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Como detectar e superar as naturais e necessárias "crises vocacionais" dentro de uma Vocação?

Written By Beraká - o blog da família on sexta-feira, 9 de novembro de 2018 | 12:32







O escrito da Comunidade Católica Shalom, que tem como título No Coração da Obra, em Unidade com o Carisma, diz o seguinte: "...Tal Vocação é, antes de tudo, um chamado a SER...Somos chamados antes de tudo a ser no interior da Igreja e do mundo".(ECCSh 14). Ser este que está fundamentado na Obra Nova...Assim sendo, todo aquele que se propõe a abraçar a Vocação deve ter bem claro que o vínculo que nos une não é o que fazemos, ou o nosso estado de vida, ou a nossa idade, mas o SER! É isso o que nos identifica, algo a ser vivido, encarnado e, só então, transbordado para o mundo no nosso fazer e no nosso testemunho. Vivendo a radicalidade do Evangelho, impregnados pela novidade do Espírito que nos foi dado, cumpriremos a nossa missão no mundo. Para encarnar esta forma de viver, Ele criou e resgatou pessoas para lhe darem uma resposta de amor vivendo como Ele nos chamou a viver. Ele não só nos criou para isso, como também nos resgatou do mundo, do reino das trevas onde estávamos para que, "sem temor, livres das mãos inimigas, possamos servi-lo em santidade e justiça, em sua presença, todos os dias de nossas vidas. (Lc 1, 74-75 - RVSh 269).O Senhor também, por livre decisão de sua vontade, escolheu "alguns" para abraçarem esse novo por meio de uma consagração incondicional (e definitiva) de suas vidas a Ele. E não os escolheu baseado em critérios humanos: por serem virtuosos, muito santos, ou comprometidos na Obra, mas sim por um desígnio inexplicável do seu amor. Não é o simples fato de gostar ou de achar belo um carisma que indicará que devo consagrar a minha vida nesta Vocação! É preciso ter sido escolhido por Deus, ter escutado o seu chamado específico para mim...Posso encontrar o meu lugar como membro de grupo de oração, como engajado na Obra (pastoral) e também este, é um caminho de salvação e santificação! Mas como saberei se esta é ou não a minha Vocação? Como terei certeza de que este é o meu chamado, de que sou um autêntico vocacionado ?A respeito disso, dizem as nossas Regras que é preciso, antes de tudo, que o vocacionado tenha o coração na Obra, que a ame com sinceridade: É necessário que não só estejam dentro da Obra, prestando serviço a ela ou sendo espiritualmente alimentados por ela, mas que tenham seus corações unidos à Obra, à Vocação. Que se sintam chamados a investir as suas vidas em sua participação nesta Vocação. Que tenham um amor muito grande por este caminho, a ponto de desejarem investir seu tempo, seus pensamentos, suas capacidades para o crescimento daquilo que o Senhor nos confiou. Vocacionado não é aquele que simplesmente trabalha na Obra, mas é antes de tudo aquele que tem nela seu coração, que a ama e está disposto a renunciar, por amor, o seu tempo a fim de dedicá-lo Àquele que o chamou, sabendo que ainda será pouco por tudo que Ele nos dá" (RVSh 275).É necessário, ainda, ouvir a voz de Deus, a qual se revela na oração, nas situações da vida e através das pessoas que o Senhor providencia para nos ajudar neste caminho de discernimento. Tal voz fará com que nos sintamos responsáveis pela Obra e encontremos nossa identidade com o carisma. De fato, seria incoerente dizer-me chamado à Vocação quando rejeito a forma de ser do Carisma, bem como a linha de pensamento da fundação e do fundador. É preciso igualmente que este amor se expresse em uma profunda busca de unidade. Ela é fonte de comunhão. Na medida em que eu comungo com o Dom, com a forma de ser do Carisma, entro em unidade, sou um com o outro. Isto é de fundamental importância para o andamento de toda a Obra nos caminhos verdadeiramente reservados pelo Senhor" (RVSh 278). 




COM RELAÇÃO AS CRISES VOCACIONAIS (QUE SÃO NORMAIS E NECESSÁRIAS) NO CAMINHO DE CONSAGRAÇÃO DEFINITIVA EM UM CARISMA,OS ESCRITOS SHALOM, ASSIM TRATAM DESTE TEMA,NO CAPÍTULO: “NO CORAÇÃO DA OBRA, EM UNIDADE COM O CARISMA” – N° 15 a 20:







“Uma coisa é ter minhas dúvidas se aqui é ou não o meu lugar? É passar pelas dificuldades de relacionamentos, problemas e feridas pessoais. Isto é compreensível. São momentos pelos quais todos passam! Outra coisa é rejeitar a Vocação, a forma de ser Shalom, o Carisma e aqueles  a quem o Senhor chamou para levar a bom termo a Vocação e a obra e, ainda que de maneira inconsciente, semear ao meu redor essa rejeição! Eu estaria desta forma dividindo, rejeitando, minando o próprio carisma. A divisão, a quebra da unidade, nasce da rejeição da forma de SER do próprio Carisma.Devemos acima e tudo, preservar, buscar e encarnar esta unidade. Sem ela nada caminha, nada vai a frente. É ela que me faz perceber minha identidade com o Carisma e com a Vocação. Através dela posso perceber se possuo o Carisma! Através dela posso dizer se sou chamado ou não? Seria uma incoerência dizer que me sinto chamado a ser Shalom, quando rejeito e não aceito a forma de ser Shalom,o dom do Senhor, o caminho que Ele nos deu para trilhar,quando rejeito de maneira genérica a linha de pensamento da fundação e do fundador. Nos momentos de aparente falta de identidade, devemos pedir muito ao Senhor o dom do discernimento para não confundir as coisas, pois uma grande tentação, pode tomar conta de nós! Às vezes por causa de marcas, mágoas, dificuldade nos relacionamentos, momento difícil em nossa caminhada espiritual, momentos de grandes tentações, podemos confundir as coisas. As marcas, mágoas ou caminhos de afastamento que tomamos nos cegam e fazem com que nos afastemos da Vocação, da forma de ser do Carisma. É ai que o tentador pode nos confundir! Precisamos verificar se não temos realmente identidade com o Carisma, ou se estes outros fatores estão ofuscando nossa visão. Se for o primeiro caso, precisamos ser honestos conosco mesmos e com Deus, e buscarmos o nosso lugar dentro de sua vontade, talvez dentro da própria obra (ou igreja) como um colaborador bastante ativo,mas sem os compromissos mais profundos com a vocação. Se for o segundo caso (e este é mais difícil de detectar) devemos identificar esta realidade, sua causa e, sem nos acomodar a ela, reconhecer a situação e buscar um caminho de cura, de volta, de perdão. Precisamos estar atentos...”





