Por Janaina Teixeira
Rodrigo, consagrado da Comunidade de Vida, foi acometido por uma doença que o permite a cada dia viver tudo como se nunca tivesse vivido.
“Só tenho o agora para amar a Deus e ao próximo.”
Muitas são as desculpas para não fazer e,
principalmente, estar na Vontade de Deus. Deixamos para amanhã e vamos adiando
o máximo possível. Todavia, não somos os únicos que possuem obstáculos a
superar, ainda que, por vezes, nem são dificuldades e, sim, nosso próprio
comodismo. Porém, há muitas pessoas que todos os dias estão superando as
limitações e vivendo o extraordinário! E quando digo extraordinário, é
realmente contemplar a graça de viver muitas experiências de Deus, como se
fosse a primeira vez.
Rodrigo Santos é consagrado da Comunidade de Vida na Comunidade Católica Shalom, há quase 20 anos. Ele foi seminarista e, no final de 2018, já concluído os estudos de Filosofia e Teologia, com a ordenação diaconal marcada, ele foi afetado por uma doença que se chama encefalite hepática, que deixou nele uma sequela: a perda de memória recente.Com isso, ele não pode ser ordenado nem fazer os votos perpétuos no Celibato pelo Reino e realizar, assim, o que mais aspirava a ser. Atualmente, o missionário só reconhece os missionários que já moravam com ele antes de adoecer. E para ajudar, ele anda sempre com um bloquinho de anotações no bolso para ir registrando os acontecimentos do dia.Afinal, ele esquece em instantes do que acabou de acontecer. Rodrigo sempre usou de diversas ferramentas e habilidades para evangelizar. Hoje ele se dispõe a amar a Deus, sendo capaz de diariamente se apaixonar novamente. Ele nos ensina assim a amar a Deus todos os dias, e sempre renovar o desejo de fazer e de estar na sua Santa Vontade.
Em uma certa ocasião Rodrigo disse: “Eu não amo a Deus porque queria ser padre. Eu queria ser padre, porque amo a Deus. Sua providência, porém, parece ter pensado outra coisa”, ensinando-nos amar a Deus no agora e não tardar a oferta de vida.O missionário faz parte da equipe de redação do nosso Portal, contribuindo quase que diariamente com ricas matérias, cheias de embasamento teórico, formativo. A aptidão pela escrita o permite produzir muitos textos que evangelizam.A princípio seria uma matéria, mas como o protagonista da história de hoje é um escritor, farei apenas uma introdução, e deixo nas palavras dele mesmo o restante deste conteúdo.
Um pouco da história do rodrigo contada por ele mesmo
No dia 7 de outubro de 1982, na cidade de Boa Esperança, pequeno município do sul de Minas Gerais, José Carlos e Maria Vitar puderam ver e pegar no colo pela primeira vez seu primogênito, eu, Rodrigo dos Santos. Tenho dois irmãos, Carla e Robson, ambos já casados. Tive uma infância muito feliz, cresci brincando em lavouras e plantações de café, feijão e milho, subindo em árvores, jogando futebol com os amigos, etc.Adorava ver o manejo dos animais criados próximos a nossa casa: vacas, cavalos, galinhas, e outros que viviam por lá. Em 1996, eu com 13 anos de idade, vivi um forte acontecimento. Fui convidado por um amigo, André Rosário, para participar de um evento promovido por um grupo de oração de adolescentes e jovens, da Renovação Carismática Católica (RCC), chamado Vaso Novo. Foi um dos dias mais felizes da minha vida, ali descobri que Deus me amava. Porém, com um amor tão profundo e pleno que estava acima de tudo o que eu compreendia. Mesmo hoje, depois de 25 anos, 2 faculdades, 6 livros escritos, cursos e retiros ministrando ou participando, ainda sinto o perfume do amor de Deus com a mesma fragrância de novidade.
