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Meditação da #Via Sacra com Bento XVI no Coliseu Romano

Written By Beraká - o blog da família on quinta-feira, 1 de abril de 2010 | 09:07








Catequese do Papa: "tríduo pascal: núcleo essencial da fé" - Intervenção na audiência geral





CIDADE DO VATICANO, quarta-feira, 31 de março de 2010 (ZENIT.org).





Apresentamos, a seguir, a catequese dirigida pelo Papa aos grupos de peregrinos do mundo inteiro, reunidos na Praça de São Pedro, sobre o significado das celebrações da Semana Santa.





Queridos irmãos e irmãs:



Estamos vivendo os dias santos que nos convidam a meditar sobre os acontecimentos centrais da nossa Redenção, o núcleo essencial da nossa fé. Amanhã começa o tríduo pascal, cume do ano litúrgico inteiro, no qual somos convidados ao silêncio e à oração para contemplar o mistério da Paixão, Morte e Ressurreição do Senhor.Nas homilias, os Padres se referem constantemente a estes dias que, como observa Santo Atanásio em uma das suas Cartas Pascais, nos introduzem “nesse tempo que nos permite conhecer um novo início, o dia da Santa Páscoa, em que o Senhor se imolou” (Carta 5,1-2: PG 26, 1379).Eu vos exorto, portanto, a viver intensamente estes dias, para que orientem decididamente a vida de cada um à adesão generosa e convencida de Cristo, morto e ressuscitado por nós.A Santa Missa Crismal, prelúdio da Quinta-Feira Santa, reunirá os presbíteros com seus respectivos bispos amanhã cedo. Durante uma significativa Celebração Eucarística, que geralmente acontece nas catedrais diocesanas, serão abençoados os óleos dos enfermos, dos catecúmenos e o crisma. Além disso, o bispo e os presbíteros renovarão as promessas sacerdotais pronunciadas no dia da ordenação. Este gesto assume, neste ano, uma relevância especial, porque está situado dentro do Ano Sacerdotal, que proclamei para comemorar o 150º aniversário da morte do Santo Cura d’Ars. A todos os sacerdotes, eu gostaria de repetir o desejo formulado como conclusão da carta de convocação: “A exemplo do Santo Cura d’Ars, deixai-vos conquistar por Ele e sereis, também vós, no mundo atual, mensageiros de esperança, de reconciliação, de paz!”. Amanhã à tarde, celebraremos o momento da instituição da Eucaristia. O apóstolo Paulo, escrevendo aos coríntios, confirmava os primeiros cristãos na verdade do mistério eucarístico, comunicando-lhes o que ele mesmo havia aprendido: “De fato, eu recebi do Senhor o que também vos transmiti: na noite em que ia ser entregue, o Senhor Jesus tomou o pão e, depois de dar graças, partiu-o e disse: ‘Isto é o meu corpo entregue por vós. Fazei isto em minha memória’. Do mesmo modo, depois da ceia, tomou também o cálice e disse: ‘“Este cálice é a nova aliança no meu sangue. Todas as vezes que dele beberdes, fazei-o em minha memória’” (1 Cor 11,23-25).Estas palavras manifestam com clareza a intenção de Cristo: sob as espécies do pão e do vinho, Ele se faz presente de modo real com seu Corpo entregue e com seu Sangue derramado como sacrifício da Nova Aliança. Ao mesmo tempo, Ele constitui os Apóstolos e seus sucessores como ministros deste sacramento, que entrega à sua Igreja como prova suprema do seu amor.Com um rito sugestivo, recordaremos também o gesto de Jesus, que lava os pés dos Apóstolos (cf. Jo 13,1-25). Este ato se converte, para o evangelista, na representação de toda a vida de Jesus e revela seu amor até o final, um amor infinito, que capacita o homem para a comunhão com Deus e o torna livre.Ao término da liturgia da Quinta-Feira Santa, a Igreja deposita o Santíssimo Sacramento em um lugar preparado para isso, que representa a solidão do Getsêmani e a angústia mortal de Jesus. Diante da Eucaristia, os fiéis contemplam Jesus na hora da sua solidão e rezam para que acabem as solidões do mundo. Este caminho litúrgico é, por outro lado, um convite a buscar o encontro íntimo como Senhor na oração, a reconhecer Jesus entre aqueles que estão sozinhos, a velar com Ele e a saber proclamá-lo como luz da própria vida.Na Sexta-Feira Santa, recordaremos a Paixão e Morte do Senhor. Jesus quis oferecer sua vida em sacrifício pela remissão dos pecados da humanidade, escolhendo, com este fim, a morte mais cruel e humilhante: a crucifixão. Existe uma conexão indissociável entre a Última Ceia e a morte de Jesus. Na primeira, Jesus entrega seu Corpo e seu Sangue, isto é, sua existência terrena, sua pessoa, antecipando sua morte e transformando-a em um ato de amor.Assim, a morte, que, por natureza, é o final, a destruição de toda relação, aparece com Ele como ato de comunicação de si, instrumento de salvação e proclamação da vitória do amor. Dessa forma, Jesus se converte na chave para compreender a Última Ceia, que é a antecipação da morte violenta em sacrifício voluntário, em ato de amor que redime e salva o mundo.O Sábado Santo se caracteriza por um grande silêncio. As igrejas estão nuas e não programam liturgias particulares. Nesse tempo de espera e de esperança, os crentes são convidados à oração, à reflexão, à conversão, também através do sacramento da reconciliação, para poder participar, intimamente renovados, da celebração da Páscoa.Na noite do Sábado Santo, durante a solene Vigília Pascal, “mãe de todas as vigílias”, este silêncio será quebrado com o canto do “Aleluia”, que anuncia a ressurreição de Cristo e proclama a vitória da luz sobre as trevas, da vida sobre a morte. A Igreja se alegrará no encontro com o seu Senhor, entrando no dia da Páscoa que o Senhor inaugura ressuscitando dentre os mortos.Queridos irmãos e irmãs: preparemo-nos para viver intensamente este tríduo santo já iminente, para sermos cada vez mais profundamente inseridos no mistério de Cristo, morto e ressuscitado por nós. Que a Virgem Santíssima nos acompanhe neste itinerário. Ela, que acompanhou Jesus em sua Paixão e esteve presente aos pés da cruz, nos introduza no mistério pascal, para que possamos experimentar a alegria e a paz do Ressuscitado.Com estes sentimentos, dirijo desde já os mais cordiais desejos de uma santa Páscoa a todos vós, estendendo-os às vossas comunidades e a todos os vossos entes queridos.



