Você já dever ter escutado ou pronunciado expressões como: “eu não fui
com a cara da criatura”, “ela não me passou uma boa impressão” ou “essa aí não
me desceu”, não é mesmo? É natural que façamos pré-julgamentos frente a alguém
que acabamos de conhecer, mas há momentos em que a nossa “intuição” grita tão
alto que a vontade é de sair imediatamente de perto dessa pessoa que acaba de
chegar em nossas vidas!
Porém se alguém nos perguntar o porquê criamos essa
repulsa imediata por essa pessoa que ainda nem tivemos a oportunidade de
conhecer melhor, é possível que “não sei” seja
uma de nossas primeiras respostas, seguida de alguns argumentos infundados. Mas por que
já temos um posicionamento referente a uma pessoa que ainda nem tivemos a
oportunidade de conviver? Calma, a Psicologia explica.
Rudolf
Steiner resgatou os conceitos da Grécia antiga sobre os elementos (terra, água,
ar e fogo) e desenvolveu o conhecimento dos temperamentos (melancólico,
fleumático, sanguíneo e colérico), com aplicação na psicologia, medicina,
pedagogia e nutrição. O autor apresenta as características dos quatro
temperamentos, cada qual com expressão numa das partes da entidade humana.
-No
melancólico está mais em evidência o físico-material; ele vive naquilo que os
gregos chamavam de elemento terra.
-O fleumático une-se intensamente às forças
de crescimento no seu corpo, por isso ele se relaciona mais com o elemento líquido.No
elemento líquido reside o segredo da vida.
-O temperamento sanguíneo vive
principalmente no elemento ar: o movimento das forças servidas de um lado pelo
sistema nervoso e por outro lado pela respiração.
-E finalmente, consideramos
como o colérico vive intensamente no elemento marcante e intenso do fogo.
De
certa forma, o ser humano deve conter em seu interior todos os quatro
elementos
Na prática observa-se que um ou outro temperamento aparece com maior
intensidade. Convencionou-se en-tão denominar os tipos humanos de acordo com o
seu temperamento predominante. No decorrer da vida, cabe ao indivíduo procurar
alcançar uma harmonia interior dos quatro temperamentos, através do trabalho do
próprio eu com a ajuda da Graça Santificante. Ainda no século XIX era habitual
a referência aos quatro temperamentos. Era compreensível, por exemplo, que um
médico e psicólogo de tanto renome como Ernst von Feuchtersleben abordasse
seriamente a lei dos temperamentos, no seu livro sobre psicologia médica. (Feuchtersleben EF.
Lehrbuch der ärztlichen Seelenkunde. Wien: Carl Gerold; 1845). As diversas
qualidades do homem eram então explicadas pelo modo como os indivíduos eram
‘temperados’ pelos quatro elementos naturais existentes. Os quatro elementos:
terra, água, ar e fogo, misturavam-se diferentemente em cada ser humano,
dependendo dessa mistura o aparecimento de um determinado temperamento se
destaca com maior intensidade. Há, pois, uma íntima relação entre os quatro
elementos e os quatro temperamentos: o melancólico, o fleumático, o sanguíneo e
o colérico. Embora psicólogos modernos apresentem novas abordagens aos
temperamentos, é a Rudolf Steiner que devemos sua compreensão básica. Foi ele
quem pôde esclarecer devidamente o que os gregos chamavam de elementos. Graças
a isso, surgiu em nossa época um novo conhecimento dos temperamentos,
conhecimento esse que trouxe valores e indícios importantes para a psicologia e
a sua aplicação na medicina, na pedagogia e até mesmo na alimentação. O estudo
da fisionomia, que também procura evidenciar as características dos
temperamentos, deveria constituir uma ajuda para médicos e educadores, pois
realmente os olhares exteriores são as janelas da alma interior.
Como a descoberta e o trabalho do nosso temperamento pode ajudar no caminho de nossa santificação?
Por Pe. Paulo Ricardo
É o que explica neste texto abaixo, o
grande tomista espanhol Pe. Antonio Royo Marín. Além dos grandes recursos psicológicos de caráter natural
e sobrenatural, podemos aproveitar-nos também, no caminho da nossa
santificação, de um auxílio de caráter puramente fisiológico, que é o nosso
próprio temperamento,
melhorando suas boas disposições e corrigindo, dentro do possível, os seus
defeitos. Naturalmente, trata-se de algo que contribui em pouca medida para a
nossa santificação, num plano puramente dispositivo e
meramente natural, mas não
deixa de ter sua importância, ao menos negativa, removendo obstáculos (ut removens prohibens).
