A LÓGICA DE DEUS NÃO É TÃO CARTESIANA COMO NÓS OCIDENTAIS PENSAMOS – DEUS É LIVRE E SOBERANO!
Romanos 9,11-16: “Porque, não
tendo eles ainda nascido, nem tendo feito bem ou mal (para que o propósito de
Deus, segundo a eleição, ficasse firme, não por causa das obras, mas por aquele
que chama), Foi-lhe dito a ela: O maior servirá ao menor. Como está escrito: Amei a Jacó, e odiei a Esaú. Que diremos
pois? que há injustiça da parte de Deus? De maneira nenhuma. Pois diz a Moisés:
Compadecer-me-ei de quem me compadecer, e terei misericórdia de quem eu tiver
misericórdia. Assim, pois, isto não depende do que quer, nem do que
corre, mas de Deus, que se compadece...”
Uma
santa mística, que tinha locuções interiores com Jesus Cristo, perguntou a Ele
o que ocorrera com Judas, que entregou Cristo aos sumos sacerdotes? Jesus então
teria respondido a essa santa: "Minha filha, não
lhe digo o que ocorreu com Judas para que a humanidade não abuse da
Misericórdia de Deus Pai" - No livro A Fé Explicada, de Leo Trese, diz
que “a morte fixa a alma no estado em que se encontra”.
Assim, mesmo que alguém tenha dedicado a vida inteira a Igreja mas, no momento
de sua morte estava em pecado, sua alma se fixa nesse estado e vai para a
danação eterna, assim como, se uma pessoa como o ladrão arrependido na Cruz e
até mesmo Hitler, no final de suas vidas se arrependerem e confessarem a Deus
os seus pecados, Ele perdoaria. Seria correta teológica e magisterialmente essa
afirmação? Diante destas duas idéias aparentemente opostas, que tratam sobre a
Justiça e a Misericórida de Deus, é necessário nestes tempos de tanta achologia
e relativismo frutos da ideologia romântica e humanista, saber em que proporção
Deus atua com misericórdia ou justiça em uma pessoa que, no momento da sua
morte, se encontra em situação de pecado, afastada de Deus, e sem arrependimento
e daquela que está arrependida. Claro que uma pessoa que morra em pecado mortal sem arrependimento, é
considerada um réprobo, ou seja, uma pessoa condenada!
Dirá, porém, o incrédulo: “Onde está a justiça de
Deus ao castigar com pena eterna um pecado que dura um instante?”
E como se atreve o pecador, por um prazer
momentâneo, a ofender um Deus de majestade infinita? Ora a resposta é simples: é eterna, porque a relação
TEMPO E ESPAÇO já não existe na ETERNIDADE, entramos em estado eterno de
decisão que tomamos no Kairós. E porque o réprobo jamais poderá prestar satisfação
por sua culpa. Nesta vida, o pecador penitente pode satisfazer pela aplicação
dos merecimentos de Jesus Cristo; mas o condenado não participa desses méritos,
e, portanto, não podendo por si satisfazer a Deus, sendo eterno o pecado,
eterno também deve ser o castigo! (Sl 48, 8-9).
“Ali a culpa disse o Belluacense, poderá ser
castigada, mas jamais expiada” (Lib. II, 3p), porque, segundo Santo Agostinho,
“ali o pecador é incapaz de arrependimento”. E ainda que Deus quisesse perdoar ao réprobo,
este não aceitaria a reconciliação, porque sua vontade obstinada e rebelde está
confirmada no ódio contra Deus!
Disse o Papa Inocêncio III:
“Os anjos réprobos e os condenados não se humilharão; pelo contrário, crescerá
neles a perseverança do ódio”. São Jerônimo afirma que “nos réprobos, o desejo de
pecar é insaciável” (Pr 27, 20). A ferida de tais desgraçados é incurável;
porque eles mesmos recusam a cura (Jr 15, 18).” (Santo Afonso de Ligório -
Preparação para a morte, edição em PDF, pp. 287-288)
Mas
a hipótese levantada de que Deus permita quem viveu sempre bem, acabe morrendo em
pecado, distorce a realidade! pois supõe que Deus não socorra com graças quem
viveu sempre bem, o que, de certa forma, transformaria a salvação numa espécie
de loteria. Ora, o ditado afirma que "talis vita,
mortis ita" - tal vida tal morte - é natural que uma pessoa
que viveu bem, morra em estado de graça, e é bem possível que uma pessoa que
viveu mal, morra mal. Mas, mesmo quem viveu mal, é socorrido pela graça
de Deus e pode se converter na última hora, como aconteceu com um dos ladrões
crucificado junto com Jesus. E as conversões de última
hora devem ser muito mais numerosas do que se pensa, pois Deus, que é
infinitamente misericordioso, e leva em conta muitos fatores desagravantes
que os homens desconhecem.
Realmente, Nosso Senhor deixou envolta em mistério
essa questão de Judas, porque, poderíamos ou abusar da misericórdia divina, ou
cair em desespero!
Não
exageremos a justiça de Deus, fazendo-a em nossa escalão, dura demais e sem
misericóridia; e não deformemos a sua misericórdia infinita transformando-a em
moleza blasfema. Deus não é um carrasco cruel e
legalista, mas também, Deus não é permissivista. Mas é nosso Pai infinitamente
misericordioso, porque é infinitamente justo! Confiemos em sua
misericórdia infinita, sem abusar de sua justiça.
