“Não é possível encontrar Jesus fora da Igreja. O grande Paulo VI dizia:
é uma dicotomia absurda querer viver com Jesus sem a Igreja, seguir Jesus fora
da Igreja, amar Jesus sem a Igreja.” (Papa Francisco - Homilia do dia
23/04/2013)
As pessoas me manifestam revoltadas com qualquer notícia deturpada sobre o papa como se fosse a mais pura verdade, sem nem ao menos dar-se ao trabalho de consultar a fontes, e ai dá - no que - dá. Tentarei aqui de forma breve, elucidar alguns fatos que pela deturpação midiática daqueles que odeiam o papa e querem apenas audiência, acabam deixando a muitos completamente confundidos e perdidos! Entendida em seu sentido literal e natural, e retirada de seu contexto documental, é absolutamente inaceitável por um católico essa passagem da declaração firmada pelo Papa Francisco, em comum com o líder maometano de Al-Azhar. Ora , o Papa Francisco assinou em Abu Dhabi uma declaração comum com o Grande Imã da universidade Al-Azhar, do Egito, onde afirma que: “O pluralismo e as diversidades de religião, de cor, de sexo, de raça e de língua fazem parte daquele sábio desígnio divino com que Deus criou os seres humanos” (conforme está no nosso CIC, como veremos a seguir). É preciso entender o contexto da afirmação para entender o sentido positivo e correto de sua extensão, pois a mesma deve ser entendida em referência a uma vontade de Deus de caráter permissivo, pois o nosso magistério afirma que Ele colocou no coração do homem o desejo de conhecê-lo, do qual derivaria a multiplicidade de religiões:
1Coríntios 13,12-13: “Porque agora vemos como num espelho, de forma
obscura; depois o veremos face a face. Agora meu conhecimento é incompleto;
depois conhecerei como também sou conhecido. Agora, pois, permanecem a fé,
a esperança e o amor, estes três; porém o maior deles é o amor”.
Atos 10,33-35: “E logo mandei chamar-te, e bem fizeste em vir. Agora,
pois, estamos todos presentes diante de Deus, para ouvir tudo quanto por Deus
te é mandado.E, abrindo Pedro a boca, disse: Reconheço por verdade que Deus não
faz acepção de pessoas; Mas que lhe é agradável aquele que, em qualquer nação,
o teme e faz o que é justo.”
Mateus 7,21-23: “Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará no reino
dos céus, mas aquele que faz a
vontade de meu Pai, que está nos céus. Muitos, naquele dia, hão de dizer-me:
Senhor, Senhor! Porventura, não
temos nós profetizado em teu nome, e em teu nome não expelimos demônios, e em
teu nome não fizemos muitos milagres? Então, lhes direi explicitamente: nunca
vos conheci! Apartai-vos de mim, os que praticais a iniquidade!”
Lucas 2,14 “Glória a Deus nos mais altos céus, e paz na terra entre os
homens de boa vontade...”
