É suficiente, apenas orando individualmente a Deus, ou consultando as
colunas da Igreja para confirmar o que foi revelado na oração? É muito comum
por parte daqueles que fizeram uma experiência sincera com Deus, diante de
alguma dificuldade dizer: Vou jejuar e
orar a Deus, para ouvir d’Ele o que Ele me revela, e qual seu direcionamento
para determinada situação. Mas quem pode garantir e assegurar, que o que
você vai ouvir, não venha apenas de suas próprias convicções, e ou, ainda pior,
do demônio, que se disfarça de anjo de luz para enganar até os eleitos de Deus?
(Conf. II Cor 11,14). Sabemos que mesmo a pessoa sendo sincera, a sinceridade
por si só, não é o critério da verdade, pois
uma pessoa pode estar, ou ficar sinceramente enganada pelas suas próprias
convicções, ou inspirações do demônio, como ele fez a Eva no paraíso. E
tanto Eva como Adão, eram sinceros e tinham intimidade com Deus, com os quais
se encontrava com eles todos dias, na brisa suave da tarde, no jardim do Éden, conforme
podemos ler em Gênesis 3,8.
Neste
vídeo abaixo de uma matéria do “Fantástico” na rede Globo, mostra um pastor protestante,
sua esposa, e um casal da igreja deste mesmo pastor, caindo neste engano de
revelações e escuta da suposta voz de Deus, apesar da sinceridade dos mesmos, em
orar a Ele, antes de cometerem este fato gravíssimo! (copie e cole o link abaixo para ver):
Um dia Jesus disse
aos Apóstolos:
“Em verdade vos digo: tudo o que ligardes sobre a terra será ligado no
céu, e tudo o que desligardes sobre a terra será desligado no céu” (Mt 18,18).
Essa
mesma grande promessa que Ele já tinha feito a Pedro, como Cabeça visível da
Igreja (cf. Mt 16,18), estende para todo o Colégio Apostólico unido e submisso
a Pedro.E ainda mais, Jesus disse aos Apóstolos: “Quem vos ouve, a Mim ouve, e quem vos rejeita, a Mim rejeita, e quem Me
rejeita, rejeita Aquele que Me enviou” (Lc 10,16). Nós
católicos ouvimos os apóstolos hoje, através do Papa, bispos e dos presbíteros
que são seus legítimos sucessores, por isso ouvimos Jesus. Na Bíblia está
escrito também que: "Nenhuma profecia é de interpretação particular" (II Ped 1,
20) portanto, o exame das escrituras só deve ser feito por alguém com a
autoridade dada por Cristo de ligar e desligar. Foi por isso que Cristo disse a
Pedro: “Eu te darei as chaves do Reino dos Céus, e tudo o que ligares na terra
será ligado também nos céus; e tudo o que desatares na terra, será desatado
também nos céus" (Mat 16, 17-20). Dai se conclui que, somente
Pedro e seus legítimos sucessores (Os papas e o Colégio dos bispos) o podem
fazê-lo .
Como entender a
infalibilidade da Igreja ?
Jesus
garante que a palavra da Igreja é a Sua palavra. Quem rejeita o ensinamento dos
Apóstolos, rejeita o próprio Senhor e o Pai que o enviou. Isto é muitíssimo
sério. Rejeitar o que ensina a Igreja é rejeitar o que Jesus ensina, é rejeitar
o que o Pai ensina; é rejeitar Jesus e o Pai.Antes de voltar ao Céu, na
Ascensão, Jesus disse aos Apóstolos (à Igreja):“Toda autoridade me foi dada no céu e na terra. Ide, pois, e ensinai a
todas as nações… Ensinai-as a observar tudo o que vos prescrevi” (Mt 28,
19-20). Jesus
envia a Igreja, que nascia com os Apóstolos, a “ensinar a todas as nações” a
Sua doutrina. Sabemos que Deus sempre dá a graça necessária para se poder
cumprir uma missão que Ele ordena. A graça, neste caso, foi a assistência do
Espírito Santo para que a Igreja ensinasse sem erro. Antes de subir ao céu o
Senhor garantiu: “Eis que estarei convosco todos os dias até o fim do mundo” (Mt 28,20). Esta
é a última promessa de Jesus no Evangelho de S. Mateus, e ela nos garante que o
próprio Senhor está no seio da sua Igreja, através do Espírito Santo, prometido
e enviado em Pentecostes, para impedi-la de errar em matéria fundamental para a
salvação dos homens.Para aceitar que a Igreja, nesses mais de 2000 anos possa
ter errado o “caminho da salvação”, e desvirtuado o Evangelho, como querem os
protestantes, seria preciso aceitar antes, que Jesus a abandonou, e não cumpriu
a Promessa de estar sempre com a Igreja até o fim do mundo. Mas isto jamais;
Jesus é fiel e ama a sua Igreja como Esposa, com amor indissolúvel, pela qual
deu a Sua vida (conf. Ef 5,25).E ainda que tivéssemos desviado, e sido infiéis,
Ele jamais abandonaria sua Igreja, pois assim está revelado nas escrituras: “Se lhe formos
infiéis, Ele permanece fiel; pois Ele não pode negar-se a si mesmo...” (II Tim
2,13)
Como então, admitir
que a Igreja errou o caminho da salvação como quiseram propor os protagonistas
da dividida Reforma Protestante?
