O precioso segredo do Amor Esponsal
“Eu te
desposarei para sempre, Eu te desposarei na justiça e no direito, no amor e na
ternura. Eu te desposarei na fidelidade” (Os 2, 21-22).
Existe um amor que sobrepuja todos os outros, de beleza
indescritível, forte e dominante, que o autor de Cântico dos cânticos louva:“Quão formosa e quão aprazível és, ó amor em
delícias” (Cant 7, 7). É este o amor que Jesus concede à alma esposa, e é este o
amor da alma sincera por Jesus. É inacreditável e maravilhoso que haja tal
amor, que Jesus possa nos amar tanto!
Esposo de almas tão
pecadoras?
Fica além de nossa compreensão,
porém, que Ele queira ser não apenas Rei, Senhor, Redentor e Salvador, mas
Esposo de almas tão pecadoras. Está além da nossa imaginação que Ele mesmo
queira atar os elos de amor com a alma ferida pelo pecado, como fazia com
Israel, o seu povo escolhido, ao dizer: “Eu te
desposarei para sempre, Eu te desposarei na justiça e no direito, no amor e na
ternura. Eu te desposarei na fidelidade” (Os 2, 21-22). Jesus, o Cordeiro, quer unir-se à
sua Esposa, à Noiva do Cordeiro. Ele quer firmar os laços de amor com cada uma
daquelas almas por quem Ele mesmo como esposo se entregou. Este elo,
no entanto, pressupõe amor total e mútuo. Aquele que nos amou e nos ama tanto,
quer possuir-nos completamente, e agora o seu amor pede que nos rendamos a Ele,
junto com tudo que somos e temos, para que Ele possa ser o nosso “primeiro
amor”. Se lhe
oferecermos algo menor do que este “primeiro amor”, que comporta dar-se
inteiramente, se lhe oferecermos algo secundário e não o amor que tem
prioridade sobre todos os outros interesses da nossa vida, Ele não se dará por satisfeito.Enquanto o nosso amor por Ele
estiver dividido, enquanto permanecermos presos às criaturas, Ele tudo fará para sermos totalmente Dele, uma vez que o único amor de almas verdadeiramente apaixonadas, é aquele
que se entrega plenamente, sem medidas, até a última consequência.
Um amor exclusivo
O amor que o Amado espera de sua esposa é aquele representado pelo relacionamento de uma noiva com seu noivo, isto é, um amor afetivo, atencioso, fiel, verdadeiro e terno.Um amor exclusivo, que coloca o
Amado sobre todos os outros amores e interesses, que lhe dá o primeiro lugar e
que está sempre em busca de demonstrar este amor com incansáveis manifestações
de carinho e afeto. Jesus tem o direito de fazer essa exigência, porque não há outro como Ele.
Ninguém é tão cheio de glória, de beleza real, de semblante encantador, como
Ele. Ninguém deu a vida por nós, a não ser Ele. Seu amor é tão
dominante, tão carinhoso, tão íntimo, tão vivo e forte, que nenhum outro amor
lhe pode ser comparado. Ninguém ama tão exclusivamente e se dá com tanta
fidelidade e cuidado como Jesus. Ele sabe o que nos pode conceder com o seu
amor, Ele sabe como pode tornar feliz uma alma humana, e é por isso que Ele tem
mil vezes mais direito para dizer:“Quero
tudo, quero seu corpo e seu afeto, quero seu sorriso e sua vida, quero todo o
seu amor, quero o seu primeiro amor, pelo qual você deixaria para trás todas as
criaturas e coisas terrenas, da mesma forma que um casal de noivos apaixonados deixam de lado todos
os outros desejos, o amor e o conforto da casa paterna, e se for necessário,
sua terra natal, para unir-se completamente ao seu esposo”.Jesus, em seu amor por nós, mostra-nos o caminho e o próprio tesouro como Ele mostrou-se ao jovem rico! Para alcançar o bem precioso do
amor esponsal, da união íntima com o Amado, da vida eterna, é preciso vender
alguma coisa, ceder alguma coisa, na realidade é necessário vender tudo. Isto é
inevitável, porque o amor divino é amor total, não se entrega pela metade, se
entrega até a morte. O jovem rico saiu triste porque possuía
muitos bens, seu coração era pesado e por mais que fosse “obediente” aos
mandamentos, nele não existia espaço para o amor, que é uma realidade exigente.
