O escrito da Comunidade Católica Shalom, que tem como título
No Coração da Obra, em Unidade com o Carisma, diz o seguinte: "...Tal Vocação é,
antes de tudo, um chamado a SER...Somos chamados antes de tudo a ser no interior da Igreja e do
mundo".(ECCSh 14). Ser este que está fundamentado na Obra Nova...Assim sendo, todo aquele que se propõe a abraçar a
Vocação deve ter bem claro que o vínculo que nos une não é o que fazemos,
ou o nosso estado de vida, ou a nossa idade, mas o SER! É isso o que nos
identifica, algo a ser vivido, encarnado e, só então, transbordado para o mundo
no nosso fazer e no nosso testemunho. Vivendo a radicalidade do Evangelho,
impregnados pela novidade do Espírito que nos foi dado, cumpriremos a nossa
missão no mundo. Para encarnar esta forma de viver, Ele criou e resgatou
pessoas para lhe darem uma resposta de amor vivendo como Ele nos chamou a
viver. Ele não só nos criou para isso, como também nos resgatou do mundo, do
reino das trevas onde estávamos para que, "sem temor, livres das mãos
inimigas, possamos servi-lo em santidade e justiça, em sua presença, todos os
dias de nossas vidas. (Lc 1, 74-75 - RVSh 269).O Senhor também, por
livre decisão de sua vontade, escolheu "alguns" para abraçarem esse novo por meio
de uma consagração incondicional (e definitiva) de suas vidas a Ele. E não os escolheu baseado
em critérios humanos: por serem virtuosos, muito santos, ou comprometidos na Obra,
mas sim por um desígnio inexplicável do seu amor. Não é o simples fato de
gostar ou de achar belo um carisma que indicará que devo consagrar a
minha vida nesta Vocação! É preciso ter sido escolhido por Deus, ter escutado o
seu chamado específico para mim...Posso encontrar o meu lugar
como membro de grupo de oração, como engajado na Obra (pastoral) e também este, é um caminho
de salvação e santificação! Mas como saberei se esta é ou não a minha Vocação?
Como terei certeza de que este é o meu chamado, de que sou um autêntico
vocacionado ?A respeito disso, dizem as nossas Regras que é preciso,
antes de tudo, que o vocacionado tenha o coração na Obra, que a ame com
sinceridade: É necessário que não só estejam dentro da Obra, prestando
serviço a ela ou sendo espiritualmente alimentados por ela, mas que tenham seus
corações unidos à Obra, à Vocação. Que se sintam chamados a investir as suas
vidas em sua participação nesta Vocação. Que tenham um amor muito grande por
este caminho, a ponto de desejarem investir seu tempo, seus pensamentos, suas
capacidades para o crescimento daquilo que o Senhor nos confiou. Vocacionado
não é aquele que simplesmente trabalha na Obra, mas é antes de tudo aquele que
tem nela seu coração, que a ama e está disposto a renunciar, por amor, o seu tempo
a fim de dedicá-lo Àquele que o chamou, sabendo que ainda será pouco por tudo
que Ele nos dá" (RVSh 275).É necessário, ainda, ouvir a voz de Deus, a
qual se revela na oração, nas situações da vida e através das pessoas que o
Senhor providencia para nos ajudar neste caminho de discernimento. Tal voz fará
com que nos sintamos responsáveis pela Obra e encontremos nossa identidade com
o carisma. De fato, seria incoerente dizer-me
chamado à Vocação quando rejeito a forma de ser do Carisma, bem como a linha de
pensamento da fundação e do fundador. É preciso igualmente que este amor
se expresse em uma profunda busca de unidade. Ela é fonte de comunhão. Na
medida em que eu comungo com o Dom, com a forma de ser do Carisma, entro em
unidade, sou um com o outro. Isto é de fundamental importância para o andamento
de toda a Obra nos caminhos verdadeiramente reservados pelo Senhor" (RVSh
278).
COM RELAÇÃO AS CRISES VOCACIONAIS (QUE
SÃO NORMAIS E NECESSÁRIAS) NO CAMINHO DE CONSAGRAÇÃO DEFINITIVA EM UM
CARISMA,OS ESCRITOS SHALOM, ASSIM TRATAM DESTE TEMA,NO CAPÍTULO: “NO CORAÇÃO DA OBRA, EM UNIDADE COM O
CARISMA” – N° 15 a 20:
“Uma coisa é ter minhas dúvidas
se aqui é ou não o meu lugar? É passar pelas dificuldades de relacionamentos, problemas
e feridas pessoais. Isto é compreensível. São
momentos pelos quais todos passam! Outra coisa é rejeitar a Vocação, a forma
de ser Shalom, o Carisma e aqueles a quem
o Senhor chamou para levar a bom termo a Vocação e a obra e, ainda que de maneira inconsciente, semear ao meu redor essa rejeição!
Eu estaria desta forma dividindo, rejeitando, minando o próprio carisma. A
divisão, a quebra da unidade, nasce da rejeição da forma de SER do
próprio Carisma.Devemos acima e tudo, preservar, buscar e encarnar esta
unidade. Sem ela nada caminha, nada vai a frente. É ela que me faz perceber
minha identidade com o Carisma e com a Vocação. Através dela posso perceber se
possuo o Carisma! Através dela posso dizer se sou chamado ou não? Seria uma
incoerência dizer que me sinto chamado a ser Shalom, quando rejeito e não
aceito a forma de ser Shalom,o dom do Senhor, o caminho que Ele nos deu para
trilhar,quando rejeito de maneira genérica a linha de pensamento da fundação e
do fundador. Nos momentos de aparente
falta de identidade, devemos pedir muito ao Senhor o dom do discernimento para
não confundir as coisas, pois uma grande tentação, pode tomar conta de nós! Às
vezes por causa de marcas, mágoas, dificuldade nos relacionamentos, momento
difícil em nossa caminhada espiritual, momentos de grandes tentações, podemos confundir
as coisas. As marcas, mágoas ou caminhos de afastamento que tomamos nos cegam e
fazem com que nos afastemos da Vocação, da forma de ser do Carisma. É ai que o
tentador pode nos confundir! Precisamos verificar se não temos realmente
identidade com o Carisma, ou se estes outros fatores estão ofuscando nossa
visão. Se for o primeiro caso, precisamos ser honestos conosco mesmos e com Deus,
e buscarmos o nosso lugar dentro de sua vontade, talvez dentro da própria obra (ou igreja) como um colaborador bastante ativo,mas sem os compromissos mais profundos com a
vocação. Se for o segundo caso (e este é
mais difícil de detectar) devemos identificar esta realidade, sua causa e, sem
nos acomodar a ela, reconhecer a situação e buscar um caminho de cura, de volta,
de perdão. Precisamos estar atentos...”
