1) Deus
sempre se arrepende do que faz? “Então se arrependeu o Senhor de haver feito o
homem sobre a Terra...O Senhor se arrependeu do mal que dissera havia de fazer
ao seu povo...E o Senhor se arrependeu de haver posto a Saul Rei sobre
Israel...Assim diz o Senhor: Estou arrependido do mal que vos tenho feito...Então
o Senhor se arrependeu disso. Não acontecerá, disse o Senhor...” Ora, não se
diz que Deus é o mesmo ontem, hoje e sempre? Como Uma hora Ele diz que é bom e
outra hora se arrepende?
R: Pensemos primeiramente sobre o possível “arrependimento” de Deus por
ter criado o homem (Gn. 6,6). A ideia
bíblica teológica para arrependimento é mudar de direção, ou de comportamento
ante a comprovação de algum pecado (do
grego: hamartia =Erro de alvo). O objetivo para o qual o homem existe, que
é glorificar a Deus, não foi cumprido e o pecado não estava contemplado no
plano da criação, logo Deus muda de direção em relação a seu plano original
para que a criação não seja destruída. Em suma o “arrependimento” exposto
significa mudança de planos, pois o plano original não contemplava o pecado,
depois que entrou o pecado os planos tiveram que mudar (arrependimento = mudança de planos / direção).
2)- Então
quando ele vê que o homem faz algo que o desagradou, Ele muda suas ações de
acordo com as circunstâncias?
R: Nem sempre, pois não é possível evidenciar um padrão aqui, isto é,
sempre que o homem faz algo que desagrada a Deus Ele muda seu plano? Certamente
que não. As intervenções ocorreram em
alguns eventos pontuais onde Deus interviu na história, como a torre de Babel
por exemplo. Mas não se apresenta um padrão fixo, pois o fato de Deus ser o
Senhor do tempo e da história não significa que ele intervém no tempo e na
história todo, só quando necessário, caso contrário, o livre arbítrio seria uma
lenda. Temos o exemplo do povo de Deus ter sido escravizado (durante a
história) por diversos ditadores, e contudo, não houve intervenção direta de
Deus. Se eu conseguisse formular um padrão fixo e previsível para a ação de Deus,
Ele não seria Deus, e eu sim, por poder prever Suas ações. Deus é livre e
soberano em suas ações e aparentes silêncios.
3)- Ok,
então no plano original não contemplava o pecado. Mas Deus não é onisciente,
sabe o presente, o passado e o futuro? Se Ele sabia o que ia acontecer, Ele
sabia que o pecado aconteceria. Deus tinha que esperar o pecado acontecer para
"mudar de direção"?
R: Ora, se Deus agisse impedindo que Adão e Eva livre, consciente e
deliberadamente (as três condições sine qua non, para o pecado se efetivar)
cometessem o pecado antes mesmo dele ocorrer, seriamos assim como
marionetes, sem vontade própria. Deus demonstra com isto, que nunca quis que a
humanidade o servisse como Senhor de forma obrigatória, vemos neste sentido, a justificativa
do livre arbítrio no plano de Deus.
4)- Há
algum sentido mínimo que seja em "Eu te crio e te dou livre arbítrio, mas
se você me desobedecer exercendo esse mesmo livre arbítrio que te dou, você vai
ser punido?” - Que "livre
arbítrio" é esse?
R: O Plano original não contemplava o pecado, e havia uma Lei que para o
pecado a consequência era a morte, neste sentido se Deus não tivesse alterado o
plano inicial não haveria humanidade, esta teria findado com Adão e Eva. Pela
misericórdia Divina tivemos outra chance e Jesus Cristo pagou o preço de morte
por todos nós e agora podemos chegar a Deus novamente. Além de que, quem cria tem a prerrogativa de estabelecer as suas
próprias normas, portanto se quisermos viver neste universo, vamos ter que nos
submeter às leis, naturais, morais e sociais. Porque não vemos ninguém
contestando a Lei da gravidade? A Lei da Gravidade também foi imposta, e todos
estão sujeitos a ela, quer queiramos, gostemos ou não. Devemos entender de
uma vez por todas que as Leis estabelecidas por Deus são para serem cumpridas,
mas temos a liberdade de não querer cumpri-las sofrendo claro, suas
consequências: naturais, morais e
sociais. Se você resolver desobedecer a Lei da gravidade pulando do 30º
andar de um prédio não vai adiantar reclamar, vai morrer de qualquer jeito,
simples assim. Agora você pode se perguntar porque Deus nos deu o livre
arbítrio? Ora, Deus te deu a livre escolha sobre o que vai fazer e a quem vai
seguir, mas evidentemente as consequências são frutos das escolhas deliberadas
que fizemos. Quando plantamos coisas boas certamente colheremos coisas boas, e
quando plantarmos coisas ruins certamente colheremos as suas consequências. O Grande problema é que ninguém quer a
consequência ruim para escolhas ruins, e aí fica a colocar a culpa em Deus por
colher o fruto ruim. Nesta hora fica conveniente esquecer que fomos nós que
plantamos o fruto, e a colheita boa ou ruim, é consequência de nossas opções e
daquilo que plantamos.
5)- Como
acreditar numa Cobra Falante?
R.: Não preciso repetir que não sou a favor de uma interpretação literal
da maioria dos relatos de Gênesis sobre a criação. Grande parte dos relatos
bíblicos, foram narrados pedagogicamente de maneira simbólica, para formular o
conceito de pecado. E como todos sabemos umas das formas de se ensinar
sabiamente é com alegorias. Porém as alegorias, os não iniciados não entendem,
porque não dispõem das chaves de interpretações. A Bíblia não foi feita para se
interpretar ao pé da letra (modalidade
conhecida como fundamentalismo).É preciso descobrir o que se esconde por
detrás das narrativas, e qual era a intenção do autor, ou autores sagrados. Com
relação a COBRA FALANTE, como os ateus gostam de se referir, seria difícil
determinar qual teria sido a verdadeira aparência (lembrando que o demônio era
um ser espiritual) e o sentido alegórico da tal serpente, já que não se diz
muito deste animal no antigo testamento. É preciso contextualizar para melhor
entender, que o homem da antiguidade não tinha nenhuma preocupação científica
ao fazer as narrativas, e estas, eram adaptadas a esse homem, filho de seu
tempo, para que ele entendesse a mensagem. A bíblia, portanto, é um livro de
religião, não de ciências, e não pretendia falar cientificamente como o mundo
foi criado, mas apenas afirmar que Deus é quem criou o universo e tudo que
existe. Isso não impede a ciência de estudar e descobrir o "como", e
o quando? de forma mais precisa. Já o
porquê? ou seja, o sentido da criação, é uma questão mais filosófica e
religiosa, que científica.Ora, para a Igreja Católica evolução e criação
não são conceitos que se excluem, mas muito pelo contrário, pois se completam.
