"Homo sum: nihil humani a me alienum puto!"
A frase é
de autoria de Publio Terêncio Afro, dramaturgo e poeta romano, nascido entre
195-185 a.C.e falecido por volta de 159 a.C. que a escreveu na obra
intitulada Heaautontimorumenos.Dentre os
muitos escritores que ao longo dos séculos citaram a frase o autor do texto que
eu li destacava Machado de Assis, que, segundo afirmou, tinha por ela uma
predileção toda especial, fazendo uso dela mais de uma vez. No caso
do autor de Memórias Póstumas de Brás Cubas, porém, ele tinha por hábito
escrever a frase de forma incompleta, pois, por temor de que os leitores a
interpretassem mal, quando a citava não escrevia o último vocábulo, puto,
embora essa palavra não tenha qualquer relação com sua correspondente feminina
na língua portuguesa.Essa é
uma daquelas frases que, uma vez dela tendo tomado conhecimento, logo a
transformamos em máxima de vida, nunca mais deixando de remorá-la em diversas
ocasiões pela existência a fora. Gosto dela por suas muitas implicações
filosóficas, dentre as quais eu destacaria duas:
1)- Uma primeira perspectiva filosófica seria a seguinte:
enquanto humanos, somos todos muito semelhantes, o que leva a concluir que nada
do que aconteça a qualquer pessoa, por mais distante ou estranha a mim
que ela seja, deve ser sentido como se a mim próprio acontecesse, pois estamos
todos irmanados pelo puro e simples fato de pertencermos à espécie
humana. A consequência natural dessa conclusão é o despertar de uma compaixão
natural por todas as pessoas.
2)- A segunda perspectiva me parece não menos interessante e
merecedora de consideração. Trata-se da constatação de que, sendo humano, nada
do que aconteça a qualquer ser humano deve me surpreender, pois o mesmo poderia
perfeitamente suceder a mim próprio. Refiro-me a atos porventura cometidos.
Quanto a isso, nunca poderemos ter certeza absoluta de que, dadas determinad
circunstâncias oportunas e necessárias, não fosse qualquer um de nós capaz de
cometer atos desde os mais heroicos até os mais vis e deploráveis.
Em
cada um de nós habita, simultaneamente, um herói e um vilão, ambos prontos
para entrar em ação tão logo as circunstâncias o exijam!
Ninguém
se jacte de ter controle absoluto sobre si mesmo e seus atos! Com isso não
estou querendo dizer que um certo autocontrole não seja não somente possível
quanto necessário, do contrário não poderíamos viver em grupo. É a
repressão e o controle de uma boa quantidade de impulsos nem sempre os mais
elogiáveis que sustentam a possibilidade de vida em sociedade. Entretanto, nem
por isso podemos esquecer que o vilão ao qual chamamos de homem velho está
sempre à espreita. Por isso,
em consonância com a sábia premissa terenciana, assumi como princípio não me
deixar surpreender por ato algum emanado de qualquer ser humano, uma vez que eu
próprio não posso me julgar absolutamente imune à possibilidade de proceder de
maneira semelhante, ou talvez até pior.Nos
nossos tempos ego-narcísicos, estamos perdendo as perspectivas de construção de
uma convivência humana irmanada; cada vez mais ganham destaque outros ditados
como:"Cada um por si e Deus por todos", "Cada
macaco no seu galho", Mateus primeiro o meus, ou ainda "Quem pariu
Mateus que o embale".A peça
"O Atormentador de Si Mesmo", obra de Terêncio, comediógrafo latino
do século 2 a.C., na qual se relata a história, ocorrida em Atenas, de um
vizinho abelhudo que se intromete na vida dos outros sem perceber que coisas
piores estão acontecendo dentro da própria casa dele. Como justificativa para
os contínuos e inoportunos palpites que dava, esse vizinho fala:
"Homo sum: humani nil a me alienum puto",
isto é, sou homem e nada do que toca o homem julgo que me seja alheio...”
O sentido da frase, nessa comédia, é totalmente diverso e muito menos
honroso do que aquele propugnado por Marx, mas, infelizmente, muito mais
próximo de nós, nos tempos atuais. A intenção marxiana é
ressaltar o dever de compreender a noção de humanidade como a prática de uma
espécie de "um por todos, todos por um".Já na acepção original e,
agora, contemporânea, é a defesa do direito à futrica, à fofoca e ao voyeurismo
desenfreado que assola um certo tipo de mídia, altamente rentável,
especializada na exposição impressa ou televisiva do espetáculo proporcionado
pelas delícias vividas pelos apaniguados e supostamente protegidos pelo destino
e o inferno cotidiano dos fatalmente miseráveis e
desgraçados.
Nada do que é humano nos é estranho?
