Por *Francisco José Barros Araújo
Os ultra
Conservadores, sede vacantistas e Lefebvristas, são rápidos em tecer seu ódio
visceral a D. Helder e se considerarem
mais católicos que ele e ou qualquer outro Católico, pois se consideram o supra
supro da Igreja. Só para lembrar e deixar claro pra todo mundo: Lefbvre
morreu excomungado pela Igreja. Era um cismático, radical, sem humildade, extremamente
orgulhoso, prepotente e insubmisso, tanto que criou sua própria Igreja. Dom Hélder não,Inclusive está sepultado com todas às honras que merece
um Católico na Catedral de Olinda-PE. e morreu silenciosamente em obediência a Santa mãe Igreja. Sou
adepto do Verdadeiro Conservadorismo, este conjunto de bons valores e
sentimentos herdados, esta maneira de ver o mundo e compreender a ordem
social segundo uma tradição constante e correta de interpretar os
acontecimentos à luz da Palavra de Deus e da Sagrada tradição sob o magistério
da Igreja.Ora,
segundo o grande teórico do Conservadorismo Russell Kirk, no seu Dez Princípios
Conservadores, o conservador acredita na natureza humana, em princípios morais
sólidos, fundamentados na tradição de nossa civilização, uma ordem moral que
herdamos de nossos antepassados e sobre a qual construímos o nosso presente,
tendo em vista o futuro, o conservador crê no valor da tradição, dos costumes,
e sobre este alicerce firme assenta sua opinião política, desejosa sempre da
ordem social e do bem comum.O segundo
motivo é que sou católico. E como católico, sou adepto e defensor dos
princípios morais fundamentais da minha religião. Creio que a Moral
Católica é o melhor que há para o desenvolvimento das virtudes, para uma vida
digna e para a constituição de uma ordem moral e social justa e certa.
Creio piamente nos preceitos morais da Santa Madre Igreja.
Alguns
Conservadores fanáticos e de pensamento engessado, caem em um erro semelhante ao dos protestantes!
Os
protestantes falavam da “sola Scriptura” como norma remota da Revelação e do
“livre exame” como norma próxima, destruindo a Tradição e o Magistério sob o
mesmo princípio. Alguns
atuais Conservadores parecem que têm como norma a “sola Traditio” e, como norma
próxima, o livre exame, isto é, o que eles mesmos dizem ao selecionarem as
partes do magistério mais cômodas e que justifiquem sua conduta, que pertence
ou não à Tradição, aplicando o mesmo princípio protestante do “livre exame” à
Bíblia e ao Magistério.Por isso, estão em conflito com o que desde sempre foi o
próprio coração da Tradição, que é o Primado INTEGRAL dos Papas(Do passado e do
presente), desde o “Tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja”
(Mt 16,18), passando por Santo Inácio de Antioquia aos cristãos de Roma: “
estejam purificados de todo matiz estranho...e preside na caridade”, até o
nosso atual papa, esta atual sucessão e tradição, quer queiram ou não, é
legítima.E assim
como, paradoxalmente, os protestantes com a “sola Scriptura” ficaram sem a
Escritura integral os conservadores fanáticos , analogamente, com a “sola
Traditio” ficaram sem a Tradição integral e verdadeira, mas apenas com partes
dela.Ora, quem tem autoridade, dada
por Cristo, para dizer que algo é ou não é de fé? Os atuais Conservadores que
se arrogam tal direito ou os sucessores de Pedro?Os que estudaram este tema
(Cf. F. Marín Solá. O.P., Evolución homogénea del dogma católico, Ed. BAC,
Madrid),provam que é o Magistério da Igreja o que torna explícito o que estava
implícito.Além
disso, deve-se dizer que esta evolução acidental não pode ser parada, já que é
obra do Espírito Santo. Parece-nos que não é nenhuma proposta sábia
considerar que tudo se arrumaria voltando o rito codificado por São Pio V, que
a Bíblia só fosse lida em latim, que o último catecismo católico fosse o
“Catecismo Romano”. Até um
certo ponto acho positivo o VERDADEIRO E INTEGRAL CONSERVADORISMO,mas a partir