O ROMANTISMO E HUMANISMO INSERIRAM NA IGREJA UMA
FALSA IDÉIA DA JUSTIÇA E MISERICÓRDIA DIVINA
O
catolicismo ensina que o homem existe para Deus.O Humanismo afirma que tudo
existe para o Homem, e que o Homem existe para si mesmo.Com efeito, a
cosmovisão católica só pode ser Teocêntrica, enquanto a concepção do mundo
moderno - nascida no Renascimento - é antropocêntrica.
Essas duas cosmovisões são mutuamente excludentes!
Cristo
nos disse, o que a Liturgia do Sábado Santo repete, na bênção do círio pascal:
"Ego sum Alpha et Omega ! Principium et Finis". Para o Humanismo, o Homem - sempre com esse maldito H
maiúsculo - ele é a causa, a medida e o fim de todas as coisas. De certa
forma, a Modernidade proclamou: "Homo, principium et Finis, Alpha et
Omega"!
O Humanismo é pagão! Ele faz do Homem um ídolo e o
entroniza no lugar de Deus!
O
Homem passa a ser a medida de todas as coisas. Mas..."Isto diz Deus:
Maldito o homem que confia no homem", diz a Sagrada Escritura (Jer. 18,
5).
"Dois
amores construíram duas Cidades: O amor a Deus, levado até o desprezo de si mesmo,
construiu a Cidade de Deus. O amor de si mesmo, levado até o desprezo de Deus,
construiu a cidade terrena do homem...” (Santo Agostinho, Civitas Dei).
Construiu
a Cidade do Homem. A Civilização cristã, na Idade Média, teocêntrica, foi, em
certo sentido a Civitas Dei.Mas a Civilização do Mundo Moderno, iniciada com o
Humanismo, foi a Cidade do Homem. E entre essas duas Cidades não há conciliação
possível.Não há senão ódio entre essas duas Cidades, um ódio posto por Deus,
desde a maldição da serpente, a grande arquiteta do universo humano:
"Porei inimizades entre ti e a mulher, entre a tua raça - a tua Cidade - e
a dela, e ele mesma te esmagará a cabeça" (Gen. III, 15).
Tendo em vista tudo isso, como imaginar um
Humanismo cristão?
Como
imaginar uma conciliação possível entre a Civitas Dei e a Civitas Homini?Como
excogitar uma conciliação entre os dois amores inconciliáveis que as causaram?Se
o cristianismo tem Cristo como Alpha et Ômega, como manter-se cristão,
afirmando que o homem é o princípio e o fim de tudo?
Humanismo e Cristianismo são termos contraditórios!
Ninguém pode ser verdadeiramente cristão e humanista, ao mesmo tempo!
Entretanto,
foi feita a tentativa de conciliar Cristianismo e Humanismo. Porque sempre há os que procuram ver o que há de verdade em
toda e qualquer heresia. E sempre alguma encontram, porque é impossível haver
uma mentira absoluta! E encontrando um grama de verdade
numa tonelada de mentiras, esses conciliadores exultam, e com o grãozinho de
verdade defendido pela heresia montam sistemas complexos de sofismas, para
justificar o injustificável. O grande mal, ocorrido já no nascer do
mundo moderno, foi que se procurou fazer essa conciliação impossível entre a
mentalidade moderna e o catolicismo, tentando inventar um humanismo
pretensamente cristão, como mais tarde se procurou fazer um liberalismo
católico, e, hoje, um socialismo cristão. Esse
pseudo-humanismo cristão - como o de Maritain, um autor admirado pelo papa
Paulo VI - salienta algumas verdades, dando uma interpretação aceitável do
termo herético, e colocando sobre o conjunto mal ajambrado o rótulo de cristão
sobre a heresia humanista camuflada. Desse modo se inventou um Humanismo
ambiguo, dando uma interpretação aceitável ao termo herético, e, fazendo isso,
contribuíram para montar uma grande confusão, pois o mesmo termo - no caso, o
Humanismo - passa a ter dois sentidos diversos: um sentido cristão e um sentido
pagão, o que permitirá todas as anfibologias e todos os deslizamentos para o
abismo do erro. É claro que se pode afirmar que a
verdadeira grandeza do ser humano só é atingida pela concepção católica do
universo. Só a Igreja Católica reconhece ao homem a sua verdadeira dignidade
que consiste em se tornar filho adotivo de Deus pelo batismo.Contudo, procurar
dar a essa concepção católica do homem o termo já poluído de humanismo é
propiciar aos inimigos da Igreja uma brecha pela qual entrarão na Cidade de
Dues todos os miasmas do naturalismo.Adotar um termo eivado de tantos
significados maus, nunca é conveniente.
E quem seria O Homem?
O termo é um universal, que
em cada época se procurou reconhecê-lo num tipo de homem particular. Inicialmente,
foram os gênios renascentistas que se julgaram o Homem. Depois foram os Reis
absolutos que se colocaram como princípio e fim de tudo, querendo que todos,
inclusive Deus e a Igreja, os servissem. Essa pretensão auto divinizadora do
Homem do Renascimento e do Absolutismo tiveram a benção complacente de Papas
humanistas tais como Pio II, Leão X, Júlio II, etc.
Os Papas do Renascimento - conhecidos, infelizmente
por seus escândalos - aderiram ao humanismo!
