"Tomado, novamente, de profunda emoção, Jesus foi
ao sepulcro. Era uma gruta, coberta por uma pedra. Jesus ordenou: Tirai a pedra. Disse-lhe Marta, irmã do morto:
Senhor, já cheira mal, pois há quatro dias que ele está aí. Respondeu-lhe
Jesus: Não te disse Eu: Se creres, verás a glória de Deus? Tiraram, pois, a pedra..." (João
11,38-40)
A canção “Ressuscita-me” tem sido bastante entoada pelos Cristãos sejam
Católicos, ou evangélicos. Sua melodia é bonita e envolvente, admito, mas a sua
letra está de acordo com as Escrituras?
Adianto-me em dizer que esta ANÁLISE TEOLÓGICA respeita a liberdade poética, mas prioriza a veracidade e centralidade
da Palavra de Deus. Afinal, como Cristãos espirituais, devemos discernir bem
tudo (canções, pregações, profecias, milagres, manifestações, filosofias,
ideologias, etc.), a fim de ao pesarmos tudo, conforme os Critérios de Cristo e
seu evangelho, retermos somente o que é bom (1 Cor 1 Tessa 5,21).
VAMOS A "ANÁLISE
TEOLÓGICA" DE ALGUMAS ESTROFES DA MÚSICA:
“Mestre, eu preciso de um milagre. Transforma minha vida, meu estado.
Faz tempo que eu não vejo a luz do dia. Estão tentando sepultar minha alegria,
tentando ver meus sonhos cancelados...”
Não vejo problemas no início da composição em análise, visto que todos
nós, mesmo alcançados e tendo experimentado de seu amor misericordioso,
passamos por momentos difíceis em que nos sentimos perseguidos, isolados, como
que presos em um lugar escuro, sufocante, “no vale da sombra da morte” (Sl 23,4)
principalmente quando acometidos por uma depressão, perda de uma pessoa que
amamos, etc. Nessas circunstâncias, é evidente que ansiamos por uma intervenção
divina, ou seja, um milagre.
“Lázaro ouviu a sua voz, quando aquela pedra removeu. Depois de quatro
dias ele reviveu”.
Aqui, como se vê, a construção frasal não ficou teologicamente
boa quando perguntamos: Quem removeu a pedra? Com base na
licença poética, prefiro acreditar que o compositor referiu-se aos homens que
removeram a pedra, naquela ocasião (Jo 11, 39-41), haja vista Lázaro, morto e
amarrado, não ter a mínima condição de fazer isso, ainda mais por dentro,
enfaixado e sozinho. Segundo os historiadores, aquela pedra pesava cerca de
quatro toneladas.
“Remove a minha pedra, me chama
pelo nome”.
Os problemas começam aqui! Se o compositor tomou a ressurreição de
Lázaro como exemplo, deveria ter sido fiel à narrativa bíblica. É claro que
Deus remove pedras grandes, como ocorreu na ressurreição do Senhor Jesus (Mc
16,1-4). Mas, no caso de Lázaro, quem tirou a pedra foram os homens, e não Deus
(Jo 11,41). Aprendemos lições diferentes com as circunstâncias que envolveram as
aludidas ressurreições. Fazendo uma aplicação espiritual, há algumas pedras que
Deus remove (como na ressurreição do próprio Jesus), mas há outras que competem
ao próprio ser humano revolver (como na ressurreição de Lázaro). Em outras
palavras, Deus faz a parte d’Ele, mas nós devemos fazer a nossa:“Chegai-vos
a Deus, e ele se chegará a vós. Limpai as mãos pecadores; e, vós de duplo
ânimo, purificai os corações”(Tiago 4,8). "Se retornares, eu te farei retornar...” (Jeremias 15,19) . “Assim, meus caríssimos, vós que sempre fostes obedientes, trabalhai na
vossa salvação com temor e tremor...” (Filip 2,12)
“Muda a minha história. Ressuscita os meus sonhos. Transforma a minha
vida, me faz um milagre, me toca nessa hora, me chama para fora.Ressuscita-me”
É importante que os compositores cristãos aprendam que os hinos devem
ser prioritariamente cristocêntricos e teologicamente corretos. Aqui vejo a
principal incongruência teológica do cântico, a qual não pode ser creditada à
liberdade poética. Pedir a Deus: “ressuscita os meus sonhos”, no sentido de que eu me
lembre das suas promessas e volte a “sonhar”, a ter esperança, a aspirar por
dias melhores, etc, até que é aceitável. Mas não posso concordar com a
súplica: “Ressuscita-me”. Por quê? Porque a pessoa já alcançada por Cristo, que
experimentou sua salvação através de sua misericórdia, e vive sob seu senhorio,
já ressuscitou espiritualmente, e não precisa ressuscitar de novo, simples
assim!Quer dizer, então,
que esta aplicação feita pelo compositor é contraditória?Sim, pois, em Colossenses 3,1 está escrito:“Se já ressuscitastes com Cristo,
buscai as coisas que são de cima, onde Cristo está assentado à destra de Deus”.Essa analogia da nossa preciosa salvação alcançada pela fé, através do seu sacrifício misericordioso e redentor, e pela
qual temos a certeza de que já não somos mais escravos do pecado, pois ele
cancelou toda nossa dívida na cruz:“Havendo
riscado a cédula que era contra nós nas suas ordenanças, a qual de alguma
maneira nos era contrária, e a tirou do meio de nós, cravando-a na cruz..."(Colossenses 2,14).Esta verdade não pode ser posta em dúvida para atender a anseios
antropocêntricos. Por isso, a ptição “Ressuscita-me” se torna, no mínimo,
despropositada.Alguém poderá contra argumentar:“Ora, a Bíblia não diz, em 1
Coríntios 15, que vamos ressuscitar? Por que seria errado pedir isso para
Deus?”Bem, o sentido da ressurreição, no aludido texto paulino, é
completamente diferente do mencionado na composição em análise. Paulo
referiu-se à ressurreição literal daqueles que morrerem em Cristo (vv.51-55; 1
Ts 4,16-17). Hoje, em vida, não esperamos ser ressuscitados, pois já nos
consideramos “como mortos para o pecado, mas vivos para Deus em Cristo Jesus
nosso Senhor” (Rm 6,11).
CONCLUSÃO:
Por um lado, a primazia da Palavra de Deus deve sempre ser
claramente afirmada. Por outro, é preciso afirmar também que a Escritura não
pode jamais ser separada da vida da Igreja, que lhe deu origem e que, assistida
pelo Espírito Santo, determinou, com decisões solenes, baseadas em uma longa
tradição, quais livros deveriam ser considerados inspirados pelo Espírito Santo e
que entrariam, portanto, no cânon das Escrituras. O princípio "lex orandi,
lex credendi", ou seja: “a lei da oração é a lei da fé", aplica-se
também aqui (Cantamos na liturgia e na vida, a fé da Igreja) e nos mostra o lugar
privilegiado que a Escritura tem na vida da Igreja, e que por conseguinte, deve
ter na vida de todo fiel cristão.
“Louvado Seja Nosso Senhor Jesus Cristo”
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