do do momento em que vira puritanismo Cego e descamba para o extremismo
excludente ,intransigência,ruptura e descontinuidade com criticas e visões
parciais da realidade e da modernidade, fica completamente negativo e mutilado
este mesmo conservadorismo manco.Ser conservador é estar vigilante com relação à manutenção dos bons
princípios, da ética e da moral social fundamentada nos valores Cristãos. Mas
ser extremista e Conservador fanático ao meu ver significa não respeitar o
livre arbítrio e as liberdades individuais. Ser conservador ao extremo é não
respeitar as diferenças, é ser preconceituoso com aqueles que pensam diferente,
é ser ditador, é querer impor suas ideias e não a Tradição Integral da Igreja a
força.Não é mal
ser um bom Conservador,ao contrário, é bom resgatar valores que se perderam ao
longo do tempo, mas veja bem “VALORES”. Digo isso, pois junto com esses valores
vem muito preconceito, preconceito esse que devemos deixar no passado, junto
com tudo de ruim (e sem anacronismos) que alguns de nossos líderes como filhos
de seus tempos o fizeram. O
problema do conservadorismo radical é que este trava a igreja em normas e
pensamentos que não condizem mais com a nossa realidade. E se seguimos uma
única igreja, não podemos ter dois discursos. O que acontece atualmente é
que alguns Conservadores radicais falam uma língua e a nossa igreja outra.E
entre esses dois discursos, é mais prudente ficar com o discurso “oficial”da
Igreja em seu santo e sagrado magistério INTEGRAL de sempre, aliado a tradição
e a palavra, do que com discursos isolados, mancos e parciais destes pseudos
guardiões da sua própria Tradição,manca e não integral. Não podemos
confundir opiniões pessoais dos Papas e autoridades da Igreja (Que estão
sujeitas a erros e revisões) com o MAGISTÉRIO DA IGREJA, ao qual o próprio Papa
e todas as autoridades da Igreja Católica são submissos. Portanto, entre
opiniões pessoais e o magistério, não hesitemos em optar pelo magistério
infalível e integral da Igreja, que é seguro e salvífico.”
D. Helder foi
um homem "FILHO do seu tempo", aberto ao novo, defensor da dignidade humana, e da
liberdade!
Era referencia em todas as grandes Universidades do planeta, foi doutor honoris causa da Universidade da Sorbone em Paris. Ele saiu pelo mundo denunciando as péssimas condições de vida dos pobres brasileiros e da população em geral, sendo inclusive apontado como concorrente ao Prêmio Nobel da Paz.Na década de 30, já ordenado como padre, Helder Câmara acaba sendo atraído pela luta política da Ação Integralista Brasileira (AIB).Ele achava que a doutrina política do integralismo guiaria a sociedade para um destino melhor do que o comunismo soviético e o capitalismo americano. O integralismo surgia como a terceira via, que em vez de privilegiar somente a burguesia ou o proletariado, como faziam as outras duas doutrinas, trabalharia pela união entre os indivíduos das diferentes classes sociais e o catolicismo seria uma das doutrinas que ajudariam nessa integração. Durante esse período, atuou como um dos grandes líderes do partido integralista do Ceará, fazia palestras, escrevia artigos nos jornais, organizou a Juventude Operaria Católica, criou a Liga dos Professores Católicos e um sindicato para as operárias e empregadas domésticas. Também ajudou a eleger muitos políticos que defendiam os interesses da igreja.
Com o tempo, o padre Helder foi percebendo
que o integralismo não era a maravilha que divulgavam!
Eles apoiaram regimes
extremamente violentos como o fascismo e o Nazismo. Quando pessoas importantes
resolviam sair do movimento integralista, elas eram perseguidas e algumas eram
mortas. O próprio padre Helder, após sair do partido passou a ser perseguido e
precisou fugir para não ser mais uma vítima.
D. HELDER NUNCA PREGOU O ÓDIO DE
CLASSE, MAS A SUPERAÇÃO!
