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Pe. Jair Cardoso e Scott Hahn: "a relação entre a Santa Missa e o Apocalípse"

Written By Beraká - o blog da família on sexta-feira, 21 de junho de 2024 | 14:15

 





Liturgia e Apocalipse




Por Pe. Jair Cardoso Alves Neto



O livro do Apocalipse é um dos mais lidos e comentados do Novo Testamento, isto porque que este livro causa um certo impacto e uma certa expectativa no leitor. Estas expectativas acontecem devido: o seu estilo, as imagens presentes no texto,  aspectos catastróficos etc. Por isso,  tem-se num conceito popular uma visão meio que deturpada deste livro onde a concepção que se sobressai é de um livro que conta as possíveis catástrofes vindouras na história e também do fim dos tempos. Com isso, sua leitura gera uma insegurança e um medo no leitor. 





Mas afinal, o que significa apocalipse? Qual a relação entre o Apocalipse e a liturgia?




Apocalipse (em grego, apokálypsis=revelação) é um gênero literário que se tornou usual entre os judeus após o exílio da Babilônia (587-583 a.c) trata-se sobre o fim dos tempos: descreve o juízo de Deus sobre os povos, de modo a punir os maus e premiar os bons. Essa intervenção de Deus é acompanhada de sinais que abalam a natureza (todo o apocalipse descreve sempre cenários cósmicos); é freqüente o recurso a símbolos e números simbólicos nesse gênero literário. Sobre este pano de fundo o autor do Apocalipse quis proceder de modo que: descreveu cenas de horríveis calamidades (simbolizando os males que os cristãos sofrem no cotidiano da sua existência terrestre), entrecortadas por visões da corte celeste, onde os anjos e os santos cantam “Aleluia! A vitória compete ao Cordeiro que foi imolado e está de pé”. Assim, estes acontecimentos descritos no Apocalipse só podem ser entendidos a luz do “Evento Cristo”.




Jesus Cristo é a chave de leitura para a compreensão do Apocalipse, ou seja, este trata da celebração dos mistérios de Cristo!




E sendo celebração podemos afirmar tendo base em algumas perícopes que esta é uma grande liturgia. Esta liturgia da celebração dos mistérios de Cristo fora dada a Igreja que tem a autoridade de salvaguardá-la e de utiliza-la como caminho de salvação e de contemplação do “Eterno no tempo”, conduzindo assim por meio destes os seus fiéis até que se chegue o “Dia do Senhor”. A liturgia é ação do “Cristo total”, os que agora a celebram, além dos sinais, participam já da liturgia do céu, onde a celebração é inteiramente Comunhão e Festa.




No livro do Apocalipse nos deparamos com alguns símbolos de nossa liturgia:



Incenso, altar, oficiantes por vezes designados como sacerdotes, participantes que se prosternam, adoram, cantam a glória de Deus e de sua obra em Jesus Cristo por meio de hinos de caráter muito tradicional. O Aspecto litúrgico de numerosa passagens do Apocalipse salta aos olhos do leitor menos mentalizado. Por vezes tem-se o sentimento de assistir a um diálogo litúrgico entre um oficiante e uma comunidade que lhe responde. Várias destas proclamações, especialmente o Santus, figuram hoje entre as partes essenciais das grandes liturgias cristãs, ou seja, a “Santa Missa”.





O capítulo quatro nos apresenta a “Liturgia Celeste”, nela podemos perceber a presença de “um trono que está colocado no céu e nele sentado alguém cujo aspecto era de jaspe e cornalina” (Apoc. 4,2-3). 




Ao redor deste trono “havia vinte e quatro anciãos, com veste brancas e coroas de ouro na cabeça” (Apoc 4,4). Deste trono “saíam relâmpagos e ouviam-se trovões. Sete tochas de “fogo ardiam diante do trono, os sete espíritos de Deus”. No centro rodeando o trono estavam quatro seres com aspecto de: leão, touro, homem e águia. 





Estes seres de dia e de noite davam graças àquele que estava sentado no trono e diziam: “Santo, santo, santo, Senhor Deus Todo-poderoso, aquele que era e é e será” (Apoc 4,8).




O quinto capítulo traz presente um problema que é encontrar o significado do misterioso livro que ocupa neste capítulo tão grande lugar! 




Aparece também a figura de um Cordeiro Imolado que tem a missão de abrir o rolo e soltar seus selos. Diante disso todas as criaturas cá no céu ou na terra diziam: Àquele que está sentado no trono e ao Cordeiro, o louvor, a honra, a glória e o poder pelos séculos dos séculos. Outro capítulo importante para esta realidade é o sétimo que traz presente a realidade daqueles que se salvam: “ouvi o número dos marcados com o selo” (Ap 7,4). Depois foi avistada uma multidão enorme que ninguém podia contar e estes gritavam: “A vitória ao nosso Cordeiro” (Ap 7,10). Estes estavam de vestes brancas e saíram da tribulação e alvejaram suas vestes no sangue do Cordeiro. O capítulo oitavo fala dos sete anjos que estavam diante de Deus e que a eles foram entregues sete trombetas. Veio assim um outro anjo que se colocou diante do altar com um turíbulo fumegante e da sua mão subia a fumaça de incenso com as “orações de todos os santos até à presença de Deus” (Ap 8,4). O anjo tomou o turíbulo e arremessou à terra.