*Há quem garanta que: "não existe crise vocacional, o que existe é um momento de transformação profunda do ser consagrado" ou, na pior das hipóteses, uma crise de egoísmo!


















A Igreja se manifesta no documento sobre formação chamado “Potissemum Institution”, onde alerta para a imperiosa necessidade de se dar atenção especial a cada etapa da formação do candidato a consagração. Depois dos primeiros compromissos, a formação assume uma nova etapa chamada "formação permanente", que se prolongará até o último segundo da vida do consagrado. Durante a formação permanente, haverá diversos momentos ‘fortes’ na vida de cada vocacionado. É preciso observar estas passagens, pois possuem grande valor formativo.





Vejamos algumas situações que devem ser levadas em conta:





1.Logo depois da consagração.


2.Dez anos depois dos primeiros compromissos, ordenação ou profissão.


3.A chegada aos 40, 50 e 60 anos.


4.A proximidade da aposentadoria ou da morte com doenças crônicas.


5.Mudanças circunstanciais ou permanentes no estado de vida.


6.A chegada ou saída dos filhos.




Primeiramente vamos comentar sobre a ‘crise’ que pode surgir logo que a pessoa faz os primeiros compromissos de consagração de vida através de um carisma. É quando os ânimos se relaxam, os esforços se retraem e a pessoa pode, sem perceber, intuir que já deu tudo que podia e pode parar pelo caminho. Muita atenção a este momento crítico!













1- Logo depois da Consagração!

 





Todo aquele(a) que recebeu o Sacramento do Batismo é um consagrado a Deus, e chamado a santidade de vida! A consagração batismal possui "desdobramentos" distribuídos por Deus entre seus filhos segundo sua vontade (para que possamos melhor responder e viver a nossa consagração primeira: a batismal):



-Alguns são chamados à vida religiosa, contemplativa, monástica, etc.




-Outros ao ministério sacerdotal, 



-Outros a consagração de vida em um carisma específico, ou a viver simplesmente como leigo(a) consagrado(a) e  engajado da Igreja (seja numa pastoral, ou movimentos da Igreja, ordens terceiras, etc.). 




Nenhuma destas situações vocacionais o faz melhor ou pior que os outros! Todos porém, comungam do chamado de Deus a santidade e possuem uma missão única na evangelização, na família, na sociedade e no mundo! Infelizmente alguns vocacionados compreendem a consagração como um fim, uma conquista, um TROFEL ostentativo, uma meta a ser atingida, e não como uma missão e um meio para viver a vontade de Deus! Vejamos algumas consequências deste entendimento errado a respeito da consagração:






a)- Logo que se consagram, muitos acabam caindo no vazio, a oração já não tem o mesmo sentido, cessa-se a luta pela conversão diária e pela superação dos desafios, afinal, aquele vocacionado já atingiu a meta e agora é só ‘relaxar’ ou até, buscar novas emoções.





b)- Existem aqueles que, achando-se prontos, acabados, poderosos, se autorizam a não mais obedecer às regras do carisma ou da consagração assumida, afinal: “agora sou mais velho, tenho meus direitos conquistados, já sofri  e ralei demais, chega! não preciso mais obedecer, me humilhar, me submeter…”











c)- Outros ainda chegam ao cúmulo de "institucionalizar uma vida de pecado e de liberdades permissivas" (dentro, ou fora da vocação, e levando outros(as) consigo neste caminho. Aquelas tentações combatidas seriamente durante o caminho de formação para a consagração, agora, podem ser vividas. A luta está suspensa, os maus hábitos são “re-autorizados” no olhar, no pensar, no falar. Muitos consagrados vivem as regras e normas de seu carisma somente até atingirem a consagração, como se, agora seguros de si, não precisassem mais do trabalho, do esforço, da oração, das renúncias inerentes ao chamado de Deus e indispensáveis para um autêntico processo de conversão.Esta crise é mais grave em suas conseqüências que as outras citadas, as outras podem levar a pessoa a deixar a vocação, o que é mau certamente, mas esta pode levar a pessoa a permanecer e sedimentar em si a mediocridade. A Epístola de São Pedro alerta (1Pd 2,1-3): “Deponde, pois, toda malícia, toda astúcia, fingimentos, invejas e toda espécie de maledicência. Como crianças recém-nascidas desejai com ardor o leite espiritual que vos fará crescer para a salvação, se é que tendes saboreado quão suave é o Senhor (Sl 33,9)”. Podemos observar os efeitos desta crise muito perto de nós; encontramos consagrados levianos, levados pelas ondas do secularismo, relativismo, modernismo, etc., justificando pecados, tolerando o intolerável, mergulhados no respeito humano, incapazes de acolher e orientar as almas para a vontade de Deus, levando o rebanho de Deus à perda, atualizando em nossos dias a dolorosa queixa do Senhor através do profeta: “Meus guardas estão todos cegos e não vêem nada; são cães mudos incapazes de latir, sonham estirados, gostam de cochilar.” (Is 56,10). Tornam também eficaz o provérbio que diz que: "a alegria do lobo é a sonolência do pastor", lembrando que pastor não é somente o sacerdote, é todo aquele que o Senhor chamou para cuidar de seu rebanho! Quem está assim, torna-se um perigo a sua própria salvação e à dos demais! É preciso um sério caminho de re-conversão ao primeiro amor.






Como evitar esta armadilha, mesmo antes da consagração?






Diz o Senhor: Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará “(Jo 8,32). O conhecimento de si é essencial, o conhecimento das reais motivações e intenções que nutrem as escolhas vocacionais ajudará o correto discernimento da vontade de Deus. A formação e a direção espiritual assumem um papel indispensável, questionando, sustentando, orando junto com o vocacionado, ensinando-o a escutar a voz do Amado Deus, para que sua vocação não seja um equívoco, mas uma resposta ao chamado divino.






2- Crise vocacional ou momento providencial! (Dez anos depois dos primeiros compromissos, ordenação ou profissão)!






Uma pergunta pode surgir das entranhas do consagrado no linear de seus dez anos de compromisso: será que minha vida está valendo a pena? Ao desfrutar de seu período de descanso e encontrar-se com seus colegas de infância, com seus irmãos de sangue, primos, amigos, que parecem tão felizes e realizados profissionalmente, comentando de suas viagens, conquistas e feitos, surge uma pergunta: “E eu? O que fiz? O que construí para meu futuro?” O que chamamos de crise vocacional pode ser um momento de profunda graça, um novo SIM, está sendo solicitado por Deus e poderá ser vislumbrado um SIM mais substancial, ainda mais maduro.