Em 1955 D. Helder Câmara
organizou no Rio de Janeiro o Congresso Eucarístico Internacional, que reuniu
padres, bispos, cardeais e peregrinos do mundo todo. Mesmo contando com muito pouca
estrutura e recursos financeiros, ele moveu céus e terra para conseguir ajuda
do governo e doações de empresas para a realização do evento, que foi um
sucesso total, com repercussão por todo o mundo católico. Durante o evento, o cardeal Gerlier da França, procurou Dom Helder para ter uma
conversa que mudaria sua vida para sempre. O cardeal mencionou que Helder
possuía um talento excepcional de organizador e que faria melhor uso desse
talento trabalhando a serviço dos pobres, pois o Rio de Janeiro era uma cidade
rodeada de favelas. A partir desse dia, decidiu que todas as suas habilidades e sua
influência seriam usadas para lutar contra a miséria e a desigualdade social.
Decidiu traçar um plano ambicioso e ao mesmo tempo muito ingênuo: se dedicaria
ao máximo a acabar com as 150 favelas cariocas no prazo de 10 anos. Sua
empreitada, iniciada em 29 de outubro de 1955, foi chamada de "Cruzada de
São Sebastião". A primeira missão da cruzada seria construir 910 apartamentos para os moradores
da favela da praia do pinto, no Leblon. A polêmica foi grande, pois Dom Helder
queria que os apartamentos fossem construídos ali mesmo no Leblon, onde os
imóveis eram caríssimos (nos E.U.A em muitos estados é assim) - Ele acreditava que a luta de classes poderia ser superada se ricos e
pobres morassem lado a lado.
Mesmo após tantas realizações, a verdade logo veio à
tona!
Dom Helder não
poderia jamais com sua Cruzada resolver o problema da miséria. Percebeu que por
mais que ajudasse, a eliminação da pobreza só poderia ser alcançada se fossem
eliminadas as condições que levavam essas pessoas à pobreza. Resolveu então que
agiria politicamente para mudar as estruturas do sistema. Passou a defender a
reforma agrária em todos os lugares que ia. Na sua opinião, sem uma reforma
agrária, os pobres do campo continuariam migrando para a cidade e aumentando as
favelas (ao contrário do campo, o asfalto não produz alimentos, e para ele o
problema do Nordeste não era a Seca, mas a CERCA). Dom Helder chegou a
participar da comissão criada pelo governo João Goulart que estudava como
poderia ser feita uma reforma agrária no país.Quando ocorreu o
golpe militar de 1964, a cúpula da igreja católica, representada pela CNBB, deu
apoio ao novo governo. Já D. Helder Câmara preferiu se manter neutro para ver o
que o governo iria fazer. Rapidamente se decepcionou com o regime militar, ao
notar que era apenas um governo de elite, sem qualquer sustentação popular. De
vez em quando, ele emitia críticas bem suaves às condições de vida dos
brasileiros. Mesmo que não citasse algum tipo de culpa por parte do governo, os
militares ficavam revoltados com suas declarações e afirmavam que mais pareciam
discursos comunistas. As insinuações de que ele seria comunista aumentavam a cada dia, na
imprensa, principalmente depois que Dom Helder, numa palestra realizada na
França, em maio de 1970, resolveu denunciar os absurdos da tortura no Brasil.
Chamá-lo de comunista era a estratégia para tentar retirar a credibilidade de
suas palavras.
Fiquemos com algumas palavras do encontro de Dom Helder e e nosso saudoso papa São João Paulo II, do qual recebeu o título de "irmão dos pobres e meu irmão"!
"Em vez de me
passar um pito, por eu não estar usando o solidéu, o Santo Padre tirou o seu da
cabeça e o segurou numa das mãos", contava sorridente.”
