“Esta é uma questão controversa. Há quem sustente que as
consequências de culpas morais graves, das quais mancharam os próprios
antepassados, como por exemplo: homicídios, abortos, suicídios, práticas
mágicas etc, se propagam às gerações sucessivas. Atenção, não a culpa moral, que é sempre e somente pessoal, mas as suas
consequências, como por exemplo a tendência inata a repetir os mesmos atos
pecaminosos dos antepassados. Uma espécie de “inclinação” espiritual, que
chegaria aos filhos, netos, bisnetos e assim desceria na árvore genealógica.
Como se transmitem os caracteres hereditários fixos na transmissão da vida,
assim seria para aqueles espirituais. Para livrar-se desta tendência, cada
descendente deveria renunciar a eles com um estilo de vida cristã. Através de
um caminho de purificação, se alcançaria uma vez individualizada a tendência
pecaminosa, que pode beirar a compulsividade, a emendar-se nela. Isto seria de
qualquer modo a transmissão do caráter “doente” aos descendentes. A tese é
difusa por nós com o livro do psiquiatra inglês Kenneth McAll, Até as raízes, o
qual sustenta, citando casos por ele notados , que a causa dos males pode
depender de questões de geração. Não existe uma posição uniforme. Cada um
desenvolveu uma posição pessoal com base na experiência que amadureceu. Eu tive
alguns casos nos quais a pessoa que sofria de possessão demoníaca tinha
ascendentes que praticavam a magia e a bruxaria. Todavia não me parece que estes episódios possam representar uma razão
suficiente de demonstração da tese. São necessárias novas perspectivas
teológicas. No mais, também meu mestre, padre Candido Amantini, tinha
dúvidas sobre “se os maus espíritos se difundam por via das gerações...” Seja o
que for, é sempre oportuno celebrar Missas pelos nossos caros defuntos, também
por aqueles que nunca conhecemos e que, talvez, viveram séculos atrás.(Padre
Gabriele Amorth)
A CURA ENTRE GERAÇÕES
Por D. Estevão Bettencourt, osb - PERGUNTE E RESPONDEREMOS 551 – maio 2008
Em
síntese: A cura dita "entre
gerações" não pode significar que uma geração tenha de prestar expiação
pelos pecados dos antepassados pois cada um responde por si apenas.Pode-se
entender tal cura do seguinte modo: todo pecado deixa suas consequências na
sociedade em que tenha sido cometido: mau exemplo, ódio de uns para os outros,
estímulo à vingança.Ora, o que o
cristão pede a Deus, não é o perdão dos pecados alheios (no além já não há
conversão), mas pede que faça cessar a má influência que os pecados dos
antepassados exercem seja extinta, ficando todos os descendentes isentos de
qualquer consequência negativa derivada dos pecados dos antepassados. Debate-se muito a
questão da "cura entre gerações": Deveria uma geração prestar
satisfação a Deus pelos pecados de seus antepassados? - É o que passamos a examinar
a seguir:
Uma falsa interpretação:
Há quem
julgue que o sofrimento que alguém hoje padece não é senão a consequência dos
pecados dos antepassados, pois está escrito em Ex 20,5:"Castigo a iniquidade dos
pais nos filhos até a terceira e quarta geração dos que me odeiam". Seria preciso então pedir a Deus a cessação de tal castigo.
Esta concepção é falha !
a) Pode dar
a crer que estamos sujeitos a certa fatalidade, pesada e cruel, atormentando
pessoas inocentes. O livre arbítrio não funcionaria; haveria um destino traçado
para cada ser humano em consequência dos pecados dos antepassados.
b)- No tempo do
exílio de Judá na Babilônia (587-538), muitos dos exilados se recusavam a fazer
penitência, pois diziam que estavam sendo punidos não por causa de seus
pecados, mas por causa da iniquidade dos ancestrais. Assim se exprimia a
mentalidade do clã: todos pagam por um.
c)- A este modo de pensar se opuseram, em nome do Senhor, os profetas
Jeremias e Ezequiel: Jr 31, 29s: "Naqueles dias não se dirá
mais: os pais comeram uvas verdes, e os dentes dos filhos ficaram embotados.
