Os
que buscam o Reino e sua justiça, não serão eles os mais realizados? Os que
buscam as bem-aventuranças, não são eles, efetiva e afetivamente, os mais bem-aventurados
de todos? Não é história bonitinha para tentar encher linguiça, escrever algo
que faça as pessoas se emocionarem: é realidade que se pode tocar,
experimentar. Os santos e santas de Cristo, seus amigos, foram eles os mais
convictos disso. “Bem-aventurados os pobres de espírito porque deles é o Reino
dos Céus” (Mt 5, 3). Pobre de espírito não quer dizer gente de poucos valores
ou sem idéias interessantes para viver. Pobre de espírito não significa viver
sem nada ou quase nada. Ter ou não ter não é a questão: a questão é: qual o
valor que eu dou ao que eu tenho? É meio ou é fim? Não por nada Jesus ensina
(Mt 6, 19-21.24:
“Não acumuleis tesouros na terra, onde a traça e a ferrugem os corroem e
os ladrões arrombam os muros, a fim de os roubar. Acumulai tesouros no Céu,
onde a traça e a ferrugem não corroem e onde os ladrões não arrombam nem
furtam. 21Pois, onde estiver o teu tesouro, aí estará também o teu coração. Ninguém
pode servir a dois senhores: ou não gostará de um deles e estimará o outro, ou
se dedicará a um e desprezará o outro. Não podeis servir a Deus e ao dinheiro.”
Ora,
servir-se do dinheiro para servir a Deus, claro que pode. E deve! Se assim Deus
quiser, claro! Santa Teresa de Ávila dizia:
“Teresa sem Deus é menos que nada; Teresa com Deus pode muita coisa;
Teresa com Deus e dinheiro é uma potência”
Realismo
fundado em valores, sem cair nos idealismos ingênuos, eis a lição da
reformadora do Carmelo. O desapego progressivo e vigilante, acompanhado de um
apego cada vez maior a Deus, isso é fundamental e essencial. As tentações do
consumo, do ter pelo ter, isso precisa ser superado quando uma sabedoria
evangélica faz brotar no cristão uma disposição fortalecida para o bem. A
profecia precisa ser dita: não só com palavras, mas com atitudes,
gestos, opções pelo essencial, pelo eterno, pelo que faz feliz, de verdade.
A CONVERSÃO
REALMENTE COMEÇA PELO BOLSO?
A
expressão “a conversão começa pelo bolso” não é verdadeira, pois a conversão
começa com a experiência que tivermos com Jesus e sua misericórdia, como a que
Zaqueu teve.O desapego ao dinheiro e a outros bens materiais, bem como a
pessoas, é apenas um sinal da nossa experiência com Jesus.
Como podemos acreditar em quem nos é desconhecido? Quem não é fiel na
partilha da Comunhão de Bens, eu aconselharia a fazer “novo seminário” para
buscar esse encontro com Jesus. Como abraçarmos a “Árvore da Vida, o Madeiro da
Cruz”, se primeiro não abraçarmos o Cristo necessitado?
Nascemos
no meio de um povo, cuja cultura é formar um bom patrimônio, quer através de um
bom emprego, quer através de um empreendimento rendoso, para termos uma velhice
tranqüila, segura, como se o dinheiro fosse a nossa grande segurança.É uma
cultura falsa, pois a nossa segurança é Deus, e não há outra. Sim, não podemos
negar, o dinheiro é muito importante para atender às nossas necessidades
materiais, bem como as necessidades dos nossos irmãos. Com o falecimento de
José, Jesus assumiu a carpintaria para ganhar o sustento próprio e o de Maria.
O dinheiro é dom de Deus. Na grande viagem de Jesus a Jerusalém, muitas
mulheres ricas e piedosas O acompanhavam, e, com suas riquezas, custeavam as
despesas necessárias.
EXORTAÇÃO,
É DIFERENTE DE ACUSAÇÃO !!!