Este também, é o estilo dos escritos semíticos atribuir a Deus características
humanas: ira, vingança, necessidade de descanso (Ora Deus que é puro espírito,
precisa descansar?). Deus, sendo espírito, precisaria moldar um homem de barro
para dar origem ao ser humano? É preciso entender que o texto é poético,
composto de belas metáforas. É o estilo semita que atribui a Deus atitudes
humanas. O "barro" significa que o homem tem sua origem terrena. O
narrador está mais preocupado com a mensagem de fé, que com os dados de um “método científico”, que refere-se a um
aglomerado de regras básicas dos procedimentos que produzem o conhecimento
científico, quer um novo conhecimento, quer uma correção (evolução) ou um
aumento na área de incidência de conhecimentos anteriormente existentes. Na
maioria das disciplinas científicas, este método consiste em juntar evidências
empíricas verificáveis, baseadas na observação sistemática e controlada,
geralmente resultantes de experiências ou pesquisa de campo, e analisá-las com
o uso da lógica. Para muitos autores, o
método científico nada mais é do que a lógica aplicada à ciência. Os
métodos que fornecem as bases lógicas ao conhecimento científico são: método indutivo, método dedutivo, método
hipotético-dedutivo, método dialético, método fenomenológico, etc. Descrições
embriões de métodos científicos são encontrados em civilizações antigas, como
no Antigo Egito e na Grécia Antiga, mas só foi na sociedade islâmica, há cerca
de mil anos, ou seja, bem posterior aos escritos do livro do Gênesis, que as bases do que seria o método científico
atual foram sendo construídas, com o trabalho do cientista Ibn Al- Haytham nos
seus estudos sobre ótica, fazendo ele ser considerado por muitos "o
primeiro cientista". O método utilizado por ele já contava com
similaridades com o método de Descartes e o atual método científico em voga,
como: a observação e a pesquisa teórica
anterior ao fazer o experimento, a separação em categorias e comparar a
hipótese construída de acordo com os resultados. A metodologia científica
se recebe o arremate final no pensamento de René Descartes, que foi
posteriormente desenvolvido empiricamente pelo físico inglês Isaac Newton.
Descartes propôs chegar à verdade através da dúvida sistemática e da
decomposição do problema em pequenas partes, características que definiram a
base da atual pesquisa científica. Desta forma, compreendendo-se os sistemas
mais simples, e gradualmente se incorporam mais variáveis, em busca da
descrição do todo.O autor sagrado, portanto, quer expressar a nossa fragilidade
nas mãos de Deus como o barro nas mãos do oleiro, que era um trabalhado de
importância fundamental na cultura judaica. Assim, sem contar com dados
científicos, o homem foi direto ao ponto: Deus, é a explicação e origem de
tudo. Imagine se o autor sagrado escrevesse:
"Deus fez o universo através da grande explosão primordial do
big-bang, e logo após através de um processo evolutivo, surgiu o sistema solar
com uma estrela de quinta grandeza, que através de um sistema gravitacional de
rotação e translação, podemos perceber o dia e a noite. Posteriormente após o
período jurássico, aconteceu o processo evolutivo do homem, e de toda criação,
até aquilo que somos e vemos hoje...”
Ora, com uma explicação desta natureza, para o homem daquele tempo, não
teria sentido algum. Em primeiro lugar, o povo a que se destinava naquele
momento a narrativa, não iria entender patavinas. Em segundo lugar o objetivo
da mensagem se perderia. Ficaria sua abrangência menor e insignificante para o
propósito da narração.
6) E sobre
Jó? Lúcifer ali pôde acessar a Deus, dirigir-se a Ele, e falar com Ele. Isso
mostra que ambos coexistem no mesmo patamar hierárquico.
R: Errado, os anjos também possuem acesso a presença de Deus e nem por
isso se encontram no mesmo patamar hierárquico que Deus, devemos entender que
hierarquia é diferente de acesso.Tanto anjos como demônios só existem mediante
a permissividade e glória da existência Divina. Os anjos caídos, (demônios) não
possuem permissão para viverem na glória (presença) de Deus como os anjos
normais, porém Deus permitiu (neste momento) que satanás o experimentasse
acerca de Jó, para que tivéssemos um exemplo de perseverança e confiança em
Deus, que leva Jó a proclamar: “Deus
deu, Deus tirou, em tudo seja bendito o Sr!”
7) Os
profetas de Deus, aqueles que deveriam pregar ao povo de Israel e ser exemplos
vivos do próprio Deus de amor, por exemplo, Eliseu. Pediu a “porção dobrada” da
unção de Elias, não bem a recebeu, e o que ele faz com sua “porção dobrada”?
Causa a morte de quarenta e dois “meninos”, amaldiçoando-os em nome de Deus.
Foram mortos por duas ursas. Agora me diga as “crianças” não são inocentes? Ou
será que naquela época as crianças não eram inocentes e somente depois é que ficaram
sendo?
R: Entenda que Deus respeita a sua Palavra e é justo sempre, seja com
adultos ou crianças, Sua Palavra vale para todos: “Ai daquele que vai contra um
ungido de Deus...Quem toca num ungido do Senhor e pode ficar impune?...",
os “jovens” citados no texto e não crianças, escarneceram de um ungido
de Deus, um profeta, que naquela
época tinha a autoridade de Deus sobre a terra, e sofreram as conseqüências
por seus atos. Em outros momentos aconteceram muito mais mortes, por exemplo na
rebelião de Coré, Datã e Abirão contra Moisés, outro escolhido de Deus, neste
episódio foram aproximadamente 14.000 pessoas mortas por aviltarem a autoridade
de Deus, que era manifesta em Moisés. Imagine
que hoje você xinga ou ofende um Juiz ou um Delegado? Imediatamente é dada a
ordem de prisão, ou seja, você vai pagar por aquilo que fez na mesma hora.
