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Leão X – Conheça este Santo Papa que viveu a reforma protestante e que excomungou Lutero

Written By Beraká - o blog da família on sexta-feira, 20 de novembro de 2015 | 11:50








-Papa Leão X - 217º Papa



-Nome de nascimento: Giovanni di Lorenzo de' Medici



-Nascimento: Florença, Itália - 11 de dezembro de 1478



-Eleição: 19 de Março de 1513



-Fim do pontificado: 1 de dezembro de 1521 (8 anos)



-Morte: 1 de dezembro de 1521 (45 anos)



-Antecessor:    Júlio II  


-Sucessor: Adriano VI





Papa Leão X, nascido João de Lourenço de Médici (em italiano: Giovanni di Lorenzo de Medici; 11 de dezembro de 1475 – 1 de dezembro de 1521) foi papa de 1513 até sua morte. Ele foi o último não-sacerdote a ser eleito Papa. Ele é conhecido principalmente por ser o papa do início da Reforma Protestante, iniciada por Martinho Lutero por suas 95 teses e por ter sido o último papa a ter visto a Europa Ocidental totalmente católica. Ele era o segundo filho de Clarice Orsini e Lorenzo de Medici, o governante mais famoso da República de Florença. Seu primo, Giulio di Giuliano de Medici, viria a suceder-lhe como Papa Clemente VII (1523-34).





Vida inicial





Desde sua jovem idade Giovanni e sua família demonstraram interesse por uma carreira eclesiástica. Seu pai pressionou o Papa Inocêncio VIII, que foi obrigado à nomeá-lo cardeal-diácono de Santa Maria em Domnica em março de 1489, quando tinha apenas treze anos, embora ele não tenha sido autorizado a usar as insígnias e demais deliberações do colégio dos cardeais até três anos depois. Giovanni recebeu uma cuidadosa educação na corte de Lorenzo, foi colega de humanistas como: Angelo Poliziano, Pico della Mirandola, Marsilio Ficino e Bernardo Dovizio Bibbiena. De 1489-1491, estudou teologia e Direito Canônico em Pisa sob instrução de Filippo Decio. Em 23 de março de 1492, com apenas 16 anos, foi formalmente admitido no Colégio dos cardeais e assumiu a sua residência em Roma. A morte de Lorenzo no ano seguinte em 8 de abril, fez Giovanni mudar-se para Florença. Ele participou do conclave de 1492 que se seguiu à morte de Inocêncio VIII, e se opôs terminantemente à eleição do cardeal Rodrigo Borgia, que foi eleito como o Papa Alexandre VI. Posteriormente ele morou com seu irmão mais velho, Piero di Lorenzo de Médici em Florença, durante a agitação provocada por Girolamo Savonarola e a invasão do Carlos VIII de França, permanecendo lá até a revolta dos florentinos e a expulsão dos Medici, em novembro de 1494. Enquanto Piero encontrou refúgio em Veneza e Urbino, Giovanni viajou para Alemanha, Holanda e França.Em maio de 1500, retornou a Roma, onde foi recebido com cordialidade por Alexandre VI, e onde viveu por vários anos estudando arte e literatura. Em 1503 ele apoiou Júlio II como papa, e no mesmo ano após a morte de Piero de Medici, Giovanni tornou-se líder de sua família. Em 1 de outubro de 1511, foi nomeado legado papal de Bologna e da Romagna, e quando a república florentina declarou-se a favor dos pisanos cismáticos, Júlio II mandou-o contra sua cidade natal como líder do exército papal. Esta e outras tentativas para recuperar o controle político de Florença foram frustradas, até que uma revolução pacífica permitiu o retorno dos Medici. O irmão mais novo de Giovanni, Giuliano foi colocado na liderança da república, mas Giovanni tinha grande influência no governo.






Vida como Papa






Giovanni foi eleito Papa em 9 de março de 1513, o primeiro a ser eleito na Capela Sistina, com apenas 37 anos, no que foi proclamado dois dias depois. Em 15 de março foi ordenado sacerdote e em 17 de março, ele foi consagrado bispo de Roma pelo cardeal Raffaele Riario, bispo de Ostia e Velletri, e decano do Sacro Colégio dos Cardeais. Ele foi coroado em 19 de março pelo Cardeal Alessandro Farnese, Protodiácono de S. Eustachio.







Quinto Concílio de Latrão






Durante dois ou três anos de intrigas políticas e guerra incessante, o Quinto Concílio Latrão pode realizar muito pouco. O objetivo principal do concilio era a reforma da disciplina e moral da igreja, que só poderia ser obtida adequadamente com consenso dos reinos cristãos, e tanto Leão e o concílio, não conseguiram obter esse acordo. Suas conquistas mais importantes foram o registro na sua décima primeira sessão (9 de dezembro de 1516), com a confirmação da concordata entre Leão X e Francisco I, que estava destinada a regular as relações entre a Igreja francesa e a Santa Sé. Leão fechou o concilio em 16 de março de 1517. Ele conseguiu encerrar o cisma Pisano.





Guerra de Urbino




O ano que marcou o encerramento do Concílio de Latrão também foi marcado pela guerra de Leão contra o Duque de Urbino Francisco Maria I Della Rovere. Leão tinha intenção de que seu irmão Giuliano e, seu sobrinho Lorenzo, tivessem uma brilhante carreira secular. Ele havia chamado os patrícios romanos, que ele havia colocado no encargo de Florença, para criar um reino no centro da Itália, formado por Parma, Piacenza, Ferrara e Urbino.A morte de Giuliano em março de 1516, no entanto, transferiu o favoritismo do papa para Lorenzo. A guerra durou de fevereiro a setembro 1517 e terminou com a expulsão do Duque e a vitória de Lorenzo.







Planos para uma Cruzada






O sultão Selim I conseguiu diversos avanços territoriais e começava a ameaçar invadir a Europa ocidental. Consequentemente, Leão sentiu a necessidade de paralisar o avanço do Império Otomano e elaborou planos para uma cruzada. Uma trégua devia ser proclamada em toda a cristandade, ficando o Papa como o árbitro de disputas, o Imperador do Sacro Império e o Rei de França a liderar o exército e Inglaterra, Espanha e Portugal deviam fornecer a frota; e as forças combinadas deveriam ser dirigidas contra Constantinopla. A diplomacia papal para manter a paz falhou, e por conseguinte os planos para uma cruzada, e grande parte do dinheiro arrecadado foi gasto noutros fins.Em 1519 a Hungria concluiu uma trégua de três anos com Selim I, mas o próximo sultão, Solimão, o Magnífico, recomeçou a guerra em Junho de 1521 e a 28 de Agosto capturou a cidadela de Belgrado. O Papa demonstrou-se muito assustado, e enviou cerca de 30.000 ducados para ajudar os cristãos húngaros.





Cismas e heresias






Leão foi perturbado por todo o seu pontificado por heresias e cismas, especialmente a Rebelião desencadeada por Martinho Lutero.






O cisma protestante





Em resposta a preocupações sobre a má conduta de alguns funcionários da igreja, em 1517 Martinho Lutero postou suas noventa e cinco teses na porta da igreja em Wittenberg. Leão não conseguiu compreender totalmente a importância do movimento, e em fevereiro de 1518 dirigiu-se ao vigário-geral dos Agostinianos para controlar os seus monges.Em 30 de Maio, Lutero enviou uma explicação de suas teses ao papa, em 7 de agosto, ele foi intimado a comparecer em Roma. Um acordo foi efetuado, no entanto, segundo o qual a petição foi cancelada, e Lutero foi para Augsburgo em outubro de 1518 para explicar-se ao legado papal, Cardeal Caetano, mas nem os argumentos do cardeal, nem a bula papal de 9 de Novembro fez Lutero retrair-se. Um ano de negociações infrutíferas se seguiram, durante os quais a controvérsia espalhou-se por todos os Estados alemães.A bula papal adicional Exsurge Domine de 15 de junho de 1520 condenou quarenta e uma proposições extraídas dos ensinos de Lutero, e foi levado para a Alemanha por Eck, na sua qualidade de núncio apostólico. Leão formalmente excomungou Lutero pela bula de 3 de janeiro de 1521.Foi também sob o pontificado de Leão que o movimento protestante foi criado na Escandinávia. O papa tinha em 1516, enviado o núncio papal Arcimboldi para a Dinamarca. O Rei Cristiano II, que desejava consolidar seu poder, expulsou Arcimboldi em 1520 e convocou teólogos luteranos para Copenhague. Cristiano aprovou um plano pelo qual uma igreja estatal devia ser estabelecida na Dinamarca, todos os apelos para a Santa Sé deviam ser abolidos, e o rei devia possuir a jurisdição final em causas eclesiásticas. Leão enviou um novo núncio para Copenhague (1521), Francesco Minorite de Potentia, que resolveu parcialmente o problema.