Não
houve, nessa época, uma condenação do Humanismo. E essa
doutrina espúria entrou nos meios católicos e especialmente no Vaticano. O
blasfemo e sacrílego herege Lorenzo Valla, negador da Santíssima Trindade, foi
nomeado pelo Papa do seu tempo, para exercer um cargo no Vaticano, a fim de escapar
da Inquisição de Nápoles.Outra prova dessa proteção dos Papas ao humanismo
pagão é a Capela Sixtina, onde Michelangelo pintou uma Criação do Mundo
gnóstica, e um Juízo Final ainda pior. O máximo que se fez contra o paganismo
humanista de Michelangelo foi um Papa mandar pintar uns véus pudicos nas
figuras nuas do "Juízo Final" - (nesse afresco, mesmo a Virgem
Maria e Cristo apareciam nus) - onde um Apolo toma o lugar de Cristo, e onde se
exalta o suicídio de Hércules (na figura de São Lourenço), e ódio à matéria (na
figura do Apóstolo São Bartolomeu, que, na verdade, é Marsias retirado da
própria pele por Apolo).
Portanto, o chamado humanismo cristão do
Renascimento é uma fábula. O Humanismo sempre foi pagão!
E o
pior Humanismo daquele tempo, infelizmente, foi o que se travestiu de cristão, no
Vaticano. É claro que se protestará contra estas afirmações, pois sempre haverá
quem se alce na ponta dos borzeguins ou dos coturnos clássicos para protestar, defendendo o Humanismo renascentista em nome da arte ou da
cultura.O egoísmo dos monarcas absolutos, fautores de religiões
nacionais (inglesas ou francesas), acabou na guilhotina ou no Parlamentarismo,
que foi uma guilhotina seca! E a guilhotina - a molhada - fez triunfar o Homem
sob a forma de Citoyen (cidadão) A seca, em forma de Deputado Tudo em prol do
cidadão. Ainda hoje muito se fala em "exercer a cidadania".Com a
Revolução de 1789, o Humanismo, do artista e do soberano solar se transmutou em
advogado e comerciante.E "O Homem"- sempre
com o maldito H maiúsculo – e um Deus genérico e arquiteto, com “d” minúsculo, entronizado
pela guilhotina e carregando a Declaração de Direitos do Homem e do Cidadão sob
o braço, passou a ser o burguês capitalista, adorador de si mesmo, ainda quando
se punha como devoto do grande arquiteto do universo, ou da Deusa Razão (com D
maísculo).Também essa visão burguesa e capitalista do Homem, vitoriosa
com a Revolução Francesa de Robespierre e de Napoleão, contou com o beneplácito
dos católicos radicalmente moderados e conciliadores: O
Homem da Revolução foi ungido e abençoado por Pio VII, em Notre Dame de Paris.E
perguntou um poeta: "E como pode o Pastor Supremo confundir o bode com o
cordeiro?" (Paul Claudel, L"Otage).
É de espantar que depois da sagração de Napoleão -
"A Revolução a cavalo" - por um Papa, surgissem os católicos
liberais?
Seria espantoso que eles não
tivessem surgido, os defensores do Humanismo Cristão sob forma liberal! - Assim
como Leão X quis batizar e abençoou o paganismo humanista, Pio VII coroou
Napoleão e seu Código burguês e capitalista. E, mais tarde, Leão XIII,
determinou e forçou o "ralliement" dos católicos à república nascida
nas lojas.Graças a Deus, havia ainda reações contra essas
capitulações, e Gregório XVI condenou o liberalismo e o tradicionalismo
"católicos" de Lamennais, na encíclica Mirari Vos. Depois, Pio IX, na
Quanta Cura e no Syllabus, condenou, de novo e solenemente, o tal liberalismo
católico.
Faltou uma condenação do Romantismo!
Uma terrível
falha que foi usada pelos inimigos da Fé, para introduzir a Gnose na Igreja,
conforme salientou Allain de Besançon. Pode haver maior aviltamento do que símbolo
da falsa luz gnóstica?É assim que a Gnose romântica vê a luz, e é assim que vê
a rosa, símbolo da virgindade, profanada pela luz da verdade.Mas o Humanismo,
aburguesado e capitalista do liberalismo, igualitariamente democrático, não
podia satisfazer os proletários nascidos da Revolução industrial e da extinção
das corporações. O egoísmo monárquico foi sucedido pelo
egoísmo do lucro separado da moral. Marx lançou então o novo Humanismo: "O
Homem" era o Proletário "explorado" pelo burguês "guloso da
fantasiosa mais valia".Ecce Homo! Ecce Proletarius! O Marxismo se
apresentou como a conclusão lógica do humanismo de Ficino e de Erasmo. O
Humanismo, que levantara altares ao Homem, agora tirava a conclusão final de
sua idolatria, proclamando a morte de Deus - a absoluta blasfemia - com
Nietzsche, e o materialismo absoluto, a absoluta imbecilidade de Marx.
O sofisma se desnudara - O Humanismo chegava à sua
conclusão lógica!
Socialismo e comunismo se
declararam a verdadeira e derradeira face do Humanismo: aquela que se preocupa
com o Homem enquanto aparelho digestivo. Essa seria a verdadeira dignidade do
Homem: ser capaz de digerir. A vida física passou a ser o supremo valor e o
dinheiro o motor da História.Mas essa também era uma idéia...e falsa.O Homem
renascentista, gênio artístico ou filosófico, se transmutara em comerciante
obeso, com uma corrente de ouro pendente do colete. Este Homem durou pouco.
Depois dele, nascia com Marx, O Homo Proletarius, ufano de sua materialidade e
animalidade. Lenin, Stalin, Mao e Fidel se encarregaram de difundir os dogmas
da "Bíblia da Imbecilidade e do ódio" - a expressão excelente é de
Paul Claudel - bíblia laica escrita pelo falso profeta do Homem Proletário,
Karl Marx.
