Formulando melhor a pergunta: Assim
como Agostinho "de certa forma" Cristianizou o Platonismo pagão, utilizando
elementos transcendentes desta filosofia na doutrina Cristã, e Tomás de Aquino
fazendo o mesmo, usando os argumentos racionalistas do Aristotelismo para
fundamentar a Doutrina Católica, seria possível usar elementos do Marxismo na
Doutrina Social da Igreja?
ARGUMENTAÇÃO FAVORÁVEL A ESTA POSSÍVEL CONCILIAÇÃO:
Por Grimaldo
Carneiro Zachariadhes
“Que faria São Tomás de Aquino, o
comentador de Aristóteles, diante de Karl Marx?”
Este foi o título de uma
palestra realizada na Universidade de Chicago, no dia 29 de outubro de 1974,
pelo então arcebispo de Olinda e Recife, Dom Helder Câmara, para a comemoração do 7.ºcentenário da morte de São Tomás de
Aquino. O sacerdote, nesta
ocasião, fez um desafio para a universidade americana: “Que fizessem com o pensador Karl Marx o que São Tomás
fizera com Aristóteles, ou seja, reinterpretasse-o, retirando dele aquilo que
era positivo. E aos que poderiam se
negar a fazê-lo, alegando que Marx era "materialista,
ateísta militante, agitador, subversivo, anticristão", ele lembrava que quando
um homem empolga milhões de criaturas humanas, sobretudo de jovens; quando um
homem inspira a vida e a morte de grande parte da humanidade, e faz poderosos
da terra tremer de ódio e de medo, este homem merece que o estudemos, como
certamente o estudaria quem enfrentou Aristóteles e dele soube destacar tudo o
que havia de certo...” (Câmara, 1975, p.
53).
Este artigo pretende analisar "o que faria São Tomás de Aquino diante de
Karl Marx, isto é, como se daria este diálogo entre católicos –
especialmente os jesuítas – e marxistas", principalmente durante a segunda
metade do século XX, no Brasil!
Vou privilegiar neste
texto o Centro de Estudos e Ação Social (Ceas) e buscar compreender como esta instituição, fundada pela
Companhia de Jesus, promoveu este diálogo e como reinterpretou o marxismo com
base na sua visão cristã, utilizando como fontes principalmente a
sua revista intitulada Cadernos do Ceas.
DAS CONDENAÇÕES AO DIÁLOGO – É POSSÍVEL?
Em 1937, Pio XI publicava a encíclica Divini Redemptoris, na qual
demonstrava aos católicos sua preocupação com o comunismo ateu, reafirmando
as condenações feitas pelos seus predecessores e por ele mesmo em outros
momentos. O Papa se preocupava com o crescimento dos
comunistas e alertava aos "veneráveis Irmãos" que: "Não
se deixem enganar! O
comunismo é intrinsecamente perverso e não se pode admitir em campo nenhum a
colaboração com ele. Lembrava que nos países aonde os comunistas chegaram ao poder, se manifestava o
ódio dos sem-Deus contra os cristãos...” (Pio XI, 1937, p. 53). Esta
afirmação papal expressava muito bem as pertinentes e comprovadas preocupações
da Igreja Católica em relação aos comunistas naquele momento! A posição do clero era de enfrentamento aos comunistas, que eram
vistos como inimigos que deveriam ser combatidos (e virse versa). Além
da crítica ao ateísmo dos comunistas, os
religiosos discordavam da solução que era proposta por eles nas questões
sociais. A Igreja Católica, preocupada com as condições de
pobreza dos trabalhadores e também com a influência dos comunistas sobre eles, começou
a formular um pensamento social católico. O
clero procurava construir uma alternativa para o socialismo e para o
liberalismo econômico que era visto, também, como um mal e responsável pela situação de penúria dos trabalhadores.
Em 1891, o Papa Leão XIII publicou a encíclica "Rerum Novarum"
A partir desta obra, a Igreja Católica começou a formular oficialmente sua
Doutrina Social, que serviria de direção para a atuação do clero e dos
católicos nas questões sociais. Leão
XIII afirmava que: “Pretendia vir em "auxílio dos homens das classes
inferiores, atendendo a que eles estão,
pela maior parte, numa situação de infortúnio e de miséria imerecida. O Papa
constatava que o que é vergonhoso e desumano é usar dos
homens como de vis instrumentos de lucro, e não os estimar senão na
proporção do vigor dos seus braços".
Após o diagnóstico do problema, Leão XIII colocava a solução
nas mãos dos patrões:
Pois, a eles competia a responsabilidade pelos
operários, garantindo-lhes plena satisfação nas condições materiais (Leão XIII, 1891, pp. 10-23).
O Papa Pio XI, ao comemorar os 40 anos da Rerum Novarum,
lembrava que:
“Em certas regiões do mundo, os trabalhadores ainda
estavam relegados à ínfima condição e sem a mínima esperança de se verem jamais senhores de um
pedaço de terra; se não se empregam remédios oportunos e eficazes,
ficarão perpetuamente na condição de proletários" (Pio XI, 1931, p. 39).
“No
entanto, esse remédio tem que ser segundo os princípios
de um são cooperativismo, que reconheça e respeite os vários graus da
hierarquia social" (Pio XI, 1937, p. 33).
A Doutrina Social Católica
defendida pelo clero, propõe o modelo
evangélico no socorro aos pobres, e propunha como solução para os
problemas socioeconômicos, uma conciliação entre as classes.Tanto nas
declarações papais quanto nas da hierarquia brasileira existia uma condenação
enfática da luta de classes. Em alguns momentos chegaram a afirmar que seria
uma invenção dos comunistas para desestruturar a sociedade.
O episcopado brasileiro reforçava que:
"A luta de classe é abominável aos olhos de Deus porque divide
os homens, sob o signo do ódio, da violência e da morte. O grande ideal cristão é que se chegue, pelo feliz
encontro de soluções harmoniosas, a uma transformação social em que as riquezas
se espalhem, em justo equilíbrio, por todos os homens que trabalham... é preciso que os
homens, dirigidos e dirigentes, empregados e empregadores se tratem dentro do
critério de respeito, dignidade, justiça e fraternidade...” (Manifesto do Episcopado Brasileiro sobre a
Ação Social, 1946, pp. 482-483).
A hierarquia católica estava
preocupada em ajudar a formular soluções para os problemas sociais, mas ao
negar a luta de classes, acabava por perceber as relações sociais de uma forma um
tanto idílica. Colocava no mesmo patamar trabalhadores e patrões, acreditava piamente
que os objetivos de ambos não necessariamente tinham de entrar em conflito.
Ao invés de estimular os trabalhadores na luta por melhorias, pedia aos patrões
que, por um dever moral, concedessem aos seus empregados um justo salário.
A solução para as questões sociais tinha de passar pela conciliação
entre as classes que para o clero não deveriam ser antagônicas! Isso fica latente quando lemos o estatuto da Federação
Operária Cristã de Pernambuco que afirmava que sua função era:
"Restabelecer a paz no mundo do trabalho, pelo respeito dos
direitos de todos e pelo estabelecimento das mais cordiais e harmoniosas
relações entre patrões e operários" (Souza, 1994, p. 17).
Os jesuítas criaram um organismo para trabalhar
com os operários, em Fortaleza, no Ceará, chamado "União Popular Cristo Rei" que
tinha como objetivo:
"Criar
harmonia baseada na justiça entre as classes de patrões e operários"
(Azevedo, 1986, p. 236).
O CONCEITO DE LUTA DE CLASSES PARA A IGREJA E MARXISMO SÃO
DIFERENTES!
Então, nesse, como em outros
pontos, entravam em choque o pensamento oficial da Igreja Católica e o
comunismo. Por isso se torna necessário
que se entenda o que significava classe para ambos:
LUTA
DE CLASSES NO MARXISMO:
Apesar de classe ser um
conceito fundamental da obra de Karl Marx, ele nunca definiu
explicitamente o que seria; mas podemos perceber alguns elementos do que
significava para ele. Classe
social serve para identificar os agrupamentos que emergem da estrutura das
desigualdades sociais. Para Marx, as classes são as expressões do
modo de produzir de uma sociedade, mas o próprio modo de produção se define
também pelas relações que intermedeiam as classes sociais e que dependem das relações
das classes com os instrumentos de produção. Toda classe é sempre
definida pelas relações que a ligam às outras classes, dependendo tais relações
das diversas posições que as classes ocupam no processo produtivo. Ele lembra
que: "Os
indivíduos isolados só formam uma Classe na medida em
que têm de travar uma luta comum contra uma outra classe" (Marx e
Engels, 1984, p. 83) - “A
luta de classes é o confronto - aberto ou dissimulado – que se produz entre
classes antagônicas em favor de seus interesses enquanto classe. Os
proprietários dos Meios de Produção querem explorar ao máximo os trabalhadores,
pagando o menor salário possível; em contrapartida, os
trabalhadores querem o inverso”. E são esses interesses intrínsecos
às classes antagônicas que fazem com que os marxistas afirmem que o Capital e o
Trabalho não têm interesses comuns. A luta
de classes não ocorre apenas no conflito aberto, ela está presente em todo
momento das relações entre os proprietários dos Meios de Produção e os que têm
que vender a sua força de trabalho.
CONCEITO LUTA DE CLASSES NO CATOLICISMO (MEMBROS DE UM CORPO)
A classe social para o clero fundamentava-se sobre uma concepção de mundo própria da Igreja Católica: “A sociedade deve ser vista como um Corpo harmonioso, cujas diversas partes deveriam cooperar em vista de um bem comum (conceito Paulino da Igreja Corpo de Cristo).As classes (carismas) eram diversas, mas, não antagônicas; e deveriam se complementar para não enfraquecer o Todo”. As classes, para esse pensamento social católico, eram diferenças hierárquicas entre grupos que sempre estiveram presentes na história da humanidade, por isso, que em alguns documentos, chegaram a afirmar que era "uma lei da natureza". O Clero entendia a sociedade como um Corpo Social, sendo cada classe, na verdade, membro deste mesmo Corpo. Por essa visão, cada membro (classe) tinha sua função e deveria "colaborar em harmonia com os outros membros" para o bem do Todo!
“A ordem é a unidade resultante da disposição
conveniente de muitas partes, e o corpo social não será verdadeiramente ordenado, se não há
um vínculo comum que una solidamente
num só todos os membros que o constituem"
(Pio XI, 1931, p. 49).
Por esta concepção, patrão e empregado devem sim, ter os mesmos interesses: o
bem-comum. E para que isso fosse alcançado,
cada um tinha de fazer a sua parte! A função dos trabalhadores seria
trabalhar e a dos proprietários zelar pelos seus empregados e cuidar dos
negócios. Em relação às desigualdades sociais, os Papas criticavam os
comunistas, pois eles queriam acabar com as classes e tornar a sociedade
igualitária, e isso, seria um atentado contra as leis naturais. Neste sentido, Pio
XI alertava que: "Erram vergonhosamente todos
que sem consideração atribuem a todos os homens direitos absolutamente iguais na sociedade
civil e asseveram que não existe legítima hierarquia" (Pio XI, 1937, p.
34).
Leão XIII já tinha lembrado muito tempo antes que:
“A desigualdade reverte em proveito de todos, tanto da
sociedade como dos indivíduos; porque a vida social requer um organismo variado
e funções muito diversas" (Leão XIII, 1891, p. 21).