Vamos,
pois, estudar a natureza, a classificação e os meios de aperfeiçoar o próprio
temperamento:
1. Natureza. — Há uma grande
diversidade de opiniões entre os autores sobre a natureza e a classificação dos
temperamentos. Vamos expor aqui a doutrina mais comumente admitida, dando-lhe
uma orientação eminentemente prática.
Noção: O temperamento é o conjunto de
inclinações íntimas que brotam da constituição fisiológica de um homem.
É a característica dinâmica de cada indivíduo, que
resulta do predomínio fisiológico de um sistema orgânico (sistema nervoso,
sistema sanguíneo) ou de um humor (bílis, linfa).
Como se vê por essas noções, o temperamento é algo inato e amoral no
indivíduo. É a índole
natural, ou seja, algo que a natureza nos impõe. Por isso mesmo, ele nunca desaparece inteiramente: “genio y figura hasta la sepultura”
(gênio e figura permanecem até a sepultura). Mas uma educação oportuna e, sobretudo, a força
sobrenatural da graça podem, se não transformá-lo totalmente, ao menos reduzir
ao mínimo suas estridências negativas, e ainda suprir de todo suas
manifestações exteriores. É testemunha disso, entre outros mil, São
Francisco de Sales, que passou para a posteridade com o nome de “Santo da
doçura”, apesar de seu temperamento fortemente colérico.
2. Classificação. — Depois de
mil tentativas e ensaios, os tratadistas modernos voltam à classificação dos
antigos clássicos, que parece remontar em sua origem ao próprio Hipócrates,
maior médico da Antiguidade (460-377 a.C.). Segundo ele, os temperamentos
fundamentais são quatro: sanguíneo, melancólico (nervoso), colérico (belicoso)
e fleumático, conforme predomine neles a constituição fisiológica que seu nome
mesmo indica. Vejamos as características principais de cada um deles. Antes, porém, é preciso advertir que nenhum dos temperamentos
que vamos descrever existe “quimicamente puro” na realidade. Geralmente,
apresentam-se mesclados e, além disso, apresentam graus muito diversos. Assim, os fleumáticos nunca o são de todo, pois se
encontram neles muitos traços de sensibilidade. Os sanguíneos têm, às vezes,
qualidades próprias dos melancólicos, etc. Trata-se unicamente de algo predominante na constituição
fisiológica de um indivíduo. É preciso levar muito em conta
esta observação, ao descobrir alguns traços próprios de um determinado
temperamento, para evitar um juízo prematuro, que poderia estar muito longe da
realidade objetiva. Passemos agora à descrição detalhada de cada um deles. Seguimos principalmente Conrado Hock e
Guibert. É deles que citamos, vez por outra, suas próprias palavras.
I Temperamento sanguíneo:
Características essenciais com relação à excitabilidade:
O sanguíneo se excita fácil e fortemente por qualquer impressão. A reação pode
ser também imediata e forte, mas a impressão ou duração pode ser curta. A
lembrança de coisas passadas não provoca tão facilmente novas emoções.
As
boas qualidades do sanguíneo
O sanguíneo é afável e alegre, simpático e prestativo,
dócil e submisso para com seus superiores, sincero e espontâneo (às vezes até à
inconveniência). É verdade que, ante a injúria, raciocina às vezes com
violência e prorrompe em expressões ofensivas; mas esquece
rapidamente tudo, sem guardar rancor de ninguém. Desconhece
a teimosia e a obstinação. Sacrifica-se com desinteresse. Seu entusiasmo é
contagioso e arrebatador. Seu bom coração cativa e apaixona, exercendo uma
espécie de sedução em torno de si.Por ter uma concepção serena da vida, é
fundamentalmente otimista, não o arredam as dificuldades, confia sempre no bom
êxito. Surpreende-se muito de que os outros se
incomodem com uma brincadeira pouco agradável, que lhe parece a coisa mais
natural e simpática do mundo. Tem
grande sentido prático da vida e é mais inclinado a idealizar do que a
criticar.Dotado de uma exuberante riqueza afetiva, é fácil e ágil para a amizade e se
entrega a ela com ardor, às vezes apaixonadamente.Sua
inteligência é viva, rápida, assimila facilmente, mas sem muita profundidade.