Papel nas Guerras Italianas e anos finais





Leão apoiou o rei Luís XII de França e ratificou uma aliança com Veneza, fazendo um esforço para recuperar o Ducado de Milão, após tentativas infrutíferas para manter a paz, se juntou a Liga dos Mechlin em 5 de abril de 1513 com o imperador Maximiliano I, Fernando II de Aragão e Henrique VIII de Inglaterra. Os franceses e os venezianos tiveram sucesso primeiramente, mas foram derrotados em junho, na Batalha de Novara. Os venezianos continuaram a luta até outubro. Em 9 de Dezembro, foi ratificada a paz com Luís XII.Uma nova crise ocorreu entre o Papa e o novo rei da França, Francisco I, que desejava recuperar Milão e o Reino de Nápoles. Leão então formou uma nova liga com o imperador e o rei da Espanha, e obteve apoio inglês. Francisco invadiu a Itália em agosto e em 14 de Setembro ganhou a Batalha de Marignano. Em outubro, Leão retirou as suas tropas de Parma e Piacenza, concentrando-as na defesa de Roma e Florença.A morte do imperador Maximiliano em 1519 afetou seriamente a situação. Leão vacilava em apoiar os candidatos para a sua sucessão, inicialmente ele favoreceu Francisco I. Ele finalmente aceitou Carlos V da Espanha como o sucessor inevitável, e a eleição de Carlos (28 de junho de 1519) ocasionou a deserção de Leão de sua aliança francesa. Leão demonstrou-se ansioso para unir Ferrara, Parma e Piacenza para os Estados da Igreja. Uma tentativa final de 1519 para anexar Ferrara falhou, e o Papa reconheceu a necessidade de ajuda externa. Em maio de 1521, um tratado de aliança foi assinado em Roma entre ele e o imperador. Milão e Génova seriam tomadas da França e reanexadas ao Império Romano-Germânico, e Parma e Piacenza seriam anexadas aos Estados da Igreja após a expulsão dos franceses. A despesa de alistar 10.000 suíços foi distribuída equitativamente entre o papa e o imperador. Carlos tomou Florença e colocou-a sob proteção da família Médici. Leão concordou em coroá-lo imperador em Nápoles, para ajudar em uma guerra contra Veneza. Estava previsto que a Inglaterra e os suíços poderiam participar. Henrique VIII anunciou sua adesão, em agosto. Francisco I já tinha começado a guerra contra Carlos em Navarra. E, na Itália, também, os franceses fizeram o primeiro movimento hostil em 23 de junho de 1521. Leão pediu que Francisco cedesse Parma e Piacenza. Em novembro 1521 as tropas papais capturariam as províncias, assim como Milão do franceses. Durante seu pontificado Leão reformou drasticamente o Colégio dos Cardeais, combatendo a corrupção e fazendo uma mudança radical na instituição. Em 3 de julho de 1517, ele publicou os nomes dos trinta e um novos cardeais, um número quase sem precedentes na história do papado. As indicações eram de homens notáveis como Lorenzo Campeggio, Giambattista Pallavicini, Adriano de Utrecht, Tomás Caetano, Cristoforo Numai e Egídio Canísio. Tendo ficado doente de broncopneumonia, Leão X morreu repentinamente em 1 de dezembro de 1521, sem nem mesmo a extrema unção lhe pudesse ser administrada, mas as suspeitas contemporâneas de veneno eram infundadas. Ele foi enterrado na Igreja de Santa Maria sopra Minerva.








Controvérsias e falsas acusações de seus adversários!







Anteriormente foram escritos muitos fatos conflitantes e difamatórios sobre a personalidade e as realizações de Leão X, uma vez que pontificou durante a criação do protestantismo. Estudos mais recentes têm questionado a veracidade histórica de várias dessas alegações.







Um relatório do embaixador veneziano Marino Giorgi de março 1517, indica algumas de suas características predominantes:









“O papa é um bem-humorado e extremamente livre, homem de coração, que evita todas as situações difíceis e, acima de tudo quer a paz, ele ama a aprendizagem; o direito canônico e a literatura, possui um conhecimento notável, ele é, aliás, um músico excelente!”







Vários historiadores têm sugerido que Leão seria homossexual, esses setores sustentam sua posição citando cartas de Francesco Guicciardini, que aludem a ativas relações homossexuais por parte de Leão - alegando que o conde Ludovico Rangone e Galeotto Malatesta seriam seus amantes. Outros setores difamatórios, por sua vez, afirmam que ele morreu na cama, envolvido em um ato sexual com uma jovem. Quando ele se tornou papa, é frequentemente citado que Leão X disse ao seu irmão Giuliano: "Desde que Deus nos deu o papado, vamos desfrutá-lo", mesmo que nessa época seu irmão não estivesse em Roma. Alguns setores chegaram a sustentar que o papa seria ateu, embora não haja qualquer prova que indique isto. No entanto, tais frases e eventos atribuídos a Leão X, ilustram a falta de seriedade e revanchismo exacerbado relacionado ao Papa. Cesare Falconi defendeu que Leão seria apaixonado pelo nobre veneziano Marcantonio Flaminio. Von Pastor argumentou, no entanto, contra a credibilidade desses depoimentos, e rejeitou as acusações de imoralidade, como polêmicas antipapais. Por exemplo, Gucciardini não era residente na corte papal durante o pontificado de Leão e sendo seu inimigo, desejava evidentemente difamá-lo. Outros contemporâneos de Leão que conviveram com ele, como Mateus Herculano elogiaram sua castidade. Strathern argumenta que Leão não era sexualmente ativo como papa!





Legado de Leão X para a santa mãe igreja:





1)- Condenação da escravidão e defesa do abolicionismo: Leão X, seguindo os documentos precedentes de seus antecessores Pio II e Eugênio IV, emitiu documentos para os reinos de Portugal e da Espanha contra o tráfico negreiro, e mandando restituir à liberdade os escravos.




2)- Instituições de caridade: Leão X foi também pródigo em caridade: asilos, hospitais, conventos, soldados feridos, peregrinos, estudantes pobres, exilados, aleijados, doentes e outras pessoas foram auxiliadas, sendo que mais de 6.000 ducados foram anualmente distribuídas em esmolas.




3)- Papel na educação: Leão escreveu uma constituição em 5 de novembro de 1513 reformando a universidade romana, que tinha sido negligenciada por Júlio II. Ele restaurou todas as suas faculdades, concedeu salários maiores para os professores, e convocou professores de outras localidades como Pádua ou Bolonha para lecionar na universidade, em 1514 esta faculdade possuía oitenta e oito professores. Leão chamou João Láscaris a Roma para dar aulas de grego, e comprou uma prensa tipográfica de grego em 1515, imprimindo os primeiros livros nessa língua na Itália. Leão também favoreceu a população judaica dos Estados da Igreja. Ele fez Rafael cuidar das antiguidades clássicas de Roma e seus arredores. Os latinistas Pietro Bembo e Jacopo Sadoleto foram secretários do papa, assim como o famoso poeta Bernardo Accolti.Outros poetas, foram Marco Girolamo Vida, Gian Giorgio Trissino e escritores como Matteo Bandello.





