Por *Francisco José Barros Araújo
Deus é livre e soberano em sua vontade e decisões, mas quer a nossa
colaboração com a sua graça, para que
não a recebamos em vão. (II Cor 6,1: “Como cooperadores de Deus, insistimos com vocês
para não receberem em vão a graça...”). Para isto o testemunho
das escrituras, tradição e magistério da Igreja nos confirma que o próprio Deus
a condiciona ao tempo favorável, local e disposições interiores e exteriores
para recebe-la eficazmente.
O TESTEMUNHO DAS ESCRITURAS sobre: tempo, local e disposições interiores para receber a graça!
-Atos 2,1: “Chegando O DIA de
Pentecostes, estavam todos reunidos no mesmo LUGAR”
-Lucas1,26: “No sexto mês, foi o
anjo Gabriel enviado por Deus a uma cidade da Galileia, chamada Nazaré...”
-Isaias 4,2-3: “Vem o Dia em
que o Renovo de Yahweh, o SENHOR, será belo e glorioso, e o Fruto da Terra será
a felicidade e a glória dos sobreviventes de Israel. E aqueles que restarem em Sião e
permanecerem em Jerusalém serão chamados santos, isto é, todo o que estiver inscrito
para viver em Jerusalém...”
-Isaías 49,8-11: “Assim diz o SENHOR: No tempo da graça eu te escutei
no dia da salvação eu te ajudei. Eu te guardei e coloquei como aliança entre o
povo, para reergueres o país, devolveres as propriedades arrasadas, para
dizeres aos cativos: Saí livres!, aos presos em cárcere escuro: Vinde para a luz! Por todo o caminho terão o que comer, em qualquer chão seco poderão se alimentar; jamais terão fome ou sede, sol ou calor não os atingirá, pois Aquele que deles se condoeu é que vai conduzindo este povo, ele
os guia para as fontes de água. Transformarei minhas montanhas em caminhos, vão
surgindo os aterros de minha estrada.”
-Salmos 95,8: “Se ouvires hoje a vóz de
Deus,não endureçais o vosso coração, como em Meribá, e ainda como aquele dia em
Massá, no deserto...”
recebimento da GRAÇA SEGUNDO O MAGISTÉRIO DA IGREJA:
Sacramentos: sinais eficazes da
graça de Deus
§1131 "Os
sacramentos são sinais eficazes da graça, instituídos por Cristo e confiados à
Igreja, por meio dos quais nos é dispensada a vida divina. Os ritos visíveis
sob os quais os sacra- mentos são celebrados significam e realizam as graças
próprias de cada sacramento. Produzem fruto naqueles que os recebem com as
disposições exigidas."
Conforme o
Catecismo da Igreja Católica, os sacramentos são sinais sensíveis, instituídos
por Cristo, a fim de produzir a graça em nossas almas e santificá-las. Em
outras palavras, são eventos de salvação pelos quais Deus intervém na vida dos
homens, através de seu Filho Jesus Cristo e do Espírito Santo, na Igreja.
Segundo Santo Agostinho, os sacramentos no Antigo Testamento prometiam a
salvação, já no Novo Testamento a comunicam, ou seja, são eficazes. É
pela Igreja, a fiel administradora dos Sacramentos, que se manifesta e continua
a salvação que Deus realizou em Cristo, de modo que não pode haver Igreja sem
sacramentos, nem sacramentos sem Igreja. Ainda segundo o
Catecismo da Igreja, os sacramentos foram instituídos por Cristo e são sete, a
saber: Batismo, Confirmação, Eucaristia, Penitência, Unção dos
Enfermos, Ordem e o Matrimônio. Esses sete sacramentos são ainda
divididos em Sacramentos da Iniciação Cristã, Sacramentos de Cura e Sacramentos
de Serviço.Conforme o Catecismo da Igreja, “os fieis, de fato renascidos no
Batismo, são fortalecidos pelo Sacramento da Confirmação e, depois, nutridos
com o alimento da vida eterna na Eucaristia” (1212). Os Sacramentos de Cura,
isto é, Penitência e Unção dos enfermos, concedem aos fieis a libertação do
pecado e o fortalecimento nas debilidades do corpo e da alma. Esses sacramentos
são sinais eficazes da graça de Deus, mas somente produz fruto na vida de quem
o recebe à medida que este se abre na fé, devoção, e com a intensidade do
coração, de acordo com a generosidade. Portanto, abramo-nos nosso coração neste
tempo em que Cristo nos toca, assim como tocou em tantos pecadores em tempos
terrenos, e agora nos seus sete sacramentos.
Definição (teológica - magisterial) e
significação da graça:
§1996 Nossa justificação vem da graça de Deus. A graça é favor, o socorro
gratuito que Deus nos dá para responder a seu convite: tomar-nos filhos de
Deus, filhos adotivos participantes da natureza divina, da Vida Eterna.
§2003 A graça é antes de tudo e principalmente o dom do Espírito que nos
justifica e nos santifica. Mas a graça compreende igualmente os dons que o
Espírito nos concede, para nos a associar à sua obra, para nos tornar capazes
de colaborar com a salvação dos outros e com o crescimento do corpo de Cristo,
a Igreja. São as graças sacramentais dons próprios dos diferentes sacramentos.
São, além disso, as graças especiais, chamadas também "carismas",
segundo a palavra grega empregada por S. Paulo e que significa favor, dom
gratuito, benefício. Seja qual for seu
caráter, às vezes extraordinário, como o dom dos milagres ou das línguas, os
carismas se ordenam à graça santificante e têm como meta o bem comum da Igreja.