É necessário contextualiza-la para poder entende-la de forma positiva e
dentro do magistério de sempre da Igreja.Essa frase, tem como real significando
que Deus tolera as falsas religiões, da mesma forma como o semeador da parábola
tolera até a colheita, o joio colocado pelo inimigo no meio do trigo, tanto no
Judaísmo, Cristianismo e Islamismo a três religiões Monoteístas e irmãs. O
texto subscrito pelo Papa Francisco inclui numa mesma frase coisas boas,
diversificadas e desejadas por Deus: sexo, cor, raça e a linguagem, bem como também, o
pluralismo e a diversidade das religiões, como algo que não está fora de seu
controle e plano divino. Mas vamos ao documento oficial para retirar qualquer
dúvida:
A fé leva o crente a ver no outro um irmão que se deve apoiar e amar. Da fé em Deus, que criou o universo, as criaturas e todos os seres humanos – iguais (em dignidade) pela Sua Misericórdia –, o crente é chamado a expressar esta fraternidade humana, salvaguardando a criação e todo o universo e apoiando todas as pessoas, especialmente as mais necessitadas e pobres. Partindo deste valor transcendente, em vários encontros dominados por uma atmosfera de fraternidade e amizade, compartilhamos as alegrias, as tristezas e os problemas do mundo contemporâneo, a nível do progresso científico e técnico, das conquistas terapêuticas, da era digital, dos mass-media, das comunicações; a nível da pobreza, das guerras e das aflições de tantos irmãos e irmãs em diferentes partes do mundo, por causa da corrida às armas, das injustiças sociais, da corrupção, das desigualdades, da degradação moral, do terrorismo, da discriminação, do extremismo e de muitos outros motivos. De tais fraternas e sinceras acareações que tivemos e do encontro cheio de esperança num futuro luminoso para todos os seres humanos, nasceu a ideia deste «Documento sobre a Fraternidade Humana». Um documento pensado com sinceridade e seriedade para ser uma declaração conjunta de boas e leais vontades, capaz de convidar todas as pessoas, que trazem no coração a fé em Deus e a fé na fraternidade humana, a unir-se e trabalhar em conjunto, de modo que tal documento se torne para as novas gerações um guia rumo à cultura do respeito mútuo, na compreensão da grande graça divina que torna irmãos todos os seres humanos.
Em nome de Deus, que criou todos os seres humanos iguais nos
direitos, nos deveres e na dignidade e os chamou a conviver entre si como irmãos, a povoar a terra e a
espalhar sobre ela os valores do bem, da caridade e da paz.
Em nome da alma humana inocente
que Deus proibiu de matar, afirmando que qualquer um que mate uma pessoa é como
se tivesse morto toda a humanidade e quem quer que salve uma pessoa é como se
tivesse salvo toda a humanidade.
Em nome dos pobres, dos miseráveis,
dos necessitados e dos marginalizados, a quem Deus ordenou socorrer como um
dever exigido a todos os homens e de modo particular às pessoas facultosas e
abastadas.
Em nome dos órfãos, das viúvas,
dos refugiados e dos exilados das suas casas e dos seus países; de todas as
vítimas das guerras, das perseguições e das injustiças; dos fracos, de quantos
vivem no medo, dos prisioneiros de guerra e dos torturados em qualquer parte do
mundo, sem distinção alguma.
Em nome dos povos que perderam a
segurança, a paz e a convivência comum, tornando-se vítimas das destruições,
das ruínas e das guerras.
Em nome da «fraternidade humana», que abraça todos os homens, une-os e torna-os iguais (em dignidade).Em nome desta fraternidade dilacerada pelas políticas de integralismo e divisão e pelos sistemas de lucro desmesurado e pelas tendências ideológicas odiosas, que manipulam as ações e os destinos dos homens.
Em nome da liberdade, que Deus deu
a todos os seres humanos, criando-os livres e enobrecendo-os com ela.
Em nome da justiça e da
misericórdia, fundamentos da prosperidade e pilares da fé.
Em
nome de todas as pessoas de boa vontade, presentes em todos os cantos da terra.
