobre estas novas condições da sociedade, construiu-se um sistema que considerava o lucro como motor essencial do progresso econômico, a concorrência como lei suprema da economia, a propriedade privada dos bens de produção como direito absoluto, sem limite nem obrigações sociais correspondentes. Este liberalismo sem freio conduziu à ditadura denunciada com razão por Pio XI, como geradora do "imperialismo internacional do dinheiro" (Paulo VI, Encíclica Populorum Progressio, no.26).

 




Papa São João Paulo II










 

"40. É tarefa do Estado prover à defesa e tutela de certos bens coletivos como o ambiente natural e o ambiente humano, cuja salvaguarda não pode ser garantida nos simples mecanismos de mercado. Como nos tempos do antigo capitalismo, o Estado tinha o dever de defender os direitos fundamentais do trabalho, assim diante do novo capitalismo, ele e toda sociedade têm a obrigação de defender os bens coletivos que, entre outras coisas, constituem o enquadramento dentro do qual cada um poderá conseguir legitimamente os seus fins individuais.Acha-se aqui um novo limite do mercado: há necessidades coletivas e qualitativas, que não podem ser satisfeitas através dos seus mecanismos; existem exigências humanas importantes, que escapam à sua lógica; há bens que, devido à sua natureza, não se podem nem se devem vender e comprar. Certamente os mecanismos de mercado oferecem seguras vantagens: ajudam, entre outras coisas, a utilizar melhor os recursos, favorecem o intercâmbio dos produtos e, sobretudo, põem no centro a vontade e as preferências da pessoa que, no contrato, se encontram com as de outrem. Todavia eles comportam o risco de uma "idolatria" do mercado, que ignora a existência de bens que, pela sua natureza, não são nem podem ser simples mercadoria" (João Paulo II, Centesimus Annus, 1 de Maio de 1991)









O antiliberalismo econômico Católico não faz o menor sentido






Por Carlos Junior, publicado pelo Instituto Liberal





Parece uma tentação entre o círculo de católicos tradicionalistas condenar o livre mercado como um sistema econômico imoral, materialista e fundado no egoísmo humano. Na mente deles, a liberdade dos mercados e das trocas é indesejável e incompatível com a fé católica. Sem parecer panfletário ou algo do tipo, mas tenho a certeza de que tais indivíduos estão redondamente enganados. Por uma série de razões, o liberalismo econômico é perfeitamente compatível com a moral católica – dela mesma surgiram vários conceitos aproveitados pela Escola Austríaca. Uma prova disso é o surgimento de diversos escolásticos espanhóis defensores de determinados conceitos aproveitados pelos austríacos. Juan de Mariana, padre jesuíta espanhol, alertou para as consequências desastrosas da intervenção estatal nos preços e na oferta das mercadorias.É como um moralista que ele concorda com os outros escolásticos que:





"Um “preço justo” deve servir de base nas transações comerciais. Este preço foi fixado em tempos medievais pelo governo e foi considerado por ele errado exigir mais do que o montante legalmente fixado. Juan Mariana vê, no entanto, que, na prática, nem sempre é possível determinar os preços de forma satisfatória e que se não estão de acordo com a estimativa popular comum (ou seja, com o mercado), eles não podem ser impostos. Para ser justo um preço não deve ser fixado uma vez e para sempre, deve levar em conta várias condições que mudam com a demanda e a oferta dos artigos em questão. Os preços devem, portanto, serem revistos de tempos em tempos’’.







Diversos outros escolásticos da mesma época entenderam os mesmos alertas de Juan de Mariana:






Qualquer imposição ou controle de preços ou demanda resultaria em consequências ruins para consumidores e até mesmo produtores. Suas lições formaram partes dos princípios usados pela Escola Austríaca de economia. A praxeologia estuda as ações humanas e como elas se desenvolvem. Ao agir, o homem busca melhorar seu atual estado de coisas em busca de um outro mais satisfatório.






São Tomás de Aquino, o grande teólogo católico, já tinha falado algo a respeito:






“O homem age com vistas a um bem’’





Que as raízes da economia tal como os austríacos pensaram são inegavelmente encontradas na própria Igreja, isso é fato; mas aqui teríamos um problema: Ao mesmo tempo em que clérigos defendem a liberdade econômica, alguns a condenam. Os apologistas do distributismo usam a Rerum Novarum como justificativa de uma busca por outra via, uma vez que comunismo e liberalismo foram condenados por Leão XIII (que não é uma encíclica dogmática, ela revela um corte de uma análise temporal de um período histórico). E é aqui que há outro engano a respeito do tema.






Se o mercado tal como é teorizado pelos liberais é abolido, temos no mínimo três consequências dessa ação:






1)-Os preços não serão os reais, já que a lei da oferta e da procura seria impossível.



2)-Vivendo apenas da autossuficiência, diversas famílias ficariam sem produtos essenciais para suas vidas, uma vez que seriam obrigadas a produzir e quase ninguém teria especialização para tal.



3)-Sem preços exatos e produtos essenciais, o mercado seria impossível e a qualidade de vida da imensa maioria da sociedade cairia drasticamente – e por que não dizer dramaticamente.






