O pecado afeta tanto a alma quanto o corpo, deixando marcas que precisam ser curadas, e o meio que Deus nos deixou, por exelência, é o sacramento da confissão, ou reconciliação (conforme CIC 1420 – 1470). Ora, dizer que o pecado original afetou apenas o corpo e não a alma, é negar a doutrina da purificação da alma no purgatório antes de entrar na glória celeste, pois essa purificação necessária daqueles (as) que já estão salvos e morreram na amizade com Deus, se dá na alma e não no corpo. De acordo com a fé Cristã, o pecado é o maior inimigo e tem consequências dramáticas para a alma e o corpo, tais como:
-O pecado mortal priva o estado de graça e
pode levar à exclusão do Reino de Cristo e à morte eterna.
-Os pecados veniais também têm consequências negativas e precisam ser evitados. Até mesmo os pecados veniais deixam marcas afetivas que precisam ser curadas.
-O pecado pode causar angústias e desordens na nossa alma (psique), que
desestruturam a pessoa.
A doutrina do pecado original é uma verdade de fé, portanto, deve ser crida por todo católico praticante. Infelizmente, a teologia liberal moderna, representada principalmente pela Teologia da Libertação, insiste em negar a existência do pecado original. Isso acontece porque esta teologia deseja implantar o reino do céu neste tempo. Porém, isso somente seria possível se o pecado original não existisse, caso contrário, o homem continuaria pecando e não poderia ser implantado o “paraíso” aqui na terra. Isso é óbvio, mas a ideia implantada pela TL progressista, de que o pecado original é uma invenção de Santo Agostinho tomou corpo e vem seduzindo a muitos na Igreja Católica. Dizer que Santo Agostinho criou a doutrina do pecado original é outra afirmação sem lógica, pois, como se explicam as diversas referências ao pecado original nas cartas paulinas que são anteriores a Santo Agostinho, conforme vemos abaixo?
Romanos 3,23: "pois todos pecaram e carecem da glória de Deus"
Romanos 5,12: "Portanto, como por um homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado a morte, assim também a morte passou a todos os homens por isso que todos pecaram."
O
que é o pecado original?
O pecado original é aquele com o qual todos nascemos, é a privação da santidade e justiça originais. O pecado original introduz no mundo uma quádrupla ruptura (a religião, do latim RELIGARE, vem religar essa ruptura original).
-A ruptura do homem com Deus
-Ruptura do homem com a religião e com a igreja
-Consigo mesmo
-Com os demais seres humanos
-Com toda a criação.
Que
conseqüências tem o pecado original para nós?
Produto
destas rupturas, as conseqüências que tem o pecado original para nós são: a
debilitação da natureza humana, que ficou submetida à ignorância, ao
sofrimento, à morte e à inclinação ao pecado.
Art. 1 — "Se o pecado original está mais na carne que na alma"?
(II
Sent., dist. XVIII, q. 2, a. 1, ad. 3; dist. XXX, q. q, a. 2, ad 4; dist. XXXI,
q. 1, a. 1, ad 2, 4; dist. XXXIII, q. 1, a. 3, ad 4; De Malo, q. 4, a. 3).
O
primeiro discute-se assim. — Parece que
o pecado original está mais na carne que na alma.
1.
— Pois, a repugnância da carne com a alma procede da corrupção do pecado
original. Ora, a raiz dessa repugnância está na carne, conforme aquilo do
Apóstolo (Rm 7): sinto nos meus membros outra lei que repugna à lei do meu
espírito. Logo, o pecado original está principalmente na carne.
2.
Demais. — Tudo está mais na causa que no efeito; assim o calor esta mais no
fogo que aquece, do que na água aquecida. Ora, a alma sofre a contaminação do
pecado original, por meio do sêmen carnal. Logo, o pecado original está mais
na carne que na alma.
3.
Demais. — Contraímos o pecado original do primeiro pai, porque preexistimos
nele pelo gérmen seminal. Ora, nele não preexistimos pela alma, mas só pela
carne. Logo, o pe¬cado original não está na alma, mas na carne.
4.
Demais. — A alma racional criada por Deus é infundida no corpo. Se portanto, a
alma fosse contaminada pelo pecado original, sê-lo-ia desde a sua criação ou
infusão. E assim, Deus, causa da criação e da infusão, seria também a causa do
pecado.
5.
Demais. — Ninguém que tenha sabedoria iria despejar um licor precioso num
vaso, do qual sabe que o contaminará. Se portanto a alma, pela sua união com o
corpo, pudesse contaminar-se com a mácula da culpa original, Deus, que é a
sabedoria mesma, nunca haveria de infundi-la em tal corpo. Ora, se a infunde, é
que ela não fica maculada pela carne. Portanto, o pecado original não está na
alma, mas na carne.
Mas,
em contrário, o sujeito de uma virtude e de um vício ou pecado, é o mesmo que o
da virtude ou vício contrários. Ora, a carne não pode ser sujeito da virtude,
pois, como diz o Apóstolo (Rm 7): "eu sei que em mim, quero dizer, na minha
carne, não habita o bem." Logo, a carne não pode ser o sujeito do pecado
original, mas só a alma.