*Há quem
garanta que: "não existe crise vocacional, o que existe é um momento
de transformação profunda do ser consagrado" ou, na pior das hipóteses,
uma crise de egoísmo!
A Igreja se manifesta
no documento sobre formação chamado “Potissemum Institution”, onde
alerta para a imperiosa necessidade de se dar atenção especial a cada etapa da
formação do candidato a consagração. Depois dos primeiros compromissos, a
formação assume uma nova etapa chamada "formação permanente", que se prolongará
até o último segundo da vida do consagrado. Durante a formação
permanente, haverá diversos momentos ‘fortes’ na vida de cada vocacionado. É
preciso observar estas passagens, pois possuem grande valor formativo.
Vejamos algumas situações que devem ser levadas em conta:
1.Logo depois da consagração.
2.Dez anos depois dos primeiros
compromissos, ordenação ou profissão.
3.A chegada aos 40, 50 e 60 anos.
4.A proximidade da aposentadoria ou da
morte com doenças crônicas.
5.Mudanças circunstanciais ou permanentes no estado de vida.
6.A chegada ou saída dos filhos.
Primeiramente vamos
comentar sobre a ‘crise’ que pode surgir logo que a pessoa faz os primeiros
compromissos de consagração de vida através de um carisma. É quando os ânimos se relaxam, os
esforços se retraem e a pessoa pode, sem perceber, intuir que já deu tudo que
podia e pode parar pelo caminho. Muita atenção a este momento crítico!
1- Logo depois da Consagração!
Todo aquele(a) que
recebeu o Sacramento do Batismo é um consagrado a Deus, e chamado a santidade
de vida! A consagração batismal possui "desdobramentos" distribuídos por Deus entre seus
filhos segundo sua vontade (para que possamos melhor responder e viver a nossa consagração primeira: a batismal):
-Alguns são chamados à vida religiosa,
contemplativa, monástica, etc.
-Outros ao ministério sacerdotal,
-Outros
a consagração de vida em um carisma específico, ou a viver simplesmente como leigo(a) consagrado(a) e engajado da Igreja (seja numa pastoral, ou movimentos da Igreja, ordens terceiras, etc.).
Nenhuma destas situações vocacionais o faz melhor ou pior que os outros! Todos porém,
comungam do chamado de Deus a santidade e possuem uma missão única na
evangelização, na família, na sociedade e no mundo! Infelizmente alguns
vocacionados compreendem a consagração como um fim, uma conquista, um TROFEL ostentativo, uma meta a
ser atingida, e não como uma missão e um meio para viver a vontade de Deus! Vejamos algumas consequências deste entendimento errado a respeito da
consagração:
a)- Logo que se
consagram, muitos acabam caindo no vazio, a oração já não tem o mesmo sentido,
cessa-se a luta pela conversão diária e pela superação dos desafios, afinal,
aquele vocacionado já atingiu a meta e agora é só ‘relaxar’ ou até, buscar
novas emoções.
b)- Existem aqueles
que, achando-se prontos, acabados, poderosos, se autorizam a não mais obedecer
às regras do carisma ou da consagração assumida, afinal: “agora sou mais velho,
tenho meus direitos conquistados, já sofri e ralei demais, chega! não preciso mais
obedecer, me humilhar, me submeter…”
c)- Outros ainda
chegam ao cúmulo de "institucionalizar uma vida de pecado e de liberdades permissivas" (dentro, ou fora da vocação, e levando outros(as) consigo neste caminho. Aquelas tentações
combatidas seriamente durante o caminho de formação para a consagração, agora,
podem ser vividas. A luta está suspensa, os maus hábitos são “re-autorizados”
no olhar, no pensar, no falar. Muitos consagrados vivem as regras e normas de
seu carisma somente até atingirem a consagração, como se, agora seguros de si,
não precisassem mais do trabalho, do esforço, da oração, das renúncias
inerentes ao chamado de Deus e indispensáveis para um autêntico processo de
conversão.Esta crise é mais grave em suas conseqüências que as outras citadas,
as outras podem levar a pessoa a deixar a vocação, o que é mau certamente, mas
esta pode levar a pessoa a permanecer e sedimentar em si a mediocridade. A
Epístola de São Pedro alerta (1Pd 2,1-3): “Deponde, pois, toda malícia, toda
astúcia, fingimentos, invejas e toda espécie de maledicência. Como crianças
recém-nascidas desejai com ardor o leite espiritual que vos fará crescer para a
salvação, se é que tendes saboreado quão suave é o Senhor (Sl 33,9)”.
Podemos observar os efeitos desta crise muito perto de nós; encontramos
consagrados levianos, levados pelas ondas do secularismo, relativismo,
modernismo, etc., justificando pecados, tolerando o intolerável, mergulhados no
respeito humano, incapazes de acolher e orientar as almas para a vontade de Deus,
levando o rebanho de Deus à perda, atualizando em nossos dias a dolorosa queixa
do Senhor através do profeta: “Meus guardas estão todos cegos e não vêem nada;
são cães mudos incapazes de latir, sonham estirados, gostam de cochilar.” (Is
56,10). Tornam também eficaz o provérbio que diz que: "a alegria do lobo é a
sonolência do pastor", lembrando que pastor não é somente o sacerdote, é todo
aquele que o Senhor chamou para cuidar de seu rebanho! Quem está assim, torna-se um perigo a sua própria salvação e à dos demais! É preciso um sério caminho de re-conversão ao primeiro amor.
Como
evitar esta armadilha, mesmo antes da consagração?
Diz o Senhor:
Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará “(Jo 8,32). O conhecimento de
si é essencial, o conhecimento das reais motivações e intenções que nutrem as
escolhas vocacionais ajudará o correto discernimento da vontade de Deus. A
formação e a direção espiritual assumem um papel indispensável,
questionando, sustentando, orando junto com o vocacionado, ensinando-o a
escutar a voz do Amado Deus, para que sua vocação não seja um equívoco, mas uma
resposta ao chamado divino.
2- Crise
vocacional ou momento providencial! (Dez anos depois dos primeiros compromissos,
ordenação ou profissão)!
