(ícone de Paulo e Timóteo)
“Se me deres ouvido, receberás a
doutrina. Se gostares de ouvir, adquirirás a sabedoria. Permanece na companhia
dos doutos anciãos, une-te de coração à sua sabedoria, a fim de que possas
ouvir o que dizem de Deus, e não te escapem suas louváveis máximas...” (Eclo
6,34-36)
Duas das últimas
cartas do apóstolo Paulo foram destinadas a um jovem chamado Timóteo. Várias
outras citações bíblicas fornecem informações suficientes para conhecer melhor
este Jovem que auxiliou Paulo e muitas outras pessoas. Há pouca dúvida sobre a
circunstância da conversão de Timóteo, que é mencionado pela primeira vez no
relato da segunda viagem missionária de Paulo (Atos 16,1). Paulo encontrou este
rapaz em Listra, cidade que ele havia visitado poucos meses antes na primeira
viagem. É muito provável que Timóteo tenha sido batizado nesta primeira visita
de Paulo e rapidamente conquistou o respeito dos irmãos na região. Nisso já
observamos um fato interessante sobre o caráter de Timóteo. Foi em Listra, na
primeira viagem, que Paulo enfrentou a perseguição mais severa até então. O
apóstolo foi apedrejado nesta cidade (Atos 14,19). Timóteo viu o perigo de ser
discípulo, mas nem por isso desistiu.O pai de Timóteo era grego, evidentemente
descrente, mas a mãe e a avó eram pessoas de fé. Paulo deu crédito a estas duas
mulheres quando falou da sinceridade da fé do jovem (2 Timóteo 1,5).Quando
Paulo ouviu o bom testemunho sobre Timóteo dos cristãos da região ele pediu que
o rapaz o acompanhasse no resto da viagem. Timóteo se tornou auxiliar de Paulo
durante o resto da vida do apóstolo, e foi visto por este irmão mais velho como
filho na fé (1 Timóteo 1,2). Nas leituras do livro
de Atos dos Apóstolos e das epístolas de Paulo, percebemos que Timóteo foi
ativo no seu trabalho em vários lugares. Paulo confiava tanto neste jovem que
frequentemente o mandava para ajudar igrejas e comunicar sobre problemas que
surgiam entre os convertidos. Quando Paulo saiu da Macedônia, Timóteo e Silas
permaneceram (Atos 17,14). Depois alcançaram Paulo de novo, e várias vezes
Timóteo ia e voltava, ajudando a Paulo neste trabalho importante de pregar o
evangelho e edificar os irmãos.
Timóteo estava com
Paulo quando as cartas aos tessalonicenses foram escritas (1 Tessalonicenses
1,1; 2 Tessalonicenses 1,1). Também participou da terceira viagem de Paulo,
sendo enviado de Éfeso para Macedônia e Acaia (Atos 19,22; 1 Coríntios 4,17;
16,10). Durante esta viagem, Paulo escreveu aos romanos e coríntios, e Timóteo
estava com ele (Romanos 16,21; 2 Coríntios 1,1). E quando Paulo voltou com um
grupo grande de irmãos, levando dinheiro para ajudar os santos na Judeia, Timóteo
estava no meio (Atos 20,4).Durante a prisão de Paulo, Timóteo estava presente
(Filipenses 1,1; Colossenses 1,1; Filemom 1). No final da vida do apóstolo,
provavelmente durante uma segunda prisão, Timóteo foi abençoado com duas cartas
pessoais que procuravam fortalecer este servo dedicado. Em alguma ocasião não
citada em outro lugar nas Escrituras, o próprio Timóteo foi preso e, depois,
posto em liberdade (Hebreus 13,23). Ele, como o apóstolo que o instruiu, sofreu
a perseguição por causa da sua fé. Sem dúvida alguma, o
grau de confiança que Paulo depositou no jovem Timóteo é testemunho do seu
caráter. O exemplo deste jovem fiel continua encorajando servos do Senhor até
hoje, e as instruções de Paulo ao seu filho na fé servem para todos os
discípulos do Senhor nos nossos dias. Paulo lhe disse:
“Ninguém despreze a tua juventude; pelo
contrário, torna-te padrão dos fiéis, na palavra, no procedimento, no amor, na
fé, na pureza. Até à minha chegada, aplica-te à leitura, à exortação, ao
ensino. Não te faças negligente para com o dom que há em ti, o qual te foi
concedido mediante profecia, com a imposição das mãos do presbitério. Medita
estas coisas e nelas sê diligente, para que o teu progresso a todos seja
manifesto. Tem cuidado de ti mesmo e da doutrina. Continua nestes deveres;
porque, fazendo assim, salvarás tanto a ti mesmo como aos teus ouvintes” (1 Timóteo 4,12-16).
