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Sobre a verdadeira e a falsa unidade dos Cristãos

Written By Beraká - o blog da família on domingo, 10 de junho de 2018 | 13:53









O Evangelho nos apresenta a oração do próprio Cristo:




“Pai Santo, guarda-os em teu nome, o nome que me deste, PARA QUE ELES SEJAM UM ASSIM COMO NÓS SOMOS UM. Quando eu estava com eles, guardava-os em teu nome, o nome que me deste. Eu guardei-os e nenhum deles se perdeu, a não ser o filho da perdição, para se cumprir a Escritura... Não te peço que os tires do mundo, mas que os guardes do Maligno...CONSAGRA-OS NA VERDADE; a tua palavra é verdade. Como tu me enviaste ao mundo, assim também eu os enviei ao mundo. EU ME CONSAGRO POR ELES, A FIM DE QUE ELES TAMBÉM SEJAM CONSAGRADOS NA VERDADE (Jo. 17, 11b-19).




Jesus reza e pede ao Seu Pai por “eles”, pela Sua Igreja, a única e verdadeira Igreja: a Santa Igreja Uma, Santa, Católica e apostólica, consagrada pela Verdade, pois foi Ele mesmo que A fundou (Mt. 16, 18); Ele, o Cristo, que é Deus, e que é não só o Caminho e a Vida, mas a própria Verdade (Jo. 14, 6). Jesus reza pela unidade desta Igreja, já que “extra Ecclesiam nulla sallus” - “fora da Igreja não há salvação”. E é por isso mesmo que a Santíssima Virgem Maria pediu em Fátima a “conversão dos pecadores”, incluindo os hereges e cismáticos, para que eles se salvem pela Igreja e na Igreja.O Cristo pede ao Seu Pai: “que os guardes do Maligno”. Pede, porque é o diabo aquele que divide (“diabolos”, “diabulum”), aquele que seduz com o afastamento da única e verdadeira Igreja, que cria as suas próprias “igrejas” e, travestido muitas vezes de anjo de luz (2Cor. 11, 14), e na imitação da Igreja de Cristo, sugere que são todas elas legítimas e verdadeiras, incluindo até aquelas que negam seu sacrifício redentor e sua divindade, tudo em nome de uma FALSA UNIDADE. A oração de Cristo deixa à mostra a farsa de certas  “orações pela unidade cristã”, pois só existe unidade na Verdade da única Igreja de Cristo, na Santa Igreja Católica. Como é possível rezar pela unidade com um conjunto de seitas que se contradizem e quando a própria oração é proposta por “conselhos” como o CONIC e o Conselho Mundial de igrejas (do qual a Igreja Católica Romana se recusa a participar formalmente), e que estão comprometidos, não com a Verdade e nem com a salvação, mas com um esquema criminoso de poder comunista? Como é possível rezar por uma unidade na mentira e sobre uma ideologia ante Cristã e atéia? Mentira que chega a constranger e contaminar pessoas honestas e de bom coração que, na defesa dessa “união”, acabam considerando até que ela é semelhante à harmonia entre a Santíssima Trindade. Ora, como se fosse possível o Pai, o Filho e o Espírito Santo pregarem coisas não só distintas, mas contrárias e contraditórias, chegando inclusive à rejeição e ao insulto contra a Santíssima Virgem Maria,e outras verdades ESSENCIAIS á salvção, e mesmo assim permanecer uma tal “trindade” ainda em “harmonia”. Bom, todos sabem quem é o príncipe deste mundo: o pai da mentira. E é por isso que Jesus reza e pede ao Seu Pai Santo para que nos guarde – para que guarde a Sua Santa Igreja Católica do Maligno. Jesus, que não fez apenas uma oração, “Cristo amou a Igreja, e por ela se entregou a si mesmo, para a santificar” (Ef. 5, 21-33). Para santificá-La na Verdade, enquanto em certas  paróquias, dioceses, e em tantas outras igrejas, se pede uma oração para rebaixá-la a uma unidade na mentira. É preciso falar um pouco mais sobre certas “orações pela unidade cristã” de caráter Marxistas e ideológicas, estranhas ao Cristianismo pregado por Cristo e seus apóstolos e confirmado pelo magistério da Igreja. Alguns entusiastas paroquianos estão invocando Pentecostes para legitimar uma falsa e superficial “unidade dos cristãos”. Contudo, no Cenáculo, verdade seja dita, estavam presentes somente os apóstolos da única Igreja “apostólica”. Lucas atesta uma presença especial, que revela a farsa da “unidade” que hoje se prega: a presença de “Maria, mãe de Jesus” (At. 1, 14). A Santíssima Virgem Maria, Mãe de Jesus, o Deus encarnado, e Mãe da única e verdadeira Igreja fundada por Seu Filho e ungida pelo Espírito Santo: a Santa Igreja Católica e apostólica.








O recurso à oração sacerdotal de Jesus para legitimar esta atual farsa de “unidade dos cristãos” é evidentemente descabido. Ora, quando Cristo a pronunciou não existiam as seitas chamadas “cristãs”, mas apenas a Igreja, fundada sobre o primado de Pedro (Mt. 16, 18). Portanto, é óbvio que Jesus reza pela unidade desta Santa Igreja Católica fundada sobre Pedro e não sobre homens posteriormente depois, apartados desta Igreja fundada visivelmente sobre o primado de Pedro. E reza também por aqueles que “vão acreditar em mim por meio da palavra deles(Jo. 17, 20) ou seja, por aqueles que serão convertidos. Pois só há unidade na Verdade, e não na mentira, na divergência e na contradição da multiplicidade e pulverização de seitas, na encenação que conserva a heresia e o cisma, a fraude e até o desprezo para com a Santíssima Virgem Maria, tudo sob o véu da “tolerância” e do “respeito”. Os que não cedem à proposta escabrosa desta falsa e IRENISTA “unidade dos cristãos” são acusados de promover a “divisão”. Sim, eu mesmo ouvi isso em vários sermões, recheados de falsa humildade. Ora, tal discurso constrange os mais desavisados a cederem a uma fraude, e é capaz de inocular na consciência deles um peso devido à sua negativa. Por isso, talvez fosse justo e honesto que os entusiastas e pregadores da “unidade” colocassem para o discernimento dos católicos: “quem der testemunho de mim diante dos homens, também eu darei testemunho dele diante de meu Pai que está nos céus. Aquele, porém, que me negar diante dos homens, também eu o negarei diante de meu Pai que está nos céus.Não julgueis que vim trazer a paz à terra. Vim trazer não a paz, mas a espada. Eu vim trazer a DIVISÃO entre o filho e o pai, entre a filha e a mãe, entre a nora e a sogra, E OS INIMIGOS DO HOMEM SERÃO AS PESSOAS DE SUA PRÓPRIA CASA...” (Mt. 10, 32-36). Essa passagem me parece significativa para o católico que assiste dentro de sua própria Casa a pregação de uma falsa “unidade cristã”, para o católico que está disposto a dar o testemunho de que a sua é a única e verdadeira Igreja de Cristo. 






Vejamos algumas verdades proclamadas pelo sagrado magistério Católico:





1)- Como se pode distinguir A IGREJA DE JESUS CRISTO de tantas sociedades e SEITAS fundadas pelos homens, e que se dizem cristãs?


-Pode-se distinguir A VERDADEIRA IGREJA DE JESUS CRISTO de tantas sociedades ou SEITAS fundadas pelos homens e que se dizem cristãs por quatro notas características. A verdadeira Igreja de Cristo é:  UNA, SANTA, CATÓLICA e APOSTÓLICA.




2)- Não poderia haver mais de uma Igreja visível fundada por Cristo?




- NÃO PODE HAVER MAIS DE UMA IGREJA, porque, ASSIM COMO HÁ UM SÓ DEUS, UMA SÓ FÉ E UM SÓ BATISMO, assim também NÃO HÁ NEM PODE HAVER SENÃO UMA SÓ IGREJA VERDADEIRA.




3)- Pode alguém salvar-se fora da Igreja Una, Santa, Católica e Apostólica?




- FORA DA IGREJA UMA, SANTA, CATÓLICA e APOSTÓLICA, NINGUÉM PODE SALVAR-SE por orgulho, sendo consciente desta verdade, como ninguém pôde salvar-se do dilúvio fora da arca de Noé, que era figura desta Igreja.




4)- Somos obrigados a acreditar em todas as verdades SOLENES que a Igreja ensina para nossa salvação?