“Tempo gasto com Deus, jamais será tempo perdido, mas tempo ganho! Um tesouro que cumulamos e que nem a traça nem a ferrugem corroem!”(Mateus 6,19-21).















O chamado de Deus é acompanhado de graças e desafios, não é para as glórias e reconhecimentos do mundo! 
















Não podemos esquecer que a pessoa chamada à consagração de vida é morta para o mundo, caso contrário acabará cedo ou tarde traindo sua vocação. São Paulo consolava a comunidade de Corinto dizendo: “à medida que os sofrimentos de Cristo crescem para nós cresce também nossa consolação por Cristo” (2 Cor 1,5), é preciso acolher com entusiasmo os sofrimentos de Cristo; que eles sejam abundantes em nós se desejamos realmente obter a grande consolação reservada para todos os que choram. Os sofrimentos de Cristo em nós são muitas vezes simples perguntas tais como: “Você não vai se casar? Você não vai se aposentar? Não vai continuar estudando? Quem vai te cuidar quando você envelhecer?” Cristo foi chamado de comilão e beberrão; há autores que dizem que esta afirmação está diretamente ligada ao estado de vida de Cristo. Foi também chamado amigo das prostitutas e dos pecadores; o que existia por trás destas palavras? Algumas perguntas vindas dos nossos próprios irmãos de sangue ferem profundamente e provocam questionamentos dolorosos, são venenosos como os espinhos da coroa de Jesus.As partilhas, as razões, as indagações e as nossas próprias convicções até agora tão sólidas entram em “xeque”. É hora da sabedoria, é o momento da intervenção sábia de um formador pessoal que já trilhou este caminho e pode afirmar com certeza: “tua vocação é sublime, teu chamado vem de Deus, não há com o que se comparar. Nem festas, nem títulos, nem diplomas ou viagens de turismo podem ser comparados ao chamado pessoal que Deus fez para ti, é tempo de recordar as profecias. É tempo de ouvir novamente: Vem e segue-me! ”Para Pedro, este momento chegou logo após a ressurreição de Jesus. Pedro recebeu um novo chamado: “E depois de assim ter falado, acrescentou: segue-me! Voltando-se Pedro, viu que o seguia aquele discípulo que Jesus amava (…). Vendo-o, Pedro perguntou a Jesus: Senhor, e este? Que será dele? Respondeu Jesus: Que te importa se eu quero que ele fique até que eu venha? Segue-me tu.” (Jo 21, 20-22).Que te importa, se o outro fez isso ou aquilo? Importe-se com o que Eu quero de ti,assim também nos diz o Senhor: ‘farei de ti pescador de homens…’






3 - A crise dos 40, 50 e 60 anos






Para quem consagrou, ou não, sua vida a Deus, atingir estas idades, mesmo estando vivendo certa estabilidade profissional, familiar e vocacional, pode significar para alguns que está faltando um "algo mais". Esta é a mentalidade do século, e infelizmente, atinge também, aos consagrados(as) e geram crises vocacionais!






A paisagem está mudando!







Os filhos crescidos, educados, formados, cada um tomando seus rumos na vida, o cônjuge muitas vezes ‘não é fácil’, o trabalho, e a aposentadoria já não tem o mesmo significado e entusiasmo, enfim, trata-se de um momento providencial em que surge a necessidade de novas motivações e de buscar um novo sentido para a vida. Muitos(as) nesta hora são arrastados pelas correntezas do mundo moderno, iludidos, em busca de novas emoções, separam-se da família... Sem dúvida encontrarão momentaneamente a nova emoção. Na consagração de vida esta realidade não é muito diferente, de repente o tempo está passando, as motivações, aspirações e sonhos do primeiro amor já não são os mesmos, é preciso buscar novas razões, porém, não fora, mas dentro de si.Na sociedade atual existem muitas formas suspeitas para enfrentar esta fase, há os que fazem até 95 km de bicicleta no domingo, outros participam de corridas e maratonas, tudo em busca de algum desafio que faça com que a rotina se modifique, são os chamados “Tarzan de domingo”, ou seja, uma busca vazia que leva apenas a uma distensão muscular. Nos jantares, alguns comprazem-se em contar edificantes histórias, como a do amigo que mudou toda a vida para montar um restaurante, trabalha adoidado, mas está feliz, rejuvenesceu uns 15 anos! E os outros convivas aplaudem! E até incentivam: Você merece! Parabens! Isso é só o começo! Para as mulheres não é muito diferente, os cabelos começam a ficar grisalhos, há um aumento de peso ou  necessidade de usar óculos. Frequentemente, as mulheres começam a ter a sensação de serem “invisíveis”, as mulheres perdem de forma particular a sua autoestima, muitas entram em depressão. Na vocação pode acontecer o mesmo através dos pensamentos que indagam: "Valeu a pena a opção que fiz?"






 O valor da perseverança!












Como são importantes aqueles(as) personagens em nossas comunidades que perseveram, apesar de...! São Bonifácio, no século VIII, escreve em uma de suas cartas: “Gostaria de abandonar inteiramente o leme da Igreja, se encontrasse igual precedente nos Padres ou na Sagrada Escritura”. O santo não se encoraja a fugir da barca, pela força do testemunho daqueles que perseveraram apesar de suas fraquezas e desafios, assim, os consagrados precisam compreender o excelente valor da perseverança e olhar com veneração para os perseverantes, especialmente os corajosos fundadores e co-fundadores fiéis, e encontrar ali motivações para perseverar. Se na cultura atual, homens e mulheres ao atingirem os 40, 50 e 60 anos sentem-se desobrigados a continuarem constituindo uma família, abandonam o “ninho” e se separam. Na consagração de vida esta tentação aparece com uma roupagem bem parecida, ou até idêntica!





Vamos conhecer duas das tentações mais comuns:





1. Podem surgir pensamentos do tipo: "vou deixar que os novos (que estão chegando ) continuem esta missão, eu já fiz minha parte, eu estou ultrapassado, eu estou cansado, Deus não precisa mais de mim…" esquecendo que o chamado de Deus tem data marcada para começar, mas não tem data marcada para encerrar!




