(por que Maria, as santas mulheres e João não estão aos pés de Jesus?)
A “Semana Santa” surgiu já nos
primórdios do cristianismo quando as comunidades cristãs em Jerusalém se
reuniam, na Sexta-feira e no Sábado, mediante rigoroso jejum, recordando o
sofrimento e a morte de Jesus, ou seja, rememorando “os dias em que nos foi tirado
o esposo” (diebus in quibus ablatus est sponsus: Cf. Mt 9,15; Mc 2,20). Dessa
forma, se preparavam para a festa da Páscoa, no Domingo, em que celebravam a memória
da ressurreição de Jesus. Posteriormente,
a observância do jejum passou a ser praticada também na Quarta-feira para
lembrar o dia em que os chefes judaicos decidiram prender Jesus, isto é,
“porque nesse dia começaram a tramar a morte do Senhor” (propter initum a
Iudaeis consilium de proditione Domini: Cf. Mc 3,6; 14,1-2; Lc 6,11; 19,47;
20,19a; 22,2).Tudo isto ocorria mais fortemente em Jerusalém porque
provavelmente ali permaneciam mais vivas as lembranças dos últimos dias de
Jesus. Essas solenidades passaram a ser imitadas pelas Igrejas do Oriente e
depois pelas Igrejas europeias. Esses
dias eram também de descanso para todos os servos e escravos, que tinham cargas
de horários brutais e ininterruptas de trabalho, sem tempo para parar e meditar
no sagrado e na vida, desta forma os dias Santos criados pela Igreja proporcionavam
estas paradas de aprofundamentos e reflexão espiritual. Em algumas Igrejas
em Jerusalém eram celebradas todas as noites vigílias solenes com orações e
leituras bíblicas, e com a celebração da Eucaristia. Em meados do Século III,
já se observava o jejum em todos os dias da Semana Santa. A importância da
Semana que antecede a festa da Páscoa está evidenciada claramente através dos
diversos nomes dados a essa época litúrgica ao longo dos primeiros séculos:
“Hebdomada Paschalis”(Semana da Páscoa); “Hebdomada Authentica” (Semana “sem
comparação” ou que “tem uma importância toda sua, em si e por si mesma”);
“Hebdomada Maior” (Semana Maior); e, por fim, “Hebdomada Sancta” (Semana
Santa). As cerimônias litúrgicas
particulares da Semana Santa começaram a desenvolver-se a partir do século IV.
Resumidamente, a Semana Santa assim se
desdobra:
I. Domingo de Ramos e Paixão do Senhor
O Domingo de Ramos dá
início à Semana Santa e lembra a entrada triunfal de Jesus em Jerusalém,
aclamado pelos judeus.A Igreja recorda os louvores da multidão cobrindo os
caminhos para a passagem de Jesus,com ramos e matos proclamando: “Hosana ao
Filho de Davi. Bendito o que vem em nome do Senhor”. (Lc 19, 38; Mt 21, 9). Com
esse gesto, portando ramos durante a procissão, os cristãos de hoje manifestam
sua fé em Jesus como Rei e Senhor. Inicialmente, esse Domingo
chamava-se Capitulavium (lavação das cabeças), porque nesse dia, os que seriam
batizados no Sábado seguinte, participavam de uma cerimônia preparatória,
quando suas cabeças eram solenemente lavadas. Esse Domingo é marcado pela
procissão de ramos, que começou a ser feita em Jerusalém, no século IV, para
relembrar a entrada solene de Jesus, aclamado como Messias. Começava às treze
horas, no Monte das Oliveiras. Não se tratava apenas de relembrar um fato
do passado, mas de dar um testemunho público de fé em Jesus como o verdadeiro
Rei e Salvador enviado. A partir daí, no correr da semana, precisamente
na Quinta-feira, inicia-se o “Tríduo Pascal”.
II. Tríduo Pascal
1º DIA DO TRÍDUO: Quinta-feira Santa:
Celebramos a
Instituição do Sacramento da Eucaristia. Jesus, desejoso de deixar aos homens
um sinal da sua presença antes de morrer, instituiu a Eucaristia. Por volta do
Século V, chamava-se “Feria quinta in Coena Domini” (Quinta-feira da Ceia do
Senhor). Em alguns lugares chamava-se “Dia da Traição”. Costumava-se chamar
também de Quinta-feira de “Endoenças”(corruptela popular do latim: indulgêntia:
in-dulgências, daí: endoenças), o dia do perdão, do indulto, da expiação dos
pecados, da clemência. No século VI, iniciou-se o costume de fazer neste dia a
“bênção dos óleos”, a serem usados nos Sacramentos do Batismo, da Crisma e da
Unção dos Enfermos. Nessa Missa dos Santos Óleos, celebra-se a instituição do
Sacramento da Ordem. A Quinta-feira Santa é marcada pela instituição da
Eucaristia, a “Ceia do Senhor”, simbolizada pelo amor serviçal (o lava-pés).
Desde o século VI, a cerimônia do “lava-pés” procura reproduzir ritualmente o
gesto de Jesus que lavou os pés de seus discípulos, como prova de amor e
disposição para servir. O lava-pés era chamado também de Mandatum, para
recordar o “mandamento novo” de Jesus. Em Roma, o papa lavava os pés de treze
pobres, aos quais tinha servido uma ceia. Para o papa Gregório I, conhecido
como Gregório Magno (590-604), este 13º pobre seria o próprio Cristo disfarçado
de mendigo.Atualmente, logo após a Eucaristia, o altar é deixado sem nenhuma
toalha. Com este gesto simbólico, recordamos a desnudação de Cristo antes de
sua crucifixão. Além disso, o Santíssimo é transladado para um lugar preparado
à parte, a fim de levar os fiéis a fazerem algum momento de adoração, de
vigília, meditando a hora difícil de Jesus no Jardim das Oliveiras e de oração
por todos os que atualmente sofrem, pois neles, Jesus continua sofrendo.
Na Quinta-feira Santa, destacamos dois grandes acontecimentos:
1º)- Bênção dos Santos Óleos: Não se sabe com
precisão, como e quando teve início a bênção conjunta dos três óleos
litúrgicos. Fora de Roma, esta bênção acontecia em outros dias, como no Domingo
de Ramos ou no Sábado de Aleluia. O motivo de se fixar tal celebração na
Quinta-feira Santa deve-se ao fato de ser este último dia em que se celebra a
missa antes da Vigília Pascal.
São abençoados os seguintes óleos:
-Óleo do Crisma – Uma mistura de óleo e bálsamo,
significando a plenitude do Espírito Santo, revelando que o cristão deve
irradiar “o bom perfume de Cristo”. É usado no sacramento da Confirmação
(Crisma),quando o cristão é confirmado na graça e no dom do Espírito Santo,
para viver como adulto na fé. Este óleo é usado também no sacramento para ungir
os “escolhidos” que irão trabalhar no anúncio da Palavra de Deus,conduzindo o
povo e santificando-o no ministério dos sacramentos. A cor que representa esse
óleo é o branco ouro.
-Óleo dos Catecúmenos – Catecúmenos são os que se preparam
para receber o Batismo, sejam adultos ou crianças, antes do rito da água. Este
óleo significa a libertação do mal, a força de Deus que penetra no catecúmeno,
o liberta e prepara para o nascimento pela água e pelo Espírito. Sua cor é
vermelha.
-Óleo dos Enfermos – É usado no sacramento dos enfermos,
conhecido erroneamente como “extrema unção”. Este óleo significa a força do
Espírito de Deus para a provação da doença, para o fortalecimento da pessoa
para enfrentar a dor e, inclusive a morte, se for vontade de Deus. Sua cor é
roxa.
2º)- Instituição da Eucaristia e Cerimônia do Lava-pés - DIA QUE SE CELEBRA E SE RENOVA A "COMUNHÃO ECLESIAL EM TORNO DO BISPO", COM A RENOVAÇÃO DAS PROMESSAS DA ORDENAÇÃO SACERDOTAL - Com a Missa da Ceia
do Senhor, celebrada na tarde de quinta-feira, a Igreja dá início ao chamado
Tríduo Pascal e comemora a Última Ceia, na qual Jesus Cristo, na noite em que
vai ser entregue, ofereceu a Deus Pai o seu Corpo e Sangue sob as espécies do
Pão e do Vinho, e os entregou para os Apóstolos para que os tomassem,
mandando-lhes também oferecer aos seus sucessores. Nesta missa faz-se,
portanto, a memória da instituição da Eucaristia e do Sacerdócio. Durante a
missa ocorre a cerimônia do Lava-Pés que lembra o gesto de Jesus na Última
Ceia,quando lavou os pés dos seus apóstolos.O sermão desta missa é conhecido
como sermão do Mandato ou do Novo Mandamento e fala sobre a caridade ensinada e
recomendada por Jesus Cristo. No final da Missa, faz-se a chamada Procissão do
Translado do Santíssimo Sacramento ao altar-mor da igreja para uma capela, onde
se tem o costume de fazer a adoração do Santíssimo durante toda a noite.