Hitler contestou Marx. O Homem era O Alemão. O
Ariano! O “Homo Germanicus”, ao qual se imolaram vítimas humanas em Auschwitz e
em Treblinka.
Também
em face do materialismo marxista - como do nazismo - houve os eternos
simpatizantes da mentira, tentando conciliar o Humanismo animalizado do
marxismo com a Justiça do Cristianismo, o arianismo pagão hitlerista com a
noção de pátria e nação defendida pela Igreja. Jacques
Maritain - um amigo de Paulo VI, e um dos inspiradores do Concílio Vaticano II
- escreveu o livro "Humanismo Integral", no qual defende a doutrina
da progressiva libertação do homem através da Reforma, da revolução Francesa e
da revolução bolchevista. E Monsenhor Kaas, líder do Zentrum, o partido
católico na Alemanha votou por Hitler para Chanceler do Reich alemão, e lhe
concedeu plenos poderes. Enquanto na Cruz Jesus Morria pedindo a Deus: “Pai
perdoa-lhes porque não sabem o que fazem...” Estes humanistas, sabiam
exatamente o que queriam e o que estavam fazendo!
E não faltaram os que defenderam um socialismo
cristão, embora Pio XI tivesse declarado que ninguém
pode ser católico e socialista ao mesmo tempo, pois são termos
contraditórios!
Pio
XI condenou, na Quadragésimo anno, o socialismo cristão, demonstrando que esses
termos são antitéticos e inconciliáveis. (Cfr.Pio XI, Quadragesimo Anno), ensinamento que João XXIII repetiu na Mater et Magistra. Como
não faltaram também, os católicos que apoiaram o nazismo, a pretexto de que era
preciso salvar a Europa do comunismo. Não faltaram os Bispos socialistas. Nós
mesmos tivemos, e temos, aqui no Brasil, Bispos, padres, religiosos e Cardeais
bem vermelhos e nada inocentes! Como não faltaram os que consideravam Hitler um
"cristão autêntico" (Por exemplo, o Cardeal Faulhaber). Nós tivemos
mesmo Arcebispos que começaram verdes - a camisa integralista-nazista sob a
batina - e que depois amadureceram, e ficaram bem vermelhinhos, mas sempre
humanistas! Sempre preocupados com O Homem (com H maiúsculo!).Pouco acima citei
Maritain. Citar Maritain é aproximar-se de Paulo VI, seu amigo, admirador, e
discípulo. Mas, citar Maritain é aproximar-se do Modernismo.Ora, no início do
século XX, Loisy, o padre cujas obras fizeram vir a lume a heresia modernista
que caminhava secretamente nos seminários, nas Dioceses, e mesmo no Vaticano, o
Padre Alfred Loisy, excomungado por São Pio X, escreveu em seu livro herético
"L" Évangile et L"Église", em 1902:"Em
Cristo, a humanidade se eleva até a Divindade. Pode-se dizer, se se quiser, que
a humanidade adora a si mesma em Jesus; mas se deve acrescentar que, fazendo
isso, ela não esquece nem a sua própria condição, nem a de Deus" (A.
Loisy, "L" Évangile et L"Église, p. 263). E falando das
perspectivas do Modernismo lançado por Loisy, afirma Émile Poulat:"De fato, [na obra de Loisy] o olhar, para onde quer que ele
se dirigisse, não encontraria jamais um ponto onde pudesse se deter ou chegar .
Diante de si, o futuro ilimitado do catolicismo supunha sua transformação, uma
transformação com relação à qual a religião da humanidade se deixa advinhar
como um prolongamento possível" (Émile Poulat, Histoire, Dogme et
Critique dans la Crise Moderniste, Albin Michel, Paris, 1996, p.98 - A edição
original é de Castermann, 1962). - O que era uma perspectiva possível no inicio
do Modernismo e sob o seu impulso - a Religião do Homem - realizou-se, e foi
proclamada a sua realização, por Paulo VI, sessenta anos depois, ao encerrar o
Concílio Vaticano II. Não me faltarão aqueles que contra argumentarão, em
defesa do Humanismo, com documentos de Paulo VI na mão.Por exemplo, meus
adversários poderão citar o Discurso de encerramento do Vaticano II, no qual
Paulo VI declarou que:"Neste Concílio [Vaticano
II] a Igreja quase que se fez escrava da Humanidade". E ainda:
"Humanistas do século XX, reconhecei que Nós também temos o culto do
Homem".Por exemplo, os adversários poderão citar contra mim - e eu
me alegrariacom isso - o que disse o Padre Maurice Zundel:"É preciso portanto admitir, com os mais humildes fiéis,
que Jesus realmente escreveu no centro da História esta prodigiosa equação: o
homem = Deus" (M.Zundel, Quale Uomo e Quale Dio, Esercizi spirituali
predicati a Paulo VI e alla Curia Romana. Edit. Messagero, Padova, 1989, p. 158).
No Discurso de encerramento do Vaticano II, Paulo VI declarou que:
"A
Igreja do Concílio [Vaticano II] ocupou-se bastante do
homem, do homem tal qual ele se apresenta em nossa época, o homem vivo, o homem
todo ocupado consigo mesmo, o homem que se faz não só o centro de tudo o que o
interessa, mas que ousa ser o princípio e a razão última de toda a
realidade...”
