Afirmava Leibniz que este era o
melhor dos mundos possíveis, ao que Bradley acrescentou, ironicamente, "e
nele todo o mal é necessário".
De acordo
com Leibniz, são infinitos os mundos possíveis dentre os quais Deus escolhe o
melhor para existir. Não só o mundo eleito como os demais têm restrições em
cada uma das séries neles contidas.
Cada mundo é
um conjunto completo; isso significa que nenhum elemento ulterior pode ser
acrescentado a ele sem torná-lo inconsistente ou sem diminuir a riqueza de suas
misturas de variedade e ordem.
A distinção
entre um mundo e outro está no fato de seus membros operarem de acordo com
diferentes leis. Cada mundo impõe certas restrições às mônadas (as unidades
substanciais que formam tais mundos).
Assim, uma
mônada pertencente a um mundo possível desenvolve-se de acordo com as leis do
mundo do qual ela participa. Isso faz com que seja inviável que uma mônada
junte-se a outras que estejam subordinadas a outras leis designadas por Deus.
Esse é o motivo de algumas
substâncias possíveis serem inadmissíveis em outra seleção possível. Daí os
mundos não poderem ser levados para caminhos incompatíveis com as leis que os
governam.
Todos os acidentes
estão incluídos desde sempre na essência da mônada, ou seja, ela traz em si
tudo aquilo que aconteceu e o que lhe acontecerá; seus estados passados,
presentes e futuros, bem como todos os estados do universo inteiro.
Ela reflete
todo o universo a partir de certa perspectiva; contém não só aquilo que é
relativo ao seu próprio estado como também todas as coisas com as quais ela se
relaciona. Tais relações externas aparecem nas mônadas como modificações
internas, pois elas são fechadas em si; sendo assim, não têm relação direta
umas com as outras.
A mônada é
desprovida de um canal de comunicação para fora de si; apesar disso,
indiretamente ocorre uma influência mútua na medida em que cada mudança externa
é expressa por uma alteração no interior da mônada.
A relação
entre elas se dá através das respectivas percepções de cada uma delas. Cada
mônada é como um espelho que reflete tudo que acontece, mas não interage com as
outras. Isso, posteriormente, aparecerá no sistema como sendo a harmonia
preestabelecida:
“Deus produz diversas substâncias
conforme as diferentes perspectivas que tem do universo e, por sua intervenção,
a natureza própria de cada substância implica que o que acontece a uma
corresponda ao que acontece a todas as outras, sem que ajam imediatamente umas
sobre as outras (LEIBNIZ, 2004, p. 29).”
Dessa forma,
tudo que acontece a uma substância é consequência dela própria, do mundo
interno dela.
As
percepções nas substâncias ativas são mais distintas, enquanto nas substâncias
consideradas passivas tais percepções se dão de maneira mais confusa.
De acordo com Leibniz, Deus não dá simplesmente origem às criaturas,
deixa-as livres; sua criação se dá de forma contínua, se dá por emanação.
Tal relação
de conservação causa dependência perpétua dos seres com Deus. Apesar de tal
relação, cada substância é um mundo particular. Isso, porém, não impede que
seja possível prever algumas atitudes futuras delas, não apenas devido a
determinadas características que cada uma possui como também devido às suas
atitudes passadas. A substância expressa também o conteúdo de Deus; apesar
disso, ela não sabe com certeza como agir da melhor forma.
Ela, assim
como Deus, tem a visão geral do mundo. O que irá diferenciar uma substância de
outra é o modo de percepção das coisas ao seu redor, ou seja, o grau de clareza
ou obscuridade que tem em relação às coisas.
Há, contudo,
pontos de convergência entre as substâncias, como ocorre, por exemplo, quando
várias substâncias presenciam um mesmo fato. A despeito disso, cada uma terá
uma perspectiva própria sobre o ocorrido, mas não tão distante a ponto de não
se entenderem.
Se assim não
fosse, se cada substância tivesse uma visão particular que não fosse
compartilhada com as das outras, não haveria nenhuma ligação entre elas, e não
é o que ocorre. Vemos, nesse caso, que ligação apresenta um sentido bem
diferente de dependência.
Deus, apesar
de ter uma visão do todo, sabe como cada substância enxerga individualmente.
Ele é o
responsável por tornar o ponto de vista individual algo geral compartilhado por
elas. É assim que ocorre a ligação entre elas.
Façamos Jus a este grande
pensador filho de seu tempo e das circunstâncias(E quem não é ?), mas que com
todas as suas falhas e limitações muito contribuiu e ainda contribui para o
pensamento moderno:
Leibniz – biografia e
pensamentos
Gottfried Wilhelm Leibniz – (1646- 1716) nasceu no dia primeiro de julho, na cidade alemã de Leipzig. Era filho de um professor de filosofia moral. Sua família era de origem eslava. Criança ainda, explorava a biblioteca do pai. Viu os autores antigos e escolásticos.
Tomou contato com Platão e Aristóteles. Com quinze
anos começou a ler os filósofos modernos: Bacon, Descartes, Hobbes e Galileu.
Leibniz foi de um espírito universal, muito
inteligente, que revelou aptidão e genialidade em diversos campos. Bertrand
Russel fala que era admirável, mas não como pessoa; pois escreveu para ser
popular e agradar os princípes.
Cursou filosofia na cidade natal, matemática em
Jena, com vinte anos. Cursou também jurisprudência em Altdorf. Em 1663, aluno
da faculdade de filosofia, escreveu um trabalho sobre individualização.
Influenciado
pelo mecanicismo de Descartes, que mais tarde refutou, expôs suas idéias em um
livro, onde associava a filosofia e a matemática. Esboçou as primeiras
considerações do que viria a ser sua grande descoberta matemática: o cálculo
infinitesimal. Leibniz o desenvolveu na mesma época que Newton, um pouco
depois.
Ingressou na
sociedade secreta e mística dos sábios Rosacruzes. Em 1668 entrou na corte de
Eleitor de Mogúncia. Ganhou uma pensão participando da Rosa cruz em Nuremberg,
que lhe abriu as portas para a política.
Quando ingressou
na corte, traçou um caminho que podemos associar ao de Bacon. Era ambicioso e
movia-se agilmente pela corte em busca de seus projetos , muitos dos quais
utópicos. Um de seus projetos filosóficos; antigo já , era a criação de um
alfabeto do conhecimento humano. Foi nesse sentido influenciado pela lógica de
Aristóteles.
CRONOLOGIA:
Em 1670,
Leibniz ascendeu para conselheiro da corte de justiça, em Mogúncia. No seu novo
cargo, partiu para uma missão diplomática: convencer o rei absolutista francês
(Luís XIV) a conquistar o Egito para proteger a Europa da Invasão dos turcos e
mouros. Esse pedido foi recusado.
De 1672 a
1676 Leibniz viveu em Paris. Sua missão que resultou em fracasso procurava
evitar guerras entre os Europeus, desviando as tropas francesas para o Egito.
Conseguiu permissão para continuar em Paris, o que lhe foi vantajoso para
estudar, pois gozou do contato com a elite intelectual francesa.
