Saduceus (em hebraico: צְדוּקִים Ṣĕdûqîm
bnê Sadôq, sadoquitas, em grego: Saddoukaios) é a designação da segunda escola
filosófica dos judeus, ao lado dos fariseus.Também para esta seita ou partido é
difícil determinar a origem. Sabemos que existiu nos últimos dois séculos do
Segundo Templo, em completa discórdia com os fariseus.O nome parece
proceder de Zadoque, hierarca da família sacerdotal dos filhos de Zadoque, que
segundo o programa ideal da constituição de Ezequiel devia ser a única família
a exercer o sacerdócio na nova Judeia. De modo que, dizer saduceus era como dizer
"pertencentes ao partido da estirpe sacerdotal dominante".Diferiam dos fariseus por
não aceitarem a tradição oral.Na realidade,
parece que a controvérsia entre eles foi uma continuação dessa hostilidade que
havia começado no templo dos macabeus, entre os helenizantes e os ortodoxos.Com
efeito, os saduceus, pertencendo à classe dominadora, tendo a miudo contato com
ambientes helenizados, estavam inclinados a algumas modificações ou
helenizações. O conflito entre estes dois partidos foi o desastre dos últimos anos
da Jerusalém judia.Suas
doutrinas são quase desconhecidas, não havendo ficado nada de seus escritos.A Bíblia afirma que eles não criam na
ressurreição, tendo até tentado enlaçar Jesus com uma pergunta ardilosa sobre
esse conceito.
Os saduceus e a ressurreição
Marcos 12,18-23: “Então, os saduceus, que dizem que não há ressurreição, aproximaram-se
dele e perguntaram-lhe, dizendo: Mestre,
Moisés nos escreveu que, se morresse o irmão de alguém, e deixasse mulher, e
não deixasse filhos, seu irmão tomasse a mulher dele e suscitasse descendência
a seu irmão. Ora, havia sete irmãos, e o primeiro tomou mulher e morreu sem
deixar descendência; e o segundo também a tomou, e morreu, e nem este deixou
descendência; e o terceiro, da mesma maneira. E tomaram-na os sete, sem,
contudo, terem deixado descendência. Finalmente, depois de todos, morreu também
a mulher. Na ressurreição, pois, quando
ressuscitarem, de qual destes será a mulher?...” - Os saduceus eram uma
espécie de seita, uma escola filosófica judaica que existiu nos tempos de Jesus.
Os saduceus não criam na ressurreição dos mortos e divergiam em muitos pontos
dos fariseus e estas divergências não eram só dogmáticas, mas jurídicas e
rituais também, porém quando se tratava de inquirir Jesus, aí todos se uniam, como
fazem os divididos protestantes com os católicos. Um dia os saduceus cercaram
Jesus e vieram com o mesmo propósito dos fariseus: usar de hipocrisia e tentar
pegar o Mestre em alguma palavra comprometedora. A questão, que levaram de casa
prontinha para fazer a Jesus, era sobre a ressurreição dos mortos, que eles
defendiam em sua doutrina não haver.Os saduceus colocaram um caso hipotético a
Jesus, segundo o qual havia sete irmãos. O primeiro, tendo casado, morreu e,
não tendo descendência, deixou sua mulher a seu irmão, que também não deixou
descendente e assim se seguiram os casamentos dos irmãos com a mesma mulher, já
que nenhum deles conseguia suscitar descendência ao irmão anterior. Por fim morreu também a tal mulher. A
pergunta era simples: na ressurreição dos mortos, de qual dos sete irmãos a
mulher seria esposa? Afinal todos os sete irmãos haviam sido casados com a
mesma mulher. Claro que Jesus conhecia os corações dos saduceus e respondeu com
autoridade: “Errais, não conhecendo as Escrituras nem o poder de Deus. Porque, na
ressurreição, nem casam, nem se dão em casamento; são, porém, como os anjos no
céu. E, quanto à ressurreição dos mortos, não tendes lido o que Deus vos
declarou: Eu sou o Deus de Abraão, o Deus de Isaque e o Deus de Jacó? Ele não é
Deus de mortos, e sim de vivos.”(Mateus 22,29-32).Os judeus sofreram
com a invasão grega, no século IV a.C. Pode-se dizer que, a partir daí, foram
divididos em, pelo menos, dois destacados grupos religiosos entre tantos outros:
saduceus e fariseus. O primeiro defendia uma conciliação entre a
Lei mosaica e os costumes gregos e era representado principalmente pelos sacerdotes.