Após a homilia os presbíteros renovam as promessas de sua
ordenação sacerdotal respondendo às seguintes interrogações feitas pelo bispo:
– Queres, pois, desempenhar sempre a missão
de sacerdote no grau de presbítero, como fiel colaborador da Ordem episcopal,
apascentando o rebanho do Senhor, sob a direção do Espírito Santo?
– Queres, com dignidade e sabedoria,
desempenhar o ministério da palavra, proclamando o Evangelho e ensinando a fé
católica?
– Queres celebrar com devoção e fidelidade
os ministérios de Cristo, sobretudo pelo sacrifício eucarístico e o sacramento
da reconciliação, para o louvor de Deus e santificação do povo cristão, segundo
a tradição da Igreja?
– Queres implorar conosco a misericórdia de
Deus em favor do povo a ti confiado, sendo fielmente assíduo ao dever da
oração?
– Queres unir-te cada vez mais ao Cristo,
sumo Sacerdote, que se entregou ao Pai por nós, e ser com ele consagrado a Deus
para salvação da humanidade?
O presbítero, ao responder “Quero”, afirma
publicamente o propósito de aceitar esses encargos. Em seguida, o eleito
ajoelhado põe suas mãos postas entre as do Bispo, que lhe interroga: “Prometes
respeito e obediência ao Bispo diocesano e ao teu legítimo superior?”; Eleito:
“Prometo”; Sendo assim, o bispo conclui dizendo: “Deus, que te inspirou este
bom propósito, te conduza sempre mais à perfeição”.
Ladainha
O Bispo convida o povo a rogar a Deus Pai
que derrame com largueza a sua graça sobre aquele que Ele mesmo escolheu
para o cargo de presbítero. O presbítero deita-se, como sinal de sua total entrega
a Deus. E, durante a ladainha, segundo o n.155 do Pontifical Romano, se for
domingo e no tempo pascal, os demais permanecem de pé; no entanto, nos outros
dias, de joelhos.
Terminada a ladainha, o bispo, de mãos estendidas reza:
“Ouvi-nos, Senhor, nosso Deus, e derramai sobre este vosso servo a
bênção do Espírito Santo e a força da graça sacerdotal, a fim de que
acompanheis com a riqueza de vossos dons o que apresentamos à vossa solicitude
para ser consagrado. Por Cristo, nosso Senhor”.
Imposição das mãos e Prece
O sacerdote é descrito principalmente como colaborador do bispo,
instrutor da fé e divulgador da palavra de Deus. O pedido mais importante é
colocado pelo bispo nas palavras:
“Dê a seus servidores a "virtude sacerdotal". Renove neles o
espírito de santidade. Faça, ó Deus, com que eles se atenham ao ofício que
receberam da sua mão; que a vida deles seja para todos estímulo e fio condutor.
Abençoe, santifique e ordene os servidores pelo Senhor”.
A oração transpira o espírito da Primeira Carta de Timóteo ( II
Tim1,6):
“Por essa razão, torno a lembrar-lhe que
REAVIVAI a chama do dom de Deus que está em você mediante a imposição das
minhas mãos...”
Nela é dito que o encarregado do ministério
deve manter o bem que lhe foi confiado, deve passar adiante fielmente o tesouro
que recebeu na mensagem de Jesus, nosso Salvador. Já naquela época, o autor da
Carta de Timóteo precisava exortar os encarregados pelos ministérios a viver de
acordo com seu serviço. Aquele que é ordenado sacerdote reflete algo sagrado
que oferece aos outros. (GRÜN, A. 2007, p. 33-34).
REFERÊNCIAS:
-CATTANEO, E. O sacramento da Ordem.
Tradução de Silva Debetto C. Reis. São Paulo: Edições Loyola, 2008.
-GRÜN, A. Ordem: vida sacerdotal. Tradução
de Inês Antônia Lohbauer. São Paulo: Edições Loyola, 2006.
-HOUSSIAU, A. O sentido teológico do novo
ritual das Ordenações. In: O sacerdote: fé e constatação. A. Deschamps (org.).
Tradução de J. J. Queiroz. São Paulo: Edições Paulinas, 1976. [p. 109-124]
-Pontifical Romano. 2ª reimp. São Paulo:
Paulus, 2004.
2º DIA DO TRÍDUO: Sexta-feira Santa:
Celebra-se a paixão e
morte de Jesus Cristo. O silêncio, o jejum e a oração devem marcar este dia
que, ao contrário do que muitos pensam, não deve ser vivido em clima de luto,
mas de profundo respeito diante da morte do Senhor que, morrendo, foi vitorioso
e trouxe a salvação para todos, ressurgindo para a vida eterna. Às 15 horas,
horário em que Jesus foi morto, é celebrada a principal cerimônia do dia: a
Paixão do Senhor. Ela consta de três partes: liturgia da Palavra, adoração da
cruz e comunhão eucarística. Depois deste momento não há mais comunhão
eucarística até que seja realizada a celebração da Páscoa, no Sábado Santo. Inicialmente,
este dia chamava-se “Paraskeve” (do grego: paraskeué: preparação; por extensão:
“véspera do sábado”, sexta-feira). Segundo o evangelista João, é nesse dia que
Jesus foi crucificado: “Os judeus temeram que os corpos ficassem na cruz
durante o sábado, porque já era a Preparação e esse sábado era particularmente
solene. Rogaram a Pilatos que se lhes quebrassem as pernas e fossem retirados”
(Jo 19,31). Tertuliano (155-222), um dos mais importantes escritores
eclesiásticos da antiguidade, deu-lhe o nome de “Dies Paschae” (Dia da Páscoa).
Santo Ambrósio (340-397) chamava a Sexta-feira de “Dies amaritudinis” (Dia do
amargor, da tristeza), por ser o grande dia de luto para a Igreja. Ainda hoje,
também é chamada de Sexta-feira Maior.
A liturgia deste dia é composta de três partes:
a) Liturgia da Palavra:A liturgia começa directamente com
leituras dos profetas, cantos e a leitura dialogada da Paixão. Em seguida, a
Oração Universal, apresentando as necessidades da Igreja e do mundo. A tradição
dessas orações, abandonada no século VI, foi retomada pela nova liturgia depois
do Concílio Vaticano II, que acabou introduzindo em todas as Missas as assim
chamadas “Oração dos fiéis” ou “Oração da assembleia”.
b) Adoração da Cruz: Quanto a isso, é preciso antes
esclarecer: a palavra “adoração” significa apenas “veneração solene”. Adoração,
no sentido próprio, só pode ser prestada unicamente a Deus. A cerimônia da Adoração da
Cruz, teve origem em Jerusalém, no século IV, depois que Constantino encontrou
as relíquias da Cruz do Salvador. Aos poucos, a cerimônia foi sendo adotada
também por outras cidades onde havia relíquias da Cruz. Mais tarde, foi
assumida por toda a Igreja. Prestando uma veneração especial à Cruz ou ao
Crucifixo, manifestamos nossa fé no Cristo Redentor, que nos salvou por sua
morte. Adorando a cruz, é ao Cristo que de fato devemos adorar, reconhecendo
nele o Filho de Deus encarnado e oferecido em sacrifício por amor a nós.
Portanto, o sentido desta “adoração” é contemplar Jesus que, morto na cruz,
ascendeu dela.
c) Rito da Comunhão: Desde os primórdios, não foi costume
celebrar a Missa na Sexta-feira Santa. A razão é que assim a Igreja manifesta
seu luto pela morte do Salvador. Até o século VIII não havia nem mesmo a
comunhão, que só aos poucos foi introduzida na liturgia do dia. Em
1622, foi proibida a comunhão dos fiéis. Isso continuou até recentemente,
quando foi reintroduzida, após o Concílio Vaticano II. É bom lembrar
que neste dia não se consagram as hóstias, pois já foram consagradas na
Quinta-feira Santa.
3º DIA DO TRÍDUO: Sábado Santo – Vigília Pascal
No Sábado Santo ou
Sábado de Aleluia, a principal celebração é a “Vigília Pascal”. Inicia-se na
noite do Sábado Santo em memória da noite santa da ressurreição gloriosa de
Nosso Senhor Jesus Cristo. É a chamada “a mãe de todas as santas
vigílias”, porque a Igreja mantém-se de vigília à espera da vitória do Senhor
sobre a morte.
Cinco elementos compõem a liturgia da Vigília Pascal:
1)- A bênção do fogo
novo e do círio pascal (quem tem vários Símbolos para Francisco de Assis: Renovação,
purificação e principalmente o Fogo da misericórdia infinita de Deus, que
consome todos os nossos pecados lançados nela).
2)- A proclamação da
Páscoa, que é um canto de júbilo anunciando a Ressurreição do Senhor.