Na mesma Rerum Novarum, Leão XIII fala da necessidade de os trabalhadores receberem um salário justo para sustentarem suas famílias, mas não fala como isso seria alcançado. Muitos apologistas da doutrina social católica argumentam a favor da intervenção estatal para a garantia desse salário justo. Mais um equívoco: a intervenção do Estado na economia é péssima e iria piorar a situação.






Se o Estado força ou determina aumento de salário para os empregadores cumprirem, três coisas virão por consequência:






1)-Os custos aumentarão sem necessariamente um aumento na produtividade, acarretando aumento dos preços.



2)-Com maiores salários a pagar, os empregadores contratarão menos, aumentando o número de trabalhadores desempregados.



3)-Sem capital para investir em melhorias e inovação, a empresa irá continuar no mesmo lugar, acarretando a estagnação dos salários de todos os empregados.







Muitos católicos falam em justiça e em proporcionar melhores condições aos trabalhadores ao condenarem o liberalismo econômico. Nada mais equivocado. O capitalismo proporcionou um aumento na qualidade e na expectativa de vida como nunca na humanidade. Ignorar tal fato para fazer uma análise justa do mercado é desonestidade pura. O antiliberalismo econômico católico neste caso, não faz o menor sentido.






*Carlos Junior é jornalista, colunista dos portais Renova Mídia e A Tocha (Republicado por Rodrigo Constantino - 30/08/2019)







Referências:





1.https://www.mises.org.br/Article.aspx?id=688


2.https://pt.scribd.com/document/163807732/Capitalismo-e-Cristianismo-Olavo-de-Carvalho


3.https://medium.com/sociedade-chesterton-brasil/o-mínimo-que-você-precisa-saber-sobre-distributismo-77129312004a








Liberalismo e cristianismo (compatível ou incompatível)?
















As origens do liberalismo estão, como Chafuen e Woods demonstraram, nos pós-escolásticos, ou seja, na tradição católica.A liberdade que o liberalismo propugna é uma das liberdades que integram o conceito católico de liberdade. É a "liberdade de" ou liberdade exterior, enquanto a doutrina da Igreja defende a "liberdade interior". Não há qualquer conflito entre liberalismo e catolicismo, pelo contrário. Inclusive, as ideias corporativas tiveram grande aceitação e  receberam apoio da Encíclica Papal Quadragésimo Anno, de 1931. Religião e liberdade — poucos assuntos são mais controversos entre os libertários da atualidade.






Pelo menos quatro posições podem ser distinguidas:






1)-Uma posição bem conhecida diz que religião e liberdade são esferas distintas, separadas e hermeticamente fechadas uma para a outra, sendo que qualquer ponto de contato que porventura tenha havido entre elas ao longo da história foi algo puramente acidental.



2)-Uma segunda posição, também bastante difundida, afirma que religião e liberdade são absolutamente antagônicas.  Os defensores dessa tese veem na religião o inimigo mais implacável da liberdade individual, um inimigo da humanidade pior até mesmo do que o estado.



3)-Uma terceira posição sustenta que religião e liberdade são complementares — de um lado, homens devotos facilitam o funcionamento de uma sociedade com um governo mínimo ou até mesmo sem governo; e, de outro, a liberdade política facilita a vida religiosa que cada um decidiu seguir.



4)-Finalmente, alguns pensadores defendem uma quarta posição: que a religião — e, em particular, a fé cristã — é fundamental para a liberdade individual, tanto em termos históricos quanto em nível conceitual.






Em nossa cultura inteiramente secularizada, a terceira posição é tida como ousada e a quarta, como insolente.  Entretanto, sou da crença de que, hoje, ambas são verdadeiras, e que, enquanto a terceira é uma declaração superficial da verdade, a quarta vai à raiz da questão.Quando ainda era um pagão intervencionista, descobri as verdades da teoria política libertária e, com o tempo, comecei a compreender que a luz dessas verdades era apenas um reflexo da luz abrangente e eterna que irradia de Deus através de Seu Filho e do Espírito Santo.  Essa compreensão tem sido um processo lento, e eu não saberia hoje dizer quando e onde tudo vai terminar.  Mas eu posso apontar precisamente as circunstâncias de seu início.  Eu posso apontar o escritor que me mostrou essa luz: No início de minha carreira acadêmica, tive a boa sorte e o privilégio de traduzir, para meu idioma pátrio, o magnífico ensaio de Ralph Raico sobre a história do liberalismo alemão.  Esse livro mostra brilhantemente as virtudes de seu autor — sua erudição, sua perspicácia, sua retidão e sua coragem.  Para mim, foi algo surpreendentemente revelador.  O livro acabava com os mal-entendidos em relação aos principais protagonistas.  Em particular, Friedrich Naumann, um homem de imerecida fama libertária, foi expelido do panteão dos defensores da liberdade, ao passo que Eugen Richter, hoje praticamente desconhecido, foi elevado ao seu lugar de direito como o mais notável líder do decadente partido da liberdade alemão.  Ralph Raico explica que os liberais alemães fracassaram principalmente porque, em algum momento, eles começaram a errar o alvo de seus ataques.  Ao invés de se opor ao estado, eles começaram a ver a religião organizada como o principal inimigo.  Eles apoiaram as repressivas leis criadas pelo chanceler Bismarck para travar uma guerra cultural contra a Igreja Católica. Um exemplo característico foi o de Rudolf Virchow, um cirurgião, professor e líder do partido liberal, que demonstrava em relação à religião exatamente a mesma atitude arrogante e ignorante demonstrada pela cultura intelectual moderna, e particularmente pelo movimento libertário moderno.  O livro de Ralph Raico realçou as linhas de continuidade entre os Virchows de todas as épocas e o Iluminismo francês. Os escritos completamente anticlericais de Voltaire, Rousseau, Didérot, d'Alembert, Helvétius e de vários outros aparentes defensores da liberdade individual e oponentes da opressão criaram uma cultura liberal no continente europeu na qual o antagonismo entre fé e liberdade era algo admitido como certo e inquestionável. 