Dotado de uma memória feliz e uma imaginação ardente, triunfa facilmente na
arte, na poesia e na oratória, mas não poderá alcançar a eminência do sábio. Os
sanguíneos seriam muito freqüentemente espíritos superiores se tivessem tanta
profundidade como sutileza, tanta tenacidade no trabalho como facilidade nas
concepções.
As
más qualidades do sanguíneo
Ao lado dessas boas qualidades, o temperamento sanguíneo
apresenta sérios inconvenientes. Seus principais defeitos são
a superficialidade, a inconstância e a sensualidade. A primeira se deve principalmente à
rapidez de suas concepções. Julga haver compreendido logo qualquer problema que
se lhe proponha, quando na realidade o percebeu tão-somente de maneira superficial
e incompleta. Daí procedem
seus juízos apressados, ligeiros, freqüentemente inexatos, quando não
inteiramente falsos. É mais amigo da amplitude fácil e brilhante
do que da profundidade. A inconstância do sanguíneo é fruto da pouca duração de
suas impressões. Em um instante passa do riso ao pranto, do gozo delirante a uma negra
tristeza. Arrepende-se pronta e verdadeiramente de seus pecados, mas volta a
eles na primeira ocasião que se lhe apresenta. Os sanguíneos são
vítimas de impressões de momento, sucumbem facilmente à tentação. São inimigos
dos sacrifícios, da abnegação e do esforço duro e contínuo. São
preguiçosos no estudo. Torna-se-lhes quase
impossível refrear a vista, os ouvidos e a língua. Distraem-se facilmente na oração. A épocas de grande
fervor sucedem-se outras de languidez e desalento.A sensualidade encontra
terreno abonado na natureza ardente do sanguíneo. Deixa-se
arrastar facilmente pelos prazeres sensuais da gula e da luxúria. Raciocina
prontamente contra suas quedas e as deplora com sinceridade. Mas faltam-lhe
energia e coragem para dominar a paixão quando torna a levantar a cabeça.
Como
educar/formar o sanguíneo:
A educação e canalização de qualquer temperamento deve consistir em fomentar suas boas qualidades e em reprimir
os defeitos. Por isso, o
sanguíneo deverá procurar canalizar a sua exuberante vida afetiva por um meio
nobre e elevado. Se
conseguir amar fortemente a Deus, chegará a ser um santo de primeira categoria.
Sanguíneos cem por cento foram: o Apóstolo São Pedro, Santo Agostinho, Santa
Teresa de Ávila e São Francisco Xavier. Mas é preciso que lute
tenazmente contra seus defeitos, até tê-los vencido totalmente. Há de combater
sua superficialidade, adquirindo o hábito da reflexão e ponderação em tudo o
que fizer. Deve aprender a lidar com os problemas examinando-os por todos os lados,
prevendo as dificuldades que poderão surgir, dominando o otimismo demasiado
confiante e irreflexivo. Contra
a inconstância, tomará sérias medidas. Não bastarão os propósitos e resoluções, que violará na primeira
ocasião que se lhe apresente, apesar de sua sinceridade e boa fé. É preciso
pôr sua vontade num plano de vida, convenientemente revisado, aprovado por seu diretor
espiritual e no qual esteja tudo previsto e anotado, e que nada se deixe ao
arbítrio da sua vontade fraca e caprichosa. Há
de praticar seriamente o exame de consciência, aplicando-se fortes penitências
pelas transgressões que sejam fruto de sua inconstância e volubilidade. Há de pôr-se em mãos de um experiente diretor espiritual e
obedecer-lhe em tudo. Na oração,
há de lutar contra sua tendência aos consolos sensíveis, perseverando nela
apesar da aridez e secura.À sensualidade deverá opor-se com uma vigilância
constante e uma luta tenaz. Deve fugir como da
peste a todas as ocasiões perigosas, nas quais sucumbirá facilmente, ao se
aliar sua sensualidade com sua inconstância. Deve ter particular cuidado na guarda da vista,
recordando-se das suas dolorosas experiências. Nele, mais do que em ninguém,
cumpre-se aquilo de que “o que os olhos não vêem, o coração não sente”. Deve
guardar o recolhimento e praticar a mortificação dos sentidos externos e
internos. Deve, enfim, pedir humilde e constantemente a Deus o dom da perfeita
pureza de alma e corpo, que só do Céu nos pode vir (Sb 8, 21).