3)- A liturgia da
Palavra, que é uma série de leituras sobre a história da Salvação.
4)- A renovação das
promessas do Batismo.
5)- E, por fim, a
liturgia eucarística.
Para a Vigília Pascal
convergem todas as celebrações da Semana Santa bem como de todo o Ano
Litúrgico. Na Vigília Pascal recordamos a grande noite de vigília do povo hebreu
no Egito, aguardando a hora da libertação da escravidão do Egipto, ou seja,
relembramos a Páscoa (do hebraico: pessach: passagem) judaica (Cf. Ex 12). E
nela celebramos a nossa própria redenção pelo mistério da Ressurreição de
Cristo. Na Ressurreição de Jesus realiza-se a grande Páscoa cristã, isto é, a
Passagem da morte para a vida; do estado de perdição para o estado de salvação.
É a vitória final de Deus, em Cristo, sobre o pecado, o mal e a própria morte.
Cumpriu-se, assim, o que João Baptista dissera acerca de Cristo: “No dia
seguinte, João viu a Jesus que se aproximava dele. E disse: ‘Eis o Cordeiro de
Deus, aquele que tira o pecado do mundo’” (Jo 1,29). Jesus é agora o
novo Cordeiro Pascal, segundo o autor do Sermão aos Hebreus: “ele se manifestou
uma vez por todas no fim dos tempos, para abolir o pecado pelo sacrifício de si
mesmo” (Hb 9,26). No âmbito espiritual, nos apropriamos da graça desta
“passagem” pelo Baptismo. Por isso, a “liturgia baptismal” tem aqui um lugar
destacante.A Vigília Pascal, que
para Santo Agostinho (354-430) é “a mãe de todas as Vigílias”, é uma
soleníssima celebração, muito rica de símbolos universais e de símbolos
particulares: as trevas, o fogo, a luz, a água, o círio pascal, a cor alegre
dos paramentos, as músicas.
A celebração articula quatro partes e conclui com a
Procissão da Ressurreição:
a) Celebração da Luz: Essa cerimônia
começou a ser realizada de modo mais abrangente só a partir do século IX.
Inicia-se com a “bênção do fogo”, feita no pátio, à entrada da igreja.
Antigamente, acendia-se o fogo, usando pedras friccionadas, já que na
Quinta-feira, tinham sido apagadas todas as luzes da igreja. Isso constava no
próprio ritual antigo da bênção do fogo “O Cristo é a pedra usada por Deus para
acender em nós o fogo da claridade divina”. Para os antigos, esse simbolismo do
Cristo que ilumina, aquece e é centro de vida, era mais significativo. Porque,
na Sexta-feira Santa, costumava-se apagar o fogão e todas as luzes das casas.
Era no “fogo novo” que cada família acendia uma lâmpada para levar para casa e
acender tudo novamente.Com Cristo Ressuscitado, definitivamente a “Luz brilha
nas trevas” (Jo 1,5). Recordamos aqui as palavras do próprio Jesus: “Eu sou a
luz do mundo. Quem me segue não andará nas trevas, mas terá a luz da vida”(Jo
8,12). Jesus Ressuscitado garante que “a vida é a luz dos seres humanos” (Jo
1,4b). Assim, o Círio pascal, que simboliza o Ressuscitado, é bento, aceso no
“fogo novo” e conduzido em procissão para dentro da Igreja ainda às escuras,
cantando por três vezes: Eis a luz de Cristo! Em seguida, é colocado fixo
diante da assembleia. Os participantes são convidados a acenderem as suas
velas, imitando aqueles servos de que fala o Evangelho (Lc 12,35-40), os quais
esperam, vigilantes, “com as lâmpadas acesas”, o seu Senhor que os fará sentar
à sua mesa. Esta parte se encerra cantando a “Proclamação da Páscoa” (Precônio
Pascal), o Exulte (do latim Exultet), anunciando solenemente a vitória de
Cristo. Não se sabe com certeza quando começou essa tradição litúrgica. Mas por
volta do ano 384, já são encontradas referências a ela.
b) Liturgia da Palavra: Neste momento, são
narrados os gestos maravilhosos que Deus realizou em favor do povo ao longo da
história da humanidade, desde a Criação do mundo até o grande ato da “Nova
Criação” conferida pela ressurreição de Cristo, início e primícias de um mundo
novo. É uma verdadeira “passeada” pela Escritura e pelo Novo Testamento. Para
nós, tudo isso é motivo de júbilo e de ação de graças. Ao cântico solene do
Glória, pouco antes da proclamação do Evangelho, a Igreja escurecida torna-se,
de repente, uma explosão de luz. Toda a assembleia canta alegre e vibrante, ao
som dos instrumentos musicais e até do sino. Note-se que as várias leituras
bíblicas são intercaladas por orações e aclamações, a última das quais é o
canto do Aleluia pascal(do hebraico: hallelu-yah: louvem a Javé, adorem a
Javé).
c) Liturgia Baptismal:Se há batismo,
entoa-se a “Ladainha” (do grego:litanéia: oração pública; e do latim: litania:
oração breve e insistente, pedir insistentemente) dos Santos. O Cristianismo
herdou da liturgia das sinagogas esta forma de rezar, repetindo a mesma frase
várias vezes como se vê na Escritura (Cf. 1Rs 18,39; Sl 136/135; 148; 150; Dn
3,52-90). A “Ladainha dos Santos” surgiu da “Oração dos fieis” (Séc. III), que
constava duma lista de nomes de Santos, cuja memória era invocada por quem
presidia a Missa. No início eram reverenciados os nomes de mártires, sobretudo
os que testemunharam a fé em Roma. Com o tempo, a lista dos santos foi
ampliada, tomando caráter de universalidade. A seguir, realiza-se a “bênção da
água batismal”. O presidente da celebração mergulha o Círio pascal na água
benta, para indicar que fomos sepultados na morte com Cristo e com ele
ressuscitamos para a vida. Seguindo a bênção da água, passa-se para a
“renovação das promessas do batismo”. Nos primeiros séculos da Igreja, era no
Sábado Santo que se fazia o Batismo dos que, durante um bom tempo, tinham sido
preparados para a admissão na comunidade. Os que já tinham abraçado a fé
cristã, mas ainda estavam recebendo a catequese (do grego katechéou: derramar,
verter para dentro de), chamavam-se catecúmenos (do grego kataskeuazómenoi: os
iniciandos). Nessa noite de Vigília, eles recebiam as últimas instruções e
ouviam com a comunidade leituras da Escritura, apropriadas para a
circunstância. Para o Batismo, a água era abundantemente derramada sobre a
cabeça dos novatos (do grego neófitos: novas plantas; daí: iniciantes, novos,
imaturos). Assim, se há batizandos, realiza-se o Sacramento do Batismo. E mesmo
havendo batismo, é muito significativa a aspersão da água benta sobre toda a
assembleia.
d) Liturgia Eucarística: Trata-se de uma
celebração festiva, pois já se comemora a vitória sobre a morte: Jesus
Ressuscitou! O Santíssimo que havia sido transladado pra um lugar preparado à
parte, na Quinta-feira Santa, agora é trazido de volta para Tabernáculo na
Igreja. Alimentando-nos do pão eucarístico que é Jesus, realimentamos as nossas
forças e o nosso compromisso com a vida. Em muitos lugares, logo após a
Celebração, o Santíssimo Sacramento é preparado para uma pequena procissão. De
volta ao altar-mor, o presidente da Celebração abençoa todos os fiéis enquanto
se canta o “Rainha dos Céus, alegrai-vos” (Regina Coeli, laetare), como se
fosse um “parabéns” àquela que de “Senhora das Dores” transformou-se em
“Senhora da Alegria”. Ainda no que se refere ao “Tríduo Pascal”, é bom lembrar
que não são três celebrações isoladas, ou três Missas, como a maioria das
pessoas pensam e dizem. Notemos que a Celebração da Quinta-feira Santa começa
com os “Ritos iniciais” e não conclui com os “Ritos finais”, mas apenas com a
“Oração depois da comunhão” e com a “Transladação do Santíssimo”. A Celebração
da Sexta-feira Santa, por sua vez, não é começada com os “Ritos iniciais” e nem
terminada com os “Ritos finais”, mas apenas com a “Oração sobre o povo”, pois a
Missa que começou na Quinta-feira, ainda continua. E no Sábado Santo, a
Celebração também não começa com os “Ritos iniciais”, pois ainda é parte da
Missa que deu início na Quinta-feira Santa. Aí, sim, concluída a Celebração da
Vigília Pascal, o presidente da Missa encerra o “Tríduo Pascal” com os “Ritos
finais”. Podemos assim dizer que o “Tríduo Pascal” é uma grande Missa, uma
“Missona”. O que a Igreja realiza de modo mais longo no “Tríduo Pascal”, é
realizado de modo mais breve nos Domingos comuns. Portanto, não é interessante
“quebrar” a sequência desta única Celebração pascal.