"A
antiga história do Samaritano foi o modelo da
espiritualidade do Concílio Vaticano II - Uma simpatia imensa o investiu
inteiramente. A descoberta das necessidades humanas... absorveu a atenção deste
Sínodo. Reconhecei-lhe pelo menos este mérito, ó vós
humanistas modernos, que renunciais à transcendência das coisas supremas, e
saibais reconhecer o nosso novo humanismo: nós também, Nós mais do que qualquer
outro, nós temos o culto do homem...” (Paulo VI, Discurso de
encerramento do Concílio Vaticano II, 7 de Dezembro de 1965).
"Este
Concílio (...) em conclusão, dará uma lição nova,
simples e solene para ensinar a amar o homem, para amar a Deus."(Paulo
VI, Discurso de encerramento do Concílio Vaticano II, 7 de Dezembro de 1965).
O humanismo laico e profano
apareceu, enfim, em sua terrível estatura e, em certo sentido, desafiou o
Concílio. A religião de Deus que se fez homem encontrou-se com a religião do
homem que se fez Deus. Que aconteceu? Um choque, uma luta, um anátema? Isto
deveria acontecer; mas isto não aconteceu.Era uma proclamação de concórdia
inaudita entre a Igreja - a Civitas Dei por excelência - e o mundo Moderno, com
o Humanismo, fundamento da Cidade do Homem.E desta conciliação impossível só
poderia nascer a submissão, a servidão da Igreja ao Homem.
Era natural que esse culto da paz humana, e esse
culto do homem pelo homem, proclamado por Paulo VI, se concluíssem na proclamação da ONU como a verdadeira fonte da paz!
Em
discurso que Paulo VI fez na ONU, ele declarou: "Nós trazemos a esta
Organização o sufrágio dos nossos últimos predecessores, especialmente de todo
o episcopado católico e o Nosso, convencidos, como Nós
o estamos que esta Organização representa o caminho obrigatório da civilização
moderna e da paz mundial ... Os povos olham para as Nações Unidas como
para a última esperança da concórdia e da paz Nós ousamos trazer aqui, com o
Nosso, o seu tributo de honra e de esperança" (Paulo VI, Discurso na ONU,
4 de outubro de 1970).
A paz da ONU?... Já não serve mais a Paz de Cristo?
“Deixo-vos
a paz, a minha paz vos dou; não vo-la dou como o mundo a dá. Não se turbe o vosso
coração, nem se atemorize...” (João 14,27)
Da
ONU, "cette chose là de New York", como a denominava, com desprezo,
De Gaulle.
A paz da ONU é a paz da Cidade do Homem, não a paz de
Cristo, a paz da Civitas Dei!
Desde
que a ONU nasceu, não cessaram de troar os canhões, nem de matraquear as
metralhadoras, nem os aviões de lançar os foguetes, nem a guerrilha de
massacrar. A paz da ONU é a Nigéria. É Ruanda Burundi. É a Colombia das Farc e
do narcotráfico. É a paz do Vietnam e do Cambodge. É a paz da morte e da
injustiça. A paz do homem. A paz do humanismo.
Sem desmerecer este santo Papa: “Qual a autoridade
teológica desses pronunciamentos de Paulo VI ?”
Embora
as palavras de um Papa mereçam sempre grande e respeitosa atenção, a elas se deve uma adesão proporcionada ao grau de autoridade
usada por ele, ao pronunciá-las. Quanto aos discursos feitos em viagens,
e na ONU, a autoridade teológica deles é muito menor ainda do que a do Discurso
de encerramento do Concílio. O homem - cada homem, como aquela rosa do campo - tem
um "perfume" próprio, um valor único, que Deus deu apenas a ele, já
que Deus nos criou à sua imagem e semelhança, cada um de nós refletindo uma
qualidade de Deus, sob certo ângulo. Daí cada homem ser único. Cada um com um
valor pessoal inigualável.Deus nos fez como seus
espelhos. Mas, sendo Deus infinito, se nos tivesse feito iguais, a imagem que
refletiríamos dEle seria mínima. Sabiamente, então, Deus nos fez, como espelhos
colocados a seu redor, num círculo imenso, de modo que, cada um de nós reflete
a imagem de Deus, sob certo ângulo.Cada homem, tem assim, em sua alma,
uma imagem de Deus única. Desde o início do mundo até o fim da História, não
haverá outro Ivan Rojas.Se somos bons, isto é, se
vivemos em estado de graça, a luz de Deus se reflete fulgidíssima em nossa
alma, iluminando o mundo.Quando pecamos, colocamos lama sobre o espelho de
nossa alma, e impedimos que a luz, que Deus queria fazer penetrar e refulgir em
nós, brilhe diante dos anjos e dos homens.Nas criaturas inferiores ao
homem, a luz divina só se reflete através dos símbolos, assim como pela ordem e
pelo bem, nelas existentes. São Boaventura, no seu
Itenerarium, diz que nas criaturas inferiores só aparecem vestígios de Deus,
enquanto que em nós, está impressa a imagem de Deus, por nossa inteligência e
vontade. E, se somos santos, nos tornamos semelhantes a Deus, pela graça
santificante.Portanto, cada homem, tem um valor único.E assim como a rosa se
abre ao sol, mesmo que isso a faça morrer, ela se abre para dar o seu perfume
ao mundo, assim, também, devemos abrir-nos ao Sol de Justiça, para dar ao
próximo a nossa luz, o nosso perfume, ainda que isto nos custe a vida. É o que
lembra até o gibeliníssimo (Guelfo branco) Dante Alighieri, no Convivio (IV,
27).Pobre rosa... Heróica rosa!Pobre homem, que vive e
morre para dar o seu pequeno-grande valor ao próximo. Heróico homem! Homem
santo!Esta era a visão católica do homem na Idade Média, exposta pelo já
moderno, em tantos sentidos, Dante Alighieri. Montanari compara então o
que diz o Dante, medieval, sobre a rosa e sobre o homem, com o que dizem dessa
mesma rosa, Lorenzo, il Magnifico - que tinha ele de grande para ser assim
apodado? - e Poliziano.Ambos têm lindas poesias sobre a precariedade da vida da
rosa. São duas poesias, as deles, muito bem feitas, descrevendo a louçania de
rosas apanhadas pela manhã, ainda com gotas de orvalho sobre as pétalas, e
cheias de perfume. Ao retornarem, à tarde, eles encontram as rosas fenecidas,
sem louçania e sem perfume, morrendo. Ambos tiram a
mesma conclusão: a vida e a juventude são passageiras. Aproveitemos santamente
a juventude e a vida, antes que feneçam.