Você tem o entendimento que não deve desacatar uma autoridade para que não
pague por isso. Os jovens citados sabiam
das conseqüências de escarnecer de um ungido de Deus, ainda mais de um profeta.
É justo então transgredir a lei e não ir pra cadeia? Deus é Justo com todos.
8) Deus é
fiel? O que aconteceu com os discípulos de Jesus, os que deram sangue, suor e
lágrimas pela divulgação do Evangelho? Morreram todos de forma brutal. Pedro
foi crucificado de ponta cabeça, vários foram decapitados, Estevão foi apedrejado,
outras centenas de Cristãos crucificados, queimados, devorados por leões,
torturados. Justamente aqueles a quem foi prometida “tão grande salvação”, os
escolhidos, a quem “nada poderia causar dano”. Cujas casas estariam “livres de
pragas”. A quem se diz, conforme o salmo 91: “Mil cairão ao teu lado, dez mil à
tua direita, mas tu não serás atingido...”. Simplesmente foram entregues nas mãos
do inimigo. Todos estes eram pessoas que viviam segundo a vontade de Deus e
cumprindo as suas leis. Como justificar isso?
R: O futuro deles, livremente aceito e aderido sem enganos, era
exatamente este: a morte pela causa da Palavra e do seu testemunho, este era o
destino aceito e até ansiado mártires, não por uma recompensa passageira e
terrena, mas por uma recompensa celestial e eterna.Vamos analisar então, o
apóstolo João que conforme o martirológico dos santos, recebeu a revelação no
livro de apocalipse, antes de ser enviado a ilha de Patmos, foi colocado em
óleo fervente para morrer e não houve dano algum a ele, nem sequer sua pele
mudou de cor, após isso foi exilado na ilha de Patmos, e lá recebeu as revelações do livro de
apocalipse. O que dizer então de José do Egito que após ter sido surrado,
vendido como escravo, humilhado, caluniado e preso, mas depois foi declarado
governador do Egito. Temos ainda os exemplos de Pedro e de Paulo que foram
presos e logo em seguida soltos da cadeia por anjos. Entenda que Jesus alertou que por causa da sua Palavra e do Seu Nome
eles (os discípulos / e Cristãos verdadeiros) seriam perseguidos, mas houve
recompensa gloriosa sim, pois apesar de muitos terem morrido de forma horrível,
a missão para a qual eles foram designados foi cumprida em sua totalidade, ou
seja, estes homens mudaram o mundo e o evangelho foi pregado. A prova disso é
que nós estamos falando dele agora. Deus, portanto, é fiel sim. Entenda por
fim que a morte deles os tornaram Mártires e Cristãos exemplares pelo seu
testemunho.
9) Já que
Deus é tão misericordioso, porque não usou de misericórdia e retirou o espinho
na carne do apóstolo Paulo?
R: Deus sabia que, no momento em que o espinho fosse removido da carne
de Paulo a soberba e o orgulho, advinda dos fantásticos milagres que Deus
operava por meio dele, o tomaria conta, e satanás iria ter legalidade para
destruir Paulo e a obra por meio dele impetrada, e tudo o que ele tinha
conseguido manter com seu fiel testemunho. Porém
era necessário que Paulo permanecesse assim, logo, vemos o espinho como uma
proteção que auxiliava Paulo a não cair em soberba. Vemos algo semelhante
em outros momentos na bíblia, como na vida de José, aonde seus irmãos foram os seus
espinhos e, sem eles, José nunca cumpriria o propósito que o levaria a governar
o Egito. Vemos isso também na vida de Moisés que era gago, e conviveu com o
inimigo (faraó que oprimia seu povo) para depois de adquirir o conhecimento que
só teria no palácio, chega o momento de cumprir o plano de Deus, usando aqueles
conhecimentos adquiridos, em favor de seu povo.
10) Deus
mata 70 mil homens e por que? Primeiro a bíblia diz que Deus incitou a Davi a
fazer um censo de Israel (II Samuel 24,1). Depois mostra é que foi Satã que provocou
Davi a fazer um censo de Israel em (I Crônicas 21,1).
R: O livro de I Crônicas foi escrito por Esdras por volta de 430 a.C.
através de um ponto de vista sacerdotal,
isto é, visando apresentar os erros e acertos do passado como uma alavanca para
restaurar a verdadeira adoração a Deus. O caso apresentado em I Crônicas
21,1 é o mesmo de II Samuel 24,1, aonde o profeta Samuel afirma que a Ira de
Deus se levantou contra Israel e “incitou” Davi a contar o povo. Veja que o
texto de II Samuel não diz quem incitou a Davi, apesar de deixar quase
implícito que fora Deus, porém, quase
mil anos depois Hesdras desvenda o mistério informando que fora Satanás que o
fez conforme relatado em I Crônicas 21,1 - isto explica a justiça de Deus
pesando novamente sobre o povo de Israel com a morte de 70 mil homens. Deus permitiu, porém, satanás foi o
instigador. E porque Deus permitiu? Porque Davi se permitiu envolver por
Satanás e houve então a legalidade para o ato. O entendimento que temos desse
caso é que, diferente de recenseamentos anteriores, este não visava organizar o
povo, nem tinha propósitos religiosos. Era estritamente para fins militares. Davi estava colocando confiança demais
sobre suas forças armadas (carnais) e pouquíssima confiança em Deus, Davi quis
saber quanta força armada tinha para ter mais segurança em suas próximas
batalhas, este foi o real motivo da Ira do Senhor ter se ascendido contra
Israel, pois Davi deu ouvidos ao inimigo e não mais depositou sua confiança em
Deus, mesmo tendo derrotado recentemente os filisteus pela força de Deus (com
poucos homens) conforme nos conta o capítulo 23 de II Samuel.
11) Nós
temos que obrigatoriamente amar Deus? (Deuteronômio 6,5; Mateus 22,37), ou nós
temos que temer Deus? (Deuteronômio 6,13; I Pedro 2,17). Podemos e devemos amar
alguém por decreto, ou obrigação?