Em outras palavras, existe uma
desigualdade social que é condenada por Deus, mas
existe uma desigualdade de ordem natural que é querida e estabelecida por Deus,
pois a criação é necessariamente desigual, tanto no mundo visível como
invisível. Seria portanto, necessário existir pessoas para fazer serviços braçais
e artísticos, esportivos e artesanais (operários) e aqueles que administram
(Patrões). Tentar subverter esta ordem, acabaria por levar à desarmonia
do Todo, seria como querer mudar a ordem dos astros no universo!
Se a Doutrina Social da Igreja negava a luta de classes, uma
vez que "entendia a sociedade como Corpo Social", então era:
"Erro capital na questão presente crer que as duas classes são
inimigas uma da outra, como se a natureza tivesse armado os ricos e os pobres
para se combaterem mutuamente num duelo obstinado. Isto é uma
aberração tal, que é necessário colocar a verdade numa doutrina contrariamente
oposta, porque, assim como no corpo
humano os membros, apesar de sua diversidade, se adaptam maravilhosamente uns
aos outros, de modo que formam um todo...assim também, na sociedade, as
duas classes estão destinadas pela natureza a unirem-se harmoniosamente" (Leão XIII, 1891, p. 22).Com esta concepção de
sociedade como um Corpo Social, a luta de classes
acabava sendo percebida apenas como o conflito aberto, a pura violência entre
os grupos hierárquicos; assim sendo, contrário ao amor evangélico (e o "Comunismo REAL" comprovou isto). Neste sentido, muitas
vezes, o clero acabou defendendo interesses das classes dominantes contra os trabalhadores.
Pode-se dizer que essa visão de luta de classes na sociedade foi hegemônica no
clero, na primeira metade do século passado.
Mas, a partir da década de 1950, e
principalmente após o Concílio Vaticano II, a Igreja se abriu para o mundo e
outro pensamento social começou a ser construído, na América Latina,
principalmente com a Teologia da Libertação.
Com o acirramento e a
politização dos conflitos sociais, principalmente na América Latina, essa
concepção de Corpo Social começava a se deturpar e perder força para vários setores
católicos. A Igreja Católica iniciava o seu aggiornamento. Com a eleição de João XXIII e o
Concílio Vaticano II, essa atualização foi impulsionada. “O Concílio enfatizou a missão social e integral da Igreja Católica, defendeu a importância
do laicato dentro da instituição, valorizou o diálogo ecumênico, modificou a
liturgia para torná-la mais acessível e
desenvolveu a noção de Igreja como povo de Deus. Substituiu a ideia de Igreja
como mestra do mundo pela de serva de Deus do mundo”. A constituição pastoral do
Concílio Vaticano II, Gaudium et Spes, demonstrava claramente a abertura da
Igreja Católica ao mundo moderno e a procura de um diálogo da hierarquia com os
setores antes desprezados na intenção da construção de um mundo melhor."Ainda
que rejeite inteiramente o ateísmo, todavia a Igreja
proclama sinceramente que todos os homens, crentes e não crentes, devem
contribuir para a reta construção do mundo no qual vivem em comum. O que
não é possível sem um prudente e sincero DIÁLOGO" ("Gaudium es
Spes", 1966, p. 28).Estava aberta a porta para um
diálogo mais intenso entre os setores católicos mais progressistas e os
segmentos da sociedade que lutavam por uma transformação social, em especial,
os comunistas. E o diálogo seria bem-vindo para alguns comunistas como mostra o
então marxista Roger Garaudy, que afirmou:"O
futuro do homem não poderá ser construído nem contra os
crentes, nem tampouco sem eles; o futuro do homem não poderá ser
construído nem contra os comunistas, nem mesmo sem eles" (Garaudy, 1966,
p. 10).No entanto, pelo menos desde a
década de 1950, alguns teólogos franceses já estavam estimulando esse diálogo
com o marxismo e influenciaram importantes segmentos da Igreja Católica no
Brasil. O jesuíta francês Jean-Yves Calvez publicou O
pensamento de Karl Marx, no qual promoveu um diálogo crítico com Marx e os
marxistas, e que influenciou vários segmentos católicos. Apesar das duras críticas de Jean-Yves Calvez a Marx
e aos seus seguidores, Calvez despertou alguns inacianos e leigos para um maior
conhecimento da obra do pensador alemão, como nos mostra o depoimento de Hebert
de Souza, o Betinho: "Lemos
Marx através de Yves Calvez... Nossa leitura de Marx,
via Yves Calvez, era no fundo uma busca de conciliação, uma forma de resgatar
no Marx que desconhecíamos um Marx que pudéssemos conhecer sem negar o que
éramos, e éramos cristãos..." (Palácio, 1982, p. 19).
Esse diálogo entre os comunistas e católicos teve seu início
no continente europeu!
Porém, nesse momento, foi um diálogo com muita cautela e certas desconfianças de
ambas as partes, como está claro no livro organizado por Mário
Gozzini: Diálogo posto à prova, em que católicos e comunistas italianos
debatiam as possibilidades e limites desse encontro. O intelectual católico
Ruggero Orfei afirmava categoricamente que: “O cristão
não pode ser comunista por existir uma fratura irremediável entre ambos, e
fazia severas críticas ao comunismo; porém, defendia o
diálogo e a aceitação de homens que discordam de nós e até mesmo que nos
combatem...como um sinal da Providência a ser compreendido e
interpretado" (Orfei, 1968, pp. 177-191).
No Brasil, esse debate esteve presente em algumas publicações
voltadas para os cristãos!
Na revista Paz e Terra existem
inúmeros artigos de pensadores europeus e brasileiros que analisaram esse
diálogo de muitas maneiras. Para todos os autores era certeza de que na
segunda metade do século XX, a convergência de posições entre marxismo e
cristianismo surgia como um dos fenômenos mais interessantes do período. Para
Michel Verret, o diálogo entre marxistas e católicos foi imposto pela realidade
histórica, pela vida e, por isso: "Queremos
abordá-lo sob o ângulo da vida: não pelas ideias que
nos separam (Deus), mas pela terra que nos é comum, pelos homens que,
embora com crenças e sinais diferentes, têm que enfrentar os mesmos
problemas" (1966, pp. 163-179).Paul Lehmann, em seu artigo
intitulado Ética cristã – Ética marxista, enumerava as semelhanças entre a
filosofia cristã e a marxista. O autor afirmava que: "O
que é comum ao cristianismo e ao marxismo é a convicção de que a libertação do
homem realizar-se-á messianicamente" (1966, pp. 156-157).
"No
marxismo, como já sabem, este papel messiânico será exercido pelo proletariado.
No cristianismo, será exercido na e através do pacto na comunidade cristã"
(Lehmann, 1966, pp. 156-157).Por isso, poderia ocorrer um diálogo
verdadeiro já que essas duas filosofias têm muito em comum; e partindo deste
ponto, corroborava o que Luiz Maranhão escreveu para os marxistas brasileiros: "Já
não se trata de estender-lhes a mão [aos católicos], mas de marcharmos juntos
com eles" (Maranhão, 1968, p. 71).Como foi afirmado
anteriormente, este diálogo entre católicos e comunistas começou na Europa, mas
foi na América Latina onde se produziram as alianças mais significativas entre
os comunistas e os cristãos.
No Chile, a Esquerda Católica foi um importante
elemento no governo de Salvador Allende, como também na revolução nicaraguense
e em El Salvador, onde os cristãos (incluindo vários jesuítas) desempenharam um
papel essencial.
Na Colômbia, o padre Camilo Torres foi morto
após aderir à luta armada, ingressando no Exército de Libertação Nacional
(ELN), combatendo pela revolução armada em seu país.
Em 1972, aconteceu o
"Primeiro Encontro Latino-Americano de Cristãos para o Socialismo", no
Chile, que procurou fazer uma síntese do marxismo e cristianismo no continente
latino-americano e foi influenciado pelo jesuíta Gonzalo Arroyo.
Foi também, na América Latina
que se operaram as transformações mais importantes dentro do pensamento
católico, principalmente na Teologia da Libertação, movimento que surgiu
durante a década de 1970 e que fez uma nova interpretação dos Evangelhos a
partir dos problemas sociais do continente. Considerada como a primeira
teologia a nascer no terceiro mundo, por isso sempre esteve muito mais
preocupada com os problemas colocados pela miséria e exploração da população
latino-americana. O teólogo espanhol José Ramos Regidor afirma que:“A originalidade da Teologia da Libertação não seria a opção
pelos pobres (com toda a razão, ele lembra que isso é uma característica da
tradição católica), mas, sim, o reconhecimento das classes populares
como sujeitos históricos em uma dupla dimensão: "sujeitos históricos na
sociedade, capazes de autodeterminação e protagonismo na luta pela própria
libertação", porém, também o reconhecimento como sujeitos históricos
dentro da Igreja na "produção de evangelização e de teologia"
(Regidor, 1996, p. 30).Essa teologia latino-americana
recorreu às ciências sociais para auxiliar na análise da realidade
latino-americana, e, em especial, ao marxismo. Os teólogos da libertação
reinterpretaram o marxismo de acordo com sua visão cristã e também com sua
experiência social, adaptando-o à sua realidade. Segundo o marxista
Michael Löwy, o uso do marxismo pelos católicos progressistas para analisar a
realidade latino-americana deveu-se ao seguinte motivo:"Essa
descoberta do marxismo pelos cristãos progressistas e pela teologia da
libertação não foi um processo meramente intelectual ou
acadêmico. Seu ponto de partida foi um fato inevitável, uma realidade brutal e
geral na América Latina: a pobreza. Para muitos fiéis preocupados com o
social, o marxismo foi escolhido porque parecia ser a explicação mais
sistemática, coerente e global das causas para essa pobreza, e a única proposta
suficientemente radical para aboli-la" (Löwy, 2000, p. 123).
Este diálogo entre o catolicismo e o marxismo
esteve presente também no Centro de Estudos e Ação Social (Ceas):
O Ceas é uma instituição fundada
pelos jesuítas na Bahia. Na sua revista – Cadernos do Ceas –, podemos
claramente perceber como os leigos católicos e os inacianos do Centro de
Estudos e Ação Social reinterpretaram o marxismo com base na sua tradição
católica:Os
religiosos e leigos do Ceas também fizeram a opção pelos pobres e procuraram
auxiliar as classes populares na sua libertação. Como lembrava o teólogo e
ex-coordenador do Centro Social, Cláudio Perani: o conhecimento de Deus deve
estar ligado à causa concreta da libertação (sem salvação?), já que não é
possível crer no Deus libertador sem participar no processo de libertação...” (Perani,
1980, p. 66).Mas esse contato com as bases
tinha de sempre levar em conta que os pobres eram os
responsáveis por sua libertação, eles não precisavam de um partido ou
intelectuais que decidissem por eles. Paulo
Cezar Lisboa, no encontro das obras sociais da Companhia de Jesus, em Salvador,
avisava que os membros do Ceas não tinham: "uma
proposta definida e precisa da sociedade, nem um modelo já pronto. Apenas acreditamos que, seja qual for esse projeto, ele só
será válido e exequível se contar sempre com a participação crítica e autônoma
do povo" (Ceas, 1993, p. 62).Segundo os documentos
produzidos pelos membros do Centro Social, o marxismo serviria para desmascarar
a realidade e os tornarem mais conscientes das estruturas e das causas da
pobreza. Em um encontro dos jesuítas, em que o então padre Tomás Cavazzuti
participou representando o Ceas, ele afirmou que:"parece
ter importância especial o uso da análise científica da sociedade formulada
pelo marxismo, para manter o senso crítico diante das ideologias, da realidade
social e da práxis histórica".