[No final da audiência, o Papa cumprimentou os peregrinos em vários idiomas. Em português, disse:]



Queridos irmãos e irmãs:




Como prelúdio, na manhã da Quinta-feira Santa, celebramos a Missa do Crisma, na qual são consagrados os santos óleos e os sacerdotes renovam as promessas da sua ordenação, gesto que neste Ano Sacerdotal assume um significado especial. Ao entardecer do mesmo dia, comemoramos a instituição da Eucaristia e o gesto do lava-pés visto como uma representação da entrega de Jesus com o seu amor levado ao extremo; um amor infinito capaz de habilitar o homem para a comunhão com Deus e torná-lo livre. Na Sexta-feira Santa, fazemos memória do seu sacrifício na Cruz para a nossa redenção. Por fim, após o silêncio do Sábado-Santo, celebramos a Vigília Pascal, na qual, com o canto do Aleluia, proclamamos a Ressurreição de Cristo: a vitória da luz sobre as trevas, da vida sobre a morte.Amados peregrinos de língua portuguesa e de modo especial vós, jovens universitários vindos para o UNIV: a todos dou as boas-vindas, desejando uma participação frutuosa nas referidas celebrações, que possa conduzir-vos a uma comunhão cada vez mais intensa com o Mistério de Cristo. Que Deus vos abençoe! Ide em paz.





Tradução: Aline Banchieri





DEPARTAMENTO DAS CELEBRAÇÕES LITÚRGICAS DO SUMO PONTÍFICE (VIA-SACRA NO COLISEU PRESIDIDA PELO SANTO PADRE BENTO XVI)












Desde suas origens até os dias atuais, as meditações dos últimos Papas durante a Via Sacra do Coliseu, um rito que se repete ao longo dos séculos. A Via Sacra tem uma profunda ligação com um local situado no coração de Roma. Trata-se do Coliseu, no Império Romano cenário de espetáculos cruéis com feras e gladiadores, onde foi derramado o sangue dos primeiros mártires. O seu testemunho está ligado ao de tantos cristãos que, noutros momentos da história e também no nosso tempo, deram a sua vida por Cristo. A Paixão de Jesus passou a ser revivida no Coliseu a partir do século XVIII. No Ano Santo de 1750, anunciado pelo Papa Bento XIV, 14 santuários e uma grande cruz foram erguidos neste local. Por vontade do próprio Pontífice, em 19 de setembro de 1756, o anfiteatro monumental é consagrado à memória da Paixão de Cristo e dos mártires. Duzentos anos mais tarde, em 1959, João XXIII restaura o rito da Via Sacra no Coliseu, depois retomado por Paulo VI em 1964. Partindo precisamente das palavras do Papa Montini naquele ano, recordamos as meditações dos Pontífices que estão ligadas, em particular, com o tempo presente abalado pela guerra.







SEXTA-FEIRA SANTA DE 2010 - MEDITAÇÕES E ORAÇÕES de Sua Eminência Reverendíssima o Senhor Cardeal CAMILLO RUINI, Vigário Geral Emérito de Sua Santidade para a Diocese de Roma







INTRODUÇÃO - CÂNTICO





R. Adoramus te, Christe, et benedicimus tibi, quia per sanctam Crucem tuam redemisti mundum. 



1. Per lignum servi facti sumus, et per sanctam Crucem liberati sumus. R. 


2. Fructus arboris seduxit nos, Filius Dei redemit nos. R.






MEDITAÇÃO






Quando o Apóstolo Filipe lhe pediu: “Senhor, mostra-nos o Pai”, Jesus respondeu: “Há tanto tempo estou convosco, e não me conheces...? Quem me viu, viu o Pai” (Jo 14,8-9). Nesta noite, enquanto em nosso coração acompanhamos a Jesus que caminha com a cruz, não nos esqueçamos destas suas palavras. Mesmo quando carrega a cruz, mesmo quando morre na cruz, Jesus é o Filho que é um só com Deus Pai. Vendo a sua face destruída pelos golpes, pela fadiga, pelo sofrimento interior, contemplamos a face do Pai. Antes, justamente neste momento, a glória de Deus, a sua luz demasiado forte para todo olho humano, faz-se ainda mais visível na face de Jesus. Aqui, neste pobre ser que Pilatos mostrou aos judeus, na esperança de induzi-los à piedade, com as palavras “Eis o homem!” (Jo 19,5), manifesta-se a verdadeira grandeza de Deus, aquela grandeza misteriosa que nenhum homem podia imaginar.Porém, em Jesus crucificado, se revela também outra grandeza: a nossa grandeza, a grandeza que pertence a cada homem pelo simples fato de ter uma face e um coração humano. Escreve Santo Antônio de Pádua: “Cristo, que é a tua vida, está suspenso diante de ti, para que tu olhes para a cruz como num espelho... se olhares para Ele, poderás perceber como são grandes a tua dignidade... e o teu valor.... Em nenhum outro lugar, o homem pode perceber melhor quanto ele vale do que contemplando-se no espelho da cruz” (Sermones Dominicales et Festivi III, pp. 213-214). Sim, Jesus, o Filho de Deus, morreu por ti, por mim, por cada um de nós, e assim nos deu a prova concreta de quão grandes e preciosos nós somos aos olhos de Deus, os únicos olhos que superam todas as aparências e vêem até ao fundo a realidade das coisas. Participando na Via-sacra, pedimos a Deus que nos conceda também a nós este seu olhar de verdade e amor, para nos tornarmos, unidos a ele, livres e bons.



O Santo Padre:



Em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo.
R/. Amen.


O Santo Padre:


Oremos
(breve pausa de silêncio)


Senhor, Deus Pai onipotente,
Vós sabeis tudo,
vedes a enorme necessidade de vós que se esconde no nosso coração.
Dai a cada um de nós a humildade de reconhecer esta necessidade.
Libertai a nossa inteligência da pretensão,
errada e um pouco ridícula,
de poder dominar o mistério que nos envolve por todas as partes.
Libertai a nossa vontade da presunção,
igualmente ingênua e infundada,
de poder construir sozinhos a nossa felicidade
e o sentido da nossa vida.
Tornai penetrante e sincero o nosso olhar interior,
para poder reconhecer, sem hipocrisia,
o mal que está dentro de nós.
Mas dai-nos também,
na luz da cruz e da ressurreição do vosso único Filho,
a certeza de que, unidos e sustentados por Ele,
poderemos também nós vencer o mal com o bem.
Senhor Jesus,
ajudai-nos a caminhar com este ânimo atrás da vossa cruz.
R/. Amém.