Ora,
alguns documentos da Igreja, são precedidos pelo termo EXORTAÇÃO APÓSTOLICA. É
isto que muitas vezes Deus, a Igreja e nossas autoridades espirituais nos
fazem: Não nos acusar, mas nos exortar, tendo em vista nossa maturidade até a
estatura de Cristo, e a nossa salvação. Jesus nos exorta:
“Cuidado! Guardai-vos de toda ganância; não é pelo fato de um homem ser
rico que ele tem a vida garantida pelos seus bens...” (Luc.12,15).
Podemos
afirmar, muitos ganharam o céu por saber empregar bem o seu dinheiro.Apego aos
bens materiais é avareza, é tirar a primazia de Deus e colocá-la em bens que
hoje existem e amanhã deixam de existir. São bens temporais. Toda
avareza é pecado capital, com agravante imediato: o esquecimento de Deus.
O homem avaro é idólatra por inverter o papel dos bens, inclusive do dinheiro.
Enquanto o dinheiro e todos os outros bens foram criados para servir o homem, o
homem avaro passa a serví-los, tornando-se seu escravo. De um pecado venial que
é a avareza, passa a ser pecado grave, por ser contrário ao grande mandamento
da Lei de Deus:
“Escuta Israel! O Senhor, nosso Deus, é o Senhor que é Um. Amarás o
Senhor, teu Deus, com todo o teu coração, com todo o teu ser, com todas as tuas
forças” (Dt 6,4-5).
Portanto,
bem algum, quer material, quer espiritual, pode ocupar o lugar de Deus. Esta
lição nos deu Jesus quando de sua grande viagem a Jerusalém:
“Grandes multidões caminhavam com Jesus; Ele se voltou e lhes disse: Se
alguém vier a mim sem me preferir ao seu pai, à sua mãe, à sua irmã, à sua
mulher, aos seus filhos, aos seus irmãos, às suas irmãs, e até à própria vida,
não pode ser meu discípulo”(Lc 14, 25-27). Mais adiante, Jesus continua: “Do
mesmo modo, qualquer um de vós que não renuncia a tudo o que lhe pertence não
pode ser meu discípulo”. (v.33)
O
Senhor nos esclarece: desapego, renúncia não significa desfazer-se de tudo e de
todos e ir morar debaixo da ponte. Não é isso. É não tornar-se escravo das
pessoas e dos bens. É colocar Deus acima de tudo e de todos, e sensibilizar-se
com as necessidades das pessoas, nossos irmãos mais necessitados, e com eles
partilhar do que dispomos. Como os primeiros cristãos, temos uma
comunidade, com uma diferença: Entre eles não havia necessitados, enquanto que na
nossa há necessitados em demasia, por causa da nossa avareza. Chegou o
momento, diz o Senhor, de mostrarmo-nos fiéis a Deus e aos irmãos, na partilha
de nossos bens e dons, bem como na devolução da Comunhão de Bens, sem
subjetivismos e justificativas, mas na fé.Com isto, Deus quer nos provar que a
nossa garantia, a nossa segurança está nEle, e que devemos depositar toda a
nossa confiança na Sua Misericórdia e na Sua Providência. Portanto, não temas,
Israel, o Senhor, teu Deus, é a tua guarda, a tua segurança, a atua força, o
teu escudo, a tua garantia. Nada te faltará!
