A expressão "maioria
silenciosa" foi usada pela primeira vez com o Presidente Nixon, dos EUA, para designar a grande parcela do povo americano que, segundo
ele, o apoiaria, em alusão à ativa minoria que a ele se opunha, com apoio da
imprensa. A expressão volta agora a ser utilizada. A capa da
revista TIME de 04 de novembro de 2014 já apontava essa tendência que se tornou
ainda mais visível em 2016 nos movimentos populares em vários países do mundo. Na
Grã-Bretanha (Brexit), nos Estados Unidos (Trump), na França, (Marine Le Pen),
em Portugal (que já havia feito um movimento de maioria silenciosa em 1974) e
até no Brasil, com o fenômeno Bolsonaro, pessoas cansadas do que chamam de “ditadura
das minorias”, parcelas majoritárias da população, que nunca ou pouco se
manifestavam, começam a fazer valer a sua voz, expor suas ideias e manifestar
suas preferências pelo voto, surpreendendo as atuais lideranças, os
institutos de pesquisa e mesmo a imprensa.
Para
o espanto e decepção de muitos, a maioria silenciosa resolveu falar!
Quem são seus inimigos? Essa
pergunta é um bom ponto de partida para entendermos o cerne do conservadorismo.
Samuel Huntington, que fez uma revisão do movimento conservador através da
história em seu artigo “Robust Nationalism”, de 1999 , mostrou que essa corrente ganha força sempre que
existe uma ameaça a ordem, a cultura e as instituições. Tal fenômeno é
visto desde o século XVI, quando os pluralistas medievais se insurgiram contra
os monarcas absolutistas, e tantas outras vezes e em diversos países, onde as instituições
e os pilares da civilização são atacados radicalmente.
Saindo
da teoria para a realidade brasileira, podemos nos perguntar o que causou esse
movimento pendular recente, do que podemos chamar de maioria silenciosa, da
esquerda para a direita?
Qual foi o fenômeno recente
na política brasileira que levou
conservadores e liberais se juntarem contra uma esquerda que vinha de vitória
nas últimas quatro eleições presidenciais? Se você pensou em Internet,
errou!
Foi
o radicalismo cego da própria esquerda com suas bravatas de todas as espécies,
narrativas de que o impeachment foi golpe, o insistente lançamento de uma falsa
candidatura de um presidiário à presidência, a sombra constante das milícias do
MST e dos sindicatos e uma insistência débil em um receituário econômico
comprovadamente fracassado e implosivo. Soma-se a isso o manifesto desejo de perpetuação
no poder, valendo-se, secretamente, de expedientes nada democráticos.
Como o próprio Caetano
relatou, em um programa de TV há alguns anos:
“os
que têm vinculação com as ideologias de esquerda são, às vezes, perigosamente
atraídos por ideias não democráticas e muitas vezes consideram a democracia uma
formalidade burguesa que precisa ser superada”.
Em resposta a essa real
ameaça, o governo conservador brasileiro está simplesmente cumprindo seu papel
histórico ao mobilizar-se para desaparelhar o Estado que, durante 14 anos, foi
vassalo do projeto de poder do partido do PT.
É evidente que existem radicais na direita que clamam pela volta do
regime militar, da mesma forma que há radicais na esquerda que querem a
ditadura do proletariado. Discutir essas franjas ideológicas é pura
perda de tempo. Infelizmente, no cenário nacional, o palco é dos extremistas,
estejam eles bradando pela volta do AI-5 ou exigindo um impeachment sem
fundamento.
E
como o radical “acha feio tudo que não é espelho”, a maioria silenciosa é
chamada de fascista de um lado e socialista enrustido por outro.
Assim, nosso debate político
reduziu-se a uma briga de jardim de infância. Falta
maturidade para perceber quem é verdadeiramente o inimigo do povo: um Estado
inchado, ineficaz, corrupto, repleto de agentes que “exercem seus podres
poderes” em benefício próprio. O
movimento pendular da maioria silenciosa no Brasil está, aos poucos se
dirigindo para o centro, mas ainda sem nenhuma figura representativa.