Ancião, presbítero, epíscopo, padre, pastor, dirigente. Quais os significados dessas palavras? É um cargo importante digno de alto salário? Como e quando surgiram esses títulos? Para entendermos como tudo aconteceu, precisamos voltar no tempo e ver que, desde os tempos remotos, os homens mais velhos, também chamados de anciãos, das tribos primitivas, considerados mais sábios e mais experientes, formavam um conselho, um grupo, que representavam o povo e tomavam certas decisões importantes. Era tradição ouvir a opinião, os conselhos e as decisões desse grupo de idosos na hora de resolver certas questões mais complicadas:
1)- Na Babilônia, no século XVIII a.C., o código de Hamurabi,
nos artigo 3 e 4, sobre julgamento de crimes, os anciãos foram citados .
2)- Em Esparta, uma cidade-estado da antiga Grécia, no
século VIII a. C., foi criada a Gerúsia, um conselho de 28 anciãos com mais de
60 anos e mais dois reis.
3)- Em Roma, ainda no século VIII a.C., surgiu o Senado
Romano, que era uma assembléia de 100 anciãos, aumentando com o tempo, até
alcançar o número de 300 membros.
4)- A Bíblia fala de anciãos da terra do Egito, dos
midianitas, dos moabitas, dos gibeonitas, de Sucote, de Gebal. (Gênesis 50,7;
Números 22,4; Números 22,7; Josué 9,11; Juízes 8,14; Ezequiel 27,9).
5)- Em muitos lugares, na Bíblia, encontramos também os
anciãos de Israel. (Deuteronômio 21,20; 22,15-18; 25,7; 25,8-9; 27,1; 29,10;
31,9; 31,28; 32,7, etc.) No tempo de Moisés, foi formado um conselho de 70
anciões. (Números 11.)
6)- Mais tarde, não se sabe exatamente quando, entre os
hebreus, foi criado o grande Sinédrio em Jerusalém, que era um tribunal
religioso composto de setenta e uma pessoas, incluindo sacerdotes, escribas e
anciãos. Nas demais cidades, foram
criados sinédrios menores com 23 juízes. Reunidos, eles julgavam diversas
questões criminais, religiosas e administrativas.
Basicamente, o conselho procurava dar opiniões com bom
senso, procurando aconselhar, exortar e julgar as pessoas!
Por exemplo: os
problemas conjugais mais sérios e a questão do levirato eram resolvidos pelo
conselho de anciãos. (Deuteronômio 22,13-21; Deuteronômio 25,5-10.). Foram eles, com
os principais sacerdotes, que deliberaram prender Jesus, à traição, e matá-lo.
(Mateus 26,3-4; 27,1).Lendo a Bíblia, você encontrará muitos outros casos sendo
tratados por eles. Essa tradição percorreu os anos, fazendo surgir, em
vários países, uma assembleia de pessoas para debater os principais assuntos.
Essa assembleia ficou conhecida como senado. Curiosamente, a palavra senador,
originada da palavra latina senator, significa velho, idoso, ancião. E a
palavra senado, do latim senatus, significa assembleia de anciões. Da mesma
raiz, temos as palavras senhor, sênior, dentre outras. No início da igreja, percebemos que os apóstolos quiseram
manter essa tradição. Então eles resolveram eleger, em cada igreja local, um conselho de
anciões, também chamados de presbíteros.
“E, havendo-lhes por comum consentimento eleito
anciãos em cada igreja, orando com jejuns, os encomendaram ao Senhor em quem haviam
crido.” (Atos 14, 3)
Paulo, escrevendo para o seu
cooperador Tito, disse:
“Por esta causa te deixei em Creta, para que
pusesses em boa ordem as coisas que ainda restam e, de cidade em cidade,
estabelecesses presbíteros, como já te mandei.” (Tito 1,5)
Por isso, em toda parte, havia presbíteros, como na região da
Judéia, por exemplo. (Atos 11,29-30). Esse conselho de idosos recebeu o nome de
presbitério (1 Timóteo 4,14).A palavra presbítero, do grego presbyteros,
significa mais velho, sendo, portanto, sinônimo de ancião. Algum tempo depois, eles passaram a ser
chamados de bispos, do grego apískopos, significando supervisores,
superintendentes.Alegoricamente, eles também foram tratados como pastores.
Jesus disse para Pedro apascentar as suas ovelhas. Na verdade, ele estava
dizendo para Pedro cuidar da igreja. (João 21,15-17.) - Esse mesmo Pedro, chamando a si mesmo de presbítero e
falando com os presbíteros da Ásia Menor, disse para eles apascentarem o
rebanho que havia entre eles, se referindo à igreja. (1 Pedro 5,1-2.). Paulo,
falando com os presbíteros (anciãos) de Éfeso disse:
"Olhai, pois, por vós e por todo o rebanho
sobre que o Espírito Santo vos constituiu bispos, para apascentardes a igreja
de Deus, que ele resgatou com seu próprio sangue. Porque eu sei isto: que,
depois da minha partida, entrarão no meio de vós lobos cruéis, que não pouparão
o rebanho.” (Atos 20,28-29.)