D. Helder Câmara e o Socialismo
humano
Em
1962, D. Helder Câmara se torna membro da Comissão para Disciplina do Clero, prévia do Concílio
Vaticano 2º, que havia sido convocado pelo papa João XIII - O chefe da Igreja
Católica “pregava uma reformulação na forma de apresentar a fé cristã ao mundo
moderno, onde a ciência e a crítica tivessem acesso. A preocupação era sempre
colocar o homem no centro das discussões e a religião católica em face das
exigências do mundo, enquadrando cada povo na sua realidade política, social e
econômica”, anota Verônica Veloso. O papa queria “preservar a cultura cristã no
essencial e apreciar os aspectos relativos à mutabilidade do progresso humano”.
Não muito diferente do que está fazendo, neste momento, o papa Francisco, o
argentino convocado para atualizar a Igreja Católica, mas sem alterar seus
princípios básicos, o que, na verdade, lhe confere universalidade. Não se trata
de aderir aos modismos, àquilo que é passageiro, e sim de adaptar-se ao que
está cristalizado pelos novos tempos. Pelos
preceitos propagados pelo papa João XXIII, que dom Hélder acata de bom grado, a
Igreja Católica, sem perder seu caráter universalista e sem deixar de ser
pastora de todos — e não de classes sociais específicas —, fez uma “opção pelos
pobres” e definiu que tinha a “intenção de trabalhar com eles e não apenas para
eles”. Dom Jaime Câmara e dom Hélder se desentenderam a respeito da temática e
o segundo teve de se afastar do Rio de Janeiro.
D. Helder Câmara, Jango, e o Regime Militar
Como
presidente da CNBB, dom Hélder e o arcebispo de São Paulo, com Carlos Carmelo
de Vasconcelos Mota, encontram-se com o presidente João Goulart, em março de
1964, para adverti-lo, sublinha Verônica Veloso, “contra uma atitude
precipitada e lhe mostraram a falta de um plano sério de reformas das
estruturas, a falta de um plano para estabelecimento de um verdadeiro
socialismo humano” e explanam sobre a reação da extrema-direita. Socialismo
humano parece uma contradição, porque o socialismo não é humanista, mas
certamente os bispos eram próximos da socialdemocracia, mas, como a esquerda
sempre demonizou-a, tratando-a como “reformista” — uma espécie de tática
capitalista para salvar o capitalismo —, era menos inadequado falar em
“socialismo humano”. O equívoco dos religiosos era pensar que João Goulart era
socialista. Não era. Era defensor do capitalismo, mas certamente pensava num
capitalismo ao estilo do norte-americano dos tempos de Franklin D. Roosevelt,
nos Estados Unidos, que investiu fortemente no social, ou no estilo do
bem-estar social da Inglaterra. Curiosamente,
a esquerda e a direita nunca entenderam Jango de maneira ampla: sempre
pensaram-no como um homem de esquerda, até socialista. Em
abril de 1964, sob a ditadura de Castello Branco, ainda moderada, a cúpula da
Igreja Católica afasta dom Hélder da CNBB e o papa Paulo VI o transforma em arcebispo
de Recife e Olinda. As
relações entre o regime civil-militar e dom Hélder eram ruins. O bispo “foi
acusado de proteger padres suspeitos de subversão, entre os quais dom José
Lamartine e os padres Almeri e Sena”. Ele começou a discutir políticas de
desenvolvimento e, consequentemente, a tecer críticas ao governo de Castello
Branco. “Em 31 de março de 1966 dom Hélder recusou-se a celebrar uma missa em
comemoração ao segundo aniversário do movimento de 1964”, anota Verônica
Veloso. O general Itiberê Gouveia do Amaral, comandante da 10ª Região Militar,
critica-o asperamente. O general Itiberê sustenta que dom Hélder desagrega “o
rebanho católico em consequência de suas atitudes” e o aponta como
“esquerdista” e associado à Ação Popular (AP). De
