Texto de Suporte: 1 Cor 10,1-33: 1 "ora, irmãos, não quero que ignoreis que
nossos pais estiveram todos debaixo da nuvem, e todos passaram pelo mar.2 E todos foram batizados em Moisés, na nuvem e
no mar,3 E todos comeram de uma mesma
comida espiritual,4 E beberam todos de
uma mesma bebida espiritual, porque bebiam da pedra espiritual que os seguia; e
a pedra era Cristo.5 Mas Deus não se
agradou da maior parte deles, por isso foram prostrados no deserto.6 E estas coisas foram-nos feitas em figura,
para que não cobicemos as coisas más, como eles cobiçaram.7 Não vos façais, pois, idólatras, como alguns
deles, conforme está escrito: O povo assentou-se a comer e a beber, e
levantou-se para folgar.8 E não nos
prostituamos, como alguns deles fizeram; e caíram num dia vinte e três mil.9 E não tentemos a Cristo, como alguns deles
também tentaram, e pereceram pelas serpentes.10
E não murmureis, como também alguns deles murmuraram, e pereceram pelo
destruidor.11 Ora, tudo isto lhes
sobreveio como figuras, e estão escritas para aviso nosso, para quem já são chegados
os fins dos séculos.12 Aquele, pois, que
cuida estar em pé, olhe não caia.13 Não
veio sobre vós tentação, senão humana; mas fiel é Deus, que não vos deixará
tentar acima do que podeis, antes com a tentação dará também o escape, para que
a possais suportar.14 Portanto, meus
amados, fugi da idolatria.15 Falo como a
entendidos; julgai vós mesmos o que digo.16
Porventura o cálice de bênção, que abençoamos, não é a comunhão do
sangue de Cristo? O pão que partimos não é porventura a comunhão do corpo de
Cristo?17 Porque nós, sendo muitos,
somos um só pão e um só corpo, porque todos participamos do mesmo pão.18 Vede a Israel segundo a carne; os que comem
os sacrifícios não são porventura participantes do altar?19 Mas que digo? Que o ídolo é alguma coisa? Ou
que o sacrificado ao ídolo é alguma coisa?20
Antes digo que as coisas que os gentios sacrificam, as sacrificam aos
demônios, e não a Deus. E não quero que sejais participantes com os demônios.21 Não podeis beber o cálice do Senhor e o cálice
dos demônios; não podeis ser participantes da mesa do Senhor e da mesa dos
demônios.22 Ou irritaremos o Senhor? Somos
nós mais fortes do que ele?23 Todas as
coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas convêm; todas as coisas me são
lícitas, mas nem todas as coisas edificam.24
Ninguém busque o proveito próprio; antes cada um o que é de outrem.25 Comei de tudo quanto se vende no açougue, sem
perguntar nada, por causa da consciência.26
Porque a terra é do Senhor e toda a sua plenitude.27 E, se algum dos infiéis vos convidar, e
quiserdes ir, comei de tudo o que se puser diante de vós, sem nada perguntar,
por causa da consciência.28 Mas, se
alguém vos disser: Isto foi sacrificado aos ídolos, não comais, por causa
daquele que vos advertiu e por causa da consciência; porque a terra é do Senhor,
e toda a sua plenitude.29 Digo, porém, a
consciência, não a tua, mas a do outro. Pois por que há de a minha liberdade
ser julgada pela consciência de outrem?30
E, se eu com graça participo, por que sou blasfemado naquilo por que dou
graças?31 Portanto, quer comais quer
bebais, ou façais outra qualquer coisa, fazei tudo para glória de Deus.32 Portai-vos de modo que não deis escândalo nem
aos judeus, nem aos gregos, nem à igreja de Deus.33 Como também eu em tudo agrado a todos, não
buscando o meu próprio proveito, mas o de muitos, para que assim se possam
salvar."
Objetivo desta explanação:
Se conscientizar da existência dos fortes e dos fracos na fé, bem como
aqueles que possuem uma ignorância ou objeção invencível, e o desafio de viver em
harmonia com todos os irmãos em uma sociedade pluralista.O apóstolo Paulo
desfrutou com autoridade a liberdade cristã. Sua maturidade espiritual forjada
e fortificada na sua vivência cotidiana, revela completa emancipação de
inibições e tabus religiosos sem ferir nenhum princípio bíblico. Não sendo
conivente com qualquer padrão antibíblico, Paulo se adaptava aos mais diversos
ambientes com a finalidade de apresentar Cristo (1Co 9,22), porém, sabia que muitos cristãos e até mesmo não Cristãos, não eram
completamente emancipados e livres em Cristo como ele. Por isso, na carta aos Romanos, exigiu que
os “fracos” fossem tratados com cuidado, paciência e sabedoria pelos mais
“fortes”.Romanos 14 tem seu
foco voltado para dois grupos da comunidade cristã em Roma, identificados por
Paulo como “os fracos” e “os fortes”.
