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Pensando e repensando com o filósofo Ivanaldo Santos: Mulher pobre não aborta!

Written By Beraká - o blog da família on quarta-feira, 8 de agosto de 2018 | 00:19


(prof. Dr. Ivanaldo Santos)






Por *Ivanaldo Santos – Filósofo





Atualmente o Brasil e outros países ao redor do mundo passam por uma forte contradição. De um lado, existem amplos segmentos populacionais que são contra o aborto. Esses segmentos representam entre 75% a 95% da população que se apresenta oficialmente contrária ao aborto. Numa sociedade democrática a maioria deve prevalecer. Do outro lado, existem grupos e estruturas sociais que afirmam, dentre outras cosias, que é necessário se legalizar o aborto porque trata-se de uma medida de proteção da mulher pobre e da pobreza. Em tese, a legalização do aborto representa algum tipo de política social de proteção social ao pobre, de diminuição do número de pobres nas ruas das cidades, de incentivo ao combate a pobreza.






Existem alguns problemas em torno da ideia de que a legalização do aborto vai beneficiar as mulheres pobres. Vejamos um conjunto de sete problemas:






1)- É estranho que se afirme, por meio de algum levantamento estatístico, que a maioria das mulheres que abortam são pobres. Como se chegou a essa conclusão? Todo tipo de pesquisa tem seus acertos e pontos fracos. Não se trata de retirar a validade de alguma pesquisa. No entanto, se o aborto é ilegal no Brasil, como foi que se conclui, por meio de dados estatísticos, que a mulher que aborta é pobre?






2)- É afirmado que no Brasil quem aborta é mulher pobre, mas, por incrível que pareça, quem aparece defendendo o aborto não é a mulher pobre! Pelo contrário, é um grupo seleto de mulheres de classe média, que estudaram em boas escolas, que possuem bons empregos, que geralmente fazem turismo em Miami ou em alguma cidade da Europa, que levam os filhos para se divertir na Disney e coisas semelhantes. Ao que parece no Brasil vive-se uma experiência meio delirante semelhante ao que é narrado no filme Paris, Texas, lançado em 1984, dirigido por Wim Wenders. Nesse filme, o personagem Travis Henderson narra a experiência de uma pessoa que falava muito de Paris, é como se tivesse nascido e vivido longos anos em Paris, como se conhece os recantos de Paris. No entanto, essa pessoa nunca nasceu ou esteve um único dia em paris. Na verdade, era apenas um caipira americano que nasceu e viveu toda a sua vida no Texas. No Brasil e em outras partes do mundo fala-se que o aborto vai beneficiar os pobres, que quem deseja abortar é a mulher pobre, mas quem fala isso são pessoas que não são pobres e que, na maioria dos casos, nunca experimentou a vida dos pobres.





3)- Afirmar que a legalização do aborto vai beneficiar os pobres é a nova versão, a versão contemporânea, a versão cult da eugenia. A eugenia que deseja, por razões diversas, eliminar grupos e segmentos sociais. No caso do aborto, deseja-se combater a pobreza eliminado o pobre por meio do aborto. O aborto aparece como arma chique, eficiente e sofisticada para a diminuição do número de pobres.


 








4)- O aborto está sendo vendido, de forma sofisticada, como um eficiente remédio para problemas pessoais e psicológicos. De acordo com essa propaganda, esse remédio estará disponível a todos, especialmente aos pobres. Se um indivíduo estiver com um problema psíquico fará um aborto e, com isso, terá a cura ou uma melhora substancial do seu problema. Com isso, o aborto é vendido como uma espécie de novo remédio psiquiátrico, um novo Prozac ou algo semelhante. Nas décadas de 1970 e 1980 a cirurgia plástica era indicada como terapia psicológica. Atualmente o aborto é apresentado como o substituto das cirurgias plásticas. Em todo caso, o que temos é uma estratégia sofisticada de vários setores da indústria (indústria médica, farmacêutica, de propaganda, etc) para promover e vender os seus respectivos produtos. Setores da indústria médica e farmacêutica querem vender cirurgias plásticas e outros setores querem vender aborto. A lógica é a mesma: vender um produto. O problema dessa venda é que o consumidor não é informado sobre os efeitos negativos e o que realmente está em jogo nesse tipo de negócio. Estamos diante de um comércio muito antiético!










5)- As pessoas e grupos sociais que afirmam que quem aborta é a mulher pobre – vale salientar que tem gente até dentro da Igreja com esse tipo de discurso – não conhecem a mulher pobre e muito menos os espaços geográficos que, no Brasil, situa-se o cinturam de pobreza. Novamente estamos diante de uma versão contemporânea do filme Paris, Texas, ou seja, fala-se na pobreza e no pobre, mas nunca, nem de longe, se viveu as experiências da pobreza. O motivo desse problema é que a mulher pobre, de forma individual, pode até fazer um aborto, mas não se pode generalizar e dizer que a mulher pobre aborta. O motivo é que a mulher pobre, ao contrário de segmentos mais sofisticados da classe média, não tem uma formação ética e metafísica. A mulher pobre geralmente não sabe e não tem instrumental teórico para, por exemplo, fazer uma defesa filosófica ou teológica da vida e contra o aborto. No entanto, geralmente a mulher pobre não aborta. O motivo disso é que para amplos segmentos da população pobre ter um ou mais de um filho representa, na prática, uma melhoria na renda da família, uma ajuda nas tarefas da casa e uma possibilidade de, no futuro, a família ou um membro da família subir na hierarquia social. Ao contrário da classe média, que vê um filho como prejuízo, a população pobre vê o filho como um investimento no futuro.






