(Por Thiago Bronzatto)
Petistas vislumbram em projeto de documentário a oportunidade de
registrar para a posteridade sua versão do processo contra Dilma.Roteiro: os
petistas querem deixar registrado que foram vítimas de uma conspiração
(Cristiano Mariz/VEJA). - Pouco antes da
meia-noite da terça-feira 9 de Agosto, o ex-ministro da Justiça José Eduardo
Cardozo subiu à tribuna do plenário do Senado. Como das vezes anteriores,
defendeu a volta da presidente afastada Dilma Rousseff ao Palácio do Planalto.
Falando num tom acima do habitual, rebateu as acusações contra a sua cliente e
criticou a celeridade do processo de impeachment, classificado como um “golpe”
contra a democracia. A tese foi repetida por senadores da tropa de choque do
PT, um após o outro, ao longo das quase dezessete horas da sessão que transformou a
presidente em ré por 59 votos contra 21, num resultado previsível. A
veemência dos discursos, além de defender o mandato de Dilma, atendia a outro
propósito: a construção de uma narrativa. Se nada mudar até o
próximo dia 25, data marcada para o início do julgamento, a cassação de Dilma
deve ser confirmada por ampla maioria dos senadores. O PT reconhece que não há
muito que fazer. A presidente afastada, que aguarda o desfecho do processo
praticamente reclusa no Palácio da Alvorada, também tem clareza de que seu
destino está traçado. Até o ex-presidente Lula, mentor, criador e oficialmente
o maior defensor de Dilma, já jogou a toalha faz tempo.Mas a história, do
ponto de vista do PT, não deve terminar com um tom melancólico e derrotista.
Como ocorre desde a votação do impeachment na Câmara, na sessão da semana
passada os passos de cada petista no Congresso foram acompanhados de perto por
uma equipe de filmagem que se dedica a produzir um documentário sobre os
bastidores do processo. Cientes de que eram os personagens principais do dia,
os parlamentares contrários à cassação se esmeraram nos microfones e nas performances.
Eles
estavam sob as lentes de um projeto intitulado “Impeachment”, conduzido pela
cineasta Petra Costa, da produtora Busca Vida Filmes e diretora do premiado
documentário Elena, em que retrata a morte precoce de sua irmã.
Desde 13 de março, quando ocorreu a maior manifestação política da
história do Brasil, Petra contabiliza cerca de 500 horas de gravação com mais
de cinquenta parlamentares, de diferentes partidos, além de manifestantes e
líderes de movimentos contra e a favor do impeachment. “A ideia é que o filme
mostre as diversas etapas dessa crise, seus aspectos shakespearianos,
maquiavélicos e épicos”, diz a cineasta. Entre os principais entrevistados está
a presidente afastada, que relata, em sua perspectiva, o drama de quem foi
apeado do poder. “Gostaríamos também de filmar Temer. Já entramos em contato
com a assessoria algumas vezes, mas não obtivemos resposta”, afirma Petra, que
ganhou apoio financeiro do Festival de Veneza.
Os petistas vislumbraram na produção a oportunidade de
registrar para a posteridade o resultado de uma conspiração, de um golpe!
Nesse contexto, Lula
emerge como um dos principais personagens da história, que deverá ser exibida
no Brasil e no exterior em 2017. Nos últimos meses, o ex-presi-dente tem
montado uma agenda pensada com o objetivo de produzir imagens que se encaixam
no enredo. VEJA acompanhou os bastidores das gravações realizadas em julho no
Recife e no interior de Pernambuco. Ali, tudo parecia uma encenação. Enquanto
criticava o presidente interino Michel Temer e o juiz Sergio Moro, Lula olhava
para as câmeras, gesticulava, abraçava crianças, acariciava trabalhadores.
Durante uma visita a um assentamento do Movimento dos Trabalhadores Rurais sem
Terra (MST), um drone filmava o ex-presidente caminhando no meio de uma
plantação. Num dado momento em que o aparelho se aproxima, ele ergue para o céu
um punhado de mandiocas que haviam sido colhidas e faz uma breve saudação,
sorrindo para a câmera.