Em nome de Deus e de tudo isto, Al-Azhar al-Sharif – com os muçulmanos do Oriente e do Ocidente - juntamente com a Igreja Católica – com os católicos do Oriente e do Ocidente – declaramos adotar a cultura do diálogo como caminho; a colaboração comum como conduta; o conhecimento mútuo como método e critério.Nós – crentes em Deus, no encontro final com Ele e no Seu Julgamento –, a partir da nossa responsabilidade religiosa e moral e através deste Documento, rogamos a nós mesmos e aos líderes do mundo inteiro, aos artífices da política internacional e da economia mundial, para se comprometer seriamente na difusão da tolerância, da convivência e da paz; para intervir, o mais breve possível, a fim de se impedir o derramamento de sangue inocente e acabar com as guerras, os conflitos, a degradação ambiental e o declínio cultural e moral que o mundo vive atualmente.Dirigimo-nos aos intelectuais, aos filósofos, aos homens de religião, aos artistas, aos operadores dos mass-media e aos homens de cultura em todo o mundo, para que redescubram os valores da paz, da justiça, do bem, da beleza, da fraternidade humana e da convivência comum, para confirmar a importância destes valores como âncora de salvação para todos e procurar difundi-los por toda a parte.Partindo duma reflexão profunda sobre a nossa realidade contemporânea, apreciando os seus êxitos e vivendo as suas dores, os seus dramas e calamidades, esta Declaração acredita firmemente que, entre as causas mais importantes da crise do mundo moderno, se contam uma consciência humana anestesiada e o afastamento dos valores religiosos, bem como o predomínio do individualismo e das filosofias materialistas que divinizam o homem e colocam os valores mundanos e materiais no lugar dos princípios supremos e transcendentes.Nós, embora reconhecendo os passos positivos que a nossa civilização moderna tem feito nos campos da ciência, da tecnologia, da medicina, da indústria e do bem-estar, particularmente nos países desenvolvidos, ressaltamos que, juntamente com tais progressos históricos, grandes e apreciados, se verifica uma deterioração da ética, que condiciona a atividade internacional, e um enfraquecimento dos valores espirituais e do sentido de responsabilidade. Tudo isto contribui para disseminar uma sensação geral de frustração, solidão e desespero, levando muitos a cair na voragem do extremismo ateu e agnóstico ou então no integralismo religioso, no extremismo e no fundamentalismo cego, arrastando assim outras pessoas a render-se a formas de dependência e autodestruição individual e coletiva. A história afirma que o extremismo religioso e nacional e a intolerância geraram no mundo, quer no Ocidente quer no Oriente, aquilo que se poderia chamar os sinais duma «terceira guerra mundial aos pedaços»; sinais que, em várias partes do mundo e em diferentes condições trágicas, começaram a mostrar o seu rosto cruel; situações de que não se sabe exatamente quantas vítimas, viúvas e órfãos produziram. Além disso, existem outras áreas que se preparam a tornar-se palco de novos conflitos, onde nascem focos de tensão e se acumulam armas e munições, numa situação mundial dominada pela incerteza, pela deceção e pelo medo do futuro e controlada por míopes interesses económicos.Afirmamos igualmente que as graves crises políticas, a injustiça e a falta duma distribuição equitativa dos recursos naturais – dos quais beneficia apenas uma minoria de ricos, em detrimento da maioria dos povos da terra – geraram, e continuam a fazê-lo, enormes quantidades de doentes, necessitados e mortos, causando crises letais de que são vítimas vários países, não obstante as riquezas naturais e os recursos das gerações jovens que os caraterizam. A respeito de tais crises que fazem morrer à fome milhões de crianças, já reduzidas a esqueletos humanos por causa da pobreza e da fome, reina um inaceitável silêncio internacional.A propósito, é evidente quão essencial seja a família, como núcleo fundamental da sociedade e da humanidade, para dar à luz filhos, criá-los, educá-los, proporcionar-lhes uma moral sólida e a proteção familiar. Atacar a instituição familiar, desprezando-a ou duvidando da importância de seu papel, constitui um dos males mais perigosos do nosso tempo.Atestamos também a importância do despertar do sentido religioso e da necessidade de o reanimar nos corações das novas gerações, através