Domingo de Páscoa, ou da Ressurreição:
A palavra “páscoa”
vem do hebreu “Peseach” e significa “passagem”. Era vivamente comemorada pelos
judeus do Antigo Testamento. A Páscoa que eles comemoram é a passagem do mar
Vermelho, que ocorreu muitos anos antes de Cristo, quando Moisés conduziu o
povo hebreu para fora doEgito, onde era escravo. Chegando às margens do Mar
Vermelho, os judeus, perseguidos pelos exércitos do faraó teriam de
atravessá-lo às pressas. Guiado por Deus, Moisés levantou seu bastão e as ondas
se abriram, formando duas paredes de água, que ladeavam um corredor enxuto, por
onde o povo passou. Jesus também festejava a Páscoa. Foi o que Ele fez ao cear
com seus discípulos. Condenado à morte na cruz e sepultado, ressuscitou três
dias após, num domingo, logo depois da Páscoa judaica. A ressurreição de Jesus
Cristo é o ponto central e mais importante da fé cristã. Através da sua
ressurreição, Jesus prova que a morte não é o fim e que Ele é verdadeiramente o
Filho de Deus. O temor dos discípulos em razão da morte de Jesus, na
Sexta-Feira, transforma-se em esperança e júbilo. É a partir deste momento que
eles adquirem força para continuar anunciando a mensagem do Senhor. São
celebradas missas festivas durante todo o domingo.
A data da Páscoa:
A fixação das festas
móveis decorre do cálculo que estabelece o Domingo da Páscoa de cada ano. A
Páscoa deve ser celebrada no primeiro domingo após a primeira lua cheia que
segue o equinócio da primavera, no Hemisfério Norte (21 de março). Se esse dia
ocorrer depois do dia 21 de abril, a Páscoa será celebrada no domingo anterior.
Se, porém, a lua cheia acontecer no dia 21 de março, sendo domingo, será
celebrada dia 25 de abril. A Páscoa não acontecerá nem antes de 22 de março,
nem depois de 25 de abril. Conhecendo-se a data da Páscoa, conheceremos a das
outras festas móveis:
-Domingo de Carnaval – 49 dias antes da Páscoa.
-Quarta-feira de Cinzas – 46 dias antes da Páscoa.
-Domingo de Ramos – 7 dias
antes da Páscoa.
-Domingo do Espírito Santo – 49 dias depois.
-Corpus Christi – 60
dias depois.
Símbolos da Páscoa
1)- Cordeiro: O cordeiro era sacrificado no templo, no
primeiro dia da páscoa, como memorial da libertação do Egito, na qual o sangue
do cordeiro foi o sinal que livrou os seus primogênitos. Este cordeiro era
degolado no templo. Os sacerdotes derramavam seu sangue junto ao altar e a carne
era comida na ceia pascal. Aquele cordeiro prefigurava a Cristo, ao qual Paulo
chama “nossa páscoa” (1Cor 5, 7).João Batista, quando está junto ao Rio Jordão
em companhia de alguns discípulos e vê Jesus passando, aponta-o em dois dias
consecutivos dizendo: “Eis o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo” (Jô
1, 29e 36). Isaías o tinha visto também como cordeiro sacrificado por nossos
pecados ( Is 53, 7-12). Também o Apocalipse apresenta Cristo comocordeiro
sacrificado, agora vivo e glorioso no céu. ( Ap 5,6.12; 13, 8).
2)- Pão e vinho: Na ceia do Senhor, Jesus escolheu o pão e o
vinho para dar vazão ao seu amor. Representando o seu corpo e sangue, eles são
dados aos seus discípulos para celebrar a vida eterna.
3)- A Cruz: A cruz mistifica todo o significado da Páscoa na ressurreição e também no sofrimento de Cristo. No Conselho de Nicéia, em 325 d.C., Constantino decretou a cruz como símbolo oficial do cristianismo. Símbolo da Páscoa, mas símbolo primordial da fé católica. Lugar por execelência de onde pendeu a Salvação do mundo, de símbolo de maldição, é transformado por Cristo em símbolo da Salvação e identidade do verdadeiro Cristão. É a Cruz que atrai: "Quando Eu for levantado, atrairei tudo a Mim" ( João 12,20).Quando se levanta a Cristo, e sua Verdade, bem alto, Ele atrai, tudo e todos, a Si.
“Do mesmo modo como Moisés levantou a serpente no deserto, assim é
necessário que o Filho do Homem seja levantado, para que todos os que n’Ele
crerem tenham a vida eterna...”(Jo 3,14-15)
I Coríntios 1,22-23 - Os judeus pedem sinais miraculosos, e os gregos procuram
sabedoria, mas nós pregamos Cristo
crucificado, escândalo para os judeus e loucura para os pagãos;
Mateus 16,24- Em seguida, Jesus disse a seus discípulos: Se alguém
quiser vir comigo, renuncie-se a si mesmo, tome sua cruz e siga-me.
I Coríntios 1,17- Cristo não me enviou para batizar, mas para pregar o
Evangelho; e isso sem recorrer à habilidade da arte oratória, para que não se
desvirtue a cruz de Cristo.
I Coríntios 1,18 - A linguagem da cruz é loucura para os que se perdem, mas,
para os que foram salvos, para nós, é uma força divina.
Gálatas 2,19 - Na realidade, pela fé eu morri para a lei, a fim de viver para
Deus. Estou pregado à cruz de Cristo.
Gálatas 5,11 - Se é verdade, irmãos, que ainda prego a circuncisão, por que,
então, sou perseguido? Assim o escândalo da cruz teria cessado.
Gálatas 6,14 - Quanto a mim, não pretendo, jamais, gloriar-me, a não ser na
cruz de nosso Senhor Jesus Cristo, pela qual o mundo está crucificado para mim
e eu para o mundo.
Efésios 2,16 - e reconciliá-los ambos com Deus, reunidos num só corpo pela
virtude da cruz, aniquilando nela a inimizade.
Filipenses 2,8 - E, sendo exteriormente reconhecido como homem, humilhou-se ainda
mais, tornando-se obediente até a morte, e morte de cruz.
Filipenses 3,18 - Porque há muitos por aí, de quem repetidas vezes vos tenho
falado e agora o digo chorando, que se portam como inimigos da cruz de Cristo.
Colossenses 2,14 - cancelando o documento escrito contra nós, cujas prescrições
nos condenavam. Aboliu-o definitivamente, ao encravá-lo na cruz.
Colossenses 2,15 - Espoliou os principados e potestades, e os expôs ao
ridículo, triunfando deles pela cruz.
I Coríntios 2,2 - Julguei não dever saber coisa alguma entre vós, senão Jesus
Cristo, e Jesus Cristo crucificado.
Gálatas 3,1 - Ó insensatos gálatas! Quem vos fascinou a vós, ante cujos olhos
foi apresentada a imagem de Jesus Cristo crucificado?
A cruz recorda o Cristo crucificado, o sacrifício de sua Paixão, o seu martírio
que nos deu a salvação. Por isso é que, desde tempos antiqüíssimos, a Igreja
passou a celebrar, exaltar e venerar a Cruz, inclusive, como símbolo da árvore da vida
que se contrapõe à árvore do pecado no paraíso, e símbolo mais perfeito da
serpente de bronze que Moisés levantou no deserto para curar os israelitas
picados pelas cobras porque O Filho do Homem nela levantado cura o homem todo e
todos os homens, o corpo e a alma dos que nEle crêem e lhes dá a vida eterna. Jesus retoma esses símbolos do passado
bem conhecidos pelo povo (serpente, árvore, pecado, morte) para dizer no
Evangelho da Liturgia da festa (Jo 3,13-17) que no lugar da serpente de bronze
pendurada no alto de um poste de madeira Ele mesmo é quem seria levantado no
lenho da cruz. Se o pecado e a morte advieram da insídia e veneno do demônio,
nos símbolos da árvore proibida e da serpente do paraíso e do deserto, a
bênção, a salvação e a vida eterna advêm do Cristo levantado no alto da cruz de
onde Ele atrai a si os olhares de toda a humanidade. Até o Calvário, a cruz fora tida como
sinal de vergonha, maldição, execração. Com a crucifixão de Cristo, desde
então, ela se tornou símbolo de triunfo e vitória. Se da cruz vinha a maldição
e a morte, agora, da cruz vem todo o bem e toda a graça.A cruz não é uma divindade, um ídolo, feito de madeira, barro, bronze,
mas ela é para nós santa e sagrada, porque dela pendeu o Salvador do mundo. Ela
é o símbolo universal da salvação do cristão. Com orgulho e devoção ela é a
nossa marca, o sinal de nossa identidade, usada nas igrejas Cristãs tanto
Católicas, Ortodoxas como em algumas protestantes. Traçando o sinal da cruz em
nossa fronte, a todo o momento, nós louvamos e bendizemos a Santíssima
Trindade, Pai e Filho e Espírito Santo, agradecendo o tão grande bem e amor que
pela Cruz o Senhor continua a derramar sobre nós.