- SIM, SOMOS OBRIGADO A ACREDITAR EM TODAS AS VERDADES SOLENES QUE A IGREJA PROCLAMOU EM NOME DE CRISTO PARA NOSSA SALVAÇÃO, E NOS ENSINA, e Jesus Cristo declarou que QUEM NÃO CRÊ JÁ ESTÁ CONDENADO.




5)- Somos também obrigados a fazer tudo o que a Igreja manda, mesmo sem ter sido SOLENEMENTE proclamado como dogma?




SIM, SOMOS OBRIGADOS A FAZER TUDO O QUE A IGREJA MANDA, porque Jesus Cristo disse aos Pastores da Igreja: “Quem vos ouve, a Mim me ouve, e quem vos despreza, a Mim me despreza”.




6)- A Igreja Católica é então infalível?




- SIM, a Igreja Católica é infalível quando proclama SOLENEMENTE um dogma de fé, pela autoridade concedida por Deus de ligar e desligar e o auxílio do Espírito Santo que não erra. Por isso AQUELES QUE REJEITAM AS SUAS DEFINIÇÕES PERDEM A VERDADEIRA FÉ APOSTÓLICA, E TORNAM-SE HEREGES.




7)- Há outros deveres dos católicos para com a Igreja?




TODO E QUALQUER CRISTÃO DEVE TER PARA COM A IGREJA UM AMOR ILIMITADO, considerar-se feliz e infinitamente honrado por ter sido escolhido por Deus para pertencer a Ela, pois Ele mesmo diz que “não fomos nós que o escolhemos, mas Ele que nos escolheu”, e EMPENHAR-SE PELA SUA GLÓRIA, AUMENTO e santificação D’ELA, POR TODOS OS MEIOS AO SEU ALCANCE.









Os pregadores paroquianos da falsa “unidade dos cristãos” proposta pelo CONIC e pelo Conselho Mundial de igrejas pretendem agora legitimá-la propagandeando uma “união” para realizar “obras”, obras de caridade, como se Cristo tivesse vindo ao mundo unicamente para tratar de esgoto, saneamento básico e melhorar as condições dos encarcerados. Uma justificativa fundada no mero ativismo é por si só grotesca, e ela pressupõe a omissão das verdades solenemente proclamadas pela Santa Igreja Católica. Por isso, é importante recordar a lição do Papa emérito Bento XVI: [...] “Estou ciente dos desvios e esvaziamentos de sentido que a caridade não cessa de enfrentar com o risco, daí resultante, de ser mal-entendida” [...] “Daqui a necessidade de conjugar a caridade com a VERDADE, não só na direção assinalada por S. Paulo da ‘veritas in caritate’ (Ef. 4, 15), mas também na direção inversa e complementar da ‘caritas in veritate’” [...] “SÓ NA VERDADE É QUE A CARIDADE REFULGE E PODE SER AUTENTICAMENTE VIVIDA. A verdade é luz que dá sentido e valor à caridade. Esta luz é SIMULTANEAMENTE A LUZ DA RAZÃO E A DA FÉ” [...] SEM VERDADE, A CARIDADE CAI NO SENTIMENTALISMO. O amor torna-se um invólucro vazio, que se pode encher arbitrariamente. É o risco fatal do amor numa CULTURA SEM VERDADE; acaba prisioneiro das emoções e opiniões contingentes dos indivíduos, uma palavra abusada e adulterada chegando a significar o oposto do que é realmente. A VERDADE LIBERTA A CARIDADE DOS ESTRANGULAMENTOS DO EMOTIVISMO” [...] “No actual contexto social e cultural, em que aparece generalizada a TENDÊNCIA DE RELATIVIZAR A VERDADE, viver a caridade na verdade leva a compreender que a adesão aos valores do cristianismo é um elemento útil e mesmo indispensável para a construção duma boa sociedade e dum verdadeiro desenvolvimento humano integral. UM CRISTIANISMO DE CARIDADE SEM VERDADE PODE SER FACILMENTE CONFUNDIDO COM UMA RESERVA DE BONS SENTIMENTOS, ÚTEIS PARA A CONVIVÊNCIA SOCIAL, MAS MARGINAIS”. [...] “Sem verdade, cai-se numa visão empirista e céptica da vida, incapaz de se elevar acima da acção porque não está interessada em identificar os valores – às vezes nem sequer os significados – pelos quais julgá-la e orientá-la. A fidelidade ao homem exige A FIDELIDADE À VERDADE, a única que é garantia de liberdade (cf. Jo. 8, 32) e da possibilidade dum desenvolvimento humano integral. É por isso que a Igreja a procura, ANUNCIA INCANSAVELMENTE e reconhece em todo o lado onde a mesma se apresente. PARA A IGREJA, ESTA MISSÃO AO SERVIÇO DA VERDADE É IRRENUNCIÁVEL”.





Da Unidade da Igreja Católica - Vigiai, o inimigo vem disfarçado





“Vós sois o sal da terra” (Mt 5,3), diz o Senhor, e ainda nos recomenda que seijamos simples pela inocência e prudentes na simplicidade [Mt 10,16]. Nada pois é mais importante para nós, irmãos diletíssimos, quanto vigiar com todo o cuidado para descobrir logo e, ao mesmo tempo, compreender e evitar as ciladas do inimigo traiçoeiro. Sem isso, embora sejamos revestidos de Cristo [Rom 13,14; Gál 3,27], que é a Sabedoria de Deus Pai [1Cor 1,24], nos mostraríamos menos sábios na defesa da salvação.De fato, não devemos temer só a perseguição e os vários ataques que se desencadeiam abertamente para arruinar e abater os servos de Deus. Quando o perigo é manifesto, a cautela é mais fácil. O nosso espírito está mais pronto para lutar contra um adversário abertamente declarado. É mais necessário ter medo e guardar-nos do inimigo que penetra às escondidas, e se vai insinuando oculta e tortuosamente com falsas imagens de paz. Bem lhe convém o nome de serpente! Essa foi sempre a sua astúcia, esse foi sempre o tenebroso e pérfido engano com que tenta seduzir o homem.Já no começo do mundo mentiu e enganou as almas crédulas e ingênuas (dos nossos primeiros pais), acariciando-as com palavras falazes [Gên 3,1ss] . Igualmente ousou tentar a Cristo, nosso Senhor, e se aproximou dele insinuando, disfarçando, mentindo. Foi contudo desmascarado e repelido. Desta vez, foi derrotado porque foi reconhecido e descoberto [Mt 4,1ss].Acima de tudo: cumprir os mandamentos de Cristo! Sirvam-nos estes exemplos. Evitemos o caminho do homem velho, para não cair no laço da morte. Sigamos as pisadas de Cristo vencedor, para que, usando cautela diante do perigo, alcancemos a verdadeira imortalidade.Mas, como poderíamos chegar à imortalidade, sem observar os mandamentos de Cristo? São eles os únicos meios para combater e vencer a morte. Ele nos avisa: “Se queres chegar à vida, observa os mandamentos” (Mt 19,17), e, de novo: “Se fizerdes o que vos mando, já não vos chamarei servos, mas amigos” (Jo 15,15).Esses são os que ele diz serem fortes e firmes. Esses têm fundamento sólido na pedra, e gozam de inabalável resistência contra todas as tempestades e as rajadas do século. “Quem ouve as minhas palavras – diz ele – e as cumpre é semelhante ao homem sábio que construiu a sua casa sobre a pedra. Desceu a chuva, desabaram as correntes, sopraram os ventos, batendo contra aquela casa, e ela não caiu porque fora fundada na pedra” (Mt 7,25).Devemos, pois, prestar atenção às suas palavras, devemos aprender e praticar o que ele ensinou e o que fez. Como poderia asseverar que acredita em Cristo aquele que não cumpre o que Cristo mandou? E como conseguirá o prêmio da fé aquele que recusa a fé no que foi mandado? Fatalmente ele irá vacilando, à ventura, e, arrastado pelo espírito do erro, será varrido como pó agitado pelo vento.Nunca poderão conduzir à salvação os passos daquele que não adere à verdade da única via que salva.





