GRIFOS
DO AUTOR DO BLOG BERAKASH: O grande problema do protestantismo com relação a
este tema é o mero revanchismo proselitista cheio de ódio a tudo que é
Católico, o qual não permite uma análise imparcial e fundamentada do fenômeno,
que como também, muito católicos desinformados, vêm nos Santos e nos processos de
Canonização dos mesmos apenas como a instituição a mais de MEROS INTERCESSORES
para se pedirem favores junto a Cristo, e não exemplos de fé no
seguimento a Cristo, como modelos a serem imitados, (e não como Aladins e
gênios da lâmpada dispostos unicamente a atenderem nossos pedidos), como nos
revelam as escrituras:
Hebreus 6,12: “de modo que
vocês não se tornem negligentes, mas imitem aqueles que, por meio da fé e da
paciência, já receberam a herança prometida.”
Hebreus 13,7: “Lembrem-se
dos seus líderes, que transmitiram a palavra de Deus a vocês. Observem bem o
resultado da vida que tiveram e imitem a sua fé.”
1 Cor.11,1: “Sede meus imitadores, como também eu sou imitador de Cristo.”
Tiago 5,10-11: “Irmãos,
tenham os profetas que falaram em nome do Senhor como exemplo de paciência
diante do sofrimento.Como vocês sabem, nós consideramos felizes aqueles que
mostraram perseverança. Vocês ouviram falar sobre a perseverança de Jó e viram
o fim que o Senhor lhe proporcionou...”
Caros amigos,sabemos muito bem que nossos irmãos
protestantes e até mesmo alguns católicos desinformados contestam a verdade de
fé que é a intercessão dos santos,de Nossa Senhora e dos anjos.Essas pessoas dizem que "não está na Bíblia" ,mas é
justamente através da Bíblia que provamos
que a intercessão dos santos existe! Quatro passagens no livro do Apocalipse mostram de forma muito clara a
veracidade desta doutrina:
1)- Apocalipse 8,3-4:“E veio outro anjo junto ao altar com um incensário de ouro.Foi dado ao
anjo muito incenso,para colocar junto das orações de todos os santos ,junto ao
altar de ouro,que está diante do trono.E a fumaça do incenso com todas as
orações dos santos subiu das mãos do anjo até Deus...”
2)- Apocalipse 6,9-11:"E, havendo aberto o quinto selo, vi debaixo do altar as almas dos
que foram mortos por amor da palavra de Deus e por amor do testemunho que
deram. E clamavam com grande voz, dizendo: Até quando, ó verdadeiro e santo
Dominador [Poderoso Deus], não julgas e vingas o nosso sangue dos que habitam
sobre a terra? E foram dadas a cada um compridas vestes brancas e foi-lhes dito
que repousassem ainda um pouco de tempo, até que também se completasse o número
de seus conservos e seus irmãos, que haviam de ser mortos como eles foram.
"
3)- Apocalipse 7,13-14: “E um dos anciãos me perguntou:
Estes que trajam as compridas vestes brancas, quem são eles e donde
vieram? Respondi-lhe: Meu Senhor, tu
sabes. Disse-me ele: Estes são os que vêm da grande tribulação, e levaram as
suas vestes e as branquearam no sangue do Cordeiro.”
Apocalipse 2,26-28:“Aos que conseguirem a vitória e
continuarem a fazer até o fim a minha vontade eu darei a mesma autoridade que
recebi do meu Pai: autoridade sobre as nações para governá-las com uma barra de
ferro e quebrá-las em pedaços como se fossem potes de barro. Eu lhes darei a
estrela da manhã.”
Portanto, contra fatos não existem argumentos
contrários, só não ver quem não quer, e sabemos que o pior cego não é quem não
ver, mas quem não quer ver.Ora meus amados,se Jesus foi e pregou aos espíritos
já mortos no passado e que estavam em prisão (conf.1 Pedro 3:19) Como podiam
estar dormindo ? Segue a passagem: I Pedro 3,19-20: "É neste mesmo espírito que
ele foi pregar aos espíritos que eram detidos no cárcere, àqueles que outrora,
nos dias de Noé, tinham sido rebeldes, quando Deus aguardava com paciência,
enquanto se edificava a arca, na qual poucas pessoas, isto é, apenas oito se
salvaram através da água." Atenção! Rebeldes nos dias de
Noé? – Lógico que foram os que não entraram na Arca e pereceram – É
simples, não compliquem! Quer dizer que depois Jesus, balançou eles, cantou
uma canção de ninar e botou todos pra dormir logo após ter pregado a estes
espíritos é? Ora, quanta ignorância, haja paciência! Realmente o pior cego é
o que não quer ver!