fato, dom Hélder tinha um idealismo e uma práxis mais alinhada a ideologia de esquerda, mas não era, ao
contrário do que pensavam militares mais ortodoxos, comunista. Ele propugnava
por uma sociedade mais igualitária, mas não sob o comando dos comunistas. Era,
acima de tudo, um homem do establishment da Igreja Católica — como o papa
Francisco. Dom
Hélder denunciava injustiças contra trabalhadores e isto, em tempos
radicalizados — os da Guerra Fria, do “nós contra eles” —, era interpretado
pelos militares, sobretudo os da Linha Dura, como ser comunista. O presidente
Castello Branco, um dos melhores quadros políticos do regime militar, chega a
conversar pessoalmente com dom Hélder. Mantêm uma conversa cordial, pois
Castello Branco, se era resoluto, não era truculento. Porém, ao criticar a
atuação de bispos da Igreja Católica, o presidente desagrada dom Hélder e seus
aliados. “Vários setores da Igreja se mostraram solidários a dom Hélder. O
arcebispo de Goiânia [Dom Fernando] denunciou como subversivos os oficiais que
o criticavam”, conta Verônica Veloso. Em
1967, no governo de Costa e Silva, da Linha Dura, o intimorato dom Hélder
defende uma América Latina “livre, não apenas no plano político, mas também no
plano econômico” (curiosamente, os militares, embora apoiados pelos Estados
Unidos, mantinham o país independente, com posições firmes). O bispo adverte
que “só a ação social da Igreja poderá fazer fracassar a revolução violenta no
Nordeste”. O religioso estava dizendo que o socialismo do tipo bolchevique
poderia ser evitado — a tomada do poder pela força (a violência como parteira
da história) —, desde que a ação social pudesse ser feita pela Igreja, mas por
certo era um “convite” a uma ação do governo. Por exemplo que defendesse a
reforma agrária, que, a rigor, é uma medida típica tanto do sistema capitalista
quanto do socialista (no caso da União Soviética, com sua reforma agrária
coletivista, resultou em milhões de mortes e baixa produção agrícola). No
mesmo ano, a CNBB condena, por meio de um manifesto, a subversão de esquerda e,
ao mesmo tempo, solidariza-se com os clérigos perseguidos pelo regime. Em
1968, as relações entre o governo e a Igreja Católica — ou parte dela — pioram
com a declaração de um bispo de Santo André: “Uma revolução armada pode ser
lícita quando reina a opressão e quando vigoram salários de fome”. Dom Hélder,
corroborando a crítica, afirma que, ao menos no Nordeste, o regime, mais do que
capitalista, era feudal. Radicalizado, frisa sua “convicção na marcha
inelutável do socialismo”. Tese, aliás, que não era compartilhada por toda a
Igreja Católica e muito menos pelo Vaticano. Era, no máximo, discurso
radicalizado de um religioso, de proa, dadas as circunstâncias políticas do
país e, sobretudo, do Nordeste (no qual os trabalhadores rurais eram tratados
praticamente como escravos ou servos). Havia, na região, formas pré-capitalistas
de lidar com o trabalhador. Assim como na União Soviética socialista
trabalhadores escravos foram usados para construir obras pesadas — com milhares
deles morrendo de fome e de excesso de trabalho. Um quadro muito pior, até
incomparável, do que o brasileiro. A
Igreja Católica, que havia apoiado o golpe de 1964, com a restrição de alguns
grupos, passa a defender, no complicado ano de 1968, com a ditadura do AI-5,
reformas e as liberdades individuais, além de criticar a violência política.
Na 2ª
Assembleia Geral do Celam, em 1968, dom Hélder defende uma opção preferencial
pelos pobres e um desenvolvimento de fato inclusivo e lança o movimento Ação,
Justiça e Paz. O governo militar critica abertamente o clero dito progressista.
