Quer dizer que a sociedade é um “ser” que possui "ética" e
passa por "crise moral"? Sempre imaginamos que isto só aconteça com
indivíduos, pessoas concretas, ou, para usar uma linguagem mais aristotélica, “substâncias”.
Ou seja, um sujeito qualquer - um João, por exemplo - pode ser honesto, covarde,
mentiroso, verdadeiro, justo, injusto, etc. Já a
Sociedade por si só, não pode ter esses atributos. As pessoas que a compões sim,
pois a "sociedade" é um aglomerado de pessoas que perdem e adquirem
valores, virtudes, defeitos e crenças.
O que acontece
quando se coloca pessoas normais para simular uma prisão, dividindo-os metade
em prisioneiros, metade em guardas?
Em 1971, o psicólogo Philip Zimbardo tentou responder a essa questão
realizando o que se tornaria um dos mais famosos
experimentos de psicologia social do século passado: “o experimento de
aprisionamento de Stanford”. Sua equipe contratou 18 estudantes, dividiu-os
aleatoriamente entre prisioneiros e guardas, e criou uma prisão simulada para
encarcerá-los. Pretendia-se que o experimento durasse
por 20 dias. No entanto, não levou mais do que cinco dias para que o
experimento tivesse de ser abortado por sair totalmente de controle. Rapidamente
os guardas começaram a abusar da sua autoridade. Faziam contagens
repetidas dos prisioneiros e obrigavam os que não cooperavam de acordo com o
previsto a fazer flexões. Em resposta, os presos se rebelaram, mas foram logo
dominados pelos guardas, que passaram a tratá-los ainda mais duramente,
obrigando-os a evacuarem em baldes dentro de suas celas, a limparem vasos
sanitários com as próprias mãos, e a ficarem nus enquanto tinham seus rostos
cobertos.
Próximo do final do experimento, os prisioneiros já não mais
se rebelavam. Pelo contrário, tentavam dissuadir qualquer manifestação de
descontentamento. Preferiam a tranquilidade da opressão previsível à incerteza
da punição contra a rebeldia. A maioria da
humanidade encara passivamente a violação dos seus direitos. Os momentos de
exceção são aqueles em que, como vemos hoje, o poder político é desafiado e,
com alguma sorte, derrotado.
Há muito tempo, um
outro pensador já havia investigado como que a vontade
de poder do homem corrompe a sociedade?
Santo Agostinho entendia a natural falibilidade do homem e entendia
haver uma predisposição natural para abusarmos do nosso poder, a “libido dominandi”: nossa ânsia de impor nossas preferências
sobre o resto do mundo. Agostinho acreditava na necessidade de haver um
governo para restringir a libido dominandi. O que o
experimento de Stanford mostra, entretanto, é que uma estrutura de poder
monopolística e bem definida como uma prisão pode corromper ainda mais o homem,
em vez de amenizar seu desejo de dominação.
Daí a importância de
estruturas de poder externas ao estado, como famílias, igrejas, empresas,
imprensa e associações civis.
Todas elas competem e limitam o poder do estado. Por isso, há a
tendência de governos autoritários de destruí-las (comunismo) ou de absorvê-las
(fascismo).Apesar de “ainda” (não sabemos por quanto
tempo) não vivermos em uma sociedade de autoritarismo extremo, a tendência do
estado de se aliar ou combater outras estruturas de poder continua real. Empresas
aliadas do governo conseguem financiamento para seus projetos, veículos de
mídia recebem patrocínio estatal, e a classe média é seduzida pelo
corporativismo das ofertas de cargos públicos de forma mais organizada, mas não
muito diferente das ofertas salariais que o ex-ditador egípcio Hosni Mubarak
fez ao funcionalismo público antes da sua queda.
Quando acreditamos
que mudaremos essencialmente o governo com a eleição de pessoas boas estamos
apenas nos enganando!
O que precisa mudar é a estrutura de poder — ou, sendo mais preciso, os
incentivos gerados por essa estrutura. Em vão combatem
os que se opõem à corrupção dos políticos por meio da indignação. Nunca
verdadeiramente alteraremos o comportamento do topo da pirâmide política sem
que haja modificações institucionais. Para nossa sorte, não vivemos em penitenciárias.