4)- Círio Pascal: É uma grande vela que é acesa no fogo novo,
no Sábado Santo, logo no início da celebração da Vigília Pascal. Assim
como o fogo destrói as trevas, a luz que é Jesus Cristo afugenta toda a treva do
erro, da morte, do pecado. É o símbolo de Jesus ressuscitado, a luz dos povos.
Após a bênção do fogo acende-se, nele, o Círio. Faz-se a inscrição dos
algarismos do ano em curso; depois cravam-se cinco grãos de incenso que lembram
as cinco chagas de Jesus, e as letras “alfa” e“ômega”, primeira e última letra
do alfabeto grego, que significam o princípio e o fim de todas as coisas.
“Falando novamente ao povo, disse
Jesus: “Eu sou a luz do mundo; aquele que me segue, não andará em trevas, mas
terá a luz da vida...” (João
8,12)
Pequeno Manual de orientação para o Católico na
Semana Santa
“A Liturgia da Semana Santa seja realizada de modo a poder oferecer ao
povo cristão a riqueza dos ritos e orações; é importante que seja respeitada a
verdade dos sinais, se favoreça a participação dos fiéis e seja assegurada a
presença de ministros, leitores e cantores”.
É nessa perspectiva que
nasce não sei se poderia chamar de “Pequeno Manual da Semana Santa”, e que se
dirige de maneira peculiar às Equipes de Liturgia, Ministros Extraordinários da
Distribuição da Comunhão Eucarística, enfim, a todas aquelas pessoas que estão
empenhadas e colaboram com os sacerdotes nas comunidades paroquiais. O nosso
“pequeno manual” apesar de ser pautado no Magistério atual e nos livros
litúrgicos renovados, têm falhas! E se você tem alguma correção, ou uma
sugestão para o enriquecimento destes grandes dias, envie-nos. Que seja para
Maior Glória de Deus e da Igreja e Salvação das Almas.
I – DOMINGO DE RAMOS:
a) Deve-se marcar uma
única e grande, procissão. De preferência os fiéis se reunindo numa Igreja
menor para a sede paroquial;
b) Para o sacerdote
deve-se preparar um ramo maior e mais esplendoroso e amarrado com um laço de
fita vermelha;
c) Deve-se preparar
uma folha com cânticos apropriados, bem como um carro de som para o início da
cerimônia e também para toda a procissão, de maneira que não haja improvisação.
d) Caldeirinha e
hissope de água benta.
e) Após a benção dos
ramos, segue-se precedidos pelo sacerdote e ministros a procissão com cânticos,
turíbulo, cruz e velas (lanternas);
f) Toda a liturgia da
palavra deve ser distribuída entre os leitores com antecedência para não haver
improvisação;
g) Todo o caminho
onde passará o cortejo processional, poderá ser decorado com ramos, e no chão
podem-se jogar folhas de árvores picadas fazendo um grande tapete.
h) Na leitura da
Paixão não se usa incenso, nem velas, sem a saudação do povo e sem o beijo no
livro do sacerdote;
i) A cruz
processional pode ser decorada com ramos bentos;
j) Na procissão, à
frente do celebrante vai se o Evangeliário, ou na falta deste, o lecionário
correspondente devidamente marcado;
k) O celebrante
poderá usar na procissão pluvial vermelho ou na falta deste, casula de cor
vermelha;
m) O celebrante ao
chegar ao presbitério, se usou pluvial na procissão, retira-o coloca a casula
(que está sobre o altar), reverencia o altar e incensa o mesmo.
n) Devem-se preparar
ramos para os fiéis como também para serem guardados para a quarta-feira de
cinzas do próximo ano (para se fazer as cinzas).
o) Na procissão do
ofertório, podem ser conduzidos três símbolos evocativos dos três mistérios que
a Igreja irá celebrar no Tríduo Pascal: O PÃO E O VINHO (lembrando a Ceia do
Senhor na quinta-feira santa); UMA CRUZ (lembrando a cruficação do Redentor a
ser celebrada na sexta-feira santa); CIRIO PASCAL (lembrando a vitória da luz sobre
as trevas com a Ressurreição de Cristo a ser celebrada na Vigília Pascal e no
Domingo de Páscoa).
II – MISSA DA CEIA DO SENHOR (Lava-pés):
a) Inicia-se o tríduo
sagrado, chamado também de o “Tríduo do crucificado, do sepultado e do
ressuscitado”.
b) Cruz processional,
velas, turíbulo fumegando.
c) Matracas.
d) Pode-se entrar na
procissão de entrada os santos óleos que foram abençoados pela manhã na
Catedral pelo Sr. Bispo. Prepara-se no presbitério uma mesa para colocá-los.
Para serem levados ao presbitério os santos óleos, poderiam três jovens vestir
túnicas das respectivas cores dos óleos: ROXO (óleo dos enfermos); ROSA (óleo
do Crisma); BRANCO (óleo do batismo).
e) Pode ser decorado
perto do altar e nunca em cima do mesmo, com pão, uva, vinho.
f) Antes da
celebração, o sacrário deve estar vazio. As hóstias para a comunhão dos fiéis
devem ser consagradas na mesma celebração da missa de maneira suficiente para o
dia seguinte também (Sexta-feira santa).
g) Reserve-se uma
Capela para conservação do Santíssimo Sacramento e seja ela ornada de modo
conveniente, para que possa facilitar a oração e meditação: recomenda-se o
respeito daquela solenidade que convém à liturgia destes dias, evitando ou
renovando qualquer abuso contrário.
h) Durante o canto do
hino do “Glória” tocam-se os sinos (da torre e do altar). Concluído o canto
eles ficarão silenciosos até o “Glória” da Vigília Pascal.
i) O órgão ou outros
instrumentos a partir do canto do “Glória”, só serão utilizados para sustentar
o canto. De maneira que não se use nem bateria e nem pandeiros…
j) Seja conservada
para o lava-pés a escolha de alguns homens, e como sugestão podendo ser 12 que
significa os 12 apóstolos. Neste momento o celebrante retira a casula e
cinge-se com uma toalha grande que possa ser amarrada à cintura e ao mesmo
tempo enxugar os pés dos discípulos, a casula ficará aberta sobre o altar. Após
terminar o lava-pés e ter lavado as mãos vestirá novamente a casula. Pode ser
dado para os homens um pão.
k) Na procissão do
ofertório tendo sido feita uma conscientização na comunidade, a comunidade pode
fazer doação de alimentos não perecíveis para os menos favorecidos, como nos
sugere o Missal Romano.
l) Na consagração,
não se toca a campainha e sim as matracas.
m) Após a oração da
comunhão, forme-se o cortejo, passando por toda a Igreja, que acompanha o
Santíssimo Sacramento ao lugar da reposição. A procissão é precedida pelo
cruciferário, as velas, o turíbulo fumegando e as matracas.
n) Usa-se a Umbela
para cobrir o Santíssimo.
o) Nunca se pode
fazer a exposição com o ostensório. (A reserva Eucarística deverá ficar dentro
do sacrário).
p) Na adoração até a
meia-noite, pode ser lida uma parte do evangelho segundo João Cap. 13-17. Após
a meia noite, esta adoração seja feita sem solenidade já que começou o dia da
paixão do Senhor. Recomenda-se o silêncio.
q) A capela do
Santíssimo pode ser ornada com flores, com todo esplendor.
r) O sacerdote
deveria usar pluvial e véu umeral festivo na transladação do Santíssimo Sacramento
em direção ao altar da reposição. Na falta do Pluvial use pelo menos o véu
umeral sobre a túnica ou alva com estola.
s) Concluída a missa
é desnudado o altar da celebração. Convém cobrir as cruzes da Igreja com um véu
de cor vermelha ou roxa.
Para a missa deve-se
preparar:
a) Âmbulas com
partículas para consagrar para essa missa e para a Sexta-feira;
b) Véu de ombros;
c) Turíbulo com
naveta;
d) Tochas e velas;
Para o lava pés:
a) Assentos para os
homens designados;
b) Jarro de água e
bacia;
c) Toalha para
enxugar os pés;
d) Sabonete (para o
sacerdote lavar as mãos)
III – CELEBRAÇÃO DA PAIXÃO DO SENHOR
a) Neste dia não se
celebra a Eucaristia.
b) Guarda-se o jejum
e ou, a abstinência.
c) Só se celebram
nestes dias os sacramentos da Unção dos enfermos e da Confissão.
d) Prepara-se tapete
e almofadas para os sacerdotes (presidente e concelebrantes).
e) Os sacerdotes
prostam-se os demais ministros, coroinhas e povo ajoelham-se.
f) Prepara-se uma
cruz que deve ser esplendorosa coberta com um véu vermelho e dois castiçais com
velas (na credencia no fundo igreja).
g) Durante a adoração
e o beijo devocional, canta-se hinos apropriados e salmos.
h) Depois da comunhão
proceda-se à desnudação do altar, deixando a mesma cruz no centro do altar, com
quatro castiçais.
i) Pode-se fazer até
a hora da procissão do Senhor Morto a via-sacra.
j) Tendo a procissão
do Senhor Morto, pode-se deixar o esquife a veneração pública, juntamente com a
imagem de Nossa Senhora das Dores. Na procissão recomenda-se silêncio e orações
e também o uso das matracas, bem como um carro de som com canto gregoriano, ou
cantos penitenciais.