2.A tentação de organizar coisas fora das necessidades reais do carisma. Normalmente o consagrado já possui um certo equilíbrio e maturidade e cai na tentação da autonomia, sem partilhar com as autoridades atendendo somente uma necessidade pessoal de sair da rotina, sem compreender um apelo interior para uma maior maturidade e mais profunda fecundidade.





Mais uma vez aqui, é hora da sabedoria hábil de um "bom formador pessoal ou um diretor espiritual!"






Todo consagrado necessita de um olhar externo e divino, o olhar de Deus não pode faltar em nossos carismas! A Igreja anseia por homens e mulheres que sejam conhecedores dos caminhos humanos. Pessoas consagradas que saibam fazer memória juntamente com o vocacionado das promessas do Senhor, e que, através do diálogo aberto e verdadeiro, da oração e do discernimento dos espíritos possam mais uma vez ajudar a atravessar este oportuno vale de escuridão em busca de um novo e consciente SIM a Deus.







4 - A proximidade da aposentadoria, da morte, ou ainda, incapacidade física!






Sabemos que em algumas civilizações que valorizam as atividades intelectuais, ser idoso é sinônimo de sabedoria e experiência, e, por isso, os indivíduos, ao chegarem nessa etapa da vida, não perdem o seu papel ativo. Nas culturas orientais o idoso é visto com respeito e admiração, símbolo de experiência de vida, representante da prudência, do saber acumulado e da reflexão. Nas outras culturas, em contraposição, principalmente nas ocidentais, o idoso representa o velho, no sentido pejorativo, o idoso é ultrapassado e descartável; é evidente que os consagrados sofrem os “respingos” desta cultura. Na cultura atual, infelizmente, somente tem valor quem produz. Se a pessoa dá lucro, constrói, realiza, trabalha, tem valor para o mercado, caso contrário é material de descarte. De forma geral, quando se aproxima o tempo da aposentadoria, ou simplesmente uma diminuição do ritmo de vida, a pessoa é invadida por medos, preconceitos, e uma sensação de que a vida, a missão, a consagração não valeram a pena. Realmente é tempo de crise, não propriamente vocacional, pois dificilmente a estas alturas alguém pensa em voltar atrás, mas é crise existencial. Para quem fez uma consagração de vida, a vocação necessita de um novo sentido para continuar e não cair no abismo dos escrúpulos, da frustração e da depressão.





O documento ‘Vida Fraterna em Comunidade’ diz no número 63, ao comentar sobre as comunidades com muitos religiosos idosos:

 





“Sua fecundidade, embora invisível, não é inferior a das comunidades mais ativas. Antes, estas ganham força e fecundidade da oração, do sofrimento e da aparente inutilidade dessas pessoas. A missão tem necessidade de ambas! Os frutos serão manifestados quando vier o Senhor da glória com seus anjos”.






Disse ainda o Papa Francisco:





“É verdade que a sociedade tende a nos descartar, mas certamente não o Senhor. O Senhor não nos descarta nunca! Ele nos chama a segui-Lo em cada idade da vida e mesmo a velhice contém uma graça e uma missão, uma verdadeira vocação do Senhor. A velhice é uma vocação! Não é ainda o momento de tirar os remos do barco!”





Se na sociedade do capitalismo selvagem, ser idoso é meramente ir sobrevivendo, no ambiente comunitário é preciso um olhar além! Se no capitalismo selvagem, o idoso é impedido de lembrar e ensinar, na comunidade ele tem seu espaço e reconhecimento, pois ele é a biblioteca mais acessível que existe! Que aquele que, submetido às adversidades de um corpo que se desagrega, encontre cidadania junto aos jovens que chegam à comunidade no auge de seu vigor; que os jovens possam reconhecer no mais velho idoso, alguém que trouxe a chama do carisma acesa até o presente momento! A velhice, a demência e os limites físicos sempre nos ensinam. A velhice não existe para si, mas somente para o outro e este outro no capitalismo é um opressor, em nossos ambientes comunitários este outro deve ter um rosto e um espaço diferentes. Alguns consagrados chegam à velhice envoltos em grandes sofrimentos, uma experiência dolorosa certamente não vem do nada, no Livro do Eclesiástico está escrito:“Acharás na velhice aquilo que não tiveres na juventude”(Ecle 25,5). A vocação fervorosa, irrigada pela oração, pela fidelidade e perseverança encontrará uma velhice nas mesmas medidas. Quem cuidará dos consagrados quando ficarem velhos? O mesmo que cuidou deles em sua juventude, ou seja, o Senhor, providente e misericordioso.






5 - Mudanças do estado de vida

 



Um acontecimento que causa grande alegria e celebração em nossas comunidades sem dúvida alguma é o matrimônio entre um casal que percorreu as etapas vocacionais e chegou a consagração. Este momento feliz também é bastante delicado, os preparativos para o casamento não são apenas dos noivos mas de toda a comunidade, especialmente se tratando de uma comunidade de vida, onde ambos consagraram suas vidas nesta pertença, por isso, tudo deve ser preparado de acordo com o carisma, de acordo com os compromissos de pobreza, castidade e obediência, de acordo com as possibilidades da comunidade, sem forçar a Providência, ou seja, cada decisão em relação a roupas, festa, lua de mel, enxoval, etc. Deve ser tratado juntamente com a autoridade competente dentro da comunidade. Nesta hora pode aparecer o grande perigo da autonomia, a influência e a invasão dos familiares, ou os projetos, desejos e sonhos dos noivos, lícitos, mas nem sempre convenientes. Quando todos estes elementos se confundem o resultado é crise, o valor do Evangelho, do chamado facilmente é esquecido e trocado pelo encanto do momento, além disso, os ciumentos e ciumentas de plantão podem entrar em crise, ciúmes da festa, dos presentes, das atenções dispensadas aos noivos, enfim, somos uma família, mas, cada acontecimento deve ser levado em conta como momento formativo para toda a comunidade. Pronto, casamento consumado, mas nem tudo está resolvido, vem o desafio da vida a dois. Alguém dizia: não se trata somente de uma mudança de estado, nem de país, mas de mundo. Muita coisa muda, especialmente para os noivos, é preciso uma nova postura na vocação, aumenta a responsabilidade, requer maturidade, o SIM a partir de agora é compartilhado com o cônjuge. Apesar da vocação ser pessoal, a comunidade também já não vê mais a pessoa como um, mas como um casal e com a chegada dos filhos, uma família.





Todo ser humano vive a experiência de Abraão, o texto bíblico diz:







“Depois de acampamento em acampamento, Abrão foi até o Negueb.” (Gn 12,9).