“Em maio de 1969, o padre Antônio Henrique Pereira Neto, coordenador da
Pastoral da Juventude no Recife e assessor do arcebispo, foi sequestrado,
torturado e assassinado, sendo o crime atribuído a extremistas de direita”,
assinala Verônica Veloso. Em
Paris, em 1970, falando para 10 mil pessoas, dom Hélder denuncia torturas de
presos políticos no Brasil. “O que fiz foi defender a justiça. Se combato as
injustiças quando são cometidas em qualquer parte do mundo, por que haveria de
me calar quando essas injustiças e arbitrariedades se passam dentro do meu
país?” O principal sociólogo do país, Gilberto Freyre, autor do seminal
clássico “Casa Grande & Senzala”, pontua que dom Hélder era “aliado do
comunismo internacional”. Líderes da Arena, como Clóvis Stenzel e Roberto Abreu
Sodré, o atacam. Em retaliação, a ditadura proíbe o arcebispo de “discursar no
país, assim como de falar no rádio e na televisão. A imprensa”, censurada “pelo
governo, foi proibida de mencionar seu nome”. Impossibilitado
de falar no país, dom Helder começa um périplo pelo mundo. Mas não esteve em
países comunistas, porque, frisou, “não teria ali a liberdade de falar o que
quero” (ou seja, criticar o próprio comunismo). No exterior, afiançava que era indispensável mudar o mundo, dada a
integração das economias, e não apenas o Brasil. Suas viagens eram autorizadas pelo
papa.
INDICAÇÃO AO Nobel
da Paz E PRÊMIO NIWANO
Em
1974, dom Hélder foi indicado para o Nobel da Paz. “Ficou acertado, por todos
os jurados, que o prêmio lhe seria conferido. No entanto, dois dos cinco
membros do júri terminaram por se demitir, declarando publicamente que os três
outros haviam sucumbido a ‘pressões inconfessáveis’, traindo os compromissos
prévios em torno do nome de dom Helder Câmara”, escreve Verônica Veloso. O
empresário norueguês Tore Munch teria conspirado com militares, empresários e
um embaixador, Jaime de Sousa Gomes, contra a indicação do arcebispo. Em
1978, com a ditadura em fase de abertura, dom Hélder concede entrevista à
revista “Veja” e propõe “a implantação de um sistema político capaz de dar fim
às estruturas injustas”. “O grave é que ao pensarmos em socialismo humano, que
salve efetivamente a pessoa humana e não esmague a liberdade a pretexto de
assegurar a igualdade, a pior contrapropaganda vem da Rússia e da China”, diz o
arcebispo. “Ao lado do inaceitável socialismo materialista, há lugar para socialismos
que, de modo algum, se prendem ao materialismo dialético e ao ateísmo
militante. A Igreja vai admitir que o cristão tente um socialismo que, sem a
ilusão de realizar paraísos na Terra, evite um mundo de oprimidos e
opressores.” Por não conceituar com precisão qual socialismo propõe, inclusive
se é possível um socialismo diferente do soviético ou do chinês, não fica-se
sabendo o que dom Hélder estava de fato propondo.Sintomaticamente,
as alternativas propostas pela esquerda ao socialismo de matiz stalinista são
sempre vagas, imprecisas. O socialismo referencial ainda é o stalinista e o
chinês, filho das políticas de Ióssif Stálin, adotou medidas econômicas —
produzindo um comunismo na política e um capitalismo na economia — tão-somente
para evitar a debacle.Em
1980, no governo do general João Figueiredo, o papa João Paulo 2º visitou o
Brasil e elogiou dom Hélder devido ao seu trabalho com os pobres de Pernambuco.