II Temperamento melancólico:
Características essenciais com relação à excitabilidade:
a do melancólico é débil e difícil ao princípio, mas forte e profunda por
repetidas impressões. Sua reação apresenta estes mesmos caracteres. Quanto à
duração, pode ser larga. O melancólico não esquece facilmente.
As
boas qualidades do melancólico:
Os melancólicos têm uma sensibilidade menos viva do que a
dos sanguíneos, mas mais profunda. São
naturalmente inclinados à reflexão, à solidão, ao silêncio, à piedade e vida
interior. Compadecem-se facilmente das misérias do próximo, são
benfeitores da humanidade, sabem levar a abnegação até o heroísmo, sobretudo ao
lado dos enfermos.
Sua inteligência pode ser aguda e profunda,
maturando suas idéias com a reflexão e a calma. É pensador e gosta do silêncio
e da solidão. Pode ser um intelectual seco e egoísta, encerrando-se na sua
torre de marfim, ou um contemplativo que se ocupe das coisas de Deus e do
espírito. Sente atração pela arte
e tem aptidão para as ciências.
Seu coração é de uma grande riqueza sentimental. Quando
ama, dificilmente se desprende de suas afeições, porque nele as impressões se
arraigam com muita profundidade. Sofre com a frieza
ou a ingratidão. A vontade segue
a vicissitude de suas forças físicas: débil e quase nula quando o trabalho o
tenha esgotado; forte e generosa quando desfruta de saúde ou quando um raio de
alegria ilumina seu espírito. É sóbrio e não sente a desordem passional, que
tanto atormenta os sanguíneos. É o temperamento oposto ao sanguíneo, como o
colérico é oposto ao fleumático.
Foram de temperamento melancólico: o Apóstolo São João,
São Bernardo, São Luís Gonzaga, Santa Teresinha do Menino Jesus e Blaise Pascal.
As
más qualidades do melancólico:
O lado desfavorável deste temperamento é a tendência exageradamente inclinada à tristeza e à
melancolia. Quando recebem alguma forte impressão, ela penetra-lhes profundamente a
alma e lhes produz uma ferida sangrante. Não possuem o
coração na mão como o sanguíneo, mas, sim, muito no fundo, e aí saboreiam a sós sua amargura. Sentem-se
inclinados ao pessimismo, ao ver sempre o lado difícil das coisas, ao exagerar
as dificuldades. Isto os torna retraídos e tímidos, propensos à
desconfiança em suas próprias forças, ao desalento, à indecisão, aos escrúpulos
e a certa espécie de misantropia (revolta). São irresolutos por medo de fracassar em suas empresas. O melancólico “nunca sabe acabar”, como dizia Santa Teresa. É
o homem das oportunidades perdidas. Enquanto os demais estão do
outro lado do rio, ele está pensando e refletindo, sem se atrever a
atravessá-lo. Sofrem muito e fazem
sofrer aos demais sem querê-lo, porque, no fundo, são bons. Santa Teresa
não os julgava aptos à vida religiosa, sobretudo quando a melancolia está
arraigada (cf. Fundações,
c. 7. Tenha-se em conta que a “melancolia”, sobre a qual havia se pronunciado,
refere-se somente ao temperamento melancólico, e não aos extravios de um
caráter voluntariamente neurastênico).
Como
educar/formar o melancólico:
O educador deverá ter muito em
conta a forte inclinação do melancólico à concentração sobre si mesmo. Do
contrário, expõe-se a não compreendê-lo e a tratá-lo com grande injustiça e
falta de tato. O sanguíneo é franco e aberto na
confissão; o melancólico, pelo contrário, quer desafogar-se por meio de um
colóquio espiritual, mas não pode; o colérico pode expressar-se,
mas não quer; o fleumático não pode nem
quer fazê-lo. Deve-se ter muito em conta tudo isto, para não intentar
procedimentos educativos contraproducentes.É
preciso infundir no melancólico uma grande confiança em Deus e um sereno
otimismo da vida. Deve-se inspirar-lhe uma suma confiança em si mesmo, ou seja,
na amplitude de sua alma para as grandes empresas. É preciso aproveitar a sua
inclinação à reflexão para fazê-lo compreender que não há motivo algum para ser
suscetível, desconfiado e retraído. Se for preciso, deve-se submetê-lo a um
regime de repouso e sobrealimentação (Santa Teresa curava muitas monjas
melancólicas proibindo a longa oração, as vigílias e jejuns e “fazendo-as
divertir-se” — cf. Quartas
moradas, 3, 12 e 13; Fundações,
6, 14). Acima de tudo, deve-se combater a sua indecisão e covardia, fazendo-o
tomar resoluções firmes e lançar-se a grandes empresas com ânimo e otimismo.
