Antigamente
para uma pessoa ser reconhecida como artista tinha que se esforçar muito. Eram
necessários anos de estudos, realizar estágios no exterior, conhecer grandes
artistas, ler milhares de livros, ter
domínio de teorias sobre estética, história da arte e outros temas para, só
assim, uma pessoa ser publicamente chamada de artista. Hoje em dia a coisa
mudou muito. Hoje qualquer loucura (e a arte é um tipo de manifestação da
loucura, do exótico, etc) ou qualquer bobagem é reconhecido como arte. Vejamos
alguns exemplos: hoje uma pessoa tira fotos do próprio anus e é chamada de
artista, um sujeito expõe as próprias fezes e isso é reconhecido como arte, um
grupo de mulheres fazem xixi na própria roupa e isso é visto como arte, um
sujeito tira fotos do lixo da sua própria casa e isso é visto como arte, outro
faz um vídeo dizendo palavrões e isso é uma performance artística, um sujeito
tira a roupa, fica nu na frente de outras pessoas e isso é um ato artístico,
outra pessoa se masturba e isso é visto como performance artística. Por esses exemplos pode-se ver que, hoje em
dia, qualquer coisa (fezes, lixo, xixi, etc) é considerada uma obra de arte.É
necessário ver que, de um lado, vivemos uma era de profundas crises. Existe a
crise do Estado, a crise da democracia, a crise do Ocidente, a crise dos
valores morais e muitas outras. No Brasil, além dessas crises de conteúdo
mais universal, tem-se a crise da economia e as crises institucionais. Do outro
lado, a arte não é inume ao sistema de crises que atravessa a sociedade
contemporânea. Ora, se quase tudo está
em crise, a arte, enquanto produto da vida humana, também está em crise.De certa forma a arte sempre esteve em crise. Ela sempre foi uma
espécie de “estrada de passagem” onde se canalizou o que existe de melhor na
natureza humana e, ao mesmo tempo, se desenvolveu uma reflexão sobre os dramas
e angústias humanas. O problema é que na
sociedade contemporânea parece que a crise da arte extrapolou os limites da
histórica crise da arte. Sem rumo, parece que sobrou a arte contemporânea lidar
apenas com o que, por essência, na natureza humana deve ficar escondido (fezes,
xixi, masturbação, anus, etc). Freud, que pode ser até acusado de
defender uma arte para a alta cultura, já demonstrou que as fezes e outros
dejetos humanos devem ficar na profundeza da civilização. Trazer esse material
átona não é melhorar a espécie humana, mas apenas reforçar os laços de
brutalidade e de animalidade do homem. Não existe uma saída fácil para
a crise da arte contemporânea. No entanto, insistir que fezes, xixi, anus e
coisas semelhantes são obras de arte é apenas reforçar a crise da arte. Na
sociedade contemporânea para se produzir uma arte de mais qualidade é
necessário ter coragem de afirmar que nem toda bobagem é arte, expor fezes,
xixi, masturbação e coisas semelhantes é tudo, menos uma obra de arte! É
necessário resgatar a ideia que a obra de arte é algo exterior ao homem e, ao
mesmo tempo, fruto dos mais elevados esforços culturais da humanidade.
O reconhecimento interior não é só um exercício de memória, mas um esforço sério para ampliar a imaginação de modo que ela possa abarcar mesmo as possibilidades mais extremas e inusitadas.
Você não pode fazer isso se não se
dispõe a descobrir na sua alma monstros, heróis e santos que jamais suspeitaria
encontrar lá. Compreensivelmente, os monstros são mais fáceis de descobrir do
que os heróis e santos.
O medo, o nojo, a raiva e o desprezo
são emoções comuns diante de uma obra artística, e eles bastam para tornar
verossímil o que quer que nos pareça ser pior do que nós mesmos!