O demônio é o autor dos cismas





Devemos pois guardar-nos, irmãos caríssimos, não só dos males que aparecem claramente como tais, mas também, como já disse, daqueles que nos enganam pela sutileza da astúcia e da fraude.Pois bem, vede agora a que ponto chega a astúcia e a sutileza do inimigo. Veio Cristo ao mundo. Veio a luz para os povos e resplandeceu para a salvação dos homens [Lc 2,32]. Com isto ficou descoberto e derrotado o antigo adversário. Os surdos abrem os ouvidos às graças espirituais, os cegos abrem os olhos a Deus, os enfermos ficam são ao ganhar a saúde eterna, os coxos correm à Igreja, os mudos soltam as suas línguas na oração [Mt 11,5; Lc 7,22]. Aumenta dia a dia o povo fiel, abandonam-se os velhos ídolos, tornam-se desertos os seus templos.Então, o que faz o malvado? Inventa nova fraude para enganar os incautos com o próprio título do nome cristão. Introduz as heresias e os cismas para derrubar a fé, para contaminar a verdade e dilacerar a unidade. Assim, não podendo mais segurar os seus na cegueira da antiga superstição, os rodeia, os conduz ao erro por novos caminhos. Rouba à Igreja os homens e, fazendo-lhes acreditar que alcançaram a luz e se subtraíram à noite do século, envolve-os ainda mais nas trevas: não observam a lei do Evangelho de Cristo e se dizem cristãos, andam na escuridão e pensam que possuem a luz, nisto são iludidos e lisonjeados pelo adversário, que, como diz o Apóstolo, “se transfigura em anjo de luz” (2Cor 11,14).Disfarça seus ministros em ministros de justiça, ensina-lhes a dar à noite o nome de dia, à perdição o nome de salvação, ensina-lhes a propalar o desespero e a perfídia sob o rótulo da esperança e da fé, a apregoar o Anticristo com o nome de Cristo. Mestres na arte de mentir, diluem com as suas sutilezas toda a verdade.Isto acontece, irmãos caríssimos, porque não se bebe à fonte mesma da verdade, não se busca aquele que é a Cabeça, nem se observam os ensinamentos do Mestre celestial.





“Tu és Pedro, e sobre esta pedra EDIFICAREI A MINHA IGREJA”






Quem presta atenção a estes ensinamentos não precisa de longo estudo, nem de muitas demonstrações. A prova da nossa fé é fácil e compendiosa.Assim fala o Senhor a Pedro: “Eu te digo que tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja e as portas dos infernos não a vencerão. Dar-te-ei as chaves do Reino dos céus e tudo o que ligares na terra será ligado também nos céus, e tudo o que desligares na terra será desligado também nos céus” (Mt 16,18-19).Sobre um só edificou a sua Igreja. Embora, depois da sua ressurreição, tenha comunicado igual poder a todos os Apóstolos, dizendo: “Como o Pai me enviou, eu vos envio a vós. Recebei o Espírito Santo, a quem perdoardes os pecados ser-lhe-ão perdoados, a quem os retiverdes ser-lhe-ão retidos” (Jo 20,21-23), todavia, para tornar manifesta a unidade, dispôs com a sua autoridade que a origem da unidade procedesse de um só.É verdade que os demais Apóstolos eram o mesmo que Pedro, tendo recebido igual parte de honra e de poder, mas a primeira urdidura começa pela unidade a fim de que a Igreja de Cristo aparecesse uma só.O Espírito Santo, falando na pessoa do Senhor, designa esta Igreja única quando diz no Cântico dos Cânticos: “Uma só é a minha pomba, a minha perfeita, única filha da sua mãe e sem igual para a sua progenitora” (Cânt 6,9).Aquele que não guarda esta unidade poderá pensar que ainda guarda a fé? Aquele que resiste e faz oposição à Igreja poderá confiar que ainda está na Igreja?Paulo apóstolo inculca o mesmo ensinamento e mostra o sacramento da unidade, dizendo: “Um só corpo e um só espírito, uma é a esperança da vossa vocação, um Senhor, uma fé, um Batismo, um só Deus” (Ef 4,4-5).E, depois da ressurreição, diz ao mesmo: “Apascenta as minhas ovelhas” (Jo 21,17). Sobre ele só constrói a Igreja e lhe manda que apascente as suas ovelhas. Embora comunique a todos os Apóstolos igual poder, todavia institui uma só cátedra, determinando assim a origem da unidade.É verdade que os demais [Apóstolos] eram o mesmo que Pedro, mas o primado é conferido a Pedro para que fosse evidente que há uma só Igreja e uma só cátedra. Todos são pastores, mas é anunciado um só rebanho, que deve ser apascentado por todos os Apóstolos em unânime harmonia.Aquele que não guarda esta unidade, proclamada também por Paulo, poderá pensar que ainda guarda a fé? Aquele que abandona a cátedra de Pedro, sobre o qual foi fundada a Igreja, poderá confiar que ainda está na Igreja?






Da Igreja única e universal: muitos são os raios, mas de uma só luz divina





Esta unidade devemos guardar e exigir com firmeza, especialmente nós, bispos, que na Igreja presidimos, para dar prova de que o episcopado também é um e indiviso. Ninguém engane os irmãos com mentiras, ninguém corrompa a pureza da fé com pérfidos desvios.Uma só é a ordem episcopal e cada um de nós participa dela completamente. Mas a Igreja também é uma, embora, em seu fecundo crescimento, se vá dilatando numa multidão sempre maior.Assim muitos são os raios do sol, mas uma só é a luz, muitos os ramos de uma árvore, mas um só é o tronco preso à firme raiz. E quando de uma única nascente emanam diversos riachos, embora corram separados e sejam muitos, graças ao copioso caudal que recebem, todavia permanecem unidos na fonte comum.Se pudéssemos separar o raio do corpo do sol, na luz assim dividida já não haveria unidade. Quando se quebra um ramo da árvore, o ramo quebrado já não pode vicejar. Se separamos um regato da fonte, ele secará.Igualmente a Igreja do Senhor, resplandecente de luz, lança seus raios no mundo inteiro, mas a sua luz, difundindo-se em toda a parte, continua sendo a mesma e, de modo nenhum, é abalada a unidade do corpo.Na sua exuberante fertilidade, estende os seus ramos em toda a terra, derrama as suas águas em vivas torrentes, mas uma só é a cabeça, uma a fonte, uma a mãe, tão rica nos frutos da sua fecundidade. Do parto dela nascemos, é dela o leite que nos alimenta, dela o Espírito que nos vivifica.





Única Esposa de Cristo: não pode ter Deus por Pai, quem não tem a Igreja por mãe





A Esposa de Cristo não pode tornar-se adúltera, ela é incorruptível e casta [Cf Ef 5,24-31]. Conhece só uma casa, observa, com delicado pudor, a inviolabilidade de um só tálamo. É ela que nos guarda para Deus e torna partícipes do Reino os filhos que gerou.Aquele que, afastando-se da Igreja, vai juntar-se a uma adúltera, fica privado dos bens prometidos à Igreja. Quem abandona a Igreja de Cristo não chegará aos prêmios de Cristo. Torna-se estranho, torna-se profano, torna-se inimigo.Não pode ter Deus por Pai quem não tem a Igreja por mãe. Como ninguém se pôde salvar fora da arca de Noé, assim ninguém se salva fora da Igreja [nota: aqui Cipriano fala dos obstinados que, conhecendo a verdade, insistem, por ódio ou comodismo pagão, em se apartar da Igreja de Cristo].O Senhor nos alerta e diz: “Quem não está comigo está contra mim, quem comigo não recolhe, dissipa” (Mt 12,30). Quem rompe a paz e a concórdia de Cristo trabalha contra Cristo. Quem faz colheita alhures, fora da Igreja, esse dissipa a Igreja de Cristo.Diz ainda o Senhor: “Eu e o Pai somos um” (Jo 10,30), e do Pai, do Filho e do Espírito Santo está escrito: “Estes três são um” (1Jo 5,7). Como poderá alguém pensar que esta unidade da Igreja, decorrente da própria firmeza da unidade divina, e tão conforme com este celeste mistério, pode ser rompida e sacrificada ao arbítrio de vontades opostas? Quem não observa esta unidade não observa a lei de Deus, não observa a fé do Pai e do Filho, não possui nem a vida, nem a salvação.