Nossa vida humana é assim, de acampamento em acampamento, o primeiro acampamento foi no ventre materno, depois nos lugares em que moramos com nossos pais, depois o casamento, a chegada dos filhos e os acampamentos vão mudando de paisagem até chegarmos a vida eterna, é preciso acolher cada momento da vida com alegria e desfrutar ao máximo da graça que Deus dá em cada passagem de nossa história. Este desafio particular, famílias consagradas, é um chamado atualíssimo feito especialmente as Novas Fundações, estamos estudando, observando, aprendendo e compreendendo o que é ser família consagrada a um carisma, qual seu lugar e seu papel, sua missão e profecia na vida comunitária. É o Senhor quem tomou esta iniciativa ele quer e sustenta esta nova forma de ser Igreja missionária.






6 - A chegada dos filhos






Alguém dizia: o casamento é como a união de um japonês com um espanhol e que geram um paquistanês, nenhum conhece bem a linguagem profunda do outro…Esta é a melhor tradução que já ouvi sobre o desafio da vida em família, Deus une pessoas diferentes para viver uma experiência semelhante a Dele, a experiência de união, comunhão e missão como ícone da Trindade no mundo! A chegada dos filhos é um momento importante para o casal, não é diferente para o casal com uma consagração de vida, porém, este feliz acontecimento gera muitas transformações que podem gerar uma crise. Um bebê exige toda a atenção, especialmente de sua mãe, esta mãe não é apenas uma mãe, é uma consagrada, é uma filha de Deus, necessitada, em constantes mutações interiores e certamente o Senhor usará destes momentos para tirar delas o melhor dos sabores. Lembremos Agar, a escrava que ao perceber que tinha concebido começou a se sentir poderosa, dona de si, capaz de reivindicar seus direitos e ousou desprezar sua senhora (Gn 16, 4 ss), e o próprio Abraão que foi chamado por Deus para sacrificar seu filho Isaac (Gn22). Quantos consagrados são chamados a sacrificar seu Isaac, ou seja, diante de novos desafios reafirmar a escolha: Deus em primeiro lugar!





O encantamento:







Algumas consagradas depois de gerar filhos permanecem encantadas com seus bebês e perdem o gosto pela vocação, pela oração, pela missão, pela vida comunitária e começam a dar preferência somente para a vida familiar, aos cuidados com os filhos, com a casa, com o esposo, o que seria bom e lícito, quando vivido de forma equilibrada, sem esquecer do chamado de Deus a um carisma.





O ativismo:














É certo que, também a mulher consagrada, ao tornar-se mãe, precisa compreender que se trata de uma missão, um chamado de Deus para gerar, cuidar e educar os filhos juntamente com seu esposo, para isso, se faz necessário certo afastamento, especialmente da mãe, das atividades missionárias para dedicar mais tempo ao ninho e assim torná-lo fecundo. A docilidade é elemento essencial na vocação, pois, chegará também a hora de retomar, de voltar, de deixar o filho aos cuidados do esposo, dos irmãos, dos pais, para retornar as atividades, é outro desafio a ser superado.Para o homem que se torna pai, o desafio não é menos exigente, é preciso aprender a ser pai, a dividir as atenções da esposa com os filhos, a compartilhar das exigências com o cuidado das crianças, a renunciar de muitos momentos comunitários, ficando com os filhos para que a esposa participe! Tudo isso sem esquecer que um pai não se poupa, precisa trabalhar para sustentar sua família, para garantir sua segurança e educação.





O extremismo!





Alguns pais e mães sofrem a tentação do extremismo, ou seja, meus filhos precisam de atenção, cuidados, proteção de todos os lados, o que é verdade, porém com equilíbrio. Com a desculpa fantasiosa de dar mais atenção à família muitos acabam se afastando dos pilares essenciais da vida comunitária que são: a oração, a vida fraterna e o apostolado. Quando a atenção, o pensamento e o desejo saem do centro que é Cristo, do ideal da vocação, da fidelidade do carisma, seja pelo motivo que for, logo todo o corpo também é arrastado, haverá o esfriamento da vocação e o inevitável afastamento do chamado.





As invasões:





A chegada de um novo membro na família chama a atenção de todos: dos amigos, avós, tios, padrinhos, etc. Todos querem ajudar, apoiar, cuidar, enfim, realmente a ajuda é bem vinda e necessária, mas, cuidado com as invasões, o casal com uma consagração de vida precisa dar atenção redobrada às regras do carisma, que são facilmente esquecidas em vista de aparentes necessidades, muitas vezes irreais que acabarão afastando a família da missão e do ideal para o qual foi chamada. A consequência desta falta de cuidado é que inoportunamente nasce através daquela família, dentro da própria Comunidade de Vida, uma outra comunidade, a chamada comunidade autônoma, que cria suas próprias regras, cuida de sua própria providência, a providência será agora suprida pelos parentes e amigos, não mais pela graça do carisma. A comunidade autônoma tem a tendência a tornar-se sempre mais distante da fraternidade comunitária, exigente de concessões e privilégios, tudo isso, é claro quase que inconscientemente. Este estado, se não sofrer interferência rápida e direta das autoridades pode ser danoso para toda a comunidade, para as demais famílias consagradas, e a perda do sentido da vocação, e finalmente é claro o abandono do chamado. Como acabamos de considerar, são diversas circunstâncias novas que precisam ser trabalhadas, vividas e partilhadas com verdade e transparência, tanto pelos consagrados na Comunidade de vida e Aliança. É preciso contar com a graça, acolher as mediações humanas, abrir-se para o diálogo, a fim de decodificar a vontade de Deus para a família consagrada hoje.






AS NECESSÁRIAS CRISES EVOLUTIVAS DE IDENTIDADE DENTRO DA CONSAGRAÇÃO










Para se falar da crise de identidade, é preciso primeiro entender o significado de identidade. Fala-se em identidade ontológica, psicológica, genética, sexual, relacional e social. O ser humano é um complexo extraordinário que o constitui como pessoa humana. As diversas identidades da pessoa humana (genética, ontológica, psicológica, metafísica) encontram-se na pessoa e estão inextricavelmente entrelaçadas. A identidade da pessoa humana não é simplesmente representativa, seu conceito é elaborado a partir de contribuições genéticas, sociológicas, filosóficas e teológicas, ou seja, não é estática e completamente acabada (como o castelo interior de Teresa d'Avila que não possui teto, está sempre aberto ao novo de Deus). O conceito de identidade foi empregado, pela primeira vez, por Erik Erikson (1902 – 1994), em sua obra ‘Juventude e Crise de Identidade’, publicado em 1968, sendo que o termo “identidade” se refere à totalidade da pessoa e integra os componentes biológicos, psicológicos e sociais. A identidade, entretanto, não é estática, ela evolui de acordo com as modificações que o ser humano, desde seu nascimento e infância, passa para atingir uma identidade adulta, ou seja, um eu maduro, uma identidade integrada. A falta de integração de todas as partes desse eu (masculino/feminino, bom/mau, superego admirado/superego desprezado) consequentemente cria um falso eu. A pessoa que entrou no vocacional viveu experiências transformadoras, e já não é a mesma na sua consagração definitiva, e não para até o dia de sua Páscoa definitiva.