PRIMEIRA ESTAÇÃO: Jesus é condenado à morte







V/. Adoramus te, Christe, et benedicimus tibi.

R/. Quia per sanctam crucem tuam redemisti mundum.





Do Evangelho segundo João 19,6-7.12.16: "Quando viram Jesus, os sumos sacerdotes e os guardas começaram a gritar: “Crucifica-o! Crucifica-o!” Pilatos respondeu: “Levai-o vós mesmos para o crucificar, pois eu não encontro nele crime algum”. Os judeus responderam: “Nós temos uma Lei, e, segundo essa Lei, ele deve morrer, porque se fez Filho de Deus”...Por causa disto, Pilatos procurava soltar Jesus. Mas os judeus gritavam: “Se soltas este homem, não és amigo de César. Todo aquele que se faz rei, declara-se contra César”...Então Pilatos entregou Jesus para ser crucificado, e eles o levaram..."





MEDITAÇÃO




Por que motivo Jesus foi condenado à morte, Ele que “andou por toda a parte fazendo o bem” (At 10,38)? Esta pergunta nos acompanhará ao longo da Via-sacra, como nos acompanha por toda a vida.Nos Evangelhos, encontramos uma resposta verdadeira: os chefes dos judeus quiseram a sua morte porque compreenderam que Jesus se considerava o Filho de Deus. E encontramos igualmente uma resposta que os judeus usaram como pretexto para obter de Pilatos a sua condenação: Jesus teria a pretensão de ser um rei deste mundo, o rei dos judeus.Mas, por detrás destas respostas, se abre um abismo, sobre o qual os próprios Evangelhos e toda a Sagrada Escritura nos fazem abrir os olhos: Jesus morreu pelos nossos pecados. E, o que é mais profundo, morreu por nós, morreu porque Deus nos ama; e nos ama a ponto de dar o seu Filho unigênito, a fim de que tenhamos a vida por meio dele (cf. Jo 3,16-17).Portanto, é para nós mesmos que devemos olhar: para o mal e o pecado que vivem dentro de nós e que demasiadas vezes fingimos de ignorar. Mas, ainda mais, devemos volver o nosso olhar para Deus, rico de misericórdia, que nos chamou amigos (cf. Jo 15,15). Assim, o caminho da Via-sacra e todo o caminho da vida tornam-se um itinerário de penitência, dor e conversão, mas também de gratidão, fé e alegria.



Todos:


Pater noster, qui es in cælis:
sanctificetur nomen tuum;
adveniat regnum tuum;
fiat voluntas tua, sicut in cælo, et in terra.
Panem nostrum cotidianum da nobis hodie;
et dimitte nobis debita nostra,
sicut et nos dimittimus debitoribus nostris;
et ne nos inducas in tentationem;
sed libera nos a malo.
Stabat mater dolorosa,
iuxta crucem lacrimosa,
dum pendebat Filius.





SEGUNDA ESTAÇÃO: Jesus toma sua cruz e carrega até o calvário












V/. Adoramus te, Christe, et benedicimus tibi.



R/. Quia per sanctam crucem tuam redemisti mundum.



Do Evangelho segundo Mateus 27, 27-31: "Então, os soldados do governador levaram Jesus consigo para o Pretório e reuniram junto d'Ele toda a companhia. Depois de O terem despido, envolveram-n'O em um manto encarnado. Teceram uma coroa de espinhos, que Lhe puseram na cabeça, e, na mão direita, colocaram-Lhe uma cana. Ajoelharam-se diante d'Ele e escarneceram-n'O dizendo: “Salve, ó rei dos Judeus!” Depois, cuspiram n'Ele e pegaram na cana e puseram-se a bater-Lhe com ela na cabeça. No fim de O terem escarnecido, despiram-Lhe o manto, vestiram-Lhe as suas roupas e levaram-n'O para O crucificarem."




Do Evangelho segundo João 19,17: E Jesus carregando a Cruz, saiu para o lugar chamado “Calvário”, em hebraico “Gólgota”.





MEDITAÇÃO





Depois da condenação, vem a humilhação. Aquilo que os soldados fazem com Jesus nos parece desumano. Aliás, é, sem dúvida, desumano: são atos de escárnio e desprezo nos quais se exprime uma crueldade obscura, insensível ao sofrimento, mesmo físico, que é infligido sem motivo a uma pessoa já condenada ao tremendo suplício da cruz. Todavia, este comportamento dos soldados é também, infelizmente, demasiado humano. Milhares de páginas da história da humanidade e dos noticiários de todos os dias confirmam que ações deste gênero não são, de fato, alheias ao homem. O Apóstolo Paulo ilustrou bem este paradoxo: “Estou ciente que o bem não habita em mim, isto é, na minha carne: ... com efeito, não faço o bem que quero, mas faço o mal que não quero” (Rm 7, 18-19)É realmente assim: na nossa consciência está acesa a luz do bem, uma luz que em muitos casos torna-se evidente e da qual, felizmente, deixamo-nos guiar nas nossas decisões. Mas, freqüentemente, acontece o contrário: aquela luz fica obscurecida pelos ressentimentos, por desejos inconfessáveis, pela perversão do coração. E assim, tornamo-nos cruéis, capazes das piores coisas, coisas mesmo inacreditáveis.Senhor Jesus, também, eu estou entre aqueles que vos escarneceram e bateram. É que Vós dissestes: “tudo aquilo que fizestes a um dos menores de meus irmãos, foi a mim que o fizestes” (Mt 25,40). Senhor Jesus, perdoai-me.



Todos:


Pater noster, qui es in cælis;
sanctificetur nomen tuum;
adveniat regnum tuum;
fiat voluntas tua, sicut in cælo et in terra.
Panem nostrum cotidianum da nobis hodie;
et dimitte nobis debita nostra,
sicut et nos dimittimus debitoribus nostris;
et ne nos inducas in tentationem;
sed libera nos a malo.
Cuius animam gementem,
contristatam et dolentem
pertransivit gladius.






TERCEIRA ESTAÇÃO: Jesus cai pela primeira vez









V/. Adoramus te, Christe, et benedicimus tibi.


R/. Quia per sanctam crucem tuam redemisti mundum.