E até hoje, nós que cremos somos, muitas vezes, tristonhos e
deprimidos, incapazes de conhecer a Sua grande alegria, porque nosso apego às
coisas terrenas, às pessoas, à honra, a nós mesmos, impede que amemos a Jesus
com um amor total. Pois o Noivo é dono de toda a alegria, pois foi ungido com o
óleo da felicidade como nenhum outro (Cf. Sal 45,7).
Jesus está diante de nós como alguém que suplica: Tenho sede!
Ele exige o nosso amor, quer ter
domínio total sobre nós. Quer receber de nós o amor que na cruz Ele nos deu. Não
porque o seu amor não seja gratuito, mas porque sabe que nada pode nos dar mais
felicidade que amá-lo dessa forma. Uma noiva não sente-se feliz e realizada ao
render-se completamente, entregando seu corpo e sua vida, àquele que ama? Então,
como não se sentirá uma alma que se deu completamente a este Amor que queima
até as entranhas e que é mais forte que a morte? Seu amor é zeloso, porque é
imenso e muito forte (cf. Exo 34, 14).
Possessão divina – que expressão bendita de esponsalidade!
Jeremias 20,7-13: Seduziste-me, ó Senhor, e deixei-me seduzir; mais forte foste do que eu, e não resisti; sirvo de escárnio o dia todo; cada um deles zomba de mim. Pois sempre que falo, grito, clamo: Violência e destruição; porque se tornou a palavra do Senhor um opróbrio para mim, e um ludíbrio o dia todo. Se eu disser: Não farei menção dele, e não falarei mais no seu nome, então há no meu coração um como fogo ardente, encerrado nos meus ossos, e estou fatigado de contê-lo, e não posso mais. Pois ouço a difamação de muitos, terror por todos os lados! Denunciai-o! Denunciemo-lo! dizem todos os meus íntimos amigos, aguardando o meu manquejar; bem pode ser que se deixe enganar; então prevaleceremos contra ele e nos vingaremos dele. Mas o Senhor está comigo como um guerreiro valente; por isso tropeçarão os meus perseguidores, e não prevalecerão; ficarão muito confundidos, porque não alcançarão êxito, sim, terão uma confusão perpétua que nunca será esquecida. Tu pois, ó Senhor dos exércitos, que provas o justo, e vês os pensamentos e o coração, permite que eu veja a tua vingança sobre eles; porque te confiei a minha causa. Cantai ao Senhor, louvai ao Senhor; pois livrou a alma do necessitado da mão dos malfeitores”.Deus tomou posse de mim, dominou-me por completo, conquistou-me por inteiro, amando-me tanto que não se deu por satisfeito até que eu me desse total e completamente a Ele. Pode existir felicidade maior que esta? Entre os vários escritos velho testamentário, o amado do cânticos dos cânticos não teme em afirmar que “os amores” do Amado são mais deliciosos que o vinho dos prazeres.
Deus se
revela como Esposo
A imagem do amor esponsal foi
sendo adotada ao longo da história da salvação para expressar o amor de Deus
para com o povo e também do povo para com seu Deus. Tomando a iniciativa, o
próprio Senhor que nos amou primeiro (cf. 1 Jo 4,19) utilizou-se da imagem do
amor humano entre homem e mulher para ilustrar seu amor pelo ser humano. É o
que podemos ler em profeta Ezequiel:“Passando junto a ti Eu te vi: estavas na idade dos amores. Estendi sobre ti meu manto e cobri tua
nudez; Eu te fiz um juramento e estabeleci aliança contigo – oráculo do Senhor
Deus. Então ficaste sendo minha” (Ez 16,8). Como vemos na passagem, o Senhor
ama seu povo, é atraído por sua fragilidade a qual Ele cobre com sua
misericórdia e estabelece uma aliança. Aliás, o próprio termo aliança
utilizado pelo próprio Senhor no Antigo Testamento já indica uma relação de amor
esponsal.
Vale
observar que esta linguagem esponsal não é extinta no Novo Testamento.
De fato, podemos constatar que
Nosso Senhor Jesus Cristo, o verbo encarnado e imagem do Deus invisível (Cf. Cl
1,15), afirmou que realizaria uma nova aliança em seu corpo e em seu sangue
(cf. Mc 14,22s), ou seja, ele sustenta a linguagem íntima. Além disso, ele comparou o Reino
a um banquete nupcial em Mt 22,1-13. Ainda mais, ele declarou que a
vinda do Reino é semelhante à vinda do esposo em Mt 25,1-12. Em outras
palavras, o amor esponsal é sinal do que viveremos na eternidade com o Senhor,
nas núpcias do Cordeiro (Cf. Ap 19,7-9).Deste modo, compreendemos que a
legitimidade da expressão esponsal começa na decisão bondosa do próprio Senhor
de utilizar de uma imagem humana para expressar seu amor sobrenatural para com
a humanidade.