Mas cada um morrerá por sua própria iniquidade: todo aquele que comer uvas
verdes, ficará com os dentes embotados". (Ez 18, 1-9)
d)- Como se vê,
a responsabilidade é pessoal, ao invés do que pensavam os antigos judeus, que
professava a mentalidade do clã: esta não levava devidamente em conta o
indivíduo, mas o clã, o conjunto a que pertencia cada indivíduo.
Aos poucos foi-se
valorizando o indivíduo como tal e suas responsabilidades pessoais
Não há destino; o livre arbítrio do homem é
capaz de fazer suas opções, sem depender do que tenham feito ou não feito os
antepassados. Locução semelhante
ocorre em Ex 20, 8: "Uso de misericórdia até a
milésima geração com aqueles que me amam e observam os meus mandamentos”.
A alusão à mentalidade do clã chega a ser hiperbólica. - Daí a pergunta:
Como entender a cura entre gerações?
Eis a explicação mais plausível:
Toda
iniquidade, principalmente as graves falhas, deixam marcas na sociedade em que
vive o pecador: um mau exemplo, um precedente daninho que se abre, ódio, desejo
de retaliação.Não é só o pecador que se prejudica pelo pecado, mas é a
sociedade que com ele sofre danos físicos ou morais. Principalmente os
familiares mais próximos descendentes do delinquente culpado sentirão a
amargura da herança deixada pelo(s) ancestrais falecidos.João Paulo II dizia: "Todo pecado trás uma hipoteca social para o conjunto da Igreja, pois se um membro do corpo sofre , todos padecem com ele." Os pecados cometidos pelos antepassados podem ter consequências para as
gerações futuras não porque Deus queira castigar a estas, mas porque transmitem
um âmbito marcado pelo pecado. Esse âmbito pode influenciar o livre arbítrio de
alguns descendentes, mas não lhe tira a liberdade de optar pelo bem, à revelia
do que sugere o legado recebido dos ancestrais.É sobre
este pano de fundo que se coloca a cura das gerações. Esta não pede a Deus
perdão pelas culpas dos antepassados, mas pede que os desgastes causados pelo
pecado dos mais velhos não afetem os descendentes.O sofrimento de que padece alguém hoje não é necessariamente castigo;
pode ser uma provação; Deus é pai, que ama seus filhos e, por isto, os educa e
corrige, burilando suas arestas para que possam ser cidadãos dignos da
Jerusalém celeste.A graça de Deus pode livrar determinado indivíduo dos seus sofrimentos,
principalmente quando obtida através da Santa Missa. Mas, como dito, o
sofrimento pode ser uma provação valiosa que faz amadurecer a nossa fé e que
convém aceitar generosamente, sem que o cristão peça a sua cessação, mas antes
peça a coragem para atravessar com alegria e magnanimidade o período da
provação, do qual poderá sair ainda mais santificado.
Em conclusão dizemos:
a) após quanto ponderamos não creiamos que todo sofrimento é castigo de
pecados do sofredor ou dos seus antepassados.
b) mas também reconheçamos que estamos sujeitos a sofrer das
imprudências ou da altivez de nossos ancestrais (sem que Deus esteja punindo
por pecados do passado).
Dom Estêvão Bettencourt
(OSB)
Piedade em questão: “COMO REZAR PELA CURA ENTRE GERAÇÕES”?
Pergunte e Responderemos Ano XLIV - Dezembro de 2003 – Nº 498 - Dom Estêvão Bettencourt, OSB
(Análise do livro de Pe. Alberto Gambarini)
Em síntese: A tese do livro supõe que alguém possa
estar atualmente sofrendo males físicos ou psíquicos em decorrência de faltas
cometidas pelos ancestrais — o que vem a ser falso; a própria Escritura
dissuade de assim pensar (ver Jr 31, 29; Ez 18, 1-4). Ademais o livro emprega
certas expressões inadequadas.O Pe.