4)- Papel nas artes e na arquitetura: Leão possuía grande interesse em arte e literatura, patrocinando-as em larga escala, o que lhe deu um lugar de destaque entre os papas. Tornou Roma o centro da cultura. Apesar de ainda um cardeal, restaurou a igreja de Santa Maria e, como papa mandou construir San Giovanni dei Fiorentini, na Via Giulia. Também patrocinou os projetos de Jacopo Sansovino e da Basílica de São Pedro, no Vaticano, de Rafael Sanzio e Agostino Chigi.





5)- Na cultura moderna: Uma vez que Leão X viveu durante a criação das primeiras linhas de pensamento protestante, e as condenou através da bula Exsurge Domine, esse documento; primeiro a condenar formalmente o protestantismo, se tornou magisterialmente o precedente contra essa religião no catolicismo, razão pela qual, o decreto consta no "Denzinger", um compêndio que reúne os principais expoentes doutrinais da Igreja.No cinema, televisão e na literatura, por outro lado, Leão X aparece principalmente em filmes ou documentários que lidam com a vida do reformador alemão Martinho Lutero. Em 1968, nos filmes sobre Lutero, ele foi interpretado por Robert Morley, e em 1974 por Tom Baker, e em 2003 por Uwe Ochsenknecht. Usualmente o papa é caricaturado como corrupto e bonachão, seguindo aos esterótipos predominantes de seus detratores do passado e do presente.







O Brasão Papal DE LEÃO X















1)- Descrição: Escudo eclesiástico de jalde com cinco arruelas de goles postas: 2,2 e 1; acompanhadas em chefe de uma arruela maior de blau carregado com três flores de lis de jalde postas: 2 e 1. O escudo está assente em tarja branca. O conjunto pousado sobre duas chaves decussadas, a primeira de jalde e a segunda de jalde, atadas por um cordão de goles, com seus pingentes. Timbre: a tiara papal de argente, com três coroas de jalde. Quando são postos suportes, estes são dois anjos da encarnação, sustentando cada um, na mão livre, uma cruz trevolada tripla, de jalde.





2)- Interpretação: O escudo obedece às regras heráldicas para os eclesiásticos. Nele estão representadas as armas familiares do pontífice, os Medici, que eram também presentes nos brasões dos papas: Clemente VII, Pio IV e Leão XI. O campo de jalde (ouro) simboliza: nobreza, autoridade, premência, generosidade, ardor e descortínio. As arruelas são círculos de esmalte que para alguns autores representam a sorte, por imitarem a face de um dado; para outros representam um plano de corte de um tronco de árvore e ainda a matéria prima que pode ser comercializada e transformada em moeda. As arruelas de goles (vermelho), também ditas “guses”, representam, por seu esmalte, valor, empreendimento, ousadia e ainda o fogo da caridade inflamada no coração do Soberano Pontífice pelo Divino Espírito Santo, que o inspira diretamente do governo supremo da Igreja, bem como valor e o socorro aos necessitados, que o Vigário de Cristo deve dispensar a todos os homens. A arruela de blau (azul), também dita “heurte”, carregada de três flores-de-lis, são o símbolo da Casa Real da França, á qual se ligou a Casa de Médici. Os elementos externos do brasão expressam a jurisdição suprema do papa. As duas chaves "decussadas", uma de jalde (ouro) e a outra de argente (prata) são símbolos do poder espiritual e do poder temporal. E são uma referência do poder máximo do papa como sucessor de Pedro conforme o episódio evangélico conhecido como Confessio Petri. Por conseguinte, as chaves são o símbolo típico do poder dado por Cristo a São Pedro e aos seus sucessores. A tiara papal, usada como timbre, recorda, por sua simbologia, os três poderes papais: de Ordem, Jurisdição e Magistério, e sua unidade na mesma pessoa.







*Este artigo incorpora texto da Encyclopædia Britannica (11ª edição), publicação em domínio público.







Bibliografia:





•Luther Martin. Luther's Correspondence and Other Contemporary Letters, 2 vols., tr.and ed. by Preserved Smith, Charles Michael Jacobs, The Lutheran Publication Society, Philadelphia, Pa. 1913, 1918. vol.I (1507-1521) and vol.2 (1521-1530) from Google Books. Reprint of Vol.1, Wipf & Stock Publishers (March 2006). 



•Ludwig von Pastor, History of the Popes from the Close of the Middle Ages; Drawn from the Secret Archives of the Vatican and other original sources, 40 vols. St. Louis, B.Herder 1898



•Vaughan, Herbert M. The Medici Popes. New York: G.P. Putnam’s Sons, 1908.



•Zophy, Jonathan W. A Short History of Renaissance and Reformation Europe Dances over Fire and Water. 1996. 3rd ed. Upper Saddle River, New Jersey: Prentice Hall, 2003.






Fonte: Wikipedia





 

 

CARTA DE LUTERO AO PAPA LEÃO X EXALTANDO A RETIDÃO E SANTIDADE DESTE PAPA [6 de Setembro de 1520]

 

 

 

 

 

Martinho Lutero saúda Leão X, Pontífice Romano, em Cristo Jesus, nosso Senhor. Amém!

 

 

[Vivendo] entre os monstros desta época, com os quais já pelo terceiro ano me ocupo e luto, às vezes sou obrigado a dirigir o olhar e a recordar-me também de ti, Beatíssimo Pai Leão. E mais: como aqui e ali tu és considerado a única causa de minha luta, não posso jamais deixar de me lembrar de ti. E certo que a injustificada fúria de teus ímpios aduladores me coagiu a apelar de tua sé a um futuro concilio, em nada respeitando as vaníssimas disposições de teus predecessores Pio e Júlio, que, com estulta tirania, o proíbem. Não obstante, entrementes jamais alienei meu ânimo de Tua Beatitude ao ponto de não desejar, com todas as minhas forças, o melhor para ti e para tua sé e de não rogar a Deus por isso, com diligência e com preces gemebundas, tanto quanto pude. É verdade que comecei a quase desprezar e a triunfar sobre os que até agora tentaram me aterrorizar com a majestade de tua autoridade e de teu nome. Vejo, contudo, que resta uma coisa que não posso desdenhar e que me levou a voltar a escrever a Tua Beatitude: é de meu conhecimento que me acusam e me imputam como grave falta minha temeridade, devido à qual julgam que não poupei nem sequer tua pessoa. Eu, porém — para tratar do assunto abertamente —, estou cônscio de haver dito tão- somente coisas magníficas e ótimas a teu respeito onde quer que tive de fazer menção de tua pessoa. Mas se houvesse agido de outra forma, eu mesmo não poderia aprová-lo de modo algum e estaria inteiramente de acordo com o juízo que aqueles fazem a meu respeito. Neste caso, não há nada que eu faria com maior prazer do que retratar essa minha temeridade e impiedade. Chamei-te de Daniel na Babilônia, e qualquer leitor percebe perfeitamente com quão egrégio zelo defendi tua insigne inocência contra teu contaminador Silvestre. Com efeito, tua reputação e a fama de tua vida irrepreensível, cantadas em todo o orbe pelos escritos de tantos grandes homens, são por demais célebres e augustas para serem atacadas de qualquer maneira por qualquer pessoa, por maior que seja seu renome. Não sou tolo ao ponto de ultrajar a quem todos só o fazem louvar! Sim, sempre procurei e sempre procurarei não ultrajar nem mesmo as pessoas que a opinião pública desonra. Não me deleito com o crime de ninguém, pois eu mesmo estou suficientemente cônscio da grande trave que está em meu próprio olho e não posso ser o primeiro a atirar uma pedra na adúltera. É certo que, de modo geral, investi acremente contra doutrinas ímpias e mordi os adversários de uma maneira nada indolente, não por causa de seus maus costumes, mas por causa de sua impiedade. E não me arrependo disso, tanto assim que resolvi, desprezando o juízo dos seres humanos, perseverar nesse zelo veemente, a exemplo de Cristo que, por causa de seu zelo, chama seus inimigos de raça de víboras, cegos, hipócritas, filhos do diabo. E Paulo acusa o mago de filho do diabo, cheio de todo dolo e malícia, a alguns chama de cães, enganadores, falsificadores. Se aceitássemos o juízo desses ouvintes delicados, ninguém seria mais mordaz e imodesto do que Paulo. Quem é mais mordaz do que os profetas? Realmente, a vesana multidão dos aduladores tornou os ouvidos deste século tão delicados que, tão logo sentimos que não somos aprovados, clamamos que estamos sendo mordidos, e quando não podemos repelir a verdade com outra desculpa, fugimos sob o pretexto da mordacidade, da impaciência, da imodéstia. De que serve o sal se não morde? De que serve o fio da espada se não corta? "Maldito o homem que fizer a obra do Senhor fraudulentamente." [Jr 48.10.] Por esta razão, excelentíssimo Leão, rogo que me consideres desculpado com esta carta e te persuadas de que jamais pensei nada de mal a respeito de tua pessoa, de que sou alguém que te deseja o melhor em eternidade e de que não tenho contenda com ninguém acerca de costumes, mas unicamente acerca da palavra da verdade. Em todas as outras coisas cederei a qualquer um, porém não posso nem quero abandonar e negar a palavra. Quem tem outra opinião a meu respeito ou entende meus [escritos] de outra forma não tem uma opinião correta nem entende verdadeiramente. No entanto, eu realmente repeli tua Sé, que se chama de Cúria Romana. Ora, nem tu nem qualquer outra pessoa pode negar que ela é mais corrupta do que qualquer Babilônia e Sodoma. Tanto quanto compreendo, ela é de unia impiedade inteiramente deplorável, sem esperanças e notória. Fiquei indignado com o fato de que se escarnece do povo cristão sob teu nome e sob o pretexto da Igreja Romana. E assim resisti e resistirei enquanto o espírito da fé viver em mim. Não que eu pretenda o impossível e espere que apenas graças a mim alguma coisa seja promovida nessa confusíssima Babilônia, visto que me combatem tantos aduladores furiosos. Reconheço, porém, que estou em dívida com meus irmãos, a quem devo aconselhar para que um menor número deles seja arruinado pelas pestes romanas ou sejam arruinados de uma forma menos grave. Com efeito, tu mesmo não ignoras que já há muitos anos não parte de Roma e inunda o orbe outra coisa senão devastação dos bens, corpos e almas, bem como péssimos exemplos das piores coisas. Pois para todas essas coisas são mais claras do que a luz, e a Igreja Romana, outrora a mais santa de todas, se transformou num licenciosíssimo antro de salteadores, no lupanar mais impudente de todos, no reino do pecado, da morte e do inferno, de modo que nem o anticristo, se viesse, poderia cogitar algo para acrescem ai à maldade.Neste meio tempo, tu, Leão, estás sentado como um cordeiro em meio aos lobos, como Daniel em meio aos leões, e moras, com Ezequiel, entre escorpiões. O que podes tu sozinho opor a esses monstros? Ainda que juntasses a ti três ou quatro cardeais eruditíssimos e ótimos, o que seriam eles entre tantos [outros]? Todos vós morreríeis envenenados antes que vos antecipásseis estatuindo [um decreto] para remediar a situação. A Cúria Romana está perdida. A ira de Deus a atingiu até o fim. Odeia os concílios, tem medo de ser reformada, não pode mitigar o furor de sua impiedade e cumpre o epitáfio de sua mãe, a respeito da qual é dito: "Curamos Babilônia, e ela não sarou; abandonemo-la." [Jr 51.9.] É certo que teria sido obrigação tua e de teus cardeais tratar esses males, mas essa podagra se ri da mão saradora, e nem o carro nem o cavalo obedecem às rédeas. Movido por esse sentimento, sempre Iamentei, excelentíssimo Leão, que foste feito pontífice nesta época, pois eras digno de tempos melhores. Já a Cúria Romana não merece a ti nem pessoas semelhantes, e sim ao próprio Satanás, que, na verdade, reina mais do que tu nessa Babilônia. Oxalá renunciasses àquilo que teus inimigos depravados jactam ser tua glória e vivesses de uma modesta subsistência sacerdotal própria ou de herança paterna! Jactar-se dessa glória merecem unicamente os iscariotes, filhos da perdição. O que fazes na Cúria, estimado Leão? Somente isto: quanto mais celerado e execrável for alguém, com tanto maior êxito usará teu nome e tua autoridade para arruinar os bens e as almas, para multiplicar os crimes e para oprimir a fé e a verdade, bem como toda a Igreja de Deus. Ó infelicíssimo Leão, realmente estás sentado num sólio perigosíssimo! Digo-te a verdade porque quero o teu bem. Pois se Bernardo se compadece de seu Eugênio, embora até então a Sé Romana imperasse com melhor esperança (se bem que também naquela época era corruptíssima), por que não haveríamos nós de queixar-nos — nós que, em 300 anos, tivemos tamanho acréscimo de corrupção e perdição? Não é verdade que sob este vasto céu não há nada mais corrupto, pestilento e odioso do que a Cúria Romana? Com efeito, suplanta incomparavelmente a impiedade dos turcos, de modo que ela, que antigamente era a porta do céu, em realidade agora é uma boca aberta do inferno, uma boca que não pode ser fechada por causa da ira de Deus que acossa. Resta apenas uma possibilidade a nós, míseros que somos: a de poder chamar alguns de volta e salvá-los dessa bocarra romana, como disse. Vê, meu Pai Leão, com que desígnio e por que razão ataquei violentamente essa Sé pestilenta. Com efeito, tão pouco me propus maltratar tua pessoa, que esperei que até mereceria teu reconhecimento e obraria por tua salvação se arremetesse estrênua e acremente contra esse teu cárcere, sim, contra esse teu inferno. Pois aproveitará a ti, a tua salvação e a muitos outros contigo Indo o que o ímpeto de todas as inteligências possa realizar contra a confusão dessa ímpia Cúria. Quem faz mal a ela faz teu ofício; quem a execra de todos os modos glorifica a Cristo; em suma: quem não é romano é cristão. No entanto, para falar mais amplamente, [digo ainda que] jamais tive o propósito de investir contra a Cúria Romana ou debater sobre qualquer coisa a ela relacionada. Ao ver que todos os remédios para salvá-la eram sem esperança, desprezei-a e, dando-lhe termo de divórcio, disse-lhe: "Que o sórdido continue sendo sórdido, e que o imundo continue sendo imundo." [Ap 22.11]. Dediquei-me a plácidos e quietos estudos das Sagradas Escrituras, para, através deles, ser útil aos irmãos que me cercam. Quando eu tinha feito algum progresso nisto, Satanás abriu seus olhos e estimulou seu servo João Eck, insigne adversário de Cristo, com um desenfreado desejo de glória, para arrastar-me a um debate com o qual eu não contava, apanhando-me numa palavrinha — que me escapara de passagem — a respeito do primado da Igreja Romana. Aqui aquele vaidoso Traso, espumando e rangendo os dentes, jactava-se de que tudo ousaria em favor da glória de Deus e da honra da santa Sé Apostólica. Inflado [com a possibilidade] de abusar de teu poder, nada esperava com maior certeza do que uma vitória. Ele buscava não tanto o primado de Pedro quanto seu próprio primado entre os teólogos desta época. Julgava que, para esta finalidade, um triunfo sobre