Os fracos na FÉ
A palavra grega para
“fraco” é astheneo que indica “fraqueza, indigência, impotência, falta de força
por variados motivos”. No NT, a palavra foi usada cerca de quarenta vezes para
designar doentes físicos. Dessa forma, não é exagero dizer que Paulo apontava
para um tipo de “fé enferma”.
Quem eram ESTES fracos?
a. Ex pagãos idólatras. Eram recém-convertidos do paganismo;
grupo semelhante ao mencionado por Paulo em 1Coríntios 8; indivíduos que mesmo
resgatados da idolatria, por escrúpulo (hesitação da consciência), sentiam-se
impedidos de comer carnes que, antes de ser vendida em açougue local, era
dedicada a ídolos.
b. Ascetas (disciplinados): Pessoas que
exercitavam a disciplina do autocontrole do corpo considerando que isso era
algo imprescindível para chegar a Deus. Havia ascetas presentes na igreja em
Roma, o que explica por que se abstinham do vinho e da carne (Rm 14,21).
c. Legalistas: Consideravam
as abstenções e as boas obras como unicamente necessárias para a salvação. Não
conseguiam conciliar a fé acompanhada das boas obras para a salvação.(
Somente a fé justifica, mas não é suficiente para obra de salvação que tem que
ser demonstrada pelas boas obras conforme sentenciou Tiago: “Mostra-me tua fé
sem as obras e eu com minhas obras demonstro a minha fé...”). Efésios 2,8-10:“Porque pela graça sois salvos, por meio da
fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus.Não vem das obras, para que ninguém se
glorie;Porque somos feitura sua, criados
em Cristo Jesus para as boas obras, as quais Deus preparou para que andássemos
nelas.”
d. Cristãos Judaisantes: Eram os que
permaneciam com a consciência voltada para as regras do judaísmo, especialmente
referente a dietas (comer apenas alimentos considerados limpos – Rm 14.14,20) e
dias religiosos (guarda dos sábados e festivais judaicos) e a necessidade de
ainda sircuncizar-se.
Os fortes NA FÉ
A palavra grega para
“forte” é dynatos, e significa “alma forte, capaz de suportar calamidades com
coragem e paciência, firmes nas virtudes cristãs”. Indica um cristão maduro na fé e
no trato com o próximo. Qualifica a pessoa de natureza contrária à dos fracos.O cenário da igreja
de nossos dias revela certa similaridade com a igreja em Roma. Existem fracos e
fortes na fé. Precisamos rezar constantemente pedindo que Deus dê sabedoria as
lideranças Cristãs a fim de que saibam lidar com essas pessoas.
Sete princípios PRÁTICOS dA liberdade cristã:
1. Nem todos possuem a mesma fé (Rm 14,1-2). A Bíblia registra pelo menos quatro graus de fé:
a)- Os que não
possuem nenhuma fé (Mc 4,35-41),
b)- Os que possuem
uma pequena fé e imatura (Mt 14,22-33; Hebreus 5,12-14;6,13).
c)- Os agraciados com
uma grande fé (Mt 15,21-28)
d)- Os possuidores de
inigualável fé (Mt 8,5-15).
Há pessoas que se
encaixam nesses grupos, portanto, nem todas possuem a mesma fé. A unidade da
igreja em Roma estava ameaçada porque os cristãos maduros conflitavam com os
cristãos imaturos. Enquanto um grupo entendia bem a amplitude da liberdade
cristã pela fé em Jesus, o outro estava com a consciência perturbada e não
sabia exatamente o que fazer e o que não fazer. Sabendo que os cristãos maduros entenderiam melhor esse
conflito, Paulo direciona a eles dois conselhos práticos em relação aos mais
imaturos:
a. “Acolhei ao que é débil
[fraco] na fé”. Aceitem genuinamente e de boa vontade os imaturos na fé.