UMA
PARÁBOLA:
Era
uma vez um homem muito rico, mas de pouco estudo. Como acontece para todos,
certo dia ele também bateu às portas da morte. Já agonizando, pediu papel e
caneta para lavrar o seu testamento. Mas, sendo parco em recursos literários, a
pontuação não era o seu forte. Assim, as poucas palavras que conseguiu
escrever, saíram ininteligíveis, sem pontuação, e sem nexo:
“Deixo meus bens a minha irmã não a meu sobrinho jamais será paga a
conta do padeiro nada dou aos pobres”
Como
era previsível, mal findaram os funerais, começaram as rixas entre o sobrinho,
a irmã e o padeiro, cada qual interpretando o testamento a seu favor. O
sobrinho fez a seguinte pontuação:
“Deixo meus bens à minha irmã? Não! A meu sobrinho! Jamais será paga a
conta do padeiro. Nada dou aos pobres”
Evidentemente,
a
irmã não gostou da interpretação, e pontuou assim o escrito:
“Deixo meus bens à minha irmã. Não a meu sobrinho. Jamais será paga a
conta do padeiro. Nada dou aos pobres”
Julgando-se
mais esperto que os parentes do finado, o padeiro puxou a brasa para sua
sardinha:
“Deixo meus bens à minha irmã? Não! A meu sobrinho? Jamais! Será paga a
conta do padeiro. Nada dou aos pobres”
Sabendo
das dificuldades para se chegar a um acordo, por fim vieram também os
pobres da cidade. Um deles, mais sabido, fez a seguinte interpretação:
“Deixo meus bens à minha irmã? Não! A meu sobrinho? Jamais! Será paga a
conta do padeiro? Nada! Dou aos pobres”
Qual a
moral da estória?
A
mais autêntica e importante, é esta: a vida pode ser interpretada e vivida de
diversas maneiras. Nós é que fazemos sua adaptação. E é isso que faz a
diferença. Mas há também outras lições. Cada um encara a vida com os olhos
que tem. Cada um se aproxima dos outros com o coração que tem. Cada um analisa
os fatos com a maturidade, conceitos e preconceitos que tem. Talvez tenha sido
por isso que Jesus falou:
“O homem bom tira coisas boas do seu bom tesouro interior; o mau, tira o
mal de seu mau tesouro. A boca fala do que está cheio o coração...” (Luc 6,45).
Testemunho
de vida de Camilo e Narlla – O que é de Deus, permanece:
Camilo
e Narlla são membros da Comunidade Católica Shalom em Brasília. Jornalista
apaixonada pelo “belo amor humano”
transforma em filme a história de
seu grande amor. “Camilo e Narlla – o que é de Deus, permanece”, é o nome do filme que
já emociona em seu trailer pela verdade e simplicidade de uma história de amor
entre um homem e uma mulher que diante de Deus fizeram seu enlace. De
forma simples e com muito brilho no
olhar o casal conta como se conheceram, o apaixonamento, e a decisão de
construir este amor baseado no relacionamento com Deus, e submissos a sua
vontade através da Comunidade como mediadora. Os personagens testemunham a
beleza do amor entre os dois, que entre tantos, nos dias de hoje, é quase um
escândalo no bom sentido, mas se tornam
um luzeiro de esperança. O amor entre os dois é tão puro que transborda. Vivo,
que contagia. O mundo vê a beleza deste
amor como exceção, para nós, no entanto, chamados que fomos a buscar não os
bens que passam, mas aqueles que não passam, é a regra.A direção geral do filme
é de Horual Leon. Confiram o seu trailer no link abaixo, copiando e
colando:
https://www.youtube.com/watch?v=iwJJKFE0S5s
Pilatos
diante de Jesus quando este lhe disse: Eu vim ao mundo para dar testemunho da
verdade, este interrogou a Jesus: «O que é a verdade?» (Jo 18,38). Porém,
o governador não esperou pela resposta de Jesus, talvez porque pensava que a
verdade seria simplesmente uma decisão da maioria. Nem que seja para pedir a
liberdade de um malfeitor como Barrabás e a condenação de um inocente como
Jesus.
Padre Almeida da Comunidade Shalom, também nos
testemunha:
O escrito Pobreza diz: ‘o novo que Deus quer realizar em nós é um
novo baseado na pobreza’. E ser pobre é ‘estar nas mãos de Deus’. Assim, viver
o novo é, na verdade, viver a pobreza. E o encontro com o papa Francisco, vem
nos confirmar esse caminho para nós, que quer uma Igreja pobre e para os
pobres. Nós queremos ser uma comunidade pobre, e para os pobres também. Quando
o papa resolveu usar a cruz e o anel de prata, logo pensei: vou também mudar o
meu anel [aliança] para um de prata, mas Jesus me recordou: primeiro você
precisa ser pobre, depois você pode até mudar o anel. E estou agora buscando
primeiro ser mais pobre”, contou.
