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Ser mais com menos - O Minimalismo é Cristão?

Written By Beraká - o blog da família on sábado, 22 de agosto de 2020 | 23:19






Algumas pessoas por e-mail tem nos questionado sobre o Minimalismo. Faremos aqui uma abordagem teológico cristã, até porque a Igreja [como magistério] não precisa se pronunciar sobre tudo. Na Exortação Apostólica Evangelii Gaudium, o Papa Francisco comentou:




“Não é função do Papa oferecer uma análise detalhada e completa da realidade contemporânea, mas animo todas as comunidades a uma capacidade sempre vigilante de estudar os sinais dos tempos”.



Portanto, o que vamos abordar não são verdades de fé, vamos comparar o Minimalismo tendo os valores cristão como pano de fundo. Talvez o minimalismo nem seja bem o que estamos a aprofundar aqui, mas é preciso começar, e tenho plena certeza que essa visão ainda será aperfeiçoada e enriquecida por nossos leitores e especialistas no assunto.






O que aparentemente propõe o minimalismo?

O mais com menos. Ter apenas o que realmente precisamos, gostamos, ou tenha sentido. Tudo o que vá além disso pode atrapalhar a simplicidade, ser supérfluo e torna-se um peso desnecessário. Podemos iniciar aplicando o minimalismo pelo vestuário. Lógico que muitas vezes não temos temos nem o “ideal”, mas é por onde podemos começar. Percebemos com esta experiência que temos mais quantidade que qualidade, e muitas coisas que nem gostamos de verdade e não tem sentido algum mantê-las conosco.Depois podemos passar aos livros e objetos. Nem tudo vai ficar perfeito, mas uma sensação do alivio de um peso toma conta de nós. Depois podemos passar a outros conteúdos como organização, finanças, prioridades e produtividade. Mas, o principal, como dizem muitos, é a sensação de leveza e maior liberdade com as coisas que ficamos, onde adquirem um novo sentido que não percebíamos antes. Começamos a encontrar as coisas quando as procuramos. Ficamos com poucas peças de roupa, mas nos tornamos mais criativos, fica mais fácil limpar e organizar a casa.




Não tem a ver só com coisas, mas com atitudes e pessoas também. Não se preocupar em ter Um milhão de amigos, e sim focar nos principais, aqueles(as) que você mais gosta, que lhe agrega valores e lhe impulsionam a superar desafios.Todo esse desapego é para ter o necessário que nos leva a realmente nos ater aquilo que é essencial que no fim de tudo sabemos que é Deus. Percebemos que o fim do minimalismo não está nele mesmo, na quantidade das coisas que você tem; mas como diminuir daquilo que nos rouba do essencial.Exemplo:


Quero me desfazer de algumas roupas e livros (vendendo ou doando), não pelo simples fato de querer ter poucos, mas de ter os que realmente são importantes e essenciais e que vou querer ler e reler. Quero ter roupas que durem mais e combinem entre si e façam eu me sentir bem. Não quero livros apenas para encher prateleiras com livros que eu não leio e que se ficarem comigo ninguém mais vai ler.



Alguns adeptos do minimalismo fazem isso por quererem se conectar com a natureza, por acreditar que a cada desapego sai uma energia ruim de você. Bom, respeito que pensa assim, mas não é este o meu caso e creio que isto não é ensino Cristão.Como dizia São João da Cruz, no fim, seremos julgados pelo amor. Amor ás coisas? Certamente não. Os minimalistas dizem:



“Amem pessoas, usem coisas, porque o inverso não costuma dar certo”



Então se eu quero o eterno, e viver o amor devo abdicar das “coisas” e viver na pobreza olhando para céu? Não! Mas sim fazer bom uso do que tenho, e que elas me ajudem nos meus principais objetivos, que é a minha salvação e daqueles por quem Jesus deu a sua vida. Se quero que meus filhos sejam crianças alegres, que vivam bem suas etapas, aprendam a dividir e a amar, não será com 500 brinquedos ou com aulas de tudo quanto é curso que vão os fazer serem “boas pessoas”, mas talvez aqueles 5 brinquedos que os ajudem a interagir com respeito, exercitar a inteligência e recomeçar a cada perda,são os melhores investimentos.





Não é a quantidade das coisas, mas o que eu quero com elas?


Mas fazer e viver isto sem neuroses, mas que preencha o real motivo de se ter e fazer aquilo. Em resumo, o minimalismo só tem sentido se me livra do que é supérfluo, não me contribui e nada me acrescenta. O minimalismo atrai a atenção de gregos e troianos porque talvez todos nós precisemos deixar pra trás alguns apegos que nos pesam desnecessariamente. Queremos ter o essencial, pois o principal não são todas as coisas que temos, mas o que eu faço com elas e como elas podem ser realmente útil a mim e aos que amo. Eu quero viver bem a vida que eu ganhei de presente. Queremos viver bem e de forma responsável.




Muito se fala sobre minimalismo. Esse conceito tem se tornado cada vez mais recorrente e muitas pessoas se identificam como minimalistas sem nem ao menos saber realmente de que se trata. Inicialmente, o termo referia-se a manifestações artísticas e culturais que ocorreram em distintos momentos do século XX. Elas baseavam-se em utilizar somente o mínimo de elementos estruturais como forma de expressão da arte e da comunicação. Até o Concílio Vaticano II fez uma reforma litúrgica buscando a contemplação daquilo que é essencial. Entretanto, com o tempo, tal ideia também foi incorporada a outras áreas da expressão humana e transformou-se em um estilo de vida. O estilo de vida minimalista baseia-se em diminuir drasticamente os níveis de consumo, adquirindo apenas os objetos necessários para uma vida plena. Mas, além disso, essa forma de viver busca olhar para os prazeres que o consumo desenfreado não compra. Os adeptos do minimalismo priorizam uma vida mais simples e focada em seus reais interesses, realização pessoal e autonomia. Sanar as dívidas, fazer compras mais conscientes e se desfazer de tudo o que não tem utilidade são algumas atitudes para quem pretende iniciar essa maneira de viver. Vale lembrar que, de alguma forma, esse tipo de comportamento valoriza o autoconhecimento, criticando a sociedade de consumo.



O movimento minimalista vai de encontro à ideia de que não devemos apoiar nossa felicidade e realização na conquista de bens materiais. Assim, passa por entender que é possível bem viver sem precisar comprar tanto, o que nos remete à já mencionada frase “menos é mais”.



Por um lado, adotar essa praticidade pode ajudar na redução de gastos supérfluos e até em uma mente mais saudável. Isso porque o minimalismo é uma forma de se livrar de sensações como a “necessidade” de ter aquele tênis ou aquele celular de última geração que se repete a cada lançamento de um novo produto.


Tudo isso se encaixa bem àquilo o que chamamos de consumo consciente, que envolve “a utilização dos bens até o fim de sua vida útil”, a preferência por produtos e serviços ecologicamente corretos e o envolvimento em medidas de reciclagem. Assim sendo, o minimalismo pode ser benéfico para as pessoas e é positivo para o Planeta.



O movimento minimalista prevê uma mudança de estilo de vida em que os adeptos buscam reduzir o consumo em todas as áreas de sua vida. Certamente, é algo que pode ser desafiador, mas ninguém precisa se sentir desmotivado por não estar preparado para algo que veja como radical. É possível adotar pequenas mudanças de hábito que podem ter grande impacto a seu favor e a favor do meio ambiente. Como mencionamos, o minimalismo atende à princípios do consumo consciente e todos nós podemos dar mais atenção ao tipo e origem de produtos que consumimos para reduzir a geração de lixo, por exemplo.



Enquanto a teologia da prosperidade prega capitalismo selvagem, consumo e acúmulo de riqueza e capital, o minimalismo é exemplo de desapego. Passei a me interessar por essa ideologia e me tornei um minimalista há uns três anos, pois vi nela algo de nobre, só pelo fato de ir de encontro (ser contra) à lógica de consumo. Prega o desapego, ter o mínimo possível, e só por utilidade.



Não precisamos ter uma casa cheia de móveis, eletrodomésticos e vários carros, embora isso não seja um dos males mais absurdos do acúmulo de bens materiais. Também, não precisamos obrigatoriamente seguir a moda da estação, o que nos leva a entupir o guarda-roupa com coisas que sequer vamos conseguir usar, e a comprar roupas praticamente toda semana. Para que dez pares de sapatos guardados, quando só precisamos de um par nos pés?





Não precisamos trocar de carro a cada lançamento, aliás hoje com os aplicativos e melhorias no transporte coletivo, entre eles o transporte ecológico. Apesar de não ser errado, o que importa aqui é a que custo teremos que obter esse bem material? Ao custo da perda do sono tranquilo, do endividamento com o banco? Da gaveta cheia de boletos? O transporte público e os aplicativos não parecem ser bem mais vantajosos em todos os sentidos nesse caso?


Minimalismo é cristão?


Ao abordar a ajuda financeira ao necessitado,  o próprio Jesus Cristo aconselhou:



“Não ajunteis tesouros na terra, onde a traça e a ferrugem tudo consomem, e onde os ladrões minam e roubam; Mas ajuntai tesouros no céu, onde nem a traça nem a ferrugem consomem, e onde os ladrões não minam nem roubam. Porque onde estiver o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração.” (Mateus 6,19-21)



Minimalismo aplicado de forma Cristã é mais liberdade, a partir de uma vida mais fácil, com menos peso para carregar. Ele nos ajudar a reconhecer o que realmente importa em nossa breve vida, o que é de fato prioridade, tanto no dia-a-dia, quanto nos planejamentos:


Quando tiramos os excessos, o essencial se apresenta por si só. Se não preciso gastar tanto dinheiro comprando móveis novos, carros ou roupas, posso gastar com meus familiares em um restaurante, hotéis, passeios mais frequência. Não vamos mais precisar limpar o pó de dezenas de móveis todos os dias, nem regar e podar um monte de plantinhas, que estariam bem melhor e seriam muito mais úteis na natureza, para contemplação de todos, terei muito mais tempo para descansar, ler um livro, assistir a um filme, colocar uma série em dia, me dedicar aos entes queridos, um trabalho voluntário e servir melhor na Igreja.A casa ficará bem mais arejada e parecerá mais espaçosa. Talvez sobre até para a caridade, socorrer o órfão e a viúva nas suas necessidades, mandamentos cristãos atualmente tão relegados.


Outra coisa boa dessa filosofia de vida é uma mudança de olhar sobre o meu próximo. Antes eu olhava torto para uma pessoa que vestisse a mesma roupa constantemente. Quem nunca reparou isso na igreja? Isso é cultural, começamos na escola, menosprezando o amiguinho mais pobres. Isto é superado com o estilo de vida minimalistas. A idéia é simples, você tem dezenas de roupas no armário, mas sempre repete umas duas ou três, simplesmente porque você se sente bem naquele estilo. Você sai e sente que está bem, não com o mundo, ou com a opinião alheia e seus pré julgamentos, mas com você mesmo(a). Quando adotamos o minimalismo como estilo de vida, percebemos que as coisas duram até cinco vezes mais quando não temos a ganância de possuir nem aquela ansiedade de comprar outra e no fim a natureza agradece. Você pode ajudar pessoas que também estão presas à lógica de acúmulo e consumo que as levam a angustias, ansiedades e depressões quando suas expectativas não são supridas.





TESTEMUNHO:


“Apliquei a ideia à casa da minha mãe. Foram uns dois dias jogando coisas fora. Ela chorava e segurava cada tranqueira que havia acumulado durante toda sua vida. Eu fui duro com ela, pois sabia que seria bom, até por causa da sua idade avançada, que já a limita para os afazeres domésticos. Resultado: a casa ficou arejada, com um estilo bem moderno, embora simples. Pedi a ela e a meu pai que confiassem na minha reforma. Meu pai apoiou desde o início, pois nunca gostou de reformas. Depois do resultado, minha mãe amou tudo e me agradeceu. Ficou muito feliz, e assim continua”.



O que o Minimalismo não é ?



Minimalismo não é só doar as roupas que emboloram sem uso ou jogar fora coisas há anos acumuladas.


Além de comportamental, o mais importante é que a mudança seja mental. Deve ser algo movido pela consciência racional de que não precisamos seguir a lógica de mercado, da teologia da prosperidade, do consumo desordenado e do acúmulo de bens.






Lembre-se de que Jesus entrou triunfante em Jerusalém montado em um jumento. Uma negação da vida luxuosa dos poderosos de sua época, com seus carros e cavalos. Nasceu em uma manjedoura, mostrando desapego por castelos e edifícios pomposos, embora fosse rei que não tinha onde repousar a cabeça. Assim foi com seus discípulos também, que passaram necessidades, fome, sede e falta de um abrigo, mesmo sendo escolhidos e amparados pelo dono do mundo. Fica o apelo com tudo isto por uma vida mais simples e humana, mais cristã, com mais liberdade de corpo, alma e espírito, vista seu uniforme com orgulho, saia da lógica de consumo, da obsessão pela posse, do ter por futilidade, e lance um novo olhar si mesmo e sobre o seu semelhante.






CONCLUSÃO:



Jesus é simples e ama a simplicidade, e viver conforme Jesus é andar em simplicidade, é não achar o seu valor em títulos, posses e nos rótulos de glória que o próprio homem dá. Que a bondade de Jesus alcance o seu coração hoje e que você possa aprender todos os dias que Jesus é manso e humilde, que não se importou com posição, mas simplesmente, em fazer a vontade do seu Pai, vivendo e dando o exemplo de uma vida simples, a qual foi recomendada pelos apóstolos:


“Portanto, como povo escolhido de Deus, santo e amado, revistam-se de profunda compaixão, bondade, humildade, mansidão e paciência.” (Colossenses 3,12)






“Se por estarmos em Cristo, nós temos alguma motivação, alguma exortação de amor, alguma comunhão no Espírito, alguma profunda afeição e compaixão, completem a minha alegria, tendo o mesmo modo de pensar, o mesmo amor, um só espírito e uma só atitude. Nada façam por ambição egoísta ou por vaidade, mas humildemente considerem os outros superiores a si mesmos. Cada um cuide, não somente dos seus interesses, mas também dos interesses dos outros. Seja a atitude de vocês a mesma de Cristo Jesus, que, embora sendo Deus, não considerou que o ser igual a Deus era algo a que devia apegar-se; mas esvaziou-se a si mesmo, vindo a ser servo, tornando-se semelhante aos homens. E, sendo encontrado em forma humana, humilhou-se a si mesmo e foi obediente até à morte, e morte de cruz!”  (Filipenses 2,1- 8)





Eclesiastes 3,12-13: “Descobri que não há nada melhor para o homem do que ser feliz e praticar o bem enquanto vive. Descobri também que poder comer, beber e ser recompensado pelo seu trabalho é um presente de Deus”.






“Sei o que é passar necessidade e sei o que é ter fartura. Aprendi o segredo de viver contente em toda e qualquer situação, seja bem alimentado, seja com fome, tendo muito, ou passando necessidade. Tudo posso naquele que me fortalece”. (Filipenses 4,12-13)




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