Conforme a vontade moderna, ninguém existe para servir a Deus e ao próximo. Todos só existem para
servir o Homem! E cada um pensa: o Homem sou Eu. "Ecce Homo:
Ego".
"Ecce
venio" - A visão medieval é a de um amor mais alto e altruísta. A visão humanista é egoísta. Antropocêntrica. O Homem está no
centro de tudo, e o homem sou eu, pensavam Polizziano e o Lorenzo, que de realmente
Magnífico tinha muito pouca coisa. A cosmovisão católica tem Deus como
centro. Isto significa que aceita Deus como causa de tudo, a norma de tudo, o
fim de todas as coisas. Deus é a causa eficiente - Alfa - e a causa final de
tudo - Ômega.
O catolicismo ensina que o homem existe para Deus.O
Humanismo afirma que tudo existe para o Homem, e que o Homem existe para si
mesmo!
Sim,
acredito que um ato sincero de arrependimento possa
obter de Deus o perdão total! E acredito nisso, porque Cristo e a Igreja
Católica ensinam tal coisa. Devemos nos lembrar de que, na Cruz, Cristo era
ofendido por um dos ladrões, que, com isso, visava agradar aos judeus, e assim
talvez salvar a sua vida. Ele perdeu a vida e a alma. O outro ladrão, pelo
contrário, disse: "Nem tu temes a Deus, estando no
mesmo suplício? Nós estamos, na verdade, justamente, porque recebemos o que
merecem as nossas ações, enquanto este não fez nenhum mal.E dizia a
Jesus:"Senhor, lembra-te de mim, quando estiveres no teu Reino.”Jesus
disse-lhe:"Em. verdade te digo: ainda hoje estarás comigo no paraíso"
(MT 23,40-43).Esse ladrão foi perdoado por Cristo Deus,
na hora da morte, porque reconheceu a Divindade de Cristo, já que o chamou de
Senhor, reconheceu os seus pecados e a justiça de sua punição.Na
História há inúmeros casos do mesmo tipo, mas não existe perdão sem arrependimento
e reconhecimento da culpa! Por isso a Igreja canta no "Dies irae":
"Qui
Mariam absolvisti,
Tu, que absolveste Maria Madalena,
et
latronem exaudisti,
e atendeste ao ladrão
mihi
quoque spem dedisti"
a mim também deste esperança
A misericórdia
de Deus é infinita, e por isso temos esperança de que Ele nos perdoará nosso inúmeros
e graves pecados se nos arrependermos sinceramente. Muitas
pessoas que viveram muito mal, se arrependem no último momento, e foram salvas
pela bondade infinita de Deus, que quer a salvação do pecador e não a sua
punição (Ezeq 33,11). É claro que muitos abusam dessa misericórdia
infinita, e adiam o seu arrependimento. Desses é de temer que se percam. Mesmo
assim, em minha vida - que se aproxima do fim - vi inúmeros pecadores se
arrependerem, na hora da morte e não tenho dúvidas que alcançaram a Salvação. Confiemos, pois, na infinita misericórdia de Deus, sem jamais
abusar dela, e entreguemo-nos a Nossa Senhora que é nossa Mãe de Misericórdia.Quanto
à questão do tempo do arrependimento, deve-se levar em conta que Deus está fora
do tempo, e que, por isso, Ele pode dar ao pecador graças extraordinárias, no
próprio momento da morte. Conto-lhe, para que compreenda isso, um caso
que aconteceu com o Santo Cura de Ars, São João Maria Vianney, no século XIX.Esse
santo, atendia as pessoas, no confessionário, 20 horas por dia. Sua fama de
santidade era tal que a fila, para falar ou se confessar com ele, era
longuíssima, as pessoas tendo que aguardar sua vez, durante muitos dias.Nessa
fila imensa, certa vez, havia uma senhora aflitíssima. Em dado momento, São
João Maria Vianey saiu do confessionário e, indo até ela, lhe disse:
"Confia filha, entre a ponte e o rio, seu marido se converteu". Essa
Senhora estava aflita, porque seu marido se matara, jogando-se num rio. Mesmo
nesse momento fugidio, Deus o salvou.
Como se aplica a Sabedoria de Deus nesse encontro
da misericórdia e da justiça infinitas?