Recebam-nos amorosamente em seu círculo de amigos íntimos.
b. “… não, porém, para discutir
opiniões”. Não discutam assuntos controvertidos. Não entrem em conflitos de
consciência pessoal.
2. O cristão não deve ser juiz de seu irmão! (Rm
14,3-4.7-12)
Não foi a única vez
que Paulo escreveu condenando formas de julgamento humano. Em 1Coríntios, ele
diz: “A mim mui pouco se me dá de ser julgado por vós ou por tribunal humano;
nem eu tampouco julgo a mim mesmo… quem me julga é o Senhor. Portanto, nada
julgueis antes do tempo, até que venha o Senhor” (1Co 4.3-5). O texto parece
ecoar as palavras de Jesus: “Não julgueis, para que não sejais julgados” (Mt 7,1).O apelo fundamental
do apóstolo é que não devemos julgar irmãos que discordam de nós. O fraco deve
ser aceito entre os cristãos como parte da igreja. Ao explicar esse apelo,
Paulo mostra que a razão da aceitação mútua é que Deus aceitou os dois grupos
(Rm 14,2-3). A questão não está entre crer ou não crer, mas entre ter ou não
maturidade na fé. Portanto, o cristão forte come o que lhe agrada e agradece ao
Senhor. O irmão fraco come de acordo com a sua dieta cerimonial e agradece ao
Senhor por ele ter feito um sacrifício em seu favor. Em ambos os casos, o
cristão agradece ao Senhor, assim a motivação é a mesma para o Senhor. Seja
fraco ou forte, a motivação por trás das decisões de um cristão sobre os
assuntos referentes à consciência deve ser agradar ao Senhor” .
3.Cada pessoa tem as próprias convicções! (Rm
14,5-6):
Se antes o apóstolo
usou o alimento para exemplificar a liberdade cristã, agora ele reforça o
ensino usando o exemplo da diferença entre dias: “um faz diferença entre dia e
dia; outro julga iguais todos os dias” (Rm 14,5). O cristão judeu fraco na fé
ainda se preocupava em guardar o sábado, e dias especiais associados à lei e
aos costumes judaicos (Gl 4,8-10). O cristão gentio fraco na fé buscava
completo distanciamento de qualquer dia ou festividade associada ao paganismo.
Já o cristão maduro não era afetado por nenhuma dessas preocupações.Na sequência, Paulo argumenta: “cada um tenha opinião bem definida para
si mesmo” (Rm 14,5).Paulo não está incentivando um comportamento irresponsável.
Tampouco está se mostrando favorável a tradições irrefletidas. Mas, partindo do
pressuposto de que cada um deles (o fraco e o forte) tenha refletido na questão
e chegado a uma firme conclusão, ele os faz ver que a sua prática deve ser
parte integrante do discipulado cristão.Aquele que considera
um dia como especial, assim o faz para o Senhor’ (Rm 14,6). Ou seja, para
honrar o Senhor, com a intenção de agradar a Ele e honrá-lo.
4. O cristão não deve ser tropeço para ninguém! (Rm 14,13-15;16,21)
Nesses versos, o
apóstolo exorta o fraco a não criticar o forte, e chama a atenção do forte para
deixar de apontar defeitos no fraco. Os dois grupos não deveriam colocar
qualquer tipo de obstáculo para causar tropeço no caminho de seus irmãos. Paulo
ensina que a liberdade cristã não pode ser usada para prejudicar o irmão.É necessário aplicar o amor no exercício da liberdade.
Por exemplo:O esposo tem direito
e liberdade de dormir com a janela do quarto aberta, para passar a noite sentindo
a brisa da madrugada. Mas se isso importuna a esposa ou lhe faz mal, ele deve
abrir mão do privilégio em benefício do conforto e da segurança dela. Nem uma
de nossas ações pessoais vale mais do que o bem-estar do povo de Deus. Dessa
forma, devemos procurar o que realmente contribui para a edificação dos irmãos
em vez de permanecer obstinados em nossos direitos e razões pessoais.
5. Que é o"reino de Deus?" (Rm 14,17-20):
Se a primeira verdade
teológica que suporta o apelo de Paulo para que os fortes se controlem é a cruz
de Cristo, a segunda é o reino de Deus, isto é, o domínio gracioso de Deus
através de Cristo e pelo Espírito na vida do seu povo, proporcionando-lhes uma
livre salvação. Assim, vamos contribuir para a paz e a edificação mútua. A
igreja não deve ser edificada isoladamente, mas sua construção precisa
acontecer em conjunto. Igreja é um edifício espiritual que necessita ser bem
planejado, em que cada um tenha seu lugar e desenvolva seu dom (Ef 4; 1Cor,
12). Não podemos permitir que questões pessoais afetem a obra de Deus. Algo que
é bom e cômodo para nós pode ser um obstáculo aos outros. O reino de Deus exige
unidade.
