esclarecimentos iniciais do prof. felipe aquino
"Nas democracias, prevalecem a vontade do povo, direta ou indiretamente, através de seus representantes. Na igreja, o caráter é Teocrático, ou seja, prevalece a vontade de Deus revelada nas Sagradas Escrituras"
Algumas pessoas, às vezes até teólogos sinceros, porém sinceramente enganados, querem fazer da Igreja Católica uma democracia como as demais. Algumas pessoas perguntam o motivo da Igreja não ser uma democracia, ou seja, respeitar a decisão do povo e das maiorias democráticas. Um exemplo disso partiu de alguns católicos austríacos que publicaram em 1998 o Manifesto “Nós somos Igreja”. O Manifesto pedia mudanças na disciplina da Igreja, a abolição do celibato sacerdotal, a ordenação de mulheres, e outras coisas. E agora mais recentemente, o ditador Nicaraguense Daniel Ortega, criticado interna e internacionalmente pela sua perseguição aos cristãos, e sem entender patavinas de eclesiologia, questionou a organização milenar da Igreja.
MAGISTÉRIO OFICIAL DA IGREJA SOBRE
A OBEDIÊNCIA A LEI DE DEUS E DOS HOMENS
CIC §577 Jesus fez uma advertência solene no começo do Sermão da Montanha, em que apresentou a Lei dada por Deus no Sinai por ocasião da Primeira Aliança à luz da graça da Nova Aliança: Não penseis que vim revogar a Lei e os Profetas. Não vim revogá-los, mas dar-lhes pleno cumprimento, porque em verdade vos digo que, até que passem o céu e a terra, não será omitido um só i, uma só vírgula da Lei, sem que tudo seja realizado. Aquele, portanto, que violar um só destes menores mandamentos e ensinar os homens a fazerem o mesmo ser chamado o menor no Reino dos Céus; aquele, porém, que os praticar e os ensinar, esse será chamado grande no Reino dos Céus (Mt 5,17-19).
CIC §578 Jesus, o Messias de Israel, portanto o maior no Reino dos Céus, tinha a obrigação de cumprir a Lei, executando-a em sua integridade até seus mínimos preceitos, segundo suas próprias palavras. Ele é o único que conseguiu cumpri-la com perfeição. Os judeus, conforme sua própria confissão, nunca conseguiram cumprir a Lei em sua integridade sem violar-lhe o mínimo preceito. Esta é a razão pela qual, em cada festa anual da Expiação, os filhos de Israel pedem a Deus perdão por suas transgressões da Lei. Com efeito, a Lei constitui um todo e, como recorda São Tiago, "aquele que guarda toda a Lei, mas desobedece a um só ponto, torna- se culpado da transgressão da Lei inteira" (Tg 2,10).
CIC §1740 Ameaças à liberdade. O exercício da liberdade não implica o direito de dizer e fazer tudo. É falso pretender que "o homem, sujeito da liberdade, baste a si mesmo, tendo por fim a satisfação de seu próprio interesse no gozo dos bens terrenos. Por sua vez, as condições de ordem econômica e social, política e cultural requeridas para um justo exercício da liberdade são muitas vezes desprezadas e violadas. Estas situações de cegueira e injustiça prejudicam a vida moral e levam tanto os fortes como os fracos à tentação de pecar contra a caridade. Fugindo da lei moral, o homem prejudica sua própria liberdade, acorrenta-se a si mesmo, rompe a fraternidade com seus semelhantes e rebela-se contra a verdade divina.
CIC §1955 A lei "divina e natural" mostra ao homem o caminho a seguir para praticar o bem e atingir seu fim. A lei natural enuncia os preceitos primeiros e essenciais que regem a vida moral. Tem como esteio a aspiração e a submissão a Deus, fonte e juiz de todo bem, assim como sentir o outro como igual a si mesmo. Está exposta, em seus principais preceitos, no Decálogo. Essa lei é denominada natural não em referência à natureza dos seres irracionais, mas porque a razão que a promulga pertence, como algo próprio, à natureza humana: Onde é, então, que se acham inscritas estas regras, senão no livro desta luz que se chama a verdade? Aí está escrita toda a lei justa, dali ela passa para o coração do homem que cumpre a justiça, não que emigre para ele, mas sim deixando ai a sua marca, à maneira de um sinete que de um anel passa para a cera, mas sem deixar o anel.A lei natural outra coisa não é senão a luz da inteligência posta em nós por Deus. Por ela, conhecemos o que se deve fazer e o que se deve evitar. Esta luz ou esta lei, deu-a Deus a criação.