PERGUNTAS QUE NÃO QUEREM CALAR:
1)- “Ora se os Protestantes pedem a intercessão de
seus pastores,da Igreja e a oração de intercessão dos irmãos uns pelos outros, por
que os Católicos não pode pedir a intercessão dos Santos que já estão junto a
Cristo, que é muito mais eficaz ?”Só os santos podem dizer como o apóstolo mais
querido dos protestantes Paulo: “Sede meus imitadores, como também eu sou de
Cristo (1 Coríntios 11:1).Os Santos não são o caminho, pois o caminho para o
Pai é Cristo, mas são setas, placas ao longo do caminho que apontam para
Cristo. São para serem honrados e seguidos em seus exemplos de santidade como
disse acima o apóstolo Paulo.
2)- Se Jesus não precisa de intercessores e nem de
ajudantes, porque ele escolheu os 12 apóstolos?
Agora vejam a contradição destes mesmos protestantes quando cantam em
várias DENOMINAÇÕES pentecostais no
Brasil:
“Estou andando para o Céu, onde
os santos JÁ ESTÃO...”
Vejam o hino clicando no link abaixo:
E como alguns dizem que Maria e os Santos não
estão no céu? – Isto não é uma
contradição ? Trata-se do Hino número 485 da Harpa Cristã, autoria de Joel
Carlson, do HINÁRIO da denominação
Cristã "ASSEMBLEIA DE DEUS" , adotado também,
por outras DENOMINAÇÕES PENTECOSTAIS!
A INTERCESSÃO NAS ESCRITURAS SAGRADAS:
A transfiguração - onde está descrita a morte de
Moisés e Elias?: Mt 17; Mc 9.
Corpo de Cristo: 1Cor 12,25-27; Rm 12,4-5.
Deus não é o Deus dos mortos, mas dos vivos: Mc
12,26-27.
Intercessão de Moisés e Samuel: Jr 15,1.
O aviso é para não evocar os mortos, mas os santos
podem ser invocados pois estão vivos para Deus: Dt 18,10.
Oração intercessória: Ef 6,18; Rm 15,30; Cl 4,3;
1Ts 1,11.
Os falecidos Onias e Jeremias intercedem pelos
judeus: 2Mc 15,11-16.
Os santos estão unidos com Deus: 1Cor 13,12; 1Jo
3,2.
Os santos são reerguidos na ressurreição e circulam
por Jerusalém: Mt 27,52; Ef 2,19.
Veneração de anjos e Santos unidos com Deus: Js
5,14; Dn 8,17; Tb 12,16; Mt 18,10.
Se tomo ao pé da letra a passagem : I Tim2, 5 e
digo que só Cristo pode interceder, conclusão eu afirmar que posso orar, rezar
por outra pessoa como está escrito em : Rom 15,3; II Tessa 3,1; Heb 13,18 SERIA
FALSO, OU ESTÁ HAVENDO UMA FALSA INTERPRETAÇÃO DO TEXTO!!! Se tomo ao pé da letra que a alma fica dormindo
após a morte como supõe a interpretação protestante de I Cor 15,51-52. Seria
falsa as escrituras ao provar que após a morte a alma fica consciente como
mostra as passagens : Luc.16,24 ? II Ped. 1,13-15; I Cor 5,6-9; Fl 1,23 e Mat.17, 1-8
I Tessa. 3,13 - Com esta passagem fazemos a
pergunta: É POSSÍVEL VOLTA DOS QUE NÃO FORAM ?
Moisés e Elias (Já mortos ) falam com Jesus: Mc
9.2-4
A Intercessão dos anjos : Mateus 18,10
A INTERCESSÃO NO ANTIGO TESTAMENTO!
