Carta aberta do IPCO à CNBB: "Virem a página da Teologia
da Libertação"
“Errar é humano, mas
perseverar no erro por arrogância é diabólico” (Santo Agostinho). Segundo notícias de imprensa, o
Conselho Permanente da CNBB irá discutir, no dia 5 de agosto, a “Carta ao Povo de Deus”,
vazada para uma colunista da Folha
de S. Paulo e assinada presumidamente por 152 bispos. A carta é um forte
ataque ao atual Governo, baseado muito mais em uma posição ideológica (subjetivista
e sem dados concretos) de esquerda do que na doutrina social da Igreja.Os primeiros nomes dos signatários,
que se tornaram públicos, são representativos de uma corrente episcopal cuja
doutrina claramente inspirou a redação do documento. São prelados de ascendência
alemã, hoje aposentados, que vibraram na sua juventude com a revolução marxista
promovida pelos corifeus da Teologia da Libertação. Após o colapso da
URSS, esses prelados – e outros da mesma corrente ideológica – se reciclaram
com as utopias ambientalistas e indigenistas e, em outubro passado, promoveram
o escandaloso culto à Pachamama nos jardins do Vaticano. Enquanto estavam na ativa e à frente das suas dioceses, esses prelados
foram os mentores do Partido dos Trabalhadores, seus maiores promotores,
através das Comunidades Eclesiais de Base (CEBs), e seus principais aliados
quando o partido conseguiu chegar ao poder e tentou implantar no Brasil o
regime socialista com o qual sonhavam. Descontentes
com o “aburguesamento” dos quadros do PT e sua demora em fazer as reformas
estruturais que a passagem para o socialismo necessitava, esses prelados
aliaram-se ao MST e aos “movimentos populares”, que representavam a ala
ardida da esquerda.
A Comunista "Pastoral da Terra"
Através da Pastoral da Terra, do Conselho Indigenista Missionário (CIMI)
e de outros organismos eclesiais, incentivaram e abençoaram as invasões de
terras e de prédios urbanos, a destruição de campos de pesquisa científica, as
greves e os distúrbios nas ruas, os arrastões e a impunidade para os
criminosos, como meio de pressão política sobre a opinião pública nacional e
sobre um Governo que, para eles, não estava sendo suficientemente radical em
suas reformas.
Mas esse desgosto não impediu esses prelados de manter seu apoio ao sistema petista quando
este compensou a relativa lentidão na aplicação das reformas econômicas com uma
radicalização apressada da agenda de corrupção dos costumes, mediante a
legalização de alguns casos de aborto, o reconhecimento das uniões
extraconjugais e de parceiros homossexuais, a paulatina introdução da ideologia
de gênero na educação das nossas crianças, o financiamento de expressões “artísticas”
imorais e blasfemas etc.
Por fim, quando explodiu o descontentamento da população pelo
aparelhamento do Estado, promovido pelo PT, e pela instalação do maior sistema
de corrupção financeira da história do Brasil e talvez da história da
humanidade, esses
prelados fizeram tudo que estava ao seu alcance para salvar esse Governo que
eles julgavam ser o mal menor. Mas, acima de tudo, para evitar que a onda
conservadora das ruas se traduzisse em um movimento de restauração moral em
nosso país, apressando-se a retirar qualquer apoio religioso aos que se levantavam
contra o processo de socialização do Brasil.Entretanto, a atuação militante
dessa ala mais à esquerda do episcopado não impediu o impeachment da
ex-presidente Dilma Rousseff e a posterior eleição do Sr. Jair Bolsonaro à
Presidência da República.Amargurados pela derrota eleitoral, incluindo o
estrondoso fracasso do Sr. Boulos e das outras correntes da extrema esquerda
com as quais esses prelados melhor se identificavam, ainda viram ser eleito,
escolhido pela maioria dos brasileiros, um homem que representava o oposto
ideológico do que defendiam.Diante do gradual desmantelamento
dos fracassados assentamentos de Reforma Agrária, dos guetos indígenas, do
combate à impunidade etc, esses Bispos, minoritários e aposentados, vociferam
agora sua frustração, voltando-se raivosamente contra as autoridades federais
com o pretexto da má condução da crise sanitária. Trata-se provavelmente de sua
derradeira tentativa (que seria incongruente qualificar de canto de cisne), de
persuadir o povo brasileiro da bondade de suas utopias, agora já nas vésperas
de deixar o palco e passar a engrossar a longa série dos “iluminados” que
fracassaram nessa missão de levar o Brasil para a esquerda.De tal maneira esses prelados derrotados estão cientes do abismo que os
separa das aspirações da maioria da população brasileira que, na sua
carta-vitupério, nem sequer tiveram a coragem de afirmar em alto e bom som os
princípios comunistas que os animam. Servindo-se de circunlóquios e de outras
ginásticas verbais, procuraram exprimir seu pensamento:O Brasil seria uma “sociedade estruturalmente desigual, injusta
e violenta”, o sistema do atual Governo colocaria no centro “a defesa intransigente dos interesses de uma
