Foi D. Bosco um prudentíssimo santo que
disse: "quem obedece não erra" - Mas ele disse isso dentro de um contexto
educacional, e não de forma absoluta e cega. A palavra
autoridade vem do latim auctus, particípio passado de augere, isto é, aumentar,
fazer crescer, acrescentar. É importante a etimologia (origem) das
palavras porque elas nos ajudam a trazer a questão para o seu justo termo. Toda
autoridade acrescenta algo às pessoas com quem se relaciona. Vivemos em
instituições que têm uma determinada organização e, necessariamente, pessoas
que exercem algum tipo de autoridade sobre as outras. O excesso de autoridade é
o autoritarismo, quando quem manda o faz sem apontar razões para a obediência.
A falta de autoridade revela um absenteísmo da pessoa. Este absenteísmo pode
ser de dois tipos. O primeiro, a ausência e a omissão de quem deveria exercer a
autoridade e não o faz. O segundo é a pessoa que deveria exercer autoridade e
não o faz por incompetência ou por falta de bom senso para exercê-la. O
importante, porém, é que quem manda exerça sua autoridade sem imposição e quem
obedece exerça sua liberdade sem subordinação, submissão ou subserviência. É
bom se convencer que é difícil mandar e é difícil obedecer, a não ser que tudo
seja feito com a máxima racionalidade e amorabilidade. Estive num supermercado
e, de repente, me chamou a atenção o procedimento de uma mãe com seu filho
pequeno de cerca de cinco anos. O menino colocou determinado produto no
carrinho. Quando a mãe viu, chamou o filho e começou a dialogar com ele. A
conversa foi nestes termos. “A mãe tem uma lista de produtos para comprar.
Fizemos juntos em casa. Se nós levarmos este produto que você colocou no
carrinho vamos ter que deixar fora algum outro produto da lista”. A conversa
foi tão tranquila que o menino colocou o produto novamente na prateleira. A
conclusão a que cheguei foi que o diálogo é uma presença viva nesta família.
Uma criança pequena também tem condições de entender certas coisas através do
raciocínio. Quem obedece nunca erra, desde que quem manda tenha juízo, bom
senso e capacidade de diálogo. O que acontece é que, hoje, estamos realmente
com crise de autoridade mais que crise de obediência. Um mínimo de dignidade de
quem exerce cargos públicos seria lógico e normal. No entanto, a corrupção e a
apropriação do patrimônio público e privado andam soltas. Neste sentido se
pergunta: quem está em crise, a autoridade ou os cidadãos comuns? "O povo tem o
governo que merece", se diz. No entanto, com um povo analfabeto, sobrevivente,
com direitos cortados, como se pode exigir que tenha discernimento? Ainda mais
com a avalanche milionária de publicidade falseando a realidade! O eleitor não
é mais um cidadão a ser convencido, mas um espectador a ser seduzido. Dentro
deste contexto os adolescentes e jovens também são massa de manobra. No
entanto, nos subterrâneos do mundo, estão sendo gestados projetos diferentes de
exercício da autoridade em todos os âmbitos: familiar, social, político,
econômico, religioso, cultural. Dom Bosco tinha um posicionamento claro diante
das autoridades. Mais vale uma obediência crítica e esclarecida do que uma
obediência subserviente.Em
primeiríssimo lugar, é bom saber que a afirmativa de "quem obedece nunca erra", é uma
verdade relativa (depende do que? E a quem obedecer?) e não absoluta (ou seja, inquestionável, pois soldados e oficiais Nazista erraram em obedecer ordens que iam contra suas consciências). O demônio é
especialista em ocultar suas obras sob títulos honrosos e iludir os homens
fazendo-os confundir vício e virtude, erro e verdade. E assim, “na noite da
ignorância humana, neste confuso século, muitas obras parecem virtuosas e partos
sobrenaturais da graça, que na verdade são vícios, ou, quando menos, puramente
efeitos da natureza” (Pe. Bernardes).De modo especial, nos tempos atuais, uma
das virtudes que mais têm sido falsificadas pelo maligno, é a obediência. Sem
dúvida alguma, a verdadeira obediência é de um valor incomparável, sobretudo a
obediência às autoridades da Igreja. Mas, não é verdadeira virtude a obediência
a ordens más, ou seja, que contradigam a Fé ou a Moral católica. Quando os Santos e
autores espirituais nos recomendam ter uma obediência cega a nossos superiores,
estão se referindo a sermos cegos ao amor próprio, ao comodismo, às razões
puramente naturais, etc., jamais recusando obedecer por causa destas coisas.