O documento "Entidade Ceas" (dezembro 1976)
assegurava que:
O
trabalho do Ceas estava "visando à transformação social". E se entendermos
o marxismo como filosofia da práxis, ou seja, como a produção de um
conhecimento para a transformação da realidade, perceberemos melhor a sua
influência dentro desse pensamento católico. Pois o que importava não era "conhecer a
verdade da história e da sociedade, mas a de transformar a realidade para que se torne mais humana" (Ceas, 1982, p.
57).Teoria e práxis se completavam
dialeticamente, pois toda ação necessitava de uma teoria que só se validava na
prática. Nos cadernos do Ceas de número 7, de junho de 1970, era transcrito o texto
do jesuíta Oswald Von Nell Breuning: Igreja católica e crítica marxiana do
capitalismo, que afirmava ter Marx tornado os cristãos mais conscientes
de que:"as
estruturas sociais concretas não devem ser aceitas assim como se apresentam,
como se fossem estruturas naturais; estas não são...categorias 'eternas' elas,
muito mais do que um 'dado', são um problema" (Nell-Breuning, 1970, p. 9).A pobreza não era uma
fatalidade divina, mas resultado de um Sistema perverso, e o marxismo ajudou os
católicos progressistas a perceberem os problemas estruturais da sociedade
capitalista e tornou-os mais cientes de que a realidade social não era
inexorável, era histórica; assim sendo, poderia ser transformada. Friedrich
Engels no seu trabalho Contribuição para a história do cristianismo primitivo
afirmava que entre o cristianismo primitivo e o Movimento operário de sua época
havia em comum que ambos pregavam a libertação, mas "o cristianismo transpõe
essa libertação para o além, numa vida depois da morte, no céu" (Engels,
1972, p. 353). Porém, isso não era mais válido nem para o pensamento
defendido pelo Ceas nem para alguns bispos e Superiores de Ordens religiosas do
Nordeste, que afirmaram:"A
salvação não se configura, portanto como realidade fora do mundo, a ser
alcançada apenas na trans-história, na vida de além-túmulo...Ela começa a
efetuar-se aqui: Eu ouvi os clamores do meu povo", 1973a, p. 57).Evidentemente que eles não negavam a importância da salvação espiritual; o
que eles defendiam era que a luta pela salvação tinha de começar em vida e na
vida. No pensamento social formulado pelo Ceas,
quando se falava em classe, era no sentido marxista do termo que se colocava.
No texto "Marxismo, cristianismo e luta de
classes", Rafael Belda criticou o sentido dado pela Doutrina Social Católica
tradicional à classe, pois, segundo ele:
"Não
captou o sentido exato do antagonismo objetivo entre as classes, em parte por
dar ao termo classe um sentido impróprio já que não percebia claramente os aspectos
estruturais dos problemas morais" (Belda, 1979, p. 62).O antagonismo entre as classes
era fruto das desigualdades da sociedade capitalista e a exploração sofrida
pelos trabalhadores era estrutural e, não, moral. Os
membros do Ceas chegaram a definir nos Cadernos o que significava classe para
eles. É de ressaltar a
importância dada à esfera econômica para o indivíduo ou camada social. Nessa
definição, classe é: "O
lugar que cada indivíduo ou camada social ocupa na
produção e distribuição dos bens econômicos. Cultura, prestígio, funções
sociais e políticas, status, profissão, vinculam-se, direta ou indiretamente, à
situação econômica" (Ceas, 1972, p. 28).
Talvez
a influência mais importante do marxismo no Ceas tenha sido a incorporação da
luta de classes no pensamento social católico!
E esse ponto faz-se necessário realçar, pois é
preciso deixar claro que a práxis do Ceas era orientada por esta certeza: “Na sociedade
capitalista existiam classes com interesses opostos, e não complementares como
defendia o Magistério social tradicional da Igreja, que entravam em
conflitos constantes, já que, a luta de classes é um fato objetivo, derivante
da contraposição necessária entre explorados e exploradores, característica do
sistema capitalista..." (Ceas, 1973b, p. 41).
Os membros do Ceas divergiam
da Doutrina Social tradicional da Igreja que percebia a luta de classes como
algo artificial para a sociedade, e quando alguém se referia à luta de classes,
era
como se estivesse pregando, na verdade, o ódio entre os homens; assim sendo,
iria de encontro ao amor pregado por Cristo. Isto para os membros do Centro
Social seria, na verdade, uma tendência moralizante de setores católicos que
não conseguiam ver os problemas na estrutura e se prendiam apenas no indivíduo.
Olhando por esse prisma, o problema não estaria na sociedade e, sim, na conduta
dos homens. E, ao invés de se lutar por uma transformação social, pedia-se que
o opressor percebesse a sua opressão e ajudasse o oprimido por um dever moral.
Esta era a crítica feita pelo jesuíta Cláudio Perani, uma vez que:“isto
apenas era uma maneira de levar o rico a ajudar alguns pobres, deixando estes
últimos numa situação de maior dependência e na mesma ou maior pobreza"
(Perani, 1977, p. 52).Podemos verificar como era
difícil para setores da Igreja Católica, religiosos e leigos, aceitar a luta de
classes, pois ainda se prendiam ao sentido tradicional dado pela Doutrina
Social. Para esses setores, quando os teólogos da libertação falavam em luta de
classes era como se eles quisessem dividir a sociedade, como se eles quisessem AUMENTAR ainda mais o conflito entre os homens (mas é exatamente assim que o Marxismo ateu pensa!).
Isso era tão forte no pensamento católico que o teólogo Gustavo Gutierrez, no
seu clássico Teologia da Libertação, teve de ressaltar: "Reconhecer a existência da luta de classes não
depende de nossas opções éticas ou religiosas. Há os que tentam considerá-la
algo artificial, estranho às normas que regem nossa sociedade...A luta de
classes não é produto de mentes fabricantes senão para quem não conhece ou não
quer conhecer o que produz o sistema ... Aquele que fala de luta de classes não
a propugna – como se ouve dizer – no sentido de criá-la de início por um ato de
(má) vontade; o que faz é provar um fato, e no máximo contribuir para que dele
se tome consciência" (Gutiérrez,
1979, p. 228).
O ERRO ANALÍTICO DE
MARX:
No seu trabalho Crítica da
filosofia do direito de Hegel, Karl Marx criticava Hegel, pois ele não tinha
percebido na gênese da superestrutura as condições materiais. Segundo
Marx, a religião só existiria porque os homens se encontravam perdidos; o
sentimento religioso era entendido como um fruto da alienação na sociedade
capitalista; assim sendo, "a abolição da religião enquanto felicidade
ilusória do povo é uma exigência que a felicidade real formula".
Podemos afirmar que para Marx: “Quando o homem não
estiver mais alienado pelo trabalho, em uma sociedade sem classes (onde?),
o fenômeno religioso não terá mais sentido, pois a religião não passa do sol ilusório que
gravita em volta do homem enquanto o homem não gravita em volta de si
próprio" (Marx, 1972, pp. 44-47).Devemos lembrar que Marx viveu
no século XIX, então, como um homem de seu tempo está refletindo em uma realidade
histórica definida. Porém, ainda na segunda metade do século XX, alguns setores
marxistas continuavam defendendo essa ideia. No texto Marxismo e Cristianismo
do filósofo Leandro Konder, ele percebia uma evolução do clero católico para
posições mais progressistas e se surpreendia com alguns documentos da Igreja
brasileira, por isso, defendia o diálogo entre comunistas e católicos de
esquerda. Ele avisava, entretanto, desde que a religião não venha a ser
canalizada para a repressão, para um marxista era:"absurdo pretender promover uma superação da ideologia religiosa
sem que tenha sido anteriormente criado o mundo que, em princípio pode vir a
tornar desnecessária tal
ideologia" (Konder, 1978, p. 65).
O
mundo em que a ideologia religiosa seria desnecessária era uma sociedade sem
Classes (dirigentes e dirigidos neste sistema,
não são duas classes?)
Enquanto os Papas defendiam
uma sociedade de conciliação de classes, alguns marxistas afirmavam que em uma
sociedade sem classes a religião não seria necessária. O Centro Social
percorria uma nova vertente na qual defendia que era justamente em uma
sociedade sem classes que se começaria a ser preparado o Reino de Cristo na
Terra. Mas uma pergunta se faz necessária: como chegar
a essa sociedade sem classes? A
questão não era fácil de ser respondida e nem eles tinham a pretensão de
oferecer fórmulas, mas o que eles sabiam era que: "a
solução não será oferecida pela classe dominante, ela será arrancada; não será
uma solução concordata, mas conflitual" (Girardi, 1972, p. 53).
O Ceas legitimava o uso da violência (de ataque) do oprimido
contra o opressor na luta pela sua emancipação!
O magistério da Igreja defende
o uso da violência moderada como último recurso de defesa, e não de ataque! Para os padres e leigos, se as classes dominantes para continuarem no poder utilizavam
a força para oprimirem as classes populares, não era nenhum ato
antievangélico a violência do oprimido para se libertar (porém, o Cristão a
exemplo de Cristo, não mata, mas dar a vida), pois:"a
experiência histórica mostra que a classe privilegiada
nunca renuncia espontaneamente às suas posições de poder, mas sempre
unicamente por ser vencida por uma força maior" (Ceas, 1973b, p. 45).É necessário, entretanto,
salientar que o uso da violência era legitimado, mas com muita cautela pelo
Ceas. O uso da força pelos cristãos tinha que obedecer a um código de ética,
pois "não se pode aceitar o uso indiscriminado da violência, a manipulação
de pessoas, o proselitismo fundado na calúnia ou na mentira" (Belda, 1979,
p. 64). A violência nunca era um fim em si mesmo. A força e o derramamento de
sangue só eram lícitos em situações extremas e em momentos históricos próprios,
pois "é necessário evitar que os oprimidos de hoje se tornem os opressores
de amanhã" (Ceas, 1973b, p. 45).Um
ponto em que o Ceas defendia a mesma concepção da
Doutrina Social Católica tradicional era em relação à propriedade privada.Para ficar mais claro o que
está sendo expresso aqui, é necessário analisar a encíclica de Paulo VI,
Populorum Progressio, de 1967. O Papa defendia nesse documento, um
desenvolvimento integral do homem, colocava a culpa da pobreza dos países
periféricos na exploração dos países centrais, criticava o capitalismo liberal
e em relação à propriedade privada afirmava:"Deus destinou a terra e tudo o que nela existe ao
uso de todos os homens e de todos os povos [...] Todos os outros direitos, quaisquer que sejam, incluindo os de
propriedade e de comércio livre, estão-lhe subordinados [...] Quer dizer que a
propriedade privada não constitui para ninguém um direito incondicional e
absoluto [...] o direito de propriedade nunca deve exerce-se em detrimento
do bem comum" (Paulo VI, 1967, pp. 21-22).É preciso reconhecer que os
Papas sempre defenderam a propriedade privada, mas nunca
deram a ela um direito absoluto. Tanto
Paulo VI como seus predecessores defendiam a propriedade privada, desde que não
infligisse o bem comum. O marxismo
contribuiu para o entendimento da realidade brasileira e para ajudar a
transformá-la, porém, o ponto de chegada é
a libertação do homem (igual a requerida pelo demônio?), no
sentido do humanismo cristão que, transcendental, ao contrário do humanismo
marxista e existencialista, assume e finaliza o desenvolvimento do homem todo e
de todos os homens a divinização em Cristo.