‘economia que mata’, centrada no mercado e no lucro a qualquer preço”,
seu desprezo pela educação e a cultura ficaria visível “no desconhecimento e depreciação de processos pedagógicos e de importantes
pensadores do Brasil” (não teria sido mais simples e
transparente dizer “a ‘pedagogia dos oprimidos’ de Paulo Freire”?), etc.O fanatismo ideológico desses
prelados os leva a ver o cisco no olho alheio e a não perceber a trave no
próprio. “Até a religião é
utilizada”, afirmam eles incautamente, “para manipular sentimentos e crenças, provocar divisões,
difundir o ódio, criar tensões”, como se não fosse precisamente isso
que fizeram durante décadas por meios das CEBs e das pastorais de apoio às
atividades incendiárias dos movimentos ditos “populares”.Por terem
sido esses prelados os responsáveis em promover, durante décadas, a luta de
classes e o comunismo, são eles que se fazem merecedores da apóstrofe que
dirigem ao presidente Bolsonaro e ao seu Governo: “Como não ficarmos indignados diante do uso do nome de Deus
e de sua Santa Palavra, misturados a falas e posturas preconceituosas, que
incitam ao ódio, ao invés de pregar o amor, para legitimar práticas que não
condizem com o Reino de Deus e sua justiça?”Na realidade, o que os
bispos signatários da «Carta ao Povo de Deus» rejeitam é, sobretudo, o apoio que o Presidente Bolsonaro recebe
de católicos conservadores, assim como de lideranças pentecostais que contam
com um eleitorado também conservador nos costumes.
Paradoxalmente, os principais
responsáveis pela perda de fiéis católicos e pelo crescimento dessas igrejas
pentecostais, tão atuantes na política, foram esses mesmos bispos da “esquerda
católica”, que hoje se queixam do resultado de seus próprios desatinos.
Os próprios
protestantes não hesitam em reconhecer que seu crescimento exponencial se deu no
período em que a corrente desses prelados, adeptos da Teologia da Libertação,
dirigia a CNBB. Ao apoiarem o PT, o MST e outros movimentos de esquerda,
conferindo um viés político às suas pastorais, esses bispos católicos
desagradaram milhões de fiéis que, sentindo-se órfãos de uma verdadeira
assistência religiosa, migraram para as seitas protestantes! Em 2001, o então líder da Convenção
Batista do Brasil, o pastor Nilson Fanini, resumiu para a revista
americana Time1, em
um comentário, ao qual não falta uma nota de sarcasmo, como e por qual motivo
isso se deu: “A Igreja Católica optou pelos pobres, mas os pobres optaram pelos evangélicos”. Por quê? Simplesmente
porque “essas
pessoas estavam famintas de algo mais do que simplesmente comida; os
evangélicos supriram melhor as necessidades emocionais e espirituais do povo”,
afirmou para a mesma revista o Sr. Henrique Mafra Caldeira
de Andrada, diretor do programa protestante no Instituto de Estudos Religiosos
de Rio de Janeiro.Em nome da interpretação marxista
da “opção preferencial pelos
pobres”, feita pela Teologia da Libertação, as conferências
episcopais da América Latina deram apoio à agenda revolucionária de esquerda. O
resultado foi o abandono de milhões de almas, sobretudo das pessoas mais
simples, nas mãos dos pastores protestantes.Um estudo do Conselho
Episcopal Latino-Americano—CELAM revelou, no fim dos anos 1990, que, já
naqueles anos, 8.000 latino-americanos abandonavam a Igreja Católica por dia e
passavam para os evangélicos!2Em apenas quatro décadas —
levando-se em conta o crescimento populacional do Brasil —, essa mal
interpretada “opção preferencial pelos pobres” de viés
esquerdista fez com que os protestantes ganhassem 30 milhões de adeptos e a
Igreja Católica perdesse mais de 50 milhões de fiéis, para eles
ou para as diversas seitas, ou até para a irreligião.Essa é a triste evidencia
dos fatos. Ela é uma prova flagrante de que foi por terem apoiado correntes
revolucionárias e demagógicas que muitos prelados levaram a Igreja Católica a
ser desacreditada junto aos pobres e aos excluídos. Os mesmos “excluídos” que esses bispos ‘foice e martelo’ dizem
querer libertar!Em 1975, Plinio Corrêa de Oliveira,
inspirador deste Instituto que leva o seu nome, em carta a D. Arns, então
Cardeal de São Paulo, lembrou que a população desse Estado, embora continuasse
a frequentar os sacramentos e a encher as Igrejas, não acompanhava o clero
esquerdista na sua subversão. O que ele notava, àquela altura de nossa
história, bem pode ser aplicado à situação atual. Dizia ele:“Atitudes como a dos signatários do documento de Itaici vão abrindo um
fosso cada vez maior, não entre a Religião e o povo, mas entre o Episcopado
paulista e o povo”. […] “A Hierarquia Eclesiástica, na própria medida em que se omite no combate
à subversão comunista, vai se isolando no contexto nacional. E nos parece
indispensável que alguém lhe diga que a subversão é profunda e inalteravelmente
impopular entre nós, e que a Hierarquia paulista tanto menos venerada e querida
vai ficando, quanto mais bafeja a subversão”.