O segundo segmento não aceitava essa “miscigenação”. Teve a adesão da maioria
dos escribas e obteve o apoio quase unânime do povo judeu.Os saduceus
geralmente eram ricos e ocupavam cargos de prestígio em Israel, como o de sumo
sacerdote. Eram também a maioria no Sinédrio (conselho que julgava assuntos da
lei judaica e da justiça criminal, na Judéia e em outras províncias). Tinham
uma grande preocupação em acatar as decisões de Roma (que dominava Israel no
período em questão), dando, muitas vezes, mais importância à política do que à
religião. Vale destacar que os saduceus não eram bem vistos pelo povo, já que
faziam parte da elite e apoiavam os romanos. Esse grupo deixou de existir após
a destruição do Templo de Jerusalém, em 70 d.C., já que tinha uma forte
tendência política. Os fariseus geralmente eram indivíduos de uma classe
social intermediária. Embora fossem minoria no Sinédrio, eram indispensáveis,
pois tinham o apoio do povo judeu. Essa popularidade rendia-lhes muitas
conquistas no conselho.
Várias outras diferenças, entre fariseus e saduceus,
podem ser destacadas:
1 - Os saduceus eram
mais conservadores. Consideravam apenas a Palavra escrita (hoje, o Velho
Testamento) como divina, enquanto os fariseus colocavam a tradição
oral em igualdade com a mesma.
2 - Os saduceus
negavam a ressurreição dos mortos, além da existência de anjos e demônios,
enquanto os fariseus aceitavam (Atos 23,8).
3 - Apenas os
fariseus acreditavam em vida com recompensa, ou punição após a morte.
4 - Os saduceus
defendiam a ideia do livre-arbítrio humano, enquanto os fariseus atribuíam os
acontecimentos à vontade de Deus.
5 - Apenas os
fariseus defendiam a “Tradição dos Antigos”, considerando-a como o
desenvolvimento da Torá escrita.
Os Saduceus genericamente
falando, era uma classe político-religiosa muito influente, que exerceu o
ofício do sumo-sacerdócio em Israel, desde o ano 6 até 36 D.C - O
sumo-sacerdote Anás, nomeado para o cargo no ano 6 D.C. e deposto no ano 15,
era saduceu e foi substituído por Caifás, seu genro, também saduceu, que
exerceu o cargo de 18 até 36 D.C. Anás, porém, continuou operando como auxiliar
de Caifás no exercício do sacerdócio. Ambos participaram do julgamento de Jesus
(João 18,12-14.24) e da perseguição aos apóstolos (Atos 4,5-6).Religiosamente,
eram tradicionalistas, mas não aceitavam a lei oral dos escribas, ao contrário
dos fariseus, que a acatavam sem restrições. Os saduceus consideravam
como Lei por excelência, e exclusivamente, a Lei de Moisés, isto é, os cinco primeiros
livros do Velho Testamento, chamados Pentateuco. Quanto aos Profetas, aos
livros de Sabedoria e de Poesia, ao que parece, eles não consideravam como
parte das Escrituras.Espiritualmente diferiam dos fariseus, porque negavam a vida após a
morte e afirmavam que, com base na Lei, não se podia afirmar a imortalidade,
enquanto os fariseus afirmavam que sim. Também eles não criam na existência da
alma, do espírito, dos anjos e nem na ressurreição. Eram essencialmente
materialistas e não acreditavam na interferência de Deus no destino dos homens,
mas tão somente no livre arbítrio, como fator de direcionamento da vida.Depois da frustrada
tentativa dos fariseus de derrotarem Jesus com a pergunta sobre a legitimidade
de pagar tributo a César, os saduceus devem ter-se alegrado porque eram
adversários dos fariseus. Então foi a vez deles fazerem uma investidura contra
o Mestre, desafiando-O com uma pergunta que prepararam, com a intenção de