A túnica inconsútil de Cristo






Este sacramento da unidade, este vínculo de concórdia inviolada e sem rachadura, é figurado também pela túnica do Senhor Jesus Cristo. Como lemos no Evangelho, ela não foi dividida, nem, de modo algum, rasgada, mas sorteada. Isto quer dizer que quem toma a veste de Cristo e tem a dita de se revestir do próprio Cristo [Rom 13,14; Gál 3,27], deve receber a sua túnica toda inteira e possuí-la intacta e sem divisão.Diz a divina Escritura: “Quanto à túnica, visto que, desde a parte superior, era feita de uma única tecedura, sem costura alguma, disseram: não a dividamos, mas lancemos-lhe a sorte para ver a quem toca” (Jo 19,23-24). A unidade da túnica derivava da sua parte superior – em nosso caso, do céu e do Pai celeste. Aquele que a recebia e guardava não podia rasgá-la de modo nenhum, de fato ela era resistente e sólida por ser constituída de um modo inseparável (Veja também  REFLEXÃO PATRÍSTICA - "O VERBO FEITO CARNE DIVINIZA O HOMEM" - Santo Hipólito de Roma, +235).Não pode possuir a veste de Cristo aquele que rasga e divide a Igreja de Cristo.O contrário aconteceu à morte de Salomão, quando o seu reino e o povo deviam ser divididos. O profeta Aías, indo ao encontro do rei Jeroboão no campo, cortou o seu manto em doze partes, dizendo: “Toma para ti dez partes, porque assim diz o Senhor: eis que eu divido o reino da mão de Salomão, a ti darei dez cetros e dois ficarão para ele, por causa do meu servo Davi e de Jerusalém, a cidade eleita em que eu pus o meu nome” (1Rs 11,30-36). Para separar as doze tribos de Israel, o profeta dividiu O seu manto.Mas o povo de Cristo não pode ser dividido, e por isso a sua túnica, que era um todo feito de uma só tecedura, não foi dividida por aqueles que a deviam possuir. Ficando uma só, bem firme na sua contextura, ela mostra a união e a concórdia do nosso povo, isto é, daqueles que são revestidos de Cristo. Por este sinal sagrado da sua veste, proclamou ele a unidade da Igreja.





Figuras do Antigo Testamento: Raabe, o cordeiro pascal





Portanto quem será tão celerado e pérfido, tão louco pelo furor da discórdia, para pensar como possível ou até para ousar romper a unidade de Deus, a veste do Senhor, a Igreja de Cristo?Ainda uma vez nos avisa ele no Evangelho dizendo: “E haverá um só rebanho e um só pastor” (Jo 10,16). E como se pode pensar que, num mesmo lugar, existam muitos pastores e muitos rebanhos?O apóstolo Paulo, por sua vez, inculcando esta mesma unidade, suplica e exorta: “Rogo-vos, irmãos, pelo nome de nosso Senhor Jesus Cristo, que todos digais as mesmas coisas e não se dêem cismas entre vós. Sede unidos no mesmo sentimento e no mesmo pensamento” (1Cor 1,10) E de novo: “Sustentando-vos mutuamente no amor, esforçando-vos por conservar a unidade do Espírito na união da paz” (Ef 4,2-3).Achas tu que alguém pode afastar-se da Igreja, fundar, a seu arbítrio, outras sedes e moradias diversas e ainda perseverar na vida? Ouve o que foi dito a Raabe, na qual era prefigurada a Igreja: “Recolhe teu pai, tua mãe, teus irmãos e toda a tua família junto de ti, na tua casa, e qualquer um que ouse sair fora da porta da tua casa, será ele próprio culpado da sua perda” (Jos 2,18-19).Igualmente o sacramento da Páscoa [antiga], como lemos no Êxodo, exigia que o cordeiro, morto como figura de Cristo, fosse comido numa só casa. Eis as palavras de Deus: “Seja comido numa só casa, não jogueis fora da casa carne alguma dele” (Ex 12,46). A carne de Cristo, o Santo do Senhor [Nota: “Sanctum Domini” O Santo do Senhor – era como os primeiros cristãos chamavam a Eucaristia – O Corpo e Sangue de Cristo Jesus], não pode ser jogado fora. Para os que nele crêem, não há outra casa a não ser a única Igreja.O Espírito Santo anuncia e significa esta casa, esta morada da união dos corações, dizendo nos salmos: “Deus faz habitar na casa aqueles que são unânimes” (Sl 67,7). Na casa de Deus, na Igreja de Cristo, os moradores são unidos e perseveram na concórdia e na simplicidade.






A pomba, exemplo de sociabilidade e concórdia






Por isto também o Espírito Santo desceu em forma de pomba [Mt 3,16; Mc 1,10], animal simples e alegre, sem amargura alguma de fel, incapaz de se enfurecer; não morde, não arranha com as unhas. Prefere as moradias dos homens e gosta de habitar numa mesma casa. Quando criam, as pombas cuidam dos filhotes juntamente, quando viajam, voam pertinho umas das outras. Passam o tempo em tranqüilos arrulhos, manifestam a concórdia e a paz beijando-se no rosto. Enfim, em todas as coisas seguem a lei da boa harmonia.Esta é a simplicidade que deve reinar na Igreja, essa a caridade que devemos realizar: o amor fraternal imite as pombas, a mansidão e a brandura sejam iguais às dos cordeiros e das ovelhas.Como podem estar no coração de um cristão a ferocidade dos lobos, a raiva dos cães, o veneno mortífero das serpentes ou a crueldade sanguinária das feras?Devemos alegrar-nos quando os que têm esses sentimentos se separam da Igreja. Assim as pombas e as ovelhas de Cristo não serão contagiadas pela sua maldade e pelo seu veneno. Não podem conciliar-se e juntar-se amargura e doçura, trevas e luz, chuva e céu sereno, guerra e paz, esterilidade e fecundidade, secura e manancial, tempestade e bonança.Não acreditem que os bons possam deixar a Igreja: não é o trigo que o vento carrega, o furacão não arranca as árvores que têm sólidas raízes. Ao contrário são as palhas vazias que a tormenta agita, são as árvores vacilantes que a força dos turbilhões abate. Contra esses o apóstolo S. João manifesta a sua repulsa, dizendo: “Saíram do nosso meio, mas não eram dos nossos. Se tivessem sido dos nossos, sem dúvida teriam ficado conosco” (1Jo 2,19).





Origem e maldade das heresias
















A origem de onde nasceram freqüentemente e continuam nascendo as heresias é a seguinte: há mentes perversas e sem paz, que, discordando em sua perfídia, não podem suportar a unidade. O Senhor, por seu lado, respeita a liberdade do arbítrio humano, permite e tolera que isto aconteça, a fim de que o crisol da verdade purifique os nossos corações e as nossas mentes, e, na provação, resplandeça com luz inequívoca a integridade da fé.O Espírito Santo nos previne, por meio do Apóstolo: “Convém que haja heresias para que entre vós se tornem manifestos os que resistem à prova” (1Cor 11,19). Assim, aqui mesmo, antes do dia do juízo, são divididas as almas dos justos e dos perversos e as palhas são separadas do trigo.Esses são os que, por própria iniciativa e sem chamamento divino, se põem a encabeçar temerários grupinhos. Contra toda a lei da ordenação, se constituem superiores e, sem que ninguém lhes dê o episcopado, se atribuem a si mesmos o nome de bispos. A eles faz alusão o Espírito Santo, no Salmo, falando dos que estão sentados em cátedras de pestilência, porque são peste infecciosa da fé. Mestres na arte de corromper a verdade, eles enganam com bocas de serpente, vomitando de suas línguas pestilentas peçonhas mortíferas. Os seus discursos brotam como chaga cancerosa, o trato com eles deixa no fundo de cada coração um veneno mortal.





O Batismo cismático






Contra esses homens brada o Senhor, para afastar ou retirar deles o seu povo desviado: “Não escuteis os sermões dos pseudoprofetas, porque vivem iludidos pelas alucinações do seu coração. Falam, mas não as palavras do Senhor. Aos que rejeitam a palavra de Deus dizem eles: tereis a paz, vós e todos os que andam segundo as próprias vontades. Não virá mal algum, ainda sobre aqueles que seguem os erros do próprio coração. Eu não lhes falei e eles vão profetando. Se tivessem atendido ao meu conselho, ouvido as minhas palavras e as tivessem ensinado ao meu povo, eu os teria convertido dos seus perversos pensamentos” (Jer 23,16-22).E de novo fala deles o Senhor: “Abandonaram a mim, que sou a fonte da água viva, e escavaram para si covas escuras, que nem podem dar água” (Jer 2,13 [Nota: Tradução literal do texto latino antigo. As versões tiradas do hebraico dizem: “cisternas fendidas, que não retêm a água”]).Enquanto não pode haver senão um Batismo, eles pensam que podem batizar. Abandonaram a fonte da vida e ainda prometem a graça da água que dá a vida e a salvação. Lá os homens não são purificados, mas, ao contrário, mais poluídos. Lá os pecados não são perdoados, mas, antes, aumentados. Aquele nascimento não gera filhos para Deus, mas para o demônio [Nota: Esta recusa do batismo dos hereges é conseqüência do pensamento vigente. Este pensamento afirmava que qualquer violação na unidade da Igreja significava perversão total da fé. Hoje, a Igreja aceita o batismo das denominações protestantes tradicionais.].Os que pretendem nascer por meio da mentira não recebem absolutamente as promessas da verdade. Gerados pela perfídia, não alcançam a graça da fé. Aqueles que, no delírio da discórdia, quebraram a paz do Senhor, não podem chegar ao prêmio da paz.