Reconhecemos que Vossas Excelências não são da mesma
geração desses frustrados e fracassados bispos que assinaram a famigerada Carta ao Povo de Deus! Como
os jovens israelitas nascidos no cativeiro da Babilônia, os Senhores podem
justificadamente murmurar: “Os
pais comeram uvas verdes, e prejudicados ficaram os dentes dos filhos”
(Jer 31, 29). Em outras palavras, a
atual direção da CNBB herdou uma situação catastrófica que foi criada pelos
seus antecessores imediatos. Incumbe agora
aos Senhores reparar o dano! Para isso foram sagrados Bispos da Santa Igreja,
chamados por Deus à altíssima missão de restaurar o Catolicismo no Brasil, para
cujo cumprimento podem contar com o apoio dos fiéis católicos que frequentam os
sacramentos, muito mais numerosos do que as minguadas tropas dos militantes das
CEB's. Se Vossas Excelências não
abandonarem resolutamente a via errada pela qual se embrenharam seus
predecessores e entrarem em clara consonância com as aspirações religiosas
profundas do povo brasileiro e, em particular, de seu próprio rebanho católico,
o
abismo psicológico que hoje separa as ovelhas dos pastores não fará senão
crescer, com a perda suplementar de milhões de almas! Quando os Srs.
estudaram no seminário, o latim, este já tinha sido abandonado no currículo
acadêmico. Mas ser-lhes-á fácil compreender a frase, outrora famosa, de Santo
Agostinho: “Humanum fuit errare, diabolicum est per animositatem in errore manere”.[3]
Na atual emergência nacional, que
requer a união de todos os brasileiros num projeto que atraia a imensa maioria
da população, seria realmente diabólico obstinar-se no erro
humano que levou à trágica perda de incontáveis fiéis e grave prejuízo para
todo o País. Apelamos, portanto, para o bom senso do Conselho Permanente da
Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, pedindo a Vossas Excelências que
repudiem, com a máxima energia, o documento escandaloso assinado por 152 dos seus
irmãos no episcopado e o façam saber do alto dos púlpitos! É preciso ficar
claro, à maioria conservadora do público brasileiro, que essa "posição
minoritária" não corresponde à maioria dos bispos do Brasil! A mais importante reforma
que o Brasil tanto necessita – e que espera ver encampada por seus bispos – é a
moral: “Buscai em primeiro lugar o Reino de Deus! E todas estas coisas (sociais) vos serão dadas em acréscimo.”
É com essas esperanças que nos
dirigimos respeitosamente a Vossas Excelências, pedindo sua bênção,
In Jesu et Maria,
São Paulo, 4 de agosto de 2020
Festa litúrgica de S. João Maria Vianney, o Cura d’Ars
Eduardo de
Barros Brotero - Diretor
INSTITUTO PLINIO CORRÊA DE OLIVEIRA (IPCO)
REFERÊNCIAS:
[1]http://content.time.com/time/magazine/article/0,9171,156277,00.html
[2]https://www.ncronline.org/blogs/all-things-catholic/dramatic-growth-evangelicals-latin-america
[3] Sermões 164.14.
Fonte:https://ipco.org.br/carta-aberta-do-ipco-a-cnbb-virem-a-pagina-da-teologia-da-libertacao/
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