CIC §1956 Presente no coração de cada homem e estabelecida pela razão, a lei natural é universal em seus preceitos, e sua autoridade se estende a todos os homens. Ela exprime a dignidade da pessoa e determina a base de seus direitos e de seus deveres fundamentais: Existe, sem dúvida, uma verdadeira lei: é a reta razão. Conforme à natureza, difundida em todos os homens, ela é imutável e eterna; suas ordens chamam ao dever; suas proibições afastam do pecado. E um sacrilégio substituí-la por uma lei contrária; é proibido não aplicar uma de suas disposições; quanto a ab-rogála inteiramente, ninguém tem a possibilidade de fazê-lo.
CIC §1958 A lei natural é imutável e permanente através das varias ações da história; ela subsiste sob o fluxo das idéias e dos costumes e constitui a base para seu progresso. As regras que a exprimem permanecem substancialmente válidas. Mesmo que alguém negue até os seus princípios, não é possível destruí-la nem arrancá-la do coração do homem. Sempre torna a ressurgir na vida dos indivíduos e das sociedades.
CIC §2222 Os pais devem considerar seus filhos como filhos de Deus e respeitá-los como pessoas humanas. Educar os filhos no cumprimento da Lei de Deus, mostrando-se eles mesmos obedientes à vontade do Pai dos Céus.
CIC §2242 O cidadão é obrigado em consciência a não seguir as prescrições das autoridades civis quando estes preceitos são contrários às exigências da ordem moral, aos direitos fundamentais das pessoas ou aos ensinamentos do Evangelho. A recusa de obediência às autoridades civis, quando suas exigências são contrárias às da reta consciência, funda-se na distinção entre o serviço a Deus e o serviço à comunidade política, "Dai a César o que é de César e a Deus o que é de Deus" (Mt 22,21). 'E preciso obedecer antes a Deus que aos homens" (At 5,29):Se a autoridade pública, exorbitando de sua competência, oprimir os cidadãos, estes não recusem o que é objetivamente exigido pelo bem comum; contudo, é lícito defenderem os seus direitos e os de seus concidadãos contra os abusos do poder, guardados os limites traçados pela lei natural e pela lei evangélica.
CIC §2409 Toda maneira de tomar e de reter injustamente o bem do outro, mesmo que não contrarie as disposições da lei civil, é contrária ao sétimo mandamento. Assim, também, reter deliberadamente os bens emprestados ou objetos perdidos, defraudar no comércio, pagar salários injustos, elevar os preços especulando sobre a ignorância ou a miséria alheia. São ainda moralmente ilícitos a especulação, pela qual se faz variar artificialmente a avaliação dos bens, visando levar vantagem em detrimento do outro; a corrupção, pela qual se "compra" o julgamento daqueles que devem tomar decisões de acordo com o direito; a apropriação e uso privados dos bens sociais de uma empresa; os trabalhos malfeitos; a fraude fiscal; a falsificação de cheques e de faturas; os gastos excessivos; o desperdício. Infligir voluntariamente um prejuízo aos proprietários privados ou públicos é contrário à lei moral e exige reparação.
CIC §2455 A lei moral proíbe os atos que, visando a fins mercantis ou totalitários, conduzem à servidão dos seres humanos, à sua compra, venda e troca como mercadorias.
CIC §2465 Viver na verdade O Antigo Testamento atesta: Deus é fonte de toda verdade. Sua Palavra é verdade. Sua lei é verdade. "Sua fidelidade continua de geração em geração" (Sl 119,90). Uma vez que Deus é "veraz" (Rm 3,4), os membros de seu Povo são chamados a viver na verdade.
CIC §2526 O que se costuma chamar permissividade dos costumes se apoia numa concepção errônea da liberdade humana; para se edificar, esta última tem necessidade de se deixar educar previamente pela lei moral. Convém exigir dos responsáveis pela educação que dêem à juventude um ensino respeitoso da verdade, das qualidades do coração e da dignidade moral e espiritual do homem.