Como consequência, as pessoas religiosas tornaram-se perpetuamente receosas quanto ao liberalismo















Parecia que o indivíduo tinha obrigatoriamente de fazer uma escolha entre duas opções mutuamente excludentes: ou religião ou liberdade.Entretanto, o professor Raico também, enfatiza que havia uma outra tradição dentro do pensamento liberal clássico, uma que reconhecia a interdependência entre religião e liberdade.  Essa tradição incluía mais notavelmente os três grandes pensadores sobre os quais o professor Raico escreveu em sua tese de doutorado de 1970:Na qual ele explicava como o pensamento político do protestante Benjamin Constant e dos católicos Alexis de Tocqueville e Lord Acton advinha de suas convicções religiosas.Essa obra foi reimpressa pelo Ludwig von Mises Institute para todas as pessoas de boa vontade.  No início do século XXI, ela não perdeu sua atualidade e importância como ferramenta para um reentendimento da história do liberalismo.  Saúdo sua publicação e prevejo que ela vá abrir muitos outros olhos para essa importante questão.






Fonte:https://www.mises.org.br/Article.aspx?id=781








INTERNAUTA QUER SABER SE O LIBERALISMO É ANTICRISTÃO?












Prezado Prof. Orlando Fedeli,



Salve Maria!



Parabenizo-o uma vez mais pelo excelente trabalho desenvolvido pelo site da Montfort em divulgar a fé católica e em solucionar as muitas dúvidas que costumam perturbar a nós, integrantes do corpo da Igreja. A pena da Montfort é como a espada das Cruzadas, sempre corajosa. E a sabedoria nos textos presente é manifestação inegável de mentes abençoadas. Endereço a este site e ao Professor Orlando Fedeli meu reverente respeito e minha incontida admiração. Deus os ilumine sempre nesta missão!Minha dúvida é (desta vez) a seguinte: tenho lido atentamente os textos publicados no site que enfocam a crítica ao liberalismo. Tenho notado também que essa crítica se dirige mais especificamente ao aspecto humanista e à permissividade religiosa da doutrina liberal. Conheço e estudei as origens filosóficas do liberalismo como um movimento único, mas gostaria de conhecer mais especificamente a posição da Montfort sobre o liberalismo econômico. Sei que doutrinas como fascismo e socialismo são incompatíveis com a fé católica. Mas minha dúvida é: se somos favoráveis à propriedade privada, isso importaria necessariamente em sermos favoráveis ao direito de livre gestão dos indivíduos sobre seus bens e propriedade? Note bem o ilustre Professor que nem estou falando na escravidão do homem pelo dinheiro, que, aliás, parece atingir muitas mentes viciadas em nossa sociedade. Gostaria apenas de saber o que o Sr. pensa quanto ao liberalismo enquanto modelo macroeconômico de governo, em contrapartida a formas coletivistas e marxistas de gestão do Estado. Seria ele anti-cristão? Não sei se me faço entender bem: seria, por exemplo, anti-cristão, um regime que adotasse características privatistas no campo econômico, mas que fosse conservador nos campos moral e político? E mais, se não abuso da paciência do nobre Professor, o Sr. acredita que existe algum modelo econômico compatível com o Cristianismo? Agradeço-lhe antecipadamente. É sempre uma dádiva contar com as lições e com a sapiência de um verdadeiro Professor.


Que Deus o abençoe!

Cordialmente,

Felipe Cola.






RESPOSTA DO PROF. ORLANDO FEDELI




Muito prezado Felipe,



Salve Maria!