confundi-lo. A Lei de Moisés, em Deuteronômio 25,5-10 previa o caso de morrer o
marido, sem deixar descendente. Então era chamado um irmão seu, que vivesse
junto com ele, para desposar a viúva a fim de dar descendência ao falecido,
preservando o nome da família e retendo a herança dentro do círculo familiar. Caso
se repetisse a viuvez, um novo casamento era providenciado, enquanto o falecido
tivesse irmãos vivos. No caso imaginado pelos saduceus, dos sete irmãos que se
casaram com a mesma mulher, nenhum deixou descendência, porque todos morreram.
Por fim, morreu também a mulher. A tática dos questionadores era esta: Se ele
afirma que existe ressurreição, então deverá responder de qual deles ela será
esposa quando ressuscitarem, visto que os sete a desposaram ?
A intenção dos
saduceus era confundir Jesus e mostrar que ele era um Mestre desprezível, não
digno de confiança. Então Jesus mostrou o erro de raciocínio que eles cometiam,
apontando dois fatos bem compreensíveis!
1)- Primeiro que, Jesus revela que na
ressurreição a ordem não é segundo esta vida em que se casam e se dão em
casamento. Lá, são como os anjos que nem se casam, nem se dão em casamento.
2)- Em segundo lugar,
bem ao contrário do modo deles pensarem, Jesus mostrou que a ressurreição
existe! Ele comprovou isto através de uma passagem dos escritos que eles mesmos
sabiam serem inspirados. São as palavras que Deus falou a Moisés do
meio da sarça ardente, que se encontram no livro do Êxodo 3, 6, que dizem: “Eu
sou o Deus de teu pai, o Deus de Abraão, o Deus de Isaque e o Deus de Jacó”.
Se Deus estava dizendo “Eu sou” com o verbo “ser” no presente, e não, no
passado, isto significa que Abraão, Isaque e Jacó estão vivos na sua presença,
porque ele não é Deus de mortos e, sim, de vivos, muito embora os três
patriarcas tenham vivido nesta Terra e morrido, muitos séculos antes desta
afirmação. Nestas condições, uma vez que existe a ressurreição e também
uma vida depois da morte, onde os ressuscitados são seres espirituais
como os anjos, então toda a filosofia e doutrina dos saduceus está lançada por
terra.
Antes de dar estes
ensinamentos, Jesus chamou os saduceus à atenção para o fato deles errarem por
duas razões. Primeiro, por não conhecerem as Escrituras e, segundo, por não
conhecerem o poder de Deus.Como os outros grupos sectários que se defrontaram com o Mestre, estes
também se consideravam donos da verdade e achavam que as suas doutrinas tinham
igual ou maior valor do que a Palavra de Deus.No caso da
imortalidade da alma espiritual e da ressurreição, alegavam não encontrar apoio
na Lei de Moisés para afirmá-la. Por isso a negavam. Mas foi bem dos escritos
de Moisés que Jesus retirou as provas que contrariavam aquele ensino, mostrando
que uma parte dos problemas estava mesmo na falta de conhecimento das
Escrituras. Mas a ressurreição está na dependência do poder de Deus. Quem não
conhece o poder de Deus, não pode crer na ressurreição. Esta é a outra parte do
problema. Jesus encerra este caso de maneira muito rápida, dizendo aos saduceus
que eles laboravam em grande erro, sugerindo que eles mesmos se desviavam do
caminho de Deus.Estes ensinos de Jesus são sempre oportunos porque ele mostra claramente
que a ignorância das Escrituras e o desconhecimento do poder de Deus são dois
erros muito perigosos em matéria de fé, porque têm consequências eternas. Ele
mesmo conhecia tão bem o Velho Testamento, que os seus ensinos estão
solidamente fundamentados na Lei, nos profetas e no outros escritos sagrados.
