Entrevista a Dora Porto, Diretora e
representante do Protege o teu Coração no Brasil
(Por Thácio Lincon Soares de Siqueira)
Preocupados pela “formação sexual”
que os seus filhos iriam receber, logo após o governo colombiano aprovar uma
lei que obrigava a educação sexual em todas as instituições educativas em
meados de 1992, o casal Maria Luisa e Juan Francisco criaram o projeto “Protege
o teu coração” que atualmente se encontra em 15 países.
Em entrevista à ZENIT de Agosto desse ano, o casal expressou a sua preocupação “com que a
sexualidade fosse reduzida a uma lista de doenças ou porcentagens sobre a
gravidez” e viram com “clareza que a sexualidade tinha que ser educada” e
decidiram “converter essa visão em oportunidade”.
Protege o teu coração já se encontra
funcionando no Brasil desde o ano 2005. As duas representantes são Carmen
Silvia Porto e Dora Porto.
Em entrevista a ZENIT, Dora Porto
disse que “Ainda que uma grande maioria confunda sexualidade com sexo, entender
a sexualidade como a vivência pessoal como homem e como mulher, em todas as
nossas dimensões é o grande diferencial, dado que a maioria dos projetos de
educação sexual limita-se a prevenir riscos e doenças”.
O projeto não é um mero solucionador de problemas - disse
Dora :
"Os principais responsáveis pela
educação dos filhos são os pais” e desde o início é importante se fundamentar
“na parceria com os pais, dando também a eles ferramentas para ajudá-los nesta
sua missão tão importante” de ensinar os filhos a “Ir em busca do amor
verdadeiro”.
Acompanhe abaixo a íntegra da
entrevista com Dora Porto, Diretora e representante do Protege o teu Coração no
Brasil.
ZENIT: Como foi que o projeto Protege
o seu coração chegou ao Brasil?
Dora: O Programa Protege o teu
coração, programa de educação da afetividade e da sexualidade, baseado na
formação do caráter, já atua há 20 anos na América Latina, América do
Norte, Europa e Ásia. Teve início na Colômbia por iniciativa do casal María
Luisa e Juan Francisco Veléz, que procuravam alternativas para formar seus
filhos no campo da educação da sexualidade. A missão desse projeto é “Educar um
caráter forte, para viver uma sexualidade inteligente”. O que buscamos com o
programa é que os adolescentes sejam capazes de cultivar um amor verdadeiro,
base de família estruturadas e felizes.
Carmen Silvia Porto, e eu (Dora Porto
– ambas diretoras e representantes do programa no Brasil)) estávamos buscando
modos novos de ajudar as famílias na formação da personalidade do adolescente e
concretamente, a compreender o sentido do amor e da sexualidade. Nesta época,
acabávamos de formar-nos no Instituto de Ciências para la familia da
Universidade de Navarra com o Máster em matrimonio e família. Fomos ao
Congresso Internacional sobre educação da afetividade na cidade do México
(2005) organizado pela Intermedia Consulting, que reuniu várias iniciativas que
já existiam nesse campo da educação. Lá conhecemos o projeto Protege o teu
Coração - PTC. Não imaginávamos que um projeto como este já existia desde
1993. Caiu como uma luva, e a decisão de trazer o programa para o Brasil foi
imediata.
Conhecer os fundadores, Maria Luísa e
Juan Francisco Veléz, foi fundamental. Sua convicção, segurança e entusiasmo
criaram em nós uma vontade enorme de oferecer às famílias brasileiras uma
proposta diferente, positiva, cheia de esperança. Meios? Não tínhamos. Marcamos
uma data e nos pusemos a trabalhar para conseguir organizar um Seminário de
Capacitação, o 1o. Seminário de Capacitação com os fundadores em São Paulo, e
buscar um patrocínio para dar os primeiros passos. Isto aconteceu em setembro
desse mesmo ano com a consequente aquisição do programa e o início dos
trabalhos. Vimos a importância deste programa e que tinha vindo para ficar. Os
fundadores já estiveram no Brasil mais duas vezes para capacitação e reciclagem
dos moderadores.
No início encontramos algumas
resistências para a implantação nas escolas e começamos com grupos de
adolescentes e pais nas casas de famílias. Pouco a pouco fomos conseguindo
apresentar e implantar o programa em algumas escolas.
ZENIT: Já está funcionando? Os pais
brasileiros podem contar com essa ajuda para a educação dos seus filhos?
Dora: Sim, o PTC está funcionando no
Brasil, como afirmamos anteriormente, e está atualmente em fase de expansão em
São Paulo, Campinas e Londrina.
Começaremos o 2oPrograma de
Capacitação para Moderadores - PCM em Londrina, Paraná. A capacitação dos
moderadores é fundamental para o bom desempenho do programa nas escolas.
Precisam estar muito bem preparados, ter um “superávit argumental” e um perfil
assertivo, e isso exige uma profunda preparação, além de estágios práticos.
Se os pais brasileiros podem contar
com o programa? Na realidade, são precisamente os pais, aqueles que podem
conseguir que o PTC atue na escola de seus filhos. Há uma preocupação bastante
grande por parte dos educadores com relação ao tema da sexualidade e a direção
das escolas está sempre atenta às reivindicações dos pais.
O adolescente necessita do apoio dos
amigos para tomar decisões e também como referência para o seu comportamento.
Com a aplicação do programa nas escolas, seus amigos também são beneficiados
com o mesmo aprendizado e sentem-se fortalecidos para juntos, ir em busca do
amor verdadeiro.
ZENIT: Com a educação sexual que o MEC dá nas escolas, o
projeto pode ser uma solução eficaz para aqueles pais que estão preocupados com
a situação?
