A longa evolução da
arte militar, da organização e do funcionamento, é produto de séculos, com
tentativas de erros e acertos ao longo da história, não é fruto de uma sentada
de pseudo iluminados. O aparato militar é uma situação em que a sociedade,
atribuindo a um determinado grupo as responsabilidades maiores por sua soberania
e, mesmo, sua integridade, assume o compromisso de prover algum tipo de amparo
à pessoa e à família de quem conscientemente aceitou colocar sua
vida em risco, em defesa da segurança coletiva, portanto, contrariando uma
injusta e mal colocada frase de Geraldo Vandré em sua composição: “para dizer
que não falei das flores”. O que se percebe, é justamente o oposto, pois o
militar, não vive e nem morre sem razão, muito pelo contrário.
“Os militares são homens que mais por soldos e salários, fizeram a
opção, em abraçar uma causa maior, vivem em comum, comendo do mesmo alimento,
dormindo em leitos iguais. De manhã, a um toque de corneta, se levantam. De
noite, a outro toque de corneta, se deitam. Da sua vontade em favor de si
próprios fizeram renúncias, incluindo a de sua própria vida, em favor do outro,
(e não há maior amor, do que aquele que
dar a vida pelo próximo). Seu nome é sacrifício. Por ofício desprezam a
morte e o sofrimento físico. As belezas de suas ações heroicas são tão grande
que os poetas não se cansam de as celebrar. Quando eles passam juntos, fazendo barulho, os corações mais cansados
sentem estremecer alguma coisa dentro de si. A gente os conhece-os por
militares. Corações mesquinhos lançam-lhes em rosto o pão que comem; e os seus
soldos. Publicistas e alguns jornalistas demagogos, e irresponsáveis, e de vista
curta, acham-nos caros demais, como se alguma coisa houvesse mais cara que a
vida. Eles, porém, calados, continuam fazendo todos os dias o seu trabalho e
arriscando suas vidas para defender e presevar as nossas. E quando ele se
põe em marcha, à sua esquerda vai coragem, e à sua direita a disciplina". (MONIZ BARRETO - Carta a El-Rei de
Portugal, 1893).
As palavras de Moniz
Barreto se referem de forma poética, mas irrefutável, às especificidades
daqueles que abraçam a carreira das armas. As dimensões continentais do Brasil, a sua
representatividade no cenário mundial, as pendências e os contenciosos que
envolvem até mesmo os países mais desenvolvidos denotam que a sobrevivência das
nações depende, fundamentalmente, da capacidade de suas Forças Armadas
sustentarem as decisões estratégicas do Estado, bem como de atuarem contra
ameaças à sua integridade política. Recursos humanos altamente
qualificados, treinados, motivados e bem equipados são o fundamento da
capacitação de qualquer Força Armada, refletindo o desejo da própria sociedade.
As Forças Armadas são, portanto, o elemento final para a preservação dos interesses
vitais de uma nação.
Características
da Profissão Militar:
a. Risco de vida: Durante toda a sua
carreira, o militar convive com risco. Seja nos treinamentos, na sua vida
diária ou na guerra, a possibilidade iminente de um dano físico ou da morte é
um fato permanente de sua profissão. O exercício da atividade militar, por
natureza, exige o comprometimento da própria vida.
b. Sujeição a preceitos rígidos de disciplina
e hierarquia:
Ao ingressar nas Forças Armadas, o militar tem de obedecer a severas normas
disciplinares e a estritos princípios hierárquicos, que condicionam toda a sua
vida pessoal e profissional.
c. Dedicação exclusiva: O militar não pode
exercer qualquer outra atividade profissional, o que o torna dependente de seus
vencimentos, historicamente reduzidos, e dificulta o seu ingresso no mercado de
trabalho, quando na inatividade.
d. Disponibilidade permanente: O militar se mantém
disponível para o serviço ao longo das 24 horas do dia, sem direito a
reivindicar qualquer remuneração extra, compensação de qualquer ordem ou
cômputo de serviço especial.
e. Mobilidade geográfica: O militar pode ser
movimentado em qualquer época do ano, para qualquer região do país, indo
residir, em alguns casos, em locais inóspitos e destituídos de infraestrutura
de apoio à família.
f. Vigor físico: As atribuições que o
militar desempenha, não só por ocasião de eventuais conflitos, para os quais
deve estar sempre preparado, mas, também, no tempo de paz, exigem-lhe elevado
nível de saúde física e mental. O militar é submetido, durante toda a sua
carreira, a periódicos exames médicos e testes de aptidão física, que
condicionam a sua permanência no serviço ativo.
g. Formação específica e aperfeiçoamento
constante:
O exercício da profissão militar exige uma rigorosa e diferenciada formação. Ao
longo de sua vida profissional, o militar de carreira passa por um sistema de
educação continuada, que lhe permite adquirir as capacitações específicas dos
diversos níveis de exercício da profissão militar e realiza reciclagens
periódicas para fins de atualização e manutenção dos padrões de desempenho.
h. Proibição de participar de atividades
políticas:
O militar da ativa é proibido de filiar-se a partidos e de participar de
atividades políticas, especialmente as de cunho político-partidário.
i. Proibição de sindicalizar-se e de
participação em greves ou em qualquer movimento reivindicatório: O impedimento de
sindicalização advém da rígida hierarquia e disciplina, por ser inaceitável que
o militar possa contrapor-se à instituição a que pertence, devendo-lhe
fidelidade irrestrita. A proibição de greve decorre do papel do militar na
defesa do país, interna e externa, tarefa prioritária e essencial do Estado.