Em 20/11/98 em um discurso aos bispos
da Áustria no Vaticano, São João Paulo II explicou com clareza que:
“Sobre a Verdade Revelada nenhuma «base» pode
decidir. A verdade não é o produto de uma «Igreja
que vem de baixo», mas um dom que vem «do alto», de Deus. A verdade não é uma
criação humana, mas dom do céu. O
próprio Senhor a confiou a nós, sucessores dos Apóstolos, a fim de que –
revestidos de «um carisma da verdade» (Dei Verbum, 8) – a transmitamos
integralmente, a conservemos com zelo e a exponhamos com fidelidade (cf. Lumen
gentium, 25)”. A Igreja não pode ser
considerada como uma democracia igual às outras e “as bases” não podem decidir
através da maioria ou de pesquisa de opinião, porque a verdade Revelada,
confiada à Igreja, é um dom do Alto confiado à hierarquia, e não nascida do
povo. Em outras palavras, a Igreja
veio do Pai, através do Filho, guiada, assistida e conduzida pelo Espírito
Santo. O povo não pode tomar o lugar de Deus na
Igreja; por isso não tem sentido a tão propagada “Igreja Popular” (ou
plebiscitária).Aliás, sobre isso, é
interessantíssimo ler o livro com esse título, de D. Boaventura Kloppenburg,
grande bispo emérito de Novo Hamburgo no RS, falecido em 2009, que teve grande
participação no Concílio Vaticano II.A
Igreja não é uma república democrática; “é um mistério”; um sacramento, através
do qual Cristo “toca”, pelos sacramentos, cada ser humano para salvá-lo. “Para
o Concílio o mistério da Igreja consiste no fato que, através de Cristo, nós
temos acesso ao Pai num só Espírito, para participarmos assim da mesma natureza
divina (cf. Lumen gentium, 3-4; Dei Verbum, 1)”, disse o Papa. Falando aos bispos da Áustria, ele se referiu a
alguns pontos especiais, disse por exemplo: “mesmo se a maior parte da
sociedade decidisse diferentemente, a dignidade de cada ser humano continua
inviolável desde o início da vida no seio materno até seu fim natural, desejado
por Deus”. E ainda: apesar das contínuas
manifestações, como se se tratasse de uma questão disciplinar, “a Igreja não
recebeu do Senhor a autoridade de conferir a ordenação sacerdotal às mulheres”.
O Papa já tinha declarado isso na Carta Apostólica Ordinatio Sacerdotalis (22
maio 1994). Eis o que disse:“Para que seja excluída qualquer dúvida em assunto
da máxima importância, que pertence à própria constituição da Igreja divina, em
virtude do meu ministério de confirmar os irmãos (cf. Lc 22, 32), declaro que a
Igreja não tem absolutamente a faculdade de conferir a ordenação sacerdotal às
mulheres, e que esta sentença deve ser considerada como definitiva por todos os
fiéis da Igreja”. Outro aspecto que o
Papa abordou com os bispos da Áustria foi a questão mal interpretada do “Povo
de Deus”. Disse: “A expressão bíblica “povo de Deus”
(Iaós tou Theou) foi entendida no sentido de um povo estruturado politicamente
(demos) de acordo com as normas válidas para todas as sociedades. E, como a
forma de regime mais próxima da sensibilidade atual é a democracia, difundiu-se
entre um certo número de fieis a exigência de uma democratização da Igreja.
Vozes neste sentido se multiplicaram também em seu país, como além de suas
fronteiras”. Neste discurso o Papa lembra que há
dois vocábulos gregos para designar “povo”, “laós” e “démos”. Todavia os
escritos do Novo Testamento usam exclusiva o termo “laós” quando descrevem o
povo santo de Deus. De
“laós” deriva-se o adjetivo “lailós”, leigo, membro do povo santo de Deus, povo
santo que corresponde à “qahal” do Antigo Testamento. Esse povo santo tem sua
organização hierárquica instituída pelo próprio Deus, diferente da constituição
democrática do “demos” ou do povo civil (D. Estevão Bettencourt). Assim, a Igreja não é nem república nem monarquia;
é “um mistério”, um sacramento, uma realidade divino-humana, que tem seu
princípio de autoridade em Jesus Cristo, e não no povo.
Se
a Igreja tivesse nascida da VONTADE popular e fosse mantida por ele, já teria sucumbido há
muito tempo como os vários reinos que já passaram pela terra!
