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Vale a pena ainda apostar na teoria da Conspiração do “GOPI”?

Written By Beraká - o blog da família on quarta-feira, 4 de abril de 2018 | 22:36









COMENTÁRIOS INICIAIS: Não consigo precisar exatamente quando o golpe foi pensado. Acho que foi quando a Dilma ganhou a reeleição. Lula, Temer e Aécio não contavam com isso. Tinham certeza que ela perderia. Lula lançou uma candidata inviável para o suceder. Como ele poderia imaginar que ela ganharia? O ditado dizia que o raio não cairia no mesmo lugar pela segunda vez. Reeleição seria impossível. Mas aconteceu. Já no primeiro mandato, Lula e Dirceu adotaram uma prática em desconformidade aos anseios da esquerda. Por isso, muitos abandonaram o PT. Os dissidentes fundaram o PSOL , e a gota d’água que levou à fundação do partido foi exatamente a reforma da previdência, depois também, da aliança de Lula com Sarney e Collor, ainda em 2004. Lula já era ali um político que se integrara perfeitamente ao sistema vigente. Depois do mensalão, o PT aliou-se de vez ao Temer e ao PMDB. Mas o Lula viu que era inviável ficar no poder porque, para isso, dependia dos votos da esquerda e do dinheiro do empresariado. Havia uma contradição e a equação não fechava. Então Lula teve uma ideia: Costurou com o PMDB, com o PSDB e com os financiadores de campanha lançar uma candidata inviável, que perderia as eleições, permitindo espaço para os “adversários” chegarem ao poder e implementarem as políticas pedidas pelos endinheirados. Isso os tornaria eleitoralmente inviáveis e Lula voltaria em 2014, nos braços da esquerda e do povo, derrotando os neoliberais, para mais dois mandatos, ficando o mesmo grupo por, pelo menos, 20 anos no poder, mamando na Petrobras e onde mais fosse possível. O plano foi posto em prática. Tudo ia bem. A candidata foi lançada a princípio com apenas 10% de intenções de voto. Fizeram campanha, para garantir as aparências, mas o impensável aconteceu: Dilma ganhou. Bom, tudo bem. Ela inviabilizaria, com sua notória inabilidade, o PT para as eleições seguintes. Era só empurrar o plano por mais quatro anos. Fez uma campanha fantasiosa. Pintou um Brasil que não existia. Fez discursos sem pé nem cabeça do nós contra eles (quem?). Passada a reeleição, Dilma, Lula, Aécio, Serra, Temer e outros se reuniram para ver o que fazer? Tinham uma carta na manga: deliberadamente, haviam estudado a legislação e lembraram que haviam deixado no passado umas tais pedaladas fiscais para serem usadas em caso de necessidade. Não era muito, mas era alguma coisa, e decidiram usar. Articularam o processo de impeachment. Era o plano perfeito, convocaram a figura mais carismática do PT, que era Hélio Bicudo, pessoa que ninguém iria ficar com raiva dele, para dar o pontapé. Dilma viria na TV irritar o povo até o limite das panelas. Temer assumiria e poderia implementar finalmente as políticas que o alto empresariado vinha demandando, sem riscos. Combinaram com a Dilma que ela não perderia os seus direitos políticos, e que ela ainda sairia de vítima de uma conspiração “gopista”. Lula gritaria contra o golpe, mas não muito. Não viajaria o mundo se reunindo com líderes internacionais, nem iria pessoalmente à ONU nem nada assim. Convinha não exagerar na gritaria para não estragar o plano. Para garantir as aparências, Serra seria ministro. Ouve um imprevisto estranho e assustador: As risadas cordiais entre Dilma, Aécio e Lewandowski no dia do julgamento do impeachment no Senado quase puseram tudo a perder, mas a imprensa colaborou abafando as imagens. Temer desagradaria o povo o suficiente para garantir que Lula poderia voltar forte em 2018. Lula uniria as esquerdas e ganharia com folga 2018 e 2022. Melhor, impossível: 24 anos da turma no poder. Articularam logo de imediato com a imprensa e “aqueles jornalistas”(aqueles viu!!!) numa perseguição implacável ao Lula que, assim, se tornaria um mártir, ficando invencível. Bolsonaro entraria também no jogo: seu papel era fazer um discurso tão à extrema direita que convenceria até antipetistas convictos a votarem no Lula. Mas ai surgiu aquela dúvida: e se ninguém caísse no teatro de Bolsonaro, e de repente começassem a acreditar nesta proposta da direita? Era melhor não dar mole. Lula teria que ser invencível em 2018. Bolsonaro conseguiu vários aliados na imprensa para fortalecer seu teatro. Até a eleição dos EUA e da Argentina foi acertada com a cúpula do PT para dar credibilidade ao plano. E está tudo correndo conforme o previsto: A reforma da previdência, as terceirizações, tudo vai sendo aprovado, sem desgastar Lula nem Dilma, que levantaram esse discurso no passado mas o deixaram pra lá, pois articulando então esse golpe, sairiam mais fortes. Por enquanto, está dando certo. Tudo se encaminha para a volta do Lula quando já implementadas as políticas que ele sabia que, de outra forma, não seriam implementadas. Todo mundo hoje em dia tem uma teoria da conspiração. Esta é a minha, mas é apenas uma teoria minha gente, calma...