Na realidade um
simples anel de prata, tucum, ou qualquer outro material na mão de uma pessoa,
sem a realvivencia da pobreza evangélica, seria uma ostentação de pobreza. E
ostentar virtude é vaidade que anula toda virtude. Usar isso, para demonstrar
amor aos pobres, é mais demagogia do que virtude, pois se alguém é
realmente pobre, deve praticar essa pobreza no desprezo das riquezas, sem
ostentação, porque se não é pura vaidade e desejo de ser considerado pobre e
bom. Uma autoridade legitimamente ordenada pela igreja, é um sucessor dos
Apóstolos, e quem é elevado a tão grande honra, deve saber distinguir entre o
seu cargo e a sua pessoa, como indigna, servo inútil e pecador. Enquanto autoridade da Igreja, ele deve
compreender que deve ser indigno de tal honra, porém, deve usar todos os
símbolos de sua honra apostólica numa atitude de humildade e obediência.
O Papa São Leão Magno ensina sobre este tema:
“Não há dúvida de que os pobres
alcançam mais facilmente que os ricos o bem da humildade; estes últimos, nas
riquezas, é conhecida a altivez. Contudo
em muitos ricos encontra-se a disposição de empregar sua abundância não para se
inchar de soberba, mas para realizar obras de benignidade; e assim eles têm por
máximo lucro tudo quanto gastam em aliviar a miséria do trabalho dos outros.
A todo gênero e classe de pessoas é dado ter parte nesta virtude, porque podem
ser iguais na intenção e desiguais no lucro; e não importa quanto sejam
diferentes nos bens terrenos, se são idênticos nos bens espirituais. Feliz então a pobreza que não se prende ao
amor das coisas transitórias, nem deseja o crescimento das riquezas do
mundo, mas anseia por enriquecer-se com os tesouros celestes.”
A NOVA
POBREZA EVANGÉLICA:
Música: Obra Nova
(Comunidade Católica Shalom)
Eis que Eu faço Obra nova, nova
Obra, Obra nova.
Eis que ela já surge, não a
vedes? Não a vedes? Não a vedes?
Obra nova para este tempo.
Obra nova para Minha Igreja.
Obra cara ao Meu coração.
Trago-te um novo louvor.
Chamo-te à nova pobreza.
Eis o Evangelho vivo hoje.
“Eis que vou fazer obra nova, a
qual já surge: não a vedes? Vou abrir uma via pelo deserto, e fazer correr
arroios pela estepe. Dar-me-ão glória os animais selvagens, os chacais e as
avestruzes, pois terei feito jorrar água no deserto, e correr arroios na
estepe, para saciar a sede do meu povo, meu eleito; o povo que formei para mim
contará meus feitos” (Is 43,19-21)
“Ser pobre é, em primeiro lugar,
estar nas mãos de Deus” (RVSh).
A grande maioria das
pessoas, quando verdadeiramente começam a descobrir o Senhor e, de diversas
formas, experimentar o Amor de Deus (através de Seminários de Vida no Espírito
Santo, orações, Celebrações Eucarísticas etc.) logo sentem a necessidade de se
desprenderem daquilo que pode vir a dificultar o relacionamento mais íntimo com
Ele. E mesmo aqueles que já possuem um longo tempo de caminhada, sentem o
quanto é fundamental estar livres para fazer a vontade de Deus. A
Pobreza nada mais é do que essa liberdade diante do materialismo pregado pelo
mundo. Somos pobres na medida em que nos despojamos da falsa mentalidade de que
“É preciso ter muitos bens”, quando partilhamos o que temos e somos, quando
confiantemente cremos que Deus nos dará o essencial para nossa vida e
felicidade. Na Comunidade Shalom o Senhor nos convida a, alegremente, vivermos
este belo chamado de fé, tanto na Comunidade de Vida como na Comunidade de
Aliança:
“Os irmãos da Comunidade de Vida são chamados a viver a experiência de total abandono de suas vidas nas mãos de Deus” (ECCSh).