Os capítulos 21-22 do livro do Apocalipse nos trazem uma visão de uma Igreja que fora descida do céu a “nova Jerusalém”, a cidade santa que “descendo do céu, de junto de Deus, preparada como noiva que se apronta para o noivo” (Ap21,2).




O Apocalipse de São João, lido na liturgia da Igreja, revela-nos primeiro que “um trono estava erguido no céu e Um sentado no trono” (Ap4,2): 






Este podemos dizer que é o Senhor Deus. Depois logo revela o Cordeiro, “imolado e de pé” (Apoc 5,6), Este é o Cristo crucificado e ressuscitado, o único Sumo Sacerdote do santuário verdadeiro, o mesmo “que oferece e que é oferecido, que dá e que é dado”, isto podemos ouvir nas palavras da Consagração “que será dado por vós e por muitos para a remissão dos pecados”. E por último, revela “o rio da Vida que brota do trono de Deus e do Cordeiro” (Apoc 22,1), um dos mais belos símbolos do Espírito Santo.




Recapitulados em Cristo, participam do serviço do louvor de Deus e na realização de seu intuito: 




As Potências Celestiais, toda a criação (os quatro viventes), os servidores da Antiga e da Nova Aliança (os vinte e quatro anciãos), o novo Povo de Deus (os cento e quarenta e quatro mil), em particular os mártires “degolados por causa da Palavra de Deus” (Apoc 6,9-11), e a Santíssima Mãe de Deus (Apoc 12) e finalmente “uma multidão imensa, que ninguém poderia contar, de toda nação, raças, povos e línguas” (Apoc 7,9). 




Ora, onde na terra encontramos uma Igreja universal que adora de uma forma fiel à visão de João? 




Onde encontramos sacerdotes paramentados de pé à visão diante de um altar? Onde encontramos homens consagrados ao Celibato? Onde ouvimos anjos serem invocados? Onde a arte exalta a mulher coroada de estrelas, com a lua debaixo dos pés, que esmaga a cabeça da serpente? Onde os fiéis suplicam a proteção do arcanjo São Miguel? Onde mais, a não ser na Igreja Católica e, mais especificamente na Missa? 




O nosso Saudoso e santo Papa São João Paulo II em sua venerável memória, dizia: 




"A Santa Missa é o céu na terra" e ele explicou que “a liturgia que celebramos na terra é misteriosa participação a liturgia celeste”. Assim, a nossa liturgia participa da liturgia celeste! Na missa, já estamos no céu! 




Dessa maneira, precisamos aprender a ver o Apocalipse como a Igreja o vê, ou seja, se queremos entender o sentido do Apocalipse, temos que aprender a lê-lo com uma imaginação sacramental. 





Podemos então perceber que os símbolos trazidos pelo Apocalipse estão em toda nossa liturgia:




-Missa dominical – 1,10

-Sumo sacerdote- 1,13

-Altar- 8,3-4; 11,1;14,18

-Sacerdotes 4,4; 11,15; 14,3; 19,4

-Paramentos 1,13; 4,4;6,11; 7,9;15,6;19,13-14

-Celibato consagrado 14,4

-Candelabros 1,12;2,5

-Penitência caps.2 e 3

-Incenso 5,8; 8,3-5

-O livro 5,1

-A hóstia eucarística 2,17

-Taças (cálices) 15,7; 16;21,9

-O sinal-da-cruz 7,3; 14,1; 22,4

-O glória 15,3-4

-O Aleluia 19,1.3.4.6

-Corações ao alto 11,12

-O “Santo, Santo, Santo” 4,8

-O Amém 19,4 ; 22,20

-O “Cordeiro de Deus” 5,6

-Virgem Maria 12,1-6.13-17

-Intercessão dos anjos e santos 5,8; 6,9-10; 8,3-4

-Devoção a são Miguel 12,7

-Antífona 4,8-11;5,9-14; 7,1-12; 18,1-8

-Leituras das Escrituras 2-3;5;8,2-11

-O Sacerdócio dos fiéis 1,6; 20,6

-Catolicidade ou universalidade 7,9

-Contemplação silenciosa 8,1

-O banquete das núpcias do Cordeiro 19,9.17


(conforme HANN, 2002,p.107-108).




Portanto, o Apocalipse trata de uma reflexão sobre o culto, e este culto é a antecipação do Fim, do Julgamento, do Reino que acontece na Santa Missa. Contudo, tanto o Apocalipse quanto a liturgia nos falam sobre o Fim, pois, o fim tem o seu nome: Jesus Cristo. E é a este que a Igreja clama incessantemente numa única voz; “Maranatá”, ou seja, “ Vem, Senhor Jesus!”. Nesta grande prece a Igreja clama o nome de Jesus e se prepara para a parusia.