R: Entende-se como algo perfeitamente plausível amar aquele que permitiu
que você tivesse vida e te livrou de um grande perigo, te dando uma segunda
chance para viver eternamente em paz e felicidade, ao invés de uma vida de trevas
e sofrimento. Se isso não bastar, Deus
mostra seu amor ágape (sem limites) por nós enviando seu único filho para
mostrar-nos o caminho para a salvação. Será que é tão difícil assim amá-lo?
Quanto a questão do Temor no sentido abordado nestas passagens destacadas
acima, denota apenas respeito e submissão. É fácil também, entender como ser
submisso a Deus, pois devemos respeito e submissão a todos que estão acima de
nós, pai e mãe, patrão, juízes e magistrados, etc., ou seja, temos por este
temor respeito, e não simplesmente medo, ainda mais quando sabemos que Deus que
é o criador e mantenedor do Universo. Com relação ao amor, este se dar por atos concretos, conquista e sedução. E não há
maior amor do que aquele que dar a vida pelos seus amigos. Deus constantemente
ao longo de nossas vidas, nos cerca com seu amor, concreto, real e sedutor.
12) Todos
os fatos científicos apontam para a não existência de satanás, anjos e
demônios, ou seja, a ciência afirma que isto não existe e é besteira apresentada
por supersticiosos primitivos, como os cristãos.
R: Em primeiro lugar você deve entender que a ciência trabalha com a
observação e a experimentação para dar base a suas teorias e teses, neste caso o problema é que manifestações sobrenaturais
não podem ser manipuladas e fundamentadas com leis do mundo natural e nunca
poderão. Outra coisa, o que a ciência não quer experimentar e nem consegue
explicar é como pessoas possuídas são capazes de comportamentos inexplicáveis
como por exemplo, levitar distâncias absurdas e, de repente, uma menina de 7 anos
demonstrar ter a força de vários homens adultos.
13) Se
Jesus pagou todo a carta de dívida contra nós , por que ainda vivemos sob a
maldição que Deus lançou sobre Adão e Eva após o pecado original?
R: A gravidade do pecado original
cometido por Eva e Adão, requereu um sacrifício a altura de um Deus, para que
toda a humanidade não perecesse. Romanos
5,12: “Portanto, como por um homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado a
morte, assim também a morte passou a todos os homens por isso que todos pecaram.
” Jesus então, veio para se sacrificar por toda a humanidade para que nós
pudéssemos resistir ao pecado até que Ele, Jesus, volte e possamos ser salvos
definitivamente da influência do pecado. Enquanto isso não acontece,
permaneceremos sob a influência do pecado (concupiscências), pois nossa natureza de pecadores (natureza
adâmica) não foi retirada na redenção de Jesus, mas assumida e redimida,
porém permanecem as consequências (penas), mas temos em Cristo a redenção dos nossos
pecados, e dos pecados da humanidade passada, presente e da que ainda vai vir
antes de sua parusia. Cristo com sua obra livre e redentora, se torna a ponte
que nos religa novamente o homem a Deus, mesmo com nossa humanidade marcada
pelo pecado original.
14) Existe
justiça no assassinato de viúvas, crianças e inocentes? Se não, então por que
em muitos momentos Deus manda matar estes só porque são nativos de um povo
(ex.: filisteus) que é contra Israel?
R: Evitemos ao tentar julgar o passado, cair no anacronismo.Não existe
justiça na morte ou no assassinato de nenhum inocente, não houve e não haverá
em tempo algum, porém o caso aqui é específico. Naquela época, as nações que se levantavam contra o povo de Deus eram
governadas por satanás para destruir completamente tudo aquilo que louvasse a
Deus, seja mulher, criança, idoso, etc. No caso de Israel era matar para
não morrer, pois o que ficasse vivo certamente seria novamente levantado para
ir contra Israel novamente, o que na verdade ocorreu em muitos relatos
bíblicos. Os que eram verdadeiramente inocentes tiveram a oportunidade de serem
libertos através da morte, pois os que são verdadeiramente inocentes herdarão o
reino dos céus.
15) A
bíblia diz que Jesus venceu o pecado, então porque o pecado ainda está no
mundo? Certamente Jesus não venceu nada.
O pecado original cometido por Adão requereu um sacrifício para que toda
a humanidade não perecesse (Ver Romanos 5, 12). Jesus então, sacrificou-se por
toda a humanidade para que pudéssemos resistir ao pecado até que Ele, Jesus,
volte e possamos ser salvos definitivamente da influência do pecado. Enquanto isso não acontece permaneceremos
sob a influência do pecado, pois nossa natureza de pecadores (natureza adâmica)
não foi retirada na redenção de Jesus, apenas temos em Cristo a redenção
dos pecados, isto é, a libertação através da carta que pesava contra nós, pelo
seu sacrifício.
16) A Lei
de Deus foi criada pela “perfeição” de Deus, mas o próprio Deus não cumpre o
“Não matarás”, pois ele mesmo mata
milhares de pessoas como vemos no Antigo Testamento.
Primeiramente, usar um versículo isolado sem levar em conta sua real
interpretação não oferece prova a argumento nenhum. A lei que Deus deu aos homens foi criada para dar direção, limite e
objetivo ao homem na terra e não foi criada por razão da perfeição de Deus, ou
seja uma não depende da outra especificamente. As mortes ordenadas na
bíblia, no Velho Testamento e as que foram resultado do juízo de Deus foram
propósito da soberania de Deus contra aqueles que aviltavam a Lei, mesmo sendo
conhecedores dela e, ainda contra aqueles que se levantavam contra o povo de
Israel para os matar. Então, as leis
foram criadas em razão da imperfeição e erro humanos, pois antes do pecado
entrar no mundo e trazer o caos para a criação não eram necessárias as Leis,
existia harmonia completa da criatura com o criador.A existência de Deus não
depende da Lei e como já falei, Deus não criou a Lei para Ele e sim para o
homem viver sob estes estatutos, mesmo porque as condições de existência entre
Deus e o homem são absurdamente distantes uma da outra tornando impossível que
Deus também vivesse limitado sob a Lei apresentada.
17) Se Deus
é onisciente, porque ele perguntou para Caim que matou Abel: “Onde estás teu
irmão Abel?”