Alberto Gambarini é benemérito por seus escritos e seus trabalhos apostólicos.Todavia em alguns de seus livros defende uma tese
insustentável aos olhos da reta fé: com ênfase especial é proposta no livro
“Como rezar pela cura entre gerações”, obra esta cujo conteúdo será, a seguir,
comentado:
A tese do livro
O autor
afirma que certas pessoas podem estar padecendo males físicos ou psíquicos em
conseqüência de faltas cometidas pelos antepassados. Haveria também maldições
hereditárias ou proferidas por ancestrais e aplicadas à geração presente.O autor explica seu modo de pensar relatando o
seguinte caso: “Um exemplo simples de como a oração pelos falecidos é eficaz foi dado
por uma pessoa de minha paróquia. ‘Quando comecei a fazer a árvore da família,
não imaginava a possibilidade de ser curada de uma insônia crônica. Já havia
tentado todo tipo de tratamento sem alcançar êxito. Aparentemente, não existia
motivo para eu não conseguir dormir. Perguntando aos meus familiares sobre os
nossos antepassados, cheguei ao meu avô. Ele sofria de insônia e ficava
acordado a noite inteira. Essa situação incomodava os filhos, que não entendiam
seu sofrimento. E ele rogou uma praga dizendo que os filhos dos seus filhos
teriam o mesmo problema. Eu era sua neta e estava sofrendo deste mal. Rezando,
pude reviver todo o sofrimento de meu avô pela incompreensão dos familiares e,
ao mesmo tempo, pedi a Deus para que seu amor misericordioso fosse dado a ele. Também
mandei celebrar algumas missas pelo meu avô. Na medida em que eu intercedia em
favor de meu avô, pelos seus filhos, meu pai e tios, meu coração foi invadido
por uma experiência profunda de paz, e também fui curada para sempre da minha
insônia”’ (pp. 22s).
Para justificar sua tese, o Pe.
Alberto cita passagens bíblicas:
“Eu sou o
Senhor, teu Deus, um Deus zelosa que vinga a iniqüidade dos pais nos filhos,
nos netos e nos bisnetos daqueles que me odeiam”(Ex 20, 5).
“Senhor,
dignai-vos, pela vossa misericórdia, afastar de vossa cidade santa, Jerusalém,
vossa cólera e vossa exasperação, porque é devido às nossas iniqüidades e aos
pecados de nossos antepassados que Jerusalém e vosso povo são alvo de insultos
de todos os nossos vizinhos”(Dn 9, 16).
Pergunta-se agora: Que
dizer? Proporemos três ponderações:
1. Mentalidade do clã
Os textos
bíblicos sobre os quais se baseia a tese do Pe. Gambarini, supõem a mentalidade
do clã, segundo a qual o individuo não tem valor como tal; é o clã ou o grupo
que dá significado ao indivíduo; o clã arca com as conseqüências daquilo que o
indivíduo faz. Essa mentalidade primitiva foi posteriormente corrigida em
Israel; com efeito, durante o exílio na Babilônia (587-538) os exilados
alegavam estar sendo punidos por causa dos pecados dos antepassados; seriam
eles, no exílio, inocentes e não teriam necessidade de fazer penitência.
Intervieram então os Profetas para dissipar o raciocínio e o princípio que o
sustentava:
Ez
18, 1-4: “A palavra do Senhor veio a mim nestes termos: Que provérbio é este
que andais repetindo na terra de Israel ‘Os pais comeram uvas verdes, e os
dentes dos filhos ficaram embotados’?uro por
minha vida — oráculo do Senhor Deus — não repetireis mais esse provérbio. Tanto
a vida do pai como a vida do filho me pertencem. Quem peca é que morrerá”.
Jr 31, 29:
“Nesses dias já não se dirá: ‘Os pais comeram uvas verdes e os dentes dos
filhos se embotaram’. Mas cada um morrerá por sua própria falta. Todo homem que
tenha comido uvas verdes, terá seus dentes embotados”.
Por conseguinte vê-se que Deus não castiga os
pecados dos antepassados ferindo os seus descendentes.Em conseqüência não se
eximem de fazer penitência os filhos de Israel exilados.
2. Transmissão do pecado
Pelas razões
indicadas também não se deve dizer que o pecado se transmite como uma doença
física se transmite; não se diga que alguém é hoje libertino(a) em matéria
sexual porque sua avó foi tal.Existem micróbios e
bactérias que transmitem doenças corporais, sim; mas não existem micróbios que
transmitem doenças do espírito ou do comportamento.Não se pode
negar que o mau exemplo seja um convite à prática do mal; assim os antepassados
criminosos deixam aos seus descendentes uma afinidade familiar com o crime, que
estimula a prática do mal não por um vírus do crime, mas por um apelo
psicológico.