Na Comunidade de Vida
os irmãos vivem diretamente a total “dependência” do querer divino. Em tudo!
Desde o seu sustento básico, estes irmãos são mantidos pela Providência do
Senhor, que se manifesta das mais diversas formas (doações, dízimo, comunhão de
bens por parte da Obra etc.):
“A economia do Reino de Deus é a
Divina Providência. Assim, todos os irmãos da Comunidade de Vida nada possuam
como propriedade pessoal” (ECCSh).
O caminho de pobreza
destes irmãos é o de não possuir nada, sendo livres para partilharem suas vidas
uns com os outros, com a Igreja, com o mundo. Desde a administração daquilo que
Deus lhes confia pessoalmente (um número limite de roupas e utensílios em
geral, que variam dependendo da região, cultura ou função desempenhada), como
comunitariamente (residência da comunidade, alimentação, vestuário, centros de
evangelização e outras necessidades da Obra).Devem buscar a sobriedade no vestir, no falar e em suas atitudes, agir
com moderação e buscar, seja qual for o ambiente no qual Deus os chame ao
anúncio do Evangelho (dos locais mais simples aos mais suntuosos), ser reflexo
do Cristo Pobre, que despojou-se de tudo para perfeitamente servir:
“Os irmãos da Comunidade de
Aliança, mesmo não renunciando à posse
dos bens materiais, são chamados por Deus a viverem o espírito evangélico da
pobreza, expresso em: Buscai primeiro o Reino de Deus e tudo mais vos será
dado por acréscimo (Lc 12,13)” (ECCSh).
A Comunidade de Aliança é chamada, num profundo espírito
de humildade, a dispor daquilo que o próprio Deus lhe concedeu para
administra-los:
Profissão, tempo, bens etc. Vivendo num mundo extremamente consumista,
estes irmãos são luz e testemunho da liberdade de quem necessita em primeiro
lugar, abandonando a “idolatria do possuir”, ser livre para o serviço. “Os
irmãos da Comunidade de Aliança tenham em mente que tudo o que possuem é dom de
Deus”. Assim, tendo a consciência de que Deus é o verdadeiro dono de tudo, os
membros da Comunidade de Aliança vivem o abandono, administrando os “dons” do
Senhor; sejam eles ricos materialmente, ou não.
CONCLUSÃO
Se a riqueza é fonte de muitos males, se
provoca tantas paixões, crimes, não é a ela que devemos culpar, e sim ao mal
uso que o homem dela faz. O que deveria ser útil, servir de progresso
para a humanidade, mal utilizado serve de opressão, escravidão, subserviência,
poder. A riqueza é colocada como prova na mão de alguns, para que dela
o homem faça surgir o bem e o desenvolvimento. A dificuldade a que Jesus
se refere aos ricos deste mundo, é que a riqueza é, sem dúvida, uma prova
bastante arriscada, mais perigosa que a miséria, em virtude das excitações, das
tentações que oferece e da fascinação que exerce. O orgulho e o egoísmo podem
ser extremamente excitados no gozo da vida puramente sensual e material. Outro
fator a considerar é a maneira com que a riqueza foi adquirida: de forma lícita
ou ilícita. Embora a riqueza dificulte o caminho, não significa que ela o
torne impossível e não possa servir como meio de evolução espiritual para quem dela
faça bom uso dela. Muitos santos, inclusive Reis, fizeram isto na história da
Igreja. A prova da riqueza material, e até mesmo da pobreza, é colocada
muitas vezes de forma providencial por Deus nas mãos certas. Depende do próprio
homem, na sua conduta, aproveitar ou não as facilidades e dificuldades
materiais que tem na presente em benefício de sua salvação e do próximo,
oferecendo trabalho, e provisões quando sofrem calamidades, provocando a
diminuição da fome, da miséria, da ignorância, enfim promovendo o bem-estar da
humanidade e o seu progresso, atingindo então, o próprio fim a que se destina:
O crescimento moral e espiritual, na sua administração.Realmente como dizia
Padre Deivid da diocese de Mossoró-RN:
“Nem todo rico vai para o inferno,
e nem todo pobre vai para o Céu.”