6. A pureza ou a impureza estão na consciência
(Rm 14,14-22)
Paulo não está
levando em consideração o padrão absoluto de Deus em relação à postura do
Cristão. Nesse caso, a consciência não seria levada em conta, e sim a própria
conduta. No texto, o apóstolo deixa claro que o fazer, por si só, e o não fazer
é a mesma coisa perante Deus. O apóstolo tinha convicção de que todas as coisas
foram criadas por Deus, e tudo que foi criado é bom. Assim, os alimentos e as
bebidas que estão sendo discutidos na igreja de Roma são bons porque foi Deus
quem os fez. No entanto, nem todos interpretavam a questão, ou ainda o fazem,
sob essa perspectiva. Para a pessoa que considera algum alimento ou bebida algo
impuro, sua consciência aponta um pecado do qual não quer participar, por isso
Paulo diz que ela não deve comer ou beber tal coisa. Devemos ter certeza
de que nossa consciência está limpa diante de Deus. Também precisamos lembrar
que não podemos fazer nada que cause a queda de um irmão. Nesse caso, o que é
bom para nós pode levar outros ao pecado. Então, o nosso bem se torna mal para
ele (1Cor 8,10-11). Tal alternativa motivou Paulo a concluir que não devemos
fazer nada que sirva de tropeço ao nosso irmão (Rm 14,21; 1Cor 8,13).
7. A fé é uma graça pessoal, dada por Deus
conforme o beneplácito de sua soberana vontade (Rm 14,23)
O apóstolo conclui o
capítulo 14 fazendo distinção entre crer e agir, entre falar uma coisa e fazer
outra.Nenhum cristão pode ‘tomar emprestadas’ as convicções de outro para ter
uma vida cristã honesta. O Cristão que não tem certeza de que está fazendo a
coisa certa, mas o faz, se condena em seu ato. Isso porque sua ação não está em
harmonia com sua convicção interior, ou seja, com sua fé. Tudo o que não é
feito em harmonia com a convicção de que está de acordo com a vontade de Deus é
pecado.Ao mesmo tempo em que
a igreja é uma unidade, ela também se reveste da diversidade. Isso implica
necessidade de relacionamento maduro entre pessoas com ideias e convicções
distintas. Como você tem tratado o irmão fraco na sua comunidade ? Como tem se
relacionado com o irmão mais forte de sua igreja?
8.Cristo não agradou a Si mesmo (Rm 15,3-4)
Cristo não Se
entregou para ser crucificado com a finalidade de agradar a Si mesmo, mas de
agradar ao Pai. Submeteu-Se à vontade de Deus suportando toda humilhação e dor
na cruz em favor dos homens (Sl 69.9). “É como dizer que, para simbolizar sua
recusa de agradar a si mesmo, Cristo identificou-se tão completamente com o
nome, a vontade, a causa e a glória do Pai que os insultos que seriam dirigidos
a Deus caíram sobre ele”.Se Cristo é o exemplo, a Bíblia é o manual. Precisamos
viver segundo o exemplo de Jesus, buscando conhecimento nas Escrituras.
9.Cristo acolheu também os gentios (Rm 15,7-12):
As diferenças entre
irmãos são resolvidas quando agimos como Cristo, ou seja, não agradando a nós
mesmos, mas acolhendo o próximo. “Paulo dá uma ordem, apresenta um modelo e
estabelece uma motivação: devemos acolher uns aos outros, da mesma forma que
Cristo nos acolheu, fazendo isso para glória de Deus. Se o exemplo de Cristo é
nosso modelo, a glória de Deus é a nossa motivação”.
10. Suportem os fracos e vivam em paz ( Rm 15,1-2.5-
6.13):
Paulo impõe mais uma
obrigação sobre os fortes em relação aos fracos, incluindo ele, Paulo, como um
forte. O apóstolo exorta os fortes a participarem das lutas dos fracos; viver a
experiência de identificação com o sofrimento do irmão (Gl 6,2; 1Ts 5.14).