Na credencia:
a) Missal
b) Lecionário
c) Toalhas para o
altar
d) Corporais com
sangüíneos
e) Purificatório
f) Velas para o
altar.
g) Âmbulas
IV – VIGÍLIA – SÁBADO SANTO:
a) Pode continuar
exposta durante o dia para a veneração dos fiéis, uma imagem do Cristo
crucificado, ou morto bem como a imagem da Santíssima Virgem das Dores.
b) Pedir com
antecedência que os fiéis tragam velas ou a paróquia oferecer.
c) Evite-se com todo
o cuidado que os salmos da vigília sejam substituídos por canções populares.
d) No canto do
“Glória”, tocam-se os sinos, e também se podem preparar fogos de artifício.
e) O círio Pascal é
colocado no presbitério, ao lado do ambão. O pedestal onde ficará o círio
poderá ser decorado com flores.
f) O tempo pascal vai
até o dia de Pentecostes, nesse dia sairá solenemente do presbitério o Círio
Pascal, o qual ficou todo esse tempo no presbitério. A partir desse dia só será
usado, nas cerimônias do batismo e Crisma. (O Sacerdote poderá usar o Rito para
apagar o Círio Pascal)
O que preparar? Para o fogo:
a) Uma fogueira
podendo ser na frente da Igreja e que seja bem expressiva, quer dizer, que sua
luz possa clarear mesmo.
b) O Círio Pascal
(que seja novo, nunca se deve reaproveitar o Círio do ano que passou).
c) Cinco cravos, com
grãos de incenso colocados nos mesmos.
d) Um estilete, para
fazer a incisão no círio.
e) Uma vela grande
para o celebrante acender o círio com o fogo novo.
f) Lanterna para
iluminar os textos que o celebrante há de recitar.
g) Pegador de
macarrão, para o turiferário tirar as brasas acesas do fogo novo e colocá-las
no turíbulo.
h) Candelabro para o
círio pascal, posto junto do ambão.
i) Preparar um
microfone e um bom som, para o celebrante e o comentarista, onde começara a
cerimônia, com a bênção do fogo novo.
Para a liturgia batismal:
a) Recipiente com
água;
b) Quando se
administram os sacramentos da Iniciação Cristã: óleo dos catecúmenos, Santo
Crisma, vela batismal, Ritual Romano.
c) Apagam-se as luzes
da Igreja.
d) Mesmo não havendo
batismo deve-se preparar um recipiente (sugiro talhas de barro) com água para a
aspersão.
e) Caldeirinha
(vazia) com hissope para a hora da aspersão.
Benção do Fogo e
Preparação do Círio:
a) O Celebrante vai
com paramentos brancos, à sua frente vai um dos acólitos ou Ministro com o
Círio Pascal.
b) Não se leva a cruz
processional nem velas acesas.
c) O turiferário leva
o turíbulo sem brasas com a naveta.
Procissão:
a) Depois de acender
o Círio, o celebrante deita o incenso no turíbulo, se houver diácono ou padre
concelebrante este levará o Círio Pascal, na falta destes o Celebrante
principal o levará.
b) Organiza-se a
procissão que entra na Igreja. À frente de quem leva o Círio (Padre ou
Diácono), vai o turíbulo fumegando. Seguem-se outros ministros, coroinhas e
todo o povo com as velas apagadas na mão.
c) À porta da Igreja,
o celebrante (ou diácono) erguendo o Círio canta: “Eis a luz de Cristo!” e
todos respondem: Graças a Deus!
d) Depois, o
celebrante principal (ou diácono) avança até ao meio da Igreja, para e,
erguendo o Círio, canta a Segunda vez: “Eis à luz de Cristo!” e todos
respondem: Graças a Deus! Todos ascendem as suas velas. Passando o lume de uns
aos outros.
e) Ao chegar diante
do altar, o celebrante (ou diácono) para, e, voltado para o povo, canta pela
terceira vez: “Eis a luz de Cristo!” e todos respondem: Graças a Deus! Em
seguida coloca o Círio no candelabro preparado junto do ambão.
f) Acendem-se todas
as luzes da Igreja!
Precônio Pascal:
a) O celebrante deita
incenso do turíbulo e benze-o como para o Evangelho na Missa.
b) Havendo diácono ou
padre concelebrante este fará a proclamação da Páscoa.
c) Enquanto isso da
cadeira o celebrante principal segura uma vela acesa na mão, de pé, para ouvir
o precônio pascal.
d) Todos se conservam
igualmente de pé com as velas acesas na mão.
e) Terminado o
precônio pascal, todos apagam as velas e sentam-se.
f) Após a última
leitura do Antigo Testamento, com o seu responsório e respectiva oração,
acendem-se as velas do altar e é entoado solenemente o hino: “Glória a Deus nas
alturas” neste momento tocam-se os sinos, e os demais instrumentos que até
então estavam silenciosos. Neste momento, também o altar é decorado com
arranjos de flores, que deverão estar preparados na sacristia.
g) Na proclamação do
Evangelho, não levam as velas, somente o turíbulo fumegando.
h) Após o Evangelho,
faz-se a homilia; proceda-se a liturgia batismal, se houver.
i) Havendo batismo,
sua liturgia efetua-se junto a pia batismal ou mesmo no presbitério. Onde por
antiga tradição, o batistério estiver localizado fora da Igreja, é lá que se
tem de ir para a liturgia batismal.
j) Primeiro faz-se a
chamada dos catecúmenos, que são apresentados pelos padrinhos ou se forem
crianças, levados pelos pais e padrinhos.
k) A liturgia
batismal acontecendo no presbitério, após a monição do celebrante principal,
segue-se a ladainha cantada, à qual o povo responde, de pé, por ser tempo
pascal.
l) Terminada a
ladainha, o Celebrante principal, de pé, junto da fonte batismal, com as mãos
estendidas, benze a água. Pode-se introduzir na mesma água o círio pascal, uma
ou três vezes, como vem indicado no missal.
m) Terminada a benção
da água e dita a aclamação pelo povo, o celebrante principal, interroga os
“eleitos” adultos, para que façam à renúncia, segundo o Rito da Iniciação
Cristã dos adultos, e os pais ou padrinhos das crianças, segundo o Rito para o
batismo de criança.
n) Faz-se agora a
unção com o óleo dos catecúmenos.
o) O celebrante
interroga os eleitos a cerca de sua fé. Tratando-se de crianças, pede-se a
profissão de fé dos pais e padrinhos ao mesmo tempo.
p) Após o
interrogatório, o celebrante batiza os eleitos.
q) Terminado o
batismo, acontece a unção com o óleo da crisma.
r) Após a unção o
celebrante, acende avelã no Círio Pascal.
s) Terminada a
ablação batismal e os atos complementares e efetua-se, o regresso aos bancos,
em procissão e com as velas acessas. Durante o retorno, canta-se um canto
batismal.
t) Sendo batizados
adultos, é administrado-lhes também o sacramento da confirmação.
Renovação das Promessas do Batismo:
a) Concluído o rito
do batismo e da confirmação, ou, se não tiver havido nenhum nem outro, após a
benção da água, o celebrante principal estando de pé voltado para o povo,
recebe a renovação das promessas da fé batismal dos fiéis, que se conservam de
pé com as velas acessas na mão.
b) Terminada a
renovação das promessas do batismo, o celebrante principal ajudados pelos
padres concelebrantes ou diáconos, se houver, asperge o povo com água benta,
enquanto isso se canta um canto de sentido batismal.
c) Por fim, a missa
decorre como de costume, e com solenidade.
d) Em algumas
paróquias tem-se o costume de fazer a procissão do Senhor Ressuscitado e do
triunfo de Nossa Senhora. Portanto, a Imagem de Jesus Ressuscitado, deve estar
em um andor devidamente ornado para a procissão ou carreata após o término da
Vigília pascal.