Em 1676 ,
completou a descoberta do cálculo infinitesimal. Newton tinha inventado um novo
método de cálculos. Embora as descobertas tivessem o mesmo objetivo, forma
feitas sob pontos de vista diferentes. Leibniz calculava através do
infinitamente pequeno.
Em Paris
havia conhecido e ficado amigo do matemático Huyghens. Conheceu também o
filósofo Arnauld (1612-1694) e Malembranche. Viajou para Londres e entrou para
a Royal Society. Voltou para Paris. Sua estada lá, continuou sendo importante
intelectualmente. O alemão ainda não era uma língua culta, e ele aprendeu
francês perfeitamente.
Quando
voltava para a Alemanha, passou de novo por Londres, onde conheceu newton. Na
Holanda, conheceu Spinoza. Conversaram sobre metafísica e Spinoza mostrou a
Leibniz os originais de Ètica.
Em 1676, vai
para Hanôver, onde se torna bibliotecário chefe. Passou os anos finais de
sua vida nessa cidade, salvo algumas viagens. Foi conselheiro da corte,
historiógrafo da dinastia e um dos reponsáveis por Hanôver ter se tornado um
eleitorado.
Viajou pela
Europa para conseguir documentos que fossem importantes para o seu papel de
historiador. Foi para Áustria , Itália. Na Itália, passou por Nápoles, Florença
e Veneza.
Leibniz era
a favor da união das igrejas. Foi sócio da academia científica de Paris e de
Berlim, que fundou.
Em 1711,
viajou para a Rússia, onde aconselhou Pedro o grande, czar russo. Pedro queria
elevar a Rússia ao nível dos maiores reinados europeus. Em 1713 Leibniz foi
elevado conselheiro da corte de Viena.
Os últimos
anos da vida de Leibniz foram tristes e solitários. Sua protetora, a princesa
Sofia, havia morrido. Jorge I da Inglaterra não o queria mais por lá. As
diversas cortes e academias de que fez parte esqueceram-no . Assim , perdeu
prestígio. A Royal Society deu o crédito da invenção do cálculo infinitesimal
para Newton.
Leibniz, que teve uma vida
agitada, escrevia e meditava à noite. Seus trabalhos são breves em tamanho, não
exigiram muito elaboração. Leibniz escreveu em latim e francês. Morreu com
setenta anos em funeral acompanhado apenas por seu secretário. Havia brigado
com a corte de Hanôver.
Dentre as
muitas obras de Leibniz se destacam: Discurso da Metafísica, Novos ensaios
sobre o entendimento humano (resposta a Locke), Sobre a origem das
coisas, Sobre o verdadeiro método da filosofia , Teologia e
correspondência.
Leibniz
procurou expôr conceitos de validade atemporal na sua filosofia. Ele chamava
tal filosofia de perene. E quis conciliá-la com a filosofia moderna. A
filosofia moderna havia tomado caminhos diferentes da antiga e escolástica.
Leibniz descobriu que era uma questão de perspectiva , mas todas as filosofias
podiam ser unidas sob muitos aspectos. Ele resgatou
a visão teleológica escolástico-aristotélica, que atribuía uma causa a tudo. De
Descartes aproveitou a aplicação da matemática ao mundo.
Leibniz
criticou a materialismo moderno. Apesar disso, era um racionalista. Seu
racionalismo, como o de Zenão, chegava ao paradoxo.
Usando a teoria da causalidade, Leibniz explica a existência de Deus.
Diz que ele não faz nada ao acaso, é supremamente bom.
O universo
não foi feito apenas pelo homem, mas o homem pode conhecer o universo
inteiro. Deus é engenhoso, é capaz de formar uma “máquina” com apenas um
simples líquido, sendo necessário apenas a interação com as leis da natureza
para desenvovê-la.
A vontade do
criador está submetida à sua lógica e a de seu entendimento. É uma visão
racionalista do mundo, e a mente divina seria impregnada de racionalidade. Mas
o mundo é mais do que a razão pode concatenar. O valor da razão reside no seu
lado prático. Ela pode conhecer o princípio matemático das coisas, do
conhecimentos específicos, mas ignora as causas últimas.
Leibniz, apesar de ser
influenciado por Descartes, zombou da simplicidade do método. E refuta o
mecanicismo. Diz que a extensão e o movimento, figura e número, não passam das
aparências, não são a essência. Existe algo que está além da física da extensão
e movimento, e é de natureza metafísica, uma força.Descartes havia dito que a
constante nos fenômenos mecânicos é a quantidade – movimento. Leibniz fala que
isso é um erro, para ele a constante é a força viva, a energia cinética.
O ponto principal do pensamento de Leibniz é a
teoria das mônada:
É um
conceito neoplatônico, que foi retomado por Giordano Bruno e Leibniz
desenvolveu.
As mônadas
(unidade em grego) são pontos últimos se deslocando no vazio. Leibniz chama de enteléquia
e mônada a substância tomada como coisa em si, tendo em si sua determinação e
finalidade.
Para
Leibniz, o espaço é um fenômeno não ilusório. É a ordem das coisas que se
relacionam. o espaço tem uma parte objetiva, a da relação, mas não é o real tomado
em si mesmo. Assim como o espaço, o tempo também é um fenômeno.
As leis elaboradas pela mecânica
são leis de conveniência, pela qual Deus criou o melhor dos mundos.
Assim como o
mecanicismo, Leibniz critica a visão cartesiana de máquinas. Os seres orgâncicos
são máquinas divinas. Em cada pequena parte desses seres, há uma peça dessas
máquinas, que são do querer divino. É a maneira pela qual se realiza o
finalismo superior.Para conhecermos a realidade precisamos conhecer os centros
de força que a constituem, as mônadas. São pontos imateriais como átomos. São e
formam tudo o que existe. São unas assim como a mente. A mente apresenta
diversidade, bem como várias representações. A mônada deve ser pensada junto
com a mente. As atividades principais das mônadas são a percepção e a
representação. Elas tem tendências à várias percepções.Uma mônada só é distinta
da outra pela sua atividade interna. As mônadas tem dois tipos de percepção, a
simples e a consciente. A última é chamada de apercepção. Somente algumas
mônadas apercebem, e elas tem mais percepções inconscientes que conscientes.
Leibniz identificou a percepção inconsciente na natureza humana:
É aquele
estado de consciência no qual a alma fica sem perceber nada distintamente, nós
não nos recordamos do que vivemos. Certamente Leibiniz falava daquela estado
especial de não entendimento e não associação em que a alma fica “amorfa”. Mas
tal estado não é duradouro. enquanto estamos nele, parecemos as mônadas.Leibniz,
na sua doutrina das mônadas, fala que cada mônada espelha o universo inteiro.
Tudo está em tudo. Isso se aplica também ao tempo, ele diz: “o presente está
grávido do futuro.” Uma mônada se diferencia da outra, poque as coisas estão
presentes em maior ou menor grau nelas, e sob diferentes ângulos e aspectos.Não
existem duas substâncias exatamente idênticas, pois se houvesse, elas seriam a
mesma. A realidade é composta de mínusculas partículas, tem uma riqueza
infinita. Deus conhece a tudo perfeitamente.
Leibniz fala da lei da
continuidade. Uma coisa leva a outra, na natureza não há saltos. Entre um
extremo e outro, há um nível médio.