3. Os traumas dos
antepassados
Pelo mesmo
motivo não se pode dizer que os traumas, os choques ou os males sofridos pelos
ancestrais perduram no além, como se as almas dos defuntos continuassem a
sofrer as emoções e os sentimentos que sofriam na terra, podendo ser curadas
desses traumas pelas orações de seus descendentes.Todas estas
concepções redundam, de algum modo, em espiritismo kardecista ou em umbandismo
e candomblé. Na verdade, não há comunicação das pessoas na Terra com o além
senão pela oração.As preces que são feitas
pelos falecidos ou pelas almas do purgatório têm por objetivo tão somente pedir
a Deus que o amor as purifique de qualquer resquício de pecado pessoal para
que possam desfrutar da visão de Deus sem demora.Podemos
também rezar aos Santos, pedindo-lhes que intercedam por nós, a fim de que
sejamos dotados das graças necessárias para chegarmos à pátria celeste.
Observações complementares
Sobre o Feitiço
Às páginas
58s do livro de Gambarini lê-se a seguinte oração: "Pai, eu
te peço que desfaças na vida de...todo mal. Quebra, Senhor, todo jugo
hereditário negativo de ..., que caiu sobre ele(a). Quebra toda maldição,
praga, feitiço que possam ter recaído sobre esse(a) teu(tua) filho(a) ..." Na verdade, nenhuma maldição tem poder mágico, nem é
transmissível (como ensinam os profetas).Quanto ao feitiço, seria um objeto manipulado para
fazer bem ou mal a alguém. Ora tal tipo de objeto não existe, de modo que é
inútil pedir ao Senhor que afaste os malefícios do feitiço; chega a ser nociva
tal prece porque dá a crer que feitiços são eficazes, como se crê em terreiros
de Umbanda e em certas comunidades pentecostais protestantes.
Alívio para as almas do
purgatório
A pag. 61 encontra-se a seguinte prece: “Pelo
último suspiro na cruz, livrai as dores e abrandai as penas das almas santas e
benditas do purgatório”. É errônea a
concepção que parece estar subjacente a este texto.O purgatório não é um
castigo, mas uma concessão da misericórdia divina para que as almas que não se
tenham purificado dos resquícios do pecado na vida presente, possam fazê-lo na
vida futura.Na verdade, ninguém pode
ver Deus face-a-face trazendo sombra de pecado ou “pecadinho” (impaciência,
maledicência, preguiça...). Se o cristão não consegue extinguir as escórias de
tais pecados antes de deixar este mundo, deverá fazê-lo posteriormente para
poder entrar na visão de Deus.O sofrimento
do purgatório não depende de maior ou menor rigor da parte do Juiz Divino, mas
sim do fato de ter sido tal cristão negligente ou leviano sobre a Terra, de
modo que não se preparou (não preparou a veste nupcial) para poder entrar na
ceia da vida eterna logo depois da morte.Essa dor não passa nem é aliviada por decreto
divino; só passa na medida em que a alma se vai libertando do apego ao pecado.Os sufrágios pelos
mortos, por conseguinte, não consistem em pedir a Deus anistia para as almas do
purgatório, mas sim em pedir que o amor a Deus existente em tais almas acabe
quanto antes de extinguir todo amor desregrado remanescente nessas almas; sem
demora possa haver nelas tão somente o amor a Deus não contraditado por
tendências desordenadas.
À guisa de observação final,
ainda perguntamos:
Que são “os espíritos de hereditariedade má”? E que
significa “amarrar esses espíritos”? Tal vocabulário é ambíguo.São estas
algumas ponderações que podem ocorrer a um leitor da obra do Pe. Gambarini.
Palavra final:
Reconheça-se a boa intenção do autor, mas não se pode deixar de apontar aí
concepções estranhas à doutrina Católica.