É
muito importante notar o que São Paulo disse a S. Timóteo:“Deus quer que todos se salvem, e cheguem ao conhecimento da verdade” (1
Tm 2,4). Para
o Apóstolo, chegar à salvação é o mesmo que “chegar ao conhecimento da
verdade”. É essa verdade (a sã doutrina), que Jesus confiou aos Apóstolos, e
lhes incumbiu de ensinar a todas as nações, que leva à salvação. Em seguida S. Paulo
vai dizer ao seu discípulo fiel que: “A Igreja do Deus vivo é a coluna e o sustentáculo da verdade” (1 Tm
3,15). Dizer
que a Igreja é a “coluna e o sustentáculo da verdade”, é o mesmo que dizer que
sem ela a verdade não fica de pé, não se sustenta.É o mesmo que dizer que a
Igreja é infalível, através do seu Magistério. Sem ela a doutrina de Jesus não
teria chegado intacta até nós. Como disse Teilhard de Chardin: “Sem a Igreja, o Cristo se evapora, se esfacela ou se anula”. Jesus
insistiu sobre a importância da Verdade. Disse a Pilatos, que Ele veio ao mundo
“para dar testemunho da verdade” (Jo 18,37).Aos judeus que nele creram ele
disse:“Se permanecerdes na minha palavra, sereis meus verdadeiros discípulos;
conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará” (Jo 8,32).
Aos discípulos Ele
afirmou:
“Eu sou a Verdade” (Jo 14,6).
Na oração sacerdotal
Ele pede ao Pai:
“Santifica”os na verdade” (Jo 17,17).
São
Paulo alerta os tessalonicenses que aqueles que se perderem diante das tribulações
que a Igreja terá que atravessar antes da volta do Senhor, será “por não terem
cultivado o amor à verdade que os teria podido salvar”(2Tes 2,10).“Desse modo, serão julgados e condenados todos os que não deram crédito
à verdade, mas consentiram no mal” (2 Tes 2,12). São
Paulo deixa claro aqui que se perderão aqueles que diante das falsas doutrinas,
preferirem os ensinamentos dos homens à verdade de Deus, ensinada pela Igreja.
“Não deram crédito à verdade”. Não
existe portanto ninguém, e nenhuma outra instituição, fora da Igreja católica,
que detenha a verdade infalível, em matéria de fé e de moral. Todas essas passagens
mostram a importância da verdade, a qual vivida, liberta do mal e salva. É essa
verdade que Jesus garantiu à Igreja ensinar sem erro até o fim do mundo.E o
nosso Catecismo, com todas as letras, confirma isso: “Deus quer a salvação pelo conhecimento da verdade. A salvação está na
verdade. Os que obedecerem à moção do Espírito de verdade já estão no caminho
da salvação; mas a Igreja, a quem esta verdade foi confiada, deve ir ao
encontro do seu anseio levando-lhes a mesma verdade” (CIC, 851). Na
última vez que Jesus esteve com os seus Apóstolos, na última Ceia, na hora do
adeus, antes de sofrer a sua paixão, garantiu-lhes a infalibilidade para
conhecer e ensinar a verdade que salva.Desde o capítulo 13 até o 17 São João
narra no seu Evangelho tudo o que aconteceu naquela Ceia memorável onde o
Senhor instituiu o Sacerdócio e a Eucaristia. Esses cinco capítulos (13 a 17)
revestem-se de uma importância especial, já que são as últimas palavras e
recomendações de Jesus à Igreja. É fácil compreender a sublimidade desta hora.