Lutero teria não pouca importância. Quando [o debate] acabou mal para o sofista, uma fúria incrível exasperou o homem, pois achava que tão-somente ele era culpado pelo fato de que a infâmia romana veio à luz por meu intermédio. Rogo-te, excelente Leão, que me permitas defender aqui uma vez minha própria causa e acusar teus verdadeiros inimigos. Suponho que seja de teu conhecimento o que comigo tratou o cardeal de S. Sixto, teu legado, um homem imprudente e infeliz, mais ainda: infiel. Quando coloquei em suas mãos — por reverência a teu nome — a mim e toda a minha causa, ele não tratou de estabelecer a paz, o que poderia ter feito com uma única palavrinha, visto que, naquela ocasião, eu prometi guardar silêncio e pôr um fim à causa se meus adversários recebessem a mesma ordem. Entretanto, o homem da glória, não contente com esse acordo, começou a justificar os adversários, a dar-lhes [plena] liberdade e a ordenar que eu me retratasse, o que absoluta mente não fazia parte de seu mandato. Aqui, quando as coisas estavam em ótimo estado, sua importuna tirania fez com que piorassem muito. Por isso, toda a culpa por tudo o que se seguiu não é de Lutero, mas de Caetano, que não permitiu que eu me calasse e ficasse quieto, o que, naquela ocasião, pedi com todas as forças. Que mais deveria eu ter feito? Seguiu-se Carlos von Miltitz — também ele um núncio de Tua Beatitude —, que, com muito e variado esforço, correndo e tornando a correr para lá e para cá e nada omitindo que contribuísse para reparar o estado da questão (que Caetano havia turbado por sua inconsideração e soberba), finalmente conseguiu — também com o auxílio do ilustríssimo príncipe-eleitor Frederico falar comigo pessoalmente uma e outra vez. Mais uma vez não resisti a teu nome, disposto a silenciar e também a aceitar como árbitro ou o arcebispo de Trier ou o bispo de Naumburgo. Assim foi feito e impetrado. Enquanto essas coisas estavam em andamento com boas perspectivas, eis que leu outro e maior inimigo, Eck, atacou com o Debate de Leipzig, que tinha empreendido contra o Dr. Karlstadt. Quando surgiu uma nova questão acerca do primado do papa, ele inesperadamente voltou suas armas contra mim e destruiu completamente o acordo de paz. Entrementes, Carlos von Miltitz esperava. O debate foi feito, os árbitros foram escolhidos, mas também aqui não se chegou a uma decisão. Isto não é de admirar, visto que, por causa das mentiras, simulações e ardis de Eck, tudo em toda parte estava sobremodo turbado, exulcerado e confundido. Assim sendo, para onde quer que se inclinasse o veredito, teria surgido um incêndio maior, pois ele buscava a glória, não a verdade. Também aqui não omiti nada do que eu deveria ter feito. Confesso que nessa ocasião veio à luz não pequena porção das corruptelas romanas. Contudo, se alguma falta foi cometida nisto, é culpa de Eck, que assumiu um encargo que está acima de suas forças. Enquanto persegue sua própria glória feito um louco, revela a ignomínia romana a todo o mundo. Ele é aquele inimigo teu, meu Leão, ou melhor, de tua Cúria. Do exemplo deste único homem podemos aprender que não há inimigo mais pernicioso que o adulador. Com efeito, que promoveu ele com sua adulação senão um mal que nem mesmo um rei teria podido promover? Pois hoje em dia o nome da Cúria Romana cheira mal no mundo, e a autoridade papal enlanguesce; a famosa ignorância tem má reputação. Nada disso chegaria aos nossos ouvidos se Eck não tivesse perturbado o plano de paz que Carlos e eu fizemos. Ele mesmo percebe isto claramente agora, indignando-se, tarde demais e em vão, com a publicação de meus escritos. Ele deveria ter pensado nisso quando, como um cavalo relinchante, buscava insanamente a glória e não perseguia outra coisa senão seu próprio interesse contra ti, ainda que com o máximo perigo para ti. O homem vaníssimo esperava que eu pararia e me calaria por temor a teu nome, pois não creio que sua presunção se devia a sua inteligência e erudição. Agora que vê que confio muito e [continuo a] falar, ele se arrepende tarde demais de sua temeridade, compreendendo — se é que compreende que há alguém no céu que resiste aos soberbos e humilha os presunçosos. Assim, pois, como através desse debate nada conseguimos senão uma maior confusão da causa romana, pela terceira vez Carlos von Miltitz se dirigiu aos pais da ordem congregados em capítulo e pediu conselho para apaziguar a controvérsia, que já estava extremamente disturbada e perigosa. Visto que, com o favor de Deus, não havia esperança de proceder contra mim pela força, enviaram a mim alguns dos mais célebres deles, que pediram que eu pelo menos honrasse a pessoa de Tua Beatitude e, numa carta humilde, alegasse como escusa minha inocência e a tua. [Disseram que] a questão ainda não estava num estado de extremo desespero, se Leão X, por sua inata bondade, a tomasse em suas mãos. Como eu sempre ofereci e desejei a paz, para dedicar-me a estudos mais plácidos e úteis, e, contra isto mesmo, fiz tumulto com tão grande paixão para conter, através da magnitude e do ímpeto das palavras e da inteligência, os que me pareciam muitíssimo inferiores a mim, não só cedi de bom grado, mas também o aceitei com alegria e gratidão como um gratíssimo benefício, se fosse conveniente para satisfazer nossa esperança. Assim venho, Beatíssimo Pai, e ainda prostrado rogo que, se possível, intervenhas e ponhas um freio a esses aduladores, que são inimigos da paz enquanto simulam paz. Mas que ninguém presuma que eu vá me retratar, Beatíssimo Pai, a menos que prefira envolver a questão num turbilhão ainda maior. Além disso, não admito leis de interpretação da palavra de Deus, pois esta, que ensina a liberdade de todas as outras coisas, não deve estar presa. Salvo estas duas coisas, nada há que eu não possa fazer e sofrer e que não queira fazer e sofrer com a maior boa vontade. Odeio contenções. Não provocarei ninguém, mas, em troca, não quero ser provocado. Se, porém, for provocado, como Cristo é meu mestre, não ficarei mudo. Tua Beatitude poderá, chamando a si e extinguindo essas contenções com uma palavra breve e fácil, ordenar que ambas as partes guardem silêncio e paz. É isto o que sempre desejei ouvir. Por conseguinte, meu pai Leão, toma cuidado para não dar ouvidos a essas sereias, que não fazem de ti um simples ser humano, mas um semideus, de modo que possas ordenar e exigir o que quiseres. Não acontecerá assim, e não prevalecerás. És o servo dos servos e estás, mais que todas as pessoas, numa posição misérrima e perigosíssima. Não te deixes enganar pelos que fazem de conta que tu és o senhor do mundo, que não permitem que alguém seja cristão sem [submeter-se] a tua autoridade e tagarelam que tens poder sobre o céu, o inferno e o purgatório. Eles são teus inimigos e procuram causar a perdição de tua alma, como diz Isaías: "Ó povo meu, os que te chamam de bem-aventurado são os que te enganam." [Is 3.12] Erram os que te elevam acima de um concilio e da Igreja universal. Erram os que atribuem unicamente a ti o direito de interpretar a Escritura. Pois eles procuram estatuir todas as suas próprias impiedades na Igreja sob teu nome, e, infelizmente, através deles Satanás fez muito progresso sob teus predecessores. Em suma: não creias em ninguém que te exalta, mas sim em quem te humilha. Pois este é o juízo de Deus: "Depôs os poderosos do trono e exaltou os humildes." [Lc 1.52.] Vê quão diferente é Cristo de seus sucessores, embora todos queiram ser vigários dele. E temo que de fato muitos deles sejam vigários dele com excessiva seriedade. Pois um vigário é vigário quando o chefe está ausente. Se o pontífice governa quando Cristo está ausente e não habita no coração dele, que outra coisa é senão vigário de Cristo? Ora, o que é então essa Igreja senão uma multidão sem Cristo? O que, porém, é tal vigário senão um anticristo e um ídolo? Quão mais corretamente [procedem] os apóstolos, que se denominam servos do Cristo presente, e não vigários do Cristo ausente! Talvez eu seja impudente por parecer ensinar tão grande sumidade, da qual todos precisam aprender e da qual, como jactam tuas pestilências, os tronos dos juízes recebem a sentença. Sigo o exemplo de São Bernardo no livrinho Da consideração, dirigido ao papa Eugênio, livrinho este que todo pontífice deveria saber de cor. E não faço isso com a intenção de ensinar, mas por dever de uma solicitude pura e fiel, que nos obriga a nos preocupar com nossos próximos em todas as coisas, mesmo nas que são seguras, e não permite considerar a dignidade ou indignidade, dando atenção tão-somente aos perigos e às vantagens dos outros. Como sei que és revolvido e agitado pelas ondas em Roma, isto é, em alto-mar, acossado por infinitos perigos por todos os lados, e trabalhas em tal situação de miséria, que necessitas também da menor ajuda de qualquer um dos menores irmãos, não me parece absurdo se eu esquecer de tua majestade enquanto cumpro um dever da caridade. Não quero adular numa questão tão séria e perigosa. Se não entenderem que, nisso, sou teu amigo e mais do que sujeito a ti, há alguém que entende e julga. Por fim, para não chegar de mãos vazias, Beatíssimo Pai, trago comigo este pequeno tratado, publicado sob teu nome, como um auspício da paz a ser feita e de boa esperança. Nele podes provar com que estudos eu preferiria e poderia ocupar-me de modo mais fecundo, se teus ímpios aduladores o permitissem e tivessem permitido até agora. É uma coisa pequena, se se considera o volume. No entanto, a menos que eu me engane, é a suma da vida cristã exposta resumidamente, se se capta o sentido. Pobre que sou, não tenho outra coisa com que obsequiar-te, e tu não precisas ser enriquecido senão por um obséquio espiritual. Com isto encomendo a mim mesmo à Tua Paternidade e Beatitude, que o Senhor Jesus preserve perpetuamente. Amém.