Do livro do profeta Isaías 53, 4-6: "Eram os nossos males que Ele suportava, e as nossas dores que tinha sobre Si. Mas nós víamos n’Ele um homem castigado, ferido por Deus e sujeito à humilhação. Ele foi trespassado por causa das nossas culpas, e esmagado devido às nossas faltas. O castigo que nos salva, caiu sobre Ele, e por causa das suas chagas é que fomos curados. Todos nós, como ovelhas, andávamos errantes, seguindo cada qual o seu caminho. E o Senhor fez cair sobre Ele as faltas de todos nós."





MEDITAÇÃO





Os Evangelhos não nos falam das quedas de Jesus sob a cruz, contudo esta antiga tradição é profundamente verossímil. Lembremos apenas que, antes de lhe ser dada a cruz para carregar, Jesus tinha sido flagelado a mando de Pilatos. Depois de tudo o que passara a partir da noite no horto das oliveiras, as suas forças deviam estar praticamente exauridas.Antes de nos determos nos aspectos mais profundos e interiores da paixão de Jesus, concentremo-nos na dor física que ele teve que suportar. Uma dor enorme e tremenda, até ao último suspiro na cruz, uma dor que provoca medo.A dor física é a mais fácil de vencer, ou pelo menos de atenuar, com as nossas técnicas e métodos atuais, com anestesias e outras terapias da dor. Ainda assim, devido a muitas causas, naturais ou resultantes de comportamentos humanos, uma gigantesca massa de sofrimento físico permanece no mundo.De qualquer forma, Jesus não rejeitou a dor física e assim se fez solidário com toda a família humana, especialmente com uma grande parte desta, cuja vida, hoje em dia, está marcada por esta forma de dor. Enquanto o vemos cair sob a cruz, peçamos-lhe humildemente a coragem de alargar, com uma solidariedade feita não só de palavras, os espaços demasiado estreitos do nosso coração.




Todos:



Pater noster, qui es in cælis;
sanctificetur nomen tuum;
adveniat regnum tuum;
fiat voluntas tua, sicut in cælo et in terra.
Panem nostrum cotidianum da nobis hodie;
et dimitte nobis debita nostra,
sicut et nos dimittimus debitoribus nostris;
et ne nos inducas in tentationem;
sed libera nos a malo.
O quam tristis et afflicta
fuit illa benedicta
Mater Unigeniti!






QUARTA ESTAÇÃO: Jesus encontra sua Mãe











V/. Adoramus te, Christe, et benedicimus tibi.



R/. Quia per sanctam crucem tuam redemisti mundum.




Do Evangelho segundo João 19,25-27: "Perto da cruz de Jesus, estavam de pé a sua mãe, a irmã da sua mãe, Maria de Cléofas, e Maria Madalena. Jesus, ao ver sua mãe e, ao lado dela, o discípulo que ele amava, disse à mãe: “Mulher, este é o teu filho”. Depois disse ao discípulo: “Esta é a tua mãe”. Dessa hora em diante, o discípulo a acolheu consigo..."





MEDITAÇÃO





Nos Evangelhos, não se fala diretamente de um encontro de Jesus com a sua Mãe durante o caminho da cruz, mas da presença de Maria junto da cruz. E lá Jesus se dirige a ela e ao discípulo predileto, o evangelista João. As suas palavras têm um sentido imediato: confiar Maria a João, para que cuide dela. E um sentido muito mais amplo e profundo: junto da cruz, Maria é chamada a dizer um segundo “sim”, depois do sim da Anunciação, com o qual se tornara Mãe de Jesus, abrindo assim a porta à nossa salvação.Com este segundo “sim”, Maria torna-se mãe de todos nós, de cada homem e de cada mulher, pelos quais Jesus derramou o seu sangue. Uma maternidade que é sinal vivo do amor e da misericórdia de Deus por nós. Por isso os vínculos de afeto e confiança que unem o povo cristão a Maria são tão profundos e fortes; por isso recorremos espontaneamente a ela, sobretudo nas circunstâncias mais difíceis da vida.Maria, porém, pagou a caro preço esta sua maternidade universal. Como lhe profetizou Simeão no tempo de Jerusalém, “quanto a ti, uma espada te traspassará a alma” (Lc 2,35).Maria, Mãe de Jesus e nossa mãe, ajudai-nos a experimentar nas nossas almas, nesta noite e sempre, aquele sofrimento cheio de amor que vos uniu à cruz do vosso Filho.




Todos:



Pater noster, qui es in cælis;
sanctificetur nomen tuum;
adveniat regnum tuum;
fiat voluntas tua, sicut in cælo et in terra.
Panem nostrum cotidianum da nobis hodie;
et dimitte nobis debita nostra,
sicut et nos dimittimus debitoribus nostris;
et ne nos inducas in tentationem;
sed libera nos a malo.
Quæ mærebat et dolebat,
pia Mater, dum videbat
Nati pœnas incliti.





QUINTA ESTAÇÃO: Jesus é ajudado por Simão Cireneu a levar a sua Cruz










V/. Adoramus te, Christe, et benedicimus tibi.



R/. Quia per sanctam crucem tuam redemisti mundum.



Do Evangelho segundo Lucas 23,26: Enquanto levavam Jesus, pegaram um certo Simão, de Cirene, que voltava do campo, e mandaram-no carregar a cruz atrás de Jesus.





MEDITAÇÃO





Jesus devia estar verdadeiramente esgotado, e os soldados remedeiam a situação agarrando o primeiro desafortunado que encontraram, fazendo-o carregar a cruz. Também na vida de cada dia, a cruz, sob muitas formas diversas – desde uma doença até um grave acidente, até à perda de uma pessoa cara ou do trabalho– se abate muitas vezes de improviso, sobre nós. E nós vemos nela somente pouca sorte ou, no pior dos casos, uma desgraça.Mas, Jesus dissera aos seus discípulos: “Se alguém quer me seguir, renuncie a si mesmo. Tome a sua cruz e me siga” (Mt 16,24). Não são palavras fáceis; antes, na vida concreta, são as palavras mais difíceis do Evangelho. Todo o nosso ser, tudo aquilo que existe dentro de nós, revolta-se contra semelhantes palavras.Todavia, Jesus continua dizendo: “Pois quem quiser salvar a sua vida vai perdê-la; e quem perder a sua vida por causa de mim, vai encontrá-la” (Mt 16,25). Detenhamo-nos nas palavras “por causa de mim”: aqui está toda a pretensão de Jesus, a consciência que tinha de si mesmo e a exigência que nos faz. Ele está no centro de tudo, ele é o Filho de Deus que é um só com Deus Pai (cf. Jo 10,30), ele é o nosso único Salvador (cf. At 4,12).Com efeito, aquilo que no início parecia somente pouca sorte ou uma desgraça se revela depois, amiúde, uma porta que se abriu na nossa vida e nos trouxe um bem maior. Mas, nem sempre é assim: tantas vezes, neste mundo, as desgraças não passam de perdas dolorosas. Também aqui Jesus tem algo a dizer-nos. Ou melhor, aconteceu algo com ele: depois da cruz, ele ressuscitou dos mortos e ressuscitou como primogênito de muitos irmãos (cf. Rm 8,29; 1Co15,20). Sim, a sua cruz não pode ser separada da sua ressurreição. Somente acreditando na ressurreição podemos percorrer de modo sensato o caminho da cruz.