Nem nas pequenas comunidades agrárias que viriam a tomar conta da Europa depois
da morte de Agostinho. A história do poder no Ocidente levou a uma maior
inclusão da participação popular nas decisões políticas. É sim possível
influenciar as políticas públicas, e realizar reformas políticas e econômicas
dissipadoras de poder.
Já virou um triste
mas correto senso comum dizer que o Brasil atravessa desde há vários anos uma
crise política!
Essa crise, como facilmente se percebe, não tão somente social, é também
moral, no sentido de que a própria atividade política encontra-se profundamente
desmoralizada. Essa desmoralização, por sua vez, também
se deve a motivos de caráter moral, em particular a percepção, certa ou errada
mas com certeza generalizada, de que os políticos profissionais costumeiramente
não falam a verdade; de que eles não buscam o bem comum em suas atividades
cotidianas; de que são corruptos e corruptores. Dessa forma, a percepção é que
os políticos são mentirosos, mesquinhos e corruptos. Por extensão, os partidos
políticos e as instituições republicanas (aí incluídos os membros do Poder
Judiciário) são vistas não como a serviço dos cidadãos e do país, mas dos
próprios políticos. Tudo isso conduz a uma forte crise de legitimidade,
ou seja, da adesão subjetiva dos cidadãos à ordem política vigente.
Para o ser humano
agir, a realidade sempre tem que ser idealizada!
Isso quer dizer que temos que ter noções gerais mais ou menos ideais
guiando-nos em nossas condutas, indicando o que é certo e o que é errado, da
mesma forma que o que pode e o que não pode ser feito, assim como quais os
principais grupos sociais que atuam e porquê. Nesses
termos, idealidade e realidade andam de mãos dadas, em que por um lado
reconhece-se a legitimidade das negociações e da atividade própria aos
políticos e, por outro lado, proclamam-se com clareza os princípios e os
valores que estruturam, limitam e norteiam a ordem política. Como dizia
o grande fundador da pátria brasileira, José Bonifácio: “a sã política é filha da moral e da razão”.
A sociedade passa
por uma profunda crise ética e moral, isso porque a prática dos valores humanos
foi esquecida!
Somos seres dotados de inteligência, isto que nos diferencia dos demais
animais — não questionam o passado, e também não se preocupam com o futuro na
medida em que são conduzidos mecanicamente por seu instinto de conservação — temos como atributo a capacidade de distinguir o certo do
errado, através do livre-arbítrio. Mas como também estamos sujeitos a natureza,
as apetites, paixões e inclinações também são fatores que contribuem para
dirigir nossos atos. Usando mal nossa capacidade, o critério ao utilizar a
razão deve encontrar a verdade sobre si mesmo. Esse formato será de
grande valia no desenvolvimento das qualidades fundamentais na realização dos
valores.
No mundo em que
vivemos atualmente, temos dificuldade de acreditar e não entendemos como as
pessoas podem agir de certas maneiras.
Os acontecimentos envolvendo a atitude dos seres humanos, as aflições e
as crises que dela resultam, mostram no lado do indivíduo que tende somente
para si, o individual. Falamos exatamente no binômio
“ter” e “ser”, termos que fazem parte do cotidiano do homem em seu ambiente
político. Você é o que você tem, o exterior domina o interior. Nossa incessante
busca pelo consumo, para poder competir com os outros, cada vez mais nos torna
escravos da desigualdade. Valores antes descritos por palavras como
honra, dignidade, paixão, respeito são substituídos indiscriminadamente por
lucro, roupa da moda, beleza física, e inúmeros outros que o dinheiro pode
comprar.
A perda da
legitimidade do sistema político é um problema de perda de confiança!