R: A pergunta foi feita propositalmente, pois Abel teria uma chance
(dada por Deus) de reconhecer o que fez, cair em si e confessar seu erro, e se
arrepender, porém pelo seu orgulho, não foi o que ocorreu.
18) Se
Jesus pagou por todos os nossos pecados, porque os Católicos dizem que nós
corremos risco de perder a salvação e ir para o inferno? Se nossa dívida está
paga, a salvação não está garantida?
R: Sim a dívida está paga, porém
o livre arbítrio não nos foi tirado, e
é preciso perseverar até o fim, e não até o meio, ou seja, temos a escolha
de voltar ao erro e trazer novamente a separação entre Deus e nós através do
pecado e, portanto, nosso nome seria riscado do livro da vida, caso a nossa
escolha fosse retornar ao erro livre, consciente e deliberadamente como antes,
rejeitando assim (cada um para si próprio) o sacrifício de Jesus em nossa vida
especificamente.
19) O que
Jesus quis dizer quando na cruz falou: “Pai, perdoai-vos porque eles não sabem
o que fazem”? Isto quer dizer que se eu matar uma pessoa inocente achando que
ela é culpada, eu estou perdoado porque não sei o que estou fazendo?
R: Jesus quis dizer exatamente o que disse, que quando eles o
crucificavam não sabiam, não tinham plena consciência, e não criam que aquele
era realmente o filho de Deus. Porém você não é inocente plenamente da verdade,
isto é, você sabe que matar é errado, o homicídio além de pecado contra a
vontade de Deus é contra a lei dos homens, não importa se quem você vai matar é
inocente ou culpado, no entanto, se você se arrepender verdadeiramente do
homicídio sim, pode ser perdoado por Deus, porém diante dos homens vai ter que
pagar.
20) Se a
palavra de Deus é de graça, porque a Bíblia é vendida?
R: Porque existem custos de impressão e demais taxas para que a bíblia
chegue até você, porém, ainda assim, existem inúmeras instituições que assumem
100% dos custos e oferecem gratuitamente a bíblia para quem não tem e não pode
adquirir.
21) Se para
entender a Bíblia é preciso ler em espírito e santidade, porque existem Bíblias
de estudo?
R: Para que haja a devida interpretação de relatos históricos, culturais
e de traduções corretas dos textos originais, por isso os estudos mais
aprofundados nos auxiliam no entendimento correto e verdadeiro das escrituras na
dimensão literal.
22) Se toda
provação é passageira, será que a perna arrancada em um acidente de moto, pode nascer
de novo, assim que a provação termina?
R: Se esta for a vontade de Deus certamente que sim. Porém se o acidente foi imprudência do
motoqueiro, pode ser que a perna não venha a nascer novamente. Em Lourdes
na França existem comprovações científicas de milagres de reconstituição
instantânea de membros amputados.
23) Os Apóstolos
Pedro e Paulo louvavam ao senhor dentro do cárcere e o cárcere se abriu e eles
saíram de lá. Se as penitenciárias estão cheias de convertidos, porque Deus não
os liberta também?
R: A diferença é que a missão de Pedro e Paulo era iniciar pregar o
evangelho de abrangência continental, e criar comunidades Cristãs, então Deus
se encarregou de tirá-los de lá. Tem outra coisa, Pedro e Paulo foram presos
por pregar sobre Jesus e os valores do reino...Conhece alguém na penitenciária
preso por anunciar o evangelho? ...
24) Predestinação ou livre-arbítrio?
Predestinação para os judeus e alguns Cristãos, e livre-arbítrio para os
gentios?
R: Não acredito num Deus que se diz perfeito e ao mesmo tempo sádico, ou
seja, um Deus que fala para você se esforçar, crer Nele, deixar de pecar com o
intuito de se aproximar Dele, porém Ele já de ante mão, houvera escolhido e
predestinado aqueles que iriam ser salvos e nada, absolutamente nada do que
você fizesse poderia te ajudar no processo de salvação. Quanto ao
livre-arbítrio, já nascemos com ele, temos o poder de escolher o que faremos,
nossas decisões dependem exclusivamente de nós e daremos conta de todas elas.
Portanto, não acredito que os salvos já foram predestinados assim desde o
início. Creio que até o pior ser humano, se passar por um processo de conversão
genuíno, ou que pratique a justiça, mesmo sem ser Cristão, pode alcançar
misericórdia e ser salvo.
25) Afinal, porque sofremos ?
R.: Um dos temas que mais vêm à tona nos círculos filosóficos e
religiosos de nossos dias, é o do sofrimento. Quanto mais se alastra e
intensifica a dor dos homens provocada pela fome, o terrorismo, as guerras,
tanto mais indagam a respeito do sentido do sofrimento ? Por que Deus o permite
?Freqüentemente nasce daí a objeção; se Deus existe, como pode permitir tanta
desgraça, especialmente quando afeta pessoas inocentes? Se tanto mal acontece,
ou Deus não pode ou não quer evitá-lo.No primeiro caso, Ele não é todo-poderoso
(então não é Deus); no segundo caso, Ele não ama seus filhos, pois nenhum pai
assiste indiferente ao sofrimento dos seus filhos.Em conseqüência de tais
raciocínios, parece lógico a muitos negar a existência do próprio Deus.Eis por
que as páginas subseqüentes serão dedicadas ao estudo de tal problema.
Pode-se-lhe apresentar solução ?, ou ao menos alguma luz que o esclareça?Aliás,
também o último Sínodo Mundial dos Bispos, encerrado em dezembro de 1985,
chamou a atenção para a recrudescência do mal em nossos dias (tão marcados pela
fome e pela ameaça de catástrofes nucleares) e solicitou especial atenção para
a Teologia da Cruz:
“Percebemos que os sinais dos tempos são, em parte, diferentes daqueles
dos tempos do Concílio, com problemas e angústias ainda mais graves. Com
efeito; assistimos em toda parte ao aumento da fome, da opressão, da injustiça;
a guerra domina em vários lugares, com os sofrimentos que ela acarreta,
enquanto o terrorismo e a violência, sob mil formas, se manifestam um pouco por
toda parte. Isto nos obriga a nova e mais profunda reflexão teológica para
interpretar esses sinais à luz do Evangelho…Parece que nas atuais dificuldades,
Deus nos quer ensinar mais profundamente o valor, a importância e a
centralidade da Cruz de Jesus Cristo”
26)- Se o
mal existe, Deus existe?