Nunca, porém, se pode ser cego à Fé e à Moral, e obedecer ainda que passando por
cima do que estas mandam ou proíbem.Em outras palavras, a obediência não nos
exime da responsabilidade sobre nossos atos. Se alguma autoridade nos ordena
algo que seja reprovável, “deve-se obedecer antes a Deus que aos homens” (At 5,29).Temerária essa afirmação, pois justificaria a obediência dos subordinados às desumanas atrocidades ordenadas pelos superiores alemães na segunda guerra mundial, onde muitos diziam apenas "estar cumprindo ordens".
Ensina São Bernardo de Claraval (DOUTOR DA IGREJA)
“Aquele
que faz o mal sob o pretexto de obediência, faz antes um ato de rebeldia do que
de obediência”.
E São Tomás de Aquino (DOUTOR DA IGREJA):
“Nenhum
preceito tem força de lei a não ser por sua ordem ao bem comum – Toda lei se ordena para a comum salvação dos homens e somente
daí tem força e razão de lei, e, na medida em que falta a isso, não tem
força de obrigar” (I-IIae., q. 90 e 96, a 6).
E também São Francisco de Sales (DOUTOR DA IGREJA):
“Muitos
se enganaram redondamente...os quais julgaram que ela
(a obediência) consistia em fazer a torto e a direito tudo o que nos pudesse
ser mandado, ainda que fosse contra os mandamentos de Deus e da Santa
Igreja” (Entretiens Spirituels, c. XI).
Diz ainda o Papa São Félix III (+492):
“É
aprovar o erro não lhe resistir, é sufocar a verdade não a defender...Todo
aquele que deixa de se opor a uma prevaricação manifesta pode ser tido como um
cúmplice secreto” (citado por Leão XIII, em sua carta aos bispos italianos, de
8/XII/1892).
E a Declaração Coletiva dos Bispos alemães, confirmada pelo
Beato Papa Pio IX, diz o seguinte:
“A
Igreja Católica não é uma sociedade na qual é aceito
aquele princípio imoral e despótico pelo qual se ensina que a ordem do superior
em qualquer caso exime (os súditos) da responsabilidade pessoal” (Denz.
Sch. 3116).
Completa Leão XIII:
“Desde
que falta o direito de mandar ou o mandato é contrário à razão, à Lei eterna, à
autoridade de Deus, então é legítimo desobedecer aos
homens a fim de obedecer a Deus” (Encíclica Libertas Praestantissimum,
n.15).
Logo, a obediência não
é absoluta e não pode ser desculpa para se aceitar ser cúmplice dos crimes que nestes
tempos, muito infelizmente, a cada dia se cometem em nossas paróquias e
dioceses, sob a benção de maus pastores. Numa palavra: não é válido, em
nome de uma obediência mal compreendida, cooperar com a “auto-demolição da
Igreja”, com a propagação da “fumaça de satanás” que “penetrou no Templo de
Deus”, segundo a expressão do papa Paulo VI.
ATENÇÃO! O Papa só é infalível, quando
fala ex cathedra!
Mas não fala ex
cathedra a todo momento! E não falando ex cathedra pode perfeitamente errar. Normalmente
falando, é claro que não é lícito resistir ao Santo Padre, o Papa, mas, se suas
determinações estiverem em desacordo com o Depósito da Fé sempre professada,
torna-se necessário, então, imitar a São Paulo, que também se viu constrangido
a resistir a São Pedro, o primeiro Papa (cf. Gál. 2, 11-14).
Veja-se o que diz o célebre Suarez (+1617), chamado de
“Doctor Eximius” por diversos Papas:
“Se
o Papa baixar uma ordem contrária aos bons costumes, não se há de obedecer-lhe;
se tentar fazer algo manifestamente contrário à justiça e ao bem comum, será
lícito resistir-lhe” (De Fide, dist. X, sect. VI, n.16).
E outro DOUTOR DA IGREJA: São Roberto Belarmino o atesta:
“É
lícito resistir ao Pontífice que tentasse destruir a Igreja. Digo que é lícito resistir-lhe não fazendo o que ordena e
impedindo a execução de sua vontade” (De Romano Pontifice, lib. II, c.