Anúncio da paz para outros corações
Alguns poucos meses depois de ter minha forte experiência de Deus, comecei a pregar nos grupos de oração. Me convidaram para ajudar na locução de programa de rádio. Tornei-me ainda servo do ministério de intercessão da paróquia. Eu era chamado por “o doidinho de Deus.” Tinha algo dentro de mim que não me permitia calar ante à urgência de comunicar o amor perfeito do Senhor que eu tinha experimentado. Em 2003, fui acolhido pelo querido Padre Pedro Paulo, conhecido como Padre Pepê, na Comunidade Católica Magnificat. Fiquei seis meses nessa Comunidade. Porém, embora amasse os irmãos, inclusive o próprio fundador, descobri que lá não era o meu lugar.Com a liberação das autoridades, iniciei lá mesmo, meu caminho vocacional com a Comunidade Shalom. E então, no segundo semestre de 2004, fui acolhido como postulante da minha Comunidade Shalom. Vivi dois anos e meio de postulantado (processo de formação inicial), sendo um semestre em Brasília, e um ano em Campo dos Goytacazes, no Rio de Janeiro e depois mais um ano em São Paulo, na Casa Contemplativa. Em fevereiro de 2007, ingressei como discípulo em Pacajus-CE.
Trajetória formativa e apostólica na
academia de Deus
No noviciado, hoje discipulado, vivi um ano
de mergulho ainda mais profundo na relação com Deus, por meio do Carisma
Shalom. Mesmo estando na casa de formação, trabalhava fazendo programa na Rádio
Boa Nova, na mesma cidade de Pacajus. Concluído o ano de formação, e devido a
boa audiência do programa de Rádio, as autoridades acharam por bem eu continuar
na Cidade de Pacajus, como missionário efetivo da Rádio.
Morei ali por um ano até que, em 2009, me tornei seminarista na Comunidade. Fui morar na capital, Fortaleza. Ali junto com o ritmo de estudo e de vida comunitária, continuei fazendo programa de locução, agora, porém, na Rádio Shalom. Devido aos frutos de audiência na rádio, bem como das pregações nos grupos de oração, comecei também a gravar DVDs de palestras.Depois, fui surpreendido com o desafio de escrever. Escrevi artigos para revista e para este Portal, além de cinco livros publicados e um sexto que, com a graça de Deus, será publicado em breve. Os livros são: “O amor de Deus, Promessa do Pai, Intercessores Reparadores de Brechas – duas versões de livros para pregadores – Servos da Palavra e Como fazer uma pregação?”
Sempre tive muita sensibilidade a jovens
universitários, com isso, fiz minha monografia de Filosofia com o tema “O
fenômeno do ateísmo no pensamento de Nietzsche”. Transformei num curso, com o
tema: “Eu creio, por que?”, justamente com a intenção de ajudar esses jovens a
darem fundamentos à sua fé e em seu amor a Deus. Em 2017, concluí meu curso de
teologia, minha monografia teve como tema: “A essencialidade do discernimento na
dinâmica da vida cristã.”
Pouco
após concluir os estudos, enquanto esperava a ordenação diaconal, adoeci, tive "encefalite herpética"
Um vírus atingiu uma área do meu cérebro,
poderia ter ficado com diversas consequências, ou até morrido. Sobrevivi, porém,
hoje sofro com perda de memória recente. Preciso andar com um bloquinho de
anotações no bolso, registrando os acontecimentos do dia.
Há uma eternidade escondida no tempo
No mundo atual, muitas coisas sem um uso responsável podem nos roubar do momento presente – TV, rádio, computadores. É possível ter o mundo no bolso por meio do celular. Parece que nunca estamos inteiros em nada. Minha enfermidade me fez descobrir que Deus e Sua eternidade estão escondidos no tempo e no espaço. Se eu viver com inteireza de coração o momento presente, eu posso tocá-Lo, e assim desfrutar antecipadamente das alegrias do céu ainda aqui na terra. Sempre admirei o “só tenho hoje para amar”, de Santa Teresinha do Menino Jesus. Porém, nunca poderia imaginar que um dia viveria algo que me fizesse dizer: “só tenho o agora para amar a Deus e ao próximo”. Cada missa, cada laudes, nas orações comunitárias ou pessoais, cada versículo bíblico lido e meditado, cada dezena e mistério do Rosário, cada momento de convivência fraterna, cada serviço que consigo prestar à Comunidade, mesmo com sacrifício, etc… possui um peso de eternidade.