A Igreja é infalível (cf. Cat. §891/2) e invencível
(cf. Mt 16,18) é porque é divina! Cristo se faz representar por ministros que
Ele escolhe, tendo à frente o sucessor de Pedro, o Papa. Entretanto, o Papa
governa a Igreja com o colegiado dos Bispos, mas isso não quer dizer nem de
longe que a Igreja seja uma mera democracia. É muito mais, é transcendente, por
isso não é entendida pelos homens e mulheres mundanos, que a querem “adaptada
aos modismos”.A Igreja usa o voto para decidir muitas
coisas, inclusive a eleição do Papa, e muitas outras decisões importantes, mas
nada que se refere à Revelação; às verdades básicas da fé, pode ser decidido no
voto do clero ou do povo. O nosso Credo tem dois mil anos e jamais será
modificado, porque foi Revelado por Deus e não inventado pelo povo. Se
dependesse do voto do povo já teria sido despedaçado e sumido. Da mesma forma o ministério dos Bispos e
presbíteros não dispensa a participação dos leigos, ao contrário, cada vez a
valoriza mais, como fez o Concilio Vaticano II (cf. L G nº 32); mas o governo da Igreja é diferente dos governos civis, o poder sagrado
vem de Jesus Cristo e não do povo. A visão de fé da Igreja supera as normas de
qualquer república democrática moderna; a colegialidade que Cristo desejou para
a Igreja transcende os esquemas humanos. E
isso é a garantia da Igreja ser infalível (em fé e em moral) e invencível. Se
ela fosse conduzida pelo povo as Promessas do Senhor não poderiam ser
cumpridas. Na Igreja o Papa exerce o poder supremo e incontestável porque isso
é vontade de Cristo. A Pedro Ele disse: “tudo o que você ligar na terra eu ligo
no céu” (Mt 16,19) e lhe deu “as chaves” da Igreja, “germe do Reino de Deus”
(LG 4). Da mesma forma disse aos Apóstolos: “tudo
o que vocês ligarem na terra eu ligo no céu” (Mt 18,18). E mais: “quem vos ouve
a mim ouve, quem vos rejeita a mim rejeita, e quem me rejeita, rejeita Aquele
que me enviou” (Lc 10,16). E os enviou em seu Nome: Ide! Esta é a lógica de Deus para a salvação do mundo: O
Pai enviou o Filho, e o Filho enviou a Igreja. A Igreja vem do Alto e não de
baixo, como querem alguns. Isto seria a sua total ruína. Aos bispos da Áustria
o Papa disse em 1998:“Ao Sucessor de Pedro
foi confiada a missão de confirmar na fé os seus irmãos (cf. Lc 22, 32) e de
ser, na Igreja, «o princípio e o fundamento perpétuo e visível da unidade de fé
e comunhão» (LG, 18), pela qual, aliás, todos os Bispos, juntamente com ele,
são a modo próprio responsáveis. Uma
Igreja concebida exclusivamente como comunidade humana não seria capaz de
encontrar respostas adequadas à aspiração humana e a uma comunhão capaz de
sustentar e dar sentido à vida. As suas palavras e ações não poderiam resistir
diante da gravidade das questões que pesam sobre os corações humanos. A Igreja
como mistério consola-nos e, ao mesmo tempo, encoraja-nos. Ela transcende-nos
e, como tal, pode tornar-se embaixadora de Deus. Ai da Igreja se estivesse
muito empenhada nas questões temporais, e não encontrasse o tempo para se
ocupar das temáticas que se referem ao eterno!”
Graças a Deus a Igreja nasceu de Deus e é por Ele
mantida; não queiramos mudar isso. O Catecismo diz que: “A Igreja é um projeto
nascido no coração do Pai” (§758).
Prof. Felipe Aquino
Fonte:
https://cleofas.com.br/a-igreja-e-uma-democracia-2/
Dom Estêvão Bettencourt - O.S.B - "UMA IGREJA DEMOCRÁTICA?"
Há uma tendência muito errada por parte de alguns
segmentos da Igreja, especialmente os ligados à teologia da libertação, de
querer “uma Igreja democrática”, como se fosse uma mera instituição humana como
as demais democracias. Esta
mentalidade distorcida põe em risco a identidade e a missão da Igreja Católica.