Pois bem, nesta noite sagrada o Senhor lhes garantiu a infalibilidade por três
vezes, segundo narra São João, testemunha ocular daqueles acontecimentos. Jesus
começa dizendo aos Apóstolos: “Eu rogarei ao Pai e Ele vos dará um outro Advogado, para que fique
eternamente convosco. É o Espírito da verdade, que o mundo não pode receber,
porque não o vê, nem o conhece; mas vós o conhecereis, porque permanecerá
convosco e estará em vós” (Jo 14,16-17). Que
garantia maior de infalibilidade Jesus poderia ter dado à Sua Igreja, do que
deixando nela o seu próprio Espírito, que Ele chama de Espírito da Verdade? Se
Ele permanecerá com a Igreja, como ela poderia errar em matérias essenciais a
salvação?É preciso notar que Jesus disse que o Espírito Santo seria dado “para
que fique eternamente convosco”. E garantiu ainda que Ele ficaria com a Igreja
e estaria na Igreja. “Permanecerá convosco e estará em vós”.Para aceitarmos que
a Igreja tenha errado o caminho da verdade, como quiseram Lutero e seus
seguidores, depois de 1517 anos, seria preciso antes concordar que o Espírito
Santo, “o Espírito da Verdade”, tenha abandonado a Igreja. Mas isto jamais poderia ter
acontecido, pois Ele foi dado para ficar “eternamente convosco” (Jo 14, 16-17).As
promessas de Jesus para a Sua Igreja são infalíveis, porque Jesus não é um
farsante e nem um mentiroso. Naquela hora memorável que antecedia a Sua paixão,
Ele não estava brincando com os seus Apóstolos e com a Sua Igreja. Ele se
despedia dela com as suas últimas e mais importantes promessas, para em seguida
sofrer, por amor a ela, a sua dolorosa paixão. Naquela mesma noite memorável
Jesus diz mais uma vez aos Apóstolos: “Disse-vos estas coisas enquanto estou convosco. Mas o Advogado, o
Espírito Santo que o Pai enviará em meu nome, ensinar-vos-á TODAS as coisas, e
vos recordará TUDO o que vos tenho dito” (Jo 14,25-26). Que
garantia maior de infalibilidade Jesus poderia ter dado à Igreja do que essa Promessa
de que o Espírito Santo “ensinar-vos-à todas as coisas, e vos recordará tudo o
que vos tenho dito”?Como, então, a Igreja poderia se enganar? Para aceitar a
Reforma Protestante, que negou “quinze séculos” de caminhada da Igreja, guiada
dia a dia pelo Espírito Santo, seria preciso aceitar antes, que Jesus enganou a
Sua Igreja, mentiu para ela e não cumpriu a promessa de assisti-la sempre com a
Verdade. Mas isto nunca! Jesus é o Esposo da Igreja; Ele deu a sua vida por ela
(Ef 5,25), e jamais a abandonou nem a abandonará até o fim dos tempos (conf. Mt
28,18). A
Reforma protestante negou os dogmas, que todos, sem exceções, são fundamentados
na escrituras: os sacramentos, a Igreja
como instituição divina, a Sagrada Tradição, o Sagrado Magistério, a Sagrada
Hierarquia, as sagradas devoções católicas, enfim, toda a Tradição apostólica
(de quinze séculos!), testemunhada pelo sangue dos Mártires e dos Confessores e
confirmada pelos Papas. Será que os Apóstolos se enganaram? Será que
os mártires, testemunhas de Cristo com o próprio sangue, se enganaram? Será que
os Santos Padres nos mentiram? Será que os santos doutores erraram o caminho da
fé?Aí está a garantia de tudo que a Igreja ensina e que o Espírito
Santo, o Seu Mestre, lhe ensinou nestes 20 séculos: os dogmas do Credo, as
verdades sobre a Virgem Maria, os Sacramentos, a Moral católica, etc. Repito
mais uma vez, com toda a convicção: negar que os ensinamentos do Magistério da
Igreja são verdadeiros, é o mesmo que negar as promessas de Jesus aos Apóstolos
na última Ceia.Enfim, pela terceira vez, naquela Ceia inesquecível, o Senhor
afirma mais uma vez à sua Igreja, de maneira mais forte ainda: “Muitas coisas ainda tenho a dizer-vos, mas não as podeis suportar
agora. Quando vier o Advogado, o Espírito da Verdade, ensinar-vos-á TODA a
verdade (…)” (Jo 16,12). Que
promessa maravilhosa de Jesus para a Igreja: O Espírito da Verdade ensinar-vos
á TODA a verdade.Naquela hora Jesus sabia que os Apóstolos já não tinham mais
condições psicológicas para aprenderem novos ensinamentos. “Muitas coisas ainda
tenho a dizer-vos”. Isso mostra claro que Jesus não ensinou tudo para os
Apóstolos, mas deixou o Espírito Santo para conduzi-los a toda a verdade. Com o
passar dos anos e dos séculos, com muita oração, meditação, Concílios e
provações, o Espírito Santo foi guiando, e vai guiando hoje, a Igreja, a
descobrir, lentamente, “toda a verdade”. Não apenas uma parte da verdade, mas “TODA
a verdade”.