Pio XI também declarou que "Ninguém pode ser, ao mesmo tempo, bom católico e verdadeiro socialista" (Pio XI, Encíclca Quadragesimo Anno).Isso não significa que a Igreja aprove o capitalismo, sem restrição ou condenação, como se fosse uma escolha excelente. A Igreja sempre fez crítica ao capitalismo. Sua pergunta coloca um dilema - que não existe - entre socialismo e capitalismo, como se fôssemos obrigados a escolher ente esses dois sistemas econômicos, considerando um ótimo, e o outro péssimo. O capitalismo é ruim. O socialismo é péssimo. Na realidade, o capitalismo é pai do socialismo e do comunismo, assim como a democracia liberal é mãe da tirania comunista.Tudo isso requer uma explicação um tanto mais longa:No crepúsculo da Idade Média, por se ter colocado o bem estar na vida terrena acima da salvação da alma, por se ter colocado o Reino da Terra acima do Reino dos Céus, começou-se a buscar, antes de qualquer coisa, a riqueza material. Esse desejo, aliado ao Absolutismo Monárquico, levou os Reis a favorecerem um novo sistema econômico, que foi o Mercantilismo, o precursor do Capitalismo atual, uma espécie de Capitalismo embrionário. O Mercantilismo colocou o fim do homem na busca do ouro. O capitalismo é filho do mercantilismo e da Reforma protestante, especialmente de Calvino, como foi demonstrado por estudiosos do tema. Não é preciso dizer, vários autores o salientaram, como, por exemplo Max Weber (Ética Protestante e Capitalismo) - a relação profunda entre a Teologia protestante, particularmente a calvinista, e a busca de lucro acima de tudo.A "santificação" calvinista pelo trabalho, ia colocar o dinheiro como sinal da salvação, o êxito econômico como sinal de eleição divina. Como se o homem tivesse sido criado para trabalhar e não para servir a Deus em tudo o que faz.Foi do Mercantilismo que nasceu o sistema capitalista, triunfante com a Revolução Francesa e com a chamada Revolução Industrial. E com o fim de toda ordem feudal, na Revolução Francesa, os antigos artesãos perderam seus meios de defesa, quando a Revolução extinguiu o seu feudo econômico, as Corporações, que eram bem diversas dos atuais sindicatos. O artesão foi transformado em operário, em proletário.A Revolução Francesa instituiu o reino do Número, isto é o da Quantidade. Foi o fim da Qualidade artesanal, e o triunfo da produção em quantidade, de onde vai nascer a produção em série. A Revolução Francesa instaurou o regime liberal na política e o capitalismo na economia.O capitalismo é o liberalismo na economia. Portanto, assim como o liberalismo político gera o comunismo, assim o capitalismo gera o socialismo na economia.Para o capitalismo, "time is money". Traduzindo isso, dever-se-ia melhor dizer que, para o capitalismo, "life is money". A vida, não o tempo, é dinheiro.Com o capitalismo, vive-se para ter dinheiro.Politicamente, esse triunfo do número vai significar o governo da maioria, que se aufere pela contagem de votos, e pelo sufrágio universal, isto é, pelo sistema democrático liberal, que muito pouco tem a ver com a democracia, tal como a entende a Igreja Católica.Economicamente, a instituição do número como supremo valor, não só vai causar a Revolução Industrial e a produção em série, como significará a busca do lucro acima de tudo.E, do mesmo modo que o sistema liberal separou a Igreja do Estado, pela Liberdade de Religião, assim também se separou a Economia da Moral:Desde que se obtivesse lucro, pouco importava, para o Capitalismo, triunfante com a Revolução Francesa, que meios eram usados. Dai, nasceu a tendência a reduzir, o quanto possível, o salário dos que trabalhavam, e a fazer produção de objetos em série, pouco importando a decadência de sua qualidade. Importava só o lucro, e o quanto antes.Dai a velocidade das coisas modernas: velocidade de produção (Taylorismo), velocidade de consumo, velocidade de uso. Disto resultando a velocidade da vida atual, e a ideia dela decorrente de que tudo tem que mudar sempre. Assim nasceu a Moda. Assim nasceu o macaco de Darwin. Pois o Darwinismo, muitos o demonstraram, é uma aplicação do pensamento liberal e capitalista na biologia:A livre concorrência entre as espécies, como se fez a livre concorrência entre os produtores. Hitler despontava já do darwinismo, imaginando a criminosa "livre concorrência" das raças, com os fornos assassinos de Auschwitz. Que agiam visando a produção de crimes em série. Em linha de destruição criminosa em massa.Portanto, esse foi, e é, o principal ponto negativo do Capitalismo, que a Igreja sempre condenou: a separação entre Economia e Moral, que foi uma conseqüência da separação entre Igreja e Estado.Um segundo ponto negativo do Capitalismo, que a Igreja sempre condenou também, foi a Livre Concorrência Absoluta na Economia:Assim como na Democracia Liberal, nascida da Revolução Francesa, se deu a liberdade religiosa completa, acabando-se com a distinção entre verdade e mentira, assim como se deu livre concorrência ao erro e à verdade, assim também, na Economia, se dava a livre concorrência absoluta, com o falso raciocínio de que sempre venceria o melhor produto.Ora, a livre concorrência entre a verdade e a mentira só pode favorecer a mentira, porque a mentira não traz obrigações, enquanto a verdade traz duros deveres.Assim também, a livre concorrência absoluta vai favorecer o produto que dá mais lucro ao fabricante, isto é, o de pior qualidade. Prova é a difusão de bebidas de certo refrigerante americano, e de alimentos fast food, bebida e comidas tipicamente capitalistas, de produção em massa, e de baixo valor. A livre concorrência absoluta vai fazer triunfar não o melhor produtor, mas sim aquele que tem mais dinheiro, aquele que tiver supremacia no número, na propaganda, na quantidade. A livre concorrência absoluta, junto com o amoralismo do Capitalismo, vão fazer triunfar o grande produtor, o grande comerciante, que vai eliminando todos os concorrentes menores. O Super Mercado devora o empório do seu Manoel da esquina.A livre concorrência absoluta, separada da Moral, a longo prazo, extingue toda a concorrência e cria os grandes trusts e os grandes monopólios. A Livre Concorrência Absoluta concentra todo o poder econômico nas mãos de alguns apenas, e assim prepara o socialismo, que concentra tudo nas mãos do Estado.