Uma pergunta pode
surgir das entranhas do consagrado no linear de seus dez anos de compromisso: será
que minha vida está valendo a pena? Ao desfrutar de seu período de
descanso e encontrar-se com seus colegas de infância, com seus irmãos de
sangue, primos, amigos, que parecem tão felizes e realizados profissionalmente,
comentando de suas viagens, conquistas e feitos, surge uma pergunta: “E
eu? O que fiz? O que construí para meu futuro?” O que chamamos de crise
vocacional pode ser um momento de profunda graça, um novo SIM, está sendo
solicitado por Deus e poderá ser vislumbrado um SIM mais substancial, ainda
mais maduro.
“Tempo gasto com Deus, jamais será tempo perdido, mas tempo ganho! Um
tesouro que cumulamos e que nem a traça nem a ferrugem corroem!”(Mateus
6,19-21).
O chamado de Deus é acompanhado de graças e desafios, não é para as glórias e
reconhecimentos do mundo!
Não podemos esquecer que a pessoa chamada à consagração de
vida é morta para o mundo, caso contrário acabará cedo ou tarde traindo sua
vocação. São Paulo consolava a comunidade de Corinto dizendo: “à
medida que os sofrimentos de Cristo crescem para nós cresce também nossa
consolação por Cristo” (2 Cor 1,5), é preciso acolher com entusiasmo os
sofrimentos de Cristo; que eles sejam abundantes em nós se desejamos realmente
obter a grande consolação reservada para todos os que choram. Os sofrimentos de
Cristo em nós são muitas vezes simples perguntas tais como: “Você não vai se
casar? Você não vai se aposentar? Não vai continuar estudando? Quem vai te
cuidar quando você envelhecer?” Cristo foi chamado de comilão e beberrão; há
autores que dizem que esta afirmação está diretamente ligada ao estado de vida
de Cristo. Foi também chamado amigo das prostitutas e dos pecadores; o que
existia por trás destas palavras? Algumas perguntas vindas dos nossos próprios
irmãos de sangue ferem profundamente e provocam questionamentos dolorosos, são
venenosos como os espinhos da coroa de Jesus.As partilhas, as razões, as indagações e as nossas próprias convicções
até agora tão sólidas entram em “xeque”. É hora da sabedoria, é o momento da
intervenção sábia de um formador pessoal que já trilhou este caminho e pode
afirmar com certeza: “tua vocação é sublime, teu chamado vem de Deus, não há
com o que se comparar. Nem festas, nem títulos, nem diplomas ou viagens de
turismo podem ser comparados ao chamado pessoal que Deus fez para ti, é tempo
de recordar as profecias. É tempo de ouvir novamente: Vem e segue-me! ”Para Pedro, este
momento chegou logo após a ressurreição de Jesus. Pedro recebeu um novo chamado:
“E depois de assim ter falado, acrescentou: segue-me! Voltando-se Pedro, viu
que o seguia aquele discípulo que Jesus amava (…). Vendo-o, Pedro perguntou a
Jesus: Senhor, e este? Que será dele? Respondeu Jesus: Que te importa se eu quero que
ele fique até que eu venha? Segue-me tu.” (Jo 21, 20-22).Que te importa,
se o outro fez isso ou aquilo? Importe-se com o que Eu quero de ti,assim também
nos diz o Senhor: ‘farei de ti pescador de homens…’
3 - A crise dos 40, 50 e
60 anos!
Para quem consagrou, ou não, sua vida a Deus, atingir estas idades, mesmo estando vivendo certa estabilidade profissional, familiar e vocacional, pode
significar para alguns que está faltando um "algo mais". Esta é a
mentalidade do século, e infelizmente, atinge também, aos consagrados(as) e geram crises vocacionais!
A paisagem está mudando!
Os filhos crescidos,
educados, formados, cada um tomando seus rumos na vida, o cônjuge muitas vezes ‘não é fácil’,
o trabalho, e a aposentadoria já não tem o mesmo significado e entusiasmo,
enfim, trata-se de um momento providencial em que surge a necessidade de novas
motivações e de buscar um novo sentido para a vida. Muitos(as) nesta hora são arrastados
pelas correntezas do mundo moderno, iludidos, em busca de novas emoções,
separam-se da família... Sem dúvida encontrarão momentaneamente a nova emoção. Na consagração de vida esta realidade não
é muito diferente, de repente o tempo está passando, as motivações, aspirações
e sonhos do primeiro amor já não são os mesmos, é preciso buscar novas razões,
porém, não fora, mas dentro de si.Na sociedade atual
existem muitas formas suspeitas para enfrentar esta fase, há os que fazem até 95 km de
bicicleta no domingo, outros participam de corridas e maratonas, tudo em busca
de algum desafio que faça com que a rotina se modifique, são os chamados
“Tarzan de domingo”, ou seja, uma busca vazia que leva apenas a uma distensão
muscular. Nos jantares, alguns comprazem-se em contar edificantes
histórias, como a do amigo que mudou toda a vida para montar um restaurante,
trabalha adoidado, mas está feliz, rejuvenesceu uns 15 anos! E os outros convivas
aplaudem! E até incentivam: Você merece! Parabens! Isso é só o começo! Para as mulheres não é muito diferente, os cabelos começam a ficar
grisalhos, há um aumento de peso ou
necessidade de usar óculos. Frequentemente, as mulheres começam a ter a sensação
de serem “invisíveis”, as mulheres perdem de forma particular a sua autoestima, muitas entram em depressão. Na vocação pode acontecer o mesmo através dos pensamentos que indagam: "Valeu a
pena a opção que fiz?"
O valor da
perseverança!
Como são importantes
aqueles(as) personagens em nossas comunidades que perseveram, apesar de...! São Bonifácio, no
século VIII, escreve em uma de suas cartas: “Gostaria de abandonar inteiramente o leme da Igreja, se encontrasse
igual precedente nos Padres ou na Sagrada Escritura”. O santo não se
encoraja a fugir da barca, pela força do testemunho daqueles que perseveraram
apesar de suas fraquezas e desafios, assim, os consagrados precisam compreender
o excelente valor da perseverança e olhar com veneração para os perseverantes,
especialmente os corajosos fundadores e co-fundadores fiéis, e encontrar ali
motivações para perseverar. Se na cultura atual, homens e mulheres ao
atingirem os 40, 50 e 60 anos sentem-se desobrigados a continuarem constituindo
uma família, abandonam o “ninho” e se separam. Na consagração de vida esta
tentação aparece com uma roupagem bem parecida, ou até idêntica!