 “Onde dois ou três…” (Mt 18,20)





Alguns se enganam a si mesmos com uma presunçosa interpretação das palavras do Senhor, que disse: “Onde quer que se encontrem dois ou três reunidos em meu nome, eu mesmo estou com eles” (Mt 18,20).São falsificadores do Evangelho e intérpretes mentirosos. Apegam-se ao que é dito depois, esquecendo o que foi dito antes, lembram-se de uma parte da frase e, astutamente, deixam do lado a outra. Assim como eles se separaram da Igreja, do mesmo modo truncam o sentido de uma única sentença.De fato, o que queria dizer nosso Senhor? Para inculcar aos seus discípulos a união e a paz, diz ele: “Eu vos afirmo que, se dois de vós concordarem na terra em pedir qualquer coisa, ela lhes será outorgada por meu Pai que está nos céus” (Mt 18,19). E continua: “Onde quer que se encontrem dois ou três reunidos em meu nome, eu mesmo estou com eles”, mostrando que o que mais vale na oração não é o número dos que oram, mas a sua união de espírito.“Se dois de vós concordarem na terra”, diz ele. Antes exige a união, põe na frente a paz: o seu primeiro e mais firme preceito é que entre nós haja acordo. E como poderá estar de acordo com alguém aquele que está em desacordo com o corpo da Igreja e a totalidade dos irmãos?Como poderão estar reunidos dois ou três em nome de Cristo, se é patente que estão separados de Cristo e do seu Evangelho? De fato não somos nós que nos apartamos deles, mas eles de nós. E quando, em seguida, formando entre si vários grupos, deram origem a heresias e cismas, abandonaram a cabeça e a fonte da verdade.O Senhor quer falar da sua Igreja e dirige aquelas palavras àqueles que estão na Igreja, dizendo que, se dois ou três deles estiverem concordes, como ele ensinou e mandou, e se reunirem em um só espírito para rezar, embora sejam só dois ou três, impetrarão da majestade de Deus o que pedem.“Onde quer que se encontrem reunidos em meu nome dois ou três, eu mesmo estou com eles”, quer dizer com os simples, com os pacíficos, com os que temem a Deus e observam os seus preceitos. Com esses, ainda que não fossem mais do que dois ou três, prometeu que estaria, assim como esteve com os três jovens na fornalha ardente, e, porque permaneciam simples com Deus e unidos entre si, até no meio das chamas, os animou com uma brisa de orvalho (Dan 3,50).Do mesmo modo esteve presente aos dois Apóstolos encerrados na cadeia, porque eram simples e unânimes. Ele mesmo abriu as portas do cárcere e os conduziu de novo à praça para que pregassem à multidão a palavra que tão fielmente anunciavam.Por conseguinte, quando o Senhor coloca entre os seus preceitos estas palavras: “Onde quer que se encontrem dois ou três reunidos em meu nome, eu mesmo estou com eles”, não quer separar os homens da Igreja, pois ele mesmo instituiu e formou a Igreja, mas ao contrário, repreendendo os pérfidos pela discórdia e encarecendo, com a sua própria voz, a paz aos fiéis, quer mostrar que ele está mais com dois ou três que oram unânimes, do que com muitos que oram na dissidência, e que obtém mais a prece concorde de poucos que a oração sediciosa de muitos.






Não achará a Deus propício quem não está em paz com o irmão






Por isto, quando ensinou o modo de orar, acrescentou: “Quando estiverdes em pé para orar, perdoai, se por acaso tendes mágoa contra alguém, a fim de que o vosso Pai que está nos céus vos perdoe também os pecados” (Mc 11,25). E se alguém vier ao sacrifício, estando de mal com alguém, ele o afasta do altar e ordena que, antes, se ponha de acordo com o irmão, e só depois volte em paz para oferecer a Deus a sua dádiva [Cf Mt 5,24].Deus não olhou aos presentes de Caim [Gên 4,5], porque aquele que, pelo rancor da inveja, não tinha paz com o irmão, não podia encontrar a Deus propício.Que espécie de paz podem pretender os inimigos dos irmãos? Que sacrifício pensam eles oferecer, enquanto não são que rivais dos sacerdotes? Julgam que Cristo esteja presente nas suas reuniões, enquanto se reúnem fora da Igreja de Cristo?





DOS FALSOS MÁTIRES E MARTÍRIOS: Nem o martírio lava a mancha da discórdia






Ainda que esses homens fossem mortos pela confissão do nome cristão, o seu sangue não lavaria esta mancha. O pecado da discórdia é tão grande e tão imperdoável, que não se apaga nem pelos tormentos. Não pode ser mártir quem não está na Igreja, não pode alcançar o Reino quem abandonou aquela que nasceu para reinar.Cristo nos deu a paz. Ele nos mandou que fôssemos concordes e unidos, ordenou que os laços do amor e da caridade fossem conservados intactos e sem rachadura. Não pode iludir-se de ser mártir aquele que não conservou a caridade fraterna.O apóstolo Paulo ensina e testemunha isto mesmo quando diz: “Ainda que eu tivesse fé para remover as montanhas, mas não tivesse a caridade, eu nada seria, ainda que distribuísse em alimento dos pobres tudo o que é meu, e entregasse o meu corpo às chamas, mas não tivesse a caridade de nada adiantaria. A caridade é magnânima, a caridade é benigna, a caridade não rivaliza, não faz mal, não se pavoneia, não se irrita, não pensa com maldade, tudo ama, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. A caridade jamais termina” (1Cor 13,1-9).A caridade nunca termina, ela estará sempre no Reino, durará eternamente pela unidade dos irmãos em mútua harmonia. A discórdia não entra no Reino dos céus. Quem, com pérfida divisão, violou a caridade de Cristo, não poderá chegar aos prêmios do mesmo Cristo, que disse: “Este é o meu mandamento, que vos ameis mutuamente como eu vos amei” (JO 15,12).Quem vive sem caridade está sem Deus. Eis a voz do bem-aventurado apóstolo João: “Deus é amor. Quem permanece no amor permanece em Deus e Deus nele” (1Jo 4,16). Não podem permanecer com Deus os que não quiseram estar unidos na Igreja de Deus. Ainda que, lançados no fogo, fossem consumidos pelas chamas ou perdessem a vida sendo expostos às feras, tudo isto não seria unia coroa da fé, mas, antes, um castigo da sua perfídia, não seria o desfecho glorioso de uma vida religiosa intrépida, mas um fim sem esperança.Um homem assim poderia ser morto, mas não coroado. Ele confessa que é cristão do mesmo modo que o diabo, muitas vezes, engana dizendo ser ele o Cristo. Escutemos o aviso do Senhor: “Muitos virão com o meu nome, dizendo: sou eu o Cristo, e enganarão a muitos” (Mc 13,16). Como o diabo não é Cristo, embora tome este nome, assim não pode passar por cristão aquele que não permanece na verdade do Evangelho e na fé de Cristo.






A lei do amor e a unidade






É certamente coisa incomum e admirável profetizar, expulsar demônios e fazer obras portentosas aqui na terra, mas quem faz todas essas coisas não conseguirá o Reino celeste se não anda no caminho reto e certo.Ouçamos ainda o Senhor: “Muitos me dirão naquele dia: Senhor, Senhor, não te lembras que em teu nome profetizamos e em teu nome expulsamos demônios e em teu nome fizemos obras portentosas? Eu porém lhes direi: jamais vos conheci, apartai-vos de mim, vós que praticais a iniqüidade” (Mt 7,21-23). É necessária a justiça para que alguém possa ser premiado por Deus. É necessário obedecer aos seus mandamentos e aos seus avisos, para que os nossos méritos alcancem a recompensa.O Senhor, no Evangelho, querendo mostrar-nos em breve resumo a senda da nossa fé e da nossa esperança, disse: “O Senhor, teu Deus, é um só”, e continua: “Amarás ao Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todas as tuas forças” (Mc 12,29-31). “Eis o primeiro mandamento. O segundo é semelhante a ele: amarás ao teu próximo como a ti mesmo. Nestes dois preceitos funda-se toda a lei e também os profetas” (Mt 22,39-40).Com a sua autoridade ensinou, ao mesmo tempo, a unidade e o amor. Em dois preceitos compendiou a lei e todos os Profetas. Mas que unidade observa, que amor pensa praticar aquele que, como doido pelo furor da discórdia, divide a Igreja, destrói a fé, perturba a paz, aniquila a caridade, profana o Sacramento?