Tanto ele era capaz de manusear os rolos nas sinagogas, como era capaz de citar
e de apontar trechos das Escrituras durante os seus ensinos. O mais
impressionante era a sua consciência de que tudo o que se referia a ele nas
profecias estava-se cumprindo na sua vida.O Novo Testamento
reclama a toda hora este conhecimento. Paulo escreve a Timóteo na segunda
carta, dizendo: “Procura apresentar-te a Deus, aprovado, como obreiro que não
tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade” (2Tim 2,15). E
a Tito ele instrui quanto ao bispo, ou seja, ao pastor, que deve ser “apegado à
palavra fiel que é segundo a doutrina, de modo que tenha poder, assim para
exortar pelo reto ensino como para convencer os que contradizem” (Tito 1,9).
Tudo isto é justificado pelo que a Bíblia é, e pela
finalidade com que ela foi escrita:
“Tudo quanto outrora foi escrito, para o nosso ensino foi escrito, a fim
de que, pela paciência, e pela consolação das Escrituras, tenhamos esperança”
(Romanos 15,4).
Em suma, a igreja de
Cristo precisa ser conduzida por guias que conheçam tanto as Escrituras como o
poder de Deus, a fim de não incorrerem no mesmo erro dos saduceus, que produz
desastre de consequências eternas. Lucas registra que a
resposta de Jesus sobre a situação dos casados no mundo vindouro, esclarece que
o casamento é parte da ordem física do tipo do mundo em que vivemos no
presente. O tipo de vida aqui exige relacionamento físico com funções físicas,
incluindo a procriação de filhos, para garantir a sobrevivência da espécie
humana (Lucas 20,34). Este era o pensamento religioso, aceito pelos hebreus,
que remete à doutrina da criação no Gênesis (Gênesis 1,27-28).Com muita probabilidade, ainda que rechaçando a
tradição farisaica, possuíram uma doutrina relativa à interpretação e à
aplicação da lei bíblica.O único que nos oferece alguns dados sobre
suas doutrinas é Flávio Josefo que, por ser fariseu e por haver escrito para o
público greco-romano, não é digno de muita confiança. Parece provável
que as divergências entre saduceus e fariseus foram mais que dogmáticas, foram
jurídicas e rituais.Com a queda de Jerusalém, a seita dos saduceus
extinguiu-se.Ficaram porém suas marcas em todas as tendências anti-rabínicas
dos primeiros séculos (D.C.) e da época medieval.
Os saduceus
durante o tempo de Cristo e do Novo Testamento:
Aqueles
que eram saduceus eram aristocratas. Eles tinham a tendência de ser ricos e de
ocupar cargos poderosos, incluindo o cargo de primeiro sacerdote e de sumo
sacerdote. Eles também ocupavam a maioria dos 70 lugares do conselho regente
chamado de Sinédrio. Eles trabalhavam muito duro para manter a paz
através de sempre seguir as decisões de Roma (Israel nesta época estava sob o
controle romano) e, na realidade, pareciam estar mais preocupados com a
política do que com o religioso. Porque eles estavam sempre tentando acomodar os
gostos de Roma, e porque eles eram ricos e da classe alta, eles não se
relacionavam bem com o homem comum, e nem o homem comum os enxergavam com
alta estima.O
homem comum se relacionava melhor com aqueles que pertenciam ao grupo dos
fariseus. Embora os saduceus ocupassem a maioria dos lugares no Sinédrio, a
história indica que a maior parte do tempo eles tinham que concordar com as
idéias da minoria farisaica, já que os fariseus eram os mais populares com o
povo.Religiosamente, os
saduceus eram mais conservadores na área de doutrina do que os fariseus.Os
fariseus enxergavam a tradição oral como tendo autoridade igual à Palavra
escrita de Deus,enquanto os saduceus consideravam apenas a Palavra Escrita como
sendo de Deus.Os saduceus trabalhavam arduamente para preservar a autoridade da
Palavra escrita de Deus, especialmente os livros de Moisés (Gênesis até
Deuteronômio). Enquanto eles poderiam ser elogiados por isso,eles
definitivamente não foram perfeitos em suas opiniões, ou interpretações doutrinárias.