duma educação sadia e da adesão aos valores morais e aos justos ensinamentos religiosos, para enfrentarem as tendências individualistas, egoístas, conflituais, o radicalismo e o extremismo cego em todas as suas formas e manifestações. O primeiro e mais importante objetivo das religiões é o de crer em Deus, honrá-Lo e chamar todos os homens a acreditarem que este universo depende de um Deus que o governa: é o Criador que nos moldou com a Sua Sabedoria divina e nos concedeu o dom da vida para o guardarmos. Um dom que ninguém tem o direito de tirar, ameaçar ou manipular a seu bel-prazer; pelo contrário, todos devem preservar este dom da vida desde o seu início até à sua morte natural. Por isso, condenamos todas as práticas que ameaçam a vida, como os genocídios, os atos terroristas, os deslocamentos forçados, o tráfico de órgãos humanos, o aborto e a eutanásia e as políticas que apoiam tudo isto.De igual modo declaramos – firmemente – que as religiões nunca incitam à guerra e não solicitam sentimentos de ódio, hostilidade, extremismo nem convidam à violência ou ao derramamento de sangue. Estas calamidades são fruto de desvio dos ensinamentos religiosos, do uso político das religiões e também das interpretações de grupos de homens de religião que abusaram – nalgumas fases da história – da influência do sentimento religioso sobre os corações dos homens para os levar à realização daquilo que não tem nada a ver com a verdade da religião, para alcançar fins políticos e económicos mundanos e míopes. Por isso, pedimos a todos que cessem de instrumentalizar as religiões para incitar ao ódio, à violência, ao extremismo e ao fanatismo cego e deixem de usar o nome de Deus para justificar atos de homicídio, de exílio, de terrorismo e de opressão. Pedimo-lo pela nossa fé comum em Deus, que não criou os homens para ser assassinados ou lutar uns com os outros, nem para ser torturados ou humilhados na sua vida e na sua existência. Com efeito Deus, o Todo-Poderoso, não precisa de ser defendido por ninguém e não quer que o Seu nome seja usado para aterrorizar as pessoas. Este Documento, de acordo com os Documentos Internacionais anteriores que destacaram a importância do papel das religiões na construção da paz mundial, atesta quanto segue:
• A forte convicção de que os
verdadeiros ensinamentos das religiões convidam a permanecer ancorados aos
valores da paz; apoiar os valores do conhecimento mútuo, da fraternidade
humana e da convivência comum; restabelecer a sabedoria, a justiça e a caridade
e despertar o sentido da religiosidade entre os jovens, para defender as novas
gerações a partir do domínio do pensamento materialista, do perigo das
políticas da avidez do lucro desmesurado e da indiferença baseadas na lei da
força e não na força da lei.
• A liberdade é um direito de toda a pessoa: cada um goza da liberdade de
credo, de pensamento, de expressão e de ação. O pluralismo e as diversidades de religião,
de cor, de sexo, de raça e de língua fazem parte daquele sábio desígnio divino com que Deus criou os seres
humanos. Esta Sabedoria divina é a
origem donde deriva o direito à liberdade de credo e à liberdade de ser
diferente. Por isso, condena-se o
facto de forçar as pessoas a aderir a uma determinada religião ou a uma certa
cultura, bem como de impor um estilo de civilização que os outros não aceitam.
• A justiça baseada na
misericórdia é o caminho a percorrer para se alcançar uma vida digna, a que tem
direito todo o ser humano.
• O diálogo, a compreensão, a
difusão da cultura da tolerância, da aceitação do outro e da convivência entre
os seres humanos contribuiriam significativamente para a redução de muitos
problemas económicos, sociais, políticos e ambientais que afligem grande parte
do género humano.
• O diálogo entre crentes
significa encontrar-se no espaço enorme dos valores espirituais, humanos e
sociais comuns, e investir isto na propagação das mais altas virtudes morais
que as religiões solicitam; significa também evitar as discussões inúteis.
• A proteção dos locais de culto –
templos, igrejas e mesquitas – é um dever garantido pelas religiões, pelos
valores humanos, pelas leis e pelas convenções internacionais. Qualquer
tentativa de atacar locais de culto ou de os ameaçar através de atentados,
explosões ou demolições é um desvio dos ensinamentos das religiões, bem como
uma clara violação do direito internacional.