Portanto, os dois pontos negativos do capitalismo são:



1) a separação entre Economia e Moral.


2) a Livre Concorrência Absoluta.





Esses dois erros na economia, ambos, foram frutos amargos e péssimos da Liberdade de Religião, como foram, a seguir, as duas causas econômicas do Socialismo:




1)-Nova York preparou Leningrado.


2)-Wall Street financiou o Stalinismo e o Nazismo (as duas mais importantes formas de socialismo do século XX)


3)-Roosevelt deu o triunfo a Stalin, em 1945.


4)-E indiretamente algumas ideias progressistas e modernistas que prevaleceram no Concílio Vaticano II, favoreceram o surgimento da Teologia da Libertação, que se diz filha de alguns textos tirados do contexto do Vaticano II, como a aberrante contradição entre letra e espírito do Concílio. O TL prioriza o espírito subjetivo do Concílio, e não a letra, eis ai o resultado: Libertinagem e relativismo moral e social, onde a TL justifica meios até armados para atingir seus fins: O paraíso socialista na terra (um milenarismo estatal paternalista, pior que o milenarismo do protestantismo, que é meritocrático).




Se o Capitalismo tem esses dois pontos negativos, ele manteve, entretanto, dois pontos positivos:




1)-Ele continuou a admitir o direito de propriedade particular, que é um direito natural, direito que a Igreja sempre defendeu, já o Comunismo não.


2)-O capitalismo permite a livre iniciativa. Cada um trabalha no que quer, onde quer e quanto quiser, coisa impossível no Comunismo.














Muitos pensam, erradamente, que o capitalismo se opõe ao comunismo. Isso só é verdade em parte, porque o comunismo leva ao extremo o que deseja o capitalismo: a igualdade social e econômica. Repito: o capitalismo é o pai do comunismo. A oposição entre eles é apenas de grau, mas a doença, os princípios deles, são os mesmos.O Socialismo, nascido dos erros do Capitalismo, vai atacar exatamente os dois pontos positivos que ainda restam no Capitalismo. O Socialismo vai combater:





1)-O direito de propriedade particular, o que faz do socialismo um sistema anti natural, essencialmente mau.




2)-Vai combater também a livre iniciativa, ao fazer do Estado o controlador da economia, e, do operário, apenas uma peça do sistema econômico.





Esses dois erros essenciais do Socialismo é que vão gerar a ditadura do partido comunista, porque o socialismo é o HIV da AIDS comunista.Da mentalidade capitalista se originou, como abortivo monstruoso, o marxismo, ensinando que:Se a vida é para ter riquezas, "o homem é um animal que trabalha", na estúpida definição de homem, feita por Engels.E se os homens são animais que trabalham, as formigas, já que elas são animais que trabalham, as formigas seriam então humanas?  Os homens poderiam então ser tratados como animais de carga?Da mesma forma que o capitalismo normalmente gera o socialismo, a democracia liberal gera a ditadura socialista e comunista:Porque, se todos são iguais e todos tem que ter as mesmas oportunidades, como se explica que uns sejam mais ricos que os outros? E se na democracia liberal deve haver livre concorrência política, nas eleições, essa livre concorrência política é impedida pela propaganda maciça dos candidatos mais ricos, propaganda que afoga os candidatos mais pobres. Nas eleições capitalistas vence quem tem mais propaganda, isto é, quem tem mais dinheiro (Bolsonaro quebrou este paradigma).Por isso, na democracia liberal, normalmente vencem os mais ricos. No liberalismo, político ou é rico, ou vai ficar rico.Se a democracia liberal quer fazer a igualdade política, só se conseguirá essa igualdade política, fazendo-se a igualdade econômica: do liberalismo nasce o comunismo.Foi o que se constatou já na Revolução Francesa, quando os "enrajés" de Hébert e Chaumette defenderam a igualdade econômica e social, para que fosse realmente possível a igualdade política. E o desejo de igualdade a todo custo, levou ao Terror. A Igualdade guilhotinou a Liberdade.






O MAL MENOR COMO SOLUÇÃO DA QUESTÃO PROPOSTA PELO INTERNAUTA FELIPE:














Como você vê, meu caro Felipe, não se trata de escolher entre Capitalismo e Socialismo. Nem se trata de escolher entre Liberalismo e Comunismo:






1)-Um é causa do outro, do mesmo modo como a gripe causa a pneumonia, e um câncer de pele, ou seja, um carcinoma não cuidado, poderá causar um câncer interno. Nenhum câncer é bom. Entre dois males, entretanto, havendo que escolher, deve-se "escolher o mal menor", aquele que dê mais possibilidade de cura, o mal que permite ainda a existência de uma certa ordem e de um certo bem.



2)-Assim, entre a democracia liberal e a tirania comunista, é preferível a democracia liberal, como menos má. O que não significa a aprovação de seus erros profundos, como o ideal igualitário, a liberdade de religião, a idéia de que o poder vem do povo, e etc.