A identidade é individual






Sendo a identidade um conceito mutável e dinâmico, atravessa diversas fases de reestruturação em coincidência com alguns períodos da vida do indivíduo, que podem ser críticos e que exige reestruturação da identidade. A identidade é um dos aspectos mais importantes de um indivíduo! Cada pessoa desenvolve a sua! Possuímos características distintas, as quais nos diferenciam dos outros e estão relacionadas à nossa história de vida pessoal. Na identidade de pessoa, há aquilo que é o ser, a essência, que permanece, e a história que é dinâmica e evolui. Desde que fomos concebidos no seio de nossa mãe até o fim de nossa vida nesta terra, vamos tecendo nossa identidade, a qual só será revelada em plenitude na glória celeste (Conf.Apoc 2,17). A identidade ontológica do ser humano não se altera, aquilo que ele é, pessoa, imagem e semelhança de Deus, com dignidade intrínseca, é estável, inalterável; o que realmente pode ocorrer é uma alteração de ordem psicológica, social e histórica. Compreender a identidade ontológica do homem é reafirmar o caráter singular do respeito à sua identidade e dignidade como requisito para sua igual consideração como pessoa, livre de qualquer forma de manipulação. A identidade ontológica constitui um bem da pessoa, uma qualidade intrínseca de seu ser e, então, um valor moral sobre o qual funda o direito/dever de promover e defender a integridade da identidade pessoal e sua dignidade. Entendemos que todo indivíduo é um ser único, irrepetível, com composição genética própria, distinta da dos demais indivíduos, e que a identidade genética seria então a base biológica da identidade de pessoa, porém, esta não se resume ao genético, pois tem como referencial tanto o aspecto biológico como o meio.





Formação da personalidade





Cada surgimento de uma pessoa no mundo é sempre uma nova criação! À identidade estática ou genética acrescentar-se-ão, desde o momento inicial da vida, outros elementos que vão modelar uma certa e original personalidade. A partir da concepção, estão dadas todas as possibilidades futuras que permitirão a projeção social de uma determinada personalidade social. Tudo isso nos indica que o ser humano, em sua identidade de pessoa, é mais do que ter um genótipo humano, significa que ela tem uma identidade de pessoa ou antropológica, tem um aspecto transcendental. Por isso, é cada vez mais necessário salvaguardar a pessoa em sua totalidade, seu valor, bem como sua identidade única e irrepetível, que constitui o cerne, o núcleo do direito a ser respeitado em sua excelência. É certo que a identidade pessoal é construída ao longo da história da pessoa com influências “externas”, como educação, família, cultura e meio ambiente; e tudo é resultado de uma ação plural coparticipada. O conceito de identidade da pessoa humana é elaborado a partir de contribuições genéticas, mas também econômicas, sociológicas, filosóficas, teológicas etc.





O homem e o Criador













Fazendo uma leitura atenta do pensamento de Lévinas e Dussel à luz da antropologia cristã, entendemos que a identidade do homem, em nível ontológico, vai se firmando na relação com o Criador e com o semelhante, é o encontro inteligente e afetivo do Criador com a criação e de toda a criação, a identidade que se firma como reflexo de sua ação no mundo e o torna responsável pelo futuro da humanidade. Não entender e bem viver estas etapas evolutivas de nossa identidade, pode nos fazer entrar em crise quando nos vemos naquela situação de não sabemos o que fazer com estes processos que fazem parte de nossa vida, quer consagrados ou não, onde nos questionamos e dizemos muitas vezes: "Já não sei mais nem o que sou, e no que estou me tornando..." A nossa primeira vontade é de largar tudo e “ser feliz”. 




Para começar o assunto, acho interessante você compreender que existem dois tipos de crise: Vocacional e a crise de Fé!





-Vamos nos aprofundar na crise vocacional, mas antes disso, vamos compreender um pouco mais sobre a crise de fé, a qual muitos santos como Santa Teresinha viveram! Esse tipo de crise é aquele que afeta DIRETAMENTE AQUILO QUE VOCÊ CRÊ, por exemplo, desconfiar da presença VIVA DE JESUS NA SAGRADA EUCARISTIA, desconfiar da VIRGINDADE E INTERCESSÃO DE MARIA, não acreditar no PODER DOS SACRAMENTOS. Tudo isso, como dito acima, vai contra aquilo que acreditamos, mas de certa forma, ainda não convencidos(as).  Nesses casos, a melhor coisa a fazer é: 



-Se colocar em oração e pedir para Deus o auxílio necessário. 


-Buscar a companhia e ensino dos doutores, da sagrada tradição, do sagrado magistério, e principalmente, firmar-se na sagrada escritura e não em seu próprio iluminismo! 















-Como Maria na anunciação, sermos verdadeiros conosco e com Deus, fazendo as perguntas não para abandonar a fé, mas buscando firmar-se nela ("como se dará, se não conheço homem algum? Lucas 1,26), para que não deixemos a nossa fé morrer, ou no pior dos casos: trocá-la por qualquer prato de lentilhas!






Oração de súplica a Deus para nos revelar a verdade e a ela aderir!

 












 

 

 

Sr. Nosso Deus e nosso Pai! Sr todo poderoso e amoroso, doador da Vida em plenitude! Estou ciente Sr Deus de que não podemos saber tudo nesta vida, e que nem toda a informação que nos interessa pode estar à nossa disposição. Mas, por vezes é desesperante, não termos a mais remota ideia de como agir com algumas situações que nos rodeiam. É muito frustrante ter a suspeita de que algo está a acontecer e não ser capaz de fazer nada por falta do veraz e pleno conhecimento. É realmente frustrante Sr Deus! Por isso faço esta prece para que Tu Sr me ajudes a ter conhecimento daquilo que é necessário a nossa salvação. Preciso de todo conhecimento e da sabedoria que vem de Ti, para que eu possa estar convencido e mostrar a verdade na caridade aos demais. Os enganos são muito comuns nestes dias Sr.! E reconheço existir muitas pessoas boas e sinceras, mas sinceramente equivocadas em suas convicções as quais tem levado muitas pessoas ao erro e afastamento de ti e da verdade que nos liberta (João 8,32).E só posso Sr Deus distinguir entre a verdade e o engano com a Tua Verdade e não com a minha. Não quero ser cego a conduzir cegos, e nem me deixar conduzir por cegos convictos de suas próprias verdades que não é a Tua verdade. Te peço por fim Sr. a serenidade necessária para aceitar as coisas que não posso modificar, Coragem e Sabedoria para modificar aquelas que estão ao meu alcance, e teu santo discernimento para distinguir uma das outras constantemente. Amém!