Vale a pena ainda apostar na teoria da Conspiração do “GOPI”?




Por Sérgio Mauro (*)



Diante das gravíssimas denúncias que envolvem Temer, Aécio e “companhia bela”, os arautos do golpismo trataram de não perder tempo em reafirmar as suas teorias, conclamando mais uma vez o povo a ir às ruas e pedir a renúncia do presidente em exercício. Que Temer deveria renunciar, ninguém discute, a menos que se considerem falsas as gravações do milionário dono da JBS, ou se acreditarmos numa conspiração tramada por petistas radicais inconformados com a “perseguição” contra Lula!







Neste caso, os argumentos, fantasiosos e inconsistentes, repetiriam o raciocínio já gasto, fraco e simplista do eterno golpismo, da eterna conspiração, ora de americanos, ora da Rede Globo. Há quem veja nas histórias em quadrinhos do Pato Donald ou do Mickey uma ardilosa propaganda financiada pela CIA, com o apoio do FBI.Na verdade, tais teorias da conspiração e do eterno golpismo contra os defensores dos fracos e oprimidos (ou contra a democracia, contra a família e a propriedade, de acordo com o contexto histórico) escondem nossa imaturidade política. Embora respeite e compreenda perfeitamente os nobres propósitos de certos jornalistas e estudiosos, não concordo com os que defendem, aqui e no exterior, a nossa suposta e tão almejada maturidade política. A operação Lava Jato e outras mais, apenas refletem o trabalho árduo e eficaz de alguns magistrados e da Polícia Federal.Infelizmente, o que se vê na mídia, em parte do ambiente acadêmico e artístico, sobretudo nas opiniões veiculadas pelas redes sociais, com honrosas exceções, é o fanatismo típico de torcidas esportivas transposto para a análise política, o que não constitui apenas uma atitude irresponsável, mas também um possível e perigoso pretexto para que salvadores da Pátria entrem em ação.









Incrivelmente, quem ainda se refere ao suposto golpe deixa de considerar que tanto os deputados e senadores supostamente golpistas como a chapa Dilma/Temer foram eleitos pelo povo. Temer já foi útil para Dilma quando o PT visava à perpetuação no poder por meio de alianças com o que há de mais retrógrado nos partidos “liberais” e “conservadores”. Dilma já foi útil a Temer quando, sozinho, o PMDB não poderia chegar ao poder, sendo necessária uma aliança com os outrora “radicais petistas”, rapidamente (e convenientemente) elevados à categoria de amigos no combate comum contra a injustiça social.Há que se considerar, claro, a escassa conscientização e a baixa capacidade de discernimento da maioria da população na hora da escolha dos seus governantes, além da influência enorme da mídia, mas estes fatores não desvalorizam o único processo, por mais relativo e inconstante, de uma alternativa democrática a formas de governo baseadas na concentração do poder em um único homem ou num punhado de homens.








A visão maniqueísta que separa mocinhos de bandidos, defensores dos operários e dos agricultores sem terra, dos cruéis industriais e latifundiários, há muito deixou de ser uma lente adequada com a qual se pode observar um quadro político tão complexo de um país como o nosso, ainda imaturo e com baixíssimo nível de escolaridade. O momento requer domínio das paixões e lucidez na análise dos acontecimentos. Não há espaço para revanchismos ou pequenas vinganças pessoais, pois, o vazio de poder que se estabelece nessa polarização radical pode facilmente ser preenchido por aventureiros, mesmo que sejam aventureiros habilitados pelo voto popular, tão sujeito ao calor do momento e à influência midiática, tão propenso a soluções drásticas e pouco lúcidas.





(*) Sérgio Mauro é professor da Faculdade de Ciências e Letras da Unesp de Araraquara




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