Respondo-lhe
com São Tomás de Aquino, o qual explica que a
misericórdia e a justiça são virtudes irmãs. Uma não pode existir sem a outra. Elas
são como dois arcos góticos que formam a ogiva: um arco sustenta o outro.
Assim, se não existir misericórdia, a justiça se transmuda em crueldade. E a
misericórdia desacompanhada da justiça desmorona como moleza.Justiça e
misericórdia se encontraram e se beijaram as faces:
“Mostra-nos,
Senhor, a tua misericórdia, e concede-nos a tua salvação. Escutarei o que Deus,
o Senhor, falar; porque falará de paz ao seu povo, e aos santos, para que não
voltem à loucura. Certamente que a salvação está perto daqueles que o temem,
para que a glória habite na nossa terra. A misericórdia e a verdade se
encontraram; a justiça e a paz se beijaram” (Salmos 85,7-10)
CONCLUSÃO:
Que
teremos muitas surpresas agradáveis e desagradáveis no juízo final, sem dúvidas
que teremos! Mas, uma coisa é certa na revelação de Deus nas escrituras:
“Pois
dia e noite a tua mão pesava sobre mim e minhas forças se desvaneceram como a
seiva em tempo de seca. Confessei-te o meu pecado,
reconhecendo minha iniquidade, e não encobri as minhas culpas. Então declarei:
Confessarei minhas transgressões para o SENHOR, e tu perdoaste a culpa dos
meus pecados”. (Salmo 32,4-5)
“Se
declaramos que não temos pecado algum enganamos a nós mesmos, e a verdade não
está em nós. Se confessarmos os nossos pecados, Ele é
fiel e justo para nos perdoar todos os pecados e nos purificar de qualquer
injustiça.Se afirmarmos que não temos cometido pecado, nós o fazemos
mentiroso, e sua Palavra não está em nós”.(1 João 1,8-10)
Portanto, apesar da liberdade e soberania divina que ultrapassa nossa inteligência, iria contra a revelação de Deus nas Sagradas Escrituras Ele perdoar a Hitler
sem arrependimento, e dar a ele a mesma recompensa de madre Teresa de Calcutá, pois conforme está revelado, só existe perdão onde há arrependimento e conversão:
Isaias 26,10: “Ainda que se mostre
favor ao ímpio, nem por isso aprende a justiça; até na terra da retidão ele
pratica a iniquidade, e não atentará para a majestade do SENHOR...”
Apoc. 21,27: “Nela jamais entrará
qualquer coisa impura, tampouco, alguém que pratique ações vergonhosas ou
mentirosas...”
Apocalipse 22,14-16:
“Bem-aventurados
aqueles que guardam os seus mandamentos, para que tenham direito à árvore da
vida, e possam entrar na cidade pelas portas. Mas, ficarão de fora os cães e os
feiticeiros, e os que se prostituem, e os homicidas, e os idólatras, e qualquer
que ama e comete a mentira. Eu, Jesus, enviei o meu anjo, para vos testificar
estas coisas nas igrejas...”
E O QUE DIZER SOBRE: “PAI PERDOAI-LHES, PORQUE NÃO SABEM O QUE FAZEM" - NÃO ACONTECEU UM PERDÃO SEM ARREPENDIMENTO?
Romanos 7,7-8: “Portanto,
que concluiremos? A Lei é pecado? De forma alguma! De fato, eu não teria como
saber o que é pecado, a não ser por intermédio da Lei. Porquanto, na realidade,
eu não haveria conhecido a cobiça, se primeiro a Lei não tivesse dito: Não
cobiçarás. Mas o pecado, aproveitando-se da ocasião dada pelo mandamento,
provocou em mim todo o tipo de cobiça; porque, onde não
há conhecimento da lei, o pecado está morto...”
Ao lermos a Palavra, em
especial o Evangelho e as Epístolas, temos como tônica o amor, ou a caridade,
como São Paulo coloca. Amor plantado em nós por Deus, dom do Espírito Santo.
Consequências (do dom da caridade, da fé, etc.) são a longanimidade, mansidão,
etc. Um exemplo: a passagem de Jesus no poço da Samaria, com a samaritana.
Jesus não a exclui por seu estado de vida. O perdão de Jesus, na cruz, e sobre
o dar a face como resposta a quem nos bate, todos estes casos colocam uma só
questão: quando a caridade manda perdoar, e quando ela manda punir?
Amar é querer bem.
Querer bem é querer, em primeiro lugar, a salvação eterna de nossos irmãos e de
todos os homens. Para isto devemos agir com prudência, como Nosso Senhor nos
ensinou.Nas escrituras vemos ocasiões em que às vezes Ele perdoava, e outras
vezes amaldiçoava como aos fariseus, publicanos e vendedores no templo.Qual o
critério que Ele nos deu? Se alguém tem um mínimo de boa vontade, deve ser
tratado com paciência, mansidão, enfim, com caridade. Estes que demonstram boa
vontade são, normalmente, os que caem em erros e pecados mais por fraqueza do
que por malícia. E este é, em geral, o caso da juventude transviada, tão
abandonados hoje em dia a si mesmos, pois não há ninguém que os oriente ou
ensine. Quando o pecador adere ao pecado com a inteligência, com malícia e má
vontade, então é preciso usar de energia para corrigí-lo!Lembre-se da palavra
de Nosso Senhor Jesus Cristo: "Eu não vim apagar a
tocha que fumega, nem quebrar a cana torcida".Que quer dizer essa
palavra de Cristo? Enquanto a verdade tiver um ponto aceso na inteligência, há
esperança de conversão!O caso da Samaritana do poço é muito ilustrativo. Repare que Cristo não procurou fingir que não sabia de seu
pecado, não procurou fazer "média" com ela (desculpem-me a expressão
trivial). Pelo contrário, conduziu a conversa de modo a fazê-la confessar seu
adultério: "Mulher, onde está o teu marido?" - "Não tenho
marido, disse ela. Ao que Cristo lhe respondeu: "Dizes bem! Não tens,
porque já tiveste cinco, e aquele que está contigo agora, também não é teu
marido."Nosso Senhor não camuflou seu pensamento.