Não há dúvida de que a melhor forma de governo, apoiada e e incentivada pela
Igreja, é o regime democrático, o governo exercido pelo povo e em seu nome, mas
a Igreja não é uma simples instituição humana; é muito mais que isso, ela “veio
do alto”, foi fundada por Cristo sobre S. Pedro e os Apóstolos, com regras
claras e imutáveis dadas pelo Senhor. Portanto,
a tentativa de transformar a Igreja numa democracia parlamentar ou presidencial
foge da vontade de Deus e desvirtuaria o projeto do Senhor. Colocar o Projeto
de Deus para salvar a humanidade, sob a aprovação do povo é casuísmo e grave
desrespeito a Deus; pois a Igreja, como disse o Catecismo da Igreja, é “um
projeto que nasceu no Coração do Pai” (§759) e não da vontade do povo.É fundamental que os fiéis conheçam o que o nosso Catecismo ensina sobre
a Igreja (§ 748 a 987) para não ser enganado por vozes estranhas.É claro que a Igreja usa muitos processos
democráticos nas suas decisões administrativas; os bispos usam o voto para
decidir muitas questões e colher o consenso da maioria; e a própria eleição do
Papa se dá por votação. Mas, nos assuntos em que Jesus definiu de maneira permanente para a
Igreja, esses não podem ser mudados pelo voto, nem dos membros da hierarquia e
nem pelos votos dos fiéis.A
propósito, D. Estevão Bettencourt, “esse humilde e fiel servo da vinha do
Senhor”, publicou em sua revista “Pergunte e Responderemos”, um artigo sobre
esse assunto, de Mons. M. M. Leonard, Bispo de Namur (Bélgica), que temos a
alegria de reproduzir com sua autorização. Vai a seguir:Em síntese: Democracia
quer dizer “governo do povo pelo povo”. Ora a Igreja não se enquadra neste conceito, pois
Ela não tem origem na vontade de um povo que resolve constituir-se em autarquia
e viver segundo os ideais meramente humanos que tal população concebe.A Redação
de PR recebeu de Mons. M. M. Leonard, Bispo de Namur (Bélgica), a seguinte
mensagem, que apresentamos traduzida do francês e que será brevemente
comentada. UMA IGREJA DEMOCRÁTICA? Em virtude dos seus fundamentos mesmos, a
Igreja não pode ser democrática, porque não procede da autodeterminação dos
homens como ocorre em qualquer democracia, mas Ela só existe por iniciativa que
não procede dela mesma. Não
fomos nós que decretamos a Encarnação do Filho de Deus. Também não decretamos a
existência de Deus nem decretamos o nosso vir a ser ou a nossa criação nem o
fato de que Deus se fizesse homem para que o homem se torne filho adotivo de Deus.
Não fomos nós que decidimos que a Igreja haveria de existir, bem como deveria
ser o plano de Salvação! Somos dependentes de uma dádiva, de um presente; por
conseguinte a Igreja em sua base não é democrática. Se Ela fosse uma sociedade pura e simplesmente
democrática, haveria muito tempo que Ela teria abandonado a Revelação
Divina. Com efeito, se, no decorrer da história, se pusesse em votação a questão
de saber se Jesus é verdadeiramente Deus e verdadeiramente homem e se Deus é
realmente trinitário, haveria muito tempo que os homens se teriam desembaraçado
da Trindade e da Encarnação, porque teria havido uma maioria de pessoas que
teriam pensado: “Bem podemos
dispensar-nos de tais convicções”. A Igreja existe e é fiel à doutrina tão
somente porque Ela não pousa apenas sobre procedimentos democráticos.
Comentando Se democracia é o governo do povo pelo povo, como indica a
etimologia deste vocábulo, a Igreja não se enquadra neste conceito. Na verdade,
democracia supõe uma multidão de pessoas que resolvem viver em sociedade por
iniciativa própria ou por consentimento tácito e conseqüentemente escolhem seus
governantes. Ora a Igreja não se deve à livre iniciativa dos homens; Ela é
“Ek-klesia” ou Convocação. Por
sua livre vontade Deus concede aos seres humanos a graça de pertencer ao seu
povo santo (cf. 1 Pd 2,1-7). Por isto não pode ser equiparada às sociedades que
os homens fundam e governam como melhor Ihes parece. O Bispo Mons. A.M. Leonard observa
que, se fosse entregue ao mero arbítrio dos homens, a Igreja daí resultante
teria posto de lado verdades fundamentais da Revelação Divina como sendo
teorias dispensáveis à vida cotidiana dos seres humanos.É muito a propósito que o Bispo de Namur oferece estas considerações,
que contribuem para mais ainda compreendermos e valorizarmos a autoridade e o
magistério da Igreja, à qual Jesus prometeu sua assistência infalível até o fim
dos séculos (cf. Mt 28,18-20). Positivamente falando.A Igreja não é uma
democracia, mas é um Sacramento, o que significa que Ela é uma realidade
divino-humana pela qual Deus comunica a graça aos seus fiéis. É o Senhor Deus quem dirige a Igreja mediante
instrumentos humanos, cuja fragilidade às vezes é bem visível, mas que não
impedem chegue a graça de Deus a quem se dispõe a recebê-Ia dignamente. Por
isto as autoridades da Igreja não são meros represen¬tantes do povo católico,
não são deputados,… mas são pastores que o Espírito Santo vai acompanhando
através de altos e baixos.