3)-Do mesmo modo, entre Socialismo e Capitalismo, é preferível o Capitalismo, porque permite ainda que se tenha propriedade particular, e que se tenha liberdade econômica. Sem esquecer os males profundos do capitalismo que vão gerar o câncer mais profundo do socialismo. É o que explica que tantos "milionários" capitalistas e tantos “burgueses" abastados apóiem o comunismo. Veja como sempre os Estados Unidos apoiaram, desde o princípio, "os grandes acontecimentos que se deram na Rússia", em 1917, como disse um presidente capitalista dos "States".Repare a política seguida por Roosevelt, na Segunda Guerra Mundial.





4)-O liberalismo econômico mantém ainda alguns valores que o socialismo vai destruir, como o direito à propriedade particular, que, como explica Leão XIII, é um direito natural, e o direito natural à livre iniciativa, cada um trabalhando no que quiser, como quiser e quanto quiser. Por isso, no capitalismo, a Igreja aprova o reconhecimento do direito natural a ter propriedade particular, assim como o direito de livre iniciativa, contra o coletivismo e o dirigismo socialista.




Entretanto, a Igreja condena, e sempre condenou, no capitalismo, a separação entre economia e moral, típico principio liberal, como condena também a livre concorrência absoluta e sem freio, que, de fato, acaba com a própria concorrência, criando monopólios preparadores da socialização da economia. Limito-me a citar um texto de Pio XI na encíclica Quadragesimo Anno: "Católico e socialista são termos antitéticos...Socialismo religioso, socialismo cristão, são termos contraditórios. Ninguém pode ser, ao mesmo tempo, bom católico e verdadeiro socialista" (Pio XI, Quadragesimo Anno, Denzinger, 2270).Erram então os que pensam que a Igreja apóia o socialismo, em que pesem as idéias heréticas de Frei Betto e do ex Frei Leonardo Boff. Erram os que pensam também que a Igreja apóia o capitalismo sem nenhuma restrição. Se a Igreja condenou o comunismo ao ensinar que "Intrinsecamente mau é o comunismo" (Pio XI, encíclica Divini Redemptoris), ela também sempre fez críticas ao capitalismo.O capitalismo, como todo liberalismo, tem o grave erro de separar a economia da moral objetiva e natural:O lucro passa a ser um fim a ser obtido de qualquer forma. Assim como o liberalismo separou o Estado da Igreja, assim também o capitalismo, aplicação do liberalismo à política, separou a economia da moral. Isto é o que produz todas as injustiças do capitalismo que os marxistas, a ala da CNBB sovietizada, e os demagogos políticos exploram para propulsionar o socialismo.O segundo ponto negativo do capitalismo liberal, a que aludi mais acima, é a livre concorrência absoluta, que, ao final, elimina toda concorrência, criando oligopólios controladores totais do mercado.O que facilita, afinal, o triunfo do socialismo.O socialismo tem a mesma filosofia materialista e evolucionista do comunismo: o materialismo histórico de Karl Marx.




Esperando tê-lo atendido, me subscrevo atenciosamente,



in Corde Jesu, semper,



Orlando Fedeli.






Igreja Católica de Caráter Liberal (?)















POR *PROF. FELIPE AQUINO - 18 DE OUTUBRO DE 2010





Pontos essenciais sobre uma Igreja Católica Liberal:





Na Declaração de Princípios da Igreja Católica Liberal, cita-se a seguinte declaração de São Vicente de Lerins:




“Afirmemos aquilo em que se tem acreditado em todas as partes, sempre e por todos, porque isso é verdadeiro e propriamente Católico”.





E também outra de Santo Agostinho que diz:




“A idêntica coisa que agora chamamos Religião Cristã, existiu entre os antigos e nunca faltou desde os começos da raça humana até à vinda de Cristo em carne, desde cujo momento a verdadeira religião que já existia, começou a chamar-se Fé Cristã”.






No decorrer da História do Cristianismo, encontramos sempre duas tendências:






1)-Uma atitude mais estreita, limitada e ortodoxa, que sustenta somente certas crenças e doutrinas estreitamente definidas, derivadas geralmente das escrituras ou de opiniões de algum Padre da igreja ou teólogo particular. Esta primeira atitude costuma vir acompanhada de intolerância, condenação e perseguição aos que pensam de forma diferente. Tem a tendência a converter-se em dogmatismo estreito e em uma interpretação literal e materialista que gradualmente impede toda a nova visão e amplitude da verdade, que conforme Tomás de Aquino, é maior que nossa inteligência condicionada.






2)-Uma tendência “Liberal”, mais aberta, disposta a aceitar o que concorde com o sentido comum e a intuição, incluindo os ensinamentos de outras religiões e filosofias. A segunda atitude é de tolerância e de apreciação de outros pontos de vista e com frequência tende a extrair de diversas fontes uma visão global que apela ao coração humano e à razão. Esta é a que podemos chamar de uma atitude “Liberal”. As vezes se inclina a ser sincretista, ou eclética, quer dizer, combinar diferentes doutrinas, atitude esta que é anatematizada pela mente dogmática que não pode aceitar senão uma só verdade ou revelação.






Estas duas tendências são manifestações de qualidades inerentes à mente humana, e não à divina!






