Reflexão sobre a santidade, meta de todo fiel
católico consciente da fé que professa.
(Por Vanderlei de Lima – Zenit)
Encheu-me de alegria essa solicitação a mim
dirigida, há poucos dias, por um seminarista:
"Reze para que eu seja santo”.
Além de me fazer ainda mais comprometido com a
missão de oferecer minhas orações por esse jovem, o pedido levou-me a refletir
sobre a santidade, meta de todo fiel católico consciente da fé que professa.
Desse modo, começo recordando que a Sagrada Escritura traz, em
Levíticos 19,2 a exortação do próprio Deus a Israel, seu povo:
“Sede santos, porque Eu sou santo”. Exortação que o Senhor Jesus
reafirma, em Mateus 5,48, ao recomendar: “Sede santos como o Pai celeste é
santo”.
Portanto, devemos, como recomendava,
frequentemente, Dom Estevão Bettencourt, OSB (†2008), sacudir a mediocridade e
avançar para as águas mais profundas (cf. Lc 5,4) em busca da vida santa em
Deus.
Para isso, é preciso, como ensina São Leão Magno (†461), que nós
cristãos reconheçamos a nossa dignidade.
Realmente, só o pensar que merecemos o sangue
redentor de Cristo quando ainda éramos pecadores (cf. Rm 5,6) já é suficiente
para renovarmos a cada dia o propósito de, com a graça de Deus, nos esforçar
continuamente rumo à santidade.
Se Deus nos chama a essa meta tão alta: sermos santos como o Pai
celeste é santo, é para que nunca paremos de progredir.
Quem para sucumbe, entregue ao cansaço ou ao
desânimo mesquinho. Aquele que é vigilante, porém, merecerá gozar das núpcias
do Noivo que chega fora de hora (cf. Mt 25,6-13).
As exortações à vida santa, contudo, não param
por aí. Diante do pedido feito pelo seminarista, desejo lembrar ainda que a Lumen
Gentium, do Concílio Vaticano II (1962-65), assegura:
“Todos os fieis cristãos são,
pois, convidados e obrigados a procurar a santidade e a perfeição do próprio
estado (LG n. 40-41).”
Essa afirmação conciliar é importante: Todos
somos convocados à santidade na vocação que Deus nos deu: bispos, sacerdotes,
leigos casados e os consagrados na vida religiosa ou leiga. Ninguém está,
portanto, excluído desse apelo do Pai amoroso que nos quer junto d’Ele na
Jerusalém celeste para sempre.
Importa, portanto, levarmos uma
vida digna da vocação a que fomos chamados (cf. Ef 4,1), pois só assim
atingiremos, com a graça divina, a meta sublime da santidade.
É certo, porém, que o alicerce da santidade é a humildade:
Só aquele que se reconhece como realmente é (com
suas virtudes e defeitos) tem chances de dar passos largos no caminho da
própria santificação. O orgulhoso, arrogante, prepotente está longe disso. Ele
é tão cheio de si que não passa na porta estreita (cf. Mt 7,13).
Aqui, alguém poderia perguntar: Afinal, como se pode definir um santo?
Respondemos que santo(a) é o (a) pecador(a) que
reconhece a sua fraqueza e, por isso, humildemente, pede o perdão de Deus e o
auxílio da graça.
“Errar é comum a todos os
homens, mas pedir perdão é próprio dos santos”, diz Santo Ambrósio de Milão
(†397), Bispo e Doutor da Igreja.
Para finalizar, é preciso considerar a seguinte objeção:
Não será orgulho do seminarista pedir que outros
rezem para que ele seja santo? – De modo algum – respondo –, pois ele sabe que
ninguém é santo para si mesmo, mas para os outros. Foi isso que bem expressou a
beata Elizabeth da Trindade, citada por João Paulo II, na Exortação Apostólica Reconciliação
e Penitência, n. 16, ao escrever que:
“uma alma que se eleva, eleva o mundo
inteiro”.
Daí ser importante pedirmos sempre, como ensina o Cardeal Merry del
Vall, secretário e amigo do Papa São Pio X, na ladainha da humildade:
“Que os outros possam ser mais santos do que eu, contanto que eu pelo
menos me torne santo como puder – Ó Jesus, concedei-me a graça de desejá-lo!”.
Por fim, não podemos
esquecer:
“A santidade não é para mim mesmo, mas para que Deus se utilize dela
em favor do próximo.”
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