Todos:



Pater noster, qui es in cælis;
sanctificetur nomen tuum;
adveniat regnum tuum;
fiat voluntas tua, sicut in cælo et in terra.
Panem nostrum cotidianum da nobis hodie;
et dimitte nobis debita nostra,
sicut et nos dimittimus debitoribus nostris;
et ne nos inducas in tentationem;
sed libera nos a malo.
Quis est homo qui non fleret,
Matrem Christi si videret
in tanto supplicio?








SEXTA ESTAÇÃO:  "Verônica" limpa o rosto de Jesus










V/. Adoramus te, Christe, et benedicimus tibi.



R/. Quia per sanctam crucem tuam redemisti mundum.





Do livro do profeta Isaías 53, 2-3: Não tinha beleza nem atrativo para o olharmos, não tinha aparência que nos agradasse. Era desprezado como o último dos mortais, homem coberto de dores, cheio de sofrimentos; passando por ele, tapávamos o rosto; tão desprezível era, não fazíamos caso dele.





MEDITAÇÃO




Quando a Verônica limpou a face de Jesus com um lenço, certamente aquele rosto não devia ser atraente: era uma face desfigurada. Porém, aquele rosto não podia deixar a ninguém indiferente, aquela face perturbava. Podia provocar escárnio e desprezo, mas também compaixão e até mesmo amor, desejo de ir em sua ajuda. Verônica é o símbolo destes sentimentos.Apesar de desfigurado, o rosto de Jesus é sempre o rosto do Filho de Deus. É uma face desfigurada por nós, pelo enorme acúmulo da maldade humana. Mas, é também, um rosto desfigurado em nosso favor, que expressa o amor e a doação de Jesus e que é espelho da misericórdia infinita de Deus Pai.No rosto sofredor de Jesus, vemos, ainda, outro acúmulo gigantesco, o dos sofrimentos humanos. E assim, o gesto de piedade de Verônica torna-se para nós uma provocação, uma solicitação urgente: torna-se a solicitação, suave mas imperiosa, de não virarmos a cara para o lado, mas de olharmos também nós para aqueles que sofrem, próximos e distantes. E não somente olhar, mas ajudar. A Via-sacra desta noite não terá sido em vão se nos levar a gestos concretos de amor e de solidariedade operativa.




Todos:



Pater noster, qui es in cælis;
sanctificetur nomen tuum;
adveniat regnum tuum;
fiat voluntas tua, sicut in cælo et in terra.
Panem nostrum cotidianum da nobis hodie;
et dimitte nobis debita nostra,
sicut et nos dimittimus debitoribus nostris;
et ne nos inducas in tentationem;
sed libera nos a malo.
Pro peccatis suæ gentis
vidit Jesum in tormentis
et flagellis subditum.






SÉTIMA ESTAÇÃO: Jesus cai pela segunda vez









V/. Adoramus te, Christe, et benedicimus tibi.



R/. Quia per sanctam crucem tuam redemisti mundum.



Do livro dos Salmos 41,6-10: "Os inimigos me desejam o mal: “Quando é que vai morrer e ser cancelado o seu nome?” Quem vem visitar-me diz mentira, seu coração acumula maldade e saindo fora, fala mal. Juntos murmuram contra mim os meus inimigos, prevendo o mal para mim: “Uma doença ruim caiu sobre ele, de onde está deitado não vai levantar-se”. Até o amigo em que eu confiava, também aquele que comia do meu pão, levanta contra mim o seu calcanhar."





MEDITAÇÃO






Jesus cai de novo sob a cruz. É verdade que estava esgotado fisicamente, mas estava mortalmente ferido também no seu coração. Pesava sobre ele a rejeição daqueles que, desde o início, tinham se oposto obstinadamente contra a sua missão. Pesava a rejeição que, ao final, tinha-lhe demonstrado o povo que parecia cheio de admiração e até entusiasmo por Ele. Por isso, vendo a cidade santa que tanto amava, Jesus exclamara: “Jerusalém, Jerusalém,... quantas vezes eu quis reunir teus filhos como uma galinha reúne seus pintainhos debaixo das asas, mas não quiseste!” (Mt 23,37). Pesava terrivelmente a traição de Judas, o abandono dos discípulos no momento da prova suprema, pesava particularmente a tríplice negação de Pedro.Sabemos bem que pesava igualmente sobre ele a massa inumerável dos nossos pecados, das culpas que acompanham toda a história humana através dos milênios.Por isso, peçamos a Deus, com humildade, mas também com confiança: Pai rico de misericórdia, ajudai-nos a não tornar ainda mais pesada a cruz de Jesus. Com efeito, como escreveu João Paulo II, cujo quinto aniversário de falecimento tem lugar nesta noite: “o limite imposto ao mal, do qual o homem é artífice e vítima, é, em definitivo, a Misericórdia Divina” (Memória e identidade, p. 70).




Todos:


Pater noster, qui es in cælis;
sanctificetur nomen tuum;
adveniat regnum tuum;
fiat voluntas tua, sicut in cælo et in terra.
Panem nostrum cotidianum da nobis hodie;
et dimitte nobis debita nostra,
sicut et nos dimittimus debitoribus nostris;
et ne nos inducas in tentationem;
sed libera nos a malo.
Quis non posset contristati
piam matrem comtemplari
dolentem cum Filio?






OITAVA ESTAÇÃO:Jesus encontra as mulheres de Jerusalém que choram por Ele











V/. Adoramus te, Christe, et benedicimus tibi.



R/. Quia per sanctam crucem tuam redemisti mundum.




Do Evangelho segundo Lucas 23, 27-29.31: "Seguia-O grande massa de povo e mulheres que batiam no peito e se lamentavam por Ele. Mas Jesus voltou-Se para elas e disse-lhes: “Mulheres de Jerusalém, não choreis por Mim; chorai antes por vós mesmas e pelos vossos filhos. Pois dias virão em que se dirá: “Felizes as estéreis, as entranhas que não tiveram filhos e os peitos que não amamentaram”… Porque, se fazem assim no madeiro verde, que será no madeiro seco?..."