Uma ensina, como diríamos, a nível terreno, para baixo, pois só percebe o que crê que é sólido e realidade na matéria e em todas as coisas terrenas. O outro ensinamento instintivamente indica para cima, até ao céu, percebendo uma visão ideal da unidade divina na diversidade de toda a criação. A melhor e mais bela representação simbólica destas duas atitudes nos é dada pelo famoso quadro de Rafael, existente na biblioteca do Vaticano, que nos mostra em sua pintura, a Academia de Atenas: “No centro do célebre quadro, aparecem Platão e Aristóteles, os dois grandes filósofos da antiguidade, um assinalando com o dedo para cima, e o outro para baixo. Nos gestos simbólicos desses Filósofos percebemos uma verdade que o grande artista quis revelar-nos: que estas qualidades são características dadas por Deus ao homem, ambas como partes iguais para sua missão divina na terra. Uma para explorar o mundo criado até suas últimas profundidades e a outra para alçar-se em contemplação e devoção até Deus nas alturas como meta final de sua peregrinação”.














Em nossa Declaração de Princípios, encontramos a seguinte referência às escolas de pensamento com as quais a Igreja Católica liberal pretende ter afinidade: “Ao formular este corpo de doutrina e ética, a Igreja Católica Liberal assume uma posição que por certos aspectos é distinta entre as Igrejas da Cristandade. A Igreja Cristã sempre conteve dentro de si diferentes escolas de pensamentos. Os escolásticas medievais que sistematizaram a Teologia na Igreja do Ocidente, seguiam os métodos de Aristóteles. Porém, os primeiros Padres da Igreja, de tendências filosóficas, foram Platonistas. E a Igreja Católica Liberal, sem menosprezar a claridade e precisão dos sistemas escolásticos, tem muito em comum com as Escolas Platônica e Neo-Platônica de tradição Cristã”.







É, pois, entre os representantes das Escolas Platônica e Neo-Platônica de tradição Cristã, que teremos que ir buscar a nossos precursores espirituais. Vejamos então, alguns de seus ensinamentos:






1)-Clemente de Alexandra (150 a 215 D.C.) foi por algum tempo chefe da Escola Catequista de Alexandria. Ensinou uma síntese da filosofia grega e as doutrinas éticas da Cristandade.




“O Caminho e a Verdade são portanto unos, porém, dele como a um rio permanente, afluem correntes de todas as direções”.




Clemente falava muito da existência de mistérios na Cristandade e de uma tradição secreta ou Gnosis (conhecimento) transmitida desde os apóstolos: a Tiago e a Pedro lhes foi entregue a Gnosis pelo Senhor, depois da ressurreição. Eles a entregaram ao resto dos Apóstolos e estes aos Setenta. Os mistérios se transmitem misticamente e o que se diz, pode estar na boca do que fala, mas não em sua voz, mas sim no seu íntimo. Cristo é o Mestre dos Mistérios Divinos e a Igreja ensina que os “Mistérios Menores” e a Gnosis, ou conhecimento interno, são o caminho para os “Mistérios Maiores”. Clemente foi contemporâneo das grandes escolas Gnósticas e tal os mais modernos Doutores Gnósticos, susteve que a Gnosis, (um conhecimento interno ou iluminação) era um elemento essencial para a perfeição do indivíduo. Todo Cristão deveria esforçar-se até esta meta. Seu ideal gnóstico Cristão é um dos mais nobres Ideais que se apresentam ao homem: “Vive uma vida de pureza, amor e beleza, como ensinou Cristo”.







2)-Orígenes, (185 – 257 D.C.) sucedeu a Clemente como chefe da Escola de Alexandria. Foi considerado como o primeiro grande teólogo da Igreja. Ensinou doutrinas bem familiares para os Católicos Liberais. Orígenes foi mais conhecido por seus ensinamentos sobre a pré-existência. Pensava-se geralmente que ele não ensinava a reencarnação como se entende agora. Porém, as seguintes citações de seu “DE PRINCIPIS” parecem implicar que a ensinava, pelo menos em parte:




“A alma não tem princípio nem fim… Toda a alma entra neste mundo fortalecida pelas vitórias ou debilitada pelas derrotas da vida anterior… seu trabalho neste mundo, determina seu comportamento no mundo que se há de seguir a este…”





Orígenes foi também um UNIVERSALISTA, quer dizer, acreditava que todos os homens serão “SALVOS”, porque são divinos em essência: “Todos, em sua devida hora e por sua própria vontade, regressarão a Deus; incluindo o diabo e os “Anjos Caídos”, regressarão finalmente salvos e então “Deus estará todo e em Todos” (Doutrina condenada pela igreja).