j. Restrições a direitos trabalhistas: O militar não
usufrui alguns direitos trabalhistas, de caráter universal, que são assegurados
aos trabalhadores, dentre os quais incluem-se: remuneração do trabalho noturno
superior à do trabalho diurno; jornada de trabalho diário limitada a oito
horas; obrigatoriedade de repouso semanal remunerado; e remuneração de serviço
extraordinário, devido a trabalho diário superior a oito horas diárias.
k. Vínculo com a profissão: Mesmo quando na
inatividade, o militar permanece vinculado à sua profissão. Os militares na
inatividade, quando não reformados, constituem a "reserva" de 1ª
linha das Forças Armadas, devendo se manter prontos para eventuais convocações
e retorno ao serviço ativo, conforme prevê a lei, independente de estarem exercendo
outra atividade, não podendo por tal motivo se eximir dessa convocação.
l. Conseqüências para a família: As exigências da
profissão não ficam restritas à pessoa do militar, mas afetam, também, a vida
familiar, a tal ponto que a condição do militar e a condição da sua família se
tornam estreitamente ligadas:
- A formação do
patrimônio familiar é extremamente dificultada.
- A educação dos
filhos é prejudicada.
- O exercício de
atividades remuneradas por cônjuge do militar fica, praticamente impedido.
- O núcleo familiar,
não estabelece relações duradouras e permanentes na cidade em que reside,
porque ali, normalmente, passará apenas três anos.
A
Formação Militar
O ingresso na
carreira militar ocorre mediante concurso público, do qual participam milhares
de jovens. As escolas de formação militar organizam suas atividades de modo
muito exigente: formaturas, aulas, reuniões, manobras, exercícios físicos e
inspeções. Uma programação que começa, diariamente, às 06:00 hs da manhã com a
"alvorada" e termina às 22:00 hs com o "toque de silêncio".
A maior parte delas funciona em regime de internato. Não se trata, apenas, de
uma situação acadêmica, em que, terminada a aula, ou mesmo antes, o aluno
retira-se para sua casa ou para onde lhe aprouver. Durante todo dia, estão
presentes os encargos e deveres, as condições de disciplina e a exposição aos
riscos do treinamento militar, em qualquer nível.
Os alunos de uma escola militar são
submetidos a rigorosos testes de avaliação, que abrangem os campos intelectual,
psicológico, físico, moral, disciplinar e de aptidão específica para a carreira
militar.
Os valores e as atitudes próprios do militar e a necessária capacitação
profissional serão desenvolvidos por meio do serviço diário, da orientação
constante, de um cuidadoso e realístico programa de ensino e de instrução, que
abrange aulas, conferências, exercícios práticos e manobras, em que o risco
estará sempre presente, como em qualquer atividade militar.
Os
objetivos dos sistemas educacionais das Forças Armadas se referem:
- À formação e ao
aperfeiçoamento do combatente.
- Á formação do chefe
militar, para os diferentes níveis hierárquicos da carreira.
- À especialização de
técnicos (nas três Forças Armadas) em áreas como: planejamento; engenharia
nuclear; informática; medicina; hidrografia e inúmeras outras.
A
Carreira Militar
O processo de
ascensão funcional na carreira militar difere das práticas existentes nas
demais instituições. Os postos e as graduações dos militares são
indispensáveis, não só na guerra, mas também em tempo de paz, pois traduzem,
dentro de uma faixa etária específica, responsabilidades e a habilitação
necessária para o exercício dos cargos e das atribuições que lhes são
correspondentes. O militar exerce, ao longo de sua carreira, cargos e funções em graus
de complexidade crescente, o que faz da liderança fator imprescindível à
instituição. Esses aspectos determinam a existência de um fluxo de
carreira planejado, obediente a critérios definidos, que incluem a higidez, a
capacitação profissional e os limites de idade, tudo isto influindo nas
promoções aos postos e graduações subsequentes. Sem esse fluxo, a renovação
permanente, possibilitada pela rotatividade nos cargos, ficaria extremamente
prejudicada e a operacionalidade atingida. Essas promoções são realizadas
segundo um planejamento a longo prazo, necessário para definir, com exatidão,
as vagas existentes em cada posto ou graduação e administrar o fluxo de
carreira nos diferentes quadros de oficiais e de graduados. A exemplo
do que ocorre em todo o mundo, não é só uma temeridade, como também uma
irresponsabilidade, com relação à operacionalidade da Força, exigir exercício
pleno das atividades militares de Oficiais e Praças em idade avançada.
A
Inatividade
O militar ingressa na
inatividade quando passa para a Reserva. Ao passar para a Reserva, continua
mantendo vínculos com a respectiva Força Armada, ficando pronto para ser
convocado. Essa obrigação só desaparece com a reforma, por idade ou por
incapacidade física. O termo "aposentadoria", largamente usado para
definir a situação de inatividade, na realidade não traduz fielmente o que
ocorre com os militares. Para os trabalhadores em geral, este termo é aplicável
e correto porque, ao serem aposentados, permanecem nesta situação de acordo com
a sua vontade e conveniência. Na prática, os militares em inatividade, observados
sua condição física e o limite de idade para a Reforma, encontram-se "em
disponibilidade remunerada", situação determinada pelas condições
relativas à carreira, mais especificamente, o fluxo de carreira, à rotatividade
nos cargos e os limites de idade para cada posto ou graduação, tudo isto
visando à conseqüente e necessária renovação dos efetivos da Força.