MEDITAÇÃO





Vemos que é Jesus que tem compaixão das mulheres de Jerusalém e de todos nós. Mesmo enquanto carrega a cruz, Jesus continua sendo o homem que tem compaixão das multidões (cf. Mc 8,2), que chora diante da tumba de Lázaro (cf. Jo 11,35), que proclama bem-aventurados os que choram, porque serão consolados (cf. Mt 5,4).É justamente assim que Jesus mostra ser o único que verdadeiramente conhece o coração de Deus Pai e pode dar a conhecê-lo também a nós: “ninguém conhece o Pai, senão o filho e aquele a quem o filho o quiser revelar” (Mt 11,27).Desde os tempos mais remotos, a humanidade se questionou, freqüentemente com angústia, sobre qual fosse a verdadeira atitude de Deus para conosco: uma atitude de solicitude providencial ou, ao invés, de soberana indiferença, ou mesmo de ira e ódio? A uma questão desde gênero, não podemos dar uma resposta certa somente com os recursos da nossa inteligência, da nossa experiência e mesmo do nosso coração.Por isso Jesus – a sua vida e a sua palavra, a sua cruz e a sua ressurreição – é, de longe, a realidade mais importante de toda a história da humanidade, a luz que brilha sobre o nosso destino.




Todos:



Pater noster, qui es in cælis;
sanctificetur nomen tuum;
adveniat regnum tuum;
fiat voluntas tua, sicut in cælo et in terra.
Panem nostrum cotidianum da nobis hodie;
et dimitte nobis debita nostra,
sicut et nos dimittimus debitoribus nostris;
et ne nos inducas in tentationem;
sed libera nos a malo.
Tui Nati vulnerati,
tam dignati pro me pati,
poenas mecum divide.






NONA ESTAÇÃO: Jesus cai pela terceira vez









V/. Adoramus te, Christe, et benedicimus tibi.



R/. Quia per sanctam crucem tuam redemisti mundum.





Da Segunda Carta de São Paulo aos Coríntios 5,19-21: "Em Cristo, Deus reconciliou o mundo consigo, não imputando aos homens as suas faltas e colocando em nós a palavra da reconciliação...Em nome de Cristo, nós vos suplicamos: deixai-vos reconciliar com Deus. Aquele que não cometeu nenhum pecado, Deus o fez pecado por nós, para que nele nós nos tornemos justiça de Deus."






MEDITAÇÃO






Eis aqui o motivo mais profundo das repetidas quedas de Jesus: não somente os sofrimentos físicos, não somente as traições humanas, mas a vontade do Pai. Aquela vontade misteriosa e humanamente incompreensível, mas infinitamente boa e generosa, pela qual Jesus se fez “pecado por nós”; para ele foram transferidas todas as culpas da humanidade, cumprindo aquela misteriosa troca que faz de nós, pecadores, “justiça de Deus”.Enquanto procuramos nos identificar com Jesus que caminha e cai sob a cruz, é justo que experimentemos em nós sentimentos de arrependimento e de dor. Contudo, ainda mais forte deve ser a gratidão que invade a nossa alma.Sim, ó Senhor, vós nos resgatastes, nos libertastes; com a vossa cruz, nos fizestes justos diante de Deus. Antes, nos unistes tão intimamente a vós que fizestes também de nós, em vós, os filhos de Deus, os seus familiares e amigos. Obrigado, Senhor, fazei que a gratidão para convosco seja a característica predominante da nossa vida.




Todos:


Pater noster, qui es in cælis;
sanctificetur nomen tuum;
adveniat regnum tuum;
fiat voluntas tua, sicut in cælo et in terra.
Panem nostrum cotidianum da nobis hodie;
et dimitte nobis debita nostra,
sicut et nos dimittimus debitoribus nostris;
et ne nos inducas in tentationem;
sed libera nos a malo.
Eia, mater, fons amoris,
me sentire vim doloris
fac, ut tecum lugeam.







DÉCIMA ESTAÇÃO: Jesus é despojado das suas vestes (o rei está nu!)











V/. Adoramus te, Christe, et benedicimus tibi.



R/. Quia per sanctam crucem tuam redemisti mundum.






Do Evangelho segundo João 19, 23-24: "Ao crucificarem Jesus, os soldados ficaram-Lhe com as vestes, das quais fizeram quatro lotes, um para cada soldado, e ficaram também com a túnica. A túnica era sem costura, tecida de alto a baixo como um todo. Disseram, pois, entre si: “Não a rasguemos, vamos tirá-la à sorte, para ver de quem será”. Assim se cumpria a Escritura: Repartiram entre si as minhas vestes, e tiraram à sorte a minha túnica..."






MEDITAÇÃO






Jesus é despojado de suas vestes: estamos no ato final daquele drama, iniciado com a prisão no horto das oliveiras; agora Jesus é despojado da sua dignidade de homem, antes mesmo da de Filho de Deus.Tudo, sim, absolutamente tudo. Até vergonha devemos sofrer por amor de Deus e para a salvação das almas.Aí está a prova. O Puro por excelência foi despido, e os impuros O escarneceram em sua pureza. E Nosso Senhor resistiu às chacotas da impureza.Não parece insignificante que resista à chacota quem já resistiu a tantos tormentos? Entretanto, mais esta lição nos era necessária. Pelo desprezo de uma criada, São Pedro negou. Quantos homens terão abandonado Nosso Senhor pelo medo do ridículo! Pois se há gente que vai à guerra expor-se a tiros e morte, para não ser escarnecida como covarde, não é bem exato que há certos homens que têm mais medo de um riso do que de tudo?O Divino Mestre enfrentou o ridículo. E nos ensinou que nada é ridículo quando está na linha da virtude e do bem.Ensinai-me, Senhor, a refletir em mim a majestade de vosso Semblante e a força de vossa perseverança, quando os ímpios quiserem manejar contra mim a arma do ridículo.Jesus, deste modo, é apresentado despido à vista do povo de Jerusalém e à vista de toda humanidade. Num sentido profundo, é justo que seja assim: de fato, ele se despojou completamente de si mesmo, para sacrificar-se por nós. Por isso, o gesto de despojá-lo das vestes é também o cumprimento de uma palavra da Sagrada Escritura.Vendo Jesus despido, na cruz, percebemos dentro de nós uma necessidade imperativa: olhar sem véus para dentro de nós mesmos; despir-nos espiritualmente diante de nós, mas, ainda antes, diante de Deus e mesmo diante dos nossos irmãos na humanidade. Despir-nos da pretensão de aparecer melhor do que somos, procurando, ao invés, ser sinceros e transparentes.De fato, o comportamento que causava, talvez mais do que qualquer outro, a indignação de Jesus era a hipocrisia. Quantas vezes disse aos seus discípulos: não façais “como fazem os hipócritas” (Mt 6, 2.5.16); ou àqueles que contestavam as suas boas obras: “ai de vós, hipócritas” (Mt 23, 13.15.23.25.27.29).Senhor Jesus, despido na cruz, ajudai-me a estar também eu despido diante de vós na confissão de minhas quedas e no dia do juízo.