29).
Desta afirmação de um
santo proclamado Doutor pela Igreja, a qual examinou e aprovou todos os seus
escritos, se infere a perfeita possibilidade de um Papa, apesar do carisma da
infalibilidade, tentar destruir a Igreja, bem como a liceidade de resistir-lhe. O
mesmo Santo aprovou a 15ª proposição dos teólogos de Veneza, na qual dizia que:
“Quando o Soberano Pontífice fulmina uma
sentença de excomunhão que é injusta ou nula, não se deve recebê-la”.
São
Godofredo de Amiens e Santo Hugo de Grenoble, juntamente com outros bispos
reunidos no Sínodo de Vienne (1112), resistiram ao Papa São Pascoal II (+ 1118)
na questão das investiduras, e escreveram-lhe:
“Se,
como absolutamente não cremos, escolherdes uma outra via, e vos negardes a
confirmar as decisões de nossa paternidade, valha-nos Deus, pois assim nos estareis afastando de vossa obediência” (citado
por Bouix, Tract. de Papa, t. II, p. 650).
O Papa Honório I (+638), por sua vez, foi, depois de morto,
condenado como traidor da Igreja por um outro Papa, São Leão II (+683):
“Anatematizamos
Honório, que não ilustrou esta Igreja Apostólica com a doutrina da Tradição
Apostólica, mas permitiu, por uma sacrílega traição, fosse maculada a Fé
imaculada (...) e não extinguiu, como convinha à sua
autoridade apostólica, a chama insipiente da heresia, mas a fomentou por sua
negligência” (Denz. Sch. 563).
Na própria Ladainha de
todos os Santos a Igreja reza:
“Que
Vos digneis conservar na Santa Religião o Sumo
Pontífice e todas as Ordens da Hierarquia Eclesiástica, nós Vos rogamos,
ouvi-nos, Senhor!”
Logo, é possível que o
Papa venha a se afastar da Santa Religião. Aqueles que defendem uma obediência
irresponsável às autoridades religiosas, talvez tivessem ficado do lado de
Aarão quando ele comandou a adoração ao bezerro de ouro (cf. Ex 32, 1-6), ou do
lado do Sumo Sacerdote Caifás e dos príncipes dos sacerdotes que condenaram Jesus à morte (cf.
Mt 27, 20).
Preste-se atenção ao que disse o Cardeal Charles Journet:
“Nem sempre é exato dizer de
maneira um pouco simplista: ‘onde está o Papa está a Igreja’, ou ‘é necessário
obedecer ao Papa sem restrições mesmo no âmbito em que ele não é infalível’.
Esta solução é mais fácil e mais cômoda. De fato, quando o Papa aborda certos
assuntos reformáveis, mesmo em união com um Concílio, ele não pode engajar e de
fato não engaja, a plenitude de sua Autoridade Suprema. Ele não é, portanto, Papa em toda a extensão do
sentido em que entendemos a fórmula ‘onde está Pedro está a Igreja’. Em tempos
tranqüilos e serenos, isto não suscita nenhum problema especial. Em tempos de
crise, porém, a coisa já não é mais assim. É,
portanto, perfeitamente concebível, em certos momentos difíceis, que um cristão
que goze de especial clarividência, como Santo Atanásio no tempo do Arianismo,
se separe das opções oficiais feitas pela Hierarquia em sua maioria(...) Isto
não significa de modo algum que se separe da Igreja ou mesmo da comunhão com o
Papado, no sentido mais misterioso e profundo da palavra, mesmo se, em tal caso
particular, esse Papa decretasse o contrário e proferisse uma excomunhão” (citado em L’Obéissance dans l’Eglise,
Lucien Méroz, Ed. Martin , conf. Le Chardonnet, jun/1990). - O Cardeal Journet cita
o heróico bispo Santo Atanásio, hoje Doutor da Igreja, mas em vida excomungado
(Denz. Sch. 138, 141 e 142) pelo Papa Libério (+366), papa que traíra a Igreja,
passando a apoiar os hereges semi-arianos e a perseguir Santo Atanásio por não
fazer o mesmo. O Santo, porém, resistiu e continuou o seu ministério, ordenando
padres e, provavelmente, até bispos, contra a vontade do Papa.