A ovelha era rebelde, mas muito menos rebelde do que comumente se pensa. O
papa, nesse ano, era um dos combatentes do comunismo, ao lado de Ronald Reagan,
dos Estados Unidos, Helmut Khol, da Alemanha Ocidental, e Margaret Thatcher, da
Inglaterra. O trabalho que reconhecia era o evangélico, o fato de dom Helder
atrair o povão para Igreja Católica. Em
1983, dom Hélder recebeu o prêmio Niwano da Paz, “por seu trabalho em favor dos
pobres e por sua vida dedicada à valorização da dignidade humana, à libertação
da opressão e da pobreza e à promoção da cooperação religiosa com outros
países”. O prêmio é concedido pela Fundação Niwano, organização budista do
Japão. Em
1984, dom Hélder passou a se dedicar à Fundação das Obras de Frei Francisco,
cujo objetivo é ajudar os pobres. Em 1985, com a posse de José Sarney na
Presidência da República, dom Hélder defende a reforma agrária, “como forma de
evitar a violência”, e a Assembleia Constituinte. A
aposentadoria do cargo de arcebispo de Olinda e Recife se dá em 15 de julho de
1985. Dom Hélder elogia o Plano Nacional de Reforma Agrária do governo Sarney.
Era um “bom começo”. Em
1986, o chefe do Gabinete Militar, general Rubens Bayma Denis, o condecora, no
Itamaraty, com a Ordem do Rio Branco. “Eu não mudei. Mas se isto está
acontecendo é sinal de que alguma coisa mudou”, frisa dom Hélder. Nesse ano, a
Prefeitura de Roma concede-lhe o Prêmio Roma-Brasília, Cidade da Paz. Numa
decisão estranha, dom Hélder não assinou um documento da Comissão Pró-Diretas
da OAB-Seção de Pernambuco, que cobrava eleição direta para presidente da
República. Ele alegou que era preciso “equacionar os problemas do país”, pois,
se isto não fosse feito, o sucessor de José Sarney “não resistiria nem seis
meses”. Fernando Collor foi eleito em 1989 e durou mais do que seis meses. Caiu
não por pressões dos militares, e sim devido a uma escalada de corrupção
irrefreável no seu governo.
No fim da
década de 1980, alinha-se ao presidente Sarney e aos conservadores da Igreja
Católica e condena “o filme A Última Tentação de Cristo, de Martin Scorsese,
por enfocar de maneira desrespeitosa a figura de Jesus Cristo”. O arcebispo, um
defensor da liberdade (NÃO LIBERTINAGEM), unia-se aos censores...
Em
1990, defendeu as medidas econômicas do governo de Fernando Collor, que, ao
final, revelaram-se desastrosas. Dom Hélder morreu em 27 de agosto de 1999, aos
90 anos. Dom
Hélder era um homem e religioso contraditório? Era! Mas, sem dúvida, era um
grande homem da Igreja Católica. Merece ser santo? É provável que sim, pois, ao
lado das coisas terrenas, de suas lutas políticas, era um evangelizador. Mas o
homem espartano gostaria de ser santo? Não dá para saber, mas é provável que
não. Se sagrado santo, porém, não “envergonhará” nenhum outro santo.
Infelizmente ao longo do tempo foi feita uma interpretação tendenciosa e equivocada da figura de Dom Helder. As influencias de D. Helder foram a Rerum Novarum de Leão XIII e que deu origem à doutrina social da Igreja. Já a ação engajada se dá pela influência do movimento denominado "Ação Católica", criado pelo Papa Pio XI, em 1938. De fato, as influências do marxismo na teologia da libertação e, desse modo, na Igreja, foram nefastas, mas difamar um homem que amou a Igreja, a serviu e deu sua vida por ela, são no mínimo uma grande incoerência e uma releitura errônea. O próprio D. Hélder questionou certa vez: "Se eu dou comida a um pobre, me chamam de santo, mas se eu pergunto por que ele é pobre, me chamam de comunista". Será que ele estava afirmando que era comunista? Será que ele era soberbo ao ponto de se dizer santo? nenhum nem outro. Dom Helder estava querendo mostrar a incoerência de nossa sociedade e fazer aquilo que é próprio do cristianismo (católico): "Em verdade vos digo, todas as vezes que fizestes isto a um destes meus irmãos mais pequeninos, foi a mim mesmo que o fizestes" (Mt 25,40).Antes que também me interpretem errado, gostaria de afirmar o seguinte: Não tenho qualquer tendência marxista, esquerdista, etc. Sou cristão católico, com valores morais e éticos cristãos. Amo muito minha Igreja e os grandes homens que dela fazem parte e que a constroem dando suas vidas por ela, unindo-se, de algum modo, a Cristo, por assumirem seu batismo e buscarem ardentemente ser cristãos (outros Cristos). Muito me entristeço quando vejo tais atitudes deprimentes que visam denegrir pessoas de bem, ao fazerem afirmações errôneas e infundadas. Pensando em fazer um bem à Igreja, acabam por feri-la e desfigurá-la. Definitivamente essa não é a verdadeira atitude de um cristão, ao menos, não a de um cristão católico. É pelos frutos que se conhece a árvore, e o que Dom Helder plantou foram frutos de santidade e de pertença as causas sociais, pondo em risco a sua própria vida em favor dos mais necessitados e desprovidos da sociedade, lutando ao lado do povo por melhores condições de vida, sem usar a violência, mas violentando-se a si mesmo. Ora se a própria Igreja o abraçou, como não deveríamos ter para com ele o mínimo de respeito a sua memoria? Somos melhores que o magistério da Igreja? Se o próprio João Paulo II, tinha por ele admiração, porque agora denegrir a imagem de um homem de Deus? Salve a Igreja de Cristo! Salve os homens que doam suas vidas pelas causas dos pobres e do reino de Deus.D. Helder Câmara foi
um desses homens raros que Deus nos presenteia em tempos oportunos e que por
onde passam deixam sua marca e jamais passam despercebidos. Com sua luta
política em favor dos pobres, realizou mudanças concretas na vida de
muita gente. Ficou muito distante do sonho de acabar com as favelas, mas
avançou muito mais do que qualquer governo de sua época.