Suportar e carregar os fardos de nossos irmãos é produto de uma profunda
intimidade com Cristo, que fez o mesmo em nosso favor (Mt 11,28-30).“Tende em vós o mesmo sentimento
que houve também em Cristo Jesus” (Fp 2,5).
Por que a Ignorância Invencível é
considerada analogamente como o 8º Sacramento que irá salvar a muitos ?
Existem na Igreja
dois princípios fundamentais a cerca deste assunto:
1)-O primeiro é que
Deus quer que todos os homens se salvem e que cheguem ao conhecimento da
verdade, como diz Paulo na segunda carta a Timóteo. Conhecer, neste sentido,
equivale a aderir, acolher na própria vida o Senhor.
2)- O segundo:
historicamente, o anúncio do Evangelho não chegou ainda a conquistar todos os corações, seja
porque não chegou materialmente a todos os lugares da Terra, seja porque, ainda
que chegue, nem todos o acolhem.
Sobre isso, nos
diz a teóloga Ilaria Morali, professora de teologia na Faculdade de
Teologia da Universidade Pontifícia Gregoriana de Roma, especializada no tema
da Graça: “A doutrina cristã da
salvação é muito clara”. Para explicá-la,
recorreria a dois textos do Magistério:
1)-O primeiro é um
discurso de Pio IX com ocasião do consistório que aconteceu em 8 de dezembro de
1854, por ocasião da solene proclamação do dogma da Imaculada Conceição. O Papa
disse que:“Os que
ignoram a verdadeira religião, quando sua ignorância é invencível, não são
culpados deste fato ante os olhos de Deus.”
2)- Anos depois quis
retomar este ensinamento declarando o sentido da ignorância invencível na carta
encíclica «Quanto conficiamur moerore», de 1863.É sabido que escreveu:“Os que observam com
zelo a lei natural e seus preceitos esculpidos por Deus no coração de todo
homem podem alcançar a vida eterna se estão dispostos a obedecer a Deus e se
conduzem numa vida reta...”
Pio IX voltou a
propor uma convicção consolidada já há séculos na teologia cristã:“há homens e mulheres que, por
várias razões, seja por condicionamentos culturais, seja por uma experiência ou
um contato negativo com a fé cristã, não chegam ao consentimento da fé.” Ainda que pareça que
estas pessoas rejeitem conscientemente a Cristo, não se pode emitir um juízo
inquestionável sobre esta rejeição. Ignorância invencível indica
precisamente uma condição de falta de conhecimento com respeito a Cristo, à
Igreja, à fé, falta de conhecimento que, pelo momento, não pode ser superado
com um ato de vontade.A pessoa está bloqueada,
como impossibilitada para chegar ao «sim» da fé.Como experimentamos
todos os dias entre nossos conhecidos, as razões pelas quais muitas pessoas
dizem não a Cristo são múltiplas:Uma desilusão, uma
traição, uma má catequese, um condicionamento cultural e social,etc.Pio IX mesmo admitiu
a dificuldade de delimitar os casos de ignorância invencível, perguntando-se :«quem terá o poder de
determinar os limites dessa ignorância segundo a índole e a variedade dos
povos, das regiões, dos espíritos e de tantos outros elementos? ».Pio IX ensina-nos,
pois, uma grande prudência e um grande respeito por quem não tem o dom da fé em
Cristo:
1)- Não somos capazes
de compreender até o final as razões de uma rejeição da fé, nem podemos saber
com certeza que quem aparentemente parece que não tem fé, na realidade tem uma
forma muito imperfeita de fé.
2)- Para nós,
cristãos batizados é bom recordar que nosso batismo não é uma garantia
automática de salvação. Se assim fosse, o esforço por conduzir uma vida cristã
seria inútil.