E o Cardeal Ratzinger, Papa emérito Bento XVI, afirmou:
“É possível e até necessário
criticar os ensinamentos do Papa, se não estiverem suficientemente baseados na
Escritura e no Credo, ou seja, na fé da Igreja Universal” (O Novo Povo de Deus, S. Paulo, Paulinas, 1974, pg. 140).
Aos que defendem uma
obediência cega e irresponsável a tudo o que seja ordenado por um Papa, convém
perguntar se a amante do Papa Alexandre VI (+1503) também devia obedecer-lhe
quando este, por carta, a ameaçou de excomunhão caso ela não voltasse a pecar
com ele... (cf. Iota Unum, Romano Amério, t. I, n. 19).
Obediência ou cumplicidade com o erro?
“Quando
o pastor se transforma em lobo, compete primeiramente ao rebanho se defender”
(D. Guéranger, L’Anneé Liturgique, na festa de S. Cirilo de Jerusalém).
Devemos sim, racionalmente, Jurarmo fidelidade e
obediência perfeita ao Santo Padre, o Papa, e aos Bispos em comunhão com ele, mas
não nos é lícito aceitar novidades que contradigam, na teoria ou na prática, a
doutrina de sempre. Novidades contra as quais lutaremos como nos for
possível. Não podemos confundir “a Igreja Católica, Romana, Eterna, com a Roma
humana e susceptível de ser invadida por inimigos vestidos de púrpura.
Obediência na hierarquia da Igreja
PERGUNTA:
Nome: Alexandre
Enviada em:09/04/2003
Local:São Paulo - SP,
Religião:Católica
Idade:29 anos
Escolaridade:Pós-graduação
concluída
“Dileto amigo, tenho dúvidas quanto
a obediência dentro da hierarquia da Igreja,
como: quem deve obedecer a quem? se existem limites nesta obediência, se
existem casos de abuso de autoridade e qual é a providencia que a Igreja tomas
nestes casos? Não falo do voto de obediência dos religiosos, já bastante
esclarecido pelo direito canônico, mas da obediência em relação ao papa, aos
cardeais, aos bispos, aos padres e diáconos seculares, e a lideranças leigas. Agradeço
desde já sua atenção”
RESPOSTA:
Muito prezado Alexandre, salve
Maria!
A solução do problema que você me
coloca é relativamente fácil de ser explanada e compreendida. Difícil de ser
executada, na prática, pela delicadeza do problema proposto. Você conhece a
resposta de São Pedro ao Sumo Sacerdote judeu que proibiu aos Apóstolos de
fazer milagres e de ensinar o cristianismo: "Deve-se
obedecer antes a Deus do que aos homens". (Atos dos Apóstolos 5, 29). Como
você sabe bem, segundo a doutrina católica:
-Todo poder vem de Deus.
-Mais do que qualquer outro poder,
o do Papa provém diretamente de Cristo Deus. "O Papa é o doce Cristo na
terra", como dizia Santa Catarina de Siena.
-Também o poder dos Bispos provém
diretamente dos Apóstolos, e, por meio deles, provém de Cristo, Deus e Homem.
Uma
desobediência formal ao que determina o Papa é pecado gravíssimo, e se a
desobediência chegar ao grau de negar a própria autoridade do Papa como Vigário
de Cristo na terra, ela se constitui em cisma, que é um pecado ainda maior.Isto significa que devemos sempre
obedecer ao Papa e aos Bispos diocesanos, em união com o Papa, em tudo o que eles ordenam segundo a Fé a
lei de Deus e da Igreja.Também a obediência aos pais é
obrigatória pelo quarto mandamento da Lei de Deus, e desobedecer aos pais, em
matéria grave, é pecado mortal.Entretanto, a obediência a qualquer
autoridade - Papa, Bispos, pais, governantes, mestres - é condicionada a Deus,
que dá o poder a toda e a qualquer autoridade.Todo
poder vem de Deus, mas se a autoridade manda fazer alguma coisa contra a lei de
Deus e contra a verdade, ela corta seu laço com Deus, e sua ordem perde a
autoridade. Assim, se um pai manda que seu filho vá vender maconha, o filho não
tem que obedecer.Se um governante manda cometer um
crime, o súdito não deve obedecer, pois se obedecer será cúmplice no crime.Por exemplo, os alemães na Segunda Guerra Mundial, mesmo os
oficiais do exército alemão, não deveriam obedecer às ordens de Hitler de
prender e matar os judeus, só por serem judeus. Quem obedeceu a Hitler, executando os crimes que ele
mandou, foi cúmplice dele em seus crimes de genocídio.Os
mesmo princípios se aplicam à Igreja!Se um padre orienta algo contra a
fé e a moral, como a prática do adultério consentido, corrupção em nome de uma
ideologia, invasões, depredações de patrimônios públicos e privados, ensinar
que a prática homossexual não é pecado, mas um dom, que é necessário tirar a
culpa do pecado para poder entregar-se a libertinagem sexual, ou se ensina algo
contra a fé, não deve ser nem obedecido, nem muito menos acatado, em seu
ensinamento errado. Outro exemplo: o Bispo Dom
Casáldaliga escreveu poemas contrários ao direito de propriedade, e de
incentivo a revolta e luta armada não de defesa, mas de ataque, quando no Chiapas
orientou que o pobre quando pega em armas deve ser respeitado. Nisto ele não
deve nem ser ouvido, e nem obedecido quando mandava algo que contrariava a
doutrina católica. No mais, quando ele mandasse o que está de acordo com a Fé,
deveria sempre ser obedecido.