É antes de tudo uma questão moral, mas, bem vistas as coisas, a “moral”
implicada nele é bastante rasteira, na medida em que os sentimentos e as ideias
não estão em jogo: os sentimentos e as ideias de fundo permanecem, o que se
perde é a crença de que o sistema pode, de alguma forma, corresponder aos
sentimentos e às ideias, bem como os satisfazer.O
problema vivido atualmente no Brasil consiste no aprofundamento radical dessa
crise de legitimidade; os sentimentos e as ideias de fundo anteriores
perderam-se ou corromperam-se, sendo cada vez mais substituídas por outras
coisas muito ruins e muito piores: em vez de termos amor, temos ódio; em vez de
termos altruísmo, temos egoísmo; em vez de termos bondade, temos mesquinhez. As
interpretações racionais e racionalizadoras seguem de maneira quase automática
tais sentimentos duros, agressivos e destrutivos.
Como dizia Augusto
Comte, “a natureza do problema indica a natureza da sua solução”
O problema vivido atualmente no Brasil é político e moral; assim, são necessárias medidas políticas e morais. Essas
medidas devem ser tanto diretivas (educativas) quanto repressivas
(jurídico-policiais) e devem ser aplicadas com urgência cada vez maior. As
medidas políticas são as mais diretas e as mais fáceis de serem implementadas;
o ordenamento político brasileiro orienta-se claramente em prol das liberdades,
do respeito à vida, da tolerância etc. As autoridades,
portanto, devem fazer cumprir as leis e coibir o máximo possível, mas sempre
dentro dos limites da lei, todos os comportamentos violentos e de ódio.
A ação pedagógica
depende de ligas religiosas e políticas!
Os conservadores, que tradicionalmente afirmam a importância dos valores
familiares, religiosos e morais, devem reafirmar essa importância, mas devem
assumir que no Brasil as liberdades, o respeito mútuo e a tolerância, são
efetivamente tradicionais, portanto, devem ser valorizadas e respeitadas. As
diversas religiões existentes no Brasil – fetichistas, politeístas,
monoteístas, metafísicas e positiva – devem igualmente afirmar, isoladas ou em
grupos, que só o verdadeiro amor constrói, que o altruísmo deve prevalecer
sobre o egoísmo, que o ódio não pode, nunca, ser considerado o pilar de nenhuma
política nem de nenhuma organização social.
Em termos políticos,
é necessário que os vários partidos e grupos sociais
unam-se em favor das liberdades individuais e coletivas!
Essa união não precisa ser explícita: basta que tacitamente os grupos
deixem de ferir-se uns aos outros e passem a envidar esforços sinérgicos, ou
seja, na mesma direção, com o mesmo objetivo. Da mesma forma, os líderes
políticos devem agir no sentido de preservar e fortalecer as instituições
republicanas, além de adotarem os remédios republicanos para nossos correntes
males políticos.
A chamada sociedade
civil pode e deve apoiar os esforços tanto da liga religiosa quanto da liga
política.
Os chamados “intelectuais”, por fim, têm que se pôr ao lado da sociedade
civil e da liga religiosa, de modo a atuar como
formadores de opinião; assim, devem abandonar os sempre existentes desejos de
assumirem o poder (no lugar dos grupos políticos que a cada momento governam,
geralmente na forma de oportunistas propostas parlamentaristas). No
quadro atual, os intelectuais não podem furtar-se à obrigação de
manifestarem-se publicamente, atuando como formadores de opinião. Os
intelectuais devem indicar as possibilidades de ação para os políticos e os
efeitos sociais de políticas tanto de extrema esquerda (Comunismo), como de
extrema direita (liberalismo radical e o capitalismo selvagem), pois em ambas
os FINS JUSTIFICAM OS MEIOS. Mas, devem fazer isto apenas como formadores de
opinião, devem apenas secundar os esforços da liga religiosa, cujo papel é o de
reverter a putrefação moral que se estende pelo país e no mundo.
