Algumas pessoas por
e-mail tem nos questionado sobre o Minimalismo. Faremos aqui uma abordagem teológico
cristã, até porque a Igreja [como magistério] não precisa se pronunciar sobre
tudo. Na Exortação Apostólica Evangelii Gaudium, o Papa Francisco comentou:
“Não
é função do Papa oferecer uma análise detalhada e completa da realidade
contemporânea, mas animo todas as comunidades a uma capacidade sempre vigilante
de estudar os sinais dos tempos”.
Portanto, o que vamos
abordar não são verdades de fé, vamos comparar o Minimalismo tendo os valores
cristão como pano de fundo. Talvez o minimalismo nem seja bem o que estamos a
aprofundar aqui, mas é preciso começar, e tenho plena certeza que essa visão
ainda será aperfeiçoada e enriquecida por nossos leitores e especialistas no
assunto.
O que aparentemente propõe o minimalismo?
O mais com menos. Ter
apenas o que realmente precisamos, gostamos, ou tenha sentido. Tudo o que vá
além disso pode atrapalhar a simplicidade, ser supérfluo e torna-se um peso
desnecessário. Podemos iniciar aplicando o minimalismo pelo vestuário. Lógico
que muitas vezes não temos temos nem o “ideal”, mas é por onde podemos começar.
Percebemos com esta experiência que temos mais quantidade que qualidade, e
muitas coisas que nem gostamos de verdade e não tem sentido algum mantê-las
conosco.Depois podemos passar
aos livros e objetos. Nem tudo vai ficar perfeito, mas uma sensação do alivio
de um peso toma conta de nós. Depois podemos passar a outros conteúdos como
organização, finanças, prioridades e produtividade. Mas, o principal, como
dizem muitos, é a sensação de leveza e maior liberdade com as coisas que
ficamos, onde adquirem um novo sentido que não percebíamos antes. Começamos a
encontrar as coisas quando as procuramos. Ficamos com poucas peças de roupa,
mas nos tornamos mais criativos, fica mais fácil limpar e organizar a casa.
Não tem a ver só com
coisas, mas com atitudes e pessoas também. Não se preocupar em ter Um milhão de
amigos, e sim focar nos principais, aqueles(as) que você mais gosta, que lhe
agrega valores e lhe impulsionam a superar desafios.Todo esse desapego é para
ter o necessário que nos leva a realmente nos ater aquilo que é essencial que
no fim de tudo sabemos que é Deus. Percebemos que o fim do minimalismo não está
nele mesmo, na quantidade das coisas que você tem; mas como diminuir daquilo
que nos rouba do essencial.Exemplo:
Quero me desfazer de
algumas roupas e livros (vendendo ou doando), não pelo simples fato de querer
ter poucos, mas de ter os que realmente são importantes e essenciais e que vou
querer ler e reler. Quero ter roupas que durem mais e combinem entre si e façam
eu me sentir bem. Não quero livros apenas para encher prateleiras com livros
que eu não leio e que se ficarem comigo ninguém mais vai ler.
Alguns adeptos do
minimalismo fazem isso por quererem se conectar com a natureza, por acreditar
que a cada desapego sai uma energia ruim de você. Bom, respeito que pensa
assim, mas não é este o meu caso e creio que isto não é ensino Cristão.Como dizia São João da
Cruz, no fim, seremos julgados pelo amor. Amor ás coisas? Certamente não. Os minimalistas
dizem:
“Amem
pessoas, usem coisas, porque o inverso não costuma dar certo”
Então se eu quero o
eterno, e viver o amor devo abdicar das “coisas” e viver na pobreza olhando
para céu? Não! Mas sim fazer bom uso do que tenho, e que elas me ajudem nos
meus principais objetivos, que é a minha salvação e daqueles por quem Jesus deu
a sua vida. Se quero que meus filhos sejam crianças alegres, que vivam bem suas
etapas, aprendam a dividir e a amar, não será com 500 brinquedos ou com aulas
de tudo quanto é curso que vão os fazer serem “boas pessoas”, mas talvez
aqueles 5 brinquedos que os ajudem a interagir com respeito, exercitar a
inteligência e recomeçar a cada perda,são os melhores investimentos.
Não é a quantidade das coisas, mas o que eu quero com elas?
Mas fazer e viver isto
sem neuroses, mas que preencha o real motivo de se ter e fazer aquilo. Em
resumo, o minimalismo só tem sentido se me livra do que é supérfluo, não me
contribui e nada me acrescenta. O minimalismo atrai a atenção de gregos e
troianos porque talvez todos nós precisemos deixar pra trás alguns apegos que
nos pesam desnecessariamente. Queremos ter o essencial, pois o principal não
são todas as coisas que temos, mas o que eu faço com elas e como elas podem ser
realmente útil a mim e aos que amo. Eu quero viver bem a vida que eu ganhei de
presente. Queremos viver bem e de forma responsável.
Muito se fala sobre
minimalismo. Esse conceito tem se tornado cada vez mais recorrente e muitas
pessoas se identificam como minimalistas sem nem ao menos saber realmente de
que se trata. Inicialmente, o termo referia-se a manifestações artísticas e
culturais que ocorreram em distintos momentos do século XX. Elas baseavam-se em
utilizar somente o mínimo de elementos estruturais como forma de expressão da
arte e da comunicação. Até o Concílio Vaticano II fez uma reforma litúrgica buscando
a contemplação daquilo que é essencial. Entretanto, com o tempo, tal ideia
também foi incorporada a outras áreas da expressão humana e transformou-se em
um estilo de vida. O estilo de vida minimalista baseia-se em diminuir
drasticamente os níveis de consumo, adquirindo apenas os objetos necessários
para uma vida plena. Mas, além disso, essa forma de viver busca
olhar para os prazeres que o consumo desenfreado não compra. Os adeptos
do minimalismo priorizam uma vida mais simples e focada em seus reais
interesses, realização pessoal e autonomia. Sanar as dívidas, fazer compras
mais conscientes e se desfazer de tudo o que não tem utilidade são algumas
atitudes para quem pretende iniciar essa maneira de viver. Vale lembrar
que, de alguma forma, esse tipo de comportamento valoriza o autoconhecimento,
criticando a sociedade de consumo.
O
movimento minimalista vai de encontro à ideia de que não devemos apoiar nossa
felicidade e realização na conquista de bens materiais. Assim, passa por entender
que é possível bem viver sem precisar comprar tanto, o que nos remete à já
mencionada frase “menos é mais”.
Por um lado, adotar
essa praticidade pode ajudar na redução de gastos supérfluos e até em uma mente
mais saudável. Isso porque o minimalismo é uma forma de se livrar de sensações
como a “necessidade” de ter aquele tênis ou aquele celular de última geração
que se repete a cada lançamento de um novo produto.
Tudo
isso se encaixa bem àquilo o que chamamos de consumo consciente, que envolve “a
utilização dos bens até o fim de sua vida útil”, a preferência por produtos e
serviços ecologicamente corretos e o envolvimento em medidas de reciclagem.
Assim sendo, o minimalismo pode ser benéfico para as pessoas e é positivo para
o Planeta.
O movimento minimalista
prevê uma mudança de estilo de vida em que os adeptos buscam reduzir o consumo
em todas as áreas de sua vida. Certamente, é algo que pode ser desafiador, mas ninguém
precisa se sentir desmotivado por não estar preparado para algo que veja como
radical. É possível adotar pequenas mudanças de hábito que podem ter grande
impacto a seu favor e a favor do meio ambiente. Como mencionamos, o minimalismo
atende à princípios do consumo consciente e todos nós podemos dar mais atenção
ao tipo e origem de produtos que consumimos para reduzir a geração de lixo, por
exemplo.
Enquanto
a teologia da prosperidade prega capitalismo selvagem, consumo e acúmulo de
riqueza e capital, o minimalismo é exemplo de desapego. Passei a me interessar
por essa ideologia e me tornei um minimalista há uns três anos, pois vi nela
algo de nobre, só pelo fato de ir de encontro (ser contra) à lógica de consumo.
Prega o desapego, ter o mínimo possível, e só por utilidade.
Não precisamos ter uma
casa cheia de móveis, eletrodomésticos e vários carros, embora isso não seja um
dos males mais absurdos do acúmulo de bens materiais. Também, não precisamos obrigatoriamente
seguir a moda da estação, o que nos leva a entupir o guarda-roupa com coisas
que sequer vamos conseguir usar, e a comprar roupas praticamente toda semana.
Para que dez pares de sapatos guardados, quando só precisamos de um par nos
pés?
Não precisamos trocar
de carro a cada lançamento, aliás hoje com os aplicativos e melhorias no transporte
coletivo, entre eles o transporte ecológico. Apesar de não ser errado, o que
importa aqui é a que custo teremos que obter esse bem material? Ao custo da
perda do sono tranquilo, do endividamento com o banco? Da gaveta cheia de
boletos? O transporte público e os aplicativos não parecem ser bem mais
vantajosos em todos os sentidos nesse caso?
Minimalismo é cristão?
Ao abordar a ajuda
financeira ao necessitado, o próprio
Jesus Cristo aconselhou:
“Não ajunteis tesouros na terra,
onde a traça e a ferrugem tudo consomem, e onde os ladrões minam e roubam; Mas ajuntai tesouros no céu, onde nem a
traça nem a ferrugem consomem, e onde os ladrões não minam nem roubam. Porque
onde estiver o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração.” (Mateus 6,19-21)
Minimalismo aplicado de
forma Cristã é mais liberdade, a partir de uma vida mais fácil, com menos peso
para carregar. Ele nos ajudar a reconhecer o que realmente importa em nossa
breve vida, o que é de fato prioridade, tanto no dia-a-dia, quanto nos
planejamentos:
Quando tiramos os
excessos, o essencial se apresenta por si só. Se não preciso gastar tanto
dinheiro comprando móveis novos, carros ou roupas, posso gastar com meus
familiares em um restaurante, hotéis, passeios mais frequência. Não vamos mais precisar
limpar o pó de dezenas de móveis todos os dias, nem regar e podar um monte de
plantinhas, que estariam bem melhor e seriam muito mais úteis na natureza, para
contemplação de todos, terei muito mais tempo para descansar, ler um livro,
assistir a um filme, colocar uma série em dia, me dedicar aos entes queridos,
um trabalho voluntário e servir melhor na Igreja.A casa ficará bem mais arejada
e parecerá mais espaçosa. Talvez sobre até para a caridade, socorrer o órfão e
a viúva nas suas necessidades, mandamentos cristãos atualmente tão relegados.
Outra coisa boa dessa
filosofia de vida é uma mudança de olhar sobre o meu próximo. Antes eu olhava
torto para uma pessoa que vestisse a mesma roupa constantemente. Quem nunca
reparou isso na igreja? Isso é cultural, começamos na escola, menosprezando o
amiguinho mais pobres. Isto é superado com o estilo de vida minimalistas. A
idéia é simples, você tem dezenas de roupas no armário, mas sempre repete umas
duas ou três, simplesmente porque você se sente bem naquele estilo. Você sai e
sente que está bem, não com o mundo, ou com a opinião alheia e seus pré julgamentos,
mas com você mesmo(a). Quando adotamos o
minimalismo como estilo de vida, percebemos que as coisas duram até cinco vezes
mais quando não temos a ganância de possuir nem aquela ansiedade de comprar
outra e no fim a natureza agradece. Você pode ajudar pessoas que também estão
presas à lógica de acúmulo e consumo que as levam a angustias, ansiedades e depressões
quando suas expectativas não são supridas.
TESTEMUNHO:
“Apliquei a ideia à casa da minha
mãe. Foram uns dois dias jogando coisas fora. Ela chorava e segurava cada
tranqueira que havia acumulado durante toda sua vida. Eu fui duro com ela, pois
sabia que seria bom, até por causa da sua idade avançada, que já a limita para
os afazeres domésticos. Resultado: a
casa ficou arejada, com um estilo bem moderno, embora simples. Pedi a ela e a
meu pai que confiassem na minha reforma. Meu pai apoiou desde o início, pois
nunca gostou de reformas. Depois do resultado, minha mãe amou tudo e me
agradeceu. Ficou muito feliz, e assim continua”.
O que o Minimalismo não é ?
Minimalismo não é só
doar as roupas que emboloram sem uso ou jogar fora coisas há anos acumuladas.
Além
de comportamental, o mais importante é que a mudança seja mental. Deve ser algo movido pela consciência racional de que não
precisamos seguir a lógica de mercado, da teologia da prosperidade, do consumo
desordenado e do acúmulo de bens.
Lembre-se de que Jesus
entrou triunfante em Jerusalém montado em um jumento. Uma negação da vida
luxuosa dos poderosos de sua época, com seus carros e cavalos. Nasceu em uma
manjedoura, mostrando desapego por castelos e edifícios pomposos, embora fosse
rei que não tinha onde repousar a cabeça. Assim foi com seus discípulos também,
que passaram necessidades, fome, sede e falta de um abrigo, mesmo sendo escolhidos
e amparados pelo dono do mundo. Fica o apelo com tudo isto por uma vida mais
simples e humana, mais cristã, com mais liberdade de corpo, alma e espírito,
vista seu uniforme com orgulho, saia da lógica de consumo, da obsessão pela
posse, do ter por futilidade, e lance um novo olhar si mesmo e sobre o seu
semelhante.
CONCLUSÃO:
Jesus é simples e ama a
simplicidade, e viver conforme Jesus é andar em simplicidade, é não achar o seu
valor em títulos, posses e nos rótulos de glória que o próprio homem dá. Que a
bondade de Jesus alcance o seu coração hoje e que você possa aprender todos os
dias que Jesus é manso e humilde, que não se importou com posição, mas
simplesmente, em fazer a vontade do seu Pai, vivendo e dando o exemplo de uma
vida simples, a qual foi recomendada pelos apóstolos:
“Portanto,
como povo escolhido de Deus, santo e amado, revistam-se de profunda compaixão,
bondade, humildade, mansidão e paciência.” (Colossenses 3,12)
“Se por estarmos em Cristo, nós
temos alguma motivação, alguma exortação de amor, alguma comunhão no Espírito,
alguma profunda afeição e compaixão, completem a minha alegria, tendo o mesmo
modo de pensar, o mesmo amor, um só espírito e uma só atitude. Nada façam por ambição egoísta ou por
vaidade, mas humildemente considerem os outros superiores a si mesmos. Cada um
cuide, não somente dos seus interesses, mas também dos interesses dos outros.
Seja a atitude de vocês a mesma de Cristo Jesus, que, embora sendo Deus, não
considerou que o ser igual a Deus era algo a que devia apegar-se; mas
esvaziou-se a si mesmo, vindo a ser servo, tornando-se semelhante aos homens.
E, sendo encontrado em forma humana, humilhou-se a si mesmo e foi obediente
até à morte, e morte de cruz!” (Filipenses 2,1- 8)
Eclesiastes
3,12-13:
“Descobri que não há nada melhor para o homem do que ser feliz e praticar o bem
enquanto vive. Descobri também que poder comer, beber e ser recompensado pelo
seu trabalho é um presente de Deus”.
“Sei o que é passar necessidade e
sei o que é ter fartura. Aprendi o
segredo de viver contente em toda e qualquer situação, seja bem alimentado,
seja com fome, tendo muito, ou passando necessidade. Tudo posso naquele que
me fortalece”. (Filipenses 4,12-13)
Aguardamos sua colaboração enriquecendo a todos com seus comentários!
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