São Vicente de Lerins
(+450), afirmava:
“É necessário que cresçam e vigorosamente progridam a compreensão, a
ciência e a sabedoria da parte de cada um e de todos, seja de um só homem como
de toda a Igreja, à medida que passam as idades e os séculos” (Communitorium).Vemos
assim que, de maneira muito marcante, na última noite, na hora solene do Adeus,
Jesus garantiu à Igreja a assistência infalível do “Espírito da Verdade” para
conduzi-la sempre à verdade que liberta e salva:“Eu rogarei ao Pai e Ele vos dará um outro Advogado, para que fique
eternamente convosco” (Jo 14,16).
O grande Santo Ireneu
(+202), que combateu com zelo as heresias do seu tempo, nos assegura:
“É realmente verdadeira e firme a pregação da Igreja, onde aparece a
única via de salvação em todo o mundo. Com efeito à Igreja foi confiada a luz
de Deus, e portanto a “sabedoria” de Deus, pela qual Ele salva os homens…. Por
toda a parte a Igreja anuncia a verdade: ela é o candelabro de sete luzes (Ap
2,1) que transporta a luz de Cristo…convém refugiar-se na Igreja e ser educado
em seu grêmio, nutrido com as santas Escrituras do Senhor. Pois a Igreja está
plantada neste mundo como o Paraíso” (Contra
as Heresias, liv. V, cap. 20).Podemos
garantir, em Nome do Espírito Santo, que o Catecismo da Igreja, os documentos
dos Concílios, os ensinamentos dos Papas, são a mais pura verdade de Deus. É por
isso que o Apóstolo garante:“A Igreja é a coluna e o sustentáculo da
verdade” (1Tm 3,15).O bom católico, o católico fiel e convicto, não
pode duvidar de nada que a Santa Igreja Católica ensina. São maus filhos da
Igreja aqueles que discordam dos seus ensinamentos oficiais. Discordar da
Igreja nesses pontos é o mesmo que discordar de Jesus e desconfiar da
assistência infalível que o Espírito Santo presta à Igreja, por promessa de
Jesus. Longe, muito longe de nós esta terrível tentação.Quando a Igreja nos
ensina qualquer verdade de fé ou de Moral, é porque ela estudou muito a fundo a
questão, orou muito sobre isto, perscrutou o que o Espírito Santo lhe tinha a
dizer, antes de nos ensinar. As verdades reveladas, muitas vezes
incompreensíveis para quem não estudou teologia, não devem ser para nós motivo
de discordância ou de desconfiança, por se tratarem de dogmas. Pelo contrário,
todo e qualquer ensinamento do Magistério da Igreja deve ser recebido com
gratidão e alegria, e imediatamente colocado em prática, como algo vindo a nós
do próprio Jesus. É lamentável que muitos católicos se deixem abalar quando
pessoas de outras religiões neguem as verdades de nossa fé, solidamente
consolidadas. Eis aí uma questão que nos deve fazer estudar e aprofundar a
nossa fé. São Pedro já dizia aos cristãos do seu tempo: “Estai preparados para apresentar aos outros a razão da vossa esperança”
(1Pd 3,15). Gostaria
de insistir neste ponto: mesmo que eu não compreenda bem aquilo que a Igreja
nos ensina, devo acatar de imediato, e buscar compreender o que significa o que
nos foi ensinado.Certa vez o Cardeal Ratzinger, Prefeito da Sagrada Congregação
da Fé, disse que “os dogmas de nossa fé não são cadeias, ao contrário, são janelas que se
abrem para o infinito”.É lamentável que vez ou outra surja um teólogo
moderno (talvez mais moderno do que verdadeiramente teólogo!), ousando desafiar
a perenidade do dogma ou contestando a sua verdade.É preciso compreender que
infalibilidade não quer dizer impecabilidade. Sabemos que há pecados entre os
membros da Igreja, contra a sua vontade, mas isto não impede que ela seja
infalível quando conduz os seus filhos no caminho da verdade que salva.