Por outro lado, ao longo da
história, o povo assimila esta linguagem esponsal e se relaciona com o Senhor
como sendo seu amado.É o que expressa profeta Isaías: “Eu sou entusiasta,
sim, estou entusiasmada por causa do Senhor, minha alma exulta por causa do meu Deus, pois ele me vestiu do traje
da salvação, ele me envolveu no manto da justiça, qual o noivo que, como um sacerdote, cinge o diadema, qual noiva prometida se
enfeita com seus adornos” (Is 61,10). É nítido, nesta passagem, que o
povo agradecido pela bondade do Senhor que se debruça sobre ele, assume a
linguagem esponsal para expressar sua gratidão.Em João Batista, aquele que
aponta para o Cristo e prepara seu caminho, a humanidade reconhece
Jesus como noivo (cf. Jo 3,29). Num casamento em Caná (cf. Jo 2,1-11), a Virgem
Santíssima pede a Jesus que aja em favor dos noivos cuja festa está condenada
pela falta de vinho. Jesus chama a Virgem de ‘mulher’ e não de mãe. De
fato, neste casamento a Santíssima Virgem está como a nova Eva, ou seja, a
humanidade que pede ao Esposo o dom da salvação. Ele atende seu pedido
agindo como noivo, transformando água em vinho. Mais tarde, aos pés da Cruz
(Cf. Jo 19,25), lá está de novo a humanidade representada na Virgem, agora
acolhendo o dom da salvação feito pelo Esposo, o novo Adão na Cruz.Assim,
compreendemos que a resposta de acolhida ao dom total do Senhor em favor da
salvação da humanidade parece legitimar que o chamemos de esposo de nossas
almas.
Oséias e
Paulo: prefiguração e confirmação de Jesus esposo
O profeta da esposa infiel parece
prefigurar em sua vida a obra de Cristo esposo. Já o apóstolo das nações parece
atestar e incentivar a expressão esponsal na relação com Cristo.O Senhor pede a
Oséias que se case com uma prostituta para que ele lhe ensine a fidelidade: “Vai, toma para ti
uma mulher que se entrega à prostituição e filhos de prostituição, pois a terra
se prostitui continuamente, afastando-se do Senhor” (Os 1,2).A mulher é tomada em casamento,
mas mesmo casada custa a se desprender de seus amores:“Ela dizia: ‘Quero
seguir meus amantes, os que me dão o pão e a água, a lã e o linho, o azeite e
as bebidas’” (Os 2,7). Contudo, o Senhor convida o
profeta a não desistir dela, mesmo que tenha que prendê-la e feri-la:“Eis porque fecharei
o teu caminho com espinheiros; eu lhe oporei uma barreira e ela já não
encontrará as suas veredas. Ela irá ao encalço dos seus amantes sem os
alcançar; ela os procurará sem os encontrar; e dirá: ‘Voltarei para o primeiro
esposo, pois então eu era mais feliz do que agora’” (Os 2,8-9).Desta forma, o profeta encarna na
vida dele o amor esponsal de Deus pela humanidade:“Pois então vou
seduzi-la. Eu a levarei ao deserto e falar-lhe-ei ao coração. “Tu me chamarás
meu marido’. Eu a noivarei contigo para sempre, eu noivarei contigo pela
justiça e pelo direito, pelo amor e pela ternura. Eu noivarei contigo pela
fidelidade e tu conhecerás o Senhor” (Os 2, 16).Ele é prefiguração de Cristo que
‘se casa’ com a humanidade, tomando-a para sempre, libertando-a de suas
infidelidades na cruz e introduzindo-a nos céus em sua Ascensão.
Paulo
afirma na carta aos Efésios que a relação de Cristo com sua Igreja é uma
relação esponsal:
“Maridos, amais vossas mulheres como Cristo amou a Igreja e se entregou por
ela; ele quis com isto torná-la santa, purificando-a com a água
que lava, e isto pela Palavra; ele quis apresentá-la a si mesmo esplêndida, sem
mancha nem ruga, nem defeito algum; quis a sua Igreja santa e irrepreensível”
(Ef 5,25s). Ora, trata-se da relação da
Igreja como todo e não de um membro específico.Desta forma, entendemos que o
batismo nos insere todos os batizados nesta relação esponsal com
Cristo, somos suas esposas.