Vamos conhecer duas das tentações mais comuns:
1. Podem surgir pensamentos do tipo: "vou deixar que os
novos (que estão chegando ) continuem esta missão, eu já fiz minha parte, eu
estou ultrapassado, eu estou cansado, Deus não precisa mais de mim…" esquecendo que o chamado de Deus tem data marcada para começar, mas
não tem data marcada para encerrar!
2.A tentação de organizar coisas fora das
necessidades reais do carisma. Normalmente o consagrado já possui um certo
equilíbrio e maturidade e cai na tentação da autonomia, sem partilhar com as
autoridades atendendo somente uma necessidade pessoal de sair da rotina, sem
compreender um apelo interior para uma maior maturidade e mais profunda
fecundidade.
Mais uma vez aqui, é hora da sabedoria hábil de um "bom formador pessoal ou um diretor espiritual!"
Todo consagrado
necessita de um olhar externo e divino, o olhar de Deus não pode faltar em
nossos carismas! A Igreja anseia por homens e mulheres que sejam conhecedores dos caminhos
humanos. Pessoas consagradas que saibam fazer memória juntamente com o
vocacionado das promessas do Senhor, e que, através do diálogo aberto e
verdadeiro, da oração e do discernimento dos espíritos possam mais uma vez
ajudar a atravessar este oportuno vale de escuridão em busca de um novo e
consciente SIM a Deus.
4 - A
proximidade da aposentadoria, da morte, ou ainda, incapacidade física!
Sabemos que em
algumas civilizações que valorizam as atividades intelectuais, ser idoso é
sinônimo de sabedoria e experiência, e, por isso, os indivíduos, ao chegarem
nessa etapa da vida, não perdem o seu papel ativo. Nas culturas orientais o idoso é
visto com respeito e admiração, símbolo de experiência de vida, representante
da prudência, do saber acumulado e da reflexão. Nas outras culturas, em
contraposição, principalmente nas ocidentais, o idoso representa o velho, no
sentido pejorativo, o idoso é ultrapassado e descartável; é evidente que os
consagrados sofrem os “respingos” desta cultura. Na cultura atual, infelizmente,
somente tem valor quem produz. Se a pessoa dá lucro, constrói, realiza,
trabalha, tem valor para o mercado, caso contrário é material de descarte. De
forma geral, quando se aproxima o tempo da aposentadoria, ou simplesmente uma
diminuição do ritmo de vida, a pessoa é invadida por medos, preconceitos, e uma
sensação de que a vida, a missão, a consagração não valeram a pena. Realmente é
tempo de crise, não propriamente vocacional, pois dificilmente a estas alturas
alguém pensa em voltar atrás, mas é crise existencial. Para quem fez uma
consagração de vida, a vocação necessita de um novo sentido para continuar e
não cair no abismo dos escrúpulos, da frustração e da depressão.
O documento ‘Vida Fraterna em
Comunidade’ diz no número 63, ao comentar sobre as comunidades com muitos
religiosos idosos:
“Sua fecundidade, embora
invisível, não é inferior a das comunidades mais ativas. Antes, estas ganham força e fecundidade da oração, do sofrimento e da
aparente inutilidade dessas pessoas. A missão tem necessidade de ambas! Os
frutos serão manifestados quando vier o Senhor da glória com seus anjos”.
Disse ainda o Papa Francisco:
“É verdade que a sociedade tende
a nos descartar, mas certamente não o
Senhor. O Senhor não nos descarta nunca! Ele nos chama a segui-Lo em cada idade
da vida e mesmo a velhice contém uma graça e uma missão, uma verdadeira vocação
do Senhor. A velhice é uma vocação! Não é ainda o momento de tirar os remos
do barco!”
Se na sociedade do
capitalismo selvagem, ser idoso é meramente ir sobrevivendo, no ambiente comunitário
é preciso um olhar além! Se no capitalismo selvagem, o idoso é impedido de
lembrar e ensinar, na comunidade ele tem seu espaço e reconhecimento, pois
ele é a biblioteca mais acessível que existe! Que aquele que,
submetido às adversidades de um corpo que se desagrega, encontre cidadania
junto aos jovens que chegam à comunidade no auge de seu vigor; que os jovens
possam reconhecer no mais velho idoso, alguém que trouxe a chama do carisma
acesa até o presente momento! A velhice, a demência e os limites físicos sempre
nos ensinam. A velhice não existe para si, mas somente para o outro e este
outro no capitalismo é um opressor, em nossos ambientes comunitários este outro
deve ter um rosto e um espaço diferentes. Alguns consagrados chegam à velhice
envoltos em grandes sofrimentos, uma experiência dolorosa certamente não vem do
nada, no Livro do Eclesiástico está escrito:“Acharás na velhice aquilo que não tiveres na juventude”(Ecle 25,5). A vocação fervorosa, irrigada
pela oração, pela fidelidade e perseverança encontrará uma velhice nas mesmas
medidas. Quem cuidará dos consagrados quando ficarem velhos? O mesmo que cuidou
deles em sua juventude, ou seja, o Senhor, providente e misericordioso.
5 - Mudanças do estado de vida
Um acontecimento que
causa grande alegria e celebração em nossas comunidades sem dúvida alguma é o
matrimônio entre um casal que percorreu as etapas vocacionais e chegou a
consagração. Este momento feliz também é bastante delicado, os preparativos
para o casamento não são apenas dos noivos mas de toda a comunidade,
especialmente se tratando de uma comunidade de vida, onde ambos consagraram
suas vidas nesta pertença, por isso, tudo deve ser preparado de acordo com o
carisma, de acordo com os compromissos de pobreza, castidade e obediência, de
acordo com as possibilidades da comunidade, sem forçar a Providência, ou seja,
cada decisão em relação a roupas, festa, lua de mel, enxoval, etc. Deve ser
tratado juntamente com a autoridade competente dentro da comunidade. Nesta
hora pode aparecer o grande perigo da autonomia, a influência e a invasão dos
familiares, ou os projetos, desejos e sonhos dos noivos, lícitos, mas nem
sempre convenientes. Quando todos estes elementos se confundem o
resultado é crise, o valor do Evangelho, do chamado facilmente é esquecido e
trocado pelo encanto do momento, além disso, os ciumentos e ciumentas de
plantão podem entrar em crise, ciúmes da festa, dos presentes, das atenções
dispensadas aos noivos, enfim, somos uma família, mas, cada acontecimento deve
ser levado em conta como momento formativo para toda a comunidade. Pronto,
casamento consumado, mas nem tudo está resolvido, vem o desafio da vida a dois.