*Grimaldo Carneiro Zachariadhes: Mestre em História
Social pela UFBA e especialista em Educação pela UNEB; pesquisa o trabalho
social feito pela Companhia de Jesus no Brasil no século XX
POR QUE É IMPOSSÍVEL CONCILIAR CRISTIANISMO COM MARXISMO?
No séc. passado (XX), até a queda do
muro de Berlim e o colapso do socialismo real, o pensamento marxista de tal
forma parecia a verdadeira interpretação da história que muitos pensadores
cristãos, excluindo o ateísmo explícito do marxismo, julgaram dever adotar seu
método de análise da sociedade com sua consequente práxis, como instrumento
indispensável para a eficácia da participação dos cristãos no processo
sócio-político para a transformação das estruturas de injustiça.Na
Europa pensadores cristãos dialogavam com pensadores marxistas e, por sua vez,
pensadores marxistas reviam a posição radical do marxismo ortodoxo em relação à
religião. Essa revisão não significava, entretanto, a aceitação das verdades
da fé, mas o reconhecimento de que, no decorrer da história, a fé cristã,
não obstante os comprometimentos do ocidente cristão com formas injustas de
estruturação da sociedade, foi também, nós diríamos foi sempre, na medida de
sua autenticidade, uma força libertadora para os pobres e oprimidos.Na
América latina teólogos católicos se sentiram no dever de pensar a fé em função
da transformação da sociedade, “à luz da opção preferencial , mas quase
exclusiva e excludente pelos pobres”. Alguns
assumiram o método de análise marxista que privilegia o conflito: a luta de classes, como
ponto de partida de compreensão do processo histórico. Como o marxismo quis ser antes de tudo
um pensamento voltado para a prática política de tipo revolucionário, as “verdades da fé” passaram a ser compreendidas em função
da transformação social como motivadoras do respectivo compromisso político. Tendo na “luta de classes” a chave de leitura do
processo histórico, inevitável a divisão da sociedade em dois grupos: o dos
pobres –“empobrecidos”- oprimidos e o dos ricos, opressores, os beneficiários
da mais-valia.
Ao diálogo proposto pela Igreja, a contraposta
Marxista é a dialética da luta de classes
“O
Diálogo é o novo nome da Caridade” (S. João Paulo II)
Essa forma de pensar a dinâmica social,
universalizada, aplicada às relações intra-eclesiais, postulava
uma reformulação do modo de ser Igreja, onde se tornava difícil a aceitação de
uma Hierarquia – esta palavra
mesma se tornou suspeita – dotada pelo Espírito do carisma da verdade e do
governo na Igreja. Uma
eclesiologia da igualdade, embora com alguma base na Lumen Gentium, exacerbou
conflitos dentro da Igreja com forte repercussão nas instituições eclesiásticas
de ensino e de formação. Mesmo
as verdades reveladas sobre Jesus Cristo, sobre a Igreja e sobre o Homem
começaram a ser entendidas em função da transformação social, correndo o risco
de perder sua identidade irredutível, sua dimensão de transcendência. Nesse sentido o discurso de João Paulo
II na abertura da Conferência de Puebla foi decisivo para manter a teologia do
documento fiel à Tradição e, ao mesmo tempo, atenta às exigências do momento
histórico vivido pela Igreja na América Latina. O documento de Puebla, ao
tratar de “Evangelização, Ideologias e Política”, analisando os vários tipos de
ideologias, manifestou sua reserva à teologia que avançava nesta direção:“Recordamos
com o Magistério pontifício que ‘seria ilusório e perigoso chegar a esquecer o
nexo íntimo que os une radicalmente; aceitar os
elementos da análise marxista sem reconhecer suas relações com a ideologia,
entrar na prática da luta de classes e de sua interpretação marxista, deixando
de perceber o tipo de sociedade totalitária e violenta a que conduz tal
processo” (0A 34).Cumpre
salientar aqui o risco de ideologização a que se expõe a reflexão teológica,
quando se realiza partindo de uma práxis que recorre à análise marxista. Suas
consequências são a total politização da existência cristã, a dissolução da linguagem da fé no das ciências sociais e o
esvaziamento da dimensão transcendental da salvação cristã.
PUEBLA CONDENA OS DOIS SISTEMAS: LIBERALISMO E COMUNISMO!
"Ambas as
ideologias assinaladas: Liberalismo
capitalista e marxismo se inspiram em humanismos fechados a qualquer
perspectiva transcendente. Uma, devido a seu ateísmo prático; a
outra, por causa da profissão sistemática de um ateísmo militante” (DP Cap.2:
5,5).
Em parágrafos anteriores, o mesmo documento fazia a seguinte
advertência:
“São
correntes de aspirações com tendência para a absolutização, dotadas também de
poderosa força de conquista e fervor redentor. Isso lhes confere uma “mística”
especial e a capacidade de penetrar os diversos ambientes de modo muitas vezes
irresistível. Seus slogans, suas expressões típicas, seus critérios, chegam a
marcar profundamente e com facilidade mesmo aqueles que estão longe de aderir
voluntariamente a seus princípios doutrinais. Desse modo, muitos vivem e militam praticamente
dentro dos limites de determinadas ideologias sem haverem tomado consciência
disso”. O risco de uma ideologização da fé foi exaustivamente exposto pela
Congregação para a Doutrina da Fé na Instrução “Libertatis Nuntius” (6 de
agosto de 1984), assinada pelo seu Prefeito, hoje o Papa Bento XVI.
Adaptado de: Dom
Eduardo Benes de Sales Rodrigues Arcebispo de Sorocaba (SP)
MAS
POR QUE ESTA CONCILIAÇÃO É INVIÁVEL?
No Socialismo Maquiavélico,
os Fins Justificam os meios, e desta forma fazem do criador dessa premissa
Nicolau Maquiavel, “um Santo”. Comunismo e o Cristianismo são fundamentalmente incompatíveis. Um cristão
autêntico nunca poderá ser um comunista autêntico, porque as duas filosofias são antitéticas e não há
dialética lógica nem de princípios, meios e fins que possam reconciliá-las!
Por quê?
1)-
Primeiro, porque o Comunismo se baseia numa visão materialista e meramente humanista
da história e da vida.
2)- Segundo a teoria comunista, não é a inteligência nem o espírito que
decidem do universo, mas apenas a matéria; esta filosofia é
declaradamente secularista e ateísta. Para ela, Deus é um simples mito criado
pela imaginação; a religião, um produto do medo e da ignorância; e a Igreja,
uma invenção dos governantes para controlarem as massas. O Comunismo, tal como o
Humanismo, mantém, além disto, a grande ilusão de que o homem pode salvar-se
sozinho, sem a ajuda de qualquer poder divino, e iniciar uma nova
sociedade, eis um de seus poemas:
“Luto sozinho, e vença
ou morra,
não preciso de ninguém
que me liberte!
Não quero nenhum Cristo
que me diga
poder um dia morrer por mim...”
Ateísmo
frio, permeado de materialismo, assim é o Comunismo que não admite Deus nem
Cristo. No centro da fé cristã está a afirmação de que existe um Deus no
Universo, base e essência de toda a realidade. Ser de infinito amor e de poder
ilimitado, Deus é o criador, o defensor e o conservador de todos os
valores. O Cristianismo, ao contrário do materialismo ateu
do Comunismo, afirma um idealismo teísta, e não ateísta. A realidade não pode explicar-se tão somente por matéria em
movimento ou tensão de forças econômicas opostas. O
Cristianismo afirma que existe um Coração maior, um Pai extremoso que trabalha
através da História para a salvação dos seus filhos. O homem
não pode salvar-se a si próprio porque não é ele a medida de todas as coisas e
a humanidade não é Deus. Preso
pelas cadeias do seu próprio pecado e das suas próprias limitações, o homem
necessita dum Salvador.
3)- Em
terceiro lugar, o Comunismo assenta num relativismo ético e não aceita
absolutos morais estabelecidos. O bem ou o mal são relativos aos métodos mais
eficientes para o desenvolvimento da luta de classes. O Comunismo emprega a terrível filosofia de que os
fins justificam os meios. Apregoa pateticamente a teoria duma sociedade sem classes, mas,
infelizmente, os métodos que emprega para realizar esse nobre intento são quase
sempre ignóbeis. A mentira, a violência, o
assassinato e a tortura são considerados meios justificáveis para realizar esse
objetivo milenário de um messianismo terreno.Será isto uma
acusação falsa?Atentemos para as palavras de Lênim, o verdadeiro
estrategista da teoria comunista na Rússia:“Devemos estar prontos à empregar o ardil, a
fraude, a ilegalidade, a verdade encoberta, ou incompleta”.A História moderna tem passado por muitas noites de
agonia e por muitos dias de terror por causa desta opinião ter sido tomada a
sério por muitos dos seus discípulos (inclusive no Brasil).A contrastar com o
relativismo ético do Comunismo, o Cristianismo estabelece um sistema de valores
morais absolutos e afirma que Deus colocou dentro da própria estrutura deste
universo certos princípios morais, fixos e imutáveis. O imperativo do amor é a norma de todos os atos do homem e o
autêntico cristianismo recusa-se também a seguir a filosofia dos fins que
justificam os meios. Os meios, quando destrutivos, nunca podem construir
seja o que for, porque os meios são a representação do ideal na realização e na
confirmação do objetivo pretendido. Os meios imorais maus e
injustos, não podem conseguir os fins morais bons e justos, porque os fins já
pré-existem nos meios.
4)- E por fim, em quarto lugar: o Comunismo atribui o máximo valor ao Estado; o homem é feito
para o Estado, em vez do Estado para o homem. Poderão objetar que o Estado, na
teoria comunista é uma “realidade intermediária” que “desaparece” quando
emergir a sociedade sem classes. Em teoria, isto é verdade; mas também é verdade que, enquanto o Estado se mantém, é ele
a finalidade. O homem
é o meio para esse fim e não possui quaisquer direitos inalienáveis; os únicos
que possui derivam ou são-lhe conferidos pelo Estado. A nascente das liberdades
secou sob um tal regime em todos os lugares que foi implantado.Restringe-se no homem a
liberdade da imprensa, da associação, a liberdade de voto, a liberdade de ouvir
ou de ler o que quiser, e a pior castração: O direito de ir vir, pois tentar
sair destes países, é considerado traição e deserção.Arte,
religião, educação, música ou ciência, tudo depende do Estado, e o homem é
apenas o servo dedicado do Estado onipotente. Tudo isto não só é
contrário à doutrina de Deus, como também, à dignidade do homem criado livre e
para a autêntica liberdade, que só é verdadeira liberdade quando é opcional e
não imposta. O Cristianismo insiste que o homem é um fim porque é filho
de Deus, criado à sua imagem e semelhança. O homem é mais do que um animal reprodutor
dirigido pelas forças econômicas; é um ser com alma, coroado de glória e de
honra, dotado de liberdade.A maior deficiência do
Comunismo está em tirar ao homem exatamente a qualidade que faz dele um homem. Diz Paul Tillich que: o homem é homem porque é livre; e essa liberdade
traduz-se na capacidade que tem de deliberar, decidir e reagir.”
No
Comunismo, a alma do indivíduo está amarrada pelas cadeias do conformismo, e o
espírito pelas algemas da obediência ao partido. Despojam-no da consciência e
da razão!
O mal do Comunismo está
em não ter uma teologia nem uma Cristologia; revela
assim uma antropologia muito confusa, tanto acerca de Deus, como acerca do
homem. Apesar dos discursos brilhantes sobre o bem-estar das massas, os métodos do Comunismo e a sua filosofia despem o homem da
sua dignidade e do seu valor, reduzindo-o à despersonalização duma
simples roda na engrenagem do Estado.Tudo isto, claro, sai
fora da harmonia do pensamento cristão.