Revista: "PERGUNTE
E RESPONDEREMOS" - Nº 394 - Ano: 1995 - PR. 131 – Análise do livro de Pe. Robert De Grandis
D. Estevão Bettencourt,
osb
O livro de Robert
DeGrandis supõe que pecados cometidos e traumas sofridos por pessoas já
falecidas estejam atualmente influenciando a vida dos respectivos descendentes;
haveria uma hereditariedade de males morais e desgraças, que se dissiparia
mediante a oração de cura interior. Supõe também que haja maldições de
antepassados desgraçando a vida de pessoas existentes na Terra. Haveria
outrossim objetos portadores de infelicidades, objetos que atrairiam maus
espíritos...Respondemos que a
presumida hereditariedade no plano moral não existe; cada ser humano
responde por sua conduta pessoal e não pela de seus ancestrais; cf. Ez 18,2-32;
Jr 31, 29s. Também não existem
objetos contagiados e contagiantes por efeito de maus espíritos; a desgraça e o
pecado não se transmitem por "micróbios ou bactérias
espirituais". São Paulo, em 1Cor 8,
refere-se a um caso paralelo ao que consideramos: os cristãos de Corinto que
tinham consciência fraca, não queriam comer carne que tivesse sido oferecida
aos ídolos em templo pagão, porque a julgavam contaminada, veículo de comunhão
com os demônios; o Apóstolo dissipou esta concepção, dizendo que os ídolos nada
são (cf. 1Cor 8,4); por isto não contaminam os objetos a eles oferecidos.Em suma,
o livro de R. DeGrandis professa teorias pouco fundamentadas na doutrina
católica, podendo até confundir-se com teses do espiritismo.Está circulando em
ambientes católicos um livro que tem suscitado dúvidas e mal-entendidos.
Traz o título "Cura entre Gerações" e deve-se à autoria de Robert
DeGrandis, membro da Associação Nacional de Terapeutas dos Estados Unidos e
dedicado ministro da "cura interior" ou da cura de males espirituais
mediante a oração inspirada pelo Espírito Santo.O autor cita e segue
freqüentemente a linha de pensamento e ação do Dr. Kenneth McAll, cirurgião e
psiquiatra inglês, que escreveu Healing the Family Tree (Curando a Árvore da
Família), "livro capaz de transformar vidas". (p. 3).Visto
que a obra é realmente inovadora, merecerá atenção nas páginas subseqüentes.
OS TRAÇOS PRINCIPAIS DO LIVRO
Antes do mais, pergunta-se: que significa "cura entre gerações" ?
Para Roberto DeGrandis e
seus seguidores, muitos dos males que as pessoas hoje em dia padecem, são
herança recebida de gerações passadas (pais, avós, bisavós ...). Por
isto, para curar estes males, é preciso curar a respectiva fonte, isto é, a
falha ou a deficiência ainda existente nas almas dos falecidos. O Espírito Santo revela
aos carismáticos o tipo de causa que provoca a desgraça das pessoas na
Terra. Após esta revelação, o cristão carismático faz a prece
correspondente para sanar o(a) falecido(a) e assim libertar os que sofrem
de má herança neste mundo.
São palavras de Robert DeGrandis:
"O
cirurgião e psiquiatra inglês Dr. Kenneth McAll abriu meus olhos para alguns
modos de cura.Ensinou-me a procurar fontes além dos vivos, para explicar
alguns problemas dos vivos. Mas, enquanto ele toma um além, e fala de
cura dos mortos através das orações dos vivos, não pretendo focalizar este
aspecto. Orações pelos mortos são, porém, parte de nossa tradição
católica, e creio que este é um campo importante para estudo.Neste livro
falamos da cura dos vivos através de orações pelos mortos. Referimo-nos à
cura de certos problemas físicos, mentais, emocionais e espirituais que não têm
tratamento" (pp. 17s).
"Equipes
de oração, usando os dons carismáticos, descobriram, em meus ancestrais, uma
variedade de espíritos e adoração do culto, assassinato e todo tipo de
negatividade que se possa imaginar. Em minha família, é longa a historia
de brutalidade e de tratar sem amor as pessoas. Muitos traços ancestrais
de desamor refletiram-se, de certo modo, em minha própria natureza. O
Senhor tem querido tocar essas áreas com seu amor e trazer a cura para que eu
não aja sob a negatividade não resolvida de eras passadas.Quanto perdoo esses
antepassados, cortando os laços com seus pecados, e visualizando-os na presença
de Jesus, sinto ser curado. O fruto dessa cura é evidente em minha
crescente capacidade de relacionar-se com as pessoas de modo mais solícito e
amoroso..."p. 20).