• O
terrorismo execrável que ameaça a segurança das pessoas, tanto no Oriente como
no Ocidente, tanto no Norte como no Sul, espalhando pânico, terror e pessimismo
não se deve à religião – embora os terroristas a instrumentalizem – mas tem
origem no cúmulo de interpretações erradas dos textos religiosos, nas políticas de fome, de pobreza, de injustiça, de opressão, de
arrogância; por isso, é necessário interromper o apoio aos movimentos
terroristas através do fornecimento de dinheiro, de armas, de planos ou
justificações e também a cobertura mediática, e considerar tudo isto como
crimes internacionais que ameaçam a segurança e a paz mundial. É preciso condenar tal terrorismo em todas as
suas formas e manifestações.
• O
conceito de cidadania baseia-se na igualdade dos direitos e dos
deveres, sob cuja sombra todos gozam
da justiça. Por isso, é necessário empenhar-se por estabelecer nas nossas
sociedades o conceito de cidadania plena e renunciar ao uso
discriminatório do termo minorias, que traz consigo as sementes de se
sentir isolado e da inferioridade; isto prepara o terreno para as hostilidades
e a discórdia e subtrai as conquistas e os direitos religiosos e civis de
alguns cidadãos, discriminando-os.
• O
relacionamento entre Ocidente e Oriente é uma necessidade mútua indiscutível,
que não pode ser comutada nem transcurada, para que ambos se possam enriquecer
mutuamente com a civilização do outro através da troca e do diálogo das
culturas. O Ocidente poderia encontrar na
civilização do Oriente remédios para algumas das suas doenças espirituais e
religiosas causadas pelo domínio do materialismo. E o Oriente poderia encontrar
na civilização do Ocidente tantos elementos que o podem ajudar a salvar-se da
fragilidade, da divisão, do conflito e do declínio científico, técnico e
cultural. É importante prestar atenção às diferenças religiosas, culturais e
históricas que são uma componente essencial na formação da personalidade, da
cultura e da civilização oriental; e é importante consolidar os direitos
humanos gerais e comuns, para ajudar a garantir uma vida digna para todos os
homens no Oriente e no Ocidente, evitando o uso da política de duas medidas.
• É uma necessidade indispensável
reconhecer o direito da mulher à instrução, ao trabalho, ao exercício dos seus
direitos políticos. Além disso, deve-se trabalhar para libertá-la das pressões
históricas e sociais contrárias aos princípios da própria fé e da própria
dignidade. Também é necessário protegê-la da exploração sexual e de a tratar
como mercadoria ou meio de prazer ou de ganho económico. Por isso, devem-se
interromper todas as práticas desumanas e os costumes triviais que humilham a
dignidade da mulher e trabalhar para modificar as leis que impedem as mulheres
de gozarem plenamente dos seus direitos.
• A tutela dos direitos
fundamentais das crianças a crescer num ambiente familiar, à alimentação, à
educação e à assistência é um dever da família e da sociedade. Tais direitos
devem ser garantidos e tutelados para que não faltem e não sejam negados a
nenhuma criança em nenhuma parte do mundo. É preciso condenar qualquer prática que viole
a dignidade das crianças ou os seus direitos. Igualmente importante é velar
contra os perigos a que estão expostas – especialmente no ambiente digital – e
considerar como crime o tráfico da sua inocência e qualquer violação da sua
infância.
• A proteção dos direitos dos
idosos, dos vulneráveis, dos portadores de deficiência e dos oprimidos é uma
exigência religiosa e social que deve ser garantida e protegida através de
legislações rigorosas e da aplicação das convenções internacionais a este
respeito.
Por fim, através da cooperação conjunta, a Igreja Católica e a al-Azhar anunciam e prometem levar este Documento às Autoridades, aos Líderes influentes, aos homens de religião do mundo inteiro, às organizações regionais e internacionais competentes, às organizações da sociedade civil, às instituições religiosas e aos líderes do pensamento; e empenhar-se na divulgação dos princípios desta Declaração em todos os níveis regionais e internacionais, solicitando que se traduzam em políticas, decisões, textos legislativos, programas de estudo e materiais de comunicação.Al-Azhar e a Igreja Católica pedem que este Documento se torne objeto de pesquisa e reflexão em todas as escolas, nas universidades e nos institutos de educação e formação, a fim de contribuir para criar novas gerações que levem o bem e a paz e defendam por todo o lado o direito dos oprimidos e dos marginalizados.