Foi direto ao ponto, e, com franqueza santa, mostrou a ela qual era o seu
pecado de forma sicera, caridosa e verdadeira! Jamais negando a verdade em nome
da caridade! E foi esta franqueza amorosa que a converteu! Porque não é
possível operar o canceroso se não se avisa de seu mal gravíssimo
antecipadamente.Sobre o perdão na cruz, há muita coisa de que não se fala nesta
passagem e muitas más interpretações. Note que Cristo disse: "Pai,
perdoai-lhes, porque não sabem o que fazem". Primeiro,
Cristo não os perdou, pois tinha autoridade para isto, mas pediu ao Pai que os
perdoasse.Segundo, é curioso notar que Cristo diz que
eles não sabiam o que faziam. Ora quem ignora o que faz, não tem, normalmente,
culpa. E como, então Cristo pede perdão para quem não tem culpa? É que
há dois tipos de ignorãncia:
a) a
ignorância invencível, que é aquela dos que não puderam, de modo algum, e que não
tem meios de saber a verdade. Estes não tem culpa.
b) a
ignorância vencível, daqueles que, podendo saber o que é certo e o que é
verdade, não quiseram saber dela. Esta ignorância é culpada.
Se Cristo pediu perdão
pelos que o crucificaram, é porque eles tinham culpa. Logo,
a ignorância deles era vencível, e portanto, culpada.Receberam eles o perdão?
Tomara que sim. Mas não é certo, só Deus o sabe.A recomendação de Nosso
Senhor de que apresentemos a outra face, quando nos baterem no rosto, também
ela deve ser entendida retamente. Considere que quando Cristo foi esbofeteado,
Ele não apresentou a outra face, mas protestou dizendo:"Se
errei, mostra-me onde, se não, por que me bates?" - Portanto, Jesus não
deu a outra face, quando foi esbofeteado. Que conclusão prática tirar disso?
“Quando formos ofendidos
PESSOALMENTE, se julgarmos que perdoar o ofensor pode vir a comovê-lo e
convertê-lo, devemos perdoá-lo (dar a outra face). Se verificarmos que a resistência
à ofensa, ou seja, não a diminuindo, é que podem convertê-lo, devemos neste
caso seguir o exemplo de Cristo e protestar contra a ofensa recebida” - Nos
dois casos, o que se deve visar é fazer o ofensor cair em si, refletir sobre seu pecado e por fim, despertar a sua verdadeira conversão".
------------------------------------------------------
APOSTOLADO BERAKASH: Como você pode ver, ao contrário de outros meios
midiáticos, decidimos por manter a nossa página livre de anúncios, porque
geralmente, estes querem determinar os conteúdos a serem publicados. Infelizmente, os algoritmos definem quem vai ler
o quê. Não buscamos aplausos, queremos é que nossos leitores estejam bem
informados, vendo sempre os TRÊS LADOS da moeda para emitir seu
juízo. Acreditamos que cada um de nós no Brasil, e nos demais países que
nos leem, merece o acesso a conteúdo verdadeiro e com profundidade. É o que
praticamos desde o início deste blog a mais de 20 anos atrás. Isso nos dá essa
credibilidade que orgulhosamente a preservamos, inclusive nestes tempos
tumultuados, de narrativas polarizadas e de muita Fake News. O apoio e a
propaganda de vocês nossos leitores é o que garante nossa linha de
conduta. A mera veiculação, ou reprodução de
matérias e entrevistas deste blog não significa, necessariamente, adesão às
ideias neles contidas. Tal material deve ser considerado à luz do objetivo
informativo deste blog. Os
comentários devem ser respeitosos e relacionados estritamente ao assunto do
post. Toda polêmica desnecessária será prontamente banida. Todos as
postagens e comentários são de inteira responsabilidade de seus autores e não
representam necessariamente, a posição do blog. A edição deste blog se reserva
o direito de excluir qualquer artigo ou comentário que julgar oportuno, sem
demais explicações. Todo material produzido por este blog é de livre difusão,
contanto que se remeta nossa fonte. Não
somos bancados por nenhum tipo de recurso ou patrocinadores internos, ou
externo ao Brasil. Este blog é independente, e representamos uma
alternativa concreta de comunicação. Se
você gosta de nossas publicações, junte-se a nós com sua propaganda, ou doação,
para que possamos crescer e fazer a comunicação dos fatos, doa a quem
doer. Entre em contato conosco pelo nosso e-mail abaixo, caso queira
colaborar:
filhodedeusshalom@gmail.com
Postar um comentário
Todos os comentários publicados não significam a adesão às ideias nelas contidas por parte deste apostolado, nem a garantia da ortodoxia de seus conteúdos. Conforme a lei o blog oferece o DIREITO DE RESPOSTA a quem se sentir ofendido(a), desde que a resposta não contenha palavrões e ofensas de cunho pessoal e generalizados. Os comentários serão analisados criteriosamente e poderão ser ignorados e ou, excluídos.