Deus é a mônada das mônadas:
Uma
substância incriada, original e simples. Deus criou e cria, a partir do nada,
todas as outras substâncias. Uma substância, por meio natural, não pode
perecer. Só através da aniquilação . Também, de uma não se criam duas. Uma
mônada é uma substância, e é uma coisa sem janela, encerra em si mesma sua
finalidade.
Como já disse, a mônada é imaterial:
Porém é da
relação entre elas que nasce o espaço e matéria. A mônada é atividade limitada,
pois a atividade ilimitada só se encontra em Deus (um tipo especial ). É dessa
imperfeição, que torna a essência obscura que nasce a matéria.
Os organismos são um agregados de
mônadas unidos por uma enteléquia superior. Nos animais essa enteléquia é a
alma. Nos homens, a alma é entendida como espírito.
Uma coisa já está em potência na semente - Até aí
nada de novo:
O original em Leibniz, é que não
existe geração nem morte. Só existe desenvolvimento, no sêmem já existe um
animal. Ele só precisa se desenvolver.
A
substâncias brutas espelham mais ao mundo do que a Deus. O contrário nas
substâncias superiores: Deus governa o mundo com leis materiais e espirituais.
Existem vários pequenos deuses, controlados pelo grande Deus.
Leibniz,para explicar a interação entre a matéria e o espírito, formulou
três hipóteses:
1) uma ação recíproca
2) intervenção de Deus em todas as ações
3) A harmonia pré-estabelecida. Cada substância tira tudo de seu interior,segundo a vontade divina.
O famoso princípio da razão
suficiente de Leibniz, é junto com sua mônadologia,a pedra lapidar de sua
metafísica. Esse princípio postula que cada coisa existe com uma razão de ser.
Nada acontece ao acaso.
Estamos no melhor dos mundos possíveis,o ser só
é,só existe,porque é o melhor possível:
A perfeição
de Deus garante essa vantagem . Deus escolheu dentre os mundos possíveis,o que
melhor espelhava sua perfeição. Ele escolheu esse mundo por uma necessidade
moral.
Mas se esse
mundo é tão bom porque existe o mal? Na Teódiceia, Leibniz indentifica três
tipos de mal:
1) O mal metafísico,que deriva da finitude do que não é Deus
2) O mal moral,que advém do homem, não de Deus. É o pecado.
3) O mal físico. Deus o permite para evitar males maiores, para corrigir.
Leibniz diferencia a verdade de razão da verdade de
fato:
A verdade de razão é absoluta, pois está no intelecto de Deus:
Por exemplo,
as leis da matemática e as regras de justiça e bondade. O oposto dessas
verdades é impossível. As verdades de fato admitem opostos. Elas poderiam não
existir, mas tem um motivo prático para existirem.
No livro Novos
ensaios sobre o entendimento humano, Leibniz analisa o livro de Locke,
Ensaio sobre o entendimento humano.
Ele critica o empirismo de Locke
(nada existe na mente que não tenha estado nos sentidos) e defende, como
Descartes, um inatismo. Ele localiza qualidades inatas na alma, como o ser , o
uno, o idêntico, a causa, a percepção e o raciocínio. Leibniz retoma Platão, e
sua teoria de reminiscência das idéias, dizendo que a alma reconhece
virtualmente tudo.
Leibniz coloca que as condições para a liberdade são três:
A
inteligência, a espontaneidade e a contingência. A liberdade da alma consiste
em nela encerrar um fim em si mesma, não dependendo de externos.
Princípios de Filosofia ou
Monadologia:
1 — A
Mónada, de que iremos aqui falar, não é outra coisa senão uma substância
simples, que entra nos compostos; simples, quer dizer, sem partes. (Teodíceia,
§ 10).
2 — E, como
há compostos, é necessário que haja substâncias simples; porque o composto não
é outra coisa senão um montão ou AGGREGATUM dos simples.
3 — Ora,
onde não há partes, não há nem extensão, nem figura, nem divisibilidade
possível. E estas Mónadas são os verdadeiros Átomos da Natureza ou, numa
palavra, os Elementos das coisas.
4 — Não há
também dissolução a temer, e não há nenhuma maneira concebível pela qual uma
substância simples possa perecer naturalmente.
5 — Pela
mesma razão, não há nenhuma maneira pela qual uma substância simples possa
começar naturalmente, pois não poderia ser formada por composição.
6 — Assim,
pode dizer-se que as Mónadas não poderiam começar nem acabar senão
instantaneamente, isto é, elas não poderiam começar senão por criação e acabar
senão por aniquilação; ao contrário, o que é composto começa e acaba por
partes.
7 — Não há
igualmente meio de explicar como uma Mónada pode ser alterada ou mudada no seu
interior por outra qualquer criatura; Pois nada se lhe pode transpor, nem
conceber algum movimento interno que pudesse ser excitado, dirigido, aumentado
ou diminuído dentro dela, como acontece nos compostos, onde há mudança entre as
partes. As mónadas não têm janelas por que alguma coisa pudesse entrar ou sair.
Os acidentes não poderiam separar-se, nem passear-se fora das substâncias, como
faziam outrora as espécies sensíveis dos escolásticos. Assim, nem substância,
nem acidente pode vir de fora para uma Mónada.
8 — No
entanto, é necessário que as Mónadas tenham algumas qualidades; de outro modo,
nem sequer seriam Seres. E se as substâncias simples não diferissem pelas suas
qualidades, não haveria meio de se aperceber de qualquer mudança nas coisas;
porque o que está nos compostos só pode provir dos ingredientes simples; e as
Mónadas sendo sem qualidades, seriam indistinguíveis uma da outra, já que elas
em nada diferem em quantidade. E, consequentemente, o pleno sendo suposto, cada
lugar só receberia em movimento o Equivalente do que tinha tido, e um estado de
coisas seria indistinguível de outro.
9 — É mesmo
necessário que cada Mónada seja diferente de cada outra. Porque não existe nunca
na natureza dois Seres que sejam perfeitamente um como o outro e onde não seja
possível encontrar uma diferença interna ou fundada sobre uma determinação
intrínseca.
10 — Temo
igualmente por aceite que todo o ser criado está sujeito à mudança, e por
conseqüência a Mónada, criada ela também; e mesmo que esta mudança é contínua
em cada uma.
11 —
Segue-se do que dissemos, que as mudanças naturais das Mónadas provêm de um
PRINCÍPIO INTERNO, já que uma causa externa não poderia influir no seu
interior. (Teod., §s. 396 e 400).
12 — Mas
também é necessário que, para além do princípio de mudança, haja um DETALHE DO
QUE MUDA, que faça, por assim dizer, a especificação e a variedade das
substâncias simples.
13 — Este
detalhe deve envolver uma multiplicidade na unidade ou no simples. Porque como
toda a mudança natural se faz por degraus, alguma coisa muda e alguma coisa
permanece; e, consequentemente, é necessário que na substância simples haja
pluralidade de afecções e de relações, ainda que nela não haja partes.