Essas atuais aberrações foram preditas





Este mal, ó irmãos fidelíssimos, já tinha começado algum tempo atrás, mas agora, como triste calamidade, foi crescendo dia a dia e a venenosa praga da heresia e dos cismas aparece e pulula sempre mais. Assim deve acontecer no fim do mundo, como nos vaticina e nos avisa o Espírito Santo por meio do Apóstolo: “Nos últimos dias, diz ele, chegarão tempos difíceis e haverá homens que só buscam os próprios gostos, soberbos, arrogantes, avarentos, blasfemos, desobedientes aos pais, ingratos, desalmados, sem afeição e sem respeito de compromisso, caluniadores, incontinentes, violentos, sem nenhum amor ao bem, traidores, atrevidos, estupidamente altivos, amando mais os prazeres que Deus, ostentando um verniz de religiosidade, mas conculcando todo valor religioso. Deles são os que se insinuam nas casas e conquistam mulherzinhas carregadas de pecados, que se deixam levar por várias volúpias e se mostram sempre curiosos de saber, mas nunca chegam ao conhecimento da verdade. E como Jamnes e Mambres fizeram resistência contra Moisés, assim estes resistem à verdade. Mas não serão bem sucedidos, porque a sua incapacidade será a todos manifesta, como aconteceu àqueles” (2Tim 3,1-9).Tudo o que tinha sido preanunciado se está cumprindo e, enquanto se aproxima o fim do mundo, tudo se realiza nas pessoas e nos acontecimentos.O adversário está solto. Cada vez mais, o erro vai espalhando os seus enganos. A insensatez gera orgulho, arde a inveja, a cobiça chega até à cegueira, a impiedade deprava, a soberba incha, a discórdia exaspera, a ira enfurece.





Não ceder ao escândalo! Evitar cair na heresias! PERSEVERAR NA VERDADE!





Porém não nos impressione nem perturbe essa desmedida e temerária perfídia de muitos. Ao contrário, torne-se mais forte a nossa fé ao constatarmos a verdade do que foi profetizado. Alguns fizeram-se traidores, porque assim fora predito; os demais irmãos, em virtude da mesma profecia, acautelem-se contra essas coisas, escutando a voz do Senhor, que diz: “Vós, porém, acautelai-vos, porque eis que eu vos predisse tudo” (Mc 13-23).Evitai, pois, eu vo-lo peço, irmãos, esses homens e repeli, de vosso lado e de vossos ouvidos suas perniciosas conversas, como se repele um contágio mortífero. Está escrito: “Cerca os teus ouvidos com uma sebe de espinhos e não ouças a língua maldosa” (Eclo 28,24). E ainda: “As péssimas conversas corrompem até as pessoas de boa índole” (1Cor 15,33). O Senhor nos recomenda que evitemos essa gente. “São cegos, diz ele, e guias de cegos. Quando é um cego que conduz outro cego, caem juntos na fossa” (Mt 15,14).Convém estar longe e fugir de qualquer um que se separou da Igreja. É um transviado, um culpado, ele se condena por si próprio [Cf Ti 3,11]. Poderá pensar que está com Cristo aquele que está tramando contra os sacerdotes de Cristo e se separa da comunidade do seu clero e do seu povo? Ele levanta armas contra a Igreja e resiste às ordens de Deus. Adversário do altar, rebelde contra o Sacrifício de Cristo, traidor na fé, sacrílego na religião, servo intratável, filho ímpio, irmão inimigo, despreza os bispos e abandona os sacerdotes de Deus e ousa erguer um outro altar, pronunciar com voz ilícita uma outra prece, profanar, com falsos sacrifícios, a Hóstia do Senhor, e esquece que quem vai contra as ordens de Deus será punido com os divinos castigos pela sua atrevida audácia.[Nota: Parece até intolerância de S. Cipriano, mas defender a fé não é intolerância. A culpa não é tanto estar fora da Igreja “in-fidelis“, mas em ter saído da Igreja e teimar numa fé espúria e pervertida “perfídia”. S. Cipriano deseja defender os que permanecem na Igreja, das falsas doutrinas dos hereges, e não incitar um preconceito gratuito].






Castigos dos profanadores do culto






Assim Coré, Datã e Abirão receberam, sem demora, o castigo da sua presunção, porque, violando as ordens de Moisés e do sacerdote Aarão, pretenderam usurpar o direito de oferecer sacrifícios [Cf Num 16,31-35]. A terra perdeu a sua firmeza, fendeu-se numa profunda voragem, e o chão, assim aberto, os engoliu vivos e em pé. A justiça indignada de Deus não atingiu só os autores daquele gesto, mas também os outros duzentos e cinqüenta, seus companheiros, que foram cúmplices e solidários com eles. De repente saiu do Senhor um fogo punitivo e os consumiu. Isto deve valer como demonstração e sinal de que foi ofensa contra Deus tudo o que aqueles perversos tentaram, com suas vontades humanas, para frustrar as ordens do próprio Deus.Assim aconteceu também ao rei Ozias, quando segurou o turíbulo e, com violência, pretendeu oferecer ele mesmo o incenso, violando a lei de Deus e desobedecendo ao sacerdote Azarias, que a isto se opunha [Cf 2Crôn 26,16-20]. Lá mesmo foi confundido pela divina indignação e acometido por uma espécie de lepra na fronte. Pela sua ofensa a Deus, foi punido justamente naquela parte do corpo, onde recebem o sinal (da cruz) os eleitos de Deus.Também os filhos de Aarão, por ter colocado no altar um fogo profano, contra os preceitos do Senhor, foram mortos no mesmo instante pela divina vingança [Cf Lev 10,1-2; Num 3,4].





Menos grave é o pecado dos lapsos* (Apóstatas):





*[Lapsos era o nome dado aos cristãos que durante a perseguição tinham sacrificado incenso aos ídolos, o que significava renúncia à fé. Para serem reintegrados na comunidade da Igreja deviam se submeter às penitências prescritas].





São esses os exemplos que seguem e imitam os que buscam doutrinas estranhas, introduzem ensinamentos de invenção humana e desprezam a divina tradição. A eles aplicam-se as repreensões e as censuras do Evangelho: “Rejeitais o mandamento de Deus para apegar-vos à vossa própria tradição (pagã)” (Mc 7,90).Este crime é pior do que aquele que se pensa terem cometido os lapsos, ao menos se falarmos dos que estão arrependidos e rogam a Deus perdão do seu pecado, dispostos a dar completa satisfação. Os lapsos, com súplicas, procuram a Igreja, os cismáticos combatem-na. Os primeiros podem ter sido vítimas de alguma pressão, os segundos erram no pleno uso da sua liberdade. O lapso, pecando, se prejudicou unicamente a si mesmo, ao passo que aquele que tenta criar heresias e cismas engana a muitos, arrastando-os à sua seita. Lá há detrimento de uma só alma, aqui o perigo é de muitos. O lapso reconhece que certamente pecou, disto lamenta-se e chora, o cismático, cheio de orgulho no seu coração e comprazendo-se dos seus próprios erros, arranca os filhos à mãe, afasta, com aliciamentos, as ovelhas do Pastor, arrasa os divinos Sacramentos.O lapso pecou só uma vez, o outro continua pecando a cada dia. Por fim, o lapso, mais tarde, poderá enfrentar o martírio e conseguir as promessas do Reino, o cismático, ao contrário, se for morto enquanto está fora da Igreja, não alcançará os prêmios da Igreja.






Confessores* que não perseveraram





*[Os confessores eram os cristão que afirmavam a fé perante os perseguidores, e por um motivo ou outro, não eram condenados a morte. Alguns deles, cheios de soberba pelo ato de fé que praticou, achavam que tinham o direito de dar o aval aos lapsos (ver nota acima) e reintegrá-los na comunidade sem as penitências. Alguns confessores se tornaram cismáticos].






Não deveis estranhar, irmãos diletíssimos, que até entre os confessores haja alguns que caíram nestes crimes. Acontece também que alguns deles cometam outros pecados graves e vergonhosos. A confissão da fé não torna uma pessoa imune das ciladas do demônio. A quem ainda vive neste mundo ela não comunica uma perpétua segurança contra as tentações, os perigos e o ímpeto dos ataques mundanos. Se assim fosse, não veríamos, em confessores, os roubos, os estupros e os adultérios, que agora, com imensa tristeza, devemos lamentar em alguns deles.Quem quer que seja um confessor, ele não poderá ser maior, melhor e mais amigo de Deus que Salomão. Entretanto, este, durante o tempo em que se manteve nos caminhos do Senhor, conservou a benevolência com que o mesmo Senhor o tinha favorecido, mas quando se desviou destes caminhos, perdeu também a benevolência do Senhor [3Rs 11,9].Por isto diz a Escritura: “Segura o que tens, para que um outro não tome a tua coroa” (Ap 3,11). Se lá o Senhor ameaça tirar a alguém a coroa da justiça, é sinal que quem renuncia à justiça fica privado também da coroa.