Pesquisa realizada pelo Ministério da Defesa demonstra que, em vários países o
militar recebe tratamento previdenciário especial, haja vista as evidentes
peculiaridades comuns às Forças Armadas em todo o mundo.
Critérios
de passagem para a inatividade
Basicamente, o
militar das Forças Armadas pode passar à inatividade de forma voluntária ou
involuntária (ex-offício). Voluntariamente, só depois de completar 30 (trinta)
anos de serviço, e, ex-offício, ao atingir a idade limite de permanência no
serviço ativo (variável com o posto ou graduação), ou quando apresentar
problema de saúde que o incapacite para o serviço ativo. Na verdade, o trabalho
extra e freqüente, exercido pelos militares, sem qualquer compensação
financeira, acumulado ao longo da carreira, faz com que os trinta anos de
efetivo serviço correspondam a muito mais do que o previsto para a
aposentadoria de um outro servidor federal ou trabalhador assalariado b.
Direitos previdenciários extintos pela MP 2131/2000 (reeditada como MP 2215-
10, de 31 Ago 01-LRM) -Licença especial de 6 meses/10 anos de Sv -Licença
especial de 6 meses, não gozada, não conta mais em dobro para a inatividade
-Remuneração do posto / graduação acima -Gratificação de tempo Sv (anuênio)
-Cômputo do tempo de estudante universitário nos casos em que o ingresso é
mediante concurso público -Habilitação da filha à pensão militar.
A
Pensão Militar
É a importância paga,
mensalmente, aos beneficiários do militar falecido ou assim considerado, nos
termos da Lei. É de origem bicentenária (1795-período colonial, antes de surgir
na Alemanha em 1883, o embrião da previdência social). Os militares da união
(da ativa e inativos) sempre contribuíram para a pensão militar. Todos os
militares da união (da ativa e inativos) contribuem, mensalmente, com 7,5% para
a pensão militar e com até 3,5% para a assistência médico-hospitalar, sobre os
seus proventos. Vale destacar que os Art 142 e 144 da CF/88 estabelecem as
atribuições das Forças Armadas e das Forças Auxiliares. As Forças Auxiliares
possuem um sistema previdenciário vinculado aos Estados da Federação. Mesmo
quando na inatividade, o militar permanece vinculado à sua profissão. Nessa
situação, o militar é classificado em dois segmentos bem distintos -a reserva e
a reforma. Os militares na reserva estão sujeitos a leis militares, em especial
ao Estatuto dos Militares e ao Regulamento Disciplinar, podendo ser mobilizados
a qualquer momento. Esse elenco de especificidades, inerentes à profissão,
enforma o aparato legal que regula as diferentes situações e relações do
militar no Estado. Portanto, ao se abordar o tema da remuneração dos militares
na inatividade, devem ser consideradas as peculiaridades do ofício do militar,
anteriormente analisadas. A questão da remuneração dos militares federais na
reserva e dos reformados, bem como das pensões, é percebida a partir de
conceitos, de entendimentos e de uma suposta racionalidade que não se amparam
na legislação vigente e nem na realidade. O que se observa, quanto a essa
discussão, na maioria das vezes, é um verdadeiro exercício de ficção e de total
desconhecimento do assunto, que se tomam evidentes até mesmo no emprego de
conceitos básicos. Assim, com muita frequência, constata-se a referência ao
regime previdenciário dos militares. Ora, os militares federais nunca tiveram e
não têm um regime previdenciário estatuído, seja em nível constitucional, seja
no nível da legislação ordinária. Essa característica é histórica no Brasil O
Art. 142, da Constituição Federal, no inciso X do seu parágrafo 32, estabelece,
literalmente, que a lei disporá sobre o ingresso nas Forças Armadas, os limites
de idade, a estabilidade e outras condições de transferência do militar para a
inatividade, "consideradas as peculiaridades de suas atividades". Que
significa isto? Significa que as condições de transferência do militar para a
inatividade, inclusive os seus vencimentos, são estabelecidas a partir das
peculiaridades das atividades do militar, peculiaridades essas que não são
consideradas, portanto, apenas para efeitos de remuneração na ativa e de
contrato de trabalho, mas se estendem às demais relações de trabalho do militar.
Essa perspectiva é histórica, mais que centenária, na legislação brasileira. As
condições de transferência do militar para a inatividade e de percepção de
pensões estão estabelecidas no Estatuto dos Militares (Lei n° 6.880, de 09 de
dezembro de 1980), na Lei de Remuneração dos Militares (Medida Provisória n°
2.215-10, de 31 de agosto de 2001) e na Lei de Pensões (Lei n° 3.765 de 04 de
maio de 1960). Em todos esses diplomas legais e na própria Constituição
Federal, como já foi dito, nunca houve e não há qualquer referência a sistema
ou a regime previdenciário dos militares federais. Portanto, não há regime
previdenciário dos militares e, logicamente, não há o que referir a equilíbrio
atual do regime previdenciário dos militares federais, porque ele não existe e
por essa razão, quase que ontológica, porque não existe, não pode ser predicado
e, conseqüentemente, não pode ser contributivo, nem de repartição. A
remuneração dos militares na inatividade, dos reformados e os da reserva, é
total e integralmente custeada pelo Tesouro Nacional. Portanto, os militares
não contribuem para "garantir a reposição de renda" quando não mais
puderem trabalhar. Essa garantia é totalmente sustentada pelo Estado. Os
militares federais contribuem, sim, com 7,5% da sua remuneração bruta para
constituir pensões, que são legadas aos seus dependentes e com 3,5 % , também
da remuneração bruta, para fundos de Saúde. Cabe ressaltar que as origens da
pensão militar, no Brasil, remontam ao Século XVIII, quando criado o Plano de
Montepio Militar dos Oficiais do Corpo da Marinha, em 23 de setembro de 1795.
