O desenvolvimento das
ideias de autores considerados de direita, como Donoso Cortez e Charles Maurras,
bem como o daqueles considerados de esquerda, como Karl Marx e Bakunin, entre
outros, estimulou gerações de intelectuais, movimentos políticos e ativistas
que levaram às últimas consequências a crença em sua ideologia, como a única
correta e inequivocamente certa, porém, nada melhor que um dia atrás do outro,
ou seja, a própria história, para comprovar a realidade com os fatos.Com o
passar dos anos, surgiram alguns pontos conflituosos entra as duas visões
políticas tratadas no texto, como na economia. Os de esquerda pregam uma
economia mais justa e solidária, com maior distribuição de renda, enquanto os
de direita são associados ao liberalismo, no sentido de que defenderiam a livre
iniciativa de mercado e os direitos à propriedade particular. Algumas
interpretações de direita defendem ainda a total não intervenção do governo na
economia, a redução de impostos sobre empresas, a extinção da regulamentação governamental,
e etc.Direita e esquerda também, têm a ver com questões morais, haja vista que
avanços na legislação em direitos civis e temas como aborto, casamento gay e
legalização das drogas, são vistas como bandeiras da esquerda. Não obstante, a
direita assume a defesa da família tradicional, da moral e bons costumes, bem
como os preceitos religiosos que regulam a
sociedade dentro da civilidade. Resta claro que a esquerda é vista como
um viés político progressista, o qual preza principalmente pela liberdade moral
e a dignidade da pessoa humana . Já a direita é vista como aquele viés político
que defenda a ordem moral, a tradição e os valores religiosos, a liberdade
econômica, da livre iniciativa e a proteção da propriedade privada.É comum que
se responda à frase “nem esquerda, nem direita” com o adágio:
“Mostre-me alguém que
diz não acreditar em esquerda e direita, e eu lhe provarei que esta pessoa é de
esquerda.”
Na realidade, quando
alguém diz: ISTO NÃO É UMA QUESTÃO DE ESQUERDA OU DIREITA, no fundo ele quer
que você pense como ele. Simples assim! Mas este não é sempre o caso, pelo
menos no que toca às intenções. Se é verdade que é de má fé o uso mais comum
que da frase se faz, há muita gente, talvez cada vez mais, que a usa
sinceramente. Aos cínicos, não há nada a dizer; eles sabem (e nós sabemos) de
que lado estão. Se o uso desta frase é mais benéfico ou, pelo contrário, mais
prejudicial? É aqui que se propõe a discussão.Um suposto triunfalismo da
direita, e o oportunismo da “nova”
esquerda partidária convergem nisto: “fora nós, não há nada, e quem não vê isto,
está ultrapassado”. Mas convém notar que, conforme a crise atual tem
deixado claro, isto se deu não por uma convergência das agendas políticas, mas
porque a “nova” esquerda (isto é, a esquerda histórica que se “renovou”)
incorporou a agenda da direita, acrescentando-lhe algumas de suas mais
autênticas “nuances”.
O uso de “nem
esquerda nem direita” é perigoso, portanto, porque um de seus sentidos , e acho
que o principal, consiste em negar a existência de divisões. Se eu e meu
adversário usamos as mesmas palavras, mas ele tem mais poder que eu para
definir seus objeticos finais de forma mais coerente, é hora de eu começar a
mudar de “tática”.Em 1997, um grupo de movimentos sociais, organizações e
intelectuais franceses assinou um manifesto dirigido ao Partido Socialista, que
então se apresentava às eleições, com o título: “Nós somos a esquerda”. Em outras
palavras, o que eles afirmavam era: “se vocês querem dizer que nos representam
e esperam contar com nosso voto, esta é a plataforma que vocês devem adotar”.
Não se trata de
propor imitar este exemplo, que, em retrospecto, não foi bem-sucedido, mas sim
de ver aí um gesto mais radical que a repetição de uma frase de sentido
equívoco e que serve tão bem ou melhor àqueles que têm intenções contrárias às
nossas. Mais radical porque, ao invés de situar-se nos termos do debate
impostos por aqueles que queremos criticar, se situa diagonalmente a eles,
expondo seu ponto cego e tornando a raiz do problema visível de uma forma que a
outra frase (que pode ser entendida de muitas formas) não consegue. Trata-se,
neste caso, de afiançar a continuidade da existência de divisões e choques de
interesse, e de expor o limite da democracia representativa, que cada vez mais
trabalha para escamoteá-las; de afirmar que são estas divisões, e não a
trajetória passada deste ou daquele político ou deste ou daquele partido, que
deve definir por onde passa hoje a linha que separa “esquerda” e “direita”
hoje; e, finalmente, de dizer que é a partir desta redefinição que se forma,
por trás da esquerda, ou direita instituída, representativa, uma outra esquerda
ou direita que ainda não se fez ouvir, e que se fará ouvir através de, ou
apesar das instituições que reivindicam este nome.Trata-se, em suma, de não
aceitar a imagem que nos oferecem do presente e do passado, mas de dedicar-se
ativamente a uma nova triagem que, descobrindo virtualidades passadas e
presentes que se pretendia ocultar, abrem novos futuros possíveis.
CONCLUSÃO
Não existem apenas
pessoas de Direita ou de Esquerda. Os cidadãos podem assumir posições mais
radicais ou mais tradicionais em diversos assuntos sem serem taxados como deste
ou daquele viés político, pois existem causas que são comuns a todos, ademais, quem
não quer um mundo e pessoas melhores? Como a esquerda é vista como um segmento
que supostamente defende os direitos humanos, um indivíduo pode tomar este
posicionamento se for a favor da não flexibilização de diversos direitos
sociais, por exemplo. Como a direita é vista como um segmento que defende a
defesa da propriedade privada, da família, da moral e dos bons costumes, um
indivíduo pode tomar este posicionamento apenas no que tange à criação de
legislações que concedam uma maior proteção a estes valores.Há ainda aqueles
que se intitulam de centro, centro-esquerda, centro-direita,
esquerda-extremista, direita-extremista. Não se pode generalizar e dizer que um
indivíduo é de direita ou de esquerda apenas com base em um posicionamento que
a pessoa tem sobre determinado assunto.No mais, enquanto vigorar a democracia e
a livre manifestação de pensamento, contanto que esta não interfira nos
direitos de outrem, devemos lutar por uma sociedade justa e que vise o bem
comum, já que estes são alguns dos princípios do Estado Democrático de Direito
no qual vivemos, e comum a todos.
Apostolado Berakash
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Olá você conhece Alvin Plantinga? Certamente o maior o filósofo da religião que existe. Gostei do seu posto do paradoxonda onisciência.
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