Dora: Claro. O PTC é um programa de
Educação da Sexualidade, algo muito mais abrangente do que a educação sexual.
Ainda que uma grande maioria confunda sexualidade com sexo, entender a
sexualidade como a vivência pessoal como homem e como mulher, em todas as
nossas dimensões é o grande diferencial, dado que a maioria dos projetos de
educação sexual limita-se a prevenir riscos e doenças. Com uma sexualidade
vivida com liberdade e inteligência, os adolescentes poderão comportar-se livre
e responsavelmente e formar famílias sólidas e estruturadas no futuro.
O programa é na sua totalidade,
positivo, afirmativo. Nada se impõe, mas propomos uma conduta inteligente aos
jovens e lhes ajudamos a adquirir habilidades para vencer algumas carências que
lhe são próprias.
É aplicado preferencialmente nas
escolas, e atua de forma gradual, oferecendo 3 sessões por ano aos alunos e uma
ou duas sessões para os pais. O programa não é um “solucionador de problemas”,
mas um processo de conscientização da sexualidade, de fortalecimento do caráter
para viver a sexualidade com inteligência. Parte do princípio que os principais
responsáveis pela educação dos filhos são os pais e por isto apóia-se desde o
início na parceria com os pais, dando também a eles ferramentas para ajudá-los
nesta sua missão tão importante.
Através da metodologia empregada
(sessões expositivas, vídeos e dinâmicas em sala de aula), ajudamos a que se
conheçam melhor através da ferramenta das 5 dimensões; que percebam as pressões
que sofrem dos amigos, da mídia e como lidar positivamente com elas; que
identifiquem suas emoções, para poder governá-las com inteligência; que
alcancem um autodomínio indispensável para atuar junto às novas tecnologias;
que valorizem a vida humana; que aprendam a viver um amor verdadeiro; que
valorizem a sua família como um espaço fundamental para o seu crescimento.
O programa reforça
a confiança nos pais, nos educadores e oferece aos adolescentes a possibilidade
de ser protagonistas de suas escolhas. Ninguém é forçado a pensar e agir de uma
forma determinada, pois nada se impõe, apenas se propõe. Se o adolescente
quiser e puser o esforço necessário para adquirir as habilidades fortalecerá o
seu caráter e poderá dedicar-se ao que realmente é importante nessa fase:
cultivar amizades, estudar, preparar-se para a Universidade, para uma carreira
profissional e para a construção de uma família fundada sobre um amor
verdadeiro.
ZENIT: Poderia contar-nos alguma
experiência positiva do projeto aqui no Brasil?
Dora: Nossa experiência com os
adolescentes tem sido, em geral, muito positiva. Costumo dizer que “gosto
muito” dos adolescentes. Estão numa fase importantíssima da vida, mas muitas
vezes o que acontece é que não falam sobre suas dúvidas e inquietações a não
ser com outros adolescentes. Buscam informações na internet, muitas vezes de
forma inadequada. É muito comum confundirem amor com sexo o que os leva a
buscar o prazer imediato, sem pensar nas conseqüências. Nos seminários para
professores e pais, além das sessões com os adolescentes nos deparamos com todo
tipo de situações, (gravidez na adolescência, aborto, problemas de
relacionamento com a família, uso de drogas, adição a vídeo games e internet,
sexting ( envio de fotos íntimas pela internet) entre outras. Não se ensina os
jovens a amar! Verificamos que, quando lhes ajudamos a refletir e lhes damos as
ferramentas necessárias, são capazes de escolher um novo modo de se comportar e
abrem-se para o amor e para os ideais próprios da juventude.
Percebemos, no contato com os pais,
que não se omitem por negligência, mas por despreparo. Quando percebem que
falar sobre sexualidade é algo maravilhoso, que envolve toda a pessoa e não só
a dimensão física, sentem-se imediatamente mais aptos a iniciar uma conversa
sincera com os filhos.
Há alguns
exercícios do programa que facilitam o dialogo entre pais e filhos. Não é raro
ouvir frases como: comecei a conversar com meus pais sobre assuntos que nunca
havia falado antes.
Também os professores, sentiram-se
apoiados, pois é comum que os pais deleguem à escola a função de conversar
sobre a sexualidade e, segundo eles, nem sempre estão capacitados.
Um aluno do 2oano do Ensino Médio nos
chamou especialmente a atenção. Apresentava problemas de comportamento depois
da morte da mãe e preocupava bastante o pai e as orientadoras da escola Na
primeira sessão falou muito pouco e estava bastante ressabiado. Mas com o
decorrer das outras sessões foi se soltando, e passou a ter uma participação
intensa. Na sua avaliação final ( os alunos avaliam cada sessão por escrito)
escreveu:
“Este programa é
muito forte. Ensina o jovem a dizer que não a tantas pressões que sofrem. Acho
que deveria ser aplicado em todas as escolas”.
Outra adolescente, depois de uma
sessão sobre as pressões, entendeu que nas “baladas” estava sendo pressionada a
beber e disse que agora, se as pessoas insistissem para que bebesse iria chamar
o segurança!
ZENIT: Qual é o caminho que devem
percorrer os pais do Brasil que estejam interessados no projeto?
Dora: Sugerimos que entrem no site
brasileiro www.protegeteucoracao.com.br e também no site internacional www.protegetucorazon.com para conhecerem um pouco mais sobre o programa.
Aqueles que tenham interesse que o
programa chegue às escolas de seus filhos podem entrar em contato conosco pelos
emails: contato@protegeteucoracao
Fonte: Zenit
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