SOLUÇÃO — Uma coisa pode estar em outra de dois modos: como na causa, principal ou
instrumental, ou como no sujeito. Por onde, o pecado original de todos os
homens preexistiu por certo, em Adão, como na causa primeira principal,
conforme aquilo do Apóstolo (Rm 5): no qual todos pecaram. Por outro lado, o
pecado original preexistia no sêmen do corpo, como na causa instrumental,
porque é pela virtude ativa do sêmen que ele se transmite à prole simulta-neamente
com a natureza humana. Mas, o pecado original de nenhum modo pode ter a carne
como sujeito, mas só a alma.
E a razão é que, como já dissemos, pela vontade do primeiro pai, o pecado original se lhe transmitiu aos descendentes, por via de geração, assim como da vontade de um homem o pecado atual se lhe deriva para as outras partes. E nesta derivação notamos o seguinte. Tudo o redundante da moção da vontade, de pecar, para qualquer parte do homem, de algum modo participante do pecado, seja, como sujeito, seja, como instrumento, tudo isso implica essencialmente a culpa. Assim, a vontade da gula faz o concupiscível desejar o alimento, e leva as mãos e a boca a tomarem-no, que, enquanto movidas pela vontade ao pecado, são instrumentos deste. Porém o ulterior redundante na potência nutritiva, e nos membros interiores, de natureza a não serem movidos pela vontade, não implica a culpa essencialmente. Assim pois, podendo a alma ser sujeito da culpa, e a carne, em si mesma, não, toda a corrupção do primeiro pecado, que atinge a alma, implica a culpa; o que porém não a atinge implica, não culpa, mas a pena. Portanto, a alma, e não a carne, é o sujeito do pecado original.
DONDE
A RESPOSTA À PRIMEIRA OBJEÇÃO. — Como diz Agostinho, o Apóstolo se refere no
lugar citado ao homem já redimido, libertado da culpa, mas sujeito à pena, e
por isso diz que o pecado habita na carne. Mas daqui se não segue seja a carne
sujeito da culpa, mas só da pena.
RESPOSTA
À SEGUNDA. — O pecado original tem no sêmen a sua causa instrumental. Ora, não
é necessário que o existente na causa instrumental nesta exista mais
principalmente que no efeito, senão só na causa principal. E deste modo o
pecado original existiu mais principalmente em Adão, em quem existiu como
pecado atual.
RESPOSTA
À TERCEIRA. — A alma de um homem qualquer não preexistiu, seminalmente em Adão
pecador, como no seu princípio efe¬tivo, mas como no princípio dispositivo.
Por¬que o sêmen corpóreo, transmitido por Adão, não tem a virtude de produzir a
alma racional, mas, só a de dispô-la.
RESPOSTA
À QUARTA. — A mácula do pecado original de nenhum modo foi causada por Deus,
mas só pelo pecado do primeiro pai, mediante a geração carnal. Logo, a
criação, implicando relação da alma só com Deus, não se pode dizer que por ela
fosse maculada. A infusão porém implica relação com Deus, que infunde, e com a
carne, na qual é a alma infundida. Logo, considerada a relação com Deus, que
infunde, não se pode dizer que pela infusão a alma seja maculada, mas só
levando-se em conta a relação com o corpo em que é infundida.
RESPOSTA
À QUINTA. — O bem comum tem preferência sobre o particular. Por isso, Deus, de
conformidade com a sua sabedoria, não derroga para evitar o contágio particular
de uma alma, a ordem universal das coisas, que exige seja ela infundida em tal
corpo. Sobretudo por ser da natureza da alma não começar a existir senão unida
ao corpo, como se demonstrou na Primeira Parte. Pois, é-lhe melhor a ela assim
existir, segundo a natureza, do que não existir de nenhum modo; sobretudo por
poder, pela graça, livrar-se da condenação.
Art. 2 — Se o pecado original está mais na essência da alma que nas potências?
(II
Sent., dist. XXXI, q. 2, a. 1; De Verit., q. 25, a. 6; q. 27, a. 6, ad 2; De
Malo, q. 4, a. 4).
O segundo discute-se assim. — Parece que o pecado original não está mais na essência da alma que nas potências!
1.
— Pois é natural à alma ser sujeito do pecado, por poder ser movida pela
vontade. Ora, não a essência da alma é a movida pela vontade, mas sim as suas
potências. Logo, o pecado original não atingiu a essência da alma, mas só as
suas potências.
2.
Demais. — O pecado original se opõe à justiça original. Ora, esta havia de
estar em alguma potência da alma, sujeito da virtude. Logo, também o pecado
original está mais nas potências que na essência da alma.
3.
Demais. — Assim como da carne o pe¬cado original derivou para a alma, assim da
essência desta derivou-lhe para as potências. Ora, o pecado original está mais
na alma que na carne. Logo, também mais nas potências, que na essência da alma.
4.
Demais. — Tem-se como concupiscên¬cia o pecado original, conforme já se disse.
Ora, a concupiscência tem sua sede nas potências da alma. Logo, também o pecado
original.