Cada cristão deve
esforçar-se por merecer esta salvação com uma vida de fidelidade a Deus, de
caridade para com os irmãos, de boas obras. Contudo, ninguém pode estar seguro
da própria salvação, porque só Deus tem o poder de concedê-la.” - "Fora da Igreja não há salvação" é uma afirmação ministerial da Igreja,
porém não se deve entende-la de forma absoluta, mas relativa! Entretanto, significaria isso que uma pessoa que não
tivesse tido a possibilidade material de conhecer a existência da Igreja,por
exemplo, um índio da América, antes da chegada dos europeus,não tinha
possibilidade alguma de salvar-se?É claro que afirmar a impossibilidade de salvação desse
índio seria atribuir a Deus uma injustiça.Esse índio, como todos os que não tivessem nenhuma
possibilidade material de conhecer a Igreja, poderiam, sim, salvar-se, pois
estavam em situação de ignorância invencível.Por ignorância invencível entende-se, como se depreende
desses mesmos termos:“Uma condição em que a pessoa não tenha absolutamente
nenhuma possibilidade de fazer qualquer coisa para conhecer e aderir a algo, no
caso, a Cristo e a Igreja Católica.”Uma pessoa em situação de ignorância invencível com
respeito à Igreja Católica pode salvar-se se respeitar a lei natural, que Deus
inscreveu no coração de todo homem.Essa obediência à lei de Deus colocada na natureza
possibilita a salvação dessa pessoa.“Se ela não pertence ao corpo visível da Igreja, ela
pertence, porém, à alma da Igreja, por um desejo, pelo menos implícito, de
receber o batismo. Ela tem o chamado "Batismo de desejo". Foi o que ensinou o Concílio de Trento:"Depois da promulgação do Evangelho, não pode dar-se
[a justificação do ímpio] sem o lavatório da regeneração [Cânon 5, sobre o
Batismo] ou por seu desejo, conforme está escrito: "Se alguém não tiver
renascido pela água e pelo Espírito Santo, não pode entrar no reino de
Deus"( Jo. VIII, 5) ( Denzinger, 796).Portanto, o Concílio de Trento ensinou infalivelmente que
existe o batismo de desejo.Esse batismo de desejo, que, como dissemos, é o de uma
pessoa que pratica a lei de Deus como está inscrita na natureza, não tem
necessidade de ser explícito. Aliás, não poderia ser de outro modo,
naturalmente, pois a pessoa em estado de ignorância invencível não pode
conhecer que existe o sacramento do Batismo.Conclui-se, pois, que uma pessoa em estado de ignorância
invencível pode possuir o batismo de desejo, ainda que simplesmente implícito,
e, por esse batismo de desejo, ela pertence à alma da Igreja, embora não a seu
corpo visível, e pode se salvar.“Deste modo, o dogma que ensina que "fora da Igreja não há
salvação" continua firme e
válido, pois a pessoa em ignorância invencível, e que obedece à lei natural,
pertence, de fato, à alma da Igreja.”Por isso, o Papa Pio IX, depois de reafirmar o dogma de
que:"Fora da Igreja não há salvação,
ressalvou na Alocução Singulari
Quadam, de 1854, que deve ser entendido que não têm salvação os que estão fora
da Igreja por alguma culpa própria.”Ensinou Pio IX:"Com efeito, pela fé há de sustentar-se que fora da Igreja
Apostólica Romana ninguém pode salvar-se; que esta é a única arca da salvação,
que quem nela não tiver entrado, perecerá como no dilúvio. Entretanto, também é
preciso ter por certo que aqueles que sofrem de ignorância da verdadeira
religião, se aquela [ignorância] é invencível, não são eles ante os olhos do
Senhor réus por isso de culpa alguma. Ora pois, quem será tão arrogante que
seja capaz de assinalar os limites desta ignorância, conforme a razão e a
variedade de povos, regiões, caracteres e de tantas outras e tão numerosas
circunstâncias?" (Pio IX, Alocução Singulari
Quadam, 1854, Denzinger, 1647).Pio IX confirmou a mesma doutrina na Encíclica Quanto Confficiamur Moerore de 10-VIII-1863 - Condenado que o
liberalismo, defensor da tese de que há salvação fora da Igreja, quanto o
rigorismo jansenista, que não admitia que Deus concedesse qualquer graça capaz
de salvar fora da Igreja, ou que recusava o batismo de desejo.Ensinou Pio IX de
novo:"E aqui, queridos Filhos e Veneráveis Irmãos, é preciso
recordar e repreender novamente o gravíssimo erro em que se acham
miseravelmente alguns católicos, ao opinar que homens que vivem no erro e
alheios à verdadeira fé e à unidade da católica possam chegar à eterna
salvação. O que certamente se opõe em sumo grau à doutrina católica. Coisa
notória é para Nós e para Vós que aqueles que sofrem de ignorância invencível
acerca de nossa santíssima religião, que cuidadosamente guardam a lei natural e
seus preceitos, esculpidos por Deus nos corações de todos e que estão dispostos
a obedecer a Deus e levam vida honesta e reta, podem conseguir a vida eterna,
pