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A Amizade em São Tomás de Aquino

Written By Beraká - o blog da família on domingo, 15 de junho de 2014 | 10:32



“Uma das características mais notáveis da ciência moral que São Tomás, seguindo aqui a Aristóteles, prescreve dever ser ensinada aos que se preparam para a contemplação está no fato de que ela não se esgota com a aquisição das virtudes. Ao contrário (...) afirma que mais ainda do que as virtudes, pertence à ciência moral mostrar o que seja a verdadeira amizade entre os homens.”


Há várias razões pelas quais a amizade pertence ao âmbito da ciência moral que deve formar o aluno para a contemplação:






1)- Primeiro, porque pertence à ciência moral tratar das virtudes; ora, a amizade não é uma virtude, mas a verdadeira amizade tem a virtude como sua causa.


3)- Em segundo lugar, pertence à ciência moral a consideração de todas as coisas que são necessárias à vida humana, entre as quais é maximamente necessária a amizade, pois ninguém corretamente disposto pelas virtudes escolheria viver possuindo todos os demais bens exteriores sem os amigos.



3)- Em terceiro lugar, a amizade concorre para o bem civil, ao qual se ordena a ciência moral, pois as cidades parecem se conservar pela amizade, e por isso mesmo é que os bons legisladores preocupam-se em conservar a amizade entre as cidades mais até do que a justiça, acerca da qual às vezes deixam de aplicar as penas para não dar origem a discórdias.





4)- Em quarto lugar, porque se algumas pessoas forem amigas, não necessitarão da justiça, pois um amigo é um outro si mesmo, e não há justiça para consigo mesmo, já que pertence à natureza da justiça o ser a um outro; porém, se houver pessoas que sejam justas, ainda assim necessitarão da amizade.

5)- Finalmente, a amizade deve ser objeto da ciência moral não apenas porque é algo necessário à vida humana, mas também porque é um bem em si mesmo.”

Três tipos de amizade




“Existem três tipos de amizade, na medida em que existem três tipos de bens: o bem honesto, o bem útil e o bem deleitável:

1)-Chama-se bem honesto ao bem apetecido pelo apetite racional por causa deste bem em si mesmo;

2)-Chama-se bem deleitável ao bem apetecido pelo apetite sensível por causa deste bem em si mesmo;


3)-Chama-se bem útil ao bem apetecido não por causa dele mesmo, mas por causa de um outro, honesto ou deleitável, que não pode ser conseguido senão através do útil.


Correspondendo a estes três modos de bem, haverá também três modos de amizade:

1)- A amizade por causa do bem da virtude,

2)-A amizade por causa do bem deleitável,

3)- A amizade por causa do bem útil.


Segundo estas três espécies de amizade, os amigos podem se querer bem mutuamente segundo o que amam:

1)-Os que se amam por causa da virtude querem para si mutuamente o bem da virtude;


2)-Os que se amam por causa do útil querem para si mutuamente os bens úteis;


3)-Os que pela deleitação, os bens deleitáveis.


As amizades útil e deleitável são amizades por circunstancialidade:Naqueles que se amam mutuamente por causa da utilidade, um não ama o outro por causa dele mesmo, mas na medida em que do outro recebe para si algum bem; coisa semelhante ocorre naqueles que se amam por causa da deleitação, onde um ama o outro somente na medida em que é a si deleitável.


As amizades por causa do útil e do deleitável são amizades por causa de coisas que são contingentes a quem se ama:Quando, portanto, aqueles a quem se amava deixam de ser úteis ou deleitáveis, seus amigos cessam de amá-los.



A perfeita amizade é aquela que é dos bons e dos semelhantes entre si segundo a virtude:Os amigos segundo a virtude são homens bons em si mesmos, e não por acidente, porque a virtude é uma perfeição que faz o homem ser bom, pelo que tais amigos se quererão bem segundo si mesmos e não por causa de alguma circunstância. Pela mesma razão a amizade segundo a virtude é duradoura; porque tais amigos se amam entre si por serem bons, e, conseqüentemente, a amizade entre eles permanece enquanto durar a virtude. 



Ora, a virtude é um hábito permanente e não facilmente mutável; de onde que a amizade por causa da virtude é duradoura.



Ademais, a semelhança, que é o que faz e conserva a amizade, é máxima entre os virtuosos; de fato, eles permanecem semelhantes a si mesmos, porque não são facilmente mudados de uma em outra coisa, e também permanecem na amizade que possuem entre si; já os homens maus não possuem nada de firme e estável em si mesmos, porque a malícia, na qual se obstinam, é detestável segundo si mesma, e assim os seus efeitos variam na medida em que nada encontram em que a vontade possa repousar, de onde que nem permanecem durante muito tempo semelhantes a si mesmos, ao contrário, querendo o contrário das coisas que anteriormente queriam, por pouco tempo permanecem amigos, isto é, somente enquanto gozam da malícia na qual concordam.


As amizades por causa da virtude, porém, são raras:



Porque esta amizade o é entre pessoas virtuosas e poucos são virtuosos. Por causa da deleitação e da utilidade podem-se tornar mutuamente amigos homens de quaisquer condições, tanto bons como maus, mas segundo a amizade perfeita, pela qual os homens se amam por causa de si mesmos, somente os homens bons podem se tornar amigos.


Fonte: Texto publicado no site Introdução Ao Cristianismo segundo a obra de Santo Tomás de Aquino e Hugo de São Vitor


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Neste Apostolado APOLOGÉTICO (de defesa da fé, conforme 1 Ped.3,15) promovemos a “EVANGELIZAÇÃO ANÔNIMA", pois neste serviço somos apenas o Jumentinho que leva Jesus e sua verdade aos Povos. Portanto toda honra e Glória é para Ele.Cristo disse-nos:Eu sou o caminho, a verdade e a vida e “ NINGUEM” vem ao Pai senão por mim" (João14, 6).Defendemos as verdade da fé contra os erros que, de fato, são sempre contra Deus.Cristo não tinha opiniões, tinha a verdade, a qual confiou a sua Igreja, ( Coluna e sustentáculo da verdade – Conf. I Tim 3,15) que deve zelar por ela até que Ele volte(1Tim 6,14).Deus é amor, e quem ama corrige, e a verdade é um exercício da caridade. Este Deus adocicado, meloso, ingênuo, e sentimentalóide, é invenção dos homens tementes da verdade, não é o Deus revelado por seu filho: Jesus Cristo.Por fim: “Não se opor ao erro é aprová-lo, não defender a verdade é nega-la” - ( Sto. Tomás de Aquino).Este apostolado tem interesse especial em Teologia, Política e Economia. A Economia e a Política são filhas da Filosofia que por sua vez é filha da Teologia que é a mãe de todas as ciências. “Não a nós, Senhor, não a nós, mas ao vosso nome dai glória...” (Salmo 115,1)

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