Para os antigos o SANGUE ERA A VIDA ( ALMA ) – Pode
o sangue falar com Deus ? ( Ou a alma do fiel ? ) – Gen. 4,10.
II Reis 13,20-21 : Um milagre pela intervenção de
um já falecido.
A INTERCESSÃO NO NOVO TESTAMENTO!
O Fenômeno da intercessão dos santos começa de maneira definitiva com a Ressureissão de
Cristo, que abre os céus e leva consigo a alma dos fieis ( Lc 23,43) que
perseveraram na fé. Antes os céus estavam fechados e ninguém ainda havia subido
(João 3,13) e as almas dos fieis estavam no Sheol, ou Hades ( Habitação dos
mortos ), que após a ressurreição de Cristo são levados com Ele após sua
pregação na prisão do Hades conforme : I
Ped. 3,18-20 - Com o martírio dos 1º Cristãos começa haver a
intercessão propriamente dita, pois os Cristão tinham a certeza de que estes
Mártires pela revelação de João no livro
do Apocalipse na perseverança da fé até o fim , iriam pra junto de Cristo em
Espírito e em verdade (Apoc.2,26; 3,21 )
UM EXEMPLO DE ORAÇÃO PERFEITA DE INTERCESSÃO FEITA À SANTA TERESINHA POR MEIO DA TRINDADE
SANTA:
"Santíssima Trindade, Pai, Filho e Espírito
Santo, eu Vos agradeço todos os favores, todas as graças com que enriquecestes
a alma de Vossa serva Santa Terezinha do Menino Jesus, durante os 24 anos que
passou na terra e, pelos méritos de tão querida Santinha, concedei-me a graça que
ardentemente Vos peço (faça o pedido da graça que deseja) - se for conforme a
Vossa Santíssima vontade e para salvação de minha alma. Ajudai minha fé
e minha esperança, ó Santa Terezinha, cumprindo mais uma vez sua promessa de
que ninguém Vos invocaria em vão, fazendo-me ganhar uma rosa, sinal de que
alcançarei a graça pedida. "Reza-se em seguida 24 vezes: "Glória ao
Pai, ao Filho e ao Espírito Santo, assim como era no princípio, agora e sempre,
por todos os séculos e séculos, amém."
Santa Terezinha do Menino Jesus, rogai por nós!
Rezar 1 Pai-Nosso, 1 Ave Maria
ORIGEM
DAS FESTAS DE PADROEIROS(AS)
As promessas que se fazem e se cumprem aos santos, resultam da fé, da devoção e do culto religioso que o povo presta aos oragos de um lugar, de uma aldeia, de uma vila ou de uma cidade ou, tão-só, ao titular de uma igreja ou de uma capela. Anteriormente ao século VII, as catedrais, igrejas ou localidades não possuíam santos titulares ou padroeiros, com exceção da Catedrais Marianas. Apenas as basílicas e igrejas que conservavam as relíquias de um santo mártir podiam adoptar o seu nome como santo padroeiro ou titular desses lugares sagrados. A partir desse século (VII), quase todas as igrejas começam a organizar-se no sentido de elegerem os seus padroeiros, sendo escolhidos, em primeiro lugar, naturalmente, as figuras do Divino Salvador e da Virgem Maria, seguidas dos Santos Mártires. Por altura da conquista da Espanha pelos Árabes, já todas as igrejas possuíam um santo padroeiro, a dar o seu nome ao templo e a servir de patrono às comunidades. Reposto o culto cristão após a Reconquista, reatou-se esta tradição cristã (que nunca deixou de manter-se), a englobar capelas, igrejas, mosteiros e lugares, numa reafirmação da religiosidade popular, muitas vezes em muitos lugares distantes, o único meio de manter a fé viva, mesmo com suas limitações e desvios. Os novos colonos das comunidades, que tomaram para si as terras abandonadas pelos Mouros, no sentido de as povoar e cultivar, acabaram por ser eles próprios a contribuir para devolver às populações as práticas da devoção Cristã, incluindo as do culto prestado aos seus santos padroeiros, procedendo à reconstrução ou edificação de capelas e igrejas, entretanto destruídas, de modo a que o povo pudesse praticar os preceitos religiosos da sua devoção em locais sagrados.