O
autor se detém no relato de outros exemplos típicos:
"Tome,
por exemplo, uma mulher hipotética, Henriqueta, que tem um profundo medo
irracional de homens. Esse medo pode estar ligado a um trauma não
resolvido da bisavó, a quem um homem fez realmente mal. Isto abre algumas
interessantes possibilidades na cura interior" (p. 17).
"Em
1979, eu estava fazendo cura interior numa senhora negra. Ela e suas
irmãs tinham um problema sempre que saíam a lugares públicos. Homens
gravitavam em torno delas, mais do que se poderia normalmente esperar. Elas eram todas boas católicas, bastante simpáticas, mas exerciam uma atração
sobre os homens mais do que o normal.Em oração com ela, tive uma visão do que
pensei ser um navio negreiro. Porque ela era uma líder madura, e
compreendia o processo da cura interior, continuei em profundidade: "Você
está vendo alguma coisa?", perguntei. Respondeu: "Estou vendo
um navio negreiro". Quando começou a descrever o que estava
acontecendo, eu também o estava vendo em minha mente. Podia dizer, pelo
estilo do navio e dos trajes, que estávamos vendo os dias da escravidão.A
senhora descreveu uma mulher, que sentia ser sua antepassada. Eu a vi
simultaneamente em visão. Usava um lenço vermelho em volta da cabeça e
era, claramente, muito promíscua.Imaginamos se a promiscuidade não teria
passado abaixo, de geração em geração. Consideramos a possibilidade de
que a inexplicável atenção masculina fosse um efeito residual da atividade de
sua ancestral promíscua" (P. 21).
Segundo R. DeGrandis, pode haver também objetos impregnados de maldição
(como se a maldição fosse um micróbio ou um vírus); têm que ser jogados
fora. Tais objetos constituem uma
realidade que o livro designa como "o oculto". Eis um caso
típico:
"Às
vezes, quando estamos fazendo libertação, há bloqueio devido a um
amuleto. Tive um caso, em certa cidade, em que um homem tinha uma
ardência em sua boca. Ele tinha estado na Clínica Mayo, na Universidade
de Alabama e na Clínica Lahey em Boston, e nenhuma delas pôde retirar a
ardência de sua boca. Pus a mão sobre ele, e a primeira palavra que o
Espírito Santo me deu em diagnóstico, foi "oculto".
Perguntei-lhe se tinha ido a um curandeiro ou adivinho. Disse que sim, de
modo que rezei e lhe pedi que renunciasse a ter buscado auxílio em uma fonte
oculta.Não houve alívio depois que ele fez a renúncia, de forma que rezei um
pouco mais. A próxima ampliação do diagnóstico do Espírito Santo foi:
"amuleto". Perguntei-lhe se a pessoa a quem tinha ido lhe dera
alguma coisa. Disse que recebera um amuleto. Perguntado se estava
disposto a jogá-lo fora, disse que sim. Sua esposa o fez. Rezei de
novo, e a ardência desapareceu. Isto foi há algum tempo, e a última vez
que o vi, a ardência não tinha voltado" (p. 45).
Mais
outra história exemplar:
"Lembro-me
de ter estado numa cidade, onde pessoas estavam ouvindo vozes à noite.
Pediram-nos que abençoássemos a casa. Fizemo-lo, lançando água benta em
todos os quartos. Acredito que isto tenha resolvido a dificuldade.
Como norma, dever-se-iam procurar na casa objetos do oculto, e então os donos
renunciariam a eles e queimá-los-iam. Pedimos a todas as pessoas
presentes que renunciassem ao envolvimento com o oculto. Amarramos o mal
e o expulsamos, numa oração de libertação normal. Tenta-se obter a
identidade da pessoa que assombra a casa, e oferece-se por ela o Santo
Sacrifício da Missa. A Eucaristia é oferecida, quer se saiba, quer não se
saiba o nome da pessoa. Os moradores então entregam-se ao Senhor Jesus
Cristo" (p. 117).