Este documento foi o primeiro ensaio no sentido de assegurar à família do
militar falecido assistência condigna e compatível com o ambiente social em que
vivia. Portanto, o advento da pensão militar tem uma historicidade que antecede
mesmo ao movimento previdenciário no Brasil, cuja origem é atribuída à Lei ELOY
CHAVES de 1923. O desenvolvimento histórico da legislação brasileira
sobre pensões militares reforça sempre o sentido da constituição de um patrimônio
que, após a morte do militar, será legado aos seus dependentes. É por isso que
o militar contribui, durante toda a sua vida profissional e na inatividade, até
a sua morte, para formar esse patrimônio. É necessário entender esses
fundamentos que têm sustentado, historicamente, no Brasil, a instituição de
pensão militar . Não se trata de um sistema de repartição, em que um universo
de contribuintes sustenta um universo de beneficiários. Essa visão é
extemporânea à gênese da instituição da pensão e pode provocar decisões
equivocadas e danosas. Inúmeros cálculos já realizados indicam que, com uma
remuneração anual de 6%, os recursos arrecadados com essas contribuições
atendem à despesa com a pensão do militar por toda a vida do seu cônjuge e dos
seus filhos e, se considerarmos os descontos de 7,5 % sobre a remuneração
bruta, procedimento em vigor a partir de dezembro de 2000, o capital acumulado
suporta por tempo infinito o pagamento das pensões dos herdeiros do militar.
Outro aspecto que
precisa ser esclarecido diz respeito a, aproximadamente, 40.000 pensões
especiais decorrentes de múltiplos diplomas legais e que não se referem a
militares nem têm a contrapartida de uma contribuição que a sustentem. No
entanto, as despesas com essas pensões especiais são computadas à conta das
pensões militares e correspondem a quase 34% desse total. Tem sido também
difundida pela mídia "a questão das filhas dos militares" que
recebem, por todas as suas vidas, pensões. Desde de 29 de dezembro de 2000, não
existe mais esse direito, que era também centenário. Todos os cidadãos que
ingressaram nas Forças Armadas, a partir daquela data, não foram mais amparados
pela antiga disposição legal. Estabeleceu-se, então, uma regra de transição
para aqueles que, naquela data, já fossem militares. Por essa regra, todos os
que desejassem manter esse direito deveriam descontar 1,5% dos seus vencimentos
brutos. Pois bem, segundo cálculos estimativos realizados pelo Ministério da
Previdência e pelo Ministério do Planejamento, os recursos arrecadados,
anualmente, seriam cerca de 170 milhões de reais e permitiriam superávit até o
ano de 2017. Cálculos mais precisos, porque baseados em dados decorrentes dos
anos de 2001 e 2002, portanto reais, permitem afirmar que, provavelmente, esse
sistema será superavitário até 2036, quando se inicia o seu período de
extinção, em decorrência de a população do sistema atingir o limite previsível
de sobrevida. Portanto, a intervenção nesse processo ocasionará a interrupção
de um fluxo de receita anual de cerca de 120 milhões de reais, a devolução dos
recursos já arrecadados e, com grande probabilidade, inúmeras demandas
judiciais, que, certamente, decorreriam dessa medida.
Sistema
de Saúde:
Necessidade
Operacional e Assistencial: A manutenção de um sistema de saúde próprio é
indispensável ao bom andamento dos integrantes das Forças Armadas, ao preparo
da reserva mobilizável e, especialmente, ao apoio às operações militares. Além
disso, é essencial atender às exigências da Forças em diversas localidades do
País, onde há necessidade de apoio de saúde permanente, que está além das
possibilidades dos sistemas de saúde civis. A participação da
Instituição no Programa Calha Norte comprova a presença da Força em regiões
inóspitas e remotas do País. A Assistência Médico-Hospitalar, sob forma
ambulatorial ou hospitalar, é prevista no Estatuto dos Militares como direito
do militar (ativo ou inativo) e de seus dependentes, bem como dos pensionistas
nas condições e limitações impostas na legislação e regulamentação específicas.
É prestada pelas organizações de saúde dos Ministérios Militares, pelo Hospital
das Forças Armadas e por organizações de saúde do meio civil, mediante convênio
ou contrato. A contribuição mensal devida pelos militares da ativa, da
inatividade e pensionistas é no mínimo 2,7% e de até 3,5%. Há, ainda, o
ressarcimento de 20% dos procedimentos médicos, dentísticos e hospitalares.
Assim, o sistema de saúde é auto-sustentado por meio da participação dos
próprios usuários.
Proclama-se, de longa
data, haver injustiça no fato dos militares da União possuírem direitos que
outros trabalhadores não possuem. A maior das injustiças, entretanto, seria:
tratar com igualdade aqueles que exercem atividades distintas. A "Condição
Militar", internacionalmente reconhecida, em países desenvolvidos ou não,
submete o profissional às exigências a que nos referimos, que não são impostas,
na sua totalidade, a nenhum outro servidor.