Não
procuremos enganarmo- nos!
Estes sistemas de ideias são por demais
contraditórios para poderem reconciliar-se. São maneiras totalmente opostas de
encarar o mundo e a sua evolução. Temos obrigação, como
Cristãos, de rezar sempre pelos comunistas, mas nunca poderemos, como
verdadeiros cristãos, tolerar a filosofia do Comunismo.Há, contudo, no espírito e na ameaça do Comunismo
alguma coisa que nos diz respeito. O falecido Arcebispo de Cantuária, William
Temple:Considerava o Comunismo como uma heresia cristã. Queria significar
com isso que algumas das verdades de que o Comunismo
possui, foi tomada de parte integrante
da doutrina cristã, embora misturadas com teorias e práticas que nenhum cristão
pode aceitar. A teoria do Comunismo, mas não decerto, a
prática, incita-nos a preocuparmo-nos unicamente e exclusivamente com a justiça
social, econômica e imanente, como se o ser humano se reduzisse apenas a isso, em
detrimento de toda e qualquer dimensão existencial, e ou transcendental. Com todas as suas falsas assunções e com todos os
seus métodos cruéis, o Comunismo surgiu como um produto contra as injustiças e
indignidades infligidas sobre os desprivilegiados.O Comunismo, na teoria,
insiste numa sociedade sem classes. Embora o mundo
saiba através de tristes experiências que o Comunismo criou classes novas (os
dirigentes e seus asseclas) pior e mais cruel do que a classe que a
revolução derrubou, e um novo Código de injustiça, na sua
formulação teórica prevê uma sociedade mundial que transcenda as futilidades da
raça ou da cor, da classe ou da casta.Teoricamente,
para pertencer ao partido comunista não é exigida a cor de pele dum homem nem o
tipo do sangue que lhe corre nas veias, mas exige sua adesão inquestionável à
ideologia e ao governo sob esta doutrina ideológica. Os Cristãos são obrigados a
reconhecer todo ou qualquer interesse apaixonado pela justiça social. Esse
interesse é fundamental na doutrina cristã da Paternidade de Deus e da
fraternidade dos homens.
Nunca nenhum doutrinador comunista
expressou uma tal paixão pelos pobres e pelos oprimidos, como a que
encontramos no Manifesto de Jesus quando afirma:
“O Espírito do Senhor
está sobre Mim pelo que Me ungiu; e enviou-Me para anunciar a boa-nova aos
pobres, para sarar os contritos de coração,
para anunciar aos cativos a redenção, aos cegos a restauração da vista; para
pôr em liberdade os cativos, para publicar o ano da graça do Senhor”
(Lucas 4, 18-19).
Os cristãos também são intimados a reconhecer esse ideal
de unidade, num mundo onde sejam abolidas todas as barreiras da casta ou de
cor. O Cristianismo em sua essência repudia o racismo. O amplo universalismo
centrado no evangelho torna moralmente injustificável a injustiça racial tanto
na teoria como na prática. O preconceito rácico é a negação flagrante da nossa
unidade em Cristo, porque em Cristo não há judeu ou gentio, cativo ou livre,
preto ou branco. Apesar da nobreza das afirmações
cristãs, nem sempre a Igreja tem demonstrado um grande interesse pela justiça
social de forma mais concreta e eficaz. Tão preocupada tem estado com a
felicidade futura “do além”, que se tem, por vezes, esquecido dos males
presentes “cá da terra”. Mas a Igreja é também desafiada a mostrar toda a
importância do Evangelho de Cristo dentro da situação social. É tempo já de perceber
que existem dois rumos no Evangelho Cristão. Um, onde se procura transformar a
alma dos homens e promover assim a sua união com Deus; outro, em que se tenta
modificar as suas condições de vida a fim de que as suas almas tenham
possibilidades de salvação. Toda a religião que manifeste preocupação pelas
almas sem se preocupar com as condições econômicas e sociais que as destroem ou
atabafam, é apenas, como dizem os marxistas, urna espécie de “ópio do
povo”. Também a honestidade nos obriga a admitir que nem sempre a
Igreja foi fiel à sua missão na questão da justiça racial; nesse campo, falhou
perante Cristo. A Igreja Holandesa da Reforma Protestante é ainda hoje uma
das principais defensoras do vicioso sistema do apartheid na África do
Sul. Perante o desafio comunista, devemos examinar honestamente a
fraqueza do capitalismo tradicional, e forçoso admitir sinceramente
que o capitalismo cria, na maioria dos casos, um abismo entre a riqueza
supérflua e a miséria abjeta assim como as condições que permitem ir tirar a
muitos o que lhes é indispensável para dar a alguns o luxo de que usufruem, e
que cultiva a mesquinhez dos homens, tornando-os frios e inconscientes, a ponto
de ficarem, como o homem rico diante de Lázaro, indiferentes perante
a humanidade sofredora e necessitada. Apesar das reformas sociais permitidas
pelo capitalismo americano a fim de se reduzirem tais tendências, ainda falta
realizar muita coisa. Deus quer que todos os seus filhos gozem de
condições básicas para uma vida sã e significativa. É, com certeza, pouco cristão
e pouco ético, refastelarmo-nos em camas fofas e luxuosas, enquanto outros se
afundam na mais negra miséria. O lucro, quando é a base única dum sistema
econômico, estimula a competição brutal e a ambição egoísta, e instiga os
homens a procurar viver bem, de preferência a realizarem uma vida. De tal
maneira lhes desenvolve o seu "eu" que deixam de se interessar pelos
outros. Não haverá em nós uma grande propensão para avaliarmos o êxito pelo
índice dos vencimentos ou pela potência do motor dos carros, em vez de o
avaliarmos pela qualidade do nosso serviço ou da nossa solidariedade em relação
aos outros? O Capitalismo pode levar a um materialismo prático tão
prejudicial como o materialismo teórico dos comunistas.
Admitamos honestamente que, nem o
capitalismo tradicional, nem o marxismo contêm a verdade; ambos representam
apenas uma verdade parcial!
Historicamente, o capitalismo falhou no
discernimento da verdade no empreendimento coletivo, assim como ao Marxismo
faltou o discernimento da verdade no empreendimento individual. O Capitalismo do século
dezenove não soube perceber que a vida é social, e o marxismo não soube ver,
nem ainda o sabe que a vida é individual e social.O Reino de Deus não é a tese
do empreendimento individual nem a antítese do empreendimento coletivo; é a
síntese que reconcilia a verdade de ambos.Somos ainda desafiados a dedicar as nossas vidas à causa
de Cristo, pelo menos, tanto como os comunistas dedicam as deles ao Comunismo. Nós,
que não podemos aceitar o credo dos comunistas, temos de reconhecer neles o
zelo e a dedicação a uma causa que consideram capaz de criar um mundo melhor. Possuem
determinação e propósito, e trabalham apaixonada e assiduamente na conquista de
adeptos para a sua causa. Quantos Cristãos estarão empenhados em
conseguir novos adeptos para Cristo? Nem o zelo por Cristo nem o interesse pelo
seu Reino são muito correntes. Para muitos cristãos, o Cristianismo é uma
atividade dominical que à segunda-feira deixa de interessar, e a Igreja pouco
mais do que um local de reuniões sociais, com um certo tom religioso. Jesus
representa para nós um símbolo antigo ao qual nos dignamos chamar Cristo, e nas
nossas vidas inconsistentes não o manifestamos nem o reconhecemos.Se ao
menos a chama dos corações de todos os cristãos ardesse com a mesma intensidade
daquela que arde nos corações comunistas! Não será pelo nosso zelo cristão que
o Comunismo ainda se mantém tão vivo no mundo?Entreguemo-nos de novo à causa de Cristo e
procuremos readquirir o espírito da Igreja primitiva. Por toda a parte por onde
andaram, os cristãos eram as testemunhas triunfantes de Cristo; ou
nas ruas das aldeias, ou nas cadeias das cidades, proclamavam sempre aberta
mente a boa-nova do Evangelho.E a recompensa que geralmente recebiam
por esse audacioso testemunho era a cruciante agonia num covil de feras ou o
sofrimento pungente do martírio. Mas, mesmo assim, consideravam a sua causa tão
grande, e tão divina a transformação operada pelo Salvador, que o sacrifício
lhes parecia pequeno. Quando chegavam a uma cidade, a estrutura do
poder ficava abalada; o Novo Evangelho que anunciavam trazia um novo calor
primaveril a homens cuja vida até então se endurecera ao longo inverno do
tradicionalismo. Incitavam os homens a revoltar-se contra os antigos regimes de
injustiça e contra as velhas estruturas da imoralidade. Quando as
autoridades se opunham, esse povo extraordinário, embriagado pelo vinho da
graça de Deus, prosseguia na proclamação do Evangelho até convencer a própria
gente da casa de César, até que os carcereiros atirassem fora as chaves, até
que os reis vacilassem nos seus tronos. Onde existe atualmente um
tal fervor? Onde haverá hoje essa entrega audaz e revolucionária à causa de
Cristo?Estará oculta atrás de cortinas de fumo ou dos altares? Estará enterrada
no túmulo a que chamamos respeitabilidade? Estará
inextricavelmente ligada a um inaudito statu quo, ou prisioneira nas celas
rígidas dos hábitos e das regras? Temos de despertar de novo essa
devoção; temos de entronizar Cristo outra vez nas nossas vidas.Esta será a
nossa melhor defesa contra o Comunismo. A guerra não é solução; nunca o
Comunismo será destruído por bombas atômicas ou armas nucleares. Não
nos aliemos aos que reclamam a guerra e procuram, com desenfreada paixão,
forçar os Estados Unidos a abandonarem as Nações Unidas. Vivemos numa época em
que os cristãos têm de demonstrar uma sensatez prudente e um raciocínio calmo.Não
devemos apelidar de comunista ou de pacifista todo aquele que reconhece não
serem o histerismo e o ódio a resolução para os problemas dos nossos dias. Não
nos empenhemos num anticomunismo negativo, e procuremos antes afirmar uma
confiança positiva na democracia, compreendendo que a nossa maior
defesa contra o Comunismo será a de tomar uma ofensiva entusiástica a favor da
justiça e do direito. Depois de bem expressa a condenação da
filosofia comunista, devemos empreender ainda uma ação positiva, tentando
remover as condições da pobreza, da insegurança, da injustiça e da
descriminação racial, que são o terreno propício para o crescimento e
desenvolvimento da semente do Comunismo; esta só medra quando as portas
das oportunidades se fecham, ou as aspirações humanas são abafadas.Como
os primeiros cristãos, temos de caminhar, num mundo muita vez hostil, armados
com o revolucionário evangelho de Jesus Cristo. Com ele, podemos
desafiar audaciosamente o statu quo e as práticas injustas, abreviando o tempo
em que:“Todo o vale seja
entulhado toda a montanha e colina sejam abaixadas os
cimos sejam aplainados e as escarpas sejam niveladas e
então a glória de Deus manifestar-se-á”. (Isaías 40,4-5)A
dificuldade da nossa resposta ao incitamento e a nossa sublime oportunidade
será a de criarmos um autêntico mundo cristão que testemunhe o espírito de
Cristo.Se aceitarmos o desafio com dedicação e valor, os sinos da
História destruíram o Comunismo e poderemos construir um mundo livre para a
democracia e seguro para o povo de Cristo.
“O que
move a história é a religião” (desejo de religar-se a algo que nos plenifique)!