ORIENTAÇÕES GERAIS:
a) Antes de iniciar a
sexta-feira santa e concluindo o tempo quaresmal seja feito o Ato Penitencial
Comunitário com confissões individuais.
b) O tempo quaresmal
vai até à Quinta-feira Santa.
c) A partir da missa
“da Ceia do Senhor” inicia-se o Tríduo Pascal.
d) Marcar uma reunião
com toda a equipe de liturgia com o sacerdote para acertar todos os detalhes;
e) Dividir as
leituras com antecedência;
f) Os Salmos devem
ser todos cantados com a participação do povo;
g) Deve-se montar uma
“Equipe de Semana Santa”;
h) Ex.: Batedores de
Sino e matraca;
i) Fogueteiro (para o
momento do Glória da Missa da Ceia do Senhor e da Vigília Pascal)
j) Organizadores de
procissão;
k) Organizadores de
andores;
l) Cortadores de
Ramos (serviço que deve ser feito com antecedência)
m) Leitores e
Cantores de Salmos
n) Animadores de
procissão.
PARA LITURGIAS E PIEDADE POPULAR
a) Quarta-feira
Santa: Procissão do Encontro do Senhor dos Passos e Nossa Senhora das Dores;
b) Sexta-feira Santa:
Sermão das 7 Palavras, descimento do Senhor Morto da cruz e procissão do
enterro (em alguns lugares o povo tem a tradição de dar um beijo na imagem do
Senhor morto - porém, com o aumento de seitas e seguidores fanáticos, é sempre bom colocar quatro pessoas da própria comunidade: uma a cabeça, outra aos pés, e mais duas do lado direito e esquerdo, vigiando pessoas suspeitas, e prontos a intervir, no caso de alguém querer, vilipendiar, ou danificar a imagem exposta). É mais uma oportunidade para evangelizar, fazendo com que a
devoção seja mais significativa, através dos vários grupos, movimesntos,
pastorais, etc. Destacar e dar um significado ao beijo das crianças, dos
jovens, dos casais, dos homens e das mulheres, dos idosos, dos doentes, etc.
Uma pequena paraliturgia pode ser preparada para este momento, com cânticos
penitenciais e fazendo uma ligação com a Campanha da Fraternidade do ano
corrente.
POR QUE NO PERÍODO DA QUARESMA OS SANTOS NAS
IGREJAS FICAM COBERTOS POR PANOS ROXOS?
É costume muito
antigo na Igreja, a partir do quinto Domingo da Quaresma – também chamado de Primeiro
Domingo da Paixão, na forma extraordinária do Rito Romano, (sendo na verdade o
Domingo de Ramos e da Paixão do Senhor, o Segundo Domingo da Paixão) – cobrir
com pano roxo as cruzes, quadros e imagens sacras. As cruzes ficam cobertas até
o final da liturgia da Sexta – Feira Santa, os quadros e demais imagens até a
celebração da noite de Páscoa.O sentido profundo desse ato de
cobrir as imagens sacras, fundamenta-se no luto pelo sofrimento de Cristo Nosso
Senhor, levando os fiéis a refletir, ao contemplar esses objetos sagrados
cobertos do roxo, que simboliza a tristeza, a dor e a penitência. O ápice do despojamento ocorre após a Missa
da Ceia do Senhor na Quinta-Feira Santa, quando retiram-se as toalhas do altar.
A cruz coberta lembra-nos a humilhação de N. Senhor Jesus Cristo, que teve
de ocultar-se para não ser apedrejado pelos judeus, como nos relata o Evangelho
segundo São João:“Os judeus pegaram pela segunda vez em pedras para o apedrejar.
Disse-lhes Jesus: Tenho-vos mostrado muitas obras boas da parte de meu Pai. Por
qual dessas obras me apedrejais? (...). Procuraram então prendê-lo, mas ele se
esquivou das suas mãos. Ele se retirou novamente para além do Jordão, para o
lugar onde João começara a batizar, e lá permaneceu.” (Jo 10, 31-32.39-40).Antes da reforma
litúrgica do Vaticano II era obrigatório cobrir, com véus roxos, todas as
cruzes e imagens expostas ao culto na igreja. No Missal Romano de S. Pio V,
terminada a missa do Sábado que precedia o Domingo da Paixão (actual V Domingo
da Quaresma), vinha esta rubrica: “Antes das Vésperas, cobrem-se as Cruzes e
Imagens que haja na igreja. As Cruzes permanecem cobertas até ao fim da
adoração da Cruz, na Sexta-Feira Santa, e as Imagens até ao Hino dos Anjos
(Glória a Deus nas Alturas) no Sábado Santo”.Vê-se que era um costume ligado às duas últimas semanas da Quaresma,
através do qual se desejava centrar a atenção dos fiéis no mistério da Paixão
do Senhor ( O Santo dos Santos). Tudo o que pudesse desviá-la, como eram as
imagens dos Santos, cobria-se. Donde vinha este costume? Certamente dos começos
do segundo milénio ou dos finais do primeiro.
E o que dizem as normas litúrgicas atuais?
Uma rubrica inserida
no Missal Romano de Paulo VI, depois da Missa do Sábado anterior ao V Domingo
da Quaresma, diz: “O costume de cobrir as cruzes e as imagens das igrejas pode
conservar-se, conforme o parecer da Conferência Episcopal. As cruzes permanecem
cobertas até ao fim da celebração da Paixão do Senhor, na Sexta- Feira Santa;
as imagens, até ao começo da Vigília Pascal (cf. Missal Romano actual [edição
do altar], p. 206. A grande diferença
entre as rubricas dos dois Missais (de Trento e do Vaticano II) consiste no
seguinte: no primeiro, cobrir as Cruzes e Imagens era obrigatório
(“cobrem-se...”); no segundo deixou de o ser (“pode conservar-se o costume de
cobrir...).
Consultando o Missal Romano, são deixadas várias
hipóteses:
a) pode cobrir as
imagens ou não as cobrir;
b) se as cobrir,
mantém nas cobertas desde a tarde do Sábado anterior ao V Domingo da Quaresma,
até ao começo da Vigília Pascal (e não até antes do Lava-pés na Missa da Ceia
do Senhor, nem tão pouco até Sexta-Feira Santa).
A rubrica é clara: “... as imagens permanecem cobertas até ao começo da
Vigília Pascal”.
PAPA BENTO XVI FALA SOBRE A RIQUEZA DA ORAÇÃO REALIZADA
POR CRISTO NA ÚLTIMA CEIA
Na Catequese, o Papa
Bento XVI refletiu sobre a riqueza da oração sacerdotal realizada por Cristo
durante a Última Ceia, apresentada no Evangelho segundo João, capítulo 17.O Pontífice explicou que a oração sacerdotal de Jesus é
dividida em três partes:
1)-Na primeira Ele
reza por si mesmo, em seguida, por seus discípulos e depois por aqueles que
irão crer Nele. A oração de Jesus por si mesmo é um pedido e uma declaração de
plena disponibilidade ao desígnio do Pai, comentou Bento XVI. "Esta
disponibilidade e este pedido constituem o primeiro ato do sacerdócio novo de
Jesus que é um doar-se totalmente na cruz", enfatizou.
2)- No segundo
momento, Jesus roga pelos discípulos que estiveram com Ele, e no centro desta
oração está o pedido de consagração. "Jesus diz ao Pai: 'Eles não são do
mundo, também eu mandei-lhes ao mundo; por eles eu consagro a mim mesmo, para
que sejam também eles consagrados na verdade'” (Jo 17, 16-19). O Santo Padre
explica que consagrar é transferir uma pessoa ou coisa para a propriedade de
Deus. E, nisto estão presentes dois aspectos: de uma parte segregar - tirar das
coisas comuns -, e de outra, a segregação - transferir à esfera de Deus.
"É consagrado quem, como Jesus, é segregado do mundo e colocado à parte
para Deus em vista de um objetivo e exatamente por isto está plenamente à
disposição de todos".
3)- O terceiro ato
desta oração é dedicada aos seus discípulos de todos os tempos, é aquela da
futura unidade de quantos acreditarão n’Ele. "A unidade dos futuros
discípulos, sendo em unidade com Jesus – que o Pai enviou pelo mundo – é também
a fonte originária da eficácia das missões cristãs no mundo.Bento XVI destaca
que em força de tal unidade, a Igreja pode caminhar no mundo sem ser do mundo
(cfr Jo 17,16) e viver a missão que lhe foi confiada para que o mundo creia no
Filho e no Pai que a enviou. Por fim, o Santo Padre convidou os cristãos a ler
e meditar esta oração sacerdotal de Jesus, para que os guie no diálogo com o
Senhor e, que na sua oração pessoal, peçam à Ele para ser
"consagrados", para pertencer-lhe sempre mais para poder amar sempre
mais os outros.