São abundantes os
relatos na “mídia mainstream” e nas redes sociais sobre atritos entre os três
poderes no Brasil
Incontáveis querelas ocupam o centro dos acontecimentos em nossa vida
política. Formaram-se correntes de opinião, facções e, em alguns casos,
exaltadas torcidas. O risco de ruptura da democracia,
nesse quadro, já não é mera ficção, considerando-se as ameaças que se formulam
por parte dos três poderes. Superar tal
estado de coisas exige, em nosso entendimento, a adequada compreensão da
natureza da crise que vivenciamos. Trata-se, em essência, de amplo desajuste
institucional. Os princípios constitucionais "sensíveis" que a
União deverá assegurar a sua observância é a "forma republicana, o sistema
representativo e o regime democrático", previstos na alínea "a"
do inciso VII do artigo 34 da Carta Magna, em consonância
com o seu artigo 1º, caput, que prevê a "República Federativa,
constituindo o Estado democrático de Direito", cujos elementos formadores
são a soberania, a cidadania, a dignidade da pessoa humana, os valores sociais
do trabalho e da livre iniciativa e o pluralismo político, todos eles
garantidos ao povo, pela representação política exercida pelo voto (vontade da
maioria) e pela Constituição Federal (razão), que defende sobretudo a
satisfação dos direitos fundamentais e, no bojo, a minoria.Tais princípios
sensíveis asseguram a manutenção permanente e segura da democracia, cujos
pilares são alicerçados pelos poderes públicos e a sua respectiva
representatividade política (Poderes Executivo e Legislativo) e garantidos pelo
terceiro poder (Judiciário), que exerce o controle da legalidade e da
constitucionalidade de todos os atos daqueles poderes e suas respectivas
instituições.
Nessa
direção, o debate que predomina na atual conjuntura macropolítica é a busca do
equilíbrio entre aqueles poderes públicos como a forma ideal de governança e
desenvolvimento de um Estado democrático de Direito.
Montesquieu, ao defender a separação dos
poderes, tinha como principal finalidade a preservação da liberdade dos
cidadãos que seria garantida pela divisão das funções de administrar, legislar
e julgar, evitando, assim, o despotismo da monarquia da época, assim como os
privilégios destinados aos nobres relativamente aos plebeus, os quais seriam
eliminados pela garantia da igualdade de todos perante a lei. A
tripartição de poderes é inerente à forma republicana, impedindo tentativas de
abuso de poder no que diz respeito à governança, por meio do controle externo
que cada poder exerce sobre o outro, com o objetivo de evitar a sua usurpação:
o chamado "sistema de freios e contrapesos". O
princípio da separação de poderes, em sua concepção, estimula certos atritos
entre legislativo, judiciário e executivo. Não fosse assim, não existiriam nem
fiscalização recíproca nem controle efetivo do poder, sempre propício a
excessos. Interferências de um poder na esfera de ação de outro poder, como
sustentou “O Federalista”, são tanto permitidas como desejáveis, pois
concretizam um importante desígnio do constitucionalismo de primeira geração
(constitucionalismo liberal): a limitação do poder.
O que é inaceitável,
ensina ainda “O Federalista”, é o fato de um poder tomar o lugar do outro!
Vale dizer: a um poder não é permitido assenhorar-se completamente das
funções ou atividades de outro. Se um poder sobrepõe-se a outro, restam
configuradas tendências autocráticas. Na lição do Professor Dalmo Dallari: “o
sistema de separação dos poderes, consagrado nas Constituições de quase todo o
mundo, foi associado à ideia de Estado Democrático...”
As dificuldades
surgem, exatamente, na hora de diferenciar interferências parciais (concebíveis)
de usurpações (execráveis)!
A separação de poderes nasceu em um momento
histórico específico em que se pretendia reduzir a atuação do Estado;
hodiernamente, as funções do Estado são cada vez mais amplas, exigindo-se
colaboração entre os poderes. O dogma da supremacia do poder legislativo
não resistiu ao fortalecimento do poder executivo e de suas políticas sociais.
Registre-se, ademais, a ampliação da função jurisdicional (típica do Judiciário),
cujo ativismo, concreto ou potencial, abalaria o próprio Montesquieu.
Vivemos a era dos
direitos humanos e fundamentais, o que o Estado moderno não pode ignorar!
Multiplicam-se os poderes: Tribunal
Constitucional, Chefia de Estado, Ministério Público e Administração Pública
passam a integrar o esquema da separação, fazendo da tripartição uma ideia
obsoleta. A demanda por participação política dos diversos atores
democráticos cresce e, em muitas oportunidades, põe em xeque a democracia
indireta ou representativa. Desenha-se, assim, o
retrato perfeito da crise, uma vez que continuamos a pensar os conflitos entre
os poderes na moldura ultrapassada do Estado Liberal Clássico. No
Brasil, especialmente, minimiza-se a dimensão institucional da crise entre os poderes.