Dentre essas
exigências vale lembrar: risco de vida permanente; sujeição a preceitos rígidos
de disciplina e hierarquia; dedicação exclusiva; disponibilidade permanente;
mobilidade geográfica; vigor físico; formação específica e aperfeiçoamento
constante; proibição de participar de atividades políticas; proibição de
sindicalizar-se e de participação em greves ou em qualquer movimento
reivindicatório; restrições a direitos sociais; e vínculo com a profissão mesmo
na inatividade. Essas imposições, próprias da natureza da atividade militar,
não ficam restritas à pessoa do profissional, mas afetam fortemente a vida
familiar, produzindo conseqüências tais como: dificuldade em construir e
administrar o patrimônio da família; prejuízos graves na educação dos filhos; e
restrições para que o cônjuge exerça outras atividades remuneradas. É
incontestável que a intenção do legislador, nos incisos VI e VII do artigo 37
da Constituição de 1988, ao se referir ao servidor público como detentor dos
direitos de associação sindical e de greve, excluiu taxativamente o militar. O
preceito constitucional, pois, reconhece a diferença entre as duas classes,
distinguindo suas funções e atividades profissionais. O texto constitucional,
de forma explícita, previne as práticas discriminatórias contra os
trabalhadores, mas em nenhum momento equipara os servidores civis aos
militares.
A carreira militar é
estruturada de forma singular, pois tem características diferenciadas em vários
aspectos que vão desde o tipo de promoção de seus profissionais, ou o modo
peculiar de que se reveste o exercício de suas funções, até a condição especial
de seus inativos. Alterar os princípios dessa estrutura, que são
internacionalmente reconhecidos, significa correr o risco de inviabilizar tal
carreira para o fim maior a que se destina. A profissão militar inicia-se, para
a maioria de seus profissionais (oficiais e graduados) em escolas cujo ingresso
é feito mediante concurso público de âmbito nacional. Ao exame de escolaridade,
apenas uma das etapas da seleção, associam-se exames médicos, de aptidão física
e psicológicos. Nessas escolas, o estudante militar executará, gradualmente,
todas as atividades exigidas dos profissionais militares já formados, com o
esforço necessário e os riscos decorrentes. Ele não é, portanto, um estudante
comum participando de um ambiente acadêmico. Daí justificar-se a contagem do
tempo de serviço passado nas escolas de formação.
A passagem do militar
para a inatividade pode ser feita segundo dois critérios principais:
1)- Por contar, no
mínimo, 30 (trinta) anos de serviço.
2)- E/ou, atingir a
idade-limite prevista para o posto ou graduação.
A preservação de tais
princípios é fundamental para assegurar-se o indispensável rejuvenescimento dos
quadros e a manutenção de níveis adequados de competência profissional. No
tocante à Assistência Médico-Hospitalar, as Forças Armadas possuem um sistema
de saúde que cumpre dois papéis: manter em atividade uma estrutura de paz que
possa evoluir, com facilidade, para tempo de guerra, e proporcionar assistência
médica à família militar e às comunidades civis em regiões carentes. A
falta de um regime previdenciário próprio, que contemple as peculiaridades da
profissão militar, poderá acarretar, às Forças, modificações substanciais em
sua estrutura, no seu moral e, conseqüentemente, na sua eficiência, a saber:
1)- A submissão dos
militares aos critérios de limites de idade idênticos a outras profissões
inviabilizaria o perfil e o fluxo de carreira anteriormente abordados, com
repercussões danosas na operacionalidade das Forças.
2)- A evasão dos militares
mais antigos e a diminuição dos candidatos à carreira das Armas.
3)- comprometimento
do sistema de saúde militar para fins operacionais, que é mantido em permanente
estado de prontidão em face da necessidade de atender à família militar e a um
expressivo segmento civil nas regiões mais carentes.
Se há uma parte do
Brasil que não deu nenhum problema nos últimos tempos pós regime militar, foram
os militares.Nessa situação que vive o Brasil, resta perguntar às instituições
e ao povo: quem realmente está pensando no bem do país e das gerações futuras e
quem está preocupado apenas com interesses pessoais? O Exército
Brasileiro julga compartilhar o anseio de todos os cidadãos de bem, de repúdio
à impunidade, de respeito à Constituição, à paz social e à Democracia, bem como
se mantém atento às suas missões institucionais.
Constatamos
três grandes avanços da democracia brasileira, pós período governamental militar:
1)-A estabilidade ainda
que não totalmente perfeita, das instituições representativas: Executiva,
legislativa e judiciária.
2)-O fim da hiperinflação,
que impedia qualquer planejamento econômico, e investimento internacional.
3)- Avanços contra a
pobreza absoluta e a completa falta de inclusão social.
Um
conceito fundamental que causa muita confusão nos liberais é o entendimento
equivocado sobre o individualismo:
O problema é que a
palavra possui vários significados que são usados de formas distintas e foram
incorporados ao pensamento liberal. Uma olhada no Aurélio deixa claro o
problema:
“Individualismo: [De individual + ismo] S. m. 1. A existência
individual. 2. Fig. Sentimento, conduta, etc., egocêntricos, egocentrismo. 3.
Filos. Doutrina ou atitude que considera o indivíduo como a realidade mais
essencial ou como o valor mais elevado. 4. Filos. Doutrina que explica os fenômenos históricos ou sociais por meio da
ação consciente de indivíduos. 5. Filos. Doutrina pela qual a sociedade deve
visar, como fim único, ao bem dos indivíduos que a constituem.”