À frente dos templos, como responsáveis e orientadores pastorais dessas mesmas comunidades, eram colocados sacerdotes, por esse tempo a designarem os fiéis por fili eclesiae («fregueses»), designação que se estendia à localidade, dando-se-lhe o nome de «freguesia», a substituir a anterior denominação, «paróquia», atualmente recuperada, embora de certa forma circunscrita às atividades paroquiais (religiosas) de cada terra.O processo de reorganização e formação das comunidades rurais, conquanto moroso (vai do século V ao século XI), é retomado a partir de então, agora com a igreja ou a capela sob a invocação dos santos a associar-se, em estreita união com as populações, no sentido de passar a celebrar-se em data fixa o dia dedicado ao Santo protetor e intercessor. A data recaia no seu dia litúrgico, estipulado pela Igreja Católica, ou em datas ligadas a acontecimentos importantes ocorridos no seio das comunidades e relacionados com a figura do santo.Por outro lado, a origem das romarias deriva, supostamente, das peregrinações da era apostólica ao túmulo de Jesus, aos lugares Santos de Jerusalém, às quais se seguiram as peregrinações a Roma, capital da Igreja Católica, com grupos de peregrinos em cumprimento de promessas aos túmulos dos apóstolos São Pedro e São Paulo e tantos outros mártires Cristãos.Às peregrinações a Roma e a outros santuários de invocação a Cristo ou à Virgem Maria, associaram-se depois as de veneração aos santos, acrescentando-lhe o povo a parte profana, a festa e a diversão, ou, simplesmente, mantendo-a, já oriunda de épocas pré-cristãs.Com o passar do tempo, em certas localidades, alguns dos antigos padroeiros acabaram por ter pouco significado, verificando-se, mesmo, a extinção da sua festa, quer por motivos da ruína dos templos e consequente desinteresse das populações, quer por terem sido ultrapassados, no decorrer dos anos, por uma devoção maior a outro santo.Símbolo da fé do povo e sinónimo de proteção e intercessão à comunidade paroquial a delimitar, por vezes, o próprio território que lhe cabe, como guardião das terras e dos seus respectivos habitantes , o santo padroeiro significa o amparo a aquele que, por sua intercessão junto de Deus, tem a faculdade e a missão de defender e obter para quem a ele recorre, o louva e nele se confia, as graças pedidas em oração comprometidas de promessas particularmente, nas alturas mais precisas e difíceis da vida de cada um: Doenças, pestes, perseguições, fome, guerras e calamidades naturais.
Para tratar
dessas festas fora do Brasil, buscou-se sua proximidade com algumas
festividades realizadas no país. Opta-se, inicialmente, por mostrar as festas
na Europa, considerando aquele continente como centro difusor da religião
católica. Atualmente, a Europa integra roteiros internacionais em termos de
peregrinações, festas e cultos que em muito representam parte da herança
religiosa vivenciada no Brasil. Após a
abordagem europeia, o continente latino-americano torna-se o foco dos estudos,
pois é considerada a principal área colonizada pelas culturas europeias, onde
ainda se percebe o poderio da crença religiosa católica. É válido
destacar que a bibliografia existente sobre a temática apresenta uma diversidade
teórica. Em decorrência dessa diversidade, prestigiam-se as publicações no país
sobre o período da implantação e expansão colonial, bem como artigos publicados
na internet.
As festas e celebrações estão presentes na
sociedade humana desde os seus primórdios!