Ao concluir, almejamos que esta
Declaração:
Seja um convite à reconciliação e à fraternidade entre todos os crentes, mais ainda, entre os crentes e os não-crentes, e entre todas as pessoas de boa vontade;seja um apelo a toda a consciência viva, que repudia a violência aberrante e o extremismo cego; um apelo a quem ama os valores da tolerância e da fraternidade, promovidos e encorajados pelas religiões;seja um testemunho da grandeza da fé em Deus, que une os corações divididos e eleva a alma humana;seja um símbolo do abraço entre o Oriente e o Ocidente, entre o Norte e o Sul e entre todos aqueles que acreditam que Deus nos criou para nos conhecermos, cooperarmos entre nós e vivermos como irmãos que se amam.Isto é o que esperamos e tentaremos realizar a fim de alcançar uma paz universal de que gozem todos os homens nesta vida.
Abu Dabhi, 4 de fevereiro de 2019.
Sua Santidade
Papa
Francisco
Grão Imame de Al-Azhar Ahmad
Al-Tayyeb
§302 A criação tem sua
bondade e sua perfeição próprias, mas não saiu completamente acabada das mãos
do Criador. Ela é criada "em estado de caminhada" ("in statu
viae") para uma perfeição última a ser ainda atingida, para a qual Deus a
destinou. Chamamos de divina providência as disposições pelas quais
Deus conduz sua criação para esta perfeição: Deus conserva e governa com sua
providência tudo o que criou; ela se estende "com vigor de um extremo ao
outro e governa o universo com suavidade" (Sb 8,1). Pois "tudo está
nu e descoberto aos seus olhos" (Hb 4,13), mesmo os atos dependentes da ação
livre das criaturas.
§303 O testemunho
da Escritura é unânime: a solicitude da divina providência é concreta e direta,
toma cuidado de tudo, desde as mínimas coisas até os grandes acontecimentos do
mundo e da história. Com vigor, os livros sagrados afirmam a
soberania absoluta de Deus no curso dos acontecimentos: "O nosso Deus está
no céu e faz tudo o que deseja" (S1 115,3); e de Cristo se diz: "O
que abre e ninguém mais fecha, e, fechando, ninguém mais abre" (Ap
3,7). "Muitos são os
projetos do coração humano, mas é o desígnio do Senhor que permanece
firme" (Pr 19,21).
§304 Assim vemos o
Espírito Santo, autor principal da Escritura, atribuir muitas vezes ações a
Deus, sem mencionar causas segundas. Esta não é uma "maneira de
falar" primitiva, mas uma forma profunda de lembrar o primado de Deus e o
seu senhorio absoluto sobre a história e o mundo e de assim educar
para a confiança nele. A oração dos Salmos é a grande escola desta confiança.
§308
Eis uma verdade inseparável da fé em Deus Criador: Deus age em todo o agir de suas criaturas. E é
a causa primeira que opera nas causas segundas e por meio delas: "Pois é
Deus quem opera em vós o querer e o operar, segundo a sua vontade" (Fl
2,13). Longe de diminuir a dignidade da criatura, esta verdade a realça. Tirada
do nada pelo poder, sabedoria, bondade de Deus, a criatura não pode nada se for
cortada de sua origem, pois "a criatura sem o Criador se esvai";
muito menos pode atingir seu fim último sem a ajuda da graça.