III Temperamento colérico:
Características essenciais com relação à excitabilidade:
o colérico se excita pronta e violentamente. Raciocina num instante. Mas a
impressão lhe fica na alma por muito tempo.
As
boas qualidades do melancólico:
Atividade, entendimento agudo, vontade forte,
concentração, constância, magnanimidade, liberalidade.
Eis aí as excelentes prendas deste temperamento riquíssimo. Os coléricos (ou
belicosos) são apaixonados e voluntariosos. Práticos, desembaraçados, são mais inclinados a obrar do que a pensar.
O repouso e a inação repugnam à sua natureza. Sempre estão acariciando o seu
espírito com um grande projeto. Apenas acabam de conceber um fim, põem mãos
à obra, sem desistir por causa das dificuldades. Entre eles abundam os chefes, os
conquistadores, os grandes apóstolos. São
homens de governo. Não são daqueles que deixam para amanhã o que deveriam fazer
hoje; antes, preferem fazer hoje o que deveriam deixar para amanhã. Se surgem
obstáculos e inconvenientes, esforçam-se para os superar e vencer. Apesar do seu ímpeto irascível, quando
conseguem reprimi-lo pela virtude, alcançam uma suavidade e doçura da melhor
cepa. Tais foram: São Jerônimo, Santo Inácio de Loyola e São
Francisco de Sales.
As
más qualidades do melancólico:
A tenacidade do seu caráter os faz propensos à dureza, obstinação,
insensibilidade, ira e orgulho. Se lhes opomos resistência ou os
contradizemos, tornam-se violentos e cruéis, a menos que a virtude cristã
modere as suas inclinações. Vencidos, guardam o ódio no coração até que
soe a hora da vingança. Geralmente são ambiciosos e tendem ao
mando e à glória. São mais pacientes do que o sanguíneo, mas não conhecem tanto
a delicadeza de sentimento, compreendem menos a dor das outras pessoas,
têm em suas relações um trato menos fino. Suas paixões fortes e impetuosas
sufocam essas afeições doces e esses sacrifícios desinteressados que brotam
espontaneamente de um coração sensível. Sua
febre de atividade e seu ardente desejo de conseguir o que se propõem os faz
pisotearem violentamente tudo o que os impede, e aparecem ante os demais como
uns egoístas sem coração. Tratam os outros com uma arrogância que se pode
chegar à crueldade. Tudo deve curvar-se diante deles. O único direito que
reconhecem é a satisfação dos seus apetites e a realização de seus desígnios.
Como
educar/formar o melancólico:
Tais homens seriam de um preço inestimável se soubessem
dominar-se e governar suas energias. Com relativa
facilidade chegariam aos mais altos cumes da perfeição cristã. Muitíssimos
santos canonizados pela Igreja possuíam este temperamento. Em suas mãos, as obras mais difíceis chegam a feliz termo. Por
isso, quando conseguem processar suas energias, são tenazes e perseverantes nos
caminhos do bem e não cessam em seus empenhos até alcançar os píncaros mais
elevados.Deve-se aconselhá-los a que sejam donos de si
mesmos, que não atuem precipitadamente, que desconfiem de seus primeiros
movimentos. Deve-se levá-los à
verdadeira humildade de coração, a se compadecerem dos fracos, a não humilhar
nem atropelar a ninguém, a não deixarem sentir sua violência, sua própria
superioridade, a tratarem a todos com suavidade e doçura.
IV Temperamento fleumático:
Características essenciais com relação à excitabilidade:
o fleumático não se excita nunca, ou o faz tão só debilmente. A reação é também
débil, quando não chega a faltar por completo. As impressões recebidas
desaparecem logo e não deixam vestígios em sua alma.