Alguém dizia: não se trata somente de uma mudança de estado, nem de país, mas
de mundo. Muita coisa muda, especialmente para os noivos, é preciso uma
nova postura na vocação, aumenta a responsabilidade, requer maturidade, o SIM a
partir de agora é compartilhado com o cônjuge. Apesar da vocação ser pessoal, a
comunidade também já não vê mais a pessoa como um, mas como um casal e com a
chegada dos filhos, uma família.
Todo
ser humano vive a experiência de Abraão, o texto bíblico diz:
“Depois de acampamento em acampamento, Abrão foi até o Negueb.” (Gn
12,9).
Nossa vida humana é assim,
de acampamento em acampamento, o primeiro acampamento foi no ventre materno,
depois nos lugares em que moramos com nossos pais, depois o casamento, a
chegada dos filhos e os acampamentos vão mudando de paisagem até chegarmos a
vida eterna, é preciso acolher cada momento da vida com alegria e desfrutar ao
máximo da graça que Deus dá em cada passagem de nossa história. Este desafio
particular, famílias consagradas, é um chamado atualíssimo feito especialmente
as Novas Fundações, estamos estudando, observando, aprendendo e compreendendo o
que é ser família consagrada a um carisma, qual seu lugar e seu papel, sua
missão e profecia na vida comunitária. É o Senhor quem tomou esta iniciativa
ele quer e sustenta esta nova forma de ser Igreja missionária.
Alguém dizia: o
casamento é como a união de um japonês com um espanhol e que geram um
paquistanês, nenhum conhece bem a linguagem profunda do outro…Esta é a melhor
tradução que já ouvi sobre o desafio da vida em família, Deus une pessoas diferentes
para viver uma experiência semelhante a Dele, a experiência de união, comunhão
e missão como ícone da Trindade no mundo! A chegada dos filhos é um momento
importante para o casal, não é diferente para o casal com uma consagração de
vida, porém, este feliz acontecimento gera muitas transformações que podem
gerar uma crise. Um bebê exige toda a atenção, especialmente de sua mãe, esta
mãe não é apenas uma mãe, é uma consagrada, é uma filha de Deus, necessitada,
em constantes mutações interiores e certamente o Senhor usará destes momentos
para tirar delas o melhor dos sabores. Lembremos Agar, a escrava que ao
perceber que tinha concebido começou a se sentir poderosa, dona de si, capaz de
reivindicar seus direitos e ousou desprezar sua senhora (Gn 16, 4 ss), e o
próprio Abraão que foi chamado por Deus para sacrificar seu filho Isaac (Gn22).
Quantos consagrados são chamados a sacrificar seu Isaac, ou seja, diante de
novos desafios reafirmar a escolha: Deus em primeiro lugar!
O encantamento:
Algumas consagradas
depois de gerar filhos permanecem encantadas com seus bebês e perdem o gosto
pela vocação,
pela oração, pela missão, pela vida comunitária e começam a dar preferência
somente para a vida familiar, aos cuidados com os filhos, com a casa, com o
esposo, o que seria bom e lícito, quando vivido de forma equilibrada, sem
esquecer do chamado de Deus a um carisma.
O ativismo:
É certo que, também a
mulher consagrada, ao tornar-se mãe, precisa compreender que se trata de uma
missão, um chamado de Deus para gerar, cuidar e educar os filhos juntamente com
seu esposo, para isso, se faz necessário certo afastamento, especialmente da mãe,
das atividades missionárias para dedicar mais tempo ao ninho e assim torná-lo
fecundo. A docilidade é elemento essencial na vocação, pois, chegará
também a hora de retomar, de voltar, de deixar o filho aos cuidados do esposo,
dos irmãos, dos pais, para retornar as atividades, é outro desafio a ser
superado.Para o homem que se
torna pai, o desafio não é menos exigente, é preciso aprender a ser pai, a dividir as
atenções da esposa com os filhos, a compartilhar das exigências com o cuidado
das crianças, a renunciar de muitos momentos comunitários, ficando com os
filhos para que a esposa participe! Tudo isso sem esquecer que um pai não se
poupa, precisa trabalhar para sustentar sua família, para garantir sua
segurança e educação.
O extremismo!
Alguns pais e mães
sofrem a tentação do extremismo, ou seja, meus filhos precisam de atenção,
cuidados, proteção de todos os lados, o que é verdade, porém com equilíbrio. Com a
desculpa fantasiosa de dar mais atenção à família muitos acabam se afastando
dos pilares essenciais da vida comunitária que são: a oração, a vida fraterna e
o apostolado. Quando a atenção, o pensamento e o desejo saem do centro
que é Cristo, do ideal da vocação, da fidelidade do carisma, seja pelo motivo
que for, logo todo o corpo também é arrastado, haverá o esfriamento da vocação
e o inevitável afastamento do chamado.
As invasões:
A chegada de um novo
membro na família chama a atenção de todos: dos amigos, avós, tios, padrinhos,
etc. Todos querem ajudar, apoiar, cuidar, enfim, realmente a ajuda é bem vinda e
necessária, mas, cuidado com as invasões, o casal com uma consagração de vida
precisa dar atenção redobrada às regras do carisma, que são facilmente
esquecidas em vista de aparentes necessidades, muitas vezes irreais que
acabarão afastando a família da missão e do ideal para o qual foi chamada. A consequência desta falta de cuidado é que inoportunamente nasce através daquela
família, dentro da própria Comunidade de Vida, uma outra comunidade, a chamada
comunidade autônoma, que cria suas próprias regras, cuida de sua própria
providência, a providência será agora suprida pelos parentes e amigos, não mais
pela graça do carisma. A comunidade autônoma tem a tendência a tornar-se sempre
mais distante da fraternidade comunitária, exigente de concessões e
privilégios, tudo isso, é claro quase que inconscientemente. Este estado, se
não sofrer interferência rápida e direta das autoridades pode ser danoso para
toda a comunidade, para as demais famílias consagradas, e a perda do sentido da
vocação, e finalmente é claro o abandono do chamado. Como acabamos de considerar, são diversas circunstâncias novas que
precisam ser trabalhadas, vividas e partilhadas com verdade e transparência,
tanto pelos consagrados na Comunidade de vida e Aliança. É preciso contar com a
graça, acolher as mediações humanas, abrir-se para o diálogo, a fim de
decodificar a vontade de Deus para a família consagrada hoje.