Fonte: Revista: “Pergunte e Responderemos – nº 543
– Ano XLVIII – Setembro de 2007
Dom Aloísio Roque Oppermann: "DEMOCRACIA NA IGREJA?"
Por Dom Aloísio Roque Oppermann
Antes de tudo, por uma questão de lealdade, considero que o sistema de governo democrático, não está com essa bola toda como se procura insinuar. Ademais, tal regime de governo não se encontra, em estado quimicamente puro, em lugar nenhum! Em alguns países se fala, com boca redonda, em democracia. Mas o que vige é o uso mais sem cerimônias, da força bruta; a compra de votos; o desprezo pelas minorias; os golpes de esperteza; a sedução dos menos instruídos; a enganação mais pura. Todas as democracias do mundo tem vícios horrorosos, mesmo entre os americanos. Estes intervém em vários países, não levados por sentimentos de justiça apenas, mas também por interesses, os mais reles. “A democracia é um fracasso universal. A começar pela Europa e pela América do Norte” (P.Comblin). A atenuante que existe a seu favor, é que qualquer outro regime em funcionamento, é muito pior que o democrático. A democracia deve ser aperfeiçoada até atingir não só o lado político, mas também o social e o econômico. O caminho é íngreme e longo. “O que vos parece?” (Mt 17, 25), pergunta Jesus aos seus interlocutores. Como bom pedagogo, nas suas parábolas não entrega uma historia pronta. O seu ensinamento é participativo. A Igreja durante muitos séculos usou o método monocrático. As novas situações eram resolvidas pela intervenção costumeira do Papa, ou dos Bispos. Mesmo em Concílio, tudo ficava reservado para uns poucos. Mas atenção. Mesmo com essa maneira de governar, as pessoas que sempre receberam as maiores referências não era a hierarquia, mas os Santos e as Santas, cujo prestígio sempre ficou muito acima de qualquer autoridade. Vivendo no meio do mundo moderno a Igreja aprendeu a lidar com Conselhos, Assembléias, Sínodos, Grupos, Tribunais Eclesiásticos. É o que se depreende dos Planos de Pastoral das Dioceses. O Bispo, em vez de chamar especialistas, com encargo de escrever a programação das Paróquias, estabelece um diálogo construtivo com todos os diocesanos, para em conjunto, se chegar às melhores conclusões. Mesmo aqui os assuntos precisam ser definidos pelas preferências. A Igreja, no entanto, olha para mais longe: queremos ultrapassar a democracia e alcançar o que se chama de comunhão. É o regime mais perfeito, porque se alcança o consenso, sem humilhar ninguém! É esse regime que costuma vigorar dentro das boas famílias.
Fonte:https://www.cnbb.org.br/democracia-na-igreja/
O VATICANO É DEMOCRÁTICO OU TEOCRÁTICO? O QUE É UMA
TEOCRACIA?
O Vaticano é o menor país independente do mundo,
com uma área de apenas 0,44 km², cerca de 800 habitantes e rodeado pela Itália.
Mais do que isso, ele é a sede da Igreja Católica. Disso você já deve saber,
mas você sabe como ele é governado? O
Vaticano adota como sistema político a teocracia, termo que vem do grego e significa,
literalmente, um governo divino. Pode, também, ser entendido como um governo
religioso. Como uma divindade não governa, está representada por meio de
figuras centrais, como o Papa,
ou leis (e princípios bíblicos), que regem a sociedade.
COMO É O SISTEMA POLÍTICO NO VATICANO?