R.: Eis as objeções que a opinião pública não raro formula (Deus sem poder ou sem amor): “Diante do
sofrimento no mundo, Deus não pode ou não quer intervir. No primeiro caso, Ele
é fraco ou destituído de poder; no segundo caso, Ele carece de amor para com
seus filhos...”
Esta objeção já foi longamente desenvolvida por Voltaire após o
terremoto de Lisboa em 1755 e pelo filósofo Arthur Schopenhauer (+1860). Houve
quem lhe respondesse, admitindo que Deus é muito sábio e muito poderoso, mas
não todo-poderoso (assim Voltaire, Stuart Mill, M. Schiller). – Todavia quem
assim pensa, está praticamente negando a existência de Deus, pois, por
definição, ou Deus é a Suma Perfeição, sem limites, ou simplesmente não existe.A
resposta católica a tal objeção já foi formulada por S. Agostinho (+ 430), ao
qual S. Tomás de Aquino (+ 1274) fez eco:
“A existência do mal não se deve à falta de poder ou de bondade em Deus;
ao contrário, Ele só permite o mal porque é suficientemente poderoso e bom para
tirar do próprio mal o bem. – Nulo modo sineret aliquid mali esse in operibus
suis, nisi esset adeo omnipotens et bonus ut bene faceret etiam de malo”
(Enchiridion, c. 11; ver Suma Teológica l qu, 22, art. 2, ad 2).
Estas palavras, aliás, sintetizam toda a doutrina católica relativa à
origem do mal:O mal não é uma entidade positiva; mas uma carência do ser (ou do
bem) devido. Assim a cegueira é a falta de olhos (é um mal nas criaturas às
quais a natureza concede olhos); o pecado é a falta de concordância do ato
humano com o Fim Supremo da moralidade, que é Deus.Ora o não ser ou a carência
como tal não tem causa. Só pode ser indiretamente causado por um agente falível
ou uma criatura que, ao agir, seja capaz de produzir um efeito incompleto, carente
de sua perfeição.Por conseguinte, Deus, sendo por definição o Ser
Perfeitíssimo, não pode ser causa do mal, Esta há de ser a criatura, que pode
falhar ao agir no plano físico (um desastre de automóvel, uma enchente, uma
seca…) ou no plano moral (o pecado).Deus permite que as criaturas exerçam a sua
atividade conforme a natureza de cada uma; permite, pois, as falhas
respectivas. Ele não fez um mundo artificialmente policiado ou de marionetes.
Todavia em sua sabedoria e bondade. Ele se compromete a aproveitar o próprio
mal cometido pelas criaturas para daí tirar bens maiores.Não raro é-nos dado
perceber os bens que se seguem aos males decorrentes da ação das criaturas. Com
efeito, sabemos que muitas e muitas pessoas se transformaram e nobilitaram em
conseqüência de uma moléstia grave, de um baque ou insucesso na vida. Em outros
casos não nos é possível indicar os frutos positivos procedentes de algum mal;
mas o cristão tem a certeza de que, no final dos tempos, lhe será concedido
contemplar o plano de Deus e as ligações existentes entre os fatos que ele
abrange.A resposta teológica aqui esboçada é complexa, Importa aqui mostrar
apenas que a existência do mal no mundo não significa falta de poder ou de
bondade em Deus. Os caminhos de Deus não são os dos homens, diz o Profeta (Is
55,8); a visão que Deus tem das criaturas e da história, é muito mais extensa
do que a que nós temos. Por causa de nossas perspectivas limitadas, corremos o
risco de apontar sem mais um mal ou um desastre onde há apenas o preâmbulo de
um grande benefício arquitetado sobre a própria falibilidade das criaturas.
27)- Não
aceito a explicação, pois freqüentemente me parece que a desgraça é tão-somente
desgraça, longe de qualquer plano providencial de Deus.
R.: Para entendermos melhor,é
preciso que a criatura não faça de si
mesma o padrão ou o critério para avaliar felicidade ou desventura. Não diga:
“Se eu não vejo o lado positivo de uma desgraça, tal lado positivo não existe”.
Somente Aquele cujo olhar abarca toda a história da humanidade pode definir o
sentindo real que cada acontecimento tem nesse conjunto.Se determinado mal não
tem realmente uma contra-parte positiva ou valiosa, isto se deve muitas vezes
ao endurecimento ou à indisposição do ser humano. Deus não constrange ninguém a acolher a sua graça. Com outras palavras:
a pessoa que sofre, pode fechar-se numa atitude de revolta, que a torna
impermeável à ação do Espírito de Deus.Se
alguém insiste em negar a existência de Deus por causa das desgraças existentes
no mundo, elimina do seu horizonte um fator de esperança e coragem, e não
resolve o problema do sofrimento. Ao contrário, cria para si um novo
problema. Com efeito, verifica-se que
muitas e muitas pessoas, quando sofrem, apelam espontaneamente para Deus; assim
nos cárceres, nos hospitais, nas trincheiras de guerra.É mais freqüente o
clamor que pede ajuda, do que a blasfêmia. Quem sofre, experimenta muitas vezes
a necessidade de um auxílio mais do que humano para tirá-lo da sua dor e salvar
da desgraça os seus semelhantes. Mas, se alguém nega a existência de Deus,
vê-se diante de um mundo marcado pela injustiça e retido pelas leis do mais
forte que esmaga o mais fraco, sem que possa haver esperança de restauração da
ordem ou do reconhecimento dos verdadeiros valores. Já Platão (+ 347 a.C.),
diante da injusta morte de Sócrates, afirmava a necessidade de haver uma
justiça superior ou divina para que a morte de Sócrates não fosse um mero
absurdo ou o triunfo do mal sobre o bem (ver os diálogos República e Fedon).
Parafraseando com Sócrates, seria como se a vida, a causa, abraçada, bem como, os
modos e meios de fazê-la acontecer de um Hitler e uma Madre Teresa de Calcutá,
estivesse no mesmo nível de valor e recompensa.
28)- Somente os criminosos deveriam sofrer, ao
passo que os justos haveriam de gozar de paz e felicidade. Ora às vezes parece
que se dá contrário.