Conclusão:
Com esta breve retomada bíblica,
concluímos que a expressão esposo da alma evoca o amor exclusivo e total que o
Senhor tem por nós a ponto de dar sua vida para nos resgatar do pecado e da
morte.Em seguida, deduzimos que afirmar que Cristo é o esposo de nossas almas é
totalmente legítimo. De fato, o Senhor mesmo utilizou esta imagem na antiga e
na nova aliança e São Paulo afirma que esta imagem é a imagem do amor
misterioso com o qual o Senhor ama a Igreja.Consequentemente, a imagem traz uma
realidade da fé e não carnal. De fato, estamos falando da Igreja, realidade
espiritual daqueles que foram resgatados pelo sangue do cordeiro. Sendo assim,
não se trata de uma relação com Cristo somente com as mulheres, trata-se de uma
relação de Cristo com todas as almas conquistadas e resgatadas por ele. Em
outras palavras, mesmo os homens podem viver com Cristo um relacionamento
esponsal pela fé. Com isso, podemos deduzir também
que, ainda que aqueles que não se casam pelo reino, os chamados celibatários
consagrados, são um anúncio explícito desta realidade para toda Igreja, esta
realidade não está restringida a eles. Eles apontam aquilo que todos devem
buscar espiritualmente nesta terra e que todos viverão um dia no céu. Porque,
realmente, o Senhor afirmou que “na ressurreição, as pessoas não casam nem
são dadas em casamento” (Mt 22,30).
Caso você ainda não tenha experimentado, busque relacionar-se com Cristo com uma espiritualidade esponsal, dedicando-se a Ele não somente como sendo seu servo, mas dando a ele todo o seu coração, Experimente rezar com estas duas orações mais belas da esponsalidade da alma esposa:
Sou Vossa
(Santa
Teresa de Jesus – Doutora da Igreja)
Vossa
sou, para Vós nasci,
Que quereis fazer de mim?
Soberana Majestade,
Eterna Sabedoria,
Bondade tão boa para a minha alma,
Vós, Deus, Alteza, Ser Único, Bondade,
Olhai para a minha baixeza,
Para mim que hoje Vos canto o meu amor.
Que quereis fazer de mim?
Vossa sou, pois me criastes,
Vossa, pois me resgatastes,
Vossa, pois me suportais,
Vossa, pois me chamastes,
Vossa, pois me esperais,
Vossa, pois não estou perdida,
Que quereis fazer de mim?
Que quereis então,
Senhor tão bom,
Que faça tão vil servidor?
Que missão destes a este escravo pecador?
Eis-me aqui, meu doce amor,
Meu doce amor, eis-me aqui.
Que quereis fazer de mim?
Eis o meu coração,
Que coloco em Vossas mãos,
Com o meu corpo, minha vida, minha alma,
Minhas entranhas e todo o meu amor.
Doce Esposo, meu Redentor,
Para ser Vossa, me ofereci,
Que quereis fazer de mim?
Dai-me a morte, dai-me a vida,
A saúde ou a doença
Dai-me honra ou desonra
A guerra, ou a maior paz,
A fraqueza ou a paz plena,
A tudo isso, digo sim:
Que quereis fazer de mim?
Vossa sou, para Vós nasci,
Que quereis fazer de mim?
“Tarde Te amei!”
(De Santo Agostinho, uma das mais arrebatadoras oração esponsal de todos os tempos)
“Et ecce
intus eras et ego foris et ibi te esquaerebam,
et in ista formosa quae fecisti deformis irruebam…”
1.Tarde
Te amei, ó Beleza tão antiga e tão nova… Tarde Te amei! Trinta anos estive
longe de Deus. Mas, durante esse tempo, algo se movia dentro do meu coração… Eu
era inquieto, alguém que buscava a felicidade, buscava algo que não achava… Mas
Tu Te compadeceste de mim e tudo mudou, porque
Tu me deixaste conhecer-Te. Entrei no meu íntimo sob a Tua Guia e consegui,
porque Tu Te fizeste meu auxílio.