6)- Voltando a metáfora do filme Paris, Texas, quem diz que mulher pobre aborta nunca conheceu as redes de solidariedade social que perpassam as comunidades pobres. Ao contrário da classe média, que vive uma existência isolada e tem pouco sentido de comunidade, os pobres possuem forte sentido de solidariedade e comunidade. Uma mulher pobre que engravide terá a ajuda de várias amigas, companheiras e parentes. Uma rede de solidariedade vai estar ao lado dessa mulher pobre para ajudá-la no processo de gravidez e de criação do filho. Só para se ter uma ideia dessa questão, um único carinho de bebê chega a ser usado por 4 ou 5 mães com filhos recém-nascidos. Esse carinho vai passando de família em família até que não tenha mais utilidade. Esse comportamento solitário se multiplica em vários aspectos da vida social (roupas para recém-nascido, alimento, remédios, etc). Os pobres mantêm o espírito solidário que, muitas vezes, a classe média apenas é capaz de falar do ponto de vista teórico.















7)- Se os pobres não praticam, em larga escala, o aborto, então quem aborta? É difícil responder de forma fechada essa pergunta. No entanto, existem uma série de grupos sociais que praticam o aborto de forma muito mais radical que os pobres. Entre esses grupos podem ser citados:






a) Pessoas abortam por motivos diversos: mulheres que engravidaram devido a relações sexuais extraconjugais, pessoas que são obrigadas a abortarem por questões ligadas ao mercado de trabalho ou por envolvimento com grupos criminosos, pessoas envolvidas no mercado da prostituição e do cinema pornográfico, etc);





b) Membros da alta sociedade que veem a gravidez como um ato primitivo e até selvagem do ser humano, pessoas que não desejam deixar suas fortunas para herdeiros e coisas semelhantes.





c) Membros da classe média que veem a gravidez e, por conseguinte, a criação de um filho como um prejuízo financeiro, como uma deformação estética, como uma barreira para o crescimento profissional e coisas semelhantes.





d) Pessoas que fazem parte de algum grupo de vanguarda cultural, de sociedade alternativa, de pensamento cult e pós-moderno. Pessoas que, devido a sua filiação ideológica (alguma facção da esquerda, liberais exaltados, anarquistas radicais, etc), são levadas e até mesmo obrigadas a fazerem um ou vários abortos.






Por fim, afirma-se que a metáfora que envolve o filme Paris, Texas, ou seja, fala-se com muita naturalidade de alguma coisa, mas na prática nunca se viu ou se conhece essa cosia, é uma ótima forma de pensar o argumento, muito difundido atualmente, de que a legalização do aborto vai beneficiar as mulheres pobres. Quem diz isso geralmente nunca conheceu a realidade dessas mulheres. Se conhece saberia que a mulher pobre não aborta.  






*Ivanaldo Santos – Filósofo: É colaborador do Blog Berakash
 




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Anônimo
21 de junho de 2022 às 20:29

Professor Ivanaldo, uma grande perca para o pensmento brasileiro, que Deus o tenha em sua mansão celestial!

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Neste Apostolado APOLOGÉTICO (de defesa da fé, conforme 1 Ped.3,15) promovemos a “EVANGELIZAÇÃO ANÔNIMA", pois neste serviço somos apenas o Jumentinho que leva Jesus e sua verdade aos Povos. Portanto toda honra e Glória é para Ele.Cristo disse-nos:Eu sou o caminho, a verdade e a vida e “ NINGUEM” vem ao Pai senão por mim" (João14, 6).Defendemos as verdade da fé contra os erros que, de fato, são sempre contra Deus.Cristo não tinha opiniões, tinha a verdade, a qual confiou a sua Igreja, ( Coluna e sustentáculo da verdade – Conf. I Tim 3,15) que deve zelar por ela até que Ele volte(1Tim 6,14).Deus é amor, e quem ama corrige, e a verdade é um exercício da caridade. Este Deus adocicado, meloso, ingênuo, e sentimentalóide, é invenção dos homens tementes da verdade, não é o Deus revelado por seu filho: Jesus Cristo.Por fim: “Não se opor ao erro é aprová-lo, não defender a verdade é nega-la” - ( Sto. Tomás de Aquino).Este apostolado tem interesse especial em Teologia, Política e Economia. A Economia e a Política são filhas da Filosofia que por sua vez é filha da Teologia que é a mãe de todas as ciências. “Não a nós, Senhor, não a nós, mas ao vosso nome dai glória...” (Salmo 115,1)

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