Segundo o mesmo autor, a desgraça atual pode decorrer também de uma
palavra de maldição proferida por antepassados em desabono das gerações
futuras. São dizeres de Robert
DeGrandis:
"As
maldições são outra área de servidão que o Espírito Santo revela com
freqüência. A maioria das pessoas que fazem cura interior, identificou
maldições, muitas vezes de gerações passadas. Por exemplo, na parte sul
dos Estados Unidos, maldições de vudu são especialmente freqüentes. Há
efeitos físicos dessas maldições. Assim como o Espírito do Senhor pode
tocas as pessoas e libertá-las física, psicologicamente etc., o espírito
maligno pode também ligar pessoas na época da maldição e em futuras
gerações. A quebra das cadeias dessas maldições e a aplicação da luz e
amor do Senhor as libertará na maioria dos casos, desde que não haja outras
formas de "feitiço".O Dr. McAll conta o caso e uma alcóolatra de 45
anos de idade, que destruiu totalmente a vida da família com seu vício.
Sua mãe estava profundamente envolvida com o espiritismo e tentando contar a seu
falecido marido. O Dr. McAll soube que a excessiva bebida da mulher
estava ligada com a maldição da mãe sobre ela, por recusar-se a assinar alguns
documentos legais sem os ler primeiro. Ele quebrou a maldição sobre ela,
ela parou de beber, e sua vida familiar foi restaurada.
Quebramos uma
maldição orando com convicção e fé, como segue:
"Em nome de Jesus e por sua autoridade, eu
venho contra esta maldição (etc.). Invoco o Preciosíssimo Sangue de Jesus e
quebro esta maldição sobre minha família (ou nome da pessoa) no poderoso nome de Jesus"
.
Esta oração, rezada com fé, e com freqüência, dita três vezes para quebrar a maldição
porque, em rebelião contra a Santíssima Trindade, as maldições são,
freqüentemente, pronunciadas três vezes quando feitas. É também,muito importante que as pessoas compreendam que devem não dar novamente poder à
maldição, se foi quebrada em nome de Jesus, ela não tem mais poder algum. (pp. 44s).
É interessante notar a oração que padre DeGrandis profere e recomenda aos leitores
para afastar os maus agouros ou as desgraças:
"Coloco-me
na presença de Jesus Cristo, e submeto-me ao seu Senhorio.
"Revisto-me da armadura de Deus para poder resistir às táticas do
demônio" (Ef 6, 10-11). Ocupo o meu territóio, "com o cinturão da
verdade em torno da cintura, e a justiça por couraça..." (Ef 6,14).
Empunho o "escudo da fé" para "extinguir os dardos inflamados do
maligno ..." (Ef 6,16). Aceito "a salvação de Deus como
meu capacete, e recebo a Palavra de Deus do Espírito, para usá-la como
espada" (Ef 6,17).No nome de Jesus Cristo crucificado, morto e
ressuscitado, amarro todos os espíritos do ar, da atmosfera, da água, do fogo,
do vento, da terra, de debaixo da terra e do mundo inferior. Amarro
também, a influência de qualquer alma répobra, que possa estar
presente, e todos os emissários do quartel-general demoníaco, ou todo círculo
de bruxas, magos e feiticeiros ou adoradores de Satanás, que possam estar
presentes de algum modo sobrenatural. Clamo o sangue de Jesus sobre o ar
e a atmosfera, a água, o fogo, o vento, a terra e seus frutos à nossa volta, a
região abaixo da terra e o mundo inferior.
"No nome de Jesus Cristo, proíbo todos
os adversários mencionados de comunicarem-se com outros ou se ajudarem de
alguma forma, a comunicarem-se comigo, maquinarem contra mim, meus familiares e dependentes, ou fazerem qualquer coisa senão o que
eu mando em nome de Jesus. E no poderoso nome de Jesus Cristo, eu selo este espaço, todos
os presentes, família, associados, seus lugares, posses e fontes de
suprimento, no sangue de Jesus!" (Repetir três vezes).