AS NECESSÁRIAS
CRISES EVOLUTIVAS DE IDENTIDADE DENTRO DA CONSAGRAÇÃO
Para se falar da
crise de identidade, é preciso primeiro entender o significado de identidade.
Fala-se em identidade ontológica, psicológica, genética, sexual, relacional e
social. O ser humano é um complexo extraordinário que o constitui como pessoa
humana. As diversas identidades da pessoa humana (genética, ontológica,
psicológica, metafísica) encontram-se na pessoa e estão inextricavelmente
entrelaçadas. A identidade da pessoa humana não é simplesmente representativa,
seu conceito é elaborado a partir de contribuições genéticas, sociológicas,
filosóficas e teológicas, ou seja, não é estática e completamente acabada (como o castelo interior de Teresa d'Avila que não possui teto, está sempre aberto ao novo de Deus). O conceito de identidade foi empregado, pela primeira vez, por Erik
Erikson (1902 – 1994), em sua obra ‘Juventude e Crise de Identidade’, publicado
em 1968, sendo que o termo “identidade” se refere à totalidade da pessoa e
integra os componentes biológicos, psicológicos e sociais. A identidade,
entretanto, não é estática, ela evolui de acordo com as modificações que o ser
humano, desde seu nascimento e infância, passa para atingir uma identidade
adulta, ou seja, um eu maduro, uma identidade integrada. A falta de integração de todas as
partes desse eu (masculino/feminino, bom/mau, superego admirado/superego
desprezado) consequentemente cria um falso eu. A pessoa que entrou no vocacional viveu experiências transformadoras, e já não é a mesma na sua consagração definitiva, e não para até o dia de sua Páscoa definitiva.
A identidade é individual
Sendo a
identidade um conceito mutável e dinâmico, atravessa diversas fases de
reestruturação em coincidência com alguns períodos da vida do indivíduo, que
podem ser críticos e que exige reestruturação da identidade. A identidade é um
dos aspectos mais importantes de um indivíduo! Cada pessoa desenvolve a sua! Possuímos características distintas, as quais nos diferenciam dos outros e
estão relacionadas à nossa história de vida pessoal. Na identidade de pessoa,
há aquilo que é o ser, a essência, que permanece, e a história que é dinâmica e
evolui. Desde que fomos concebidos no seio de nossa mãe até o fim de nossa vida
nesta terra, vamos tecendo nossa identidade, a qual só será revelada em
plenitude na glória celeste (Conf.Apoc 2,17). A identidade ontológica do ser
humano não se altera, aquilo que ele é, pessoa, imagem e semelhança de Deus,
com dignidade intrínseca, é estável, inalterável; o que realmente pode ocorrer é
uma alteração de ordem psicológica, social e histórica. Compreender a
identidade ontológica do homem é reafirmar o caráter singular do respeito à sua
identidade e dignidade como requisito para sua igual consideração como pessoa,
livre de qualquer forma de manipulação. A identidade ontológica constitui um
bem da pessoa, uma qualidade intrínseca de seu ser e, então, um valor moral
sobre o qual funda o direito/dever de promover e defender a integridade da
identidade pessoal e sua dignidade. Entendemos que todo indivíduo é um ser
único, irrepetível, com composição genética própria, distinta da dos demais
indivíduos, e que a identidade genética seria então a base biológica da
identidade de pessoa, porém, esta não se resume ao genético, pois tem como
referencial tanto o aspecto biológico como o meio.
Formação da personalidade
Cada surgimento de
uma pessoa no mundo é sempre uma nova criação! À identidade estática ou
genética acrescentar-se-ão, desde o momento inicial da vida, outros elementos
que vão modelar uma certa e original personalidade. A partir da concepção, estão
dadas todas as possibilidades futuras que permitirão a projeção social de uma
determinada personalidade social. Tudo isso nos indica que o ser humano, em sua
identidade de pessoa, é mais do que ter um genótipo humano, significa que ela
tem uma identidade de pessoa ou antropológica, tem um aspecto transcendental.
Por isso, é cada vez mais necessário salvaguardar a pessoa em sua totalidade,
seu valor, bem como sua identidade única e irrepetível, que constitui o cerne,
o núcleo do direito a ser respeitado em sua excelência. É certo que a identidade
pessoal é construída ao longo da história da pessoa com influências “externas”,
como educação, família, cultura e meio ambiente; e tudo é resultado de uma ação
plural coparticipada. O conceito de identidade da pessoa humana é elaborado a
partir de contribuições genéticas, mas também econômicas, sociológicas,
filosóficas, teológicas etc.
O homem e o Criador
Fazendo uma leitura
atenta do pensamento de Lévinas e Dussel à luz da antropologia cristã,
entendemos que a identidade do homem, em nível ontológico, vai se firmando na relação com o
Criador e com o semelhante, é o encontro inteligente e afetivo do Criador com a
criação e de toda a criação, a identidade que se firma como reflexo de sua ação
no mundo e o torna responsável pelo futuro da humanidade. Não entender e bem
viver estas etapas evolutivas de nossa identidade, pode nos fazer entrar em
crise quando nos vemos naquela situação de não sabemos o que fazer com estes
processos que fazem parte de nossa vida, quer consagrados ou não, onde nos
questionamos e dizemos muitas vezes: "Já não sei mais nem o que sou, e no que
estou me tornando..." A nossa primeira vontade é de largar tudo e “ser
feliz”.
Para começar o assunto, acho interessante você compreender que existem
dois tipos de crise: Vocacional e a crise de Fé!
-Vamos nos aprofundar na crise vocacional, mas antes disso,
vamos compreender um pouco mais sobre a crise de fé, a qual muitos santos como
Santa Teresinha viveram! Esse tipo de crise é
aquele que afeta DIRETAMENTE AQUILO QUE VOCÊ CRÊ, por exemplo, desconfiar da
presença VIVA DE JESUS NA SAGRADA EUCARISTIA, desconfiar da VIRGINDADE E
INTERCESSÃO DE MARIA, não acreditar no PODER DOS SACRAMENTOS. Tudo isso, como
dito acima, vai contra aquilo que acreditamos, mas de certa forma, ainda não convencidos(as). Nesses casos, a melhor coisa a
fazer é:
-Se colocar em oração e pedir para Deus o auxílio necessário.
-Buscar a
companhia e ensino dos doutores, da sagrada tradição, do sagrado magistério, e principalmente, firmar-se na sagrada escritura e não em seu próprio iluminismo!