Gratidão, minha eterna gratidão!
Concluo essa minha partilha, agradecendo a tantos irmãos e missionários que me ajudaram, e hoje ainda me ajudam a descobrir essa eternidade escondida no tempo e no espaço. Começo agradecendo pelo meus pais, José Carlos (in-memoria) e Maria Vitar. Meus irmãos de Comunidade: Guilherme Pontes, Padre Neilson, Diácono Adauto, Bertrand, Padre Denis, Padre Adler, Padre Vicente, Angélica Cunha, Idelvani, Bruninha, Marcelino, Jaqueline Matias, Tiago, Raí, Guadalupe, Jerônimo, Samuel, Gianini, Laura Salvador, Moysés Azevedo e Emmir Nogueira.Poderia continuar digitando muitos e muitos nomes, peço perdão se esqueci de algum tesouro que a bondade de Deus me permitiu ter. Desejo que todos quantos a bondade de Deus fizer terem acesso a essas palavras também descubram que: em Jesus, o Eterno entrou no tempo e no espaço. Assim, todos que desejam podem, por meio Dele, ter acesso ao Pai do Céu. Deus te abençoe sempre! Se te fizeram bem essas palavras, faça com que elas cheguem a outros corações, compartilhando esse meu testemunho com os seus contatos.
Pequeníssima via de Rodrigo Santos, um shalom que
só tem o agora
“Ser teu discípulo, ó Jesus, Shalom, ministro da Paz, deveria ser o bastante pra mim. Sinto na alma o desejo de realizar por Ti, ó Jesus, todas coisas. Contemplação, unidade, evangelização, todos os estados de vida, uma única missão não seria o bastante. Amei-Te com programas de rádio dos 13 aos 36 anos; amei-Te com duas faculdades; amei-Te com a escrita de seis livros. Amei-Te com vários vídeos de palestras; amei-Te pregando em vários lugares do meu país, acompanhado, formando e orientando pessoas com dúvidas, conflitos e sofrimentos. Ah Jesus, meu Shalom… Hoje, se o Senhor me orientar, estou disposto a Te amar com meu bloquinho de anotações no bolso, registrando os acontecimentos do dia. Quero profetizar para minha Comunidade e quero gritar para mundo, mesmo no meu silêncio habitual de hoje, que Deus e Sua eternidade estão escondidos no tempo e no espaço. Eu posso senti-Lo e quase tocá-Lo… Posso desfrutar antecipadamente das alegrias do céu, mesmo estando ainda aqui na Terra, se viver com amor e inteireza de coração o momento presente. O passado não existe, querido Jesus, para ninguém. O que existem, na verdade, são as recordações presentes das coisas passadas. O futuro, também não existe para ninguém. O que existem são expectativas presentes sobre as coisas que estão por vir. Eu, porém, meu Senhor, por sofrer com perda de memória recente, nem isso tenho. Nunca sei direito o que passou, nem o que virá depois. Não importa, meu Jesus, meu Shalom, nada disso importa… Fico feliz, muito feliz, pois ainda tenho o meu agora para Te amar. Oriente-me, pois não quero perder nenhuma oportunidade. Assim seja, até o fim. Amém!”
Santa Teresinha do Menino Jesus, rogai por
nós!
Fonte:https://comshalom.org/como-se-fosse-a-primeira-vez-entenda-a-historia-do-missionario-que-tem-perda-de-memoria/
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