Honra da “confissão” aumenta o dever do bom exemplo





A confissão da fé é um preâmbulo da glória, mas não é ainda a posse da coroa. Não é a glória definitiva, mas só o início do mérito. Está escrito: “O que perseverar até o fim, este será salvo” (Mt 10,22). Tudo pois o que fazemos antes do fim é só um passo com o qual vamos subindo ao monte da salvação, mas só ao fim da subida chegaremos à posse perfeita do cume.Trata-se de um confessor? Ora, depois da confissão da fé, o perigo torna-se maior, porque o adversário está mais enraivecido contra ele.É confessor? Por isto, mais do que nunca, deve permanecer fiel ao Evangelho do Senhor, ele que pelo Evangelho conseguiu esta honra. Diz o Senhor: “A quem muito é dado, muito será pedido e a quem é concedida maior dignidade, deste exigem-se maiores serviços” (Lc 12,48). Ninguém se deixe levar à perdição pelo mau exemplo de algum confessor. Ninguém aprenda, do seu modo de proceder, a injustiça, a arrogância ou a perfídia.É confessor? Seja humilde e tranqüilo em todo o seu comportamento, seja disciplinado e modesto, de modo que, como é chamado confessor de Cristo, imite também aquele Cristo que confessa “Quem se exalta será humilhado e quem se humilha será exaltado” (Lc 18,14). Assim disse ele, e foi exaltado pelo Pai, porque, sendo ele a Palavra, a Virtude e a Sabedoria de Deus Pai, se humilhou a si mesmo na terra. E como poderia amar a altivez, ele que, com a sua lei nos preceituou a humildade, e, em prêmio da sua humildade, recebeu do Pai o nome mais sublime? [Cf Flp 2,9].Alguém foi confessor de Cristo? Muito bem, mas, depois, por sua culpa, não sejam blasfemadas a majestade e a santidade do próprio Cristo. A língua que confessou a Cristo não seja maldizente nem sediciosa, não se ouça vociferando em altercações e brigas; depois de palavras tão divinas de louvor não vá vomitando veneno de serpente contra os irmãos e contra os sacerdotes de Deus.Em suma, se alguém, depois da confissão, se tornou culpável e detestável, se aviltou a sua confissão com maus comportamentos, se manchou a sua vida com torpezas indignas, se, afinal, abandonou a Igreja, na qual se tornara confessor, e, quebrando a harmonia da unidade, trocou a fé de então com a perfídia, um tal homem não pode lisonjear-se, presumindo da sua confissão, de ser como que predestinado ao prêmio da glória. Ao contrário, por isto mesmo, aumentaram seus títulos para o castigo.





Elogio dos confessores






Vemos também que chamou a Judas entre os Apóstolos, e este Judas, em seguida, traiu o Senhor. A fé e a perseverança dos Apóstolos não esmoreceram pelo fato que Judas traidor tinha pertencido ao seu grupo. Igualmente em nosso caso: a santidade e a dignidade dos confessores não ficam destruídas, se naufragou a fé em alguns deles.O bem-aventurado apóstolo Paulo diz numa das suas cartas: “Se alguns decaíram da fé, será que a sua infidelidade tornou vã a fidelidade de Deus? De modo algum. De fato, Deus é verídico e todo homem é mentiroso” (Rom 3,3-4; Sl 115,11).A maioria e a parte melhor dos confessores mantém-se no vigor da sua fé e na verdade da lei e da disciplina do Senhor. Lembrando-se de ter alcançado a graça e a benevolência de Deus na Igreja, não se afastam da paz da mesma Igreja. Nisto merecem mais amplo louvor pela sua fé, porque, desligando-se da perfídia daqueles que já foram seus companheiros na confissão, resistiram ao contágio do mal. Iluminados pela luz verdadeira do Evangelho, brilhando na pura e cândida claridade do Senhor, mostram-se tão dignos de encômio na conservação da paz de Cristo, quanto o foram no combate, quando se tornaram vencedores do demônio.



Apelo aos que foram enganados





Quanto a mim, irmãos diletíssimos, não deixo de exortar e insistir, porque desejo que, se for possível, nenhum dentre os irmãos pereça, e a mãe feliz (a Igreja) abranja no seu regaço o seu povo, unido na concórdia como um só corpo. Se, todavia, este salutar conselho não consegue reconduzir ao caminho da salvação certos chefes de cismas e certos autores de dissensão, preferindo eles obstinar-se em sua cega demência, ao menos os demais, os que foram surpreendidos na sua simplicidade, ou se deixaram desviar por algum equívoco, ou foram enganados pelo ardil de uma astúcia dissimulada, ao menos vós sacudi os laços falaciosos, livrai dos erros os vossos passos extraviados, sabei reconhecer o caminho reto que conduz ao céu. Ouvi a voz do Apóstolo, que clama: “Em nome de nosso Senhor Jesus Cristo, nós vos mandamos, diz ele, que vos afasteis de todos os irmãos que andam desordenadamente e não segundo a tradição que receberam de nós” (2Tes 3,6). E de novo: “Ninguém vos engane com vãs palavras. Por causa disto veio a ira de Deus sobre os filhos da contumácia. Não estejais, pois, ao lado deles” (Ef 5,6-7).Deveis evitar os delinqüentes e até fugir deles, para que não aconteça que, juntando-se aos que trilham os caminhos do erro e do crime, alguém se desvie também da verdade e se torne culpado de igual delito. Deus é um, Cristo é um, uma é a sua Igreja, uma a fé e o povo (cristão) é também um, aglutinado pela concórdia como na compacta unidade de um corpo. Esta unidade não pode ser quebrada. Um corpo não pode ser dividido, desarticulando as suas junturas. Não pode ser reduzido a pedaços, dilacerando e arranhando as suas vísceras. Tudo o que se separa do centro vital não pode continuar a viver ou a respirar porque fica privado do alimento indispensável à vida.





Bem-aventurados os pacíficos






O Espírito Santo assim nos fala: “Quem é o homem que quer viver e deseja ver dias excelentes? Refreia do mal a tua língua, e os teus lábios não falem insidiosamente. Evita o mal e faze o bem, busca a paz e segue-a” (Sl 33,13-15). O filho da paz deve buscar a paz, deve procurá-la. Quem conhece e ama o vínculo da caridade deve guardar a sua língua do flagelo da dissensão.O Senhor, já próximo à paixão, entre outros preceitos e ensinamentos salutares, acrescentou o seguinte: “Eu vos entrego a paz, eu vos dou a minha paz” (Jo 14,27). Esta é a herança que nos deixou. Todos os dons e todos os prêmios das suas promessas estão incluídos nisto: a inviolabilidade da paz.Se somos co-herdeiros de Cristo [Cf Rom 8,17], permaneçamos na paz de Cristo. Se somos filhos de Deus, sejamos pacíficos. “Bem-aventurados os pacíficos, diz, porque serão chamados filhos de Deus” (Mt 5,9). Convém, pois, que os filhos de Deus sejam pacíficos, mansos de coração [Cf Mt 11,29], simples quando falam, concordes nos afetos, sempre ligados uns aos outros pelos laços da unidade de espírito.





O exemplo dos primeiros cristãos





Essa unidade reinou ao tempo dos Apóstolos e a nova plebe, o povo dos que acreditaram, guardava os preceitos do Senhor e ficava fiel à sua caridade. Prova-o a divina Escritura, dizendo: “A multidão daqueles que acreditaram se comportava como se fossem todos uma só alma e uma só mente” (At 4,32).E antes: “Estavam perseverando todos unânimes na oração com as mulheres e Maria, a mãe de Jesus, e seus irmãos” (At 1,14). Por isto oravam de modo eficaz e podiam confiar em alcançar o que estavam pedindo à misericórdia divina.