Todos:
Pater noster, qui es in cælis;
sanctificetur nomen tuum;
adveniat regnum tuum;
fiat voluntas tua, sicut in cælo et in terra.
Panem nostrum cotidianum da nobis hodie;
et dimitte nobis debita nostra,
sicut et nos dimittimus debitoribus nostris;
et ne nos inducas in tentationem;
sed libera nos a malo.
Fac ut ardeat cor meum
in amando Christum Deum,
ut sibi complaceam.






DÉCIMA PRIMEIRA ESTAÇÃO: Jesus é pregado na Cruz












V. Adoramus te, Christe, et benedicimus tibi.



R. Quia per sanctam crucem tuam redemisti mundum.




Do Evangelho segundo Marcos 15, 25-27: "Eram nove horas da manhã quando o crucificaram. O letreiro com o motivo da condenação dizia: O Rei dos Judeus! Com ele crucificaram dois ladrões, um à direita e outro à esquerda..."





MEDITAÇÃO






Jesus é pregado na cruz. Uma tortura tremenda! E enquanto está suspenso na cruz, muitos são aqueles que o escarnecem e provocam: “A outros salvou... a si mesmo não pode salvar! ... Confiou em Deus; que o livre agora, se é que Deus o ama! Já que ele disse: Eu sou o Filho de Deus” (Mt 27, 42-43). Assim foi escarnecida não somente a sua pessoa, mas também a sua missão de salvação, aquela missão que Jesus estava levando a cumprimento precisamente na cruz.Mas, no seu íntimo, Jesus conhece um sofrimento incomparavelmente maior, que lhe faz irromper num grito: “Meu Deus, meu Deus, por que me abandonastes?” (Mc 15,34). Trata-se, é verdade, das palavras do início de um Salmo, que se conclui com a reafirmação da plena confiança em Deus. E, todavia, são palavras para levar-se totalmente a sério, que exprimem a maior prova a qual Jesus esteve submetido.Quantas vezes, no meio de uma provação, pensamos que fomos esquecidos ou abandonados por Deus. Ou somos tentados a concluir que Deus não existe.O Filho de Deus, que bebeu até ao fundo o seu cálice amargo e, depois, ressuscitou dos mortos, nos diz, ao invés, com todo o seu ser, com a sua vida e a sua morte, que devemos confiar em Deus. Nele podemos crer.




Todos:



Pater noster, qui es in cælis;
sanctificetur nomen tuum;
adveniat regnum tuum;
fiat voluntas tua, sicut in cælo et in terra.
Panem nostrum cotidianum da nobis hodie;
et dimitte nobis debita nostra,
sicut et nos dimittimus debitoribus nostris;
et ne nos inducas in tentationem;
sed libera nos a malo.
Sancta Mater, istud agas,
Crucifixi fige plagas
cordi meo valide.






DÉCIMA SEGUNDA ESTAÇÃO: Jesus morre na Cruz














V/. Adoramus te, Christe, et benedicimus tibi.




R/. Quia per sanctam crucem tuam redemisti mundum.




Do Evangelho segundo João 19, 28-30: "Jesus, sabendo que tudo estava consumado, e para que a Escritura se cumprisse até o fim, disse: “Tenho sede”. Havia ali uma jarra cheia de vinagre. Amarraram numa vara uma esponja embebida de vinagre e levaram-na à boca de Jesus. Ele tomou o vinagre e disse: “Tudo está consumado”. E, inclinando a cabeça, entregou o espírito..."







MEDITAÇÃO






Quando a morte chega, depois de uma dolorosa enfermidade, costuma-se dizer com alívio: “parou de sofrer”. Em certo sentido, estas palavras valem também para Jesus. Mas, são palavras extremamente limitadas e superficiais, frente a morte de qualquer homem, ainda mais frente a morte daquele homem que é o Filho de Deus.Com efeito, quando Jesus morre, o véu do templo de Jerusalém se rasga em dois e seguem-se outros sinais, que fazem o centurião romano, que estava de guarda à cruz, exclamar: “Ele era mesmo o Filho de Deus” (cf. Mt 27, 51-54).Na realidade, nada é tão escuro e misterioso como a morte do Filho de Deus, que junto com Deus Pai é a fonte e plenitude da vida. Mas também nada é tão luminoso, porque aqui refulge a glória de Deus, a glória do Amor onipotente e misericordioso.Diante da morte de Jesus, a nossa resposta é o silêncio da adoração. Assim nos entregamos a ele, colocamo-nos em suas mãos, pedindo-lhe que nada, tanto na nossa vida como na nossa morte, possa nos separar jamais dele (cf. Rm 8, 38-39).




Todos:



Pater noster, qui es in cælis;
sanctificetur nomen tuum;
adveniat regnum tuum;
fiat voluntas tua, sicut in cælo et in terra.
Panem nostrum cotidianum da nobis hodie;
et dimitte nobis debita nostra,
sicut et nos dimittimus debitoribus nostris;
et ne nos inducas in tentationem;
sed libera nos a malo.
Fac me tecum pie flere
Crucifixo condolere
donec ego vixero.






DÉCIMA TERCEIRA ESTAÇÃO: Jesus é descido da Cruz e entregue a sua Mãe














V. Adoramus te, Christe, et benedicimus tibi.



R. Quia per sanctam crucem tuam redemisti mundum.




Do Evangelho segundo João 2, 1-5: "Houve um casamento em Caná da Galiléia. A mãe de Jesus estava presente. Também Jesus e seus discípulos tinham sido convidados para o casamento. Como o vinho veio a faltar, a mãe de Jesus lhe disse: “Eles não têm mais vinho”. Jesus respondeu-lhe: “mulher, porque dizes isto a mim? Minha hora ainda não chegou”. Sua mãe disse aos que estavam servindo: “fazei o que ele vos disser”.