*Francisco José Barros Araújo –
Bacharel em Teologia pela Faculdade Católica do RN, conforme diploma Nº 31.636
do Processo Nº 003/17
BIBLIOGRAFIA:
-Julio LOREDO, L’altro volto di Dom Helder, “Tradizione Famiglia
Proprietà”, novembre 1999, pp. 4-5.
-Luiz
Alberto GOMES DE SOUZA, A JUC. Os estudantes católicos e a política,
Editora Vozes, Petrópolis 1984, p. 156.
-Haroldo LIMA e Aldo ARANTES, História da Ação Popular. Da JUC ao PC do B,
Editora Alfa-Omega, São Paulo 1984, p. 27-28.
-Si veda, per esempio, Scott MAINWARING, The
Catholic Church and Politics in Brazil, 1916-1985, Stanford University
Press, 1986, p. 71.
-Helder PESSOA CÂMARA, Obras Completas, Editora Universitária, Instituto
Dom Helder Câmara, Recife, 2004. Cfr. Massimo INTROVIGNE, Una battaglia
nella notte, Sugarco Edizioni, Milano 2008.
-Plinio CORRÊA DE OLIVEIRA, O Arcebispo vermelho abre as portas da América e
do mundo para o comunismo, “Catolicismo” Nº 218, febbraio 1969. È
interessante confrontare – per rilevarne le numerose somiglianze – il discorso
di Dom Helder con quello tenuto da Ernesto “Che” Guevara all’ONU il 12 dicembre
1964.
-Si
veda Plinio CORRÊA DE OLIVEIRA, TFP pede medidas contra padre subversivo,
“Catolicismo”, Nº 211, luglio 1968.
-Leonardo BOFF, Marxismo na Teologia, in “Jornal do Brasil”, 6 aprile
1980.
-Gustavo GUTIÉRREZ, Praxis de libertação e fé cristã, Appendice a Id., Teologia
da libertação, Editora Vozes, Petrópolis 1975, p. 267, p. 268.
-Gustavo GUTIÉRREZ, Liberation Praxis and
Christian Faith, in Lay Ministry Handbook, Diocese of Brownsville,
Texas 1984, p. 22.
-Julio LOREDO, Teologia della liberazione: un salvagente di piombo per i
poveri, Cantagalli, Siena 2014.
-SACRA CONGREGAZIONE PER LA DOTTRINA DELLA FEDE, Istruzione Libertatis
Nuntius, XI, 10.
-Francisco GRAZIANO NETO, Reforma Agraria de qualidade, in “O Estado de
S. Paulo”, 17 aprile 2012.
-Julio LOREDO, Teologia della liberazione: un salvagente di piombo per i
poveri, pp. 315-338. Il libro può essere richiesto online a info@atfp.it
-https://www.jornalopcao.com.br/colunas-e-blogs/imprensa/dom-helder-camara-de-fascista-esquerdista-deve-se-tornar-santo-catolico-87535/
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