§309
Se Deus Pai Todo-Poderoso, Criador do mundo ordenado e bom, cuida de todas as
suas criaturas,
por que então o mal existe? Para esta pergunta tão premente quão inevitável,
tão dolorosa quanto misteriosa, não há uma resposta rápida. É o conjunto da fé
cristã que constitui a resposta a esta pergunta: a bondade da criação, o drama
do pecado, o amor paciente de Deus que se antecipa ao homem por suas Alianças,
pela Encarnação redentora de seu Filho, pelo dom do Espírito, pelo
congraçamento da Igreja, pela força dos sacramentos, pelo chamado a uma vida
bem-aventurada à qual as criaturas livres são convidadas antecipadamente a
assentir, mas da qual podem, por um terrível mistério, abrir mão também
antecipadamente. Não há nenhum elemento da mensagem cristã que não
seja, por uma parte, uma resposta à questão do mal.
§310 Mas por que Deus não criou um mundo tão
perfeito que nele não possa existir mal algum? Segundo seu poder infinito, Deus
sempre poderia criar algo melhor. Todavia, em sua sabedoria e bondade
infinitas, Deus quis livremente criar um mundo "em estado de caminhada"
para sua perfeição última. Este devir permite, no desígnio de
Deus, juntamente com o aparecimento de determinados seres, também o
desaparecimento de outros, juntamente com o mais perfeito, também o menos
imperfeito, juntamente com as construções da natureza, também as destruições.
Juntamente com o bem físico existe, portanto, o mal físico, enquanto a criação
não houver atingido sua perfeição.
§311
Os anjos e os homens, criaturas inteligentes e livres, devem caminhar para seu
destino último por opção livre e amor preferencial. Podem, no entanto,
desviar-se. E, de fato, pecaram. Foi assim que o mal moral entrou no mundo,
incomensuravelmente mais grave do que o mal físico. Deus não é de modo algum,
nem direta nem indiretamente, a causa do mal moral. Todavia, permite-o,
respeitando a liberdade de sua criatura e, misteriosamente, sabe auferir dele o
bem: Pois o Deus
Todo-Poderoso, por ser soberanamente bom, nunca deixaria qualquer mal existir
em suas obras se não fosse bastante poderoso e bom para fazer resultar o bem do
próprio mal.
§312 Assim, com o
passar do tempo, pode-se descobrir que Deus, em sua providência todo-poderosa,
pode extrair um bem das conseqüências de um mal, mesmo moral, causado por suas
criaturas: "Não fostes vós, diz José a seus irmãos, que me enviastes para
cá, foi Deus; o mal que tínheis a intenção de fazer-me, o desígnio de Deus o
mudou em bem a fim de - salvar a vida de um povo numeroso" (Gn 45,8;
50,20). Do maior mal moral jamais cometido, a saber, a rejeição e
homicídio do Filho de Deus, causado pelos pecados de todos os homens, Deus,
pela superabundância de sua graça, tirou o maior dos bens: a glorificação de
Cristo e a nossa Redenção. Com isso, porém, o mal não se converte em um bem.
§313
"Sabemos que, para os que amam a Deus, tudo concorre para o bem" (Rm
8,28). O testemunho dos santos não cessa de confirmar esta verdade. Assim, Sta. Catarina de Sena diz
"àqueles que se escandalizam e se revoltam com o que lhes acontece":
"Tudo procede do amor tudo está ordenado à salvação do homem, Deus não faz
nada que não seja para esta finalidade". E Santo Tomás More, pouco antes
de seu martírio, consola sua filha: "Não pode acontecer nada que Deus não
tenha querido. Ora, tudo o que ele quer, por pior que possa parecer-nos, é o
que há de melhor para nós". E Lady Juliana de Norwich: "Aprendi,
portanto, pela graça de Deus, que era preciso apegar-me com firmeza à fé e crer
com não menor firmeza que todas as coisas irão bem.... "Tu mesmo verás que
qualquer tipo de circunstância servirá para o bem" - Thou shalt see
thyself that all MANNER of thing shall be well"
§314
Cremos firmemente que Deus é o Senhor do mundo e da história. Mas os caminhos de sua providência muitas
vezes nos são desconhecidos. Só no final, quando acabar o nosso conhecimento
parcial, quando virmos Deus "face a face" (1 Cor 13,12), teremos
pleno conhecimento dos caminhos pelos quais, mesmo por meio dos dramas do mal e
do pecado, Deus terá conduzido sua criação até o descanso desse Sábado
definitivo, em
vista do qual criou o céu e a terra.