O mal não está na pobreza. O mal está na
miséria. Pelo que se todos soubessem ser pobres, a miséria terminaria. Miséria
é quando não se tem. Pobreza é quando se reparte o que se tem. Daí que o Padre
Francês Abbé Pierre, tenha sinalizado a diferença:
«A miséria é aquilo que impede um
homem de ser homem. A pobreza é a condição para ser homem».
Assim sendo, é a pobreza que nos faz
perceber que viver é conviver. É a pobreza que nos permite entender que não
somos proprietários definitivos de nada, mas somente meros administradores
provisórios de tudo. O que temos não nos pertence só a nós. De resto, nem nós
mesmos somos donos de nós. É por isso que, ao contrário de Sartre, que achava
que «o inferno são os outros», o mesmo Abbé Pierre proclamava que «o inferno é
viver sem os outros». A miséria é infernal porque há corações que são
como muros: são difíceis de abater. Jesus declara felizes os pobres (cf. Mt 5,
3) porque não suportam viver sem os outros, porque não estão condicionados pelo
espaço, pelo tempo ou pela posse. O rico a quem Jesus se refere no Evangelho de
Mateus 19, 23-30,é o homem que coloca a sua confiança e o ideal da sua vida nos
seus bens, materiais ou intelectuais e até espirituais, mas não faz caso para
ouvir a Deus, que o dotou de tudo o quanto possui (João 3,27;I Cor 4,7). No entanto, rico não
é somente quem possui muito dinheiro, muitos bens, mas também aquele (a) que é
convencido de si mesmo, autossuficiente, abarrotado de ideias, cheio de muita
“espiritualidade” e põe nesse “tesouro” todo a sua atenção.Muitos de nós, mesmo
não tendo dinheiro, temos um coração de rico, isto é, apegado ao pouco que
possuímos, às nossas opiniões, à maneira de pensar, nossas convicções etc. No
entanto, mesmo assim, o próprio Jesus nos afirma que “para Deus tudo é
possível”! Com efeito, confiando na Sua graça, mesmo que ainda sejamos muito
“ricos”, ainda poderemos nos desapegar da nossa “riqueza”, dando a ela o seu
devido lugar. Quando nos colocamos nas mãos do Senhor e a Ele oferecemos tudo
quanto possuímos, a nossa vida adquire um significado de justiça e de
felicidade.Para seguir Jesus precisamos apenas de um coração rendido e
confiante, na certeza de que Ele tudo providenciará para a nossa caminhada. A
nossa recompensa é certa, poderá tardar, mas não falhará. Mesmo, que hoje, nos
sintamos em último lugar, podemos ter a certeza de que o Senhor virá e nos
abrirá as portas do céu. O mundo será renovado pelo Amor e, enquanto aqui
estivermos, Jesus nos chama para ser protagonista dessa renovação. A vida
eterna, porém, precisa ser o nosso objetivo final, porque se estivermos lutando
somente em busca das coisas temporais, seremos pessoas frustradas, vazias e
sempre carentes.
.
PERGUNTAS
PARA UM MELHOR APROFUNDAMENTO DESTA REFLEXÃO:
1)- Você é uma pessoa autossuficiente com seus dons e bens materiais?
2)-
As convicções e coisas que você hoje possui,
o ajudam, ou impedem de seguir livremente a Jesus?
3)-
Você tem a vida eterna como sua meta de chegada?
4)-
Você desejaria viver o restante da sua vida do jeito que vive hoje?
Apostolado
Berakash
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