14 — O
estado passageiro que envolve e representa uma multiplicidade na unidade ou na
substância simples não é outra coisa senão o que se chama a PERCEPÇÃO, a qual
deve distinguir-se da apercepção ou da consciência, como se mostrará adiante. E
foi nisto que os cartesianos falharam bastante, não tendo considerado para nada
as percepções que não se apercebem. Foi igualmente o que fez acreditar que só
os Espíritos eram Mónadas e que não havia Almas dos Animais nem outras
Enteléquias; e que os fez confundir, com o vulgo, um longo atordoamento com uma
morte a rigor, o que os fez ainda cair no preconceito escolástico das almas
totalmente separadas e, do mesmo modo, fortaleceu os espíritos mal formados na
opinião da mortalidade das almas.
15 — A Ação
do princípio interno que faz a mudança ou a passagem de uma percepção a outra
pode ser chamada APETIÇÃO. É verdade que o apetite não pode sempre adequar-se
inteiramente a toda a percepção para onde ela tende, mas consegue sempre
qualquer coisa e alcança percepções novas.
16 — Nós
próprios experimentamos uma multiplicidade na substância simples logo que
notamos que o menor pensamento de que nos apercebemos envolve uma variedade no
objeto. Assim, todos os que reconhecem que a Alma é uma substância simples
deviam reconhecer esta multiplicidade na Mónada, e Bayle não devia encontrar aí
uma dificuldade, como o fez no seu Dicionário, artigo Rorarius.
17 — De
resto, é-se obrigado a confessar que a PERCEPÇÃO e o que dela depende é INEXPLICÁVEL
POR RAZÕES MECÂNICAS, isto é, pelas figuras e pelos movimentos. E fingindo
existir uma Máquina cuja estrutura fizesse pensar, sentir, ter percepção,
poder-se-ia, conservando as mesmas proporções, concebê-la aumentada de tal modo
que nela se pudesse entrar como num moinho. E assim, percorrendo-a por dentro,
não encontraríamos senão peças impulsionando-se umas às outras e nada por que
explicar uma percepção. Assim, é na substãncia simples, e no composto ou na
máquina, que é preciso procurá-la. Também nada senão isso se poderá encontrar
nas substâncias simples, isto é, as percepções e as suas mudanças. E é só nisso
igualmente que podem consistir todas as AÇÕES INTERNAS das substâncias simples.
18 —
Poder-se-ia dar o nome de Enteléquias a todas as substâncias simples ou Mônadas
criadas porque elas contêm uma certa perfeição, (echousi to
enteles) e
possuem uma suficiência (autarkeia) que as torna fontes das suas próprias
acções internas e, por assim dizer, em Autômatos incorporais. (Teod., §
87).
19 — Se queremos chamar alma a
tudo o que tem PERCEPÇÕES e APETITES no sentido geral que acabo de explicar,
todas as substâncias simples ou Mónadas criadas poderiam ser chamadas Almas;
mas como o sentimento é algo mais que uma simples percepção, concordo que o
nome geral de Mónadas e Enteléquias baste para as substâncias simples que só
têm percepção e que se chame Almas somente àquelas cuja percepção é mais
distinta e acompanhada de memória.
20 — Nós próprios experimentamos
um Estado em que não nos
lembramos de nada nem temos nenhuma percepção distinta, como quando
desfalecemos ou quando estamos abatidos num profundo sono sem nenhum sonho.
Neste estado, a alma não difere em nada de uma simples Mónada; mas como este
estado não é durável, e dele se liberta, a alma é algo mais. (Teod., § 61).
21 — Disto
não se infere que, naquele estado, a substância simples esteja sem qualquer
percepção. Tal não é possível, até pelas razões já apontadas; porque tal como
não poderia perecer, assim também não poderia subsistir sem nenhuma afecção,
que não é outra coisa que a sua percepção. Mas quando há uma grande quantidade
de pequenas percepções, onde nada se encontra distinto, é porque se está
atordoado, como quando se anda continuamente à volta num mesmo sentido várias
vezes, de modo que advém uma vertigem que nos faz desmaiar e nada nos deixa
distinguir. E a morte pode conferir por uns tempos este estado aos animais.
22 — E como
todo o estado presente de uma substância simples é naturalmente uma
conseqüência do seu estado precedente, do mesmo modo o presente está prenhe do
futuro. (Teod., § 360).
23 — Assim,
pois que despertada do atordoamento APERCEBE-SE das suas percepções, é
necessário que também as tivesse tido imediatamente antes, ainda que tal fosse
imperceptível; porque uma percepção não poderia provir naturalmente senão de
outra percepção, como um movimento não provém naturalmente senão doutro
movimento. (Teod., §s. 401-403).
24 — Daqui
se conclui que, se não tivéssemos nada de distinto e, por assim dizer, de
recortado e de um mais alto gosto nas nossas percepções, estaríamos num
contínuo atordoamento. É este o estado das Mónadas nuas.
25 — Assim,
vemos que a Natureza deu percepções recortadas aos animais, graças aos cuidados
que ela toma de lhes fornecer os órgãos que conjugam vários raios de luz ou
várias ondulações do ar, de modo a que, pela sua união, tivessem mais
eficácia. Há algo de semelhante no odor, no gosto e no tacto, e talvez em
muitos outros sentidos que nos são desconhecidos. Em breve explicarei como o
que se passa na Alma representa o que sucede nos órgãos.
26 — A
memória fornece às almas uma espécie de CONSECUÇÂO que imita a razão, mas que
se lhe deve distinguir. É que vemos que os animais tendo a percepção de algo
que os incomoda, e da qual tinham antes uma percepção semelhante, aguardam
através da representação da sua memória o que esteve junto nessa percepção
precedente e, assim, são levados a sentimentos semelhantes aos de então. Por
exemplo, quando se mostra um pau aos cães, eles recordam-se da dor causada
anteriormente e, ganindo, fogem. (Prelimin., § 65).
27 — E a
imaginação forte que os perturba e agita provém ou da grandeza ou da quantidade
das percepções precedentes. Porque muitas vezes uma impressão forte provoca de
uma só vez o efeito de um longo HÁBITO ou de muitas fracas percepções
reiteradas,
28 — Os
homens, enquanto as consecuções das suas percepções só se fazem pelo princípio
da memória, agem como os animais,
assemelhando-se
aos Médicos Empíricos que têm uma simples prática sem teoria; o nós somos
somente Empíricos em três quartos das nossas Acções. Por exemplo: quando se
espera pelo dia de amanhã porque assim sempre sucedeu até agora, age-se
empiricamente. Neste caso, só o Astrônomo julga pela razão. (Prelimin.. § 65).
29 — Porém,
o conhecimento das verdades necessárias e eternas é o que nos distingue dos
simples animais e nos faz possuir a RAZÃO e as Ciências, elevando-nos ao
conhecimento de nós próprios e de Deus. E é o que se chama em nós Alma Racional
ou Espírito.
30 — É
também pelo conhecimento das verdades necessárias e pelas suas abstracções que
nos elevamos aos ACTOS REFLEXIVOS, que nos fazem pensar no que se chama Eu e a
considerar que isto ou aquilo existem em nós. E é assim que pensando em nós
pensamos no Ser, na Substância, no simples e no composto, no imaterial e no
próprio Deus, concebendo que aquilo que é limitado em nós é nele ilimitado. E
estes Actos reflexivos fornecem os objectos principais dos nossos raciocínios.