MEDITAÇÃO






Agora a hora de Jesus se cumpriu e Jesus é descido da cruz. Prontos a acolhê-lo estão os braços de sua Mãe. Depois de ter provado profundamente a solidão da morte, Jesus logo encontra – no seu corpo inerte – o mais forte e doce dos seus laços humanos, o calor do afeto da sua Mãe. Os maiores artistas, pensemos na “Pietá” de Miguelangelo, souberam intuir e exprimir a profundidade e a consistência indestrutível deste laço.Lembrando que Maria, aos pés da cruz, tornou-se também mãe de cada um de nós, pedimos-lhe que coloque no nosso coração os sentimentos que a unem a Jesus. De fato, para sermos verdadeiramente cristãos, para podermos seguir autenticamente Jesus, é necessário estar ligados a ele com tudo aquilo que existe dentro de nós: a mente, a vontade, o coração, as nossas pequenas e grandes escolhas diárias.Somente assim Deus poderá estar no centro da nossa vida e não reduzir-se a uma consolação que deveria estar sempre disponível, mas sem interferir com os interesses concretos que estão na base da nossa atividade.





Todos:



Pater noster, qui es in cælis;
sanctificetur nomen tuum;
adveniat regnum tuum;
fiat voluntas tua, sicut in cælo et in terra.
Panem nostrum cotidianum da nobis hodie;
et dimitte nobis debita nostra,
sicut et nos dimittimus debitoribus nostris;
et ne nos inducas in tentationem;
sed libera nos a malo.
Vidit suum dulcem Natum
morientem desolatum
cum emisit spiritum.






DÉCIMA QUARTA ESTAÇÃO: Jesus é depositado no sepulcro









V/. Adoramus te, Christe, et benedicimus tibi.


R/. Quia per sanctam crucem tuam redemisti mundum.




Do Evangelho segundo Mateus 27, 57-60: "Ao entardecer, veio um homem rico de Arimatéia, chamado José, que também se tornara discípulo de Jesus. Ele foi procurar Pilatos e pediu o corpo de Jesus. Então Pilatos mandou que lhe entregassem o corpo. José, tomando o corpo, envolveu-o num lençol limpo, e o colocou em um túmulo novo, que havia mandado escavar na rocha. Em seguida, rolou uma grande pedra para fechar a entrada do túmulo, e retirou-se..."






MEDITAÇÃO






Com a pedra que fecha a entrada do túmulo tudo parece verdadeiramente terminado. Porém, poderia permanecer prisioneiro da morte o Autor da vida? Por isso, desde então até hoje, o túmulo de Jesus tornou-se não apenas o objeto da mais sentida devoção, mas também provocou a mais profunda divisão das inteligências e dos corações: aqui se separa o caminho entre aqueles acreditam em Cristo e aqueles que, ao invés, não crêem nele, mesmo se freqüentemente o consideram um homem maravilhoso.Com efeito, bem depressa aquele túmulo ficou vazio e jamais foi possível encontrar uma explicação convincente do porquê tenha ficado vazio, para além daquela que deram as testemunhas de Jesus ressuscitado dos mortos, de Maria Madalena até Pedro e aos outros Apóstolos.Diante do túmulo de Jesus, detenhamo-nos em oração, pedindo a Deus àqueles olhos da fé que permitam nos unir às testemunhas da sua ressurreição. Assim, o caminho da cruz torna-se fonte de vida também para nós.




Todos:


Pater noster, qui es in cælis:
sanctificetur nomen tuum;
adveniat regnum tuum;
fiat voluntas tua, sicut in cælo, et in terra.
Panem nostrum cotidianum da nobis hodie;
et dimitte nobis debita nostra,
sicut et nos dimittimus debitoribus nostris;
et ne nos inducas in tentationem;
sed libera nos a malo.
Quando corpus morietur,
fac ut animæ donetur
paradisi gloria. Amen.






O Santo Padre dirige a palavra aos presentes.No final do discurso, o Santo Padre dá a Bênção Apostólica:






V/. Dominus vobiscum.
R/. Et cum spiritu tuo.

V/. Sit nomen Domini benedictum.
R/. Ex hoc nunc et usque in sæculum.

V/. Adiutorium nostrum in nomine Domini!
R/. Qui fecit cælum et terram.

V/. Benedicat vos omnipotens Deus,
Pater et Filius et Spiritus Sanctus.

R./ Amen.





CÂNTICO




R. Crux fidelis, inter omnes arbor una nobilis,
Nulla talem silva profert, flore, fronde, germine!
Dulce lignum dulci clavo dulce pondus sustinens.


1. Pange, lingua, gloriosi proelium certaminis,
Et super Crucis trophaeo dic triumphum nobilem,
Qualiter Redemptor orbis immolatus vicerit. R.


2. De parentis protoplasti fraude factor condolens,
Quando pomi noxialis morte morsu corruit,
Ipse lignum tunc notavit, damma ligni ut solveret. R.








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Neste Apostolado APOLOGÉTICO (de defesa da fé, conforme 1 Ped.3,15) promovemos a “EVANGELIZAÇÃO ANÔNIMA", pois neste serviço somos apenas o Jumentinho que leva Jesus e sua verdade aos Povos. Portanto toda honra e Glória é para Ele.Cristo disse-nos:Eu sou o caminho, a verdade e a vida e “ NINGUEM” vem ao Pai senão por mim" (João14, 6).Defendemos as verdade da fé contra os erros que, de fato, são sempre contra Deus.Cristo não tinha opiniões, tinha a verdade, a qual confiou a sua Igreja, ( Coluna e sustentáculo da verdade – Conf. I Tim 3,15) que deve zelar por ela até que Ele volte(1Tim 6,14).Deus é amor, e quem ama corrige, e a verdade é um exercício da caridade. Este Deus adocicado, meloso, ingênuo, e sentimentalóide, é invenção dos homens tementes da verdade, não é o Deus revelado por seu filho: Jesus Cristo.Por fim: “Não se opor ao erro é aprová-lo, não defender a verdade é nega-la” - ( Sto. Tomás de Aquino).Este apostolado tem interesse especial em Teologia, Política e Economia. A Economia e a Política são filhas da Filosofia que por sua vez é filha da Teologia que é a mãe de todas as ciências. “Não a nós, Senhor, não a nós, mas ao vosso nome dai glória...” (Salmo 115,1)

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