Esta
frase foi dita pelo historiador britânico Arnold Toynbee, reconhecido por
afirmar premonitóriamente o fim da União
Soviética pela inexistência de uma fé que sustentasse sua ideologia. O
homem urbano é um homem de migração, ele saiu de sua localidade natural para
buscar uma oportunidade fugindo de uma situação de calamidade, de problemas que
o Brasil tem e conhece, seja ambiental, da seca, ciclos climáticos ou mesmo a
grilagem de terras, entre outros. O homem rural foi sendo expulso:
cerca de 40% a 50% das terras brasileiras estão com 2% da população, e onde
está esse povo rural?Ele
se encontra hoje nas periferias das grandes cidades. A cidade desassocia o ser
humano da sua fonte primeira de construção de identidade, porque ele não está
mais em um ambiente de segurança, não está mais no ambiente familiar, não está
mais na região rural, não é mais “o filho do seu João”, agora ele é um número. Quando chega à cidade precisa de comunidade e de acolhida,
precisa ser reconhecido através de um nome. Então constrói
comunidades do jeito que ele é, por exemplo, ele toma cachaça no mesmo bar,
compra pão na mesma padaria, passa para ler as manchetes de jornal na mesma
banca, anda no mesmo ônibus, no mesmo horário, e assim vai criando uma
comunidade, alguém que o reconheça e que saiba dele, e nesse sentido a igreja
evangélica é imbatível. Quando ele entra na comunidade e
é acolhido como um ser humano, é chamado pelo nome, recebe palavras que o
dignificam e deixa de ser um sujeito perdido na cidade para ser um potencial de
Deus, isso recupera a dignidade dele. Agora não é mais alguém da
drogadição, do alcoolismo, agora tem uma
comunidade, tem gente que com por ele e por ele, gente que torce por ele, gente
que o abraça.
Ele muda a forma de vestir, ascende
socialmente. Em que outro lugar da cidade ele consegue isso? Que outro lugar do
estado permite isso? Onde essa elite sub-desenvolvida no Brasil, que acha que a
nação é só deles, permite um espaço desse? Não tem jeito, não tem como competir
com isso. Numa comunidade religiosa acolhedora, o cara volta a ter nome, e mais,
se ele tiver experiência com Deus, passa a ser referência, é o cara que
agora testemunha desafios acompanhados de bênçãos, que tem conhecimento e
experiência de vida, que já não pensa só em si, mas também, em ajudar os outros,
com isso não tem como competir, não tem instituição nenhuma que o possa fazer.Esta grande maioria de Cristãos são os mais
pobres. As pessoas pensam que estes Cristãos são homens, brancos e ricos, mas
hegemonicamente são os não-brancos, os pobres e as mulheres. Mais de 60% destes
Cristãos são mulheres e negras. As crianças são atraídas porque tem lugar onde
elas são amadas, recebidas, há uma programação só para elas, tem música, enfim,
é a ideia da Comunidade Samaritana que acolhe e cuida.A maioria destes Cristãos estão na periferia,
ou seja, na base. Porém, faltava a esse grupo uma teologia integral mais elaborada que
conseguisse perceber a face progressista da fé cristã. Por isso cresce
tanto, independente da pessoa ter ou não um encontro com o Cristo, porque ela
tem um encontro com o ser humano, que é uma coisa que muito dos intelectuais
custaram a perceber. Na igrejinha ou Comunidade religiosa da periferia, a
proposta é que a pessoa tenha um encontro pessoal com Jesus, com Deus e com o
Espírito Santo e a trindade, enfim, com a misericórdia. Se não tiver esse
encontro, vai ter um encontro com o ser humano, e dessa forma recupera sua
noção de humanidade. Isso faz muita diferença em um povo alijado de seus
direitos, oprimido, sem perspectiva em uma nação em que a lei e os serviços
públicos básicos não é para todos, mas para alguns.Se você pega uma mulher negra não Cristã
autêntica em sua dignidade recuperada, jogada na periferia, e pergunta sua
fonte de esperança, o que ela vai dizer? Que ela espera do estado? Dos homens?
Da elite branca? Mas se você a encontrar posteriormente e ela tiver tido um
encontro pessoal com Jesus, ela vai dizer:“Eu espero em Deus,
espero em Cristo, tenho meus irmãos, eles rezam por mim, eles cuidam de mim,
eles vão na minha casa saber como estou, e do que estou precisando, me arranjam
trabalho...”Esse é um elemento na fé cristã que ninguém se
dá conta, principalmente os intelectuais e a esquerda, que só sabem ver tudo
pela ótica materialista e de luta de Classes. Infelizmente,
toda forma de organização seja religiosa ou social, caminha para os extremismos.
São Tomás de Aquino diz que os extremos se encontram. Então era inevitável.
Isso gera o que? Preconceito.Onde é que o
preconceito e extremismo é mais forte? Quando ele é exercido em nome de Deus ou
da negação de Deus, que dá no mesmo. São duas faces da mesma moeda.Muitos leram tudo sobre Marx, mas não leu
Toynbe. Esquecem qua a moeda não tem apenas dois lados, mas três lados. Arnold
Toynbee dizia que o que move a história é a religião. A gente tinha que
ter perguntado as duas coisas e entendido que tem uma outra força aqui. A força
econômica não é hegemônica: tem uma outra força que não pode ser desprezada.Muitos deste marginalizados, não conseguem sair
de lá, porque está preso e escravizado física, psicológica e espiritualmente naquele
ambiente, e a questão da droga é uma questão que aqui no Brasil a gente não
enfrenta de forma Cristã, como uma Igreja Samaritana, só se criminaliza, não param
para discutir que a droga é antes de tudo uma questão de saúde pública. E a droga confere poder a uma determinada casta e temos que
achar uma forma de derrotá-la. O
estado brasileiro opta pela forma norte-americana, através do enfrentamento
bélico. A outra opção, que ninguém quer conversar, é como a gente faz para
tirar a droga da mão do traficante? Como fazer para o estado assumir a
responsabilidade por isso e começar a ajudar o dependente químico com uma
política pública permanente e eficaz? Sei que falar em legalização é muito
complicado, não é tão simples assim, mas percebemos nisto um grande problema que só faz crescer, e o jeito como
estamos tratando paliativamente, não está resolvendo, estamos adiando e ninguém
enfrenta isso. Provavelmente quem defende a legalização ao nos ver falando
assim, já nos estigmatiza. Mas o fato é: tem gente morrendo na rua. 60 mil
pessoas morrem por ano aqui, grande parte delas por causa da violência das
ruas. Hoje a igreja só atinge o usuário, não consegue mexer com a estrutura por
trás deste usuário.Esses traficantes não são verdadeiros Cristãos na acepção do
termo, pois se o fossem não seriam traficantes, mas eles aceitam a oração dos
Cristãos que rezam por quem quer que seja, mas para eles não para experimentar
de Deus, é apenas para o protegerem, querem uma oração do tipo escudo de balas.Para piorar vivemos
atualmente uma deturpação da teologia Cristã, hoje é apresentado um Deus de
barganha, um Deus que só abençoa a quem lhe dar algo e é santo, que é
exatamente contrário ao que nos diz a bíblia. A bíblia diz que Deus faz vir a
chuva sobre justos e sobre injustos, cuida de todos os homens, e distribui a
todos os homens seus atributos comunicáveis.É totalmente contrário do discurso da primitiva
cultura religiosa brasileira da atual cultura de barganha, que é um jogo de
interesses. Essa adulteração da verdade é o completo empobrecimento e
reducionismo da teologia cristã integral. O protestantismo teve
um problema no Brasil: cresceu demais e muito rápido. As inúmeras denominações
não tiveram mais tempo para formar bons líderes e verdadeiros pastores a
serviços das ovelhas, mas formou-se pastores que se servem das ovelhas. E aí quando chegou uma teologia de caráter
capitalista, a famigerada Teologia da Prosperidade, fomentou essa coisa do empreendedorismo
pessoal e individualista, a qual pipocou em ministérios particulares. Claro que
isto tem todo um percurso, não é uma coisa simples, tem uma complexidade
cultural e antropológica.Temos que nos unir,
teólogos, antropólogos, sociólogos e pesquisadores para entendermos esse fenômeno
e começar a dar a Deus o que é Deus e a Cesar o que é de Cesar.
Eivado e contaminado pelo preconceito, e conceitos esquerdistas você não analisa nada!
O preconceito já chega atacando e destruindo o
outro porque ele não pensa como eu, mas o outro está na base da pirâmide! Ele
está lá mas você não! Você vai lá uma vez por mês, e ele está lá em todas as
esquinas diariamente, todas as noites, com gente vindo de tudo quanto é canto,
com acolhimento, socorro, comida e cultura. Ou você começa a conversa com este
pessoal, ou eles vão crescer desordenadamente ficando todos nós à mercê dos lobos
revestidos de cordeiros.
A
“TEOLOGIA da missão INTEGRAL PROTESTANTE” EM CONTRAPOSIÇÃO AO REDUCIONISMO sociológico DA TEOLOGIA DA
LIBERTAÇÃO CATÓLICA
Nasceu nestes últimos
anos um movimento de pregadores falando da Teologia da Missão Integral, que é
uma teologia libertadora, com ênfase na teologia do Reino de Deus. O alvo do
Reino de Deus é a justiça, que é uma realidade em que todos desfrutam
igualmente de tudo que Deus dá e doa, portando uma realidade igualitária.No meio protestante se despertou para a
integralidade no processo de evangelização, e começou a pregar que a verdadeira
igreja de Cristo tem que abdicar da teologia da prosperidade, do amor às posses
e voltar às práticas da partilha, do desenvolvimento
sustentável e comunitário. Nós
estamos aqui para sermos relevantes na comunidade e fazermos como Cristo, que se responsabilizava
por todos, principalmente, mas não exclusivamente, pelos mais pobres e
desfavorecidos. JESUS MORREU POR TODOS OS PECADORES, E NÃO APENAS POR UMA CLASSE SOCIAL! A comunidade Cristã é o local por excelência desta
prática. Lugar de convivência, onde as pessoas se conhecem, se gostam, se
visitam e se preocupam uns com os outros. Não é um clube
social que você chega lá em um final de semana, paga uma taxa, se diverte e vai
embora, como se fosse um sócio apenas para exigir direitos. Você está num local de irmãos das mais diferentes
etnias, cultura e níveis sociais, em convivência fraterna. Para você sair
forçosamente deste meio tem que haver algo muito forte. Trazer ideologias contrárias ao evangelho para
dentro de uma Comunidade Cristã, é uma deturpação e
agressão profunda à fé cristã, é que está a acontecer no Brasil com a Teologia
da Prosperidade Capitalista e a Teologia da Libertação Comunista, ambas
extremistas e prejudiciais. Essas
pessoas estão sendo alijadas como massa de manobras de pessoas pouco
interessadas com a integralidade do evangelho de Cristo.O
mais paradoxal é que as lideranças de ambos tanto da TP como da TL de certa
forma durante o regime militar estiveram junto ao povo oprimido, cada um
trabalhando a seu modo. Quem produziu mais libertação? A TP, ou TL?Muitos pastores
evangélicos puseram o seu povo nas ruas e nas urnas para decidirem seus
destinos como cidadãos civis, porque o preconceito dos intelectuais de esquerda
com relação aos evangélicos, isolou esses intelectuais desta parcela da
população, e eles estão a perceber isto agora. Por causa
deste preconceito, eles zombavam com sua erudição destes Cristãos. Isto é
consequência de um dos problemas do materialismo exacerbado e desumanizado,
que é quando o materialismo deixa de ser uma das metodologias de administração
para se tornar uma ciência, e claro inexata, portanto sujeita a vários
elementos humanos que não lhe permitem uma exatidão Cartesiana.Uma teologia que condena as desigualdades econômicas deve procurar eliminar tais males dentre
aqueles cujos problemas econômicos estão, de alguma maneira, sob seu controle.