(Teod., Prefácio).
31 — Os nossos raciocínios estãp
fundados em DOIS GRANDES PRINCÍPIOS, O DA CONTRADIÇÃO em virtude do qual
julgamos FALSO o que implica contradição e VERDADEIRO o que é oposto ou
contraditório com o falso. (Teod., §s.
44 e 169).
32 — E O DA RAZÃO SUFICIENTE, em
virtude do qual consideramos que nenhum Jacto poderia ser verdadeiro ou existente,
nenhuma Enunciação verídica sem que haja uma razão suficiente para que isso
assim seja e não de outro modo, ainda que estas razoes as mais das vezes não
possam ser conhecidas por nós. (Teod.,
§s. 44 e 196).
33 — Há duas
espécies de VERDADES; as de RACIOCÍNIO e as de FACTO. As verdades de Raciocínio
são necessárias e o seu oposto é impossível; e as de facto são contingentes e o
seu oposto é possível. Quando uma verdade é necessária pode encontrar-se a sua
razão pela análise, resolvendo-a em idéias e verdades mais simples até se
chegar às primitivas. (Teod, §s. 170, 174, I89, 280-282, 367; Resumo,
3.ª Objecção).
34 — Ê assim
que os Matemáticos reduzem os TEOREMAS de especulação e as REGRAS da prática
através da Análise às Definições, Axiomas e Postulados.
35 — Enfim,
há IDÉIAS SIMPLES cuja definição não se pode dar; há também Axiomas e
Postulados ou, numa palavra, PRINCÍPIOS PRIMITIVOS que não poderiam ser
provados e que também não têm necessidade de sê-lo; são as ENUNCIAÇÕES
IDÊNTICAS, cujo oposto contém uma contradição expressa.
36 — Mas a
RAZÃO SUFICIENTE deve encontrar-se também nas VERDADES CONTINGENTES ou DE
FACTO, isto é, na série das coisas que se encontram repartidas pelo universo
das criaturas, onde a resolução em razões particulares poderia ser levada a um
detalhe sem limites devido à variedade imensa das coisas da Natureza e à
divisão dos corpos ao infinito. Há uma infinidade de figuras e movimentos
presentes e passados que entram na causa eficiente da minha presente escrita e
há uma infinidade de pequenas inclinações e disposições da minha alma,
presentes e passadas, que entram na causa final. (Teod., §s. 36, 37, 44,
45, 49, 52, 121, 122, 637, 340-344).
37 — E como
todo este DETALHE envolve ainda outros contingentes anteriores ou mais
detalhados, dos quais cada um tem ainda necessidade de uma Análise semelhante
para lhe conferir razão, nunca mais se avança na análise; e é preciso que a
razão suficiente ou última esteja fora da seqüência ou SÉRIES deste detalhe dos
contingentes por mais infinito que ele possa ser.
38 — E é
assim que a última razão das coisas deve estar numa substância necessária, na
qual o detalhe das mudanças não esteja senão eminentemente, como na origem: e é
o que chamamos Deus. (Teod., § 7).
39 - Ora,
esta substância sendo uma razão suficiente de todo este detalhe, o qual está
igualmente ligado por todo o todo o lado, NÃO HÁ SENÃO UM DEUS E ESTE DEUS
BASTA.
40 — Pode
julgar-se também que esta Substância Suprema que é única, universal e
necessária, não tendo nada fora dela que lhe seja independente, e sendo uma
conseqüência simples do ser possível, deva ser incapaz de limites e deva conter
tanta realidade quanto lhe seja possível.
41 — Donde
se segue que Deus é absolutamente perfeito, não sendo outra coisa a perfeição
senão a grandeza de realidade positiva tomada rigorosamente, excluindo os
limites ou restrições nas coisas que as têm. E onde não há limites, isto é, em
Deus, a perfeição é absolutamente infinita. (Teod., § 22, Prefácio, §
4).
42 —
Segue-se igualmente que as criaturas têm as suas perfeições a partir da
influência de Deus, mas que elas têm também as suas imperfeições a partir da
sua própria natureza, incapaz de ser sem limites. Porque é nisto que elas são
distintas de Deus. (Teod., §s. 20, 27-30, 153, 167, 377 e ss.).
43 — Ê
igualmente verdade que em Deus está não somente a fonte das existências, mas
ainda a das essências, enquanto reais, ou o que há de real na possibilidade. E
isto é assim porque o Entendimento de Deus é a região das verdades eternas ou
das idéias de que se dependem, e sem ele nada de real haveria nas
possibilidades; e não somente nada de existente, mas tão-pouco nada de
possível. (Teod., § 20).
44 — Porque
é necessário que, se há uma realidade nas Essências ou possibilidades ou nas
verdades eternas, esta realidade seja fundada em algo de existente e Actual;
e, consequentemente, na Existência do Ser necessário, no qual a Essência
implica a Existência ou no qual basta ser possível para ser Actual. (Teod,, §s.
184-189, 335).
45 — Assim,
só Deus (ou o Ser Necessário) tem este privilégio: se é possível tem de existir
necessariamente. E como nada pode impedir a possibilidade do que não contém
nenhuns limites, nenhuma negação, e, consequentemente, nenhuma contradição,
isto basta para conhecer a Existência de Deus A PRIORI.
Demonstramo-la
igualmente pela realidade das verdades eternas. Mas acabamos também de
prová-la A POSTERIORI pela existência de seres contingentes, os quais não
poderiam ter a sua razão última ou suficiente senão no ser necessário o qual
tem a razão da sua existência em si próprio.
46 — Porém,
não é preciso imaginar-se, como alguns, que as verdades eternas, sendo
dependentes de Deus, são arbitrárias e dependentes da sua vontade, como
Descartes parece tê-lo feito e, posteriormente, Poiret. Isto não é verdade
senão para as verdades contingentes, cujo princípio é a CONVENIÊNCIA ou a
escolha do MELHOR, ao passo que as Verdades Necessárias dependem unicamente do
seu objecto interno. (Teod., §s. 180-184, 185, 335, 351, 380).
47 — Assim,
só Deus é a Unidade Primitiva ou a substância simples originária, da qual todas
as Mónadas criadas ou derivativas são produções; e nascem, por assim dizer, por
Fulgurações contínuas da Divindade de momento a momento, limitadas pela
receptividade da criatura, à qual é essencial ser limitada. (Teod., §s.
382-391, 398, 395).
48 — Há em
Deus a POTÊNCIA, que é a fonte de tudo, depois o CONHECIMENTO, que contém o
detalhe das idéias, e enfim a VONTADE, que faz as mudanças ou produções segundo
o princípio do melhor. E isto é o que corresponde, ao que nas Mónadas criadas
faz o Sujeito ou a Base, a Faculdade Perceptiva e a Faculdade Apetitiva. Mas em
Deus estes atributos são absolutamente infinitos ou perfeitos; e nas Mónadas
criadas ou nas Enteléquias (ou perfectihabies, como Hermolaus Barbarus
traduziu esta palavra) não são senão imitações à medida da perfeição que
contêm. (Teod., §s. 7, 149, 150; § 87).