2. Tu estavas dentro de mim e eu fora… “Os homens saem
para fazer passeios, a fim de admirar o alto dos montes, o ruído incessante dos
mares, o belo e ininterrupto curso dos rios, os majestosos movimentos dos
astros. E, no entanto, passam ao largo de si mesmos. Não se arriscam na aventura de um passeio interior”. Durante os anos de
minha juventude, pus meu coração em coisas exteriores que só faziam me afastar
cada vez mais d’Aquele a Quem meu coração, sem saber, desejava… Eis que estavas
dentro e eu fora! Seguravam-me longe de Ti as coisas que não existiriam
senão em Ti. Estavas comigo e não eu Contigo…
3. Mas Tu
me chamaste, clamaste por mim e Teu grito rompeu a minha surdez… “Fizeste-me
entrar em mim mesmo… Para não olhar para dentro de mim, eu tinha me escondido.
Mas Tu me arrancaste do meu esconderijo e me puseste diante de mim mesmo, a fim
de que eu enxergasse o indigno que era, o quão deformado, manchado e sujo eu
estava”. Em meio à luta, recorri a meu grande amigo Alípio e lhe disse:
“Os ignorantes nos arrebatam o céu e nós, com toda a nossa ciência, nos
debatemos em nossa carne”. Assim me
encontrava, chorando desconsolado, enquanto perguntava a mim mesmo quando
deixaria de dizer “Amanhã, amanhã”… Foi então que escutei uma voz que vinha da
casa vizinha… Uma voz que dizia: “Pega e lê. Pega e lê!”.
4. Brilhaste, resplandeceste sobre mim e afugentaste a
minha cegueira. Então corri à Bíblia, abri-a e li o primeiro capítulo sobre o
qual caiu o meu olhar. Pertencia à carta
de São Paulo aos Romanos e dizia assim: “Não em orgias e bebedeiras, nem na
devassidão e libertinagem, nem nas rixas e ciúmes. Mas revesti-vos do Senhor
Jesus Cristo” (Rm 13,13s). Aquelas Palavras ressoaram dentro de mim.
Pareciam escritas por uma pessoa que me conhecia, que sabia da minha vida.
5. Exalaste Teu Perfume e respirei. Agora suspiro por Ti, anseio por
Ti! Deus… de Quem separar-se é
morrer, de Quem aproximar-se é ressuscitar, com Quem habitar é viver. Deus… de
Quem fugir é cair, a Quem voltar é levantar-se, em Quem apoiar-se é estar
seguro. Deus… a Quem esquecer é perecer, a Quem buscar é renascer, a Quem
conhecer é possuir. Foi assim que descobri a Deus e me dei conta de que, no
fundo, era a Ele, mesmo sem saber, a Quem buscava ardentemente o meu coração.
6. Provei-Te, e, agora, tenho fome e sede de Ti. Tocaste-me, e agora ardo por Tua Paz. “Deus
começa a habitar em ti quando tu começas a amá-Lo”. Vi dentro de mim a Luz
Imutável, Forte e Brilhante! Quem conhece a Verdade conhece esta Luz. Ó Eterna
Verdade! Verdadeira Caridade! Tu és o meu Deus! Por Ti suspiro dia e noite
desde que Te conheci. E mostraste-me então Quem eras. E irradiaste sobre
mim a Tua Força dando-me o Teu Amor!
7. E agora, Senhor, só amo a Ti! Só sigo a Ti! Só busco a
Ti! Só ardo por Ti!…
8. Tarde
te amei! Tarde Te amei, ó Beleza tão antiga e tão nova! Tarde demais eu Te
amei! Eis que estavas dentro, e eu, fora – e fora Te buscava, e me lançava,
disforme e nada belo, perante a beleza de tudo e de todos que criaste. Estavas
comigo, e eu não estava Contigo… Seguravam-me
longe de Ti as coisas que não existiriam senão em Ti. Chamaste, clamaste por
mim e rompeste a minha surdez. Brilhaste, resplandeceste, e a Tua Luz afugentou
minha cegueira. Exalaste o Teu Perfume e, respirando-o, suspirei por Ti, Te
desejei. Eu Te provei, Te saboreei e, agora, tenho fome e sede de Ti. Tocaste-me e agora ardo em desejos por Tua Paz!
(Santo
Agostinho - Confissões 10, 27-29)
FONTES
CONSULTADAS:
-https://pantokrator.org.br/po/artigos-pantokrator/jesus-o-esposo-da-minha-alma/
-https://comshalom.org/o-precioso-segredo-do-amor-esponsal/
-Agostinho
de Hipona - Confissões
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