CONCLUSÃO
A liberdade de manifestação e
da soberania popular foram inegavelmente expressivas em 2023, que após atos
únicos convocados pelos Movimentos do Passe Livre, os jovens brasileiros em
geral se sentiram mais à vontade para convocar pelas redes sociais outras
manifestações de caráter, cultural e até religioso além de meramente político-partidária,
e com isso, houve o início do pleno exercício do Direito Constitucional e a
LIBERDADE DEMOCRÁTICA BRASILEIRA foi fortalecida. Lideranças e formadores de
opinião precisam ouvir, pesquisar, estudar e procurar entender melhor o que
realmente pensa e o que deseja esta maioria silenciosa e não se deixar levar
pela barulhenta e ameaçadora gritaria de minorias, que poderão estar em busca apenas de privilégios. Sem esse cuidado e disposição para ouvir,
dialogar e conhecer o que realmente pensa a maioria silenciosa, as lideranças,
assim como vem ocorrendo com a classe política, poderão se surpreender, perder
o apoio e levar o pais a sérios problemas de toda ordem. Sabemos do momento
dramático pelo qual o Brasil atravessa e estamos cientes que o nome de Jair
Bolsonaro hoje, para esta maioria silenciosa representa esperança de dias
melhores para mais de duzentos milhões de brasileiros. Políticos como Donald Trump e
Jair Bolsonaro não são idiotas, pelo contrário. Falam o que falam porque sabem
que muita gente tem os mesmos anseios de ter mais segurança, empregabilidade e
liberdade. Os dois são chamados de populistas e irresponsáveis por
políticos de esquerda que acreditam na divindade do mercado. Porém, é inegável
que os ideais de Trump e Bolsonaro ajudam a arejar o debate com novas
propostas, cativando os mais jovens. A esquerda no Brasil conseguirá se
organizar e disputar um novo projeto de país? Um que não tenha vergonha de
reconhecer seus erros e atuar em campos que lhe são espinhentos, como a
violência urbana, e a liberdade de mercado, com menos estado? Poderá construir
uma nova narrativa que desperte o sonho e o engajamento dos mais novos? Muitos
desses jovens estão descontentes, mas não sabem o que querem (sabem apenas o
que não querem, ou seja, as coisas do jeito que estavam até 2013). Neste
momento, por mais impactantes que sejam a obviedade de seus discursos (tipo:
“Ninguém vai para a cadeia por ser um bom cidadão, e cumprir com seus
deveres”), boa parte deles está em êxtase, alucinados pelos resultados das
manifestações de rua e com o poder que acreditam ter nas mãos. Mas ao mesmo
tempo com medo. Pois cobrados de uma resposta sobre sua insatisfação, no fundo,
no fundo, conseguem perceber apenas um grande vazio. Pode-se continuar dando às costas
a eles, chamando-os de fascistas, ou abrir o diálogo, muitas vezes difícil, mas
necessário. Há um déficit de democracia participativa que precisa ser
resolvido, não somente pelas Comunas, grupos organizados, ou por pseudo
iluminados. Só votar e esperar quatro anos não adianta mais para esse
grupo, pois muitos jovens reivindicam participar mais ativamente da política. Querem
mais formas de interferir diretamente nos rumos da ação política de sua cidade,
estado ou país. Não da mesma forma que as gerações de seus pais e avós, claro.
Precisamos, urgentemente, ouvir os mais novos e construir com eles um projeto
para a sociedade em que vivemos. Negar isso e buscar, novamente, saídas de
cima para baixo, seja através da esquerda democrática ou da direita liberal.
Não admira que quem sugere adotar as soluções de sempre são as mesmas pessoas
que não entenderam o significado das manifestações de rua de 2013, ou que nada
aprenderam com elas.
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