A resposta do Vaticano a uma carta enviada
por um casal homossexual ao Papa Francisco gerou a repercussão na imprensa
brasileira de que o Pontífice os teria reconhecido como família, porém, trata-se
de uma informação falsa, como esclareceu o vaticanista Alexandre Varela em seu
blog ‘O Catequista’.A dupla homoafetiva Toni Reis e David Harrad
enviaram uma carta ao Papa Francisco para contar sobre o batizado de seus três
filhos adotivos na Igreja Católica. Em resposta, receberam uma carta assinada
pelo Assessor para os Assuntos Gerais do Vaticano, Mons. Paolo Borgia.A
mensagem afirma que:
“O Santo Padre viu com apreço a sua carta, com a qual lhe exprimia sentimentos
de estima e veneração e formulava votos pelos bons frutos espirituais do Seu
ministério de Pastor da Igreja Universal”.
Ao agradecer, da parte do Sucessor de Pedro,
o testemunho de adesão e as palavras de homenagem, acrescenta o texto:
“também o Papa
Francisco lhe deseja felicidades, invocando para a sua família a abundância das
graças divinas, a fim de viverem constante e fielmente a condição de cristãos,
como bons filhos de Deus e da Igreja, ao enviar-lhes uma propiciadora Bênção
Apostólica, pedindo que não se esqueçam de rezar por ele.”
Sobre esta mensagem, o vaticanista Alexandre
Varela indicou três pontos que mostram que o Papa não reconheceu em momento
algum o casal homossexual como família:
1)- Primeiro que, o texto da carta recebida pela dupla gay é padrão, ou
seja, milhares de pessoas recebem essa mesma carta pelo mundo.Segundo Varela, para estas respostas
padrão, o Vaticano dispõe de um certo número de textos já prontos, que variam levemente, e que vai alternando para
enviar às pessoas que escrevem ao Papa.
2)- Além disso, não foi feita qualquer
análise sobre a pessoa (ou as pessoas) que enviaram a carta ao Papa, portanto, não
houve qualquer reconhecimento formal do Papa ou do Vaticano à dupla gay como
família.
3)- Por fim, assinalou que “é muito provável que o Papa não tenha lido a carta enviada”. O
texto-padrão diz que ele viu com apreço a carta, e em seguida faz um comentário
bem genérico sobre o seu conteúdo, o que indica que esse ‘viu’ não
necessariamente quer dizer que ele realmente a leu, ressalta.Varela precisou que “é humanamente impossível que o Papa leia todas as cartas
remetidas a ele”. Só uma pequena minoria realmente
é lida por ele e, para que as demais missivas não fiquem sem resposta, o
Vaticano envia essas cartas com texto padrão, simples assim.
Varela recordou ainda que o próprio Papa
Francisco já defendeu em certas ocasiões que família é a união entre homem e
mulher, como em janeiro de 2016, quando declarou que “não pode haver confusão entre a
família querida por Deus e outros tipos de união”, durante inauguração
do Ano Judicial do Tribunal Apostólico da Rota Romana:
“A família, fundada no matrimônio indissolúvel, unitivo e procriador,
pertence ao sonho de Deus e da sua Igreja para a salvação da humanidade”, disse
o Santo Padre na ocasião.
A subdiretora da Sala de Imprensa do
Vaticano, Paloma García Ovejero, negou e esclareceu em detalhes que o Papa jamais
tenha felicitado um casal homossexual pelo batismo de seus filhos adotivos,
através de uma declaração enviada a ACI Digital na noite desta terça-feira, 8
de agosto:
“Em relação à carta
assinada pelo Monsenhor Assessor da Secretaria de Estado, reitero que a
afirmação do senhor Toni Reis de que se trata de uma resposta ao casal é falso.
A carta estava dirigida apenas a ele (‘Prezado Senhor’)”, indica García
Ovejero.
A
declaração da subdiretora da Sala Stampa assinala também que:
“embora é certo que no corpo da
notícia se fazia referência a uma bênção à
família do destinatário, se precisa que em português esta expressão tem um
sentido genérico e amplo”.
RECAPITULANDO:
O ativista LGTB Tony Reis e seu companheiro
David Harrad publicaram no Facebook que em abril enviaram uma carta ao
Pontífice contando-lhe sobre o batismo de seus três filhos, Alyson, Jéssica e
Filipe, em uma igreja de Curitiba no Brasil.Em declarações à agência AFP,
disseram que um membro da Secretaria de Estado do Vaticano, Mons. Paolo Borgia,
felicitou o casal em nome do Papa pelo batismo de seus três filhos adotivos
através da mencionada carta.A carta difundida pelo casal é o modelo padrão de
resposta de cortesia que o Vaticano envia a todas as pessoas que escrevem ao
Papa.
“Na resposta enviada pela Seção Portuguesa da Secretaria de Estado em
nome do Santo Padre, não há nenhum elemento que faça referência ao conteúdo concreto
da carta do senhor Reis, exceto o agradecimento do Papa com a expressão da
‘estima e veneração ao Pastor da Igreja Universal’”, concluiu a funcionária do
Vaticano.Com efeito, Reis e Harrad não
publicaram o texto da carta que eles enviaram ao Papa Francisco e se desconhece
que na missiva original eles se apresentaram como casal homossexual.
Não é a
primeira vez que algo assim acontece na Secretaria de Estado do Vaticano:
Já no passado, um funcionário enviou uma
carta similar a um casal de lésbicas que também usaram o documento para
apresentá-lo falsamente como uma aprovação do Papa à sua relação.
Fonte: ACI digital
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