As
boas qualidades do fleumático:
O
fleumático trabalha devagar, mas assiduamente, contanto que não se exija dele
um esforço intelectual demasiadamente grande. Não se irrita facilmente por
insultos, fracassos ou enfermidades. Permanece tranqüilo, sossegado, discreto e
criterioso. É sóbrio e tem um bom sentido prático da vida. Não
conhece as paixões vivas do sanguíneo, nem as profundas do nervoso, nem as
ardentes do colérico. Dir-se-ia que
carece por completo de paixões. Sua linguagem é clara, ordenada, justa,
positiva; mais do que brilho, tem energia e atrativo.O trabalho científico,
fruto de uma larga paciência e de investigações conscienciosas, lhe convém
melhor do que grandes produções originais. O coração é bom, mas parece frio. Falta-lhe
entusiasmo e espontaneidade, porque sua natureza é indolente e reservada. É
prudente, sensato, reflexivo, obra com segurança, chega aos fins sem violência,
porque afasta os obstáculos em lugar de os romper. Às vezes a sua inteligência
é muito clara. Fisicamente, o fleumático é de rosto amável, de corpo robusto,
de andar lento e vagaroso. Santo Tomás de Aquino possuiu os melhores
elementos deste temperamento, levando a cabo um trabalho colossal com
serenidade e calma imperturbáveis.
As
más qualidades do fleumático:
Sua calma e lentidão lhe fazem perder boas ocasiões,
porque tarda muitíssimo em pôr-se em ação. Não se interessa nada pelo que se passa fora
de si. Vive para si mesmo, em uma espécie de concentração egoísta. Não vale
para o mando e o governo. Não é afeiçoado a penitências e mortificações; se é
religioso, não abusará dos cilícios. É deles que Santa Teresa descreve com
tanta graça: “As penitências que fazem estas almas são coerentes com sua
própria vida. Não tenhais medo de que se matem, porque sua razão está muito em
si” (Santa Teresa, Terceiras
moradas, 2, 7). Em casos mais agudos, convertem-se em homens
átonos, mortiços e vagos, completamente insensíveis às vozes de ordem que
poderiam tirá-los da sua inércia.
Como
Educar/formar o fleumático
Pode-se tirar muito partido do fleumático, se lhe forem
incutidas convicções profundas e lhe forem exigidos esforços metódicos e
constantes em ordem à perfeição. Lentamente chegará muito longe. Deve-se sacudi-lo de sua inércia e
indolência, empurrando-o às alturas, acender em seu coração apático a labareda
de um grande ideal. Deve-se estimulá-lo ao pleno domínio de si
mesmo, excitando-o e pondo em uso suas forças adormecidas; não como ao
colérico, que deve obtê-lo contendo-se e moderando-se.
Conclusão geral sobre os temperamentos
Repetimos o que dissemos mais acima: “nenhum
destes temperamentos existe em estado quimicamente puro”. O leitor que tenha percorrido estas páginas poderá não ter encontrado
em nenhuma delas os traços completos de sua particular fisionomia.
A realidade é mais complexa do que todas as categorias especulativas. Com
freqüência encontramos na prática, reunidos em um só indivíduo, elementos
pertencentes aos temperamentos mais díspares. Isso explica, em boa parte, a
diversidade de teorias e classificações entre os autores que se preocupam com
estas coisas.Contudo, é indubitável que em cada indivíduo predominam certos
traços temperamentais que permitem catalogá-lo, com as devidas reservas e
precauções, em algum dos quadros tradicionais. Por outro lado, sem negar a
grande influência do temperamento fisiológico sobre o conjunto da psicologia
humana, dadas as íntimas relações e interdependências entre a alma e o
corpo, não devemos conceder-lhe uma
importância exagerada, sobretudo
no que diz respeito à moralidade de nossos atos, à maneira de certos racionalistas, que
atribuem ao temperamento nativo a responsabilidade única de nossas desordens.
Qual o temperamento ideal ?
Se quisermos estabelecer, em sintética visão de conjunto,
as características do temperamento ideal, tomaríamos algo de cada um dos que
acabamos de descrever. Ao sanguíneo pediríamos sua simpatia, seu grande coração
e sua vivacidade; ao melancólico, a profundidade e a delicadeza de sentimentos;
ao colérico, sua atividade inesgotável e sua tenacidade; ao fleumático, o
domínio de si mesmo, a prudência e a perseverança.Conseguir pelo esforço
sistemático e inteligente este ideal humano, que a natureza não pode conceder a
quase ninguém, conduz à difícil empresa do aperfeiçoamento e melhora do
próprio temperamento, juntamente com o trabalho da graça em nossas almas na
formação do caráter. Como
nascemos todos com o pecado original, não existe um temperamento melhor do que
o outro. É preciso aproveitar as qualidades da própria “compleição”, trabalhar
as suas debilidades e, sobretudo, crescer na graça de Deus, que nos eleva acima
de nossa natureza decaída. São Paulo em suas cartas demonstra ter um
temperamento colérico, nem por isto seu temperamento o impediu de ser santo. O
nosso temperamento, se for trabalhado, pode nos ajudar no processo de
santificação.