-Como Maria na anunciação, sermos verdadeiros conosco e com Deus, fazendo as perguntas não para abandonar a fé, mas buscando firmar-se nela ("como se dará, se não conheço homem algum? Lucas 1,26), para que não deixemos a
nossa fé morrer, ou no pior dos casos: trocá-la por qualquer prato de lentilhas!
Oração de súplica a Deus para nos
revelar a verdade e a ela aderir!
Sr. Nosso Deus e nosso Pai! Sr
todo poderoso e amoroso, doador da Vida em plenitude! Estou ciente Sr Deus de que não
podemos saber tudo nesta vida, e que nem toda a informação que nos interessa
pode estar à nossa disposição. Mas, por vezes é desesperante, não termos a mais remota ideia de
como agir com algumas situações que nos rodeiam. É muito frustrante ter a
suspeita de que algo está a acontecer e não ser capaz de fazer nada por falta
do veraz e pleno conhecimento. É realmente frustrante Sr Deus! Por isso faço esta prece para que Tu
Sr me ajudes a ter conhecimento daquilo que é necessário a nossa salvação. Preciso de todo conhecimento e da
sabedoria que vem de Ti, para que eu possa estar convencido e mostrar a verdade
na caridade aos demais. Os enganos são muito comuns nestes dias Sr.! E
reconheço existir muitas pessoas boas e sinceras, mas sinceramente equivocadas
em suas convicções as quais tem levado muitas pessoas ao erro e afastamento de
ti e da verdade que nos liberta (João 8,32).E só posso Sr Deus distinguir entre a verdade e o engano com a Tua
Verdade e não com a minha. Não quero ser cego a conduzir cegos, e nem me deixar
conduzir por cegos convictos de suas próprias verdades que não é a Tua verdade. Te peço por fim Sr. a serenidade
necessária para aceitar as coisas que não posso modificar, Coragem e Sabedoria para
modificar aquelas que estão ao meu alcance, e teu santo discernimento para
distinguir uma das outras constantemente. Amém!
Agora que você já sabe o que é crise de fé, vamos ver um pouco sobre a crise vocacional, pois este é o nosso
foco nesta postagem!
Antes de começarmos, reflita as perguntas abaixo (leve suas respostas a sua direção espiritual):
–Você já passou por uma crise
vocacional? Se sim, como agiu diante dessa situação?
–Você acredita que é Deus quem
permite que a crise aconteça? Se sim, por quê?
–Você sabe o que fazer durante
uma crise vocacional?
Bom, agora que você
já refletiu essas perguntas, vamos ao que interessa! Primeiramente, é bom
esclarecer que a crise vocacional existe tanto para quem tem a vocação ao
matrimônio, quanto a quem tem vocação religiosa, celibatária, e ou, sacerdotal.
Como reconhecer uma crise vocacional?
A crise vocacional
pode ser reconhecida pelo fato de não estar se sentindo a vontade nos planos de
Deus.
Como posso aproveitar uma crise vocacional para um
crescimento humano e espiritual?
A crise vocacional
sempre irá te ajudar no crescimento humano e espiritual, pois é nela que você
se depara com as suas misérias e potencialidades. Como diz o meu Diretor Espiritual, Padre Paulo
da Eucaristia (SJS):
"Desejo a você muitas crises! Pois nelas você aprende e
compreende o que tem que mudar, e elas te aproximam de Deus! Você sempre tem que
tirar dos obstáculos as coisas boas".
É Deus quem permite a crise vocacional?
(é assim que Deus trata nossas crises)
Sim, é Deus quem
permite a crise vocacional, pois é através dela que nos aproximamos cada vez
mais dEle. Ele não quer que você sofra, pois se você sofre, Ele também sofre,
mas deixa isto acontecer para que você jamais o abandone no meio do caminho.
Como posso dar fim a minha crise
vocacional?
Para acabar com uma
crise vocacional, você literalmente tem que dobrar os seus joelhos diante do
sacrário, se aprofundar em sua crise durante a oração, para que assim consiga
descobrir onde está a raiz dessa crise, para que possa “cortar o mal pela
raiz”! A crise poderá te fortalecer em sua decisão, basta você encontrar o
caminho certo a ser seguido. Aconselho que tenha um bom "diretor espiritual" (somente um sacerdote que pode ouvir e perdoar pecados) para
que possa enfrentar as suas crises de maneira objetiva e eficaz. Concluo este
tópico, desejando a todos os que lerem esta postagem "que tenham muitas crises! Pois são elas que
irão te fortalecer diante dos seus desejos humanos" que precisam ser provados no fogo e purificados!
Alguns conselhos muito úteis, de alguém que também
já viveu alguns destes "processos":
1. REZE: cultive sua vida de oração com zelo e
perseverança. Recorde que ORAÇÃO é um diálogo com DEUS e a vocação também é! Deus quer amigos(as), mais que servos!
2. Frequente o
sacramento da confissão com relativa assiduidade. A purificação da
consciência, a formulação de motivações válidas nas opções de cada dia podem
ajudar ajudar. Sem conversão não tem vida cristã que aguente, nem vocação que
vá pra frente.
3. Procure a DIREÇÃO
ESPIRITUAL.
O aconselhamento (preferencialmente de um sacerdote).Com a ajuda de uma pessoa capaz de ajudar a discernir o que
Deus quer de você pode abrir horizontes e alargar fronteiras. Não tente
descobrir sozinho pois ninguém é juiz imparcial quando se trata de causa
própria! Porém, lembre-se: o orientador vocacional não é um fornecedor de
respostas, mas um provocador de perguntas! Em última instância é você que haverá de discernir e escolher
o que Deus quer para a sua vida.
4. Procure LER SUA
HISTÓRIA PESSOAL.
Nos acontecimentos é possível perceber a direção e plano de Deus para sua vida! Não espere um anjo ou alguém lhe revelar alguma coisa (Deus pode até se servir deste meio EXTRAORDINÁRIO, mas
não é muito comum, Deus prefere agir no ordinário, conforme Ele nos orienta em Lucas 14,28-30). Deus normalmente se
utiliza de mediações humanas e históricas. Esteja atento para perceber nos
acontecimentos Deus falando, interpelando, convidando. Analise seus talentos, suas tendências e inclinações. Pergunte-se honestamente:
O que Deus quer de mim? Qual é o meu lugar na Igreja? Não se acovarde, não
tenha medo das respostas de Deus em seu interior. Ninguém será plenamente feliz e nem se realizará fugindo ou se escondendo do que
Deus quer!
