Atores e a antiética na sociedade
atual
(Por Ivanaldo
Santos - Filósofo)
Recentemente os brasileiros, sobretudo os
internautas, tiveram acesso a um vídeo chamado: “Meu corpo, minhas regras”. O vídeo foi criado após uma polêmica
envolvendo um filme chamado: “Olmo
e a Gaivota”, que é um misto de documentário e ficção, onde se retrata o
drama de uma atriz que se prepara para uma peça teatral e descobre que está
grávida.Tal filme, porém, tem passado por uma forte crítica, dentre outros
fatores, por fazer uma radical defesa do aborto. Por causa disso, alguns atores, de uma das mais
influentes emissoras de TV do Brasil, resolveram fazer um vídeo defendendo a
tese de que o “aborto é uma opção da mulher e não um crime”. Tal vídeo,
mais do que o próprio filme, gerou uma onda de protestos contra o aborto e
contra os atores envolvidos. Portanto, não desejamos aqui aprofundar as
críticas, mas apenas realizar seis afirmações:
1- O vídeo “Meu corpo, minhas
regras” é simplório e se limita a repetir argumentos clássicos a favor do
aborto, tipo: “o corpo é da mulher e ela tem o direito de
abortar”, “só quem é contra o aborto são religiosos”, etc. Isso demonstra que,
em tese, os grupos que defendem o aborto estão desatualizados, pois nas últimas
décadas houve um grande avanço na ciência médica, na bioética, etc. Avanço que
coloca em xeque ou simplesmente desmente todos esses argumentos.
2- Se o vídeo for levado a sério,
teremos que forçadamente admitir que a gravidez é uma doença e o
feto, o bebê no ventre a mãe, é um organismo maligno que precisa ser retirado o
mais rápido possível.
3- O vídeo é
preconceituoso. O motivo disso é que acusa os cristãos de serem os
únicos culpados de existirem restrições ao aborto no Brasil. A questão é
que todas as grandes tradições religiosas (judeus, islâmicos, etc) são contra o
aborto. No entanto, os atores acusam apenas os cristãos. Existe no vídeo
um claro caso de descriminação religiosa, nesse caso discriminação contra os
cristãos.
4- O vídeo pode ser enquadrado no
que o filósofo Gilles Lipovetsky chama de a “ética indolor dos nossos dias”, onde as pessoas, nesse caso
atores famosos e ricos, estão muito preocupadas com árvores, com
ovos de tartarugas, com leões em algum lugar remoto da África, mas não se
preocupam com a vida humana, não se preocupam com o próximo e com o vizinho.
No mundo da antiética indolor, atores e intelectuais famosos e ricos fazem
campanhas para salvar, por exemplo, ovos de tartarugas e para proteger leões
marinhos, mas não conseguem enxergar e muito menos proteger as multidões
escravas das drogas, que vivem nas “cracolândias” da vida, as multidões que
vivem nos lixões ou as multidões de inocentes vítimas das clínicas de abortos.
5- Diante do vídeo: “Meu corpo,
minhas regras”, é preciso ficar atento e até mesmo ter uma postura
investigativa. Por que, afinal, atores, com altos salários, gravaram um vídeo
agressivo defendendo o aborto? O que existe, afinal, por trás desse vídeo? É preciso ter coragem para
desmascarar os interesses políticos, econômicos e ideológicos por trás de um
vídeo com esse conteúdo. Esses atores não são pessoas inocentes defendendo a
causa da morte. Pelo contrário, é gente bem paga, que sabe o que faz.
6- Por fim, é preciso constatar, com tristeza, que no atual modelo de
sociedade o ser humano quase não tem valor. Dentro da antiética indolor, em que
vivemos, o ser humano é a última espécie a ser observada, cuidada e protegida. E isso se aplica ao grupo humano
mais frágil, ou seja, o bebê no ventre da mãe. A antiética indolor da sociedade
atual está pouco se importando com os bebês. O problema é que os seres humanos
não nascem das árvores ou de ovos de tartarugas. Os seres humanos nascem fruto
da gravidez e da gestação. Bons tempos aqueles em que atores ricos e
famosos defendiam a paz mundial ou o desarmamento. Hoje em dia eles defendem a
antiética indolor, defendem o aborto e outras coisas da cultura da morte.
Ivanaldo Santos - Filósofo
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