Mas,
em contrário, o pecado original é considerado um pecado natural, como já se
disse. Ora, a alma é por essência, e não pelas suas po¬tências, como já se
estabeleceu na Primeira Parte, a forma e a natureza do corpo. Logo, ela é
principalmente e por essência o sujeito do pecado original.
SOLUÇÃO.
— A alma é principalmente sujeito de um pecado, pelo que a torna primariamente
causa motora desse pecado. Assim, se a causa motiva do pecado for o deleite
sensível, residente na potência sensitiva, como seu objeto próprio, segue-se
que essa potência é o sujeito próprio desse pecado. Ora, é manifesto, o pecado
original foi causado pela geração. Portanto, por onde a alma entra
primeiramente em contato com a geração do homem, por aí ela é o sujeito
primeiro do pecado original. Ora, a geração entra em contato com a alma, como
seu termo, enquanto forma do corpo, o que por essência própria lhe convém,
segundo já demonstramos na Primeira Parte. Logo, a alma é por essência o
sujeito primeiro do pecado original.
DONDE
A RESPOSTA À PRIMEIRA OBJEÇÃO. — Assim como o movimento da vontade do homem
atinge-lhe propriamente, as potências, e não a essência da alma, assim o
movimento da vontade do primeiro gerador atinge primeiramente, por via da
geração, a essência da alma, como já se disse.
RESPOSTA
À SEGUNDA. — Também a justiça original se inclina, primordialmente na essência
da alma;pois, era um dom de Deus à natureza humana, próprio mais de tal
essência, que das suas potências. Pois, estas pertencem mais à pessoa, enquanto
princípio de atos pessoais. Por onde, os sujeitos próprios dos pecados atuais
é que são pecados pessoais.
RESPOSTA
À TERCEIRA. — O corpo está para a alma como a matéria para a forma; esta,
embora posterior na ordem da geração, é anterior na da perfeição e da
natureza. Ora, a essência da alma está para as potências, como o sujeito para
os acidentes próprios, posteriores ao sujeito, tanto na ordem da geração, como
na da perfeição. Portanto a comparação não colhe.
RESPOSTA
À QUARTA. — A concupiscência desempenha, no pecado original, o papel de matéria
e conseqüência, segundo já se disse.
Art. 3 — Se o pecado original contaminou mais a vontade que as outras faculdades?
(II
Sent., dist. XXX, q. 1, a. 3; De Verit., q. 25, a 6; De Malo, q. 4, a. 5).
O
terceiro discute-se assim. — Parece que o pecado original não contaminou mais a
vontade que as outras faculdades.
1.
— Pois, todo pecado pertence principal¬mente à potência por cujo ato foi
causado. Ora, o pecado original foi causado pelo ato da potência geratriz.
Logo, dentre as demais potências da alma, parece pertencer antes à potência
geratriz.
2.
Demais. — O pecado original transmite-se pelo sêmen carnal. Ora, as outras
potências da alma são mais próximas da carne, que a vontade; como se vê
claramente em todas as potências sensitivas, que se servem de órgão corpóreo.
Logo, nelas, mais que na vontade, está o pecado original.
3.
Demais. — O intelecto tem prioridade sobre a vontade, pois esta não pode querer
senão o bem conhecido. Se portanto o pecado original contaminou todas as
potências da alma, parece que contaminou primeiro o intelecto, como sendo a
mais importante.
Mas,
em contrário, a justiça original diz respeito, primariamente, à vontade, pois,
consiste na retidão da vontade, como diz Anselmo. Logo, o pecado original, que
se lhe opõe, respeita, antes de tudo, a vontade.
SOLUÇÃO.
— Dois aspectos devemos levar em conta no contágio do pecado original.
Primeiro, a sua inerência ao sujeito; e por aí diz respeito, primariamente, à
essência da alma, como já se disse. Em seguida devemos considerar-lhe a
inclinação para o ato; e, por aí respeita às potências da alma. Ora, ele há de
respeitar, primária e necessariamente a que tem a inclinação primeira para o
pecado. E como esta é a vontade, segundo já se demonstrou, o pecado original há
de lhe dizer respeito em primeiro lugar.
DONDE
A RESPOSTA À PRIMEIRA OBJEÇÃO. — O pecado original não é causado no homem pela
potência geratriz da prole; mas pelo ato da potência geratriz do pai. Por onde,
não é necessário seja a sua potência geratriz o sujeito primeiro do pecado
original.
RESPOSTA
À SEGUNDA. — O pecado original tem dupla derivação: uma, da carne para a alma;
outra, da essência da alma para as potências. A primeira é conforme à ordem da
geração; a segunda, à da perfeição. E portanto, embora as potências sensitivas
sejam mais próximas à carne; como porém a vontade está mais chegada à essência
da alma, como potência su¬perior que é, será a primeira a receber a
contaminação do pecado original.
RESPOSTA
À TERCEIRA. — O intelecto de certa maneira precede à vontade, por propor-lhe o
seu objeto. De outro modo porém a vontade precede o intelecto, na ordem da
moção para o ato, moção essa que implica o pecado.
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