5. SEJA ÚTIL E
PONHA-SE A SERVIÇO: Seja fiel a Jesus e disponível aos que Deus lhe envia e
confia hoje! Um bom vocacionado é sempre um alguém disponível ao serviço dos irmãos.
Deus conta com você, tem muita gente esperando por você!
6. Nem sempre o
melhor caminho é a estrada mais curta, NÃO CONFUNDA ESTRADA COM ATALHO. Não adianta só
constatar que o mundo está de cabeça para baixo e que tá tudo meio bagunçado.
Em vez de condenar a escuridão, acenda uma vela. Não fique reclamando pelo que
depende de você! Faça o que lhe for possível e peça ajuda quando não souber! Mobilize pessoas e
recursos.
7. NÃO ESPERE TER
CERTEZAS ABSOLUTAS: Nem tudo é claro, nem tudo é fácil, nem tudo é evidente.
Certezas absolutas acho que só no céu as teremos! Por enquanto, vamos
caminhando na fé e nas oportunidades que Deus vai nos dando: Deus nos chama, a
gente responde e a Igreja confirma! Quando este ciclo se fecha, então é só
seguir em frente!
8. TENHA PACIÊNCIA
COM VOCÊ MESMO(a)! Não queira adquirir todas virtudes de uma só vez! (Graça é dada, virtudes são exercitadas e precisam de tempo). Supere com calma e firmeza seus pecados e
imaturidades, sem fazer uma tragédia ou viver em “paz” com seus defeitos. Seja humano e se aceite como pessoa humana. Deus
não precisa de super-heróis, Deus não quer ver em você um anjo, nem muito menos
um ET (Extra-terrestre). Avance decididamente por Deus.
9. IMAGINE-SE EM UMA
VOCAÇÃO ESPECÍFICA! Sendo padre ou religioso ou religiosa, um leigo ou uma
leiga, pessoa casada ou solteira, enfim, um alguém com algum papel, alguma
missão específica. E aí? como se sente? quais as emoções e convicções sentidas?
10. ANALISE SUAS
MOTIVAÇÕES:
Por que ser padre? Por que ser uma religiosa, ou celibatário(a)? Por que ser um
leigo consagrado? As motivações são válidas, autênticas, coerentes? Trata-se de
um projeto que se encarna na sua história, ou é só um sonho, uma fantasia
idealizante?
11. Atenção! NÃO SE
DEIXE INFLUENCIAR POR DESEJOS OU POR EXPECTATIVAS DOS OUTROS. Não abrace esta ou
aquela vocação por causa de parentes ou para dar gosto as pessoas, nem muito
menos em busca de prestígio ou para fugir de algum problema mal resolvido. Não
delegue aos outros uma decisão que é somente sua. Sua resposta deve ser livre,
responsável AO DEUS QUE TE AMA, TE CHAMA E TE QUER!
12. A VOCAÇÃO
RESPONDIDA COM A VIDA NÃO É HEROÍSMO, mas um dom gratuito de Deus e uma
generosidade e abertura do vocacionado. Não estamos fazendo algum favor para
Deus, mas Deus nos está concedendo um grande favor quando nos chama para o seu
serviço. Os vocacionados que Deus chamou e elegeu não eram pessoas perfeitas:
Moisés era gago e hesitante, José era escravo no Egito, Isaías tinha os lábios
impuros, Jeremias muito jovem e não sabia falar direito, os apóstolos humildes
pescadores e sem prestígio e formação, Maria era uma humilde jovenzinha que
residia numa cidade pequena e sem graça como era Nazaré. Não existe gente
ideal, nem diocese ideal ou congregação ideal, nem mesmo comunidade ideal.
Renuncie ao idealismo, sem deixar de buscar os ideais sadios, fazendo sempre
contas com a realidade. Não se sinta nem vítima, nem coitado, nem herói. As
dificuldades servem para amadurecer e santificar, consolidar na vocação e não
desistir dela. É uma honra responder ao apelo divino.
13. DEUS ESCOLHE QUEM
ELE QUER, QUANDO ELE QUER E PORQUE ELE QUER! ELE É INFINITAMENTE SOBERANO: “Jesus subiu ao
monte e chamou quem Ele quis” (Mc 3,13). Seja apenas um bom
cristão, seja fiel a Deus sobretudo e diga com a sua vida, como fez o jovem
Samuel:
“Fala Senhor que servo escuta” (1Sm 3, 10). Deus não é tagarela, mas ele fala ao nosso coração! Silencie, se esvazie de você mesmo e O ouça. NÃO DEIXE DE BUSCAR LUGARES DE DESERTO
E MOMENTOS DE SILÊNCIO PARA OUVIR A DEUS! VOCAÇÃO É
MISTÉRIO, É INEXPLICÁVEL! Por que eu? A resposta é: Não sei! TODA VOCAÇÃO BEM
RESPONDIDA DESEMBOCA NO CÉU E LEVA PARA O CÉU MUITA GENTE! Com você estarão
todos aqueles que Deus salvou através de sua resposta generosa e de sua vida
doada!
Conclusão:
As chamadas crises
vocacionais são momentos importantíssimos e propícios para extraordinários
passos de maturidade quando encontram corações dóceis ao acolhimento da direção
formativa, ou seja, a palavra de sabedoria e discernimento vindo do carisma
através da formação pessoal. Deus se utiliza da intervenção dos fundadores e
formadores para forjar em nós o coração do seu Filho. A justa medida do
discernimento, da oração e do acolhimento das novas exigências de Deus em
relação a vocação de cada um provoca grandes saltos de crescimento e conversão. “A esperança não
engana…” (Rm 5,4b), que as dificuldades da consagração de vida não arrefeça
nossa esperança, não esqueçamos que vivemos em luta espiritual, (1 Pd 5,
8), por isso facilmente caímos nas
armadilhas de nossas fraquezas e das forças do mal, façamos todo o esforço para
atender aos apelos de Deus, a beleza do Seu chamado e para as maravilhas que
Ele pode operar no mundo através de seus consagrados(as). Toda a consagração de
vida deve estar arraigada na Palavra de Deus, na escuta, em uma vida orante,
mais para as coisas do alto do que para as funções da vida humana. Está
escrito: “Concentra teu pensamento nos
preceitos de Deus, sê assídua à meditação de seus mandamentos. Ele próprio te
dará um coração, e ser-te-á concedida a sabedoria que desejas” (Eclo 6,37).
*Matéria adaptada da Comunidade Oásis
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Sem palavras! Grata Deus por esta matéria, era tudo que eu estava precisando.
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