Na Grécia e
Roma antigas, os deuses eram adorados com festas estabelecidas em um calendário
anual. Havia festas do fundador, dos muros, dos limites do território, do
campo, do trabalho, das sementeiras,da floração e das vindimas. Toda cidade
tinha suas festas para as divindades protetoras (Coulanges, 1975).A Igreja
Católica adotou de forma estratégica e inculturada, para a evangelização destes
povos o princípio das festas pagãs para homenagear e cultuar os seus santos.Elas têm o
objetivo de louvar e agradecer as graças concedidas aos homens pela divindade
protetora escolhida que,no universo dos primeiros Cristãos e atualmente no catolicismo, correspondem a Jesus, à Virgem Maria, ao Espírito Santo e aos
santos de maneira geral.O culto a
Maria já tem início nos primeiros séculos do Cristianismo,e firma-se principalmente no primeiro concílio de Éfeso em
431 que declara a maternidade divina de Maria(Teotokos), e cresce no período
medieval, como tentativa de cristianizar as festas agropastoris em homenagem à
Primavera.Na igreja, os
santos foram surgindo de acordo com os seus feitos e com as posições
doutrinárias católicas. Essa postura possibilitou o aparecimento de inúmeros
santos que chegaram ao Brasil na bagagem dos colonizadores. Neste artigo,
apresenta-se brevemente a tradição das festas dedicadas aos santos padroeiros
fora das terras brasileiras, que influenciaram o culto no Brasil, sendo
consagrados como padroeiros de inúmeras paróquias, capelas, vilas e cidades.
Para tratar das festas de padroeiros fora do Brasil, buscou-se a proximidade
destas com algumas realizadas no país. Optamos inicialmente, por mostrar as festas na Europa,
considerando aquele continente como centro difusor da religião católica,o que
explica o fato de a Europa, hoje, integrar roteiros internacionais em termos de
peregrinações, festas e cultos ligados a santos padroeiros.
Santos Padroeiros - Origens e difusão das festas:
A Europa,
principalmente a cidade de Roma, foi o centro das atividades religiosas
cristãs. Neste artigo, os santos padroeiros foram escolhidos considerando-se
dois países europeus (Portugal e Espanha) e exemplos latino-americanos. A escolha
desses países decorre dos fatos históricos que diretamente os associam ao
Brasil, a saber: sua situação como centros da colonização, como áreas
principais da territorialização e difusão da religião católica no mundo. Outro
aspecto relevante é que os padroeiros foram relacionados aos países citados
considerando sua maior visibilidade em relação às festas e à imagem simbólica
já associada ao país e ao santo.
Portugal, o berço das festas de padroeiros
brasileiras!
As festas, de
acordo com Del Priore (1994), têm uma certa relação comum , porém não direta,
da cultura europeia com base nos cultos, celebrações religiosas aos deuses
protetores das plantações, do ciclos agrícolas de plantio e colheita, proteção
das pestes, fomes, guerras e calamidades naturais.As solenidades
pagãs foram inculturadas pelo Cristianismo, com a expansão e homogeneização do
cristianismo como religião predominante. As festas pagãs receberam nova
roupagem e controle da igreja, que “determinou dias que fossem dedicados ao
culto divino considerando-os dias de festa, os quais formavam em seu conjunto o
ano eclesiástico” (Del Priore, 1994, p. 13).Dessa ação primordial
da igreja cristã, foram estabelecidos e distribuídos os grupos de festas: as
festas do Senhor (Paixão de Cristo e demais episódios de suavida) e os dias
comemorativos dos santos (apóstolos, pontífices, virgens,mártires, Virgem Maria
e padroeiros).Essas festas
foram transvertidas pelo cristianismo e suas marcas estavam presentes nas
festas portuguesas. Essas marcas, segundo Cascudo(1972), eram perceptíveis nas
festas do “Mês de Maria”, substituindo forma estratégica pela Cristandade a festa
de Afrodite, nas quais os portugueses penduravam “giestas2 à porta”.As festas do
“Divino” foram propositalmente comemoradas em maio para evitar as 3 Marias, comemoradas na rua. Para disciplinar essas festas,instituíram-se procissões
obrigatórias, por meio de acordo da Câmara de Lisboa, as quais não foram
suficientes para evitar os ritos gentílicos.Assim, a festa “do nosso passado
colonial talvez nos ajude a entender porque e o que ainda hoje tanto festejamos”,
afirma Del Priore (1994 p. 15).
AS FESTAS PORTUGUESAS:
De acordo com
a autora, citando o Vocabulário português e latino de Rafael Bluteau, as festas
cristãs portuguesas eram “as dos patronos, as dos mártires e as da Epifania do
Senhor.