Mediante o Espírito Santo, enviado por Jesus à Igreja, de maneira permanente,
Ele garante ao Papa não cometer erros de doutrina, quando ensina “ex-cátedra”,
isto é, em caráter decisivo e definitivo, alguma matéria de fé ou moral. Assim
explica o Catecismo: “Para manter a Igreja na pureza da fé transmitida pelos apóstolos,
Cristo quis conferir à sua Igreja uma participação na sua própria
infalibilidade, ele que é a Verdade. Pelo “sentido sobrenatural da fé”, o Povo
de Deus se atém “indefectivelmente à fé” sobre a guia do Magistério vivo da
Igreja” (LG, 12; DV,10; CIC 889-892). - “Goza desta infalibilidade o Pontífice Romano, chefe do colégio dos
Bispos, por força do seu cargo quando, na qualidade de pastor e doutor supremo
de todos os fiéis, e encarregado de confirmar seus irmãos na fé, por um ato
definitivo, um ponto de doutrina que concerne à fé e aos costumes… A
infalibilidade prometida à Igreja reside também no corpo episcopal quando este
exerce seu magistério supremo em união com o sucessor de Pedro, sobretudo em
Concílio Ecumênico...Quando, pelo seu Magistério supremo, a Igreja propõe
alguma coisa a crer como sendo revelada por Deus, e como ensinamento de Cristo,
é preciso aderir na obediência da fé a tais definições. Esta infalibilidade tem
a mesma extensão que o próprio depósito da Revelação divina” (LG,25). A
infalibilidade não se estende aos assuntos científicos: física, química,
matemática, astronomia, etc. Somente nos assuntos de fé e de moral, propostos
aos fiéis como obrigatórios, é a que Igreja goza da assistência infalível do
Espírito Santo.
Exemplos disso são os dogmas proclamados pelos Papas ou por algum Concílio. Por
exemplo, em 1854, o Papa Pio IX proclamou o dogma da Imaculada Conceição de
Nossa Senhora; em 1950, o Papa Pio XII proclamou o dogma da Assunção de Nossa
Senhora ao Céu, de corpo e de alma; em 22/05/94, o Papa João Paulo II
pronunciou em caráter definitivo e irrevogável, através da Carta Apostólica
“Ordinatio Sacerdotalis”, a proibição de ordenação sacerdotal de mulheres.A
infalibilidade do Papa foi definida no Concílio Vaticano I, em 1870, embora a
Igreja, desde os seus primórdios já acreditasse nisso: “Aderindo fielmente à tradição recebida desde o princípio da fé cristã…,
declaramos e definimos, como dogma de fé divinamente revelado, que o Pontífice
Romano, quando fala “ex-cathedra”, isto é quando, no desempenho do seu múnus de
pastor e doutor de todos os cristãos, define, com a sua suprema autoridade
Apostólica, doutrina respeitante à fé e à moral, que deva ser crida pela Igreja
universal, pois possui, em virtude da assistência divina, que lhe foi prometida
na pessoa do Bem-aventurado Pedro, a infalibilidade de que o Divino Redentor
revestiu a sua Igreja, ao definir doutrina atinente à fé e à moral; e que,
portanto, as definições do Romano Pontífice são irrefragáveis por si mesmas, e
não em virtude do consenso da Igreja” (De Ecclesia Christi, c.IV).
O Concílio Vaticano
II, quase 100 anos depois, reafirmou este mesmo dogma, dizendo que:
“O Romano pontífice, cabeça do Colégio Episcopal, goza desta
infalibilidade em virtude do seu ofício, quando define uma doutrina de fé ou de
costumes, como Supremo Pastor e Doutor de todos os cristãos, confirmando na fé
os irmãos (cf Lc 22,32). Por isso, as suas
definições são irreformáveis só por si, sem necessidade do consentimento da
Igreja, uma vez que são pronunciadas sob a assistência do Espírito Santo,
prometida ao Papa na pessoa de Pedro; não precisam da aprovação de ninguém, nem
admitem qualquer apelo a outro juízo. É que nestes casos, o Romano
Pontífice não dá uma opinião como qualquer pessoa privada, mas propõe ou
defende a doutrina da fé como Mestre Supremo da Igreja Universal, dotado
pessoalmente do carisma da infalibilidade que pertence à própria Igreja” (LG
25).
É
preciso ter em mente que uma definição papal nunca é uma decisão rápida, pouco
pensada, ou que dispense longos anos de estudo e oração. Essas definições são a
conclusão de um processo lento, durante o qual uma verdade contida no depósito
da Revelação vai se tornando “visível” à hierarquia e ao povo de Deus. É apenas
a proclamação explícita de uma verdade que ainda não era conhecida mas que já
pertencia ao depósito da fé.O que leva algumas vezes o Magistério da Igreja a
fazer a proclamação de uma verdade de fé, é o surgimento de alguma heresia ou
contestação a essa verdade já aceita pela Igreja. Portanto, as definições
“ex-cathedra”, pronunciadas pelo Papa, são raras. O Magistério ordinário da
Igreja, exercido pelos bispos quando ensinam em comunhão com o Papa é o caminho
normal pelo qual a Igreja nos ensina. Não é necessário que uma verdade seja
solenemente definida pelo sucessor de Pedro, para que pertença ao depósito da
fé; basta que esta verdade tenha sido sempre e em toda parte professada pelos
cristãos.