Segue-se uma breve lista de suas crenças que se contradizem
com a dos Fariseus e dos Cristãos:
1. Eles eram extremamente auto-suficientes, ao
ponto de negar o envolvimento de Deus na vida quotidiana.
2. Eles negavam qualquer ressurreição dos mortos
(Mateus 22,23; Marcos 12,18-27; Atos 23,8).
3. Eles negavam qualquer vida depois da morte,
defendendo a crença de que a alma perecia com a morte. Eles acreditavam que não
há qualquer penalidade ou recompensa depois da vida terrena, mas unicamente
nesta.
4. Eles negaram a existência de um mundo espiritual,
ou seja, anjos e demônios (Atos 23,8).
Porque os saduceus estavam mais preocupados com as
questões terrenas, tais como a política, cargos e posses, do que com a
religião, eles não se preocuparam com Jesus até quando ele não interferiu em
suas crenças e interesses imediatos. Foi a esta altura que os fariseus e
saduceus se uniram e planejaram que Cristo fosse morto (João 11,48-50; Marcos
14,53; Marcos 15,1).Outras passagens que mencionam os saduceus são Atos
4,1, Atos 5,17.Os saduceus foram implicados na morte de Tiago pelo historiador
Flávio Josefo (Atos 12,1-2).Os saduceus deixaram de existir em 70 D.C. Já que
este grupo existia por causa de seus laços. Poucos conhecem os verdadeiros fatos dos Saduceus
não crerem na ressurreição.
Após uma análise exegética dos textos sagrados que
envolvem esta seita, descobrimos que alguns
dos principais motivos que levaram os Saduceus a descrerem de algumas questões
como essa da vida após a morte e até mesmo combaterem essas crenças dentro do
judaísmo são os seguintes:
1)- Porque os saduceus só acreditavam no que
estava realmente escrito na Torá (5 livros de Moisés), mas segundo a
interpretação de seu grupo sectário.
2)- Provavelmente acreditavam em Anjos porque na
Torá fala sobre anjos, mas as mesmas escrituras na Torá não revela de forma
clara sobre a ressurreição, vida após a morte e demônios.
3)- Para os Saduceus, a crença na imortalidade da
Alma, na ressurreição, reencarnação, e em demônios não nasceu nos berços
judaicos, mas foram incorporados de outros povos. Pois até mesmo os
Cananeus acreditavam na ressurreição, assim como os egípcios.
4)- Segundo os Saduceus, após os judeus saírem
da Babilônia, acabaram agregando outras crenças que nunca houve no judaísmo
original antes do exílio, crenças essas que foram depois incorporadas ao
judaísmo tais como:
a)- Ressurreição (livro de Daniel e Isaías após
exílio).
b)- Reencarnação (Passagem do Cego de
nascença).
c)- Imortalidade da Alma (Hades, Sheol e Mansão
dos Mortos).