Muitas análises limitam-se aos desdobramentos morais dos conflitos. Parece ser
mais importante, nesse infeliz viés comportamental, a psicologia dos diversos
atores: tendências autoritárias, exageros ativistas ou corrupção do caráter.
Para superar tal
panorama (falta de imaginação institucional), a única alternativa é reformar as
instituições!
Assiste razão ao jurista Maurizio Fioravanti ao afirmar que “uma constituição não é democrática somente por seu
fundamento popular ou sua derivação de uma assembleia constituinte, mas em
razão da mediação pacífica dos conflitos, capaz de tutelar a estrutura plural
de um país”. A nova supremacia da Constituição, por conseguinte, tem por
causa, a necessidade de definir limites seguros às pretensões das maiorias.
Nossa engenharia
institucional exige novas linhas organizativas!
A distinção entre chefia de estado e chefia de governo, no contexto de
um novo sistema de governo (o parlamentarismo), revelar-se-ia fundamental para
a resolução de conflitos, uma vez que permite o exercício de função arbitral
pelo Presidente da República. De igual modo, a redução
do número de partidos políticos, propiciada por um sistema eleitoral mais
racional, melhoraria as relações entre executivo e legislativo. O sistema
eleitoral majoritário (puro ou misto) confere estabilidade ao governo (um
número menor de partidos compõe a maioria parlamentar) e permite aos eleitores
o controle efetivo sobre os representantes, além de reduzir os custos da
campanha eleitoral, de modo a represar a corrupção. A criação de um
Tribunal Constitucional, por fim, com a adequada separação entre a jurisdição
constitucional e a jurisdição comum, racionaliza a administração da justiça. Reza
o relato medieval que Santo Antônio, ao ser hostilizado pelos homens na hora de
sua pregação, desceu de seu púlpito e, na beira d’água, passou a pregar aos
peixes. Esses animais, por ordem de tamanho, teriam posto a cabeça para fora,
com o objetivo de ouvir as palavras do franciscano. Na
política do Brasil de hoje, não podemos realizar grandes milagres nem mudar os
destinatários da Constituição. Para enfrentar os inúmeros conflitos,
logo, importa o pequeno milagre de repensar as instituições.
“É preciso obedecer
antes a Deus do que aos homens!” (Atos 5,29)
Em Atos dos Apóstolos 5,29 encontramos a famosa expressão de Pedro e dos
demais Apóstolos “É preciso obedecer antes a Deus do que aos homens!” - Mas
preciso dizer que esta frase é perigosa quando usada fora de contexto, de forma
isolada. E isto vale para toda a Escritura que, com exceção de alguns
provérbios, não foi escrita em versos (versículos), mas como narrativa de fatos
e ideias. Quando lida de forma “nua e crua”, esta frase
pode passar uma ideia de anarquia, rebeldia e outras atitudes avessas ao
convívio humano e contrárias ao ensino da própria Escritura ao falar sobre
obediência às leis, submissão às autoridades etc. Então, antes de usá-la para
justificar atitudes pessoais, precisamos olhar para as circunstâncias em que
esta frase foi pronunciada. Vivemos em um país que estampa em sua
bandeira duas palavras muito bonitas: “ordem” e “progresso”. Se levarmos essa
orientação a fundo, viveremos a verdadeira harmonia apresentada a nós pelo
Senhor.
Quem escolhe o
caminho da desobediência desajuizada, está querendo moldar tudo ao seu modo!
Se é para viver a fé da forma que achamos e não
como a Igreja através da bíblia e o sagrado magistério nos ensina, então já não
podemos mais nos considerar Cristãos, ou seja, aquele que segue os ensinos de
Jesus Cristo, que foi obediente até a morte e morte de Cruz. Quando uma
casa tem seu alicerce, ou estruturas abaladas, é questão de tempo para que ela
venha abaixo. O milenar Sagrado magistério nos lembra
que é preciso sempre fazer este juízo comparativo sobre nossa conduta com o
ensino da Igreja para não nos perdermos com nossa achologia. Não podemos
ceder às pressões, precisamos dizer ao mundo que, em primeiro lugar, obedecemos
a Deus e depois aos homens! Voltemos ao tempo da catequese, e aprendamos o
fundamental e o essencial da nossa fé, pois é ela que nos fundamenta a fazer a
coisa certa!