Três condições são
necessárias para que uma definição do Papa tenha caráter de dogma, sentença
infalível:
1. É necessário que
ele fale “ex-cathedra”, isto é, de maneira decisiva, como Pastor e Mestre dos
cristãos, e não apenas de modo particular. Ele não é obrigado a consultar algum
Concílio e ninguém, embora possa fazê-lo, e quase sempre o faz.
2. A matéria a ser
definida se refira apenas à fé e à moral; isto é, se relacione com a crença e o
comportamento dos cristãos.
3. Que o Sumo
Pontífice queira proferir uma sentença definitória e definitiva, irrevogável,
imutável,
sobre o assunto em questão.
Somente
a sentença final é objeto da infalibilidade, e não os argumentos e as
conclusões derivadas da sentença proclamada. E não há uma fórmula única de
redação para a definição dogmática. Os termos normalmente usados pelos Papas
são: “pronunciamos”, “definimos”, “decretamos”, “declaramos”, etc.Em 8/12/1854,
ao proclamar o dogma da Imaculada Conceição de Maria, o Papa Pio IX, na Bula
“Inefabilis Deus” disse: “Nós declaramos, decretamos e definimos que a doutrina segundo a qual,
por uma graça e um privilégio especial de Deus Todo Poderoso e em virtude dos
méritos de Jesus Cristo, salvador do mundo, a bem-aventurada Virgem Maria foi
preservada de toda mancha do pecado original no primeiro instante de sua
Conceição, foi revelada por Deus e deve, por conseguinte, ser crida firmemente
e constantemente por todos os fiéis”. Note
que o Papa afirma que essa verdade “foi revelada por Deus”; isto é, sempre
esteve no depósito da fé, embora não apareça de maneira explícita, mas
implícita, na Bíblia. Na proclamação do dogma da Assunção de Maria ao céu, o
Papa Pio XII na Constituição Apostólica “Munificientíssimus Deus”, no dia
1/11/1950: “Depois de haver mais uma vez elevado a Deus nossas súplicas e invocado
as luzes do Espírito Santo (…), pronunciamos, declaramos e definimos ser dogma
de fé revelado por Deus que: a Imaculada Mãe de Deus, sempre Virgem Maria,
terminado o curso de sua vida terrena, foi elevada à glória celeste em corpo e
alma”. Também
aqui o Papa repete a expressão “foi revelado por Deus”. Alguém poderia
perguntar como foi revelado por Deus, se isto não está explicitamente na
Bíblia? Pode não estar na Revelação da Palavra de Deus escrita, mas está na
Revelação oral como nos mostra a vida da Igreja. Aqueles que rejeitaram a
Tradição oral não conseguem entender isto.Ao longo da História da Igreja, o
sagrado Magistério, guiado pelo Espírito Santo, conforme esta solene promessa
de Jesus, foi identificando os pontos imutáveis da doutrina. Assim explica o
nosso Catecismo:
“O Magistério da Igreja empenha plenamente a autoridade que recebeu de
Cristo quando define dogmas, isto é, quando, utilizando uma fórmula que obriga
o povo cristão a uma adesão irrevogável de fé, propõe verdades contidas na
Revelação divina ou verdades que com elas têm uma conexão necessária. Há uma
conexão orgânica entre a nossa vida espiritual e os dogmas.Os dogmas são luzes
no caminho da nossa fé, que iluminam e tornam seguro. Se a nossa vida for reta,
nossa inteligência e nosso coração estarão abertos para acolher a luz dos
dogmas da fé (Jo 8, 31-32)” (CIC n.88).