Como podem ver são
vários conceitos que, mesmo estando presentes no pensamento liberal, tem
significados diferentes, isso gera muita confusão. É o caso de quem acredita
que o liberal é um defensor do egoísmo por tomar o segundo sentido da palavra. Não
que o egoísmo não tenha um papel fundamental no pensamento liberal, Smith já
falava do padeiro que nos atendia ao buscar seus próprios interesses, o tema
também está na Fabula das Abelhas de Mandeville (link aqui) e nem vou falar de
Ayn Rand. Porém muitos autores liberais usam o terceiro e o quarto
significado do termo, economistas em geral e estudiosos do pensamento austríaco
devem estar familiarizados com o quarto significado, também conhecido como
individualismo metodológico. É esse significado, muito mais que o de
egoísmo, que justifica as maximizações de utilidade nos cursos de economia.
Aprofundando o
terceiro significado do termo, aquele que coloca o indivíduo como valor mais
elevado. Nesse sentido o termo individualismo aparece como antônimo de
tribalismo ou coletivismo, não de altruísmo. Esse é o sentido usado por Karl
Popper.Se alguém for a uma única obra de Popper recomendamos que seja
“Sociedade Aberta e seus Inimigos”, livro em que Popper explica bem esse
significado de individualismo e mostra os riscos totalitários no pensamento
coletivista. Fica a dica para quem quiser conhecer uma análise
diferente de autores como Platão, Mill, Hegel e Marx.
Popper usa alguns
exemplos de passagens marcantes que ilustram o conceito de individualismo como
antônimo de tribalismo e não de altruísmo. O primeiro exemplo vem de ninguém
menos que Jesus Cristo, insuspeito de ser egoísta. Repare no seguinte trecho em
Mateus, 22, 34-40:
“E os fariseus, ouvindo que ele fizera emudecer os saduceus, reuniram-se
no mesmo lugar. E um deles, doutor da lei, interrogou-o para o experimentar,
dizendo: Mestre, qual é o grande mandamento na lei? E Jesus disse-lhe: Amarás o
Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu
pensamento. Este é o primeiro e grande mandamento. E o segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti
mesmo. Destes dois mandamentos dependem toda a lei e os profetas.”
Esse trecho
normalmente é resumido como “Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo
como a ti mesmo”. Repare que Cristo não faz referência à tribo, o próximo, que deve ser
amado como a você mesmo, é um indivíduo. Acima de você e dos outros indivíduos
apenas Deus. Não há um lugar para tribo acima do indivíduo, a não ser que
alguém considere que a tribo é a representação de Deus. Uma visão que
me parece doentia do estado, mas que existe por aí. No sentido usado no Popper,
que é o terceiro sentido listado no Aurélio, A lei do Senhor, tal como resumida
por Cristo, é uma lei individualista, não egoísta, mas que coloca o indivíduo,
ou seja, meu próximo, em pé de igualdade a mim.Seria estranho que Cristo
colocasse a tribo, uma criação humana, acima do indivíduo, que afinal foi
criado a imagem e semelhança de Deus. Outra passagem usada por Popper para
ilustrar o individualismo é um trecho de Ideologia Alemã de Karl Marx. No trecho um dos raros momentos em que Marx
descreve a sociedade comunista, lemos:
“ Ao passo que na sociedade comunista, na qual cada homem não tem um
círculo exclusivo de atividade, mas se pode adestrar em todos os ramos que
preferir, a sociedade regula a produção geral e, precisamente desse modo, torna
possível que eu faça hoje uma coisa e amanhã outra, que cace de manhã, pesque
de tarde, crie gado à tardinha, critique depois da ceia, tal como me aprouver,
sem ter de me tornar caçador, pescador, pastor ou crítico.”
Note que no mundo idealizado por Marx a
escolha do que fazer é determinada pelo indivíduo, e não pelo coletivo. Marx fala “tal como
me aprouver” e não “tal como aprouver à tribo”, ou o estado. Como conciliar
essa escolha individual com a ideia que “a sociedade regula a produção geral” é
coisa que eu não sei dizer, tente perguntar a algum marxista. O que
interessa aqui é que uma sociedade onde o indivíduo, e não a tribo, escolhe
onde trabalhar é uma sociedade individualista. No mundo perfeito de
Marx, contradições à parte, cada um escolhe o que fazer, em sociedades
coletivistas é a tribo, ou o estado, que escolhe e determina, o que cada um
deve fazer. Em uma sociedade coletivista a tribo escolhe se o indivíduo vais
ser soldado, crítico literário ou médico de acordo com as necessidades da
tribo, no mundo de Marx a escolha segue o que “aprouver” o indivíduo.
Na lei da coletivista
o indivíduo deve amar o estado mais que a ele mesmo ou ao próximo, é antiga
lição de morrer pelo estado ou viver sem razão individual, mas sempre coletiva,
da qual falava Geraldo Vandré em sua letra, da música caminhando e cantando. Na
lei dos profetas o indivíduo deve amar a Deus acima de tudo e ao próximo como a
ele mesmo. Assim como o sábado foi feito para o homem, e não o homem para o
sábado, da mesma forma: O estado foi feito para o homem, e não o homem para o
estado.Como toda filosofia o individualismo deve ser mesclado com algum
pragmatismo quando tratamos de temas aplicados.
A esquerda gosta de
usar o capitalismo para falar mal do capitalismo. Gosta de usar a tecnologia,
por exemplo, para condenar o avanço tecnológico capitalista. Gosta de usar
ferramentas desenvolvidas em Israel para pregar o boicote a Israel. Usa o
Facebook para falar mal dos Estados Unidos e do livre mercado. E por aí
vai.Para variar um pouco, vamos deixá-los experimentar do próprio veneno. Vamos
pegar novamente a música símbolo do movimento comunista no Brasil de autoria de
Geraldo Vandré, uma música que marcou toda uma geração, e adaptá-la para os
tempos modernos, para combater o próprio socialismo, o bolivarianismo, o
lulopetismo:
“Nos quartéis lhes
ensinam antigas lições / De morrer pela pátria e viver sem razão...”