Agora que você já sabe o que é crise de fé, vamos ver um pouco sobre a crise vocacional, pois este é o nosso foco nesta postagem!






Antes de começarmos, reflita as perguntas abaixo (leve suas respostas a sua direção espiritual):






–Você já passou por uma crise vocacional? Se sim, como agiu diante dessa situação?



–Você acredita que é Deus quem permite que a crise aconteça? Se sim, por quê?



–Você sabe o que fazer durante uma crise vocacional?






Bom, agora que você já refletiu essas perguntas, vamos ao que interessa! Primeiramente, é bom esclarecer que a crise vocacional existe tanto para quem tem a vocação ao matrimônio, quanto a quem tem vocação religiosa, celibatária, e ou, sacerdotal.





Como reconhecer uma crise vocacional?





A crise vocacional pode ser reconhecida pelo fato de não estar se sentindo a vontade nos planos de Deus.







Como posso aproveitar uma crise vocacional para um crescimento humano e espiritual?






A crise vocacional sempre irá te ajudar no crescimento humano e espiritual, pois é nela que você se depara com as suas misérias e potencialidades. Como diz o meu Diretor Espiritual, Padre Paulo da Eucaristia (SJS): 





"Desejo a você muitas crises! Pois nelas você aprende e compreende o que tem que mudar, e elas te aproximam de Deus! Você sempre tem que tirar dos obstáculos as coisas boas".





É Deus quem permite a crise vocacional?








(é assim que Deus trata nossas crises)





Sim, é Deus quem permite a crise vocacional, pois é através dela que nos aproximamos cada vez mais dEle. Ele não quer que você sofra, pois se você sofre, Ele também sofre, mas deixa isto acontecer para que você jamais o abandone no meio do caminho.





Como posso dar fim a minha crise vocacional?






Para acabar com uma crise vocacional, você literalmente tem que dobrar os seus joelhos diante do sacrário, se aprofundar em sua crise durante a oração, para que assim consiga descobrir onde está a raiz dessa crise, para que possa “cortar o mal pela raiz”! A crise poderá te fortalecer em sua decisão, basta você encontrar o caminho certo a ser seguido. Aconselho que tenha um bom "diretor espiritual" (somente um sacerdote que pode ouvir e perdoar pecados) para que possa enfrentar as suas crises de maneira objetiva e eficaz. Concluo este tópico, desejando a todos os que lerem esta postagem "que tenham muitas crises! Pois são elas que irão te fortalecer diante dos seus desejos humanos" que precisam ser provados no fogo e purificados!
 


Alguns conselhos muito úteis, de alguém que também já viveu alguns destes "processos":







1. REZE: cultive sua vida de oração com zelo e perseverança. Recorde que ORAÇÃO é um diálogo com DEUS e a vocação também é! Deus quer amigos(as), mais que servos!





2. Frequente o sacramento da confissão com relativa assiduidade. A purificação da consciência, a formulação de motivações válidas nas opções de cada dia podem ajudar ajudar. Sem conversão não tem vida cristã que aguente, nem vocação que vá pra frente.





3. Procure a DIREÇÃO ESPIRITUAL. O aconselhamento (preferencialmente de um sacerdote).Com a ajuda de uma pessoa capaz de ajudar a discernir o que Deus quer de você pode abrir horizontes e alargar fronteiras. Não tente descobrir sozinho pois ninguém é juiz imparcial quando se trata de causa própria! Porém, lembre-se: o orientador vocacional não é um fornecedor de respostas, mas um provocador de perguntas! Em última instância é você que haverá de discernir e escolher o que Deus quer para a sua vida.





4. Procure LER SUA HISTÓRIA PESSOAL. Nos acontecimentos é possível perceber a direção e plano de Deus para sua vida! Não espere um anjo ou alguém lhe revelar alguma coisa (Deus pode até se servir deste meio EXTRAORDINÁRIO, mas não é muito comum, Deus prefere agir no ordinário, conforme Ele nos orienta em Lucas 14,28-30). Deus normalmente se utiliza de mediações humanas e históricas. Esteja atento para perceber nos acontecimentos Deus falando, interpelando, convidando. Analise seus talentos, suas tendências e inclinações. Pergunte-se honestamente: O que Deus quer de mim? Qual é o meu lugar na Igreja? Não se acovarde, não tenha medo das respostas de Deus em seu interior. Ninguém será plenamente feliz e nem se realizará fugindo ou se escondendo do que Deus quer!





5. SEJA ÚTIL E PONHA-SE A SERVIÇO: Seja fiel a Jesus e disponível aos que Deus lhe envia e confia hoje! Um bom vocacionado é sempre um alguém disponível ao serviço dos irmãos. Deus conta com você, tem muita gente esperando por você!






6. Nem sempre o melhor caminho é a estrada mais curta, NÃO CONFUNDA ESTRADA COM ATALHO. Não adianta só constatar que o mundo está de cabeça para baixo e que tá tudo meio bagunçado. Em vez de condenar a escuridão, acenda uma vela. Não fique reclamando pelo que depende de você! Faça o que lhe for possível e peça ajuda quando não souber! Mobilize pessoas e recursos.






7. NÃO ESPERE TER CERTEZAS ABSOLUTAS: Nem tudo é claro, nem tudo é fácil, nem tudo é evidente. Certezas absolutas acho que só no céu as teremos! Por enquanto, vamos caminhando na fé e nas oportunidades que Deus vai nos dando: Deus nos chama, a gente responde e a Igreja confirma! Quando este ciclo se fecha, então é só seguir em frente!