Na tentativa de criarem sua versão da história, naturalmente suavizando os
próprios pecados, deputados do partido também recorreram à Comissão
Interamericana de Direitos Humanos, vinculada à Organização dos Estados
Americanos (OEA), contra o processo de impeachment de Dilma. Antes disso, o
próprio Lula havia protocolado uma representação na Organização das Nações
Unidas (ONU) contra o juiz Sergio Moro, apresentando-se como vítima de
perseguição da Justiça. As chances de que tais iniciativas tenham sucesso
jurídico são praticamente nulas, mas o movimento saiu nos jornais e sites de
mais de oitenta países, o que ajuda na construção da narrativa petista. Longe das câmeras, o
ex-presidente se reuniu em Brasília com líderes do partido horas depois da
votação no Senado. No encontro, Lula disse que o “impeachment é jogo jogado” —
ou seja, será aprovado com folga. Ele cobrou dos oito senadores e 36 deputados
presentes maior engajamento nas lutas que serão travadas a partir de agora,
quando o PT voltará a ser oposição, e destacou que só isso garantirá uma volta
por cima. O ex-presidente tem dito que será candidato na próxima corrida
presidencial. O tablado eleitoral há tempos deixou de ser a prioridade de Lula,
acossado pela Operação Lava-Jato e pelo risco de ser preso por corrupção. O
resto, na verdade, está mais para jogo de cena — literalmente.
Fonte: Veja
------------------------------------------------------
APOSTOLADO BERAKASH: Como você pode ver, ao contrário de outros meios midiáticos, decidimos por manter a nossa página livre de anúncios, porque geralmente, estes querem determinar os conteúdos a serem publicados. Infelizmente, os algoritmos definem quem vai ler o quê. Não buscamos aplausos, queremos é que nossos leitores estejam bem informados, vendo sempre os TRÊS LADOS da moeda para emitir seu juízo. Acreditamos que cada um de nós no Brasil, e nos demais países que nos leem, merece o acesso a conteúdo verdadeiro e com profundidade. É o que praticamos desde o início deste blog a mais de 20 anos atrás. Isso nos dá essa credibilidade que orgulhosamente a preservamos, inclusive nestes tempos tumultuados, de narrativas polarizadas e de muita Fake News. O apoio e a propaganda de vocês nossos leitores é o que garante nossa linha de conduta. A mera veiculação, ou reprodução de matérias e entrevistas deste blog não significa, necessariamente, adesão às ideias neles contidas. Tal material deve ser considerado à luz do objetivo informativo deste blog. Os comentários devem ser respeitosos e relacionados estritamente ao assunto do post. Toda polêmica desnecessária será prontamente banida. Todos as postagens e comentários são de inteira responsabilidade de seus autores e não representam necessariamente, a posição do blog. A edição deste blog se reserva o direito de excluir qualquer artigo ou comentário que julgar oportuno, sem demais explicações. Todo material produzido por este blog é de livre difusão, contanto que se remeta nossa fonte. Não somos bancados por nenhum tipo de recurso ou patrocinadores internos, ou externo ao Brasil. Este blog é independente, e representamos uma alternativa concreta de comunicação. Se você gosta de nossas publicações, junte-se a nós com sua propaganda, ou doação, para que possamos crescer e fazer a comunicação dos fatos, doa a quem doer. Entre em contato conosco pelo nosso e-mail abaixo, caso queira colaborar:
filhodedeusshalom@gmail.com
Postar um comentário
Todos os comentários publicados não significam a adesão às ideias nelas contidas por parte deste apostolado, nem a garantia da ortodoxia de seus conteúdos. Conforme a lei o blog oferece o DIREITO DE RESPOSTA a quem se sentir ofendido(a), desde que a resposta não contenha palavrões e ofensas de cunho pessoal e generalizados. Os comentários serão analisados criteriosamente e poderão ser ignorados e ou, excluídos.