O Papa também deve sempre ser
obedecido, a não ser que mande fazer algo diretamente contra a Fé ou contra a
moral. Por exemplo, o Papa Alexandre VI tinha capangas aos quais mandava que
assassinassem os seus inimigos. É claro que esses homens não deveriam obedecer
ao papa Alexandre VI - o Papa Bórgia - quando ele mandava praticar um crime.
Se, por hipótese, então, um Papa mandasse fazer algo contrário à Fé ou aos dez
mandamentos, não se deveria acatá-lo, porque, nesses casos, ele estaria
mandando fazer algo contra Deus, e
"deve-se obedecer antes a Deus do que aos homens", como ensinou o
Papa São Pedro. Em matéria de fé, São Paulo ensina
o mesmo ao dizer:"Se
um anjo do céu vier ensinar um Evangelho diferente, que seja anátema"
(Gal. 1, 8).É claro que isso só ocorre em
raríssimos casos! Por exemplo, os que se revoltaram contra a Declaração Dominus
Jesus do Papa João Paulo II, pecaram pelo menos por desobediência, senão contra
a Fé. Este mesmo santo papa, João Paulo II, determinou que se voltasse a colocar os confessionários nas Igrejas, e
que a confissão particular voltasse a ser praticada como sempre fora.
Poucos sacerdotes obedeceram a essa ordem do Papa. Os outros padres desobedeceram
em matéria grave. Também, o santo Papa João Paulo II escreveu uma encíclica
sobre a Eucaristia, proibindo dar a comunhão a hereges ou a amasiados. Quem
desobedecer a isso, pecará.E rezemos para que todos obedeçam ao Papa em tudo o
que ele mandar como Vigário de Cristo, ensinando a doutrina de Cristo, porque o
Papa é verdadeiramente Cristo na terra.
Viva o Papa!
In Corde Jesu, semper,
Orlando
Fedeli
O DIÁLOGO É O NOVO NOME DA CARIDADE!
A palavra
autoridade vem do latim auctus, particípio passado de augere, isto é, aumentar,
fazer crescer, acrescentar - É importante a
etimologia (origem) das palavras porque elas nos ajudam a trazer a questão para
o seu justo termo. Toda autoridade acrescenta algo às
pessoas com quem se relaciona. Vivemos em instituições que têm
uma determinada organização e, necessariamente, pessoas que exercem algum tipo
de autoridade sobre as outras. O
excesso de autoridade é o autoritarismo, quando quem manda o faz sem apontar
razões para a obediência. A falta de autoridade revela um absenteísmo da
pessoa. Este absenteísmo pode ser de dois tipos:
1)-O primeiro, a
ausência e a omissão de quem deveria exercer a autoridade e não o faz.
2)-O segundo é a pessoa
que deveria exercer autoridade e não o faz por incompetência ou por falta de
bom senso para exercê-la.
O importante, porém, é
que quem manda exerça sua autoridade sem imposição e quem obedece exerça sua
liberdade sem subordinação, submissão ou subserviência.
Quem
obedece nunca erra?...Será mesmo tão simples assim?