8. TENHA PACIÊNCIA COM VOCÊ MESMO(a)! Não queira adquirir todas virtudes de uma só vez! (Graça é dada, virtudes são exercitadas e precisam de tempo). Supere com calma e firmeza seus pecados e imaturidades, sem fazer uma tragédia ou viver em “paz” com seus defeitos.  Seja humano e se aceite como pessoa humana. Deus não precisa de super-heróis, Deus não quer ver em você um anjo, nem muito menos um ET (Extra-terrestre). Avance decididamente por Deus.





9. IMAGINE-SE EM UMA VOCAÇÃO ESPECÍFICA! Sendo padre ou religioso ou religiosa, um leigo ou uma leiga, pessoa casada ou solteira, enfim, um alguém com algum papel, alguma missão específica. E aí? como se sente? quais as emoções e convicções sentidas?






10. ANALISE SUAS MOTIVAÇÕES: Por que ser padre? Por que ser uma religiosa, ou celibatário(a)? Por que ser um leigo consagrado? As motivações são válidas, autênticas, coerentes? Trata-se de um projeto que se encarna na sua história, ou é só um sonho, uma fantasia idealizante?





11. Atenção! NÃO SE DEIXE INFLUENCIAR POR DESEJOS OU POR EXPECTATIVAS DOS OUTROS. Não abrace esta ou aquela vocação por causa de parentes ou para dar gosto as pessoas, nem muito menos em busca de prestígio ou para fugir de algum problema mal resolvido. Não delegue aos outros uma decisão que é somente sua. Sua resposta deve ser livre, responsável AO DEUS QUE TE AMA, TE CHAMA E TE QUER!












12. A VOCAÇÃO RESPONDIDA COM A VIDA NÃO É HEROÍSMO, mas um dom gratuito de Deus e uma generosidade e abertura do vocacionado. Não estamos fazendo algum favor para Deus, mas Deus nos está concedendo um grande favor quando nos chama para o seu serviço. Os vocacionados que Deus chamou e elegeu não eram pessoas perfeitas: Moisés era gago e hesitante, José era escravo no Egito, Isaías tinha os lábios impuros, Jeremias muito jovem e não sabia falar direito, os apóstolos humildes pescadores e sem prestígio e formação, Maria era uma humilde jovenzinha que residia numa cidade pequena e sem graça como era Nazaré. Não existe gente ideal, nem diocese ideal ou congregação ideal, nem mesmo comunidade ideal. Renuncie ao idealismo, sem deixar de buscar os ideais sadios, fazendo sempre contas com a realidade. Não se sinta nem vítima, nem coitado, nem herói. As dificuldades servem para amadurecer e santificar, consolidar na vocação e não desistir dela. É uma honra responder ao apelo divino.






13. DEUS ESCOLHE QUEM ELE QUER, QUANDO ELE QUER E PORQUE ELE QUER! ELE É INFINITAMENTE SOBERANO: “Jesus subiu ao monte e chamou quem Ele quis” (Mc 3,13). Seja apenas um bom cristão, seja fiel a Deus sobretudo e diga com a sua vida, como fez o jovem Samuel: “Fala Senhor que servo escuta” (1Sm 3, 10). Deus não é tagarela, mas ele fala ao nosso coração! Silencie, se esvazie de você mesmo e O ouça. NÃO DEIXE DE BUSCAR LUGARES DE DESERTO E MOMENTOS DE SILÊNCIO PARA OUVIR A DEUS! VOCAÇÃO É MISTÉRIO, É INEXPLICÁVEL! Por que eu? A resposta é: Não sei! TODA VOCAÇÃO BEM RESPONDIDA DESEMBOCA NO CÉU E LEVA PARA O CÉU MUITA GENTE! Com você estarão todos aqueles que Deus salvou através de sua resposta generosa e de sua vida doada!









Conclusão:














As chamadas crises vocacionais são momentos importantíssimos e propícios para extraordinários passos de maturidade quando encontram corações dóceis ao acolhimento da direção formativa, ou seja, a palavra de sabedoria e discernimento vindo do carisma através da formação pessoal. Deus se utiliza da intervenção dos fundadores e formadores para forjar em nós o coração do seu Filho. A justa medida do discernimento, da oração e do acolhimento das novas exigências de Deus em relação a vocação de cada um provoca grandes saltos de crescimento e conversão. “A esperança não engana…” (Rm 5,4b), que as dificuldades da consagração de vida não arrefeça nossa esperança, não esqueçamos que vivemos em luta espiritual, (1 Pd 5, 8),  por isso facilmente caímos nas armadilhas de nossas fraquezas e das forças do mal, façamos todo o esforço para atender aos apelos de Deus, a beleza do Seu chamado e para as maravilhas que Ele pode operar no mundo através de seus consagrados(as). Toda a consagração de vida deve estar arraigada na Palavra de Deus, na escuta, em uma vida orante, mais para as coisas do alto do que para as funções da vida humana. Está escrito: “Concentra teu pensamento nos preceitos de Deus, sê assídua à meditação de seus mandamentos. Ele próprio te dará um coração, e ser-te-á concedida a sabedoria que desejas” (Eclo 6,37).






*Matéria adaptada da Comunidade Oásis









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Anônimo
19 de junho de 2022 às 11:42

Sem palavras! Grata Deus por esta matéria, era tudo que eu estava precisando.

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Neste Apostolado APOLOGÉTICO (de defesa da fé, conforme 1 Ped.3,15) promovemos a “EVANGELIZAÇÃO ANÔNIMA", pois neste serviço somos apenas o Jumentinho que leva Jesus e sua verdade aos Povos. Portanto toda honra e Glória é para Ele.Cristo disse-nos:Eu sou o caminho, a verdade e a vida e “ NINGUEM” vem ao Pai senão por mim" (João14, 6).Defendemos as verdade da fé contra os erros que, de fato, são sempre contra Deus.Cristo não tinha opiniões, tinha a verdade, a qual confiou a sua Igreja, ( Coluna e sustentáculo da verdade – Conf. I Tim 3,15) que deve zelar por ela até que Ele volte(1Tim 6,14).Deus é amor, e quem ama corrige, e a verdade é um exercício da caridade. Este Deus adocicado, meloso, ingênuo, e sentimentalóide, é invenção dos homens tementes da verdade, não é o Deus revelado por seu filho: Jesus Cristo.Por fim: “Não se opor ao erro é aprová-lo, não defender a verdade é nega-la” - ( Sto. Tomás de Aquino).Este apostolado tem interesse especial em Teologia, Política e Economia. A Economia e a Política são filhas da Filosofia que por sua vez é filha da Teologia que é a mãe de todas as ciências. “Não a nós, Senhor, não a nós, mas ao vosso nome dai glória...” (Salmo 115,1)

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