Eram esses os principais fatores dos
Saduceus não acreditarem na ressurreição, na imortalidade da alma, na
reencarnação, e em demônios, mas nem por isto deixavam, de crer no Deus UNO. Também,
lendo a Torá percebemos que ela fala para viver conforme a lei de Deus
aqui na terra para assim receber a benção e recompensa de Deus aqui mesmo. A cultura helenista
"teológica" que eles tanto combateram trazia exatamente essas
questões de: vida após a morte, imortalidade da alma, ressurreição e
reencarnação. Se analisarmos friamente, o judaísmo original e Ortodoxo, são
estranhos com relação a essas crenças posteriores. Para os saduceus crer em
tudo isso era herético, era aceitar a mentalidade de outras culturas, e não como
vemos hoje, que é se colocar na marcha ascendente da revelação de Deus,
respeitando as limitações humanas.
O judaísmo tem 4 níveis de interpretação da Torá:
Os Saduceus não iam além do 2º nível. No primeiro e no
segundo nível da Torá, alguns versículos trazem uma mensagem do plano físico,
onde filhos pagam pelos erros de seus pais no sentido do aqui e agora e não na
justiça divina. Por exemplo, existe uma passagem na Torá onde os filhos teriam
que aguardar para entrar na terra prometida devido a falta dos pais, isso está
no capitulo 14 de Números. Os filhos não estavam sofrendo por uma questão de divida
injusta, mas como os pais não poderiam entrar na terra prometida, eles tinham
que sofrer a perambulação pelo deserto junto com seus pais até que o ultimo da
geração passada se fosse (Números 14,28-33).No sentido espiritual, alguns textos
vão além disso, entrando no sentido reencarnatório. Os judeus que haviam saído
do Egito, da escravidão, trouxeram consigo muito da cultura e das praticas do
Egito, (Como o bezerro de ouro, a prática da adivinhação, magia, necromancia,
etc) para a nova terra, e portanto era preciso uma renovação e purificação da
lei o dos costumes (Deuteronômio 18).
A interpretação da ESCRITURA JUDAICA segundo o sistema
PARDES:
Com relação ao PaRDes, a literalidade do texto é a sua principal
aplicação.PaRDeS é uma palavra acrômima para:
1)- Pa= P'shat
(Pashat ou Peshat)
Significa a interpretação LITERAL de um texto. Todo texto tem esta
interpretação. Contudo, nem todas podem ser literais, ou P'shat.As profecias
que se incorporam nesta interpretação P'shat, LITERAL, acontecem na realidade
ESCRITA. Não será reconhecida com outra estrutura, senão a que se deu a
profecia, em toda suas palabras e atitudes dos personagens ali dispostos.Um exemplo de P'shat em I'shaiáhu 7,14:"Eis que o ETERNO, ELE mesmo
te dará um sinal: eis a virgem ficará grávida e dará à luz um filho e chamará
seu nome EMANU EL." - Veremos em todo contexto que sinais imediatos aconteceram!Por que o ETERNO, ELE mesmo deu um sinal? E a quem foi dado este sinal?ELE
mesmo deu um sinal, porque o rei, AHAZ, a quem foi dado este sinal, não quis
pedir um sinal, temendo estar provando ao ETERNO, quando ESTE mesmo pediu que o
rei o provasse."E mais ainda falou o ETERNO
a AHAZ, dizendo? 'Pede para ti um sinal do ETERNO, teu Supremo; pede, quer seja
oculto, ou com claridade'. Mas disse AHAZ: 'Não pedirei; não testarei ao
ETERNO'. (10-12)Sendo assim, o próprio ETERNO, ELE mesmo deu um sinal:A moça, esposa do Rei, e que não havia tido ainda relação com ele,
ficaria grávida, certamente na 1º noite dos dois.E, continuando, mais um sinal
dentro da profecia, ela daria à luz e colocaria o nome de seu filho de
Emanu'el.Mas, que tem a ver o filho do rei, o Emanu'el com tudo isso?Ele seria um sinal ao Rei AHAZ, de muitas coisa que aconteceriam. O
filho do rei, nascido de uma moça de tenra idade, e chamado EMANU'EL, antes que
completasse uma idade entre 4 e 5 anos, ou seja "quando ele souber evitar
o mal e escolher o bem, alimentar-se-a de nata e mel" (7,15).Emanu'el é aqui um sinal, não teve qualquer tipo de inflência no reinado
de seu pai, porém no futuro da dinastia sim.Isto é P'shat, e literalmente já ocorreu, como
descrito pelo profeta, e com seus personagens ainda naqueles dias.