LEIA NA ÍNTEGRA A CATEQUESE DO PAPA BENTO XVI:
Queridos irmãos e irmãs,
Na catequese concentramos a nossa
atenção sobre a oração que Jesus dirige ao Pai na hora do seu enaltecimento e
da sua glorificação. Como afirma o Catecismo da Igreja Católica: “A tradição a
define a oração sacerdotal de Jesus”. É aquela do nosso Sumo Sacerdote, a qual
é inseparável do seu Sacrifício, da sua passagem (Páscoa) ao Pai, onde ele é
inteiramente “consagrado” ao Pai. (n. 2747).Esta oração de Jesus é compreensível na sua extrema riqueza, sobretudo
se a colocamos no contexto da festa judaica da expiação, o Yom kippur. Naquele
dia o Sumo Sacerdote completa a expiação por si mesmo, depois pela classe
sacerdotal e enfim pela inteira comunidade do povo. O objetivo é o de conduzir
o povo de Israel, depois das transgressões do ano, à consciência da
reconciliação com Deus, à consciência de ser um povo eleito, ‘povo santo’ em
meio aos outros povos. A oração de Jesus, apresentada no capítulo 17 do
Evangelho Segundo João, retoma a estrutura desta festa. Jesus naquela noite se
volta ao Pai no momento no qual está oferecendo a si mesmo. Ele, sacerdote e
vítima, ora por si mesmo, pelos apóstolos e por todos aqueles que acreditarão
n’Ele, pela Igreja de todos os tempos (Jo 17,20).
A oração que Jesus faz por si
mesmo é o pedido da própria glorificação, do próprio enaltecimento na sua
‘hora’. Na realidade é mais um pedido e uma declaração de plena disponibilidade
de entrar, livremente e generosamente, no desígnio do Pai que se cumpre na
entrega, na morte e na ressurreição. Esta “Hora” é iniciada com a traição de
Judas (Jo 13,31) e culminará na subida de Jesus ressuscitado ao Pai (Jo 20,17).
A saída de Judas do cenáculo é comentada por Jesus com estas palavras: “Agora o
Filho do Homem foi glorificado e Deus foi glorificado nEle” (Jo 13,31). Não
acaso, Ele inicia a oração sacerdotal dizendo: “Pai, é chegada a hora:
glorifica o teu Filho para que o Filho glorifique a ti” (Jo 17,1). A
glorificação que Jesus pede por si mesmo como Sumo Sacerdote é o ingresso na
plena obediência ao Pai, uma obediência que o conduz à sua mais plena condição
filial: “E agora, Pai, glorifica-me diante de Ti com aquela glória que eu havia
junto de Ti antes que o mundo existisse” (Jo 17,5). Esta disponibilidade e este
pedido constituem o primeiro ato do sacerdócio novo de Jesus que é um doar-se
totalmente na cruz, e exatamente sobre a cruz – o supremo ato de amor – Ele é
glorificado, porque o amor é a alegria verdadeira, a glória divina.O segundo momento desta oração é a intercessão que Jesus faz pelos
discípulos que estiveram com Ele. Eles são aqueles dos quais Jesus pode dizer ao Pai: “Manifestei o teu
nome aos homens que do mundo me destes. Eram teus e os destes a mim, e eles
observaram a Sua Palavra” (Jo 17,6). “Manifestar o nome de Deus aos homens” é a
realização de uma presença nova do Pai em meio ao povo, à humanidade. Este
“manifestar” não é somente uma palavra, mas é a realidade em Jesus; Deus está
conosco, e assim o nome - a sua presença
conosco, o ser um de nós – se “realizou”. Portanto, esta manifestação se
realiza na encarnação do Verbo. Em Jesus Deus entra na carne humana, se faz
próximo em modo único e novo. E esta presença tem o seu ápice no sacrifício que
Jesus realiza na sua Páscoa de morte e ressurreição.Ao centro desta oração de intercessão e de expiação em favor dos
discípulos está o pedido de consagração; Jesus diz ao Pai: “Eles não são do mundo, também
eu mandei-lhes ao mundo; por eles eu consagro a mim mesmo, para que sejam
também eles consagrados na verdade” (Jo 17, 16-19). Pergunto: o que significa
“consagrar” neste caso? Antes de tudo vale dizer que “Consagrado” ou “Santo” é
propriamente somente Deus. Consagrar, portanto, quer dizer transferir uma
realidade – uma pessoa ou coisa – para a propriedade de Deus. E nisto estão
presentes dois aspetos complementares: de uma parte tirar das coisas comuns,
segregar, colocar à parte do ambiente de vida pessoal do homem para serem
doados totalmente a Deus; e da outra esta segregação, esta transferência à
esfera de Deus, tem um significado próprio de envio, de missão: exatamente
porque, doada a Deus, a realidade, a pessoa consagrada existe para os outros, é
doada aos outros. Doar a Deus quer dizer não estar mais para si mesmo, mas para
todos. É consagrado quem, como Jesus, é segregado do mundo e colocado à parte
para Deus em vista de um objetivo e exatamente por isto está plenamente à
disposição de todos. Para os discípulos, será continuar a missão de Jesus, ser
doado a Deus para ser assim em missão por todos. A noite de Páscoa, o
Ressuscitado, aparecendo aos seus discípulos, lhes dirá: “A paz esteja
convosco. Como o Pai me envio assim eu vos envio” (Jo 20,21)O terceiro ato desta oração sacerdotal estende o olhar até o fim do
tempo. Nela Jesus se volta ao Pai para interceder em favor de todos aqueles
que serão levados à fé mediante a missão inaugurada pelos apóstolos e
continuada na história: “Não oro somente por estes, mas também por aqueles que
acreditarão em mim mediante a Palavra deles”. Jesus reza pela igreja de todos
os tempos, reza também por nós (Jo 17,20). O Catecismo da Igreja Católica
comenta: “Jesus levou a pleno cumprimento a obra do Pai, e a sua oração, como o
seu Sacrifício, se estende até a consumação dos tempos. A oração da Hora
preenche os últimos tempos e os leva em direção à consumação” (n.2749).O pedido central da oração sacerdotal de Jesus dedicada aos seus
discípulos de todos os tempos é aquela da futura unidade de quantos acreditarão
n’Ele. Tal unidade não é um produto mundano. Essa provém exclusivamente da
unidade divina e chega a nós do Pai mediante o Filho e no Espírito Santo. Jesus
invoca um dom que provém do Céu, e que tem o seu efeito – real e perceptível –
sobre a terra. Ele reza “para que todos sejam um, como Tu, Pai, estás em mim e
eu em ti. Que eles estejam em nós sejam também estes em nós, para que o mundo
creia que Tu me enviastes” (Jo 17,21). A unidade dos cristãos de uma parte é
uma realidade secreta que está no coração daqueles que creem. Mas, ao mesmo
tempo, ela deve aparecer com toda a clareza na história, deve aparecer para que
o mundo creia, tem um objetivo muito prático e concreto, deve aparecer para que
realmente todos sejam uma coisa só. A unidade dos futuros discípulos, sendo em
unidade com Jesus – que o Pai enviou pelo mundo – é também a fonte originária da
eficácia das missões cristãs no mundo.Podemos dizer que na oração sacerdotal de Jesus se cumpre a instituição
da Igreja. Exatamente ali, no ato da última ceia, Jesus cria a Igreja. Já que,
não é a Igreja a comunidade dos
discípulos que, mediante a fé em Jesus Cristo como enviado do Pai, recebe a sua
unidade e é envolvida na missão de Jesus de salvar o mundo conduzindo-o ao
conhecimento de Deus? Aqui encontramos realmente uma verdadeira definição da
Igreja. A Igreja nasce da oração de Jesus. E esta oração não é somente palavra:
é o ato no qual se consagra a si mesmo e por assim dizer, se sacrifica pela
vida do mundo (Jesus de Nazaré, II)Jesus reza para que os seus
discípulos sejam uma coisa só. Em força de tal unidade, recebida e guardada, a
Igreja pode caminhar no mundo sem ser do mundo (cfr Jo 17,16) e viver a missão
que lhe foi confiada para que o mundo creia no Filho e no Pai que a enviou. A
igreja se torna então o lugar no qual se continua a missão do próprio
Cristo:conduzir o mundo da alienação do homem em direção a Deus e a si mesmo, para
fora do pecado, a fim que volte a ser o mundo de Deus.Queridos irmãos e irmãs, colhemos
alguns elementos da grande riqueza da oração sacerdotal de Jesus, que vos
convido a ler e meditar, para que os guie no diálogo com o Senhor, nos ensine a
rezar. Também nós, então, na nossa oração, pedimos a Deus que nos ajude a
entrar, de modo mais pleno, no projeto que Ele tem sobre cada um de nós,
peçamos à Ele para sermos “consagrados” a Ele, para pertencer-lhe sempre mais
para poder amar sempre mais os outros, os próximos e os que estão distantes;
peçamos à Ele para sermos sempre capazes de abrir a nossa oração às dimensões
do mundo, não fechando-a no pedido de ajuda pelos nossos problemas, mas
recordando diante do Senhor o nosso próximo, aprendendo a beleza de interceder
pelos outros; peçamos à Ele o dom da unidade visível entre todos os que creem
em Cristo – invocamos isto com força na semana de oração pela Unidade dos
Cristãos - oremos para estarmos prontos
para responder a qualquer um que nos pergunte acerca da esperança que está em
nós (cfr. IPT 3,15).
Obrigado!!!
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