É bom se convencer que
é difícil mandar e é difícil obedecer, a não ser que tudo seja feito com a
máxima racionalidade e amorabilidade. Estive num supermercado e, de repente, me
chamou a atenção o procedimento de uma mãe com seu filho pequeno de cerca de
cinco anos. O menino colocou determinado produto no carrinho. Quando a mãe viu,
chamou o filho e começou a dialogar com ele. A conversa foi nestes termos:“A
mamãe tem uma lista de produtos para comprar. Fizemos juntos em casa. Se nós
levarmos este produto que você colocou no carrinho vamos ter que deixar fora
algum outro produto da lista”.A conversa foi tão
tranquila que o menino colocou o produto novamente na prateleira. A conclusão a
que cheguei foi que o diálogo é uma presença viva nesta família. Uma criança
pequena também tem condições de entender certas coisas através do raciocínio. Quem
obedece nunca erra, desde que quem manda tenha juízo, bom senso e capacidade de
diálogo.
Obedecer a quem realmente é digno e moralmente justo na
ordenança!
Diante de alguém que se
respeita, além da estima nasce fácil e espontaneamente também a obediência,
porque é um grande prazer obedecer a quem honrosamente merece. A
alma busca essa obediência, tem fome e sede dela, como o corpo tem fome e sede
de alimentos e de bebida. Pelo contrário, deseja encontrar algo por que
viver, a estrela em torno da qual gravitar, a paixão fundamental da vida.A
liberdade não quer ser perenemente livre no sentido de desatada, desprendida,
solta, mas quer, pelo contrário, doar-se, comprometer-se seriamente,
apaixonar-se e, portanto, ligar-se. Poder-se-ia dizer consagrar-se, no sentido
de quem encontrou algo ao qual entregar feliz o seu total respeito e que,
portanto, experimenta como sagrado.
Há coisas que se impõem por si, arrebatam, é um processo
natural
Por isso a verdade, a
beleza e a bondade não precisam mandar nada, porque atraem, cativam, atam, pelo
simples fato de ser. Por isso, no Sistema Preventivo de Dom Bosco é muito forte
a criação do ambiente educativo. Ambiente não são as paredes, os espaços...
Ambiente é o calor humano, a ternura, a razoabilidade, o consenso, o
convencimento, a religiosidade. Tais são os pais, os professores, os colegas,
as pessoas significativas, as autoridades... Obedecer neste contexto acrescenta
(augere).“Vocês
devem ser como um pai entre seus filhos”, dizia Dom Bosco. Numa carta escreveu que
ser “superior” significa ser “educador”, isto é, ser “pai, irmão e amigo” para
os jovens. “Cada jovem que chega a uma de nossas casas deve considerar seus
colegas como irmãos e seus educadores como quem ocupa o lugar de seus pais”.
Sua serenidade imperturbável, sua amistosa cordialidade, sua compreensão de um
coração jovem e sua percepção instintiva das necessidades particulares lhe
permitiam falar de uma maneira que chegava diretamente ao coração. A maneira
como tratava cada pessoa mostrava uma sensibilidade e uma preocupação incríveis
e era uma prova instantânea de amor e respeito.
O novo em gestação nos subterrâneos do mundo
O que acontece é que,
hoje, estamos realmente com crise de autoridade mais que crise de obediência. Um
mínimo de dignidade de quem exerce cargos públicos seria lógico e normal. No
entanto, a corrupção e a apropriação do patrimônio público e privado andam soltas.
Neste sentido se pergunta: quem está em crise, a autoridade
ou os cidadãos comuns?
O povo tem o governo
que merece, se diz. No entanto, com um povo analfabeto, sobrevivente, com
direitos cortados, como se pode exigir que tenha discernimento? Ainda
mais com a avalanche milionária de publicidade falseando a realidade! O eleitor
não é mais um cidadão a ser convencido, mas um espectador a ser seduzido.Dentro
deste contexto os adolescentes e jovens também são massa de manobra. No
entanto, nos subterrâneos do mundo, estão sendo gestados projetos diferentes de
exercício da autoridade em todos os âmbitos: familiar, social, político,
econômico, religioso, cultural.Dom
Bosco tinha um posicionamento claro diante das autoridades. Mais vale uma
obediência crítica e esclarecida do que uma obediência subserviente.Quando faço o batizado
de uma criança sempre agradeço aos pais por terem colocado um filho ou filha no
mundo. Isto é sinal de que ainda têm esperança no futuro. É possível, sim, um
mundo mais humano e mais decente para as novas gerações. Neste sentido é
importante dizer que o maior problema do mundo não são as novas gerações, mas
as velhas gerações que custam a aprender respeito e dignidade. Quem quiser
respeito que se faça respeitar.