2)-
R= Remez, ou seja, Parábola:
Este tipo de interpretação acorre em forma de parábola, uma comparação,
entre uma história simples e o que há de ocorrer. Ela ocorrerá, conforme a
profecia, mas não de acordo com sua estrutura inicial.Um exemplo deste tipo de profecia, interpretada pelo REMES, vemos em 2
Sa 12: “E o ETERNO enviou NATAN a DAUID, que veio a ele e lhe disse: Havia 2
homens numa cidade, um rico e um pobre.
O rico tinha muitíssimas ovelhas e vacas, mas o pobre não tinha coisa alguma,
senão uma pequena cordeira, que havia comprado e criado, e ela cresceu junto
com ele e seus filhos, bebia de seu copo, e dormia em seu colo, e era para ele
como uma filha..." - Esta parábola que o profeta NATAN conta a DAUID, lhe será por profecia.
Ela não aconteceu literalmente, com o rei pegando uma ovelhinha do pobre, mas
era uma história real contada em forma de parábola, e que como o julgamento do
rei, pelo ouvir da parábola (5,6), assim aconteceria com ele próprio, pelo fato
de ter tomado BAT-SHEVA de seu esposo URIAH.O filho que ela esperava morreria.
A profecia foi em REMES, porém o acontecido foi LITERAL.
3)-
D= Drash. Um conto uma lenda. Mi'drash quer dizer " em conto":
Um exemplo clássico de Drash, é o que vemos em I'shaiáhu 2, quando o
profeta vê os Tempos de Mashiach."...E acontecerá no fim dos dias, que o monte da Casa do ETERNO se
elevará acima de todas e se destacará dentre as colinas, e a ele afluirão todas
as nações...Ele nos ensinará Seus caminhos e por eles seguiremos, pois de Tsion
virá o ensinamento, e de Y'rushalayim a palabra do ETERNO...Converterão suas
espadas em arados e suas lanças em foices. E cada nação não levantará contra
outra sua espada, e não mais aprenderão a arte da guerra...." - Esta profecia, em forma de conto, de como serão aqueles dias nos dá a
nitidez da SHALOM que virá sobre o mundo. Claramente, que a espada não se
tornará por milagre em arado, mesmo porque um arado em tempos modernos é uma
tremenda máquina agrícola, e nem as lanças dos guerreiros serão foices, pois as
foices de hoje são tratores de última geração. É uma maneira lendária de contar
como será a administração do ETERNO, através de seu Ungido.
4)- S= Sod, oculto, mistério apocalíptico:
Esta forma de intepretação, que na realidade já consta da profecia, se
dá em momentos de extrema carência, em que o povo não pode atingir um nível
espiritual elevado, e o Eterno revela aos profetas seu mistério inerente. "Muitos dos que repousam sob a terra serão despertados, alguns para
uma vida eterna de méritos, e outros para o opróbrio eterno...." Da 12,2 - Ninguém sabe como isso ocorrerá, mas somente o mistério do Eterno o
sabe.
CONCLUSÃO:
A interpretação do SISTEMA PaRDeS é uma maneira que a Cabalá Judaica
desenvolveu. Portanto, quem não aceita as interpretações judaicas, não poderá
se valer desta forma de interpretação, apesar de ela ser justa. Porém, uma coisa é a Cabalá tradicionalmente
judaica, e não a 'ocultista', que até elementos pagãos nela se encontram. A
cabala que o mundo conhece, não é a Sabedoria dos Antigos. As
ESCRITURAS, da mesma forma não podem ser interpretadas ao gosto de uma linha
religiosa, ou conforme gostos e interpretações pessoais cômodas, mas sempre
conforme a verdade e no contexto em que foi escrita, revelada, e suas reais intenções.