CONCLUSÃO
Nada agrada
mais a Deus do que trocarmos, consciente e livremente, a nossa vontade pela d
‘Ele. Quando damos esse passo, na fé, Ele substitui a nossa miséria pelo seu
poder infinito. Portanto, é preciso a cada dia, a cada passo, em cada
acontecimento da vida, ir fazendo esse exercício contínuo de aceitar a vontade
do Senhor, que sabe o que faz.São
Bernardo disse: “Se os homens fizessem guerra à
vontade própria, ninguém se condenaria”. Este é o
segredo para se abandonar aos desígnios de Deus: ele é Pai, ele nos ama, ele
quer só o nosso bem, por mais adversas e incompreensíveis que sejam a situação
que vivemos. Ele está no leme do barco da nossa vida.O
profeta de Deus Isaías disse: “Meus pensamentos não são os
vossos, e vosso modo de agir não é o meu, diz o Senhor, mas tanto quanto o céu
domina a terra, tanto é superior à vossa a minha conduta e meus pensamentos
ultrapassam os vossos” (Is 55, 8-9). A
lógica de Deus é diferente da nossa: Ele vê todas as
coisas, perfeitamente, enquanto a nossa visão é míope e limitada. É como se
olhássemos a vida como um belo tapete persa, só que pelo lado do avesso. Não
podemos duvidar de que a vontade de Deus para nós “é a melhor possível”, mesmo que
nos seja incompreensível no momento.Santo Afonso de
Ligório, doutor da Igreja, resumia tudo dizendo:“Fazer o que Deus quer, e querer o que Deus faz”. Ninguém
chegará à santidade se não amar a vontade de Deus e se não glorificá”la. É o
que levava São Paulo a ensinar: “Em todas as circunstâncias dai graças, pois esta é
a vontade de Deus a vosso respeito em Cristo Jesus” (1 Tes 5,18). O Apóstolo
insistia muito nisso; dar graças a Deus em tudo é o que alegra ao Senhor
sobremaneira, pois é o melhor testemunho de fé que lhe damos. Esta atitude
consciente elimina a tristeza da nossa vida, arranca do nosso coração o mau
humor, a impaciência, a grosseria com os outros, etc. É nessa perspectiva que
S. Paulo dizia: “Ficai sempre alegres, orai sem cessar”. Por tudo dar
graças..(1 Tess 5,16).Não
seremos felizes de verdade e não teremos paz duradoura, sustentada, enquanto
não nos rendermos à santa e perfeita vontade de Deus. O santo vive na
paz e na perene alegria, embora caminhando sobre brasas muitas vezes. São João
Bosco dizia que “um santo triste é um triste santo”, e o seu discípulo, São
Domingos Sávio, dizia que a santidade consiste em “cumprir bem o próprio dever
e ser alegre”. Essa alegria, muitas vezes inexplicável para nós, é sustentada
no abandono nas mãos de Deus, como a fé do salmista que exclamava: “O Senhor é o meu pastor, nada me faltará” (Sl 22,1)
Jesus
ensina o que é essencial:
“Buscai em primeiro lugar o Reino
de Deus e a sua Justiça” (6,33), isto é, fazer a vontade de Deus. Nisto se
resumia a vida de Jesus. Muitas vezes ele falou sobre isso aos discípulos:
“Desci do céu não para fazer a minha vontade, mas a vontade d’Aquele que me
enviou” (Jo 6,38).
Em
outra ocasião Jesus disse aos discípulos: “Não busco a minha vontade, mas a
vontade daquele que me enviou” (Jo 5,30). E mais: “O mundo deve saber que amo o
Pai e procedo como o Pai me ordenou” (Jo 14,31). E constantemente relembrava
aos seus discípulos isso: “Pois o Filho do homem não veio para ser servido, mas
para servir e dar a sua vida em resgate por muitos” (Mc 10,45). A total
disponibilidade de si mesmo para cumprir perfeitamente o desejo do Pai, fazia-o
esquecer-se completamente de Si. Àquele homem que quis segui-lo, Ele disse: “As raposas têm as tocas, e as aves do céu,
ninho; mas o Filho do Homem não tem onde reclinar a cabeça” (Mt 8,20); isto é, não tem tempo para si
mesmo, mas apenas para o Pai. No
Sermão da Montanha, Ele foi claro: “Nem todo aquele que me diz
“Senhor, Senhor, entrará no Reino dos Céus, mas sim aquele que faz a vontade de
meu Pai que está nos céus” (Mt 7,21). E Jesus diz que a esses, mesmos que
tenham profetizado em seu nome, expulsado demônios e feitos muitos milagres,
mesmo assim Ele lhes diria: “Apartai-vos
de mim, operários maus” (7,22-23); isto é, fazendo todas estas coisas, não
fizestes a vontade de Deus, mas através delas, tinhas como fim a vossa vontade,
portanto, já recebestes o vosso galardão.Sobretudo é na
hora da sua sagrada Paixão que Jesus cumpre perfeitamente a vontade do Pai: “Pai, se é de teu agrado, afasta de mim esse cálice” ! Não se faça
todavia, a minha vontade, mas sim a tua! (Lc 22,42). Tudo
pela Vontade do Pai! Quando ensinou
os discípulos a rezarem, entre os sete pedidos do Pai-Nosso colocou este: “Seja
feita a Vossa vontade, assim na terra como no céu” (Mt 6,10). A vontade do Pai
deve ser perfeitamente realizada na terra como é no céu. Quando isto acontecer,
então o Reino dos céus estará na terra plenamente.Com a sua vida e o seu
exemplo o Senhor deixou claro o eixo principal da santificação: cumprir a
vontade de Deus.Os
santos aprenderam essa lição muito bem, e a viveram. Santo Afonso de Ligório
dizia que: “Se estivermos
unidos à vontade divina em todas as tribulações, é certo, vamos nos tornar
santos e seremos os mais felizes do mundo”. E aconselhava: “Não se preocupe em fazer muitas coisas, mas procura realizar
perfeitamente aquilo que ache ser a vontade de Deus” - E
quando definia o que era a santidade, afirmava:“A santidade consiste: primeiro, numa verdadeira renúncia de si mesmo;
segundo, numa total mortificação das próprias paixões; terceiro, numa perfeita
conformidade com a vontade de Deus!” E
não se cansava de ensinar aos seus filhos:Para cumprir bem a vontade de Deus é preciso duas coisas: primeiro,
viver os seus mandamentos; segundo, aceitar os acontecimentos da vida, com fé e
sadia resignação.O que nos faz
sofrer nesta vida é o apego à nossa vontade. Sofremos quando não conseguimos
realiza-la. São Bernardo disse que:
“Quando se vê uma pessoa perturbada, a causa da preocupação não é outra
coisa senão a incapacidade de realizar a própria vontade”.