Já aquilo
que é nobre nos humaniza e traz imediatamente consigo um sentimento de dever e de
obrigação, quando contemplamos por exemplo, uma obra de arte autêntica e
verdadeira, como uma obra de Caravágio, que transcende a mera contemplação
estética e convoca o observador a mudar de vida, a tornar-se melhor! Essa é a verdadeira arte!
A impressão de não estar à altura
desse apelo que a obra produz, provoca-nos quase que automaticamente uma reação positiva,
e não negativa, como é próprio da falsa arte. A arte pode ser sacra e profana (Prós fanus= Pró belo), mas não se identifica e nem produz mudanças para a melhor quando é mundana. O mundo será salvo pelo belo !
Texto adaptado do soneto de RAINER MARIA
RILKE: “O TORSO ARCAICO DE APOLO”
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Raso, fatalista e vazio.
Profundo,indiferente e cheio de nada prof Paulo...
Antigamente para uma pessoa ser reconhecida como artista tinha que se esforçar muito. Eram necessários anos de estudos, realizar estágios no exterior, conhecer grandes artistas, ler milhares de livros, ter domínio de teorias sobre estética, história da arte e outros temas para, só assim, uma pessoa ser publicamente chamada de artista. Hoje em dia a coisa mudou muito. Hoje qualquer loucura (e a arte é um tipo de manifestação da loucura, do exótico, etc) ou qualquer bobagem é reconhecido como arte. Vejamos alguns exemplos: hoje uma pessoa tira fotos do próprio anus e é chamada de artista, um sujeito expõe as próprias fezes e isso é reconhecido como arte, um grupo de mulheres fazem xixi na própria roupa e isso é visto como arte, um sujeito tira fotos do lixo da sua própria casa e isso é visto como arte, outro faz um vídeo dizendo palavrões e isso é uma performance artística, um sujeito tira a roupa, fica nu na frente de outras pessoas e isso é um ato artístico, outra pessoa se masturba e isso é visto como performance artística. Por esses exemplos pode-se ver que, hoje em dia, qualquer coisa (fezes, lixo, xixi, etc) é considerada uma obra de arte.É necessário ver que, de um lado, vivemos uma era de profundas crises. Existe a crise do Estado, a crise da democracia, a crise do Ocidente, a crise dos valores morais e muitas outras. No Brasil, além dessas crises de conteúdo mais universal, tem-se a crise da economia e as crises institucionais. Do outro lado, a arte não é inume ao sistema de crises que atravessa a sociedade contemporânea. Ora, se quase tudo está em crise, a arte, enquanto produto da vida humana, também está em crise.
De certa forma a arte sempre esteve em crise. Ela sempre foi uma espécie de “estrada de passagem” onde se canalizou o que existe de melhor na natureza humana e, ao mesmo tempo, se desenvolveu uma reflexão sobre os dramas e angústias humanas. O problema é que na sociedade contemporânea parece que a crise da arte extrapolou os limites da histórica crise da arte. Sem rumo, parece que sobrou a arte contemporânea lidar apenas com o que, por essência, na natureza humana deve ficar escondido (fezes, xixi, masturbação, anus, etc). Freud, que pode ser até acusado de defender uma arte para a alta cultura, já demonstrou que as fezes e outros dejetos humanos devem ficar na profundeza da civilização.Trazer esse material átona não é melhorar a espécie humana, mas apenas reforçar os laços de brutalidade e de animalidade do homem. Não existe uma saída fácil para a crise da arte contemporânea. No entanto, insistir que fezes, xixi, anus e coisas semelhantes são obras de arte é apenas reforçar a crise da arte. Na sociedade contemporânea para se produzir uma arte de mais qualidade é necessário ter coragem de afirmar que nem toda bobagem é arte, expor fezes, xixi, masturbação e coisas semelhantes é tudo, menos uma obra de arte. É necessário resgatar a ideia que a obra de arte é algo exterior ao homem e, ao mesmo tempo, fruto dos mais elevados esforços culturais da humanidade.
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