A Península Itálica nem sempre foi unificada e já
possuiu inúmeros países, dentre eles os chamados Estados Papais, com um tamanho
considerável e tendo por capital a cidade de Roma. Até que, no século XVIII, ocorreu um movimento de unificação, levando ao
surgimento do Reino da Itália e a extinção dos Estados Papais. Assim, o Papa
ficou confinado em uma pequena área de Roma até o primeiro-ministro italiano
permitir a criação do Vaticano. Em troca, o Papa reconheceu o Reino da Itália,
no Tratado de Latrão, em 1929. Desde
então, assim que o Papa morre ou renuncia, inicia-se um processo tradicional no
sistema eleitoral no Vaticano: o conclave. A eleição de um novo Papa é agendada
para acontecer entre 15 e 20 dias após a vacância do posto. Na data agendada, todos os cardeais
do mundo com menos de 80 anos devem viajar para Roma, na Itália, e fazer uma
reunião a portas fechadas. Reunidos, eles discutem as características desejadas
para o novo Papa e apresentam-se os candidatos. A votação é secreta e com
cédulas de papel, colocadas em uma urna.Vence
o candidato que obtiver ⅔ (dois
terços) dos votos. Se nenhum candidato conseguir isso, é liberada uma fumaça
preta da basílica (um grande edifício destinado a assembleias e muito utilizado
na Grécia Antiga), informando que a Igreja Católica segue sem um Papa, e as
discussões são retomadas no dia seguinte. Assim que um candidato for eleito, é
liberada a fumaça branca. Depois,
o eleito deve escolher um título do seu agrado, dando continuidade à tradição
iniciada por Jesus, que mudou o nome do apóstolo Simão para Pedro, o primeiro
Papa. Podemos usar como exemplo dessa tradição o atual ocupante do cargo (até a
publicação desta postagem), Jorge Mario Bergoglio, que adotou o título
Francisco.
OS PODERES EXECUTIVO, LEGISLATIVO E JUDICIÁRIO NO
VATICANO
A função do Papa é chefiar a Igreja Católica e
governar o Vaticano com poder absoluto, até a sua morte ou renúncia. Dessa
forma, o Vaticano é semelhante a uma monarquia absoluta:
-O Legislativo é exercido pela Comissão Pontifícia,
que é formada por 7 cardeais indicados pelo Papa para mandatos de 5 anos.
-O Judiciário é exercido pelos tribunais supremo,
de recursos e de primeira instância.
-No tribunal de primeira instância ocorrem os
processos e julgamentos e caso uma das partes fique “insatisfeita” com a
decisão do mesmo, pode recorrer ao tribunal de recursos, além de, como o nome
já diz, utilizar recursos. Enquanto isso, o tribunal supremo dá a palavra final
no caso, se ele não for resolvido nos tribunais anteriores.
-Já a administração do Vaticano é exercida por
diretores e oficiais, também indicados pelo Papa para mandatos de 5 anos.
-Há ainda outros dois órgãos a serem comentados: a
Secretaria de Estado (da Santa Sé), órgão responsável pelas relações exteriores
do Vaticano, e a Guarda Suíça Pontifícia, uma força de segurança responsável
pela proteção do Papa e da cidade. Ela
é formada por 130 homens vindos da Suíça, que devem ser católicos, ter
concluído o serviço militar suíço, possuir entre 19 e 30 anos de idade e que
não podem ser casados. A Guarda
Suíça Pontifícia é também a menor força militar do mundo.
Mas
se existe a divisão de poderes e todos esses órgãos, como o Papa tem poder
absoluto?
Podemos dizer que tudo parte dele, já que compete a
ele criar e extinguir órgãos, bem como delegar ou remover funções. Ele também pode intervir nos poderes e exercê-los diretamente. Isso tudo
é definido pela Lei Fundamental do Vaticano em seu Código de Direito Canônico
milenar, porém, atualizado a cada tempo,
a última atualização se deu em 1983 com João Paulo II.
Fonte:https://www.politize.com.br/teocracia-sistema-politico-do-vaticano/
CONCLUSÃO:
O princípio da democracia consiste em que todo o
poder advém do povo. Na
Igreja, porém, todo o poder vem de Cristo, pelo que ela tem um perfil
hierárquico; simultaneamente, Cristo deu-lhe uma estrutura colegial.
[874-879]. O princípio “hierárquico” da Igreja
consiste no próprio Cristo, que nela age quando os ministros ordenados fazem ou
concedem algo que por si mesmo não fariam ou concederiam, isto é, quando, no
lugar de Cristo, eles celebram os SACRAMENTOS e ensinam com
plenipotência. O princípio “colegial”
da Igreja consiste em que Cristo confiou a totalidade da fé a uma comunhão de
doze Apóstolos, cujos sucessores conduzem a Igreja sob a presidência do
ministério petrino; na base desta dimensão colegial são imprescindíveis os
concílios da Igreja. A
multiplicidade dos dons espirituais e a universalidade da Igreja tornam-se também
fecundas noutras instituições da Igreja, como os sínodos e os
conselhos.
-HIERARQUIA (gr. hieros = sagrado e arché = princípio) Diz respeito à constituição escalonada da Igreja a
partir de Cristo, de quem provém todo o poder e toda a autoridade.
“PAPA (gr. pappas = papá) É o sucessor do Apóstolo São Pedro, bispo de
Roma. Como São Pedro fora já o
primeiro entre os Apóstolos, o Papa, seu sucessor, tem a presidência do colégio
dos bispos. Como representante de Cristo, é o pastor supremo da Igreja.”
“BISPO (gr. episkopein = o que vê de cima) É um sucessor dos Apóstolos e
guia uma diocese (Igreja local); como
membro do colégio dos bispos, participa, sob a orientação do Papa, do cuidado
da Igreja universal.”
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APOSTOLADO
BERAKASH: Como
você pode ver, ao contrário de outros meios midiáticos, decidimos por
manter a nossa página livre de anúncios, porque geralmente, estes querem
determinar os conteúdos a serem publicados. Infelizmente, os algoritmos definem
quem vai ler o quê. Não buscamos aplausos, queremos é que nossos leitores
estejam bem informados, vendo sempre os TRÊS LADOS da moeda para emitir seu
juízo. Acreditamos que cada um de nós no Brasil, e nos demais países que
nos leem, merece o acesso a conteúdo verdadeiro e com profundidade. É o que
praticamos desde o início deste blog a mais de 20 anos atrás. Isso nos dá essa
credibilidade que orgulhosamente a preservamos, inclusive nestes tempos
tumultuados, de narrativas polarizadas e de muita Fake News. O apoio e a
propaganda de vocês nossos leitores é o que garante nossa linha de
conduta. Sempre nos preocupamos com as questões de direito autoral e de
dar o crédito a quem lhe é devido. Se por acaso alguém se sentir ferido(a) em
seus direitos autorais quanto a textos completos, ou parciais, publicados ou
traduzidos aqui (já que não consegui identificar e contatar alguns autores(as),
embora tenha tentado), por favor, não hesite em nos escrever para que possamos
fazer o devido registro de seus créditos, sejam de textos, fontes, ou imagens. Para alguns, erros de
ortografia e de digitação valem mais que o conteúdo, e já invalida
“todes” o texto? A falta de um “a”, de alguma vírgula, ou alguns trocadilhos,
já são suficientes para não se ater a essência do conteúdo? Esclareço que levo
mais tempo para escrever, ou repostar um conteúdo do que corrigi-lo, em virtude
do tempo e falta de assessoria para isto. A maioria aqui de nossos(as)
leitores(as) preferem focar no conteúdo e não na superficialidade da forma (não
quero com isto menosprezar as regras gramaticais, mas aqui, não é o
essencial). Agradeço
as correções pontuais, não aquelas genéricas, tipo: “seu texto está cheio de
erros de português” - Nas próximas pontuem esses erros (se puderem e souberem)
para que eu faça as devidas correções. Semanalmente faço
postagens sobre os mais diversos assuntos: política, religião, família,
filosofia, sociologia, moral Cristã, etc. Há quem goste e quem não gosta de
minhas postagens! Faz parte do processo, pois nem todos pensamos igual. Isso
também aconteceu com Jesus e com os apóstolos e com a maioria daqueles(as) que
assim se expõem. Jesus não disse que só devemos pregar o que agrada
aos outros, mas o que precisamos para nossa salvação! Paulo disse o mesmo ao
jovem bispo Timóteo (2Tm 4,1-4). Padre, seminarista, leigo católico e
catequista não devem ter medo de serem contestados! Seja fiel ao Magistério
Integral da igreja! Quem disse que seria fácil anunciar Jesus e seus
valores? A
mera veiculação, ou reprodução de matérias e entrevistas deste blog não significa,
necessariamente, adesão às ideias neles contidas. Tal material deve ser
considerado à luz do objetivo informativo deste blog. Os comentários devem
ser respeitosos e relacionados estritamente ao assunto do post. Toda polêmica
desnecessária será prontamente banida. Todos as postagens e comentários
são de inteira responsabilidade de seus autores e não representam
necessariamente, a posição do blog. A edição deste blog se reserva
o direito de excluir qualquer artigo ou comentário que julgar oportuno, sem demais
explicações. Todo material produzido por este blog é de livre difusão, contanto
que se remeta nossa fonte. Não somos bancados por nenhum tipo de
recurso ou patrocinadores internos, ou externo ao Brasil. Este blog é
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