 

 

 

 

Wittenberg, 6 de setembro de 1520

 









Bula Papal: EXSURGE DOMINE

(Leão X - 15.06.1520)








Erguei-vos, Senhor, e julgai vossa própria causa. Lembrai-vos de vossas censuras àqueles que estão o dia todo cheios de insensatez. Ouvi nossas preces, pois raposas avançam procurando destruir a vinha em cujo lagar só Vós tendes pisado. Quando estáveis perto de subir a vosso Pai, entregastes o cuidado, norma e administração da vinha, uma imagem da igreja triunfante, a Pedro, como cabeça e vosso vigário e a seus sucessores.













O javali da floresta procura destrui-la e toda fera selvagem vem devastá-la.Erguei-vos, Pedro, e realizai o serviço pastoral divinamente confiado a Vós, como já dito. Prestai atenção à causa da santa Igreja Romana, mãe de todas as igrejas e mestra da fé, que Vós por ordem de Deus santificastes com vosso sangue. Bem que avisastes que viriam falsos mestres contra a Igreja Romana, para introduzir seitas ruinosas, atraindo sobre eles rápidas condenações. Suas línguas são de fogo, mal incansável, cheias de mortal veneno.Eles possuem zelo amargo, discórdia em seus corações, vangloriam-se e mentem contra a verdade. Suplicamos a vós também, Paulo, para erguer-vos. Fostes vós que esclarecestes e iluminastes a Igreja com vossa doutrina e com vosso martírio, como o de Pedro, Agora, um novo Porfírio se levanta que, como o outro do passado, cheio de erros assediou os santos apóstolos, e agora ataca os santos pontífices, nossos predecessores. Ele os reprova por violação a vosso ensinamento, em vez de implorá-los, e não tem pudor de atacá-los, de lamentá-los, e quando se desespera de sua causa, de rebaixar-se aos insultos. Ele é como os hereges" cuja última defesa" ,como disse Jerônimo,"é pôr-se a vomitar veneno de serpente com sua língua, quando vêem que suas causas estão para ser condenadas, e explodem em insultos quando se vêem vencidos". Embora tenhais dito que deveria haver heresias para testar a fé, ainda assim eles devem ser destruídos no próprio berço por vossa intercessão e ajuda, e, assim, não crescerão nem se tornarão fortes como vossos lobos.











Finalmente, que se levante toda a Igreja dos santos e a Igreja universal. Alguns, pondo de lado a verdadeira interpretação da Sagrada Escritura, estão ensandecidos pelo pai das mentiras. Sábios a seus próprios olhos, de conformidade com a antiga prática dos heréticos, interpretam essas mesmas Escrituras de modo diferente do inspirado pelo Espírito Santo, mas antes inspirados somente por seu próprio sentido de ambição, em consideração ao aplauso popular, como diz o Apóstolo. Realmente, torcem e adulteram as Escrituras. Consequentemente, de acordo com Jerônimo,"Não persiste mais o Evangelho de Cristo , mas um do homem, ou o que é pior, do demônio.Que toda a santa Igreja de Deus, eu clamo, se levante, e com os santos apóstolos interceda perante o Deus Todo-Poderoso para extirpar os erros de sua ovelha, para banir todas as heresias dos campos da fé, e para que seja de seu agrado manter a paz e a unidade de sua santa Igreja.Custa-nos expressar, em nossa tristeza e aflição, o que chegou aos nossos ouvidos, desde há algum tempo, através de notícias de homens de confiança e do rumor geral. Ai de nós, vimos ainda com nossos olhos e lemos os muitos e diversos erros. Alguns deles já foram condenados por concílios e constituições de nossos predecessores, e formalmente contêm até a heresia dos Gregos e Boêmios. Outros erros são ou heréticos, falsos, escandalosos, ou ofensivos ao ouvidos piedosos, assim como sedutores das mentes simples, originando-se de falsos intérpretes da fé que em sua orgulhosa curiosidade almejam a glória do mundo, e contrários ao ensinamento dos Apóstolos, desejam ser mais sábios do que poderiam ser. A loquacidade deles, não amparada pela autoridade das Escrituras, como disse Jerônimo, não ganharia confiança se não fizessem sua perversa doutrina parecer baseada até mesmo em testemunhos divinos, embora mal interpretados. No ponto de vista deles, o temor de Deus é coisa do passado. Esses erros, por inspiração humana, tinham sido revividos e recentemente propagados entre os mais frívolos e ilustres da nação Germânica. Nós nos afligimos mais ainda que isso tenha acontecido ali porque nós e nossos predecessores sempre colocamos essa nação no mais alto de nossa afeição.Depois que o império foi transferido pela Igreja Romana dos Gregos para esses germânicos , nossos predecessores e nós sempre escolhemos dentre eles advogados e defensores da Igreja. Realmente, é certo que esses germânicos, verdadeiros irmãos na fé católica , foram sempre encarniçados adversários das heresias, como testemunham aquelas louváveis constituições dos imperadores germânicos, em defesa da independência da Igreja, da liberdade, da expulsão e extinção de todos os hereges da Alemanha. Aquelas constituições formalmente emitidas e depois confirmadas por nossos predecessores, foram escritas sob as maiores penalidades, até mesmo perda de terras e soberania dos que os abrigasse ou não os expulsasse. Se elas fossem observadas hoje, nós e eles estaríamos obviamente livres deste distúrbio. Prova disto é a condenação e punição no Concílio de Constança da infidelidade dos Hussitas e Wyclifistas, assim como de Jerônimo de Praga.Prova disto é o sangue dos Germânicos derramado tantas vezes em guerras contra os Boêmios. Uma prova final é a refutação, rejeição e condenação não menos instrutivas do que verdadeiras e santas, dos erros acima, ou de muitos deles, pelas universidades de Colônia e Louvaina, as cultivadoras mais devotadas e religiosas dos campos do Senhor. Poderíamos citar muitos outros fatos que decidimos omitir a fim de que não pareça estarmos compondo uma História.Em virtude de nosso trabalho pastoral a nós comunicado por divino favor , não podemos sob nenhuma circunstância tolerar ou subestimar por mais tempo o veneno pernicioso dos erros acima sem prejuízo à religião cristã e dano à fé ortodoxa.














Decidimos incluir no presente documento alguns desses erros. A substância deles é como se segue:




1. É uma opinião herética, embora comum, que os sacramentos da nova Lei dão a graça do perdão àqueles que não lhes põem um obstáculo.




2. É tratar com desprezo tanto Paulo como Cristo dizer que não permanece o pecado numa criança após o batismo.