O cliente "nem sempre" tem razão!
Existe um princípio de
qualidade total que diz que “o cliente sempre tem razão”. Isto pode ser verdadeiro nas
transações comerciais. Em educação, não! De fato, a educação sempre
pressupõe a interferência de pessoas significativas que chamamos de educadores
e do ambiente do entorno em que vivem.
Costuma-se fazer uma distinção entre temperamento e caráter
a)-Por temperamento
entende-se uma disposição inata e particular de cada
pessoa, pronta a reagir aos estímulos ambientais; é a maneira interna de
ser e agir de uma pessoa.
b)-Já o caráter é
formado durante as etapas do desenvolvimento psicoafetivo, pelas quais passa a
criança desde a gestação.
Para a sua formação,
incluem tanto os elementos geneticamente herdados (temperamento) como também os
adquiridos do meio ambiente no qual a criança está inserida.A
educação visa formar o caráter da pessoa tendo como ponto de partida o seu
temperamento. Neste sentido é que se diz que o educando nem sempre tem razão
porque precisa ser ajudado a formar seu caráter a partir do seu temperamento e
das influências do ambiente.
Padre Pietro Broccardo, grande estudioso de Dom Bosco,
escreveu um livro intitulado Dom Bosco:
"Profundamente homem,
profundamente santo. Falando de seu temperamento ele diz que “Dom
Bosco não era, por natureza, o homem paciente, manso e amável que conhecemos”.
Afirma ainda que ele tinha “inclinação à ira e à impetuosidade, com tendência à autonomia, à demasiada estima de si, à
afirmação obstinada das próprias convicções, à impetuosa irascibilidade”. Estas eram algumas das qualidades do seu
temperamento. No entanto, através dos processos educativos de sua mãe, da
catequese paroquial, no seminário, no Colégio Eclesiástico, na vida, ele foi
canalizando isto que poderia ser um estorvo em seu ministério educativo e
pastoral numa riqueza incomum. Daí brotaram seu espírito empreendedor, sua
proatividade, as convicções entusiásticas. Isto é caráter".
Quando eu queria que minha mãe me deixasse ir a um local ou fazer alguma coisa, eu dizia: "Mas mãe, todo mundo já está fazendo assim..." E minha mãe na sua pedagogia da experiência de vida dizia: "Quer dizer que se todo mundo for comer " b o s t a" você vai também, só porque todos estão comendo?..." Uma criança, um
adolescente ou um jovem precisa de quem saiba apostar no temperamento das
pessoas para a construção de seu caráter. Gosto muito de trabalhar com duas palavras:
fixação e flutuação. As novas gerações gostam de flutuação. As pessoas mais
institucionalizadas gostam mais de fixação. A coordenação desses dois
elementos é fundamental para formar o caráter das pessoas:
-A
flutuação é importante porque relativiza o que não é fundamental, ou seja, aquilo que não passam de pontos de vistas pessoais.
-A fixação é
importante porque torna fundamental o que se quer relativizar, principalmente aquilo que poe em risco a nossa salvação e a verdadeira libertação do pecado e não da culpa.
Então, o educador disciplina as novas gerações coordenando fixação e flutuação
numa medida bem adequada.