3)-Giordano Bruno (1548 – 1600) foi um monge Dominicano que teve de fugir da Itália por suas opiniões ortodoxas, porém, finalmente foi aprisionado pela Inquisição e queimado vivo na fogueira em 1600. Aparece um grande lapso de tempo entre Orígenes e Bruno, porém isto não significa que durante esse tempo não houve homens e mulheres com ideais similares em certos aspectos, com que agora têm os membros da Igreja Católica Liberal. Bruno foi um defensor do sistema Copérnico, porém, também ensinou que a natureza vive e é divina. Deus é a onipenetrante da alma das coisas, o pequeno e o grande e por sua vez imanente e transcendente:





“Sustento que o universo é infinito… Mundos infinitos existem ao lado de nossa Terra. Sustento, com Pitágoras, que a Terra é uma estrela como todas as demais… Que todos estes inumeráveis mundos são um conjunto no espaço infinito…”





Ao nos aproximarmos do Século XX encontramos que se usa a palavra “LIBERAL” para descrever certas opiniões e doutrinas que apareceram no século XIX entre católicos e protestantes.Tem-se definido esta palavra como “Sustentar opiniões liberais em política e teologia” como significando mente aberta, sem prejudicar ou se opor ao pensamento conservador, literal ou ortodoxo.Neste sentido, tem havido e todavia há “Católicos Liberais” dentro do rebanho Católico Romano e “Protestantes Liberais” e “Evangélicos Liberais”, dentro das Igrejas Protestantes:Tudo quanto possa dizer-se que há em comum entre eles é uma tendência geral a favorecer a liberdade e o progresso. Com um sentido mais amplo, é que nossa Igreja adotou o nome de “Católica Liberal”, sendo um movimento de um tipo diferente ao “Catolicismo Liberal” que floresceu dentro da Igreja Romana no século XIX. Durante o século XIX houve grupos liberais, principalmente entre os intelectuais, na Igreja Católica Romana na França, Itália, Alemanha e Inglaterra. Em cada país eram algo diferentes as suas opiniões e propósitos a miúdo mesclados com diferentes fins políticos.Todos estes grupos e tendências liberais foram condenados pelo Papa Pio IX na SYLLABUS ERRORUM de 1864. O “cemitério” para o movimento liberal na Igreja Católica Romana veio com o pronunciamento da INFABILIDADE do Papa no 1.º Concílio Vaticano em 1870.














Um movimento posterior de índole algo diferente e mais radical, o MODERNISMO, surgiu na virada do século e foi condenado pelo Papa em 1907. Mencionemos um grupo de teólogos Anglo-Católicos que sob a liderança do Bispo Charles Gore tratou de entrar em entendimentos com o pensamento moderno em princípios deste século. O Livro LUX MUNDI (LUZ DO MUNDO) de muitos autores, foi editado pelo Bispo Gore, que gostava de apelidar este movimento da Igreja Anglicana como “Catolicismo Liberal”. Ao repassar a história da Cristandade, vemos que os Católicos Liberais podem pretender e sentir pelo menos uma afinidade parcial com alguns Padres da Igreja, místicos, filósofos, letrados e também com movimentos que têm caracterizado a Religião Cristã através das idades, desde Platão até alguns dos grandes Instrutores Gnósticos, tais como Clemente de Alexandria, Orígenes e outros e até mesmo Santo Agostinho.












*Sobre Prof. Felipe Aquino: O Prof. Felipe Aquino é doutor em Engenharia Mecânica pela UNESP e mestre na mesma área pela UNIFEI. Foi diretor geral da FAENQUIL (atual EEL-USP) durante 20 anos e atualmente é Professor de História da Igreja do “Instituto de Teologia Bento XVI” da Diocese de Lorena e da Canção Nova. Cavaleiro da Ordem de São Gregório Magno, título concedido pelo Papa Bento XVI, em 06/02/2012. Foi casado durante 40 anos e é pai de cinco filhos. Na TV Canção Nova, apresenta o programa “Escola da Fé” e “Pergunte e Responderemos”, na Rádio apresenta o programa “No Coração da Igreja”. Nos finais de semana prega encontros de aprofundamento em todo o Brasil e no exterior. Já escreveu 73 livros de formação católica pelas editoras Cléofas, Loyola e Canção Nova.







Fonte:https://cleofas.com.br/igreja-catolica-liberal/








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Neste Apostolado APOLOGÉTICO (de defesa da fé, conforme 1 Ped.3,15) promovemos a “EVANGELIZAÇÃO ANÔNIMA", pois neste serviço somos apenas o Jumentinho que leva Jesus e sua verdade aos Povos. Portanto toda honra e Glória é para Ele.Cristo disse-nos:Eu sou o caminho, a verdade e a vida e “ NINGUEM” vem ao Pai senão por mim" (João14, 6).Defendemos as verdade da fé contra os erros que, de fato, são sempre contra Deus.Cristo não tinha opiniões, tinha a verdade, a qual confiou a sua Igreja, ( Coluna e sustentáculo da verdade – Conf. I Tim 3,15) que deve zelar por ela até que Ele volte(1Tim 6,14).Deus é amor, e quem ama corrige, e a verdade é um exercício da caridade. Este Deus adocicado, meloso, ingênuo, e sentimentalóide, é invenção dos homens tementes da verdade, não é o Deus revelado por seu filho: Jesus Cristo.Por fim: “Não se opor ao erro é aprová-lo, não defender a verdade é nega-la” - ( Sto. Tomás de Aquino).Este apostolado tem interesse especial em Teologia, Política e Economia. A Economia e a Política são filhas da Filosofia que por sua vez é filha da Teologia que é a mãe de todas as ciências. “Não a nós, Senhor, não a nós, mas ao vosso nome dai glória...” (Salmo 115,1)

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