Ainda se celebram, em Portugal, com singular solenidade:
-Corpo de Cristo de Lisboa,
-Santo Espírito de Alenquer,
-Ladainhas de Coimbra,
-Trindade de Évora,
-Ressurreição de Beja e Ramos.
Ao estudar as
romarias portuguesas, apresenta variedades de santos cultuados em Portugal. Ele
identifica 216 romarias distribuídas pelo território português. Dessas, 99 são
consagradas ao culto de Nossa Senhora, 83 a um santo ou santa, 20 a Cristo; já
o Espírito Santo é celebrado em 14 santuários portugueses. Destaca-se a
invocação à Virgem Maira sob 68 títulos diferentes. O autor faz uma distinção
regional da representação espacial dos santuários de devoção mariana. Na região
Norte (essencialmente Douro Litoral e Minho, acessoriamente Trás-os-Montes), a
Virgem é invocada em razão da proteção que concede à existência e à atividade
humana: santuários dedicados a Nossa Senhora da Saúde, Nossa Senhora dos
Remédios. No Sul (Alentejo e acessoriamente Algarve), as invocações se referem a
um “Mistério de Maria”, a um de seus títulos de glória: Santa Maria, Nossa Senhora
do Mundo Inteiro, Nossa Senhora do Rosário.Esse fato,
julga o autor, “é indicativo de uma diferença de sentimentos religiosos entre
as duas regiões e, mais profundamente, das personalidades de base dos dois povos”
(Sanchis, 1992, p. 46).Para os santos
venerados, também se apresentam diferenças conforme os lugares. Os três santos
mais populares de devoção geral em Portugal são: São João, São Pedro e Santo Antônio.
Além desses, há um santo que aparece como centralizador de um grande número de
peregrinações ligado às implantações monásticas: São Bento,com oito santuários
no Norte e apenas um no Sul de Portugal.Ainda no
Norte, aparece o culto de Santa Maria em quatro santuários, seguido de São
Bartolomeu, venerado em três locais de devoção. Sanchis ressalta que o culto de
São Sebastião parece ser um ponto comum às três áreas consideradas em Portugal,
e que estão dispostas em número de santuários como segue: três ao Norte, um no
Centro e dois ao Sul. No que se refere ao santuário da Rainha Santa, é mais
comum na região central do país onde se destacam três santuários, além de um
situado no Sul. São Lourenço, São
Miguel, São Gonçalo, São Roque, Santa Bárbara, São Marcos, Santa Lúcia e São
Cristóvão estão representados por mais de um santuário. Nessas
representações, percebe-se a intensidade da espacialização ocorrida em Portugal
e a constituição de uma paisagem religiosa marcada pela devoção aos santos.
Essa distribuição de monumentos religiosos pelo território português
caracteriza o que Sack (1986) afirma sobre as territorialidades como uma ação
geradora de controle. Os autores
demonstram as tendências evolutivas da piedade popular em Portugal. Na
investigação, são usadas como ponto de partida as romarias de Nossa Senhora da
Agonia, em Viana do Castelo, e de São Bartolomeu, na freguesia do mar, em Concelho
de Esposende.
A
SECULARIZAÇÃO DAS FESTAS DE PADROEIROS:
De acordo com
a metodologia adotada pelos pesquisadores citados, a festa da Senhora da Agonia
se inscreve no modelo de secularização, ao passo que a festa de São Bartolomeu
se integra ao modelo de clericalização. O primeiro
modelo caracteriza-se pela hipertrofia do profano policentrado nos fogos de
artifício, no cortejo folclórico e na feira, isto é, pelo crescimento e
diversificação das práticas profanas e da sociabilidade secular. Nesse modelo,
há uma preocupação maior com as atividades profanas na festa, o espaço/tempo é
maior para essas atividades. Segundo os
autores, isso decorre da cristalização do cerimonial sagrado oficial e da expansão
do profano na festa. Essa condição de secularização apresenta--se em razão da
industrialização, do urbano e da separação Igreja-Estado.Conforme
descrito no estudo de Costa e Costa (s.d.), o modelo de clericalização estudado
na Festa de São Bartolomeu exprime uma hipertrofia do sagrado, centrada na
missa, na procissão, no sermão e no banho santo,que permanecem como elementos
nucleares e mobilizadores da romaria até a atualidade. Está presente, nessa
festa, o controle do clero em relação à organização espaço/temporal, bem como
um forte elemento da devoção popular e a procura pela cura de doenças e males.Na festa, há uma hipotrofia dos elementos do
profano com distinção do espaço/tempo sagrados e profanos!O componente
social presente na festa está sob a influência da mentalidade camponesa que,
mesmo frente à modernização, “realiza na sua ação quotidiana uma relação de parentesco
com o sagrado renovada naquela ocasião festiva [...] na festa de São Bartolomeu
se manifesta com grande intensidade, a busca do sentido da vida” (Costa e
Costa, s.d., p. 4).Os autores
concluem a síntese apresentando o modelo de secularização abrangendo os
fenômenos festivos populares que evoluem sob o signo da cultura oficial profana
caracterizada pela pluralidade dos centros de criação cultural e pela
descentralização dos sistemas de significações, dos agentes e dos veículos culturais. O modelo de
clericalização, por sua vez, desenvolve-se em um contexto geográfico-cultural
próprio da civilização tradicional, onde predomina uma vivência caracterizada
por uma relativa estabilidade que favorece a manutenção de uma forma de vida associada
a uma mentalidade na qual avultam as crenças e práticas destinadas a curar e a
proteger os homens contra tudo o que escapa ao domínio do poder humano. (Costa
e Costa,s.d., p. 20).Os dois
modelos apresentados para as festas religiosas constituem um norte e fornecem
um instrumento metodológico de pesquisa contemplando suas estruturas e sua
evolução histórica. As festas de padroeiros portuguesas, em sua maioria, foram
transportadas para o Brasil e, no longo processo de expansão do povoamento e ocupação
do território nacional, foram incorporadas, nos mais longínquos rincões desse
território, por imposição da coroa portuguesa. Algumas destas
festas resistiram ao tempo e fazem-se presentes no cotidiano do século XXI, no
Brasil e em Goiás, como frutos da herança cultural portuguesa.
A Espanha e suas festas de padroeiros:
A Espanha
também figura como um país de fortes tradições religiosas católicas que promove
inúmeras festas de padroeiros em seu território. Na sociedade estratificada
espanhola, as festas tinham o poder de promover a ordem estabelecida. As festas
consideradas súbitas e repentinas, cujo nascimento revela íntima relação com a estratificação
estatal, já que os prazeres e sofrimentos do rei representado eram
compartilhados e seguidos pelos súditos em cada área dominada estavam
diretamente ligadas à manifestação do rei o soberano, ou um seu representante.
DO HASTEAMENTO DAS
BANDEIRAS:
Essas festas
tinham um denominador comum: uma recordação coletiva e a consciência religiosa
da sociedade. Em seu estudo, Cantos destaca a festa anual do padroeiro como
forma rememorativa da soberania do rei junto à população. Para tal feito, era obrigado,
pelo menos uma vez por ano, o hasteamento da bandeira monárquica e esse ato culminava
na festa do padroeiro. A coexistência dos poderes religioso e político marca
presença nas festas religiosas tanto de herança espanhola quanto de herança
portuguesa. Nota-se a participação de autoridades e lideranças políticas, em
maior ou menor expressão, presentes nessas festas. A territorialidade presente
nessa festa estabelece uma identidade religiosa no município.Ao dar
continuidade às reflexões já expostas, notamos certa proximidade entre as
festas de padroeiros da América Latina e as festas de padroeiros brasileiras!
Festa de
padroeiros na América Espanhola: um exemplo mexicano na América, após a
conquista dos territórios coloniais pelos espanhóis, as festas religiosas foram
um prolongamento das festas espanholas. Eram de suma
importância para manter a ordem e impor o culto católico aos habitantes
primitivos da colônia. Na América Espanhola, a duração dos festejos estava
diretamente ligada à importância das festas; as festas de padroeiros tinham uma
duração e uma concorrência maior de pessoas, conforme afirma Cantos (1992, p.
53).Muito
semelhantes entre si, as festas na América Espanhola conseguiam fazer convergir
o poder do Estado e o poder eclesiástico e representá- lo com toda distinção
possível dentro das tradições herdadas da Península Ibérica. A escolha dos
santos padroeiros deve-se ao papel que o culto aos santos desempenha na
formação de uma consciência identitária, com sentido de pertença a um povo, ou comunidade. Assim, na fundação de San Francisco de
Campeche, os espanhóis trouxeram a religião como um dos principais elementos
definidores de sua identidade.O santo
padroeiro fortalecia as relações comunitárias e afinava esses laços de pertença a
uma comunidade! A relação entre o santo e o povo era mediada pelo poder
eclesiástico,criando um modo de religiosidade que coadunava com a ideia de
organização da sociedade em funções distintas e consequentemente desiguais.Na dinâmica de
ocupação espacial da América foi priorizada a formação urbana com bairros,
praças e paróquias. No pensamento de Salas, essa ordenação espacial
possibilitava, em Campeche, uma competição e distribuição de vários santos
padroeiros, além de São Francisco de Assis. Em 1649,
apareceu a imagem da Virgem do Rosário, que foi levada em grande procissão ao
convento franciscano da vila. Essa aparição carregada de simbolismo trouxe para
a vila de Campeche, de acordo com a autora, a possibilidade de um santo
padroeiro que a representasse. A consciência identitária limitou-se aos bairros
e a seus santos padroeiros locais.
RESUMO FINAL
A tradição das
festas de padroeiros na Europa e, posteriormente, na América Latina e Brasil,
resultaram de um longo processo da influência católica no mundo; em nosso país,
a espacialização dessas festas deu-se em virtude da presença do Estado aliado à
Igreja Católica num amálgama produzido pela junção do Estado e da Igreja para a
organização territorial do Brasil.As dinâmicas e
as transmutações que podem ocorrer nessas festas, em quaisquer lugares onde
aconteçam, seja fora ou dentro do território nacional, refletem a criação de
uma identidade católica de forte expressão ainda presente na sociedade atual.A escolha dos
santos padroeiros deve-se ao papel que o culto aos santos desempenha na
formação de uma consciência identitária. O santo padroeiro fortalecia as
relações comunitárias e afinava os laços de pertencimento da comunidade. Por
isso, a consagração de capelas, igrejas e paróquias faz parte de ações práticas
da Igreja Católica.Essa prática,
adotada no Brasil pelos colonizadores, disseminou-se e pode-se dizer que
reproduz, conforme afirmam Costa e Costa, o modelo ainda em vigor em Portugal.
Há festas em que a hipertrofia do sagrado supera a do profano e vice versa;
entre a secularização e a clericalização, a presença da igreja se impõe,
mediando a religiosidade popular e o culto aos santos padroeiros. Essas festas,
tanto as de origem portuguesa quanto as de origem espanhola, trouxeram elementos
essenciais que influenciaram as louvações ainda presentes no século XXI, no
Brasil.
Bibliografia:
1)- CANTOS,
Ángel López L. Juegos, fiestas y diversiones en la América Española.Madrid:
Editorial Mapfre, 1992.
2)- CASCUDO,
Luis da Câmara. Dicionário do Folclore Brasileiro. Rio de Janeiro:Ediouro, 1972.
3)- COSTA, Rui
Afonso da e COSTA, Hamilton. Tendências evolutivas da piedade popular:modelos
de secularização e clericalização. Centro de Cultura UniversidadeNova Lisboa,
Portugal, s.d., 24p.
4)- SANCHIS,
Pierre. Arraial, festa de um povo: as romarias portuguesas. Lisboa: Publicações
Dom Quixote, 1992.
5)- Festas e
Tradições Portuguesas: Vol.VI - Ed. Círculo de Leitores
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Que arquivo sensacional. Parabéns. Estou fazendo um trabalho acerca das bandas de música, que por sua vez, em algumas cidades fazem parte das festividades dos padroeiros. Você chegou a publicar este artigo? Pois necessito para fazer uma citação no meu trabalho. Obrigado.
Prezado Daniel Rocha,
Que bom sabermos que contribuímos com esta matéria. Desde que você cite a fonte (Blog Berakash), pode fazer sua citação.
Shalom !!!
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