Fonte:https://boletimsalesiano.org.br/materias/acao-social/item/10921-manda-quem-pode-e-obedece-quem-precisa-autoridade-e-autoritarismo.html
CONCLUSÃO:
São Bento já se defrontava com a questão "duma obediência muito gravosa, ou mesmo impossível de se levar adiante"; e
são Francisco de Assis considerava o caso em que "o súdito vê coisas melhores
e mais úteis para a sua alma que as que lhe ordena o prelado (o superior)". O
Pai do monacato responde pedindo que se estabeleça um diálogo livre, aberto,
humilde e confiante entre monge e abade; ao final, porém, se lhe for requerido,
o monge "obedeça por amor de Deus e confiando no seu auxílio". O Santo de
Assis convida à prática de uma “obediência caritativa”, na qual o frade
sacrifica voluntariamente os seus pontos de vista e cumpre a ordem dada, uma
vez que, deste modo, satisfaz a Deus e ao próximo; e vê uma “obediência
perfeita” lá onde, não podendo obedecer porque nos vem ordenado « qualquer
coisa contra a sua alma », o religioso não quebra a unidade com o superior e a
comunidade, seja disposto também a suportar perseguição por causa disso. « Com
efeito – observa São Francisco – quem sustenta a perseguição antes de querer se
separar dos seus irmãos, permanece verdadeiramente na perfeita obediência,
porque oferece a sua alma por seus irmãos ». Nos vem assim recordado que o
amor e a comunhão representam valores supremos, aos quais são submetidos também
o exercício da autoridade e da obediência. Deve-se reconhecer que é
compreensível haver, por um lado, certo apego a ideias e convicções pessoais,
fruto de reflexão ou de experiência e amadurecidas com o tempo, e é também boa
coisa o procurar defendê-las e levá-las adiante, sempre na perspectiva do
Reino, num diálogo sincero e construtivo. Por outro lado, não se há de esquecer
que o modelo é sempre Jesus de Nazaré, que mesmo na Paixão pediu a Deus para cumprir
a vontade do Pai, e não deu as costas diante da morte de cruz. É possível que surja aqui uma pergunta: pode
haver situações nas quais a consciência pessoal pareça não permitir que se
sigam indicações dadas pela autoridade? Pode ocorrer, em suma, que o consagrado
tenha de declarar, em relação a normas ou a seus superiores: "É preciso
obedecer a Deus antes que aos homens" (At 5,29)? É o caso da assim chamada
objeção de consciência, da qual já falou o papa Paulo VI, e que se há de entender no
seu significado autêntico. Se, por um lado, é verdade que a consciência é o
lugar onde ressoa a voz de Deus que nos indica como comportar-nos, é verdade
também que se faz necessário aprender a escutar esta voz com grande atenção,
para saber reconhecê-la e distingui-la de outras vozes. Não é preciso, com
efeito, confundir esta voz com as que emergem de um subjetivismo que ignora ou
negligencia as fontes e os critérios irrenunciáveis e vinculantes na formação
do juízo de consciência: « Na verdade, o “coração” convertido ao Senhor e ao
amor do bem é a fonte dos juízos verdadeiros da consciência, e a
liberdade da consciência nunca é liberdade “da” verdade, mas sempre e só “na”
verdade. Recusar a obediência traz consigo um dano, muitas vezes grave,
para o bem comum. Um religioso não deveria admitir facilmente que exista
contradição entre o juízo da sua consciência e o do seu superior. Esta situação
excepcional comportará, por vezes, um autêntico sofrimento interior, à imitação
do que se verificou com o próprio Cristo, que “aprendeu o que significa
obedecer por aquilo que padeceu” (Hb 5,8) . Se a vida do fiel é toda ela uma
busca de Deus, cada dia da existência torna-se então um contínuo aprender da
arte de escutar a sua voz para cumprir a sua vontade, pois não basta crer, tem que obedecer (obediência da fé). Trata-se, sem dúvida, de
uma escola que exige esforço, como se fosse uma luta entre aquele eu que tende
a ser amo de si e da própria história e aquele Deus que é “o Senhor” de toda
história; escola em que se aprende a entregar-se de tal modo a Deus e à sua
paternidade, a ponto de depositar confiança até nos homens, seus filhos e
nossos irmãos. Cresce assim a certeza de que o Pai não abandona jamais, nem
sequer no momento em que se faz necessário confiar o cuidado da própria vida às
mãos de irmãos, nos quais se há de reconhecer o sinal da sua presença e a
mediação da sua vontade. Com um ato de obediência, mesmo que seja inconsciente,
viemos à vida, acolhendo aquela Vontade boa que nos preferiu à não-existência.
Concluiremos o caminho com outro ato de obediência, que desejaríamos fosse o
mais possível consciente e livre, mas, sobretudo, expressão de abandono em
direção àquele Pai bom que nos chamará definitivamente a si, ao seu reino de
luz infinita, onde encontrará termo a nossa busca, e os nossos olhos o verão,
num domingo sem ocaso. Então seremos plenamente obedientes e realizados,
porquanto diremos para sempre sim àquele Amor que nos constituiu para que
sejamos felizes com Ele e n’Ele.
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