§841 As relações da Igreja com os muçulmanos. "Mas o plano de salvação
abrange também aqueles que reconhecem o Criador. Entre eles, em primeiro lugar,
os muçulmanos, que, professando manter a fé de Abraão, adoram conosco o Deus
único, misericordioso, juiz dos homens no último dia."
§842 O vínculo da Igreja com as religiões não-cristãs é primeiramente o
da origem e do fim comuns do gênero humano: Com efeito, todos os povos constituem uma só
comunidade. Têm uma origem comum, visto que Deus fez todo o gênero humano
habitar a face da terra. Têm igualmente um único fim comum, Deus, cuja
providência, testemunhos de bondade e planos de salvação abarcam a todos, até
os eleitos se reunirem na Cidade Santa.
670 Desde a Ascensão, o desígnio de Deus entrou em sua consumação. Já estamos na "última
hora" (1Jo 2,18)". "Portanto, a era final do mundo já chegou
para nós, e a renovação do mundo está irrevogavelmente realizada e, de certo
modo, já está antecipada nesta terra. Pois já na terra a Igreja se reveste de
verdadeira santidade, embora imperfeita." O Reino de
Cristo já manifesta sua presença pelos sinais milagrosos que acompanham seu
anúncio pela Igreja".
686 O Espírito Santo está em ação com o Pai e o Filho do início até a
consumação do Projeto de nossa salvação. Mas é nos "últimos tempos", inaugurados
pela Encarnação redentora do Filho que ele é revelado e dado, reconhecido e
acolhido como Pessoa. Então este Projeto Divino, realizado em Cristo,
"Primogênito" e Cabeça da nova criação, poderá tomar corpo na
humanidade pelo Espírito difundido: a Igreja, a comunhão dos
santos, a remissão dos pecados, a ressurreição da carne, a Vida Eterna.
§1043 Esta renovação misteriosa, que há de transformar a humanidade e o
mundo, a Sagrada Escritura a chama de "céus novos e terra nova" (2Pd
3,13). Ser a realização definitiva do projeto de Deus de "reunir, sob um
só chefe, Cristo, todas as coisas, as que estão no céu e as que estão na
terra" (Ef 1,10).
Vimos no documento que em momento algum o papa faz a afirmação no
formato que circula por ai, dizendo que todas as religiões fazem parte da
vontade de Deus, mas:
“...O pluralismo e as diversidades de
religião, de cor, de sexo, de raça e de língua fazem parte daquele
sábio desígnio divino com que Deus criou os
seres humanos. Esta Sabedoria divina é a origem donde deriva o direito à
liberdade de credo e à liberdade de ser diferente.”
Portanto, tudo que se disser fora do texto acima, afirmando que o papa
Francisco disse que todas as religiões são boas,verdadeiras e é da vontade de
Deus, é mera especulação interpretativa, de forma equivocada
e tendenciosa. Ora meus amados(as), o nosso Papa não é herege nem tonto,
pra sair por aí dizendo asneiras. Se todas as religiões
fossem verdadeiras, Deus não precisava ter se dado ao trabalho de ter se feito
Menino e, mais tarde, tomar cuspida na cara, ser açoitado brutalmente e morrer
pregado como um bandido, na cruz. Bastava Ele ter deixado que os homens continuassem
seguindo as diversas religiões! O que devemos fazer para não sermos ludibriados
por essas coisas? Estejamos atentos ao que Papa Francisco nos diz minha gente! E não o que os outros interpretam o que ele diz! Não caiam em qualquer lorota!
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