Exortação para uma vida cristã INTEGRAL







Entre nós, ao contrário, esta união está demasiado relaxada, e ao mesmo tempo aparece muito enfraquecida a generosidade nas obras (boas). Então vendiam as suas casas e as suas propriedades e entregavam o preço aos Apóstolos, para que fosse distribuído aos pobres: assim colocavam seus tesouros no céu [Cf Mt 6,19]. Hoje nem se dão os dízimos dos patrimônios e, enquanto o Senhor diz “vendei” [Cf Lc 12,33], nós preferimos comprar e possuir mais. Como, entre nós, murchou o vigor da fé, como esmoreceu a força daqueles que crêem.Por isto o Senhor, falando destes nossos tempos, diz no Evangelho: “Quando vier o Filho do homem, pensas que encontrará fé na terra?” (Lc 18,8). Vemos que está acontecendo o que ele predisse. No que diz respeito ao temor de Deus, à lei da justiça, ao amor, às obras, não há mais fé. Ninguém se preocupa com as coisas que hão de vir, ninguém pensa no dia do Senhor, na ira de Deus, nos futuros suplícios dos incrédulos, nos eternos tormentos destinados aos pérfidos. Se crêssemos, a nossa consciência teria medo de tudo isto. Se não temos medo é sinal que não cremos. Quem acredita se acautela, quem se acautela se salva.Despertemos, irmãos diletíssimos, quebremos o sono da inércia rotineira e, por quanto for possível, sejamos vigilantes em guardar e cumprir os preceitos do Senhor. Sejamos prontos, como ele seja, quando diz: “Estejam cingidos os vossos rins, e as lâmpadas acesas nas vossas mãos, e vós sede semelhantes a homens que esperam o seu dono, quando voltar das núpcias, para lhe abrirem logo que ele chegar e bater. Bem-aventurados os servos que o Senhor, chegando, encontrar vigilantes” (Lc 12,35-37). É necessário que estejamos cingidos, a fim de que, quando vier o dia da partida, não sejamos surpreendidos cheios de impedimentos e de embaraços. Fique sempre viva a nossa luz e brilhe em boas obras, para nos guiar da noite deste mundo aos esplendores da claridade eterna. Sempre solícitos e cautos, fiquemos à espera da chegada repentina do Senhor. Quando ele bater, encontre a nossa fé vigilante com uma tal vigilância que mereça receber o prêmio do mesmo Senhor.Se forem observados esses mandamentos, se forem postas em prática essas exortações, não acontecerá que sejamos vencidos, no sono, pela falácia do demônio, mas, como servos bons e vigilantes, reinaremos com Cristo glorioso.






FRASES DE SANTO AGOSTINHO SOBRE A UNIDADE, A VERDADE, E AS DIVERGÊNCIAS (Santo Agostinho: 354-430)





“A verdade não é minha nem tua, para que possa ser tua e minha.”


“Senhor, instrua-me acerca do que devo ensinar, ensina-me acerca de que maneira devo me corrigir.”


“A busca de Deus é a busca da verdade e da felicidade. Encontrar-se com Deus é encontrar-se com a verdade e a felicidade.”


“Interroga a beleza da terra, interroga a beleza do mar, interroga a beleza do ar, que se dilata e difunde, interroga a beleza do céu; interroga todas essas realidades. Todas te respondem: 'Vê, nós somos belas'. A sua beleza é uma confissão. Essas coisas belas sujeitas à mudança, quem as fez senão o Belo, não sujeito à mudança ?”


“Se Deus nos fosse compreensível, não seria Deus.”


“A fé e a razão caminham juntas, mas a fé vai mais longe.”


“Não penses que as heresias são fruto de mentes obtusas. É necessário uma mente brilhante para conceber e gerar uma heresia. Quanto maior o brilho da mente, maiores as suas aberrações.”


“Não evangelizes para viver. Vive para evangelizar.”


“Na medida em que alguém ama a Igreja é que possui o Espírito Santo.”


“Eu não acreditaria no Evangelho, se a isso não me levasse a autoridade da Igreja Católica”


“Se não podes entender, crê para que entendas, pois a fé precede, o intelecto.”


“A Igreja é Santa, a Única Igreja, a Verdadeira Igreja, a Igreja Católica, lutando sempre contra todas as heresias. Ela pode lutar, mas não pode ser derrotada. Todas as heresias são expulsas por ela, como os galhos pendentes são arrancados de uma vinha. Ela permanece presa à sua raiz, em sua vinha, em seu amor, por isto as portas do inferno não prevalecerão contra ela.”


“As pessoas costumam amar a verdade quando esta as ilumina, porém tendem a odiá-la quando as confrontam.”



“Vacilará a Igreja se vacila seu fundamento. Mas poderá talvez Cristo vacilar? Visto que Cristo não vacila, a Igreja permanecerá intacta até o fim dos tempos.”


“Infeliz quem conhece todos essas coisas (terrenas) e não Vos conhece, ó meu Deus! Feliz quem Vos conhece, embora ignore todo o resto. Quanto a quem Vos conhece e conhece também as coisas terrenas, não é mais feliz por conhecê-las, mas é unicamente o conhecimento que tem de Vós que o faz feliz.”


“Se você acredita somente no que lhe agrada nos Evangelhos e rejeita o que não gosta, não é nos Evangelhos que você crê, mas em você mesmo.”


“A verdade tem poucos amigos.”

“A Igreja avança em sua peregrinação através das perseguições do mundo e das consolações de Deus.”


“Um homem Cristão é Católico enquanto vive no corpo; decepado deste, torna-se um herege. O Espírito não segue um membro amputado.”


“O Espírito Santo nos foi enviado, não para informar sobre a órbita do Sol, da Lua e das estrelas, mas para que possamos ser discípulos de Jesus.”


“Fora da Igreja Católica pode encontrar-se tudo, menos a salvação. Pode-se ter honra, pode haver Sacramentos, pode cantar-se o 'Aleluia', pode responder-se o 'Amém', pode defender-se o Evangelho, pode ter-se fé no Pai, no Filho e no Espírito Santo e, inclusive, até pregá-la. Mas nunca, se não for na Igreja Católica, pode encontrar-se a salvação. Pode-se ouvir ao final da vida: Não vos conheço”


“Que morte pior há para a alma do que a liberdade de querer permanecer no erro ?”


“Tudo contribui para o bem daqueles que amam a Deus, até as quedas, pois delas podemos levantar-nos mais vigilantes, mais fervorosos, e mais humildes”


“O caminho é mais difícil para aquele que caminha com tristeza e pena de si mesmo, porém é mais  fácil para aquele que caminha com amor.”


“Dois amores fundaram duas cidades, a saber: o amor próprio, levado ao desprezo de Deus, construiu a cidade terrena; o amor a Deus, levado ao desprezo de si próprio, construiu a cidade celestial.”


“Mais vale ser curado permanecendo no corpo da Igreja, do que serem cortados dela como membros incuráveis. Porque não é desesperada a cura daquilo que ainda está unido ao corpo, enquanto que, tendo sido amputado, já não pode ser curado nem sanado, pois murcha, seca e morre”



“O homem só encontra a verdade beatificadora ao curvar sua inteligência à fé e sua vontade à graça, pela humildade.”


“Vós, pobres, que vos falta, se tendes Deus? Vós, ricos, que tendes, se vos falta Deus?”


“Se queres conhecer uma pessoa, não observes o que ela faz, mas o que ela ama...”


“Os que não querem ser vencidos pela verdade, serão vencidos pelo erro.”




REFERÊNCIAS:





-BENTO XVI - “Caritas in veritate” - Site Vatican.va



-São Luís Maria G. de Montfort – “Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem Maria”.



-Catecismo Maior de São Pio X






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Neste Apostolado APOLOGÉTICO (de defesa da fé, conforme 1 Ped.3,15) promovemos a “EVANGELIZAÇÃO ANÔNIMA", pois neste serviço somos apenas o Jumentinho que leva Jesus e sua verdade aos Povos. Portanto toda honra e Glória é para Ele.Cristo disse-nos:Eu sou o caminho, a verdade e a vida e “ NINGUEM” vem ao Pai senão por mim" (João14, 6).Defendemos as verdade da fé contra os erros que, de fato, são sempre contra Deus.Cristo não tinha opiniões, tinha a verdade, a qual confiou a sua Igreja, ( Coluna e sustentáculo da verdade – Conf. I Tim 3,15) que deve zelar por ela até que Ele volte(1Tim 6,14).Deus é amor, e quem ama corrige, e a verdade é um exercício da caridade. Este Deus adocicado, meloso, ingênuo, e sentimentalóide, é invenção dos homens tementes da verdade, não é o Deus revelado por seu filho: Jesus Cristo.Por fim: “Não se opor ao erro é aprová-lo, não defender a verdade é nega-la” - ( Sto. Tomás de Aquino).Este apostolado tem interesse especial em Teologia, Política e Economia. A Economia e a Política são filhas da Filosofia que por sua vez é filha da Teologia que é a mãe de todas as ciências. “Não a nós, Senhor, não a nós, mas ao vosso nome dai glória...” (Salmo 115,1)

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