Este vídeo do Instituto Hesed no link abaixo, nos ajudará a entender
melhor:
Às vezes
é difícil identificar o temperamento e se você tem essa dificuldade, é
recomendável que procure pelo temperamento que não está presente. A ausência
das características de certo temperamento pode indicar que o seu temperamento é
exatamente o oposto. Lembrando que o temperamento em si não pode
ser mudado, mas a forma como se expressa pode ser educada ao longo da vida.
Este vídeo do Dr ìtalo Marsili explica um pouco melhor,
não deixe de assistir:
RECOMENDAÇÕES
ANTES DE FAZER O TESTE:
1)-O teste no link ao final desta postagem
realizado pelo Projeto família é um teste é confidencial, faça-o sozinho.
2)- Leia a relação de todos os itens que
correspondem aos 4 tipos de temperamentos com as qualidades e defeitos de cada
temperamento.
3)- Se não souber o significado de alguma
palavra, pesquise-a em um dicionário.
4)- Marque os itens, que você considera realmente,
que fazem parte do seu temperamento. ATENÇÃO! - Lembre-se, não
marque o que você gostaria de ser, mas sim, aquilo que você realmente é.
5)- Analise bem antes de marcar, tanto os
seus pontos positivos como os seus pontos negativos.
6)- Após marcar as opções, clique no botão
correspondente para obter o resultado do teste e verifique, então, qual(is)
fruto(s) do Espírito Santo, você precisa buscar em Deus, com mais ênfase na via
da maturidade Cristã na busca da santidade a qual todo batizado é chamado:
BIBLIOGRAFIA:
-Pe. Antonio Royo Marín, Teología de la Perfección Cristiana. 2.ª ed., Madrid: BAC, 2015,
pp. 784-790. A tradução portuguesa foi
retirada do site S.O.S. Família e levemente adaptada para esta
publicação.
-Steiner
R, Wegman I. Elementos
fundamentais para uma ampliação da arte de curar. 3ª ed. São Paulo: Antroposófica; 2007.
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APOSTOLADO BERAKASH: Como você pode ver, ao contrário de outros meios midiáticos, decidimos por manter a nossa página livre de anúncios, porque geralmente, estes querem determinar os conteúdos a serem publicados. Infelizmente, os algoritmos definem quem vai ler o quê. Não buscamos aplausos, queremos é que nossos leitores estejam bem informados, vendo sempre os TRÊS LADOS da moeda para emitir seu juízo. Acreditamos que cada um de nós no Brasil, e nos demais países que nos leem, merece o acesso a conteúdo verdadeiro e com profundidade. É o que praticamos desde o início deste blog a mais de 20 anos atrás. Isso nos dá essa credibilidade que orgulhosamente a preservamos, inclusive nestes tempos tumultuados, de narrativas polarizadas e de muita Fake News. O apoio e a propaganda de vocês nossos leitores é o que garante nossa linha de conduta. A mera veiculação, ou reprodução de matérias e entrevistas deste blog não significa, necessariamente, adesão às ideias neles contidas. Tal material deve ser considerado à luz do objetivo informativo deste blog. Os comentários devem ser respeitosos e relacionados estritamente ao assunto do post. Toda polêmica desnecessária será prontamente banida. Todos as postagens e comentários são de inteira responsabilidade de seus autores e não representam necessariamente, a posição do blog. A edição deste blog se reserva o direito de excluir qualquer artigo ou comentário que julgar oportuno, sem demais explicações. Todo material produzido por este blog é de livre difusão, contanto que se remeta nossa fonte. Não somos bancados por nenhum tipo de recurso ou patrocinadores internos, ou externo ao Brasil. Este blog é independente e representamos uma alternativa concreta de comunicação. Se você gosta de nossas publicações, junte-se a nós com sua propaganda, ou doação, para que possamos crescer e fazer a comunicação dos fatos, doa a quem doer. Entre em contato conosco pelo nosso e-mail abaixo, caso queira colaborar:
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