Importa sempre obedecer
a Deus do que a homens, principalmente aqueles que estão no poder, quando criam
leis que vão contra os princípios Cristãos!
O que vale mais: as leis que homem com poder político em um estado ou
país cria, ou a lei eterna e imutável em vista de nossa Salvação nos dada por
Deus? A obediência às autoridades é um mandamento claro
da Palavra de Deus: “Todo homem esteja sujeito às autoridades superiores;
porque não há autoridade que não proceda de Deus; e as autoridades que existem
foram por ele instituídas.” (Romanos 13, 1). As autoridades que nos
regem são instituídas por Deus, e por isso devemos respeitá-las e
obedecer-lhes.
Mas como nem todas
as autoridades são tementes a Deus, surge a questão: como proceder se elas
legislarem de forma contrária aos mandamentos expressos na Sua palavra?
O que fazer se nos proibirem de O adorar, se nos mandarem negá-Lo, se
nos impedirem de divulgar a nossa fé ou os mandamentos deixados na Sua Palavra?
Para nos ajudar a responder a estas questões, vamos nos basear nos exemplos
bíblicos (Atos 3, 22-23) – Ali Pedro apelou ao seu arrependimento e conversão,
para que os seus pecados fossem cancelados. E quando lhes falava acerca da
ressurreição de Jesus, vieram os sacerdotes, o capitão do templo e os saduceus.Diz a Palavra de Deus que estes estavam “ressentidos por
ensinarem eles o povo e anunciarem, em Jesus, a ressurreição dentre os
mortos...” (Atos 4,2). O que Pedro e João
estavam a fazer era uma afronta à autoridade destes líderes Judeus. Eles
que tinham executado Jesus com uma acusação de blasfémia, agora viam Jesus ser
anunciado como o Cristo ressuscitado. E que no Seu nome e poder eram feitas
curas? Por essa razão, prenderam Pedro e João e recolheram-nos no cárcere (Atos
4,3). Pedro e João não foram presos por um crime, ou
por desobediência à lei civil. Eles foram presos por anunciar Jesus e a Sua
mensagem. E isto era contrário aos interesses das autoridades religiosas desse
tempo, que depois de matarem Jesus, queriam silenciar também os Seus
discípulos.Como já era tarde nesse dia, o seu julgamento teve que
esperar para o dia seguinte.Nessa altura então, “reuniram-se em Jerusalém as
autoridades, os anciãos e os escribas com o sumo sacerdote Anás, Caifás, João,
Alexandre e todos os que eram da linhagem do sumo sacerdote;” (Atos 4, 5-6)Mandaram
chamar Pedro e João e perguntaram: “Com que poder ou em nome de quem fizestes
isto?” (Atos 4, 7)
Será que a
obediência devida às autoridades terrenas se deve sobrepor aos mandamentos de
Deus?
As autoridades que tinham o poder de prender Pedro e João, de os punir,
de os mandar calar-se e não anunciar nem ensinar em nome de Jesus, deviam ser superiores ao próprio Cristo? Ou Cristo é superior
porque as constituiu? (João 19, 11; Romanos 13,1) Vejamos a resposta dos
apóstolos às autoridades: “Julgai se é justo diante de Deus ouvir-vos antes a
vós outros do que a Deus; pois nós não podemos deixar de falar das coisas que
vimos e ouvimos.” (Atos 4, 19-20). Os apóstolos
disseram que a obediência a Deus tinha que vir primeiro do que a obediência às
autoridades, e que não podiam deixar de falar das coisas de que tinham sido
testemunhas. O mesmo ainda é válido para nós hoje. Devemos obediência às
autoridades porque assim Deus o ordena, mas apenas
quando elas não estão em oposição a Deus e à Sua Palavra! A Bíblia
mostra-nos vários exemplos disso, tal como este dos Seus apóstolos. Que Ele nos
dê força para Lhe sermos fiéis, e imitarmos o exemplo de irmãos fiéis do
passado, que mesmo em perigo de vida, escolheram obedecer a Deus em vez de
obedecer a homens sedentos e seduzidos pelo poder.