Uma eclesiologia que prega os princípios da igualdade e da fraternidade para
todos deve gerir as suas instituições pelos mesmos princípios, e deveria, até
onde lhe fosse possível, somente cooperar com aquelas instituições e
organizações que se norteiam por esses princípios. Uma eclesiologia que
proclama um Evangelho que transcende todas as distinções de raça, classe e
nação, deve tomar o máximo cuidado para não negar aquele Evangelho em virtude
de uma política ou atitude que denote arrogância racial, cultural ou nacional (INTERNATIONAL MISSIONARY COUNCIL,
TAMBARAM, 1938, SECTION XIII).A Igreja como sal da
terra e luz do mundo deve fazer a diferença nos vários setores da sociedade,
principalmente no socorro aos menos favorecidos. O verdadeiro desrespeito
contra a imagem e semelhança de Deus chama-se injustiça social. Fato é que a
Igreja não é e nunca será uma entidade política, ONG e muito menos uma
instituição ideológico partidária. Porém, tem o dever moral e ético de ser a
mais honesta das instituições. Conforme salientou Jorge Goulart:A
Igreja não prega uma forma de governo, mas cria uma consciência democrática, à
luz dos conceitos de liberdade, de dignidade humana, de respeito ao próximo e,
sobretudo, de amor a Deus e à humanidade” (GOULART, 1941, p. 229).Os sofrimentos emocionais e os espirituais têm crescido na
atual sociedade por causa de expectativas não alcançadas e do ritmo frenético
da vida. Existem pessoas que precisam da Igreja por estarem sofrendo por
relacionamentos partidos, por vícios, vida desregrada, por não se encontrarem,
por não se realizarem, por não serem tão bem-sucedidas, não serem e não
quererem ser tão competitivas, enfim, por estarem desorientadas e sem sentido
para com suas vidas, e não somente pela questão da desigualdade social. Oferecer
amparo e um ouvido que ouve com empatia, compreensão e que não julga, mas ajuda
a encontrar caminhos para fora do ciclo do sofrimento. Portanto, o papel da
igreja tem que ser voltado para uma ação social e de forma integral, que supra
as necessidades sociais e existenciais.A consciência social da igreja brasileira
atualmente parece ser maior do que há algumas décadas. YAMAMORI disse que:
“Embora a Igreja venha melhorando
em sua visão social, ainda não amadureceu tanto em sua
concepção de missão integral, justamente porque ao se discutir
prioridades – estamos falando apenas de evangelização e ação social – a igreja deixa de fazer bem as duas coisas. No entanto, ao
nosso olhar, a evangelização e a responsabilidade social devem andar juntas como
causa e efeito de uma mesma verdade evangélica. Não que ambas devam ser
entendidas como sendo a mesma coisa. E, também, não
estamos afirmando que sejam duas coisas completamente separadas. Um
ministério integral verdadeiro define a evangelização e a ação social como
funcionalmente separadas, mas relacionalmente inseparáveis e necessárias para
um ministério integral da igreja” (YAMAMORI, 1998).
E complementa Stott:
“A evangelização e a ação social são inseparáveis, na prática,
como aconteceu no ministério público de Jesus, pelo menos nas sociedades
livres, não deveríamos ter de escolher entre uma e excluindo a outra. Ao invés de competirem entre si, elas deveriam ser mutuamente
sustentadas e fortalecidas, como uma espiral ascendente de preocupação
crescente” (STOTT, 1983).
A missão integral da Igreja é bíblica!
Não é uma filosofia ou
uma necessidade passageira, mas sim, uma verdade
bíblica que precisa ser resgatada e praticada em sua totalidade urgentemente. A
Bíblia não existe para satisfazer os nossos interesses carnais; Ela é doutrina
e prática. Além disso, Deus não nos permite optar por apenas um desses seus
aspectos doutrinários e práticos, pois a Sua Palavra é uma só e serve para
todos, e assim deve ser a missão integral de Sua Igreja.
EIS O
QUE DIZEM OS ESTUDIOSOS GRELLERT e LAUSANNE:
“A missão integral de Deus é ampla,
assim como a missão integral da Igreja, visto que a dimensão dessa missão é
vertical (compromisso da Igreja com Deus) e horizontal (resulta nela um
compromisso com a criação em geral e com o ser humano em particular). A missão integral
da Igreja é comunhão, adoração, edificação, evangelisação e serviço” (GRELLERT 1987, p. 22).
”Embora a reconciliação com o homem não seja reconciliação
com Deus, nem a ação social evangelização, nem a libertação política salvação, afirmamos que evangelização e o
envolvimento sócio-político são ambos parte do nosso dever cristão. Pois
ambos são necessárias expressões de nossas doutrinas acerca de Deus e do homem,
de nosso amor por nosso próximo e de nossa obediência a Jesus Cristo”
(LAUSANNE, 1974, V).
TANTO A TEOLOGIA DA PROSPERIDADE COMO A DA LIBERTAÇÃO É
PREJUDICIAL A IGREJA E AOS SEUS ALVOS: OS POBRES!
Embora o governo tenha as suas
responsabilidades, não podemos ficar omissos ao que ocorre ao nosso redor,
apenas julgando e criticando os governantes. O povo de Deus precisa também
assumir alguma responsabilidade pelo bem-estar social, principalmente daqueles
que estão passando por algum tipo de necessidade. O fim do século XX
desafiou cientistas da religião e teólogos, em especial pelas mudanças
socioeconômicas e as implicações delas na esfera religiosa. As influências
filosóficas e religiosas fazem com que se torne bastante difícil a tarefa de
descrever o cotidiano doutrinário, teológico e prático de uma comunidade
eclesial local, seja nas igrejas protestantes, ou, na Igreja Católica. O
processo de secularização próprio da modernidade não produziu, como se
esperava, o desaparecimento ou a atenuação das experiências religiosas. Ao
contrário, tanto no campo católico como no protestante as formas pentecostais e
carismáticas ganharam apego popular, espaço social e uma firme base
institucional. Além disso, as religiões não-cristãs também vivenciam,
no Brasil e no mundo, momentos de crescimento e de fortalecimento.
OS MALES DA TEOLOGIA DA PROSPERIDADE:
Para falar sobre a Teologia da
Prosperidade é preciso definir, antes o que é o movimento conhecido como
Confissão Positiva, segundo Romeiro (1993, p. 6):Confissão
positiva é um título alternativo para a teologia da fórmula da fé ou doutrina
da prosperidade promulgada por vários televangelistas contemporâneos, sob a
liderança e inspiração de Essek Willian Kenyon. A
expressão “confissão positiva” pode ser legitimamente interpretada de várias
maneiras. O mais significativo de tudo é que a expressão “confissão positiva”
se refere literalmente a trazer à existência o que declaramos com nossa boca,
uma vez que a fé é uma confissão.A Teologia da Prosperidade foi
sistematizada nos Estados Unidos da América, na década de 1940, e importada
para o Brasil somente na década de 1970. O ideal de prosperidade como significado de
resolução de problemas dos mais variados tipos e formas existiu e existe de
maneira adaptada e diferenciada em diversos contextos do imenso campo religioso
brasileiro, a exemplo dos cultos afro e do catolicismo popular. A
Teologia da Prosperidade baseia-se “nas crenças sobre cura, prosperidade e
poder da fé”. Tais pressupostos estão presentes na mensagem religiosa,
especialmente o tema “ser próspero”. Esse, de forma recorrente e em momentos
diversos, é enfatizado pelos clérigos, através da mensagem falada em diferentes
cultos e, por excelência, nos Cultos de Prosperidade Bíblica. A Teologia da
Prosperidade é também enfatizada em diferentes pregações e testemunhos
veiculados através de programas de rádio e televisão, em programas de igrejas
adeptas desta corrente teológica.Se a
Teologia da Prosperidade trouxe algum benefício para Igreja, um deles parece ter sido o de fortalecer as convicções
daqueles que já testemunhavam um encontro real com Jesus e fazer com que isto
seja transparecido dentre os demais (cf. 1 Cor 11,18); no geral, os
prejuízos da maioria são superiores aos benefícios de uma minoria que já traz em
si o caráter empreendedor, são estes que se dão bem neste processo do evangelho
mercadológico. As consequências negativas desta teologia tocam não apenas
questões eclesiásticas, mas, sobretudo, a missão integral da Igreja no mundo.Como a Teologia da
Prosperidade, em sua lógica mercadológica, não articula a responsabilidade
social do cristão, seus efeitos afetam o cotidiano das pessoas, principalmente
nas questões ligadas à fé e trazem confusão quanto à clareza do propósito de
Deus para a humanidade através da Igreja, relativizando os valores cristãos,
produzindo uma geração de crentes superficiais.A
teologia, a antropologia e a ética da Teologia da Prosperidade são frutos de
uma hermenêutica descontextualizada, numa forma de alegorização desviante da
alegorese ou do sensus plenior, com o fim de justificar uma ideologia
capitalista neoliberal. O resultado não poderia ser outro, senão o entrechoque
entre as igrejas, a relativização dos valores cristãos e a demonização da
situação de desventura do pobre e do doente.É
claro que uma vida contaminada por comodismo não é um componente determinado
por Deus:2 Tessalonicenses 3,8-12: “...nem de graça comemos o pão de
homem algum, mas com trabalho e fadiga, trabalhando noite e dia, para não sermos
pesados a nenhum de vós. Não porque não tivéssemos autoridade, mas para vos dar
em nós mesmos exemplo, para nos imitardes. Porque, quando ainda estávamos
convosco, vos mandamos isto, que, se alguém não quiser
trabalhar, não coma também. Porquanto ouvimos que alguns entre vós andam
desordenadamente, não trabalhando, antes fazendo coisas vãs. A esses tais,
porém, mandamos, e exortamos por nosso Senhor Jesus Cristo, que, trabalhando
com sossego, comam o seu próprio pão” - Porém,
não cabe ao cristão exigir uma vida próspera em todas as dimensões, pensando
apenas no seu próprio bem-estar, esquecendo, inclusive, as passagens bíblicas
cruciais para compreender que a origem de Jesus Cristo não está compactuada com
os pressupostos da riqueza e bem estar social (conf. Mateus 8,20).
Jesus nasceu em uma manjedoura, em plena manifestação de humildade, despojado de
apegos materiais, e seus verdadeiros imitadores como São Francisco, continua
sendo para a Cristandade o melhor exemplo deste seguimento.
OS MALEFÍCIOS DA TEOLOGIA DA LIBERTAÇÃO?