BIBLIOGRAFIA:
-ALVES, Leonardo
Marcondes. Pardes: os níveis da exegese judaica . Ensaios e Notas, 2020.
-Cohen, Mordechai Z. Three approaches to biblical metaphor: from
Abraham Ibn Ezra and Maimonides to David Kimhi. Vol. 26. Leiden: Brill,
2003.
-Fishbane, Michael, ed. Midrashic Imagination, The: Jewish Exegesis,
Thought, and History. SUNY Press, 2012.
-Van
der Heide, Albert. PARDES:
Methodological Reflections on the Theory of the Four Senses. Journal of Jewish Studies 34
(1983.
-Étienne
NODET, Essai sur les origines du Judaïsme: de Josué aux Pharisiens.
Editions du Cerf, Paris 1992;
Anthony J.
SALDARINI, Pharisees, scribes and Sadducees in Palestinian
society: a sociological approach.
-William
B. Eerdmans, Cambridge 2001; Francisco VARO, Rabí Jesús de Nazaret
(B.A.C., Madrid, 2005)
------------------------------------------------------
APOSTOLADO BERAKASH: Como você pode ver, ao contrário de outros meios midiáticos, decidimos por manter a nossa página livre de anúncios, porque geralmente, estes querem determinar os conteúdos a serem publicados. Infelizmente, os algoritmos definem quem vai ler o quê. Não buscamos aplausos, queremos é que nossos leitores estejam bem informados, vendo sempre os TRÊS LADOS da moeda para emitir seu juízo. Acreditamos que cada um de nós no Brasil, e nos demais países que nos leem, merece o acesso a conteúdo verdadeiro e com profundidade. É o que praticamos desde o início deste blog a mais de 20 anos atrás. Isso nos dá essa credibilidade que orgulhosamente a preservamos, inclusive nestes tempos tumultuados, de narrativas polarizadas e de muita Fake News. O apoio e a propaganda de vocês nossos leitores é o que garante nossa linha de conduta. A mera veiculação, ou reprodução de matérias e entrevistas deste blog não significa, necessariamente, adesão às ideias neles contidas. Tal material deve ser considerado à luz do objetivo informativo deste blog. Os comentários devem ser respeitosos e relacionados estritamente ao assunto do post. Toda polêmica desnecessária será prontamente banida. Todos as postagens e comentários são de inteira responsabilidade de seus autores e não representam necessariamente, a posição do blog. A edição deste blog se reserva o direito de excluir qualquer artigo ou comentário que julgar oportuno, sem demais explicações. Todo material produzido por este blog é de livre difusão, contanto que se remeta nossa fonte. Não somos bancados por nenhum tipo de recurso ou patrocinadores internos, ou externo ao Brasil. Este blog é independente e representamos uma alternativa concreta de comunicação. Se você gosta de nossas publicações, junte-se a nós com sua propaganda, ou doação, para que possamos crescer e fazer a comunicação dos fatos, doa a quem doer. Entre em contato conosco pelo nosso e-mail abaixo, caso queira colaborar:
filhodedeusshalom@gmail.com
Postar um comentário
Todos os comentários publicados não significam a adesão às ideias nelas contidas por parte deste apostolado, nem a garantia da ortodoxia de seus conteúdos. Conforme a lei o blog oferece o DIREITO DE RESPOSTA a quem se sentir ofendido(a), desde que a resposta não contenha palavrões e ofensas de cunho pessoal e generalizados. Os comentários serão analisados criteriosamente e poderão ser ignorados e ou, excluídos.