"Negros não são descendentes de escravos, como dizem os livros
escolares. São descendentes de civilizações africanas, de reinados fortes e
poderosos. São descendentes de Reis, Rainhas, Príncipes e Princesas. São parentes de homens e mulheres que desenvolveram a
escrita, a astrologia, as ciências e as pirâmides. São fruto de um povo que desenvolveu as técnicas
agrícolas e que domina a medicina alternativa. São fruto de um povo que
conhece as folhas e como despertar o poder delas”. (Ricardo de Andrade - Aarqueologia
e História da Religiões)
Por *J.R.Sant´Ana - do
Guia Rio Claro
O objetivo deste texto é desmascarar a secular tradição que insiste em
afirmar que os negros brasileiros e americanos são descendentes de escravos. Tal costumeira narrativa não é verdadeira. É apenas um
pérfido jogo de palavras ideológico. Ela é mantida apenas pelo interesse
político em utilizar os segmentos afrodescendentes como massa de manobra servil,
quer como mão de obra, quer como contribuintes alienados ou curral eleitoral.
Detalhe fundamental
- Este crime simbólico tem raízes profundas!
Sua origem está no medo que os brancos tiveram dos negros por muito
tempo. Isto porque em pontos chaves do país a população negra chegou a ser
maior que a de brancos. A preocupação com a segurança nacional só foi resolvida
com os investimentos oficiais na imigração branca. Daí, os negros se tornaram
minoria. Vestígios do antigo medo, no entanto, sobrevivem no imaginário.
Vamos aos fatos relativos
ao assunto deste texto:
É preciso ser
pedagógico para confrontar toda a manipulação que empesteia livros didáticos,
teses acadêmicas e a mentalidade geral. Você já viu algum
judeu, ou professor de história dizer que os Judeus são descendente de escravos?
É óbvio que não! Agora, você já viu algum brasileiro dizer que
os negros são descendentes de escravos? Sim. Todos dizem isso! Pois bem, então
faça a comparação e se pergunte pelo motivo da diferença?
Os judeus foram utilizados como escravos no Egito por 430 anos. Sem
contar outros 70 anos de confinamento na Babilônia. Só que os judeus se
identificam como pessoas originárias de um povo livre, anterior à escravidão.
Tal referência foi
extraída dos afrodescendentes nas Américas. Por isso, nós brasileiros,
aceitamos com naturalidade a tradição de limitar a identidade dos negros como
descendentes de escravos!
Ninguém se preocupa com a evidência, também óbvia, de que eles eram
originalmente livres na África. A preferência é estigmatizá-los como
descendentes de escravos. Este é um reducionismo ideológico contra o humanismo.
Todo o pensamento que podemos ter sobre afrodescendentes ficou limitado à
fronteira do navio negreiro para cá. Época da humilhação e da miséria. Ninguém
fala do antes. Trata-se de uma imposição cultural para inviabilizar a
possibilidade de pensar o negro original como livre, independente, guerreiro,
em estado de natureza, ou, principalmente, com civilização própria e auto
sustentável (berço da humanidade).
À cultura comum
tornou-se inviável pensar a civilização de Cartago, com Aníbal, ou qualquer
dinastia egípcia negra. No que devem ser incluídos os guerreiros muçulmanos do
século VII, negros conquistadores.
Daí a pergunta: dá
para perceber nisso a intenção de apagar a ancestralidade guerreira dos negros?
Cartago, muçulmanos, guerreiros? Nem pensar!
Por isso tudo foi eliminada a possibilidade de compreender a negritude
como originária de pessoas livres que, em determinado momento, foram utilizadas
como escravos.
A escravidão no
Brasil durou 300 anos! Tempo bem menor que os 500 anos dos Judeus como escravos
no Egito.
Então, porque os judeus não se dizem descendentes de escravos enquanto
nossa cultura repisa o estigma ao testemunhar que negros americanos são
descendentes de escravos? Para quem entende o termo, isto é pura ideologia, é
mentira em forma de verdade aparente.
A quem se apressar a
refutar a comparação entre uma escravidão e outra, cabe ressaltar que, apesar
da distância no tempo, sabemos muito mais sobre a escravidão dos judeus do que
da escravidão no Brasil. Não obstante a primeira datar de 3500 anos e a nossa
de 125 anos.E coloco no ar uma suspeita.
Há por aí uma movimentação de “levar a cultura
negra às escolas”. Não vi, não sei. Parece algo como um programa
pedagógico de alegada disposição por democracia racial que inclui elementos do
assunto em escolas públicas. Daí, me pergunto. O que
será que irão fazer com isso? Ainda não sei. Mas suspeito, reservadamente, que
farão o de sempre. Inocular o veneno da tradição na mente das crianças dizendo
que os negros são descendentes de escravos e nelas incutir o sentimento de
inferioridade e ressentimento.
O que a máquina do
Estado poderia oferecer às escolas sobre a liberdade original dos povos
africanos se nem os historiadores brasileiros têm informações a respeito?
Gostaria muito de
saber que minhas suspeitas são infundadas, mas até prova em contrário as
mantenho. Infelizmente. Diante de tais argumentos, considero nossa
historiografia tradicional tão canalha quanto vagabunda. Primeiro, por
desprezar o espírito de liberdade que deve nortear o humanismo.
Os historiadores não
poderiam compactuar com o objetivo reducionista de identificar uma etnia por um
momento de 300 anos por ela vivido!
A história da negritude atravessa milhares de anos. Porque escolher exatamente o pior para exibir nas salas de
aula como identidade permanente de um povo? Em segundo, é vagabunda
porque a historiografia nativa vive de repetir o que encontrou pronto, não vai
além do que recebe forjado, como a afirmação de que os negros são descendentes
de escravos.
Mas nem tudo é
estupidez. Pela primeira vez em Rio Claro, algo provavelmente incomum em muitas
partes do país, tem-se uma mostra cultural que renega a exploração da cultura
negra como pobreza, miséria e escravidão. É a exposição
“Ogum”, sobre raízes africanas, aberta no Shopping Center Rio Claro.
Ali se vê material simples, artesanatos, roupas e demais peças, mas suficiente
como mostra da estética africana pré-escravidão. Uma beleza. Já não era sem
tempo. Sinal que se aproxima a hora em que se dará um fim na canalhice de
identificar a alma das pessoas por momentos da história. Os negros, pois, são
descendentes da liberdade.
*J.R.Sant´Ana é Jornalista, pedagogo e pesquisador, se dedica
a recuperar histórias cujos personagens são cidadãos fazedores da história de
Rio Claro.
BIBLIOGRAFIA:
-https://www.geledes.org.br/negros-nao-sao-descendentes-de-escravos/
-https://www.gnnews.com.br/noticia/2770/negros-nao-sao-descendentes-de-escravos-como-dizem-os-livros-escolares-
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