Segundo a esquerda,
os soldados (mas jamais os esquerdistas fanáticos), aprendiam lições, como se
houvesse uma lavagem cerebral aceitavam cumprir as ordens do governo cegamente,
mas acredito que em sua maioria, muitos sabiam exatamente o que combatiam (a
ditadura comunista atéia), e a quem combatiam (militantes armados, dispostos a
matarem e a morrerem) e evidentemente, concordavam com os meios e fins da
Contrarrevolução Comunista. Como diz a frase, eles supostamente, aceitavam
morrer pelo seu país, seu povo e familiares, mesmo que para isso eles fossem
recriminados e mal entendidos pela população que apoiava a implantação de uma
ditadura comunista no Brasil.
“Somos todos
soldados, armados ou não...”
Isto é verdade: ser
ou não soldados, lutando por uma causa, todos eram soldados armados, ou não, a
diferença está nas armas usadas (reais e intelectuais), e na motivação de seu
uso.
“Os amores na mente,
as flores no chão / A certeza na frente, a história na mão...”
A maioria, se não
todas as pessoas que participavam ativamente dos manifestos de ruas, eram motivadas
pelas perdas de pessoas e valores ameaçados que sofriam, de ambos os lados (dos
revolucionários e contrarrevolucionários).
“Aprendendo e
ensinando uma nova lição...”
Grande parcela dos
jovens brasileiros de hoje, desconhecem as motivações de ambos os lados, ou
seja, dos revolucionários e contrarrevolucionários. Muitos jovens de hoje, não
conseguem imaginar que existiu um tempo em que não havia internet, raves, DVD,
CD, TV em cores e muito menos TV a cabo, shopping centers, big brother, redes
sociais, entre outras coisas. Os jovens são movidos a saciar seus desejos e
vontades muitas vezes supérfluas e estão mais preocupados com o próprio
bem-estar. Insatisfação contra a corrupção, violência, injustiça, leis,
governos, escolas, valores morais estabelecidos e ameaçados.
De certa forma, a música
de Geraldo Vandré, nos conscientiza e informa sobre o ano de 1968 e os demais
que se seguiram ao regime governamental militar, nos faz repensar sobre
atitudes e ideais, sobre o velho e o novo, que foi um período necessário de transição, e parte
importante e indispensável da história, que não podemos negar. Mesmo depois de
40 anos essa composição ainda pode nos expor a importância da luta pelos nossos
objetivos, desejos e ideais, mas principalmente de como o conhecimento dos
próprios direitos e deveres é imprescindível para que se construa uma sociedade
melhor e democrática, além de ser o nosso principal dever como cidadão.
Não espere a história
acontecer, assistindo de camarote,vamos fazer a hora. Vamos enfrentar todas as tentativas
de implantação de ditaduras, seja de direita, ou esquerda. Não agir assim é
perder o bonde da história. As atuais forças
políticas no Brasil conseguirá se organizar e disputar um novo projeto de país?
Um que não tenha vergonha de reconhecer seus erros e atuar em campos que lhe
são espinhentos, como a violência urbana, e a liberdade de mercado, com menos
estado? Poderá construir uma nova narrativa que desperte o sonho e o
engajamento dos mais novos? Muitos desses jovens estão descontentes, mas não
sabem o que querem (sabem apenas o que não querem!). Boa parte
deles está em êxtase, alucinados pelos resultados das manifestações de rua e
com o poder que acreditam ter nas mãos. Mas ao mesmo tempo com medo. Pois
cobrados de uma resposta sobre sua insatisfação, no fundo, no fundo, conseguem
perceber apenas um grande vazio. Pode-se continuar dando às costas a
eles, chamando-os de fascistas, ou abrir o diálogo, muitas vezes difícil, mas
necessário. Há um déficit de democracia participativa que precisa
ser resolvido, não somente pelas Comunas, grupos organizados, ou por pseudo
iluminados. Só votar e esperar quatro
anos não adianta mais para esse grupo, pois muitos jovens reivindicam
participar mais ativamente da política. Querem mais formas de interferir
diretamente nos rumos da ação política de sua cidade, estado ou país. Não da
mesma forma que as gerações de seus pais e avós, claro. Precisamos, urgentemente,
ouvir os mais novos e construir com eles um projeto para a sociedade em que
vivemos. Negar isso e buscar, novamente, saídas de cima para baixo, seja
através da esquerda democrática ou da direita liberal. Não admira que quem
sugere adotar as soluções de sempre são as mesmas pessoas que não entenderam o
significado das manifestações de rua de 2013, ou que nada aprenderam com elas.