A
VONTADE DOS HOMENS E A VONTADE DE DEUS - SEGUNDO O CATECISMO
§1901 Se, por um lado, a autoridade remete a uma ordem fixada por Deus, por outro, são entregues à livre vontade dos cidadãos a escolha do regime e a designação dos governantes.
VONTADE DE DEUS
§51 "Aprouve a Deus, em sua bondade e sabedoria, revelar-se a
si mesmo e tomar conhecido o mistério de sua vontade, pelo qual os homens, por
intermédio de Cristo, Verbo feito carne, no Espírito Santo, têm acesso ao Pai e
se tomam participantes da natureza divina".
§294 A glória de Deus consiste em que se realize esta manifesta o
e esta comunicação de sua bondade em vista das quais o mundo foi criado. Fazer
de nós "filhos adotivos por Jesus Cristo: conforme o beneplácito de sua
vontade para louvor à glória da sua graça" (Ef 1,5-6): "Pois a glória
de Deus é o homem vivo, e a vida do homem é a visão de Deus: se já a revelação
de Deus por meio da criação proporcionou a vida a todos os seres que vivem na
terra, quanto mais a manifestação do Pai pelo Verbo proporciona a vida àqueles
que vêem a Deus". O fim último da criação é que Deus, "Criador do
universo, tornar-se-á "tudo em todas as coisas' (1Cor 15,28), procurando,
ao mesmo tempo, a sua glória e a nossa felicidade".
§295 Cremos que Deus criou o mundo segundo sua sabedoria. O mundo
não é o produto de uma necessidade qualquer, de um destino cego ou do acaso.
Cremos que o mundo procede da vontade livre de Deus, que quis fazer as
criaturas participarem de seu ser, de sua sabedoria e de sua bondade:
"Pois tu criaste todas as coisas; por tua vontade é que elas existiam e
foram criadas". (Ap 4,11). "Quão numerosas são as tuas obras, Senhor,
e todas fizeste com sabedoria!" (Sl 104,24). "O Senhor é bom para
todos, compassivo com todas as suas obras" (Sl 145,9).
§541 "Depois que João foi preso, Jesus veio para a Galiléia
proclamando, nestes termos, o Evangelho de Deus: "Cumpriu-se O tempo e o
Reino de Deus está próximo. Convertei-vos e crede no Evangelho"' (Mc
1,14-15). "Para cumprir a vontade do Pai, Cristo inaugurou o Reino dos
céus na terra." Ora, a vontade do Pai é "elevar os homens à
participação da Vida Divina". Realiza tal intento reunindo os homens em
torno de seu Filho, Jesus Cristo. Esta reunião é a Igreja, que é na terra
"O germe e o começo do Reino de Deus"
§2059 As "dez palavras" são pronunciadas por Deus no
contexto de uma teofania ("Sobre a montanha, no meio do fogo, o Senhor vos
falou face a face": Dt 5,4). Pertencem à revelação que Deus faz de si
mesmo e de sua glória. O dom dos mandamentos é dom do próprio Deus e de sua
santa vontade. Ao dar a conhecer as suas vontades, Deus se revela a seu povo.
§2822 Seja feita a vossa Vontade assim na terra como no céu.É Vontade de nosso Pai "que todos os homens sejam salvos e
cheguem ao conhecimento da verdade" (1 Tm 2,3-4). Ele "usa de
paciência, porque não quer que ninguém se perca" (2Pd 3,9). Seu
mandamento, que resume todos os outros, e que nos diz toda a sua vontade, é que
"nos amemos uns aos outros, como Ele nos amou".
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