3. As inflamáveis fontes do pecado, mesmo que seja pecado não atual, retarda a partida da alma do corpo para o céu.




4. Para alguém à hora da morte, a contrição imperfeita necessariamente lhe traz grande medo, o qual por si só é bastante para causar a punição do purgatório, e impedir a entrada no Reino.




5. Não está fundamentado na Sagrada Escritura nem nos antigos e sagrados doutores cristãos que haja três partes na penitência: contrição, confissão e satisfação.




6. Contrição que se adquire através de discussão, coleta e abominação dos pecados, pelos quais alguém reflete sobre seus anos na amargura de sua alma, ponderando na gravidade dos pecados, seu número, sua baixeza, a perda da felicidade eterna e a pena da condenação eterna, essa contrição torna-o um hipócrita, ou mais, de fato, um pecador.





7. Há um dito altamente verdadeiro, e a doutrina concernente às contrições desse modo são muito mais dignas de atenção: "Não agir assim no futuro é a maior penitência; a melhor penitência, uma nova vida."




8. De modo algum alguém presuma de confessar pecados veniais, ou mesmo todos os pecados mortais, porque é impossível que saiba todos os pecados mortais. Daí, na Igreja primitiva somente os pecados mortais óbvios eram confessados.





9. Enquanto quisermos confessar todos os pecados sem exceção, estaremos fazendo nada mais do que desejar nada deixar para perdão pela misericórdia de Deus.




10.Os pecados não serão perdoados a ninguém a não ser que o padre os perdoe e a pessoa acredite que estão perdoados; do contrário o pecado permanecerá, salvo se a pessoa acredita que eles foram perdoados; na verdade a remissão do pecado e a concessão da graça não é suficiente, mas é necessário também acreditar que eles foram perdoados.




11.De modo algum pode alguém ter segurança de ter sido absolvido por causa de sua contrição, mas por causa da palavra de Cristo: "Tudo o que desatardes, etc." Daí eu digo, acredite confiantemente, se você obteve a absolvição do padre, acredite firmemente de ter sido absolvido e você será verdadeiramente absolvido, seja qual tenha sido a contrição.




12. Se numa impossibilidade aquele que confessa não esteve contrito ou o padre não absolveu seriamente, mas como de brincadeira, se não obstante a pessoa acredita que foi absolvida, ela verdadeiramente foi absolvida.




13.No sacramento da penitência e da remissão do pecado o papa ou o bispo não faz mais do que o mais humilde padre; de fato, onde não há padre, qualquer cristão, mesmo uma mulher ou criança, pode igualmente fazê-lo.




14. Ninguém deve responder ao padre que está contrito, nem o padre poderia perguntá-lo.





15.   Grande é o erro daqueles que se aproximam do sacramento da Eucaristia confiados em que se confessou, que não estão cônscios de nenhum pecado mortal, que antecipadamente fizeram suas preces e sua preparação; todos eles comem e bebem seu próprio julgamento. Mas se acreditam e confiam que obterão a graça , então esta fé sozinha torna-os puros e dignos.





16.Parece que a Igreja num Concílio comum estabeleceu que o leigo pode comungar sob ambas as espécies; os Boêmios que comungam sob ambas as espécies não são hereges, mas são cismáticos.




17.  Os tesouros da Igreja, dos quais o papa concede indulgências não são os méritos de Cristo e dos santos.




18.Indulgências são fraudes piedosas dos fiéis, e indultos de boas obras; e elas estão no número daquelas coisas que devem ser evitadas, e não no número daquelas que são vantajosas.




19. Indulgências não são proveitosas para aqueles que realmente as ganham, para a remissão da pena devida ao pecado atual, sob o ponto de vista da justiça divina.




20.São seduzidos aqueles que acreditam que indulgências são salutares e úteis aos frutos do espírito.




21.As indulgências são necessárias somente para crimes públicos, e são concedidas apropriadamente somente para os rigorosos e impacientes.




22.As indulgências não são necessárias nem úteis para seis espécies de homens, a saber: para os mortos e aqueles à morte, para os enfermos, para aqueles legitimamente impedidos, para aqueles que não cometeram crimes, para aqueles que cometeram crimes, mas não públicos, e para aqueles que se devotam a coisas melhores.




23.  Excomunhões são apenas penas externas e não privam o homem das orações espirituais comuns da Igreja.




24.Os cristãos devem ser ensinados a apreciar as excomunhões preferentemente a temê-las.




25.O Pontífice Romano, o sucessor de Pedro, não é o vigário de Cristo para todas as igrejas de todo o mundo, instituído pelo próprio Cristo na pessoa do abençoado Pedro.




26.A palavra de Cristo a Pedro: "Tudo o que desatardes na terra," etc, se estende somente àquelas coisas atadas pelo próprio Pedro.




27.  É certo que não está sob o poder da Igreja ou do papa decidir sobre os artigos de fé, e muito menos sobre o que concerne às leis da moral e das boas obras.




28. Se o papa com uma grande parte da Igreja pensou de tal ou tal modo, ele não poderia errar; ainda assim não é pecado ou heresia pensar o contrário, especialmente sobre matéria não necessária à salvação, até que uma alternativa seja condenada e a outra aprovada por um Concílio geral.




29.Um meio foi dado a nós para enfraquecer a autoridade de concílios, para contradizer seus atos livremente, julgar seus decretos e corajosamente confessar tudo o que pareça verdade, seja o que for que tenha sido aprovado ou desaprovado por qualquer concílio.





30. Algumas proposições de John Hus, condenadas pelo Concílio de Constança, são perfeitamente cristãs, totalmente verdadeiras e evangélicas; essas, a Igreja Universal não poderia condená-las.





31.Em toda boa obra o justo peca.




32. Uma boa obra muito bem feita é um pecado venial.





33. É contra o desejo do Espírito Santo que heréticos sejam queimados.




34. Ir guerrear contra os Turcos é resistir a Deus que pune nossas iniquidade através deles.




35.Ninguém está certo de que não esteja sempre pecando mortalmente, por causa do vício profundamente oculto do orgulho.





36. Livre arbítrio após o pecado é uma questão somente de palavra; e no que alguém faz enquanto está nele, peca mortalmente.





37.O purgatório não pode ser provado pela Sagrada Escritura que está no Cânon.





38. As almas do purgatório não estão certas de sua salvação, ao menos não totalmente. Nem está provado por nenhum argumento nem pelas Escrituras que elas estejam além do estado de obter méritos ou crescer no amor.





39.As almas do purgatório pecam sem cessar, na medida que procuram descansar e detestam a punição. 




40.As almas libertas do purgatório pelos sufrágios dos vivos são menos felizes do que se elas prestassem satisfação por elas mesmo.





41.Prelados eclesiásticos e príncipes seculares não agiriam mal se destruíssem todas as bolsas de dinheiro da mendicância.















Ninguém de mente sã é ignorante ou destruidor, pernicioso, escandaloso e sedutor das mentes fiéis e simples, como são esses vários erros, contrários como são eles a toda caridade e reverência para com a santa Igreja Romana que é a mãe de todos os fiéis e mestra da fé, destruidores como são eles do vigor da disciplina eclesiástica, particularmente da obediência. Essa virtude é a fonte e origem de todas as virtudes e sem ela qualquer um é prontamente levado a ser infiel.
Eis porque nós, na enumeração supra, importante como é, desejamos proceder com grande cuidado como é adequado, e cortar o avanço dessa praga e doença cancerosa, de modo que não se espalhe mais além no campo do Senhor como um nocivo espinheiro. Levantamos, portanto, uma inquirição cuidadosa, escrutínios, discussão, exame severo, e deliberação amadurecida com cada um dos irmãos, os eminentes cardeais da santa Igreja Romana, bem como com os priores e mestres gerais das ordens religiosas, ao lado de outros profissionais e mestres peritos na sagrada teologia, no direito civil e canônico. Concluímos que esses erros ou essas pessoas não são católicas, como dito acima, e não devem ser considerados como tais. Mas, antes, são contra à doutrina e à tradição da Igreja Católica, e contra a verdadeira interpretação das sagradas Escrituras recebida da Igreja. Agostinho afirmava que a autoridade desta tinha de ser aceita tão fielmente que confirmou não teria acreditado no Evangelho sem a autoridade da Igreja Católica que tinha se responsabilizado por ela. Por conseguinte, de acordo com esses erros, ou algum deles ou vários deles, claramente se segue que a Igreja que é guiada pelo Espírito Santo estaria em erro e sempre esteve errada. Isso é contra o que Cristo por ocasião de sua Ascensão prometeu a seus discípulos (como se lê no santo Evangelho de Mateus): "Estarei convosco até a consumação do mundo" ; está contra as determinações dos santos Padres, ou determinações e leis dos concílios e do supremo Pontífice. O mal de não concordar com essas leis, conforme o testemunho de Cipriano, poderá ser combustível e causa de toda heresia e cisma.