Nem
sempre! Dado que até a maioria dos odores humanos naturais nos desagrada! Não
nos incomodamos em acariciar o dorso suado de um cavalo ou caminhar em meio aos
cheiros que exalam de uma estrebaria ou curral (alguns proclamam apreciar esses
aromas); porém a fragrância do suor humano incomoda, assim como muitos
consideram insuportáveis os fluidos emanados de um banheiro (limpar banheiro é
sinônimo de castigo!). Somos capazes de, ao caminhar pelas ruas, desviar sem
problema de fezes caninas ou felinas; contudo encontrar fezes humanas é motivo
de asco, repugnância ou distanciamento, tal como quando nos deparamos com
mendigos, doentes crônicos, menores abandonados etc.É por
isso que, para não poucos, o sonho de paz e vida feliz é poder retirar-se para
uma ilha paradisíaca, distante de tudo e afastada do maior número possível de
humanos e humanas, isto é, isolar-se: ilha, condomínio fechado, alto da
montanha, praia privativa, local inacessível; no máximo, horrorizar-se ou
alegrar-se virtualmente com o que acontece com a humanidade, mas sem chegar
muito perto.Talvez, parodiando Nietzsche, seja preciso lamentar que, por
enquanto, tudo isso seja humano, demasiado humano!
"Sou humano e nada do que é humano
NÂO me é estranho!"
Significa que para mim nada praticado pelo ser humano de bom ou
ruim me é estranho, pois somos da mesma espécie , ou seja o que você faz eu também posso fazer igualmente de bom ou ruim! Pode significar
também que o seu comportamento não é diferente do meu, pois faria a mesma coisa
que você se estivesse no seu lugar, ou nas mesmas condições às quais você foi
submetido antes e durante o evento.Pelo
fato de ser humano você compreende, as vezes se identifica, com coisas humanas,
nem sempre se escandalizando pelas atitudes humanas (quando estas forem
atípicas, anormais, esquisitas), já que sabe que é passível também do estranho,
pelo fato de possuir a mesma maquinaria biológica, os mesmos miólos regendo a
forma como interpreta o mundo e reage a suas ações. Na
minha imperfeita e limitada opinião, acho que quer dizer que nada que as
pessoas fazem por mais belo ou mais horrível que seja, deixa de ser humano.
Exemplo: dizer algo como "Ele(a) é um monstro" apenas rotula, mas não
desumanisa, pois somos eternamente imagem e semelhança de Deus! Porque no fim
das contas é apenas o humano,que assim agiu sob diversas circunstâncias
agravantes para o mal, ou atenuantes e favoráveis para o bem!
São João Paulo II dizia que o Sec. XXI e por consequência, o mundo, será evangelizado pela misericórdia de Deus!
CONCLUSÃO
Não existe nada de pior no ser humano
quando deixa de ver as qualidades de seu próximo, dando um lugar maior em seu
olhar para as imperfeições alheia! Isso sempre acontece quando nos colocamos em
um patamar superior de caráter, e não olhamos para dentro de nós mesmo e não
reconhecemos que podemos ser igual ou até pior para quem estamos olhando, que
geralmente é uma pessoa que errou ou esta caída precisando de ajuda e não de
criticas, precisando de amor e não de ser repugnado, precisando de perdão, de
uma nova chance.Isso acontece muito também no meio
Cristão, para infelicidade de muitos que se diz estar em pé olhando para o lado
errado, mas caído para dentro de si mesmo em uma carência de crescimento e
discernimento espiritual. Nada pior do que julgar-se estar em Pé
caído, Jesus nos mostrou isso quando dois homens entraram no templo para orar,
um fariseu e um publicano: “Propôs também esta parábola a alguns
que confiavam em si mesmos, por se considerarem justos, e desprezavam os
outros: Dois homens subiram ao templo com o propósito de orar: um, fariseu, e o
outro, publicano. O fariseu, posto em pé, orava de si para si mesmo, desta
forma: ” Deus, graças te dou porque não sou como os demais homens, roubadores,
injustos e adúlteros, nem ainda como este publicano; jejuo duas vezes por semana
e dou o dízimo de tudo quanto ganho. O publicano, estando em pé, longe, não
ousava nem ainda levantar os olhos ao céu, mas batia no peito, dizendo: ” Deus,
sê propício a mim, pecador! Digo-vos que este desceu justificado para sua casa,
e não aquele; porque todo o que se exalta será humilhado; mas o que se humilha
será exaltado” (Lc 18,9-14)”.O fariseu estando em “PÉ” não
orava se justificava e apresentava a Deus seu currículo. E nós no alto de nosso
farisaísmo temos apresentado o que para Deus? Presenciei certa vez um evento
terrível e marcado pela violência, em que familiares de uma irmã em um retiro
espiritual da Comunidade Católica Shalom, foram baleados em uma tentativa de
assalto. Após todo episódio ter sido apaziguado e graças a Deus sem
mortes! Testemunhei algo que só a graça de Deus é capaz de dar esta compreensão
e fazer aquela mãe que estava em retiro e teve seus familiares feridos a bala
dizer:
“Estes são
os alvos da misericórdia de Deus aos quais Deus me chama a perdoa-los, amá-los
e a evangelizá-los quando eu sair daqui desse retiro...”
Santa Tereza D’Avila dizia às suas filhas espirituais:
“Quando virem alguém em pecado mortal, não a julguem! Mas batam no peito e digam
com toda sinceridade: Não faço igual o pior por pura graça e misericórdia de
Deus...”
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Evelyn
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