Acham-se a serviço da caridade, que edifica a Igreja.
§2005 Sendo de ordem sobrenatural, a graça escapa à nossa experiência e
só pode ser conhecida pela fé. Não podemos, portanto, nos basear em nossos
sentimentos ou em nossas obras para dai deduzir que estamos justificados e salvos.
No entanto, segundo a palavra do Senhor: "É pelos seus frutos que os
reconhecereis" (Mt 7,20), a consideração dos benefícios de Deus em nossa
vida e na dos santos nos oferece uma garantia de que a graça está operando em
nós e nos incita a uma fé sempre maior e a uma atitude de pobreza confiante. Acha-se
uma das mais belas ilustrações desta atitude na resposta de Sta. Joana d'Arc a
uma pergunta capciosa de seus juízes eclesiásticos:
Interrogada se sabe se está na graça de Deus, responde: "Se
não estou, que Deus me queira pôr nela; se estou, que Deus nela me
conserve".
Graça atual
§2000 A graça santificante é um dom habitual, uma disposição estável e
sobrenatural para aperfeiçoar a própria alma e torná-la capaz de viver com
Deus, agir por seu amor. Deve-se distinguir a graça habitual, disposição
permanente para viver e agir conforme o chamado divino, e as graças atuais, que
designam as intervenções divinas, quer na origem da conversão, quer no decorrer
da obra da santificação.
§2024 A graça santificante nos faz "agradáveis a Deus". Os
carismas, graças especiais do Espírito Santo, são ordenados à graça
santificante e têm como alvo o bem comum da Igreja. Deus opera também por
graças atuais múltiplas, que se distinguem da graça habitual, permanente em
nós.
Graças de estado (serviço ministerial):
§2004 Entre as graças especiais, convém mencionar as graças de estado,
que acompanham o exercício das responsabilidades da vida cristã e dos
ministérios no seio da Igreja: “Tendo, porém, dons diferentes,
segundo a graça que nos foi dada, aquele que tem o dom da profecia, que o
exerça segundo a proporção de nossa fé; aquele que tem o dom do serviço, que o
exerça servindo; quem tem o dom do ensino, ensinando; quem tem o dom da
exortação, exortando. Aquele que distribui seus bens, que o faça com
simplicidade; aquele que preside, com diligência; aquele que exerce
misericórdia, com alegria.” (Rm 12,6-8).
Oração dom da graça
§2713 Dessa forma, a oração mental é a expressão mais simples do mistério
da prece. A oração é um dom, uma graça; não pode ser acolhida senão na
humildade e na pobreza. A oração é uma relação de aliança estabelecida por Deus
no fundo de nosso ser. A oração é comunhão: a Santíssima Trindade, nesta
relação, conforma o homem, imagem de Deus, "a sua semelhança".
AS
VIRTUDES DIFEREM DA GRAÇA
§1810 As virtudes humanas
adquiridas pela educação, por atos deliberados e por uma perseverança
sempre retomada com esforço são purificadas e elevadas pela graça divina. Com o
auxílio de Deus, forjam o caráter e facilitam a prática do bem. O homem
virtuoso sente-se feliz em praticá-las.
Preparação para
receber a graça
§2001 A preparação do homem para acolher a graça é já uma obra da graça.
Esta é necessária para suscitar e manter nossa colaboração na justificação pela
fé e na santificação pela caridade. Deus acaba em nós aquilo que Ele mesmo
começou, "pois começa, com sua
intervenção, fazendo com que nós queiramos e acaba cooperando com as moções de
nossa vontade já convertida": Sem dúvida, operamos também nós, mas
o fazemos cooperando com Deus, que opera predispondo-nos com a sua
misericórdia. E o faz para nos curar, e nos acompanhará para que, quando já
curados, sejamos vivificados; predispõe-nos para que sejamos chamados e
acompanha-nos para que sejamos glorificados; predispõe-nos para que vivamos
segundo a piedade e segue-nos para que, com Ele, vivamos para todo o sempre, pois sem Ele nada podemos fazer.
§2022 A iniciativa divina na obra da graça precede, prepara e suscita a
livre resposta do homem. A graça responde às aspirações profundas da liberdade
humana; chama-a a cooperar consigo e a
aperfeiçoa.
CONCLUSÃO:
Por
tudo isto que vimos, podemos concluir que, "para o recebimento eficaz da graça de
Deus, eu preciso estar na hora e local onde Deus me quer, e com as disposições
necessárias para o acolhimento da graça que Ele mesmo quer derramar e operar em
nós ali naquele momento e lugar, como fez em Pentecostes, ou quer seja: na
nossa oração pessoal, leitura da palavra, missa, recebimento dos sacramentos,
participando da formação e serviço na Igreja, reuniões comunitárias, nos
retiros, e até mesmo nas atividade seculares as quais o próprio Deus nos
concedeu, fazendo destes momentos e locais um verdadeiro sacramento, vivendo em
docilidade e testemunhando a Cristo." Portanto, se Deus se comprometeu em
derramar graças na sua participação na missa, na sua oração, e ou, em outros
locais e momentos, porém, você livre e deliberadamente, sem justa causa, não estava lá, a graça
passou, se derramou, mas você não a recebeu. E aquela graça concedida para aquele
momento e lugar, você a perdeu, e agora imagina se algum dos apóstolos não estivessem como foi ordenado por Deus para estarem todos eles reunidos no mesmo lugar como foi em Pentecostes?...
*Francisco José
Barros Araújo – Bacharel em Teologia pela Faculdade Católica do RN, conforme
diploma Nº 31.636 do Processo Nº 003/17
“Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo!”
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