No nome de Jesus Cristo,
proíbo quaisquer espíritos perdidos, círculos de feiticeiras, feiticeiros,
grupos, emissários satânicos, ou qualquer de seus associados, subordinados, ou
superiores, de prejudicar, tirar proveito, ou vingança de mim, minha família, de meus
associados, ou causar mal ou dano a qualquer coisa que tenhamos sob nosso cuidado,posse, responsabilidade, e adminitração. No nome de
Jesus Cristo, e pelos merecimentos de seu Preciosíssimo sangue derramado na cruz do calvário, quebro e
dissolvo toda maldição, malefício, selo, encantamento, feitiço, laço, tentação,
armadilha, instrumento, mentira, pedra de tropeço, obstáculo, ilusão, engano,
diversão, distração, corrente espiritual ou influência espiritual, e também, qualquer doença de corpo, e da alma espiritual, lançados sobre nós, sobre nossos lugares,espaços, e objetos, ou sobre pessoas, e lugares de nosso convívio, por qualquer
agente, ou lançada sobre nós por nossos próprios enganos, pecados, e cegueira espíritual. (Repetir
três vezes).
Agora, coloco a cruz e o sangue salvador e redentor de Jesus Cristo, entre mim e todas as gerações
de minha árvore genealógica que fizeram opções e consagrações contrárias a vontade de Cristo, e digo, no nome de Jesus, que não
haverá mais, nem direta ou indiretamente, comunicação, ou qualquer tipo de influência negativa entre essas gerações e a nossa, tanto no presente como no futuro. Toda comunicação será
filtrada no Preciosíssimo Sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo" (pp. 9s).
Em suma, o livro
inteiro de padre R. DeGrandis versa sobre a concepção de que existem forças ocultas
derivadas de artimanhas, trabalhos, ou também, de pecados dos antepassados que
causam a infelicidade dos viventes do presente deste planeta. Pelo que se depreende da oração publicada às
páginas 9 e 10 do livro, o autor parece acreditar na eficácia de feitiços,
amuletos, bruxarias, encantamentos, despachos, etc. - Daí a surpresa
de muitos leitores católicos... Daí também a pergunta:
QUE
DIZER de tudo isso? Proporemos três "observações" conclusivas:
1ª)- Não existe hereditariedade espiritual a pagar de males morais cometidos no passado.Não se pode dizer que
os pecados de familiares falecidos são punidos por Deus nos seus respectivos
descendentes. O pecado é de responsabilidade estritamente pessoal: "Cada
qual responde a Deus por seu comportamento próprio, e individualmente na liberdade de escolha que Deus lhe deu, prestará contas pessoalmente por ele."É o que os Profetas
do Antigo Testamento ensinaram muito enfaticamente, contradizendo à tese de que
Deus castiga filhos e netos por causa das faltas dos antepassados:
"Nesses dias já
não se dirá: os pais comeram uvas verdes e os dentes dos filhos se
embotaram! Mas cada um morrerá por sua própria falta! Todo
homem que tenha comido uvas verdes, terá seus próprios dentes embotados" ( Jr 31,29s;Ez 18, 2-32).
2ª)- Por isto também, não se
deve dizer que o nosso pecado pessoal se transmite como uma doença física que se transmite. Não
se diga que alguém é hoje libertino(a) em matéria sexual simplesmente porque sua avó o foi! Existem micróbios e bactérias que transmitem doenças corporais, sim;
mas, não existem micróbios que transmitam doenças do espírito!
3ª)- Pelo mesmo motivo, não
se pode dizer que os traumas, os choques, ou os males sofridos pelos ancestrais
perduram no além. Como se as almas dos defuntos continuassem a sofrer as
emoções e os sentimentos que sofriam na terra, podendo ser curadas desses
traumas pelas orações de seus descendentes, isto é um entendimento completamente deturpado sobre a doutrina do Purgatório!
D. Estevão Bettencourt,
osb - Nº 394 - Ano: 1995 - PR.
131
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Quero agradecer pelo texto, foi muito útil para meus estudos sobre maldição hereditária, feitiçaria, objetos amaldiçoados e toda forma de superstição e interpretação errada sobre o assunto.
Que a paz do Nosso Senhor Jesus Cristo esteja sempre contigo!
Não se pode dizer que os traumas, os choques ou os males sofridos pelos ancestrais perduram no além. Como se as almas dos defuntos continuassem a sofrer as emoções e os sentimentos que sofriam na terra, podendo ser curadas desses traumas pelas orações de seus descendentes, isto é um entendimento deturpado sobre a doutrina do Purgatório!
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