R.: A respeito esse respeito ponderamos: Todos os seres humanos são
portadores de pecado. Não os dividamos em criminosos, de um lado, e inocentes,
de outro lado. Os que não cometem graves faltas morais, trazem dentro de si a
potencialidade ou a capacidade de as cometer. O sofrimento não deve ser considerado apenas como punição ou sanção
devida a um réu. Ao contrário, o sofrimento tem significado muito mais largo e
nobre. Com efeito, o sofrimento físico é decorrente da própria natureza do
homem. A dor é sinal de alarme que torna
o homem consciente de uma moléstia ou um distúrbio do seu organismo; se não
fosse a dor, o mal progrediria sem que o paciente pudesse perceber
adequadamente. O natural desgaste dos órgãos (coração, pulmões, fígado…)
provoca dores que vêm a ser salutar advertência ou ensinamento para o homem.O
sofrimento está também muito ligado ao amor e à nobreza de caráter. Longe de
ser castigo, o sofrimento decorre muitas vezes do fato de que alguém ama outra
pessoa e compartilha as dores desta. Pode-se mesmo dizer: quanto mais alguém é
digno e magnânimo, tanto mais sofre; quanto mais mesquinho ou desnaturado,
tanto menos sofre. Qual a mãe que não sofre por causa da dor de seu filho? De modo geral, o sofrimento é escola para o
ser humano. Contribui para vencer o egoísmo e tornar a pessoa mais voltada para
o próximo; torna atuantes muitas energias e potencialidades que nunca desabrochariam se não fosse o sofrimento.
Esta verdade é tão óbvia que já os antigos gregos a formularam no
trocadilho: pathos mathos (sofrimento é ensinamento ou aprendizagem). Quem não passa pelo cadinho do sofrimento,
muitas vezes é egocêntrico, e insensível para com os outros; desfigura-se no
plano da personalidade, se desumaniza.
29)- Se o
sofrimento tem suas vantagens, é justo desejar que não se torne excessivo, para
que não nos revoltemos. Deus portanto, deveria moderá-lo e não dobra-lo como
vemos em alguns casos.
R.: Respondemos que as expressões “excessivo” e “pouco demais” são
relativas. Quem gosta de trabalhar, se
dá por feliz quando desempenha uma tarefa grande e importante, que a pessoa
relapsa e irresponsável rejeitaria como “excessiva”. Caminhar um quilômetro, para
uns, é excessivo, enquanto para outros é insuficiente. – Por conseguinte, é
difícil levar em consideração a reivindicação do sofrimento não excessivo, já
que este termo é vago ou genérico demais. Como dito, não devo fazer de
minhas categorias de pensamento e afeto os critérios de aferição do que
acontece aos outros principalmente se não conheço esses outros.Passemos agora à
explanação da resposta cristã ao problema do sofrimento partindo de Santo
Agostinho, Tomás de Aquino e do Magistério:A
fé ajuda o cristão a esclarecer o problema do sofrimento, mas não dissipa todo
enigma a tal propósito. Especialmente quando se consideram casos particulares,
como a morte desta mãe ou deste pai, que deixam crianças pequenas, não é
possível oferecer explicação cabal e precisa para o ocorrido; nem nos é
possível dizer por que tal desgaste de automóvel se deu precisamente em tal dia
de festa. O livro de Jó nos recorda a insondabilidade do sofrimento,
quando, referindo-se às tentativas de explicar o sofrimento, põe nos lábios de
Jó as seguintes palavras:
“Eis que falei levianamente; poderei responder-te? Porei minha mão sobre
a boca; Falei uma vez, não replicarei… Falei de coisas que não entendia, de
maravilhas que me ultrapassam. Conhecia-te só de ouvido, mas agora viram-te os
meus olhos; por isto retrato-me e faço penitência no pó e na cinza” (Jó 40, 4s;
42, 3-6).
Todavia a fé cristã projeta o mistério do sofrimento na perspectiva do
amor de Deus; como é difícil dar explicação cabal para o mistério do amor,
também é árduo explicar o mistério do sofrimento. A fé católica enquadra o
mistério do sofrimento dentro do mistério
maior do amor. Com efeito, o amor
de Deus, que criou o homem num misterioso ato de benevolência, jamais o
abandona, e certamente exerce seus planos através dos percalços da caminhada
que a criatura percorre na terra. Deus é sempre sim, portanto, impedindo ou
permitindo, dando ou retirando, está sempre nos amando. E somente Deus é capaz
de tirar proveito de um mal aparente um bem permanente. Foi este entendimento
que levou Agostinho a proclamar diante do mal e do pecado: “Bendito pecado que
nos mereceu tão grande salvador”. Todas as respectivas ocorrências estão
sob o signo desse amor primeiro gratuito e irreversível (cf. 1Jo 4, 10, 19).A
Escritura refere que o mal no mundo teve origem por violação (por parte dos
primeiros pais) da ordem instaurada pelo Criador.Com efeito. Deus quis dotar os primeiros homens de
grande riqueza interior: a graça santificante, que lhes comunicava a filiação
divina e os dons preternaturais (a isenção da morte, do sofrimento, da desordem
de tendências interiores…). Tal era o estado de justiça original. Estes dons
estavam condicionados à fidelidade do homem ao plano de Deus. Sim; deviam ser
livremente aceitos pela criatura. Por isto o Criador propôs a esta um modelo de
vida (figurado pela proibição da fruta da árvore da ciência do bem e do mal, Gn
2,16s). Aceitando-o, o homem significaria sua entrega ao desígnio de Deus;
recusando-o, exprimiria o seu Não e sua auto-suficiência. Ora na verdade os
primeiros pais rejeitaram o modelo de vida apresentado pelo Senhor Deus;
pecaram por soberba, que os levou à desobediência. Em conseqüência, perderam a
chamada “justiça original” e caíram num estado em que existem a morte, o
sofrimento, as tendências desregradas.Verdade
é que tanto a morte como o sofrimento e os apetites instintivos são algo de natural;
todavia após o pecado dos primeiros pais trazem a marca da desordem e da
desobediência, perdeu-se a integralidade da sexualidade humana, dividindo-a, e
nos dividindo, deixando-a de considerar um meio, e passando a considera-la um
fim em si mesma. O mundo que, por dom de Deus, estava harmoniosamente
sujeito ao homem, já não é tal; enquanto o homem se mantinha submisso e fiel a
Deus, o mundo inferior estava subordinado ao homem; todavia, rompida a sujeição
do homem ao Criador, rompe-se a serventia das criaturas irracionais ao homem;
estas o maltratam e esmagam, negam-lhe os frutos da terra e, não raro, as
condições de sobrevivência.Por conseguinte, conforme o texto sagrado e a
doutrina da fé, a origem do mal no mundo está no pecado ou no plano moral. Este
suscitou o mal físico (doenças, mortes, catástrofes, calamidades…).A doutrina
do pecado original assim concebida tem sido questionada ou posta em dúvida por
parte de alguns teólogos e exegetas.Estes afirmam que o pecado começou sua
história no mundo sem o quadro ou a moldura que o texto sagrado lhe assinala;
não importaria o modo de suas origens. Tal teoria destrói a cosmovisão cristã.