O escritor da carta aos Hebreus também se refere a eles como
pastores ou guias. (Hebreus 13,7.17). "Aparentemente" no princípio, não havia
nenhuma distinção entre as palavras presbítero, ancião e bispo. Essas três palavras
indicavam a mesma pessoa, ou seja: o membro do conselho de anciãos. O termo
pastor também se referia a mesma pessoa.A igreja primitiva não era como hoje,
onde uma congregação tem apenas um líder (pastor ou padre) de qualquer idade,
ocupando uma posição separada e privilegiada (pároco).Numa única e pequena
igreja local, além do viver uns pelos outros, haviam vários presbíteros que
supervisionavam os cristãos ali mesmo, no meio deles, sem nenhum destaque
especial, procurando ajudá-los nas questões mais difíceis. Não havia um pastor
em cada igreja local, mas um conselho, uma comissão, um grupo de anciões com
certas qualidades. Veja, nas citações abaixo, as palavras no plural, que provam
que havia vários pastores em cada igreja local, formando um conselho, como nas
tradições antigas:
“Em cada igreja os apóstolos escolhiam presbíteros.
Eles oravam, jejuavam e entregavam os presbíteros à proteção do Senhor, em quem
estes haviam crido.” (Atos 14,23).
-Em Mileto, um porto do mar Egeu, Paulo mandou
chamar os presbíteros da igreja de Éfeso e deu alguns conselhos para eles. “De
Mileto, mandou a Éfeso chamar os presbíteros da igreja.” (Atos 20,17-35).
-Paulo foi até a casa de Tiago para se encontrar-se
com ele. Lá estavam os presbíteros da igreja de Jerusalém. (Atos 21,17-18)
-Quando ele escreveu à igreja de Filipos, citou
bispos e diáconos que viviam lá. (Filipenses 1,1)
-Disse para os tessalonicenses: “E rogamos-vos,
irmãos, que reconheçais os que trabalham entre vós, e que presidem sobre vós no
Senhor, e vos admoestam.” (I Tessalonicenses 5,12)
-Paulo escrevendo a Tito diz: “Eu o deixei na ilha
de Creta para que você pusesse em ordem o que ainda faltava fazer e para nomear
em cada cidade os presbíteros das igrejas.” (Tito 1,5)
-O escritor da carta aos Hebreus diz: “Lembrai-vos
dos vossos pastores, que vos falaram a palavra de Deus, a fé dos quais imitai,
atentando para a sua maneira de viver.Obedecei a vossos pastores e sujeitai-vos
a eles; porque velam por vossa alma, como aqueles que hão de dar conta delas;
para que o façam com alegria e não gemendo, porque isso não vos seria útil.”
(Hebreus 13,17ss)
-Tiago disse: “Está alguém entre vós doente? Chame
os presbíteros da igreja, e estes façam oração sobre ele, ungindo-o com óleo,
em nome do Senhor.” (Tiago 5,14)
-E Pedro argumentou: “Eu, que também sou presbítero,
dou agora conselhos aos outros presbíteros que estão entre vocês. (1 Pedro 5,1)
CONCLUSÃO:
Não queremos com isto favorecer a anarquia e independência
de ação e doutrina, longe de nós! mas apenas destacar esta sabedoria de Deus
para a Igreja primitiva, pois a pluralidade de pastores numa única igreja
evitava a corrupção, barrava o espírito de grandeza, o autoritarismo e a
dominação, coisas muito comuns em diversas igrejas hoje, comandadas por pessoas
autoritárias e centralizadoras. Os apóstolos achavam que as questões difíceis
da igreja deveriam ser decididas por eles, juntamente com os anciões. Assim
como os sacerdotes, escribas e anciões de Israel se reuniam para julgar as
questões do judaísmo, os apóstolos e os anciões da igreja se reuniam para
tomarem certas decisões difíceis do cristianismo nascente. Eles atuavam
como uma espécie de juízes da igreja. Em Atos 15, vemos os apóstolos se
reunindo com os anciões, também chamados de presbíteros, para resolverem se os
cristãos deviam ou não seguir certos preceitos da lei de Moisés como a
circuncisão, que estava sendo exigida por alguns. Na assembleia em que os
apóstolos se reuniram com os anciões em Jerusalém, ficou decidido que as únicas
coisas necessárias em relação à lei mosaica seria: abstenção das coisas
sacrificadas aos ídolos, do sangue, da carne sufocada, e da prostituição. (Atos
15,29). Mas esse conselho em cada igreja local não era para dominá-la,
mas pastorear, buscando sempre um meio para se chegar ao consenso entre as
partes em questões difíceis.
“Louvado seja
Nosso Senhor Jesus Cristo”
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