BIBLIOGRAFIA:
-ARISTÓTELES. A
ética. Bauru/SP: Edipro, 1995 (Série Clássicos).
-BARBOSA, Lívia. Igualdade
e meritocracia: a Ética do desempenho nas sociedades modernas. Rio de
Janeiro: FGV, 1999.
-COMTE-SPONVILLE, André. Pequeno Tratado das Grandes Virtudes. São Paulo: Martins Fontes,
1995.
-FRANKENA, William K. Ética. 2.ed. Rio de Janeiro: Zahar, 1975.
-INHAUSER, Roberto Marcos. Fundamentos da ciência ética. Ribeirão Preto/SP: s/ed, 2002.
Postilado.
-VÁZQUEZ, Adolfo Sánchez. Ética. 4.ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1980.
-CORTINA, A. Ética
Mínima: introdução à filosofia prática. São Paulo: Martins Fontes, 2009.
-WEBER, M. A ética
protestante e o espírito do capitalismo. São Paulo: Companhia das Letras,
2004.
-TOGNETTA, L. R. P.; VINHA, T. Valores em crise: o que nos causa indignação? In: TAILLE, Y. L.;
MENIN, M. S. S. (Org.). Crise de valores
ou valores em crise? São Paulo: Penso Editora, 2009.
------------------------------------------------------
APOSTOLADO BERAKASH: Como você pode ver, ao contrário de outros
meios midiáticos, decidimos por manter a nossa página livre de anúncios,
porque geralmente, estes querem determinar os conteúdos a serem publicados. Infelizmente, os algoritmos
definem quem vai ler o quê. Não buscamos aplausos, queremos é que
nossos leitores estejam bem informados, vendo sempre os TRÊS LADOS da moeda
para emitir seu juízo. Acreditamos que cada um de nós no Brasil, e nos
demais países que nos leem, merece o acesso a conteúdo verdadeiro e com profundidade.
É o que praticamos desde o início deste blog a mais de 20 anos atrás. Isso nos
dá essa credibilidade que orgulhosamente a preservamos, inclusive nestes tempos
tumultuados, de narrativas polarizadas e de muita Fake News. O apoio e a
propaganda de vocês nossos leitores é o que garante nossa linha de
conduta. A mera veiculação, ou
reprodução de matérias e entrevistas deste blog não significa, necessariamente,
adesão às ideias neles contidas. Tal material deve ser considerado à luz do
objetivo informativo deste blog. Os comentários devem ser respeitosos e relacionados
estritamente ao assunto do post. Toda polêmica desnecessária será prontamente
banida. Todos as postagens e comentários são de inteira
responsabilidade de seus autores e não representam necessariamente, a posição
do blog. A edição deste blog se reserva o direito de excluir qualquer artigo ou
comentário que julgar oportuno, sem demais explicações. Todo material produzido
por este blog é de livre difusão, contanto que se remeta nossa fonte. Não somos bancados por nenhum tipo de recurso
ou patrocinadores internos, ou externo ao Brasil. Este blog é
independente, e representamos uma alternativa concreta de comunicação. Se você gosta de nossas publicações, junte-se a nós
com sua propaganda, ou doação, para que possamos crescer e fazer a comunicação
dos fatos, doa a quem doer. Entre em contato conosco pelo nosso e-mail
abaixo, caso queira colaborar:
filhodedeusshalom@gmail.com
Postar um comentário
Todos os comentários publicados não significam a adesão às ideias nelas contidas por parte deste apostolado, nem a garantia da ortodoxia de seus conteúdos. Conforme a lei o blog oferece o DIREITO DE RESPOSTA a quem se sentir ofendido(a), desde que a resposta não contenha palavrões e ofensas de cunho pessoal e generalizados. Os comentários serão analisados criteriosamente e poderão ser ignorados e ou, excluídos.