Cardeal Agnelo Rossi – Análise da Teologia da Libertação e
seu impacto na Igreja, Sociedade e na libertação dos Pobres e oprimidos:
Francamente não agrada aos
liberacionistas essa doutrina, que apodam de reformismo. Fixam seus objetivos
de luta e reivindicações contra o detestável “pecado social” que oprime os mais
pobres e deserdados. Não insistem na atuação decisiva do pecado
pessoal, que existe tanto nos dirigentes que abusam do seu poder mas também nos
subalternos, quando com saúde e trabalhando, não produzem mais e melhor
e não sabem ou não procuram economizar. Evidentemente condições climatéricas
(muito calor) podem não estimular o trabalho e esses fatores se verificam em
todas as nações, embora o elemento local esteja mais habilitado a vencer esses rigores
da região.É
impressionante, porém, examinar a história dos imigrantes em nossos países e
religiões. Chegaram quase todos em situação de miséria e se deram generosa e
heroicamente ao trabalho, fazendo também não pequenas economias, e hoje é quase
impossível encontrar um descendente de imigrantes na miséria. Nem tudo,
portanto, depende unicamente das estruturas públicas.Há situações extraordinárias
de seca, inundações ou de outras calamidades (guerrilha) que podem favorecer a
miséria ou a fome. Doloroso é o desemprego, hoje tão grave problema para todos
os povos, principalmente quando se abandonam os campos pela cidade.Mas
também existem, é mister dizê-lo, em alguns existe a indolência, o abandono das
terras, o alcoolismo, gastos imprevidentes e exagerados, como de moradores de
favelas que dispendem fartamente no Carnaval e em vícios. É fácil atribuir a
culpa de todo o mal às estruturas
injustas e pecaminosas. Também lá, como na vida individual, a raiz de todos os
males é o pecado.O pecado introduziu o mal no
mundo e o mantém. Atacar essa raiz, com a formação e a prática da
vida cristã e favorecer a virtude, é o objetivo de uma teologia da Libertação
ideal (possível e legítima), inspirada nos Evangelhos e digna de aplausos. Assim mesmo, tal Teologia seria apenas uma parte da
Doutrina Social da Igreja e não, como é concebida em nosso meio, como a
Teologia que abarca e interpreta toda a religião. O discurso de João Paulo II,
em Puebla, traçou as coordenadas da Teologia da Libertação autêntica: verdade
sobre a igreja, verdade sobre Jesus Cristo e verdade sobre o homem.Nessa
perspectiva a opção preferencial pelos pobres recebe seu verdadeiro
significado, que é evangélico e se mostra plenamente justificado. Implantar a
“civilização do amor”, tão reclamada por Paulo VI e João Paulo II, é a única
Teologia de Libertação louvável. Infelizmente não é esse, porém, o tipo de
Teologia de Libertação comumente difundido na América Latina e no Brasil.A TL rejeita em última
análise, a Doutrina Social da Igreja porque a julga teorética ideologicamente
(teologicamente contra o capitalismo, mas na prática, reforça o sistema
dominante, segundo a TL) e praticamente não eficiente e por isso, mesmo quando alguém não a
considera errônea, é insuficiente e deve ser enriquecida pela Teologia da
Libertação, com métodos mais modernos, eficazes e científicos, que são os da
análise marxista.É
justa, repetimos, necessária e louvável a defesa dos pobres, não só
sociologicamente como religiosamente, mas o modo de
agir da Teologia da Libertação não é evangélico, porque o amor ao próximo é a
suprema norma social do Evangelho, que se aceita por convicção e não por
imposição. O processo evangélico será muito mais lento, mas é mais
humano e definitivo; como o operado no mundo pagão e bárbaro.
A necessidade de uma teologia atualizada e correspondente à
índole e cultura do povo!
O Concílio Vaticano II foi desejado por João XXIII e confirmado por Paulo VI,
mantendo a fidelidade ao sacro patrimônio da verdade revelada, para enfrentar
as novas condições e formas de vida, introduzidas no mundo hodierno.Era o
famoso “aggiornamento” (atualização), querido por João XXIII e a
“inculturação”, auspiciada por Paulo VI, afim de apresentar aos povos de uma forma
acentuadamente pastoral a doutrina da Igreja.Fazia-se também, um apelo à
iniciativa dos teólogos para encontrar expressões mais adequadas para a vivência
cristã nos nossos dias. Respondeu séria e corajosamente a esse
desafio o Conselho Episcopal Latino-Americano na Conferência Geral do
Episcopado em Puebla, no México, tendo baseado seus estudos numa ampla rede de
consultas e estudos de toda a Igreja na América Latina. É curioso porém,
como os Teólogos da Libertação procuraram boicotar Puebla. Diziam que Puebla não
era “el puebio”. Mas realmente, em Puebla, falava “el pueblo de Dios”.Organizaram,
durante a Assembleia, uma Conferência paralela
(anti-Puebla), da qual participaram alguns membros também do Episcopado e,
curiosamente, agora, fundamentando-se em apenas algumas expressões da
Conferência de Puebla, em releitura pré-fabricada, se julgam os
verdadeiros protagonistas e executores de Puebla.Para o gáudio
dos libertacionistas, puderam depois cantar vitória da aplicação concreta de
suas ideias em Nicarágua, com os sandinistas, ministros
sacerdotes (de armas na mão prontos para matar opositores), e a famosa Igreja
Popular.“Aggiornamento”
da Igreja não significa uma mudança radical, mas o viver o dia atual da Igreja,
fundada por Jesus Cristo e que deve atravessar os séculos, imutável na doutrina
revelada, assistida pelo Espírito Santo, mas com os pés na terra, tanto quando
caminha na praia, como nas montanhas ou no asfalto. É a
mesma Igreja, peregrina neste mundo, que se faz viva e salvífica, adaptando-se,
sem deixar de ser o que é, às circunstâncias do tempo e do lugar. Atualização,
portanto, deve ser também inculturação, isto é, com capacidade de transmitir a
– mensagem salvadora de Cristo aos diversos povos, encontrando as expressões
mais adequadas para ser compreendida melhor pelos homens, que vivem em
situações e ambientes os mais diversos.Atualização e inculturação da
Igreja foram interpretadas por alguns teólogos, como uma libertação da teologia
tradicional para adotar, sem restrições, fórmulas novas de maior abertura
cristã para o mundo e seu empenho sobre as realidades terrestres com uso
das ciências humanas (psicologia, pedagogia, interpretação marxista da história
etc.) Assim promoveram uma
revolução destruindo o passado, considerado superado, e fabricando formas
modernas, alheias à teologia, e,
portanto, reclamam uma nova interpretação do Evangelho de Cristo. Nós
católicos, porém, cremos na divindade de Cristo, na sua verdadeira e definitiva
revelação pública, e não podemos, por conseguinte, aceitar nem as interpretações do
Alcorão nem as de Marx, embora se apresentem como as mais eficazes e
atualizadas. Mesmo quando não se rejeita o passado e se julga
aperfeiçoar o patrimônio cultural e artístico, é de mal gosto, fazê-lo,
desfigurando suas mais belas expressões, como se para melhorar uma pintura
clássica se usassem rabiscos e borrões de arte moderna.Se
esta aplicação de atualização e inculturação é errônea e desastrada para uma
arte, com maior razão o será para a Igreja, que não é invenção nem obra de
homens, mas de Deus, criador e Redentor.Não se pode honestamente,
negar a existência da árvore da Teologia da Libertação, na sua espécie mais
agreste, rude, azeda e radical, quando seus frutos aparecem já abundantes aos
nossos olhos, ao menos no Brasil. Acenamos
aqui apenas a alguns desses produtos, pois haveria muitos outros em relação à liturgia,
à vida religiosa, etc:
1)-A decadência da teologia,
transformada em mera sociologia política.
2)-O vazio da espiritualidade
trocado pela militância social e política.
3)-Os anseios dos futuros sacerdotes
manifestados agressivamente tanto nas universidades como até nos convites para
a ordenação.
4)-A indisponibilidade para o
apostolado cultural e de uma pastoral das elites como foi pedido em Medellin.
5)-Uma verdadeira lavagem
cerebral de seminaristas (não todos felizmente, pois alguns de seus bispos
sabem preservá-los) em certos Seminários ou comunidades do Brasil, saltam à
vista de quem quer ver.
O que
se pode esperar desses futuros e pobres sacerdotes, munidos apenas com essa
“teologia da enxada” reducionista e não integral? que não tem nem sequer a
exposição sistemática, orgânica e INTEGRAL da nossa fé?
Pregações sólidas, doutrinárias "e Integrais?" - sim!, mas Onde?
Já escasseiam tais práticas em
Diocese inteiras, ou paróquias onde a constante é a reivindicação amarga e
irritante da ordem e justiça social em moldes socialistas, como se
nosso povo não tivesse o direito de saciar sua “fome e sede de Deus” com a
Palavra de Deus no culto sagrado, que não se deve confundir e compactuar
com comícios despropositados, impertinentes e partidários.E depois,
esses que negam o pão do Evangelho aos fiéis, não reconhecendo sua falta de
responsabilidade, vão acusar outros organismos ou países como responsáveis e promotores
da invasão e crescimento assustador das seitas e de outras formas de religião, ora,
eles mesmos são os culpados, pois se a TL fez a opção exclusiva e não
preferencial pelos pobres, os pobres fizeram a opção por Jesus Cristo e estão a
busca-lo fora do círculo católico.
Cardeal
Agnelo Rossi 19-03-1985
CONCLUSÃO:
Jesus Cristo é a revelação máxima da missão integral de Deus
no mundo, no Novo Testamento. O Senhor Jesus deixou bem evidente a sua missão
no início do Seu ministério na terra, ao anunciar a seguinte declaração: “O
Espírito do Senhor está sobre mim, pelo que me ungiu para evangelizar os
pobres; enviou-me para proclamar libertação aos cativos e restauração da vista
aos cegos, para por em liberdade os oprimidos, e apregoar o ano aceitável do
Senhor” (Lc 4.18,19). Não se pretendeu esgotar o tema com o que aqui foi declarado
aqui nesta matéria, muito pelo contrário, queremos abrir o debate. Só o Senhor
conhece e sonda os nossos corações e as nossas verdadeiras intenções. Ele é
quem nos conduzirá por caminhos excelentes. Porém, “convém que eu faça as obras
dAquele que Me enviou, enquanto é dia; a noite vem, quando ninguém pode
trabalhar” (João 9,1). Portanto, a nossa tarefa é grandiosa e urgente; temos de
nos esforçar “até que tudo esteja levedado” (Mateus 13,33).
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responsabilidade social. Julho-agosto 2014. Disponível
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http://www.ultimato.com.br/revista/artigos/289/fazei-o-bem-a-todos-os-cristaos-e-a-responsabilidade-social.
Acesso em:26/06/2020
-PADILLA, René. Missão
integral. São Paulo: Temática Publicações, 1992.
-SOUZA, Jonas Dias de. O papel social da igreja no século XXI.
2013. Disponível em:
http://divulgadordapalavra.blogspot.com.br/2013/11/o-papel-social-da-igreja-no-seculo-xxi.html.
Acesso em:26/06/2020
-O cristão em uma sociedade não cristã. Niterói: Vinde, 1989, p. 23.
-Fontes, Renato N. Deus não é seu empregado! Uma
interpretação biblicamente correta dos textos distorcidos pela “teologia” da
prosperidade. Postado em: Junho/2008. Disponível em:
http://bereianos.blogspot.com.br/2008/06/deus-no-seu-empregado.html#.UtKItel3vIU.
Acesso em: 27/06/2020.
-HOBSBAWM, Eric. Era dos extremos: o breve
século XX (1914-1991). 2 ed. São Paulo: Companhia das Letras, 1995.
-MARIANO, Ricardo. Neopentecostais: Sociologia
do novo pentecostalismo no Brasil. 2 ed. São Paulo: Loyola, 2005
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Excelente fonte bibliográfica!
Muy interesante y enriquecedor. Una consulta: ¿dónde puedo conseguir el texto de Helder Camara citado? (CÂMARA, H. 1975. "Que faria S. Tomás de Aquino, o comentador de Aristóteles, diante de Karl Marx?". Cadernos do CEAS, 37, Salvador: Centro de Estudos e Ação Social, maio/junho. pp. 52-59).
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