Com o conselho e consenso desses nosso veneráveis irmãos, com deliberação amadurecida sobre cada uma das proposições supra, e pela autoridade do Deus Todo-Poderoso, dos santos apóstolos Pedro e Paulo, e de nossa própria autoridade, nós condenamos, reprovamos, e rejeitamos completamente cada uma dessas teses ou erros como heréticos, escandalosos, falsos, ofensivos aos ouvidos piedosos ou sedutores das mentes simples, e contra a verdade católica. Listando-os, nós decretamos e declaramos que todos os fiéis de ambos os sexos devem considerá-los como condenados, reprovados e rejeitados. Nós os proibimos a todos em nome da santa obediência e sob as penas de uma "automática excomunhão".





Ainda mais, por causa dos precedentes erros e de muitos outros contidos nos livros ou escritos e sermões de Martinho Lutero, nós do mesmo modo condenamos, reprovamos e rejeitamos completamente os livros e todos os escritos e sermões do citado Martinho, seja em Latim seja em qualquer outra língua , que contenham os referidos erros ou qualquer um deles; e desejamos que sejam considerados totalmente condenados, reprovados e rejeitados.





Proibimos a todos e a qualquer um dos fiéis de ambos os sexos, em nome da santa obediência e sob as penas acima em que incorrerão automaticamente, de ler, sustentar, pregar, louvar, imprimir, publicar ou defendê-los. Incorrerão nessas penas se ousarem apoiá-las de qualquer maneira, pessoalmente ou através de quem quer que seja, direta ou indiretamente, tácita ou explicitamente, pública ou ocultamente, seja em suas casas ou em outros lugares públicos ou privados. Na verdade, imediatamente após a publicação desta carta, essas obras devem ser procuradas aonde possam se encontrar, cuidadosamente, pelos ordinários e outros (eclesiásticos e regulares), e sob todas e cada uma das penas acima deverão ser queimadas publica e solenemente na presença dos clérigos e do povo.





No quanto se refere ao próprio Martinho, ó bom Deus, de que nos descuidamos ou o que deixamos de fazer? Que caridade paternal omitimos para que pudéssemos fazê-lo retroceder de tais erros? Nós até lhe oferecemos salvo conduto e o dinheiro necessário para sua viagem, apressando-o a vir sem medo ou desconfiança de qualquer espécie, que seria refutado com total caridade, e falaria não secretamente mas abertamente e face à face, segundo o exemplo de nosso Salvador e do apóstolo Paulo. Se ele tivesse feito isso, estamos certos de que ele poderia ter mudado seu coração e poderia ter reconhecido seus erros. Ele reconsideraria ter encontrado todos esses erros na Cúria Romana que atacou tão erradamente, atribuindo-lhes mais do que poderia, porque derivados de boatos vazios de homens perversos . Poderíamos ter-lhe mostrado mais claramente do que à luz do dia que os pontífices Romanos , nossos predecessores, aos quais injuriosamente atacou passando além de toda decência, nunca erraram em suas leis ou constituições, as quais ele tentou censurar. Porque, de acordo com o profeta, nem falta óleo salutar nem o médico em Galaad. Mas ele sempre recusou a ouvir-nos e, desprezando a citação prévia e cada uma e todas as aberturas, não se dignou a vir a nós. Até agora ele tem sido contumaz. Com um espírito difícil, continuou sob censura mais de um ano. O que é pior, acrescentando mal a mal, e tomando conhecimento da citação, rompeu em insensato apelo a um concílio futuro. Isso seguramente seria contrário à constituição de Pio II e Júlio II, nossos predecessores, na qual todos os que apelassem nesse sentido deveriam ser punidos com as penas de heréticos. Em vão implorou pela ajuda de um concílio, já que abertamente admite que não acredita em concílio.





Portanto, sem nenhuma nova citação ou demora, nós procedemos contra ele com sua condenação e execração, como contra alguém cuja fé é notoriamente suspeita e de fato seguramente herética, com toda a severidade de cada uma e todas as penas e censuras antes mencionadas. Contudo, com o conselho de nossos irmãos, imitando a misericórdia do Deus Todo-Poderoso que não quer a morte do pecador mas antes que ele se converta e viva, e esquecendo todas as injúrias feitas a nós e à Sé Apostólica, decidimos usar de toda a compaixão de que somos capazes. Ë nossa esperança, tanta quanto podemos ter, que ele passe por uma mudança interior tomando o caminho da brandura que lhe propusemos, volte e se afaste de seus erros. Nós o receberemos bondosamente como ao filho pródigo retornando ao abraço da Igreja.





Portanto, o próprio Martinho e todos aqueles que aderiram a ele, e aqueles que o abrigam e o apoiam, pelo coração cheio de misericórdia de nosso Deus e a aspersão do sangue de nosso Senhor Jesus Cristo pela qual e através de quem foi realizada a redenção do gênero humano e a edificação da santa madre Igreja, fique sabendo que de coração exortamos e suplicamos que pare de conturbar a paz, unidade e verdade da Igreja pela qual o Salvador rezou tão insistentemente ao Pai. Que ele se afaste de seus erros perniciosos, que possa voltar para nós. Se eles querem realmente obedecer, e nos pôr cientes por documentos legais que obedeceram, encontrarão em nós a afeição do amor de um pai, o acesso à fonte dos efeitos da caridade paternal e acesso à fonte da misericórdia e da clemência.




Nós ordenamos, contudo, a Martinho que enquanto isso não ocorrer, pare com toda pregação ou com o oficio de pregador.






Dado em Roma, em 15 de junho de 1520
















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CIDADÃO DO MUNDO, NORDESTINO COM ORGULHO, Brazil
Neste Apostolado APOLOGÉTICO (de defesa da fé, conforme 1 Ped.3,15) promovemos a “EVANGELIZAÇÃO ANÔNIMA", pois neste serviço somos apenas o Jumentinho que leva Jesus e sua verdade aos Povos. Portanto toda honra e Glória é para Ele.Cristo disse-nos:Eu sou o caminho, a verdade e a vida e “ NINGUEM” vem ao Pai senão por mim" (João14, 6).Defendemos as verdade da fé contra os erros que, de fato, são sempre contra Deus.Cristo não tinha opiniões, tinha a verdade, a qual confiou a sua Igreja, ( Coluna e sustentáculo da verdade – Conf. I Tim 3,15) que deve zelar por ela até que Ele volte(1Tim 6,14).Deus é amor, e quem ama corrige, e a verdade é um exercício da caridade. Este Deus adocicado, meloso, ingênuo, e sentimentalóide, é invenção dos homens tementes da verdade, não é o Deus revelado por seu filho: Jesus Cristo.Por fim: “Não se opor ao erro é aprová-lo, não defender a verdade é nega-la” - ( Sto. Tomás de Aquino).Este apostolado tem interesse especial em Teologia, Política e Economia. A Economia e a Política são filhas da Filosofia que por sua vez é filha da Teologia que é a mãe de todas as ciências. “Não a nós, Senhor, não a nós, mas ao vosso nome dai glória...” (Salmo 115,1)

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