Fonte: Presbíteros.org

 

 



A Missa do Apocalipse







“Eu me dei conta de que, na Missa, estava realmente vendo na terra o que se dava na liturgia celeste, descrita por João no Apocalipse. Estamos ladeados pelos anjos e santos, entoando os mesmos cânticos, fazendo as mesmas orações e vendo Deus entrar na história”.



Por Scott Hahn - Tradução: Equipe Christo Nihil Præponere




A minha memória mais viva da primeira Missa a que assisti foi aquele momento poderoso do Rito da Comunhão em que o povo diz: “Cordeiro de Deus, que tirais o pecado do mundo, tende piedade de nós”. “Cordeiro de Deus”. “Cordeiro de Deus”. Depois as pessoas se ajoelharam, e o padre ergueu a hóstia dizendo: “Eis o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo” — em menos de um minuto, o “Cordeiro de Deus” aparece quatro vezes. Eu me encontrava sentado no banco de trás como um simples observador. Mas, de repente, dei-me conta de onde eu estava: era no livro do Apocalipse, onde Jesus é chamado Cordeiro de Deus nada menos que 28 vezes em 22 capítulos. Em todo o Novo Testamento, Ele só é chamado de “Cordeiro” num outro livro: o Evangelho de João, e apenas duas vezes. Mas, no Apocalipse, esse é o seu título principal, mais do que todos os outros — Senhor dos Senhores, Rei dos Reis, Alfa e Ômega etc.: Ele é o Cordeiro de Deus.




Voltei à Missa no dia seguinte, levando comigo um bloco de notas, um lápis e a minha Bíblia. Desta vez, deixei-a aberta no Apocalipse e vi coisas que nunca tinha visto antes! 



Vi uma ligação entre esses atos litúrgicos. Não apenas uma ou duas. Nem sequer oito ou dez, somente. Fiz uma lista de 30 elementos: 





Sacerdotes de vestes brancas, um altar, uma congregação que cantava “Santo, Santo, Santo”, os Aleluias, o Amém, os cálices de ouro, o livro, a invocação dos anjos e dos santos. Eu mal sabia no que me concentrar — se nas ações descritas nas páginas do Apocalipse ou no que estava acontecendo sobre o altar. 




Após cerca de 15 ou 20 minutos da segunda Missa, percebi de repente que se tratava de uma única e mesma ação. O que eu estava lendo na Bíblia era exatamente o que estava vendo acontecer sobre o altar.





Voltei então e mergulhei com renovado vigor no estudo da liturgia da Igreja primitiva e no que tinham escrito os seus bispos e teólogos! 




E descobri que não se tratava de nenhuma descoberta — eu é que estava “reinventando a roda”. Encontrei imagens litúrgicas em todos os capítulos do livro do Apocalipse, mas também eles as tinham encontrado. Encontrei elementos do Apocalipse em cada um dos momentos da Missa, e eles também. E, assim, fui examinando estes escritos dos Padres da Igreja, consultando o Apocalipse e indo à Missa um dia, outro dia, e mais outro, sem contar nada a ninguém, nem mesmo à minha mulher.




Tornou-se óbvio para mim que duas coisas eram inequivocamente verdadeiras. Por um lado, a liturgia celeste é o fio de ouro que une todas as pérolas apocalípticas da revelação de João, a começar pelo capítulo primeiro, em que Jesus aparece com uma túnica branca e um cíngulo dourado. Era isso o que o sumo sacerdote usava no Templo de Jerusalém. Ele está ali entre os sete castiçais de ouro — é a menorá do Templo. Assim, à medida que avançamos para o capítulo 2, ouvimos: “Arrepende-te, arrepende-te” oito vezes, tal como no Ato Penitencial, quando começa a Missa. Nas sete cartas às sete igrejas, ouvimos isto oito vezes, juntamente com a promessa de que, se nos arrependermos e vencermos, haverá um maná à nossa espera.




E então, perto do fim da sétima carta, vêm as palavras que tantas vezes já tinha ouvido da boca de Billy Graham: 




“Eis que estou à porta e bato. Se alguém ouvir a minha voz e abrir a porta, eu entrarei” (Apoc 3, 20). Reparei que [o pregador evangélico] Billy Graham parava sempre ali mesmo. Eu entrarei — mas onde? No seu coração? Se continuarmos a ler, Jesus diz: “Eu entrarei [em sua casa] e tomarei refeição com ele, e ele comigo”. Mas de que ceia Ele está falando? Quando passei para os capítulos 4 e 5 do Apocalipse, ficou óbvio para mim: Cristo está se referindo à ceia da Comunhão.








Eu me dei conta de que, na Missa, estava realmente contemplando na terra o que se dava na liturgia celeste, descrita por João no Apocalipse!




E depois, nas páginas do livro bíblico, percebi quão significativo, quão dramático — e quão transformador — é o culto sacrificial da Igreja na terra. Estamos ladeados pelos anjos e pelos santos, entoando os mesmos cânticos, oferecendo as mesmas orações e vendo Deus entrar na história e intervir decisivamente para libertar o seu povo, amenizar a [sua própria] cólera [sobre nós] e expandir no mundo o seu Reino.




Fonte: Padrepauloricardo.org









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