Por isto o S. Padre João Paulo II, em suas audiências de Quarta-feira,
insistiu no assunto, incutindo a
doutrina de fé na Igreja; tenha-se em vista L’Osservatore Romano, edições
semanais de setembro-outubro 1986.Eis,
porém, que, na história das relações do homem com Deus, a última palavra não
foi a do pecado nem a da desordem. O Senhor Deus não se quis deixar vencer pelo
mal, mas venceu o mal com o bem (cf. Rm 12,21). Diz São Paulo: “Deus, que é
rico em misericórdia, pelo grande amor com que nos amou, quando estávamos
mortos em nossos delitos, nos vivificou juntamente com Cristo” (Ef 2,4s). Ou
ainda: “Onde abundou o pecado, aí superabundou a graça” (Rm 5,20). Com outras
palavras: Deus não ficou indiferente à desgraça na qual o homem se atirou pelo
pecado; não assistiu “friamente” à tragédia; mas houve por bem assumi-la em
toda a sua realidade concreta.O testemunho do amor de Deus foi precisamente
a obra de Cristo. Enviando seu Filho ao mundo, o Pai constituiu um segundo Adão
ou um novo Cabeça da humanidade. Este assumiu a dor e a morte do homem até as
últimas conseqüências, numa atitude de entrega e de amor ao Pai. Desta maneira mudou o significado do
sofrimento humano; este já não é mera conseqüência do pecado ou sanção da
justiça divina; ele foi redimido vindo a ser a via de volta do homem a Deus. O
homem sofre e, sofrendo, se encaminha para o Pai com Cristo.Os teólogos
costumam deter-se na explanação do valor do sacrifício de Cristo, valendo-se do
texto de São Paulo:“Aquele que não conhecera o pecado, Deus o fez pecado por
nós a fim de que nos tornássemos justiça de Deus por Ele” (2Cor 5,21). Estes
dizeres significam que Cristo foi constituído sacrifício pelo pecado; Ele fez
partir da própria natureza humana o amor e a dedicação ao Pai que o primeiro
Adão recusou.O cristão, sofrendo com
Cristo, pode até mesmo tornar-se corredentor com Jesus, expiando em sua carne
os pecados da humanidade, como lembra o S. Padre Pio XII na encíclica Mystici
Corporis Christi. Desta maneira, o sofrimento, além de ser escola benéfica , é
também ocasião de derramamento de graças sobre o mundo.
33)- E o
que dizer sobre o sofrimento dos inocentes?
R.: O sofrimento dos inocentes há de ser visto à luz desta verdade: Como
Cristo inocente padeceu transfigurando a dor, assim o cristão santamente
configurado a Cristo, padece oferecendo ao Pai o repúdio ao pecado e o amor que
os pecadores deveriam tributar a Deus. O Pai celeste dispôs salvar os homens mediante Cristo e aqueles que se
unem a Cristo pela santidade de sua vida. Assim
a própria dor das pessoas retas e justas toma sentido. São Paulo dizia:
“Completo em minha carne o que falta à Paixão de Cristo em favor do seu corpo
que é a Igreja” (Cl 1,24). Quando o cristão sofre, não é simplesmente um ser
biológico que sofre, mas é o próprio Redentor que estende a sua Paixão aos
membros do seu Corpo Místico, associando-os à sua obra redentora: na verdade, o
sacrifício de Cristo na Cruz foi infinitamente meritório, mas cada cristão pode
dar-lhe o suporte ou a moldura da sua vida pessoal, suporte que a Paixão de
Cristo não teria se não fosse a vida de cada discípulo de Cristo.O valor do
sacrifício do cristão unido ao de Cristo foi realçado pelo Cardeal Frantisek
Tomasek, de Praga, numa entrevista concedida ao periódico italiano II Sabato.O
prelado falou então dos graves problemas que o regime comunista suscita para a
Igreja na Tchecoslováquia (cerceamento de atividades pastorais, dificuldades
para a nomeação de Bispos, encarceramento de sacerdotes e leigos…). O repórter então lhe perguntou:“Eminência,
não está cansado de combater uma batalha sem êxito?”Respondeu o Cardeal: “A
situação é difícil; não se vê como e quando possa melhorar. Mas tenho sempre
esperança. Digo sempre uma coisa: quem trabalha pelo Reino de Deus, faz muito,
quem reza, faz mais; quem sofre, faz tudo. Este tudo é exatamente o pouco que
fazemos entre nós, na Tchecoslováquia”.Quem sofre, faz tudo, desde que
unido a Cristo, pois toma parte íntima na Paixão Redentora do Senhor, fonte de
salvação para o mundo inteiro.Eis a
maneira como a mensagem cristã responde ao problema do sofrimento humano. Aos
olhos da fé, é plenamente satisfatória; tem suscitado grandes heróis e heroínas
através dos séculos.O que esta explicação possui de mais típico, é o fato
de conjugar entre si justiça e amor. Sim; o sofrimento, de um lado, é a justa
conseqüência do Não dito pelo homem a Deus no início da sua história; por outro
lado, é o testemunho do amor de Deus que, assumindo o sofrimento e a morte,
demonstra ao homem que lhe quer bem e não desiste de o chamar à Vida; Cristo transfigurou o sofrimento e o fez
caminho de conversão ou de retorno ao Pai.
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meus parabens, esta otimo.
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