49 — A
criatura é dita AGIR para fora tanto quanto perfeição contém; e PADECER de uma
outra tanto quanto é imperfeita. Assim, atribui-se a ACÇÃO à Mónada enquanto
ela possui percepções distintas e a paixão enquanto ela tem percepções
confusas. (Teod., §s. 32, 66, 368).
50 — E uma
criatura é mais perfeita do- que outra enquanto se encontra nela o que serve
para dar razão A PRIORI do que se passa noutra e é por isso mesmo que se diz
que ela age sobre a outra.
51 — Mas nas
substâncias simples há somente uma influência ideal de uma Mónada sobre outra,
a qual não pode ter o seu efeito senão pela intervenção de Deus e tanto quanto
nas idéias de Deus uma Mónada pede com razão que Deus, regulando as outras
desde o começo das coisas, a tenha em consideração. Porque, já que uma Mónada
criada não poderia ter uma influência física sobre o interior de outra, é
somente por este meio que uma pode estar dependente de outra. (Teod., §s.
9, 54, 65, 66, 201, Resumo, 3.a Obj.).
52 — E é
assim que entre as criaturas as Acções e as Paixões são mútuas. Porque Deus,
comparando duas substâncias simples, encontra em cada uma razões que a obrigam
a acomodar-se à outra; e, consequentemente, o que de certo ponto de vista é
activo, é passivo segundo um outro ponto de consideração: ACTIVO enquanto o que
se conhece distintamente nela serve para dar razão do que se passa numa outra,
e PASSIVO enquanto a razão do que se passa nela se encontra no que se conhece
distintamente em outra.
53 — Ora,
como há uma infinidade de universos possíveis nas idéias de Deus e como não
pode existir senão um só, é preciso que haja uma razão suficiente da escolha de
Deus, que o determine a preferir a um mais do que a outro. (Teod., §s.
8, 10, 44, 173, 196 e ss., 225, 414-416).
54 — E esta
razão não se pode encontrar senão na CONVENIÊNCIA ou nos graus de perfeição que
estes mundos contêm; cada possível tendo direito a pretender à existência à
medida da perfeição que contém. (Teod., §s. 74, 167, 350, 201, 130,
352, 345 e ss., 354).
55 — E é
esta a causa da Existência do Melhor, que a Sabedoria fez conhecer a Deus, que
a sua bondade o fez escolher e que a sua potência o fez produzir.
(Teod., §s. 8, 78, 80, 84, 119, 204, 206, 208, Resumo 1a Obj., 8.a
Obj.).
64 — Assim,
cada corpo orgânico de um vivente é uma Espécie de Máquina divina, ou de um
Autômato Natural, que ultrapassa infinitamente todos os Autômatos artificiais,
porque uma Máquina feita pela arte do homem não é Máquina em cada uma das suas
partes. Por exemplo: o dente de uma roda de latão tem partes ou fragmentos que
já não nos são algo de artificial e não contêm mais nada que indique da Máquina
relativamente ao uso a que a roda era destinada. Mas as Máquinas da Natureza,
isto é, os corpos vivos, são ainda Máquinas nas suas menores partes, até ao
infinito. É isto que faz a diferença entre a Natureza e a Arte, isto é, entre a
Arte divina e a Nossa. (Teod., §s. 134, 146, 194, 483).
65 — E o
Autor da Natureza pôde praticar este artifício divino e infinitamente
maravilhoso porque cada porção de matéria não é somente divisível ao infinito,
como os antigos reconheceram, mas ainda subdividido actualmente sem fim, cada
parte em partes, das quais cada uma tem algum movimento próprio. De outro modo
seria impossível que cada porção de matéria pudesse exprimir todo o universo.
(Prelimin., § 70; Teod., § 195).
66 — Donde
se vê que há um Mundo de criaturas, de viventes, de Animais, de Enteléquias, de
Almas na menor porção de matéria.
67 — Cada
porção de matéria pode ser concebida como um jardim pleno de plantas.e como um
lago pleno de peixes. Mas cada ramo da planta, cada membro do Animal, cada gota
de seus humores é ainda um tal jardim ou um tal lago.
68 — E
embora a terra e o ar interpostos entre as plantas do jardim ou a água
interposta entre os peixes do lago não sejam plantas nem peixes, eles os contêm
ainda, as mais das vezes de uma subtilidade imperceptível para nós.
69 — Assim,
não há nada de inculto, de estéril, de morto no universo, não há caos nem
confusão senão na aparência, mais ou menos como num lago à distância no qual se
veria um movimento confuso e buliçoso, por assim dizer, de peixes no lago sem
discernir os próprios peixes.
70 — Por
isso se vê que cada corpo vivo tem uma Enteléquia dominante, que é a Alma no
animal; mas os membros deste corpo vivo são plenos de outros corpos vivos,
plantas, animais, dos quais cada um tem ainda a sua Enteléquia ou a sua alma
dominante.
71 — Não é
necessário imaginar, porém, como alguns que perceberam mal o meu pensamento,
que cada Alma tem uma massa ou porção de matéria própria ou a ela afectada para
sempre e que possui, consequentemente, outros vivos ao seu serviço. Porque
todos os corpos estão num fluxo perpétuo como os rios em que as partes entram e
saem continuamente.
72 — Assim,
a alma não muda de corpo senão pouco a pouco e por graus, de modo que não é
nunca despojada instantaneamente de todos os seus órgãos; e muitas vezes há
metamorfose nos animais, mas nunca há Metempsicose nem transmigração das Almas;
também não existem ALMAS completamente SEPARADAS nem Gênios sem corpo. Só Deus
está inteiramente separado. (Teod., §s. 90, 124).
73 — O que
igualmente faz que nunca haja nem geração inteira nem morte perfeita tomada a
rigor, isto é, consistindo na separação da alma. E o que chamamos GERAÇÕES são
desenvolvimentos e crescimentos, tal como o que chamamos MORTES são
Envolvimentos e Diminuições.
74 — Os
Filósofos estiveram bastante embaraçados sobre a origem das Formas, Enteléquias
ou Almas; mas hoje, quando se apercebeu, através de investigações exactas
feitas sobre as plantas, os insectos e os animais, que os corpos orgânicos da
natureza nunca são produzidos a partir de um caos ou de uma putrefação, mas
sempre através de sementes, nas quais sem dúvida existia alguma PREFORMAÇÃO,
julgou-se que não somente o corpo orgânico já aí estava antes da concepção, mas
ainda uma Alma neste corpo e, numa palavra, o próprio animal; e que, por meio
da concepção, este animal foi somente disposto a uma grande transformação de
modo a se tornar um animal de uma outra espécie. Vê-se mesmo algo de semelhante
fora da geração, como quando os vermes se tornam moscas e as lagartas
borboletas.(Teod., §s. 86, 89,
90, 187, 188, 403, 397).
75 — Os
ANIMAIS, dos quais alguns são elevados ao grau dos maioes animais por meio da
concepção, podem ser chamados ESPERMÁTICOS; mas os que entre eles permanecem na
sua espécie, isto é, a maioria, nascem e multiplicam-se e são destruídos como
os grandes animais, e não há senão um pequeno número de Eleitos que passam a um
maior teatro.
76 — Mas
isto não era senão a metade da verdade: eu julguei então que, se o animal nunca
começa naturalmente, também nunca acaba naturalmente, e que não somente não
haverá geração como não haverá ainda destruição inteira, nem morte tomada a
rigor. E estes raciocínios feitos A POSTERIORI e tirados da experiência
acordam-se perfeitamente com os seus princípios deduzidos A PRIORI e acima
expostos. (Teod., § 90).
77 — Assim,
pode dizer-se que não somente a Alma (espelho de um universo indestrutível) é
indestrutível, como ainda o próprio animal, ainda que a sua Máquina pereça
freqüentemente em parte e abandone ou receba despojos orgânicos.
78 — Estes
princípios proporcionaram-me o meio de explicar naturalmente a união, ou
melhor, a conformidade da Alma e do corpo orgânico. A Alma segue as suas
próprias leis e o corpo igualmente as suas e eles se encontram em virtude da
harmonia pré-estabelecida entre todas as substâncias, pois que todas são
representações de um mesmo universo. (Teod., §s. 340, 352, 353, 358).
79 — As
Almas agem segundo as leis das causas finais, por apetites, fins e meios. Os
corpos agem segundo as leis das causas eficientes ou movimentos. E os dois
reinos, o das causas eficientes e o das causas finais, são harmônicos entre si.
80 —
Descartes reconheceu que as Almas não podem dar força aos corpos, porque há
sempre a mesma quantidade de força na matéria. Todavia, acreditou que a alma
podia mudar a direção dos corpos. Mas isto foi porque no seu tempo não se
conhecia a lei da natureza sobre a conservação da mesma direcção total na
matéria. Se a tivesse conhecido, ele teria caído no meu Sistema da Harmonia
pré-estabelecida. (Teod., §s. 32, 59, 60, 61, 62, 66, 345, 346, e ss.
354, 355).
81 — Este
sistema faz que os corpos ajam como se (por impossível) não houvesse Almas e
que as Almas ajam como se não houvesse corpos. E os dois agem como se um
influísse sobre o outro.
82 — Quanto
aos Espíritos ou Almas racionais, embora eu pense que haja no fundo a mesma
coisa em todos os viventes e animais, como acabamos de dizer (a saber, que o
Animal e a Alma não começam senão com o Mundo e igualmente só acabam com o
Mundo), há, todavia, isto de particular nos Animais racionais, que os seus
pequenos Animais Espermáticos, enquanto não são senão só isso, têm somente
Almas ordinárias ou sensitivas; mas, tratando-se dos eleitos, por assim dizer,
que atingem por uma actual concepção a natureza humana, as suas almas
sensitivas são elevadas ao grau da razão e à prerrogativa de Espíritos. (Teod.,
§s. 91, 397).
83 — Entre
as várias diferenças que há entre as Almas ordinárias e os Espíritos, das quais
já analisei uma parte, há ainda esta: que as Almas em geral são espelhos vivos
ou imagens do universo das criaturas mas que os Espíritos são ainda imagens da
própria Divindade ou do próprio Autor da natureza, capazes de conhecer o
Sistema do Universo e de o imitar em algo através de escantilhões
arquitectónicos, cada Espírito sendo como uma pequena divindade no seu domínio.
(Teod., § 147).
84 — É o que
faz que os Espíritos sejam capazes de entrar numa Maneira de Sociedade com
Deus, e que Ele seja relativamente a eles não somente o que um inventor é à sua
Máquina (como o é Deus relativamente às outras criaturas), mas ainda o que um
Príncipe é a seus súbditos e mesmo um pai a seus filhos.
85 — Donde é
fácil de concluir que a reunião de Todos os Espíritos deve constituir a Cidade
de Deus, isto é, o mais perfeito estado possível sob o mais perfeito dos
Monarcas. (Teod., § 146; Resumo, 2.a Obj.).
86 — Esta
Cidade de Deus, esta Monarquia verdadeiramente universal, é um Mundo Moral no
Mundo Natural e o que de mais elevado e de mais divino existe nas obras de
Deus; e é nela que consiste verdadeiramente a glória de Deus, pois que não a
haveria se a sua grandeza e a sua bondade não fossem conhecidas e admiradas
pelos espíritos; e é também relativamente a esta cidade divina que há
propriamente Bondade, ao passo que a sua Sabedoria e a sua Potência se
manifestam por todo o lado.
87 — Do
mesmo modo que acima estabelecemos uma Harmonia perfeita entre os dois Reinos
Naturais, um o das causas Eficientes, outro o das Finais, devemos ainda
assinalar uma outra harmonia entre o reino Físico da Natureza e o reino Moral
da Graça, isto é, entre Deus considerado como Arquitecto da Máquina do universo
e Deus considerado como Monarca da cidade divina dos Espíritos. (Teod., §s.
62, 74, 118, 112, 130, 147).
88 — Esta
Harmonia faz que as coisas conduzam à graça pelas próprias vias da natureza, e
que este globo, por exemplo, deve ser destruído e reparado pelas vias naturais
e nos momentos em que o requer o governo dos Espíritos, para castigo de uns e
recompensa de outros. (Teod., §s. 18 e ss. 110, 244, 245, 340).
89 — Pode
dizer-se ainda que Deus como Arquitecto satisfaz em tudo a Deus como Legislador
e que, assim, os pecados devem arrastar consigo a sua pena segundo a ordem da
natureza e em virtude da própria estrutura mecânica das coisas; e que do mesmo
modo as belas acções atrairão as suas recompensas por vias mecânicas
relativamente aos corpos, ainda que isto não possa e não deva sempre acontecer
imediatamente.
90 — Enfim,
sob este governo perfeito não haverá boa Acção sem recompensa nem má sem
castigo; e tudo deve resultar para bem dos bons, isto é, daqueles que não se
encontram descontentes neste grande Estado, que confiam na providência após
terem feito o seu dever e que amam e imitam como é devido o Autor de todo o
bem, alegrando-se na consideração das suas perfeições segundo a natureza do
verdadeiro PURO AMOR, que nos faz gozar com a felicidade do que se ama. É o que
faz trabalhar as pessoas sábias e virtuosas em tudo o que parece conforme à
vontade divina presumida ou antecedente e satisfazer–se, todavia, com aquilo
que Deus faz efectivamente acontecer por via da sua vontade secreta,
conseqüente ou decisiva; reconhecendo que, se pudéssemos entender suficientemente
a ordem do universo concluiríamos que ela ultrapassa todos os desejos dos mais
sábios e que seria impossível torná-lo melhor do que ele é, não somente para o
todo em geral mas ainda para nós próprios em particular, se nos submetemos como
é devido ao Autor de tudo, não só como ao Arquitecto e à causa eficiente do
nosso ser, mas ainda como a nosso Mestre e à causa Final que deve constituir
todo o objecto da nossa vontade e o único que pode fazer a nossa felicidade. (Teod.,
§ 278; Prefácio).
Síntese
acerca da Teoria do Conhecimento em Leibniz:
Em 10
pontos poderíamos sintetizar as idéias essenciais de Leibniz, destacando os
aspectos relativos à Teoria do Conhecimento e à Metafísica:
1 – Ponto de partida: crítica à
metafísica dualística de Descartes. Deus, que é perfeição infinita, não
pode ter criado um universo bitolado em duas substâncias irreconciliáveis (res
extensa e res cogitans), na forma em que foi pensado por Descartes.
2 – Deus, portanto, criou o
“melhor dos mundos possíveis”, caracterizado pelo princípio da “harmonia
preestabelecida”.
3 – O homem está chamado a tomar
conhecimento da “harmonia preestabelecida” do Universo. Nisso consiste a
verdade e a máxima felicidade do espírito. A nossa bem-aventurança, na Terra,
consiste em contemplarmos a harmonia do Cosmo, que espelha a perfeição divina.
4 – O homem apreende, pelo seu
conhecimento, a harmonia do Universo em dois níveis: matemático (pela ciência
da natureza) e metafísico (pela filosofia), sendo que esta última constitui
a apreensão mais completa da “harmonia preestabelecida”. Nas ciências,
apreendemos a harmonia com a ajuda das matemáticas. Nelas, joga um papel
importante o “cálculo infinitesimal”, que nos habilita a apreendermos a harmonia
cósmica no contexto de uma infinita quantidade de variáveis. Na filosofia,
apreendemo-la com a ajuda dos conceitos metafísicos, que exprimem a harmonia da
totalidade. A ars combinatoria constitui, para as ciências e a filosofia,
poderoso instrumento lógico que nos possibilita superar as contradições
decorrentes dos significados equívocos das palavras (“calculemos para que nos
entendamos”, afirmava Leibniz).
5 – Cerne da metafísica
leibniziana: a monadologia. O universo foi formado mediante a criação, por
Deus, de infinitas unidades substanciais de energia ou mônadas. Essas unidades
estão rigorosamente hierarquizadas e organizadas pelo Supremo Arquiteto do
Universo (Deus) que age à maneira de Causa Final, no contexto de um modelo que
hoje caracterizaríamos como finalistico-cibernético. A matéria, em si, não
existe. Ela é apenas manifestação aparente da única realidade existente: a
força ou energia, constituída pelas mônadas. Estas podem, portanto, expandir no
espaço a sua essência, ou contraí-la num ponto (à maneira dos buracos negros
postulados pela astrofísica contemporânea). Cada uma das mônadas encerra,
dentro de si, uma representação da harmonia do Cosmo. Essa representação, nos
seres humanos, é consciente, sendo que os demais seres não possuem essa consciência,
o que torna o homem o Rei da Criação, não para atrapalhar a ordem da “harmonia
preestabelecida”, mas para, com a luz da razão, reconhecer essa ordem harmônica
e louvar a Deus.
6 – A liberdade humana é um
postulado teológico que se depreende da tese do “melhor dos mundos
possíveis”. Se Deus não tivesse criado o homem livre, faltaria ao Cosmo uma
perfeição importante, a mais exímia entre as perfeições finitas: a liberdade.
Como conciliar a liberdade com a “presciência divina?” – Ao praticar o mal, o
homem não está dando ensejo a um ser: o mal moral é entendido por Leibniz como
ignorância (carência de conhecimento) de parte do homem, da “harmonia
preestabelecida” por Deus no Cosmo. O pecador é um ignorante. A sua
infelicidade consiste em desconhecer a ordem cósmica. Para Leibniz, “Deus
escreve certo com linhas tortas”. Ele, na sua infinita sabedoria, antecipa-se a
todos os nossos comportamentos, certos ou errados. Permite os errados, como
decorrentes da nossa liberdade. Mas, tomando conhecimento do contexto em que
eles acontecem, minimiza-os mediante uma ação providencial, que coloca as más
ações dos pecadores junto às boas ações dos homens virtuosos, a fim de que o
conjunto de todas as ações humanas seja harmonioso, como num grande mosaico
bizantino. As pedrinhas escuras, irregulares, seriam as más ações. Mas estas
praticamente desaparecem, ofuscadas pelo brilho das pedrinhas que representam,
reluzentes e coloridas, os inumeráveis atos virtuosos dos homens bons. Assim, a
ação dos maus serve como pano de fundo que ressalta a beleza das boas ações. No
contexto deste arrazoado, Leibniz formula o seu “providencialismo ou lex
melioris”, que se estende a todos os seres do Cosmo. Nada foi criado para ser
aniquilado. Isto iria contra a bondade infinita de Deus. Todos os seres foram
criados para integrarem o Universo definitivamente liberto do Mal, na Parusia
(à maneira como, no século XX, Teilhard de Chardin imaginou a caminhada de toda
a criação em direção ao Ponto Ômega). As unidades de energia, que são as mônadas,
revestir-se-ão da mais maravilhosa materialização que poderíamos imaginar, a
fim de toda a criação testemunhar a grandeza e a sabedoria infinitas do
Criador.
7 – A sociedade humana, na sua
organização política, deve refletir a harmonia cósmica, mediante a
estruturação harmônica das instituições a serviço do bem comum dos cidadãos,
preservado graças à sabedoria previdente do Rei, que constitui uma espécie de
poder moderador entre todas as forças sociais e os indivíduos, a fim de que o
bem de todos se realize. As teorias do poder moderador ou do poder neutro, que
foram formuladas no século XIX por Jacques Necker, Benjamin Constant de
Rebecque, François Guizot, Silvestre Pinheiro Ferreira, Domingos Gonçalves de
Magalhães, Paulino Soares de Sousa, etc., encontram em Leibniz o seu
inspirador.
8 – Do ponto de vista religioso,
Leibniz apelava para o ecumenismo entre todas as Igrejas cristãs, superando
o trágico período das guerras de religião, que ocorreram na Europa ao longo dos
séculos XVI e XVII. O filósofo imaginava que esse ecumenismo poderia ser
construído por um Monarca cristão ilustrado (Luis XIV, da França), que faria
uma espécie de pacto moderador entre as várias igrejas, incluídos os católicos
e os outros príncipes e soberanos europeus, a fim de fazer frente à ameaça do
Islã. Leibniz chegou a cogitar numa ordem político-religiosa universal, que
incluísse a China, mediante a relação de diálogo e de atividades conjuntas
entre cristãos ocidentais e budistas tibetanos.
9 – Do ângulo antropológico,
Leibniz considerava que os seres humanos, criados por Deus à sua imagem e
semelhança, davam ensejo a criações variadas que deveriam ser conhecidas na
sua origem e nas suas manifestações, não se restringindo isso à cultura
européia. Para apreendermos o fenômeno humano, pensava Leibniz, seria
necessário abordarmos todas as culturas, respeitando a sua identidade, num
esforço de abertura às criações humanas. Este aspecto contrastava,
evidentemente, com as reservas que o filósofo tinha em face do Islamismo.
10 – O filósofo desenvolveu amplo trabalho de aconselhamento a reis e
príncipes europeus, na tentativa de consolidar a unidade continental. Essa
idéia da Europa Unida seria retomada, no início do século XIX, por Napoleão
Bonaparte e, no século XX, pelos idealizadores do Mercado Comum Europeu e,
ulteriormente, da Unidade Européia.
Fonte:
Edição da Imprensa Nacional – Casa da Moeda – Lisboa
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