O Comunismo, na teoria,
insiste numa sociedade sem classes. Embora o mundo saiba através de tristes
experiências que o Comunismo criou classes novas e um novo Código de injustiça,
pois onde se instalou, e na tentativa de combater a ditadura burguesa, acabou
instalando uma ditadura de estado com seus poderosos dirigentes, sendo e agindo
de forma mais cruel, opressora, e com uma mão de ferro mais pesada que a de seus
antecessores, e gozando de benesses que o restante da população não
goza.No
Comunismo, a alma do indivíduo está amarrada pelas cadeias do conformismo, e o
espírito pelas algemas da obediência ao partido. Despojam-no da consciência e
da razão. O mal do Comunismo está em não ter uma teologia nem uma Cristologia;
revela assim uma antropologia muito confusa, tanto acerca de Deus, como acerca
do homem.Apesar
dos discursos brilhantes sobre o bem-estar das massas, os métodos do Comunismo
e a sua filosofia despem o homem da sua dignidade e do seu valor, reduzindo-o à
despersonalização duma simples roda na engrenagem do Estado.Tudo isto,
claro, sai fora da harmonia do pensamento cristão. Não procuremos enganar-nos:
estes sistemas de idéias são por demais contraditórios para poderem
reconciliar-se. São maneiras totalmente opostas de encarar o mundo e a sua
evolução. Temos obrigação, como Cristãos, de rezar sempre pelos comunistas, mas
nunca poderemos, como verdadeiros cristãos, tolerar a filosofia do Comunismo.
Há, contudo, no espírito e na
ameaça do Comunismo alguma coisa que nos diz respeito. O falecido Arcebispo de
Cantuária, William Temple, considerava o Comunismo como uma heresia cristã.
Queria significar com isso que algumas das verdades de que o Comunismo se
apossou são parte integrante da doutrina cristã, embora misturadas com teorias
e práticas que nenhum cristão pode aceitar.A teoria do Comunismo, mas não
decerto, a prática incita-nos a preocuparmo-nos mais com a justiça social. Com
todas as suas falsas assunções e com todos os seus métodos cruéis, o Comunismo
surgiu como um produto contra as injustiças e indignidades infligi das sobre os
desprivilegiados.O Manifesto Comunista foi escrito por homens apaixonados pela
justiça social. Karl Marx, filho de judeus que, por sua vez, descendiam duma
família de rabinos, e eram, portanto versados, como é natural, nas Escrituras
Hebraicas nunca conseguiu esquecer as palavras de Amós:
“Mas que jorre a equidade como uma fonte e a justiça como uma torrente
que não seca” (Amós 5:24).
Admitamos
honestamente que, nem o capitalismo tradicional, nem o marxismo contêm a
verdade; ambos representam apenas uma verdade parcial.Historicamente, o capitalismo
falhou no discernimento da verdade no empreendimento coletivo, assim como ao
Marxismo faltou o discernimento da verdade no empreendimento individual. O
Capitalismo do século dezenove não soube perceber que a vida é social, e o
marxismo não soube ver, nem ainda o sabe que a vida é individual e social.
O
Reino de Deus não é a tese do empreendimento individual nem a antítese do
empreendimento coletivo; é a síntese que reconcilia a verdade de ambos.
Não
devemos apelidar de comunista ou de pacifista todo aquele que reconhece não
serem o histerismo e o ódio a resolução para os problemas dos nossos dias. Não
nos empenhemos num anticomunismo negativo, e procuremos antes afirmar uma
confiança positiva na democracia, compreendendo que a nossa maior defesa contra
o Comunismo será a de tomar uma ofensiva entusiástica a favor da justiça e do
direito.Como os primeiros cristãos, temos de caminhar, num
mundo muita vez hostil, armados com o revolucionário evangelho de Jesus Cristo.
Com ele, podemos desafiar audaciosamente o status quo e as práticas injustas,
abreviando o tempo em que:
“Todo o vale
seja entulhado, toda a
montanha e colina sejam abaixadas,os cimos sejam aplainados,e as escarpas sejam niveladas, e então, a
glória de Deus manifestar-se-á”. (Isaías 40,4-5)
CONCLUSÃO:
Estamos a duras penas
constatando que a corrupção no Brasil não é causada por meras falhas
individuais, é uma corrupção sistêmica, que envolve esquemas profissionais de
coleta e distribuição, do qual fazem parte agentes públicos e privados,
empresas estatais e privadas, partidos políticos, membros do congresso, do
Executivo e até do judiciário. O que se pode pedir à sociedade para superar este conflito moral que
atravessamos, é paciência, aliada às justas reinvindicações e cobrança de atuação dos órgãos
responsáveis, já que uma eventual vitória do país contra a corrupção não
acontecerá de uma hora para outra. Essa é uma luta que ganharemos por
pontos, não por nocaute. A situação brasileira
a qual passamos, é igual a de um viciado em drogas: Imagine um indivíduo
viciado em drogas. Ele é muito funcional, consegue até fazer seu trabalho. Mas
o vício está fazendo muito mal a ele. No
momento em que ele começa a enfrentar o vício, a vida fica muito mais difícil,
por causa da abstinência. Mas essa é a única maneira de ele melhorar. O país
se viciou numa forma de fazer negócios e política de forma corrupta como
se fosse algo normal.Acho que estamos no caminho de nos dar conta da gravidade
do problema e começamos o 'detox' e nos livrarmos dessa droga, que é a
corrupção. A crise atual, seria a crise de abstinência da corrupção. O
setor público é muito grande e ineficiente.A corrupção e a transformação do
país não acontecerá apenas por meio da justiça, mas de uma reforma moral e política, com investimentos em educação. Estamos à beira de uma revolução profunda
no Brasil: mudar o paradigma da ética pública e privada. Esta é a última tarefa
da nossa geração: ganhamos da hiperinflação e tivemos grandes vitórias contra a
pobreza extrema.
O brasileiro de um
modo geral, não quer morar num país diferente, mas sim, num Brasil diferente.
Apostolado Berakash
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Veja um relato pessoal de alguém que viu um pouco da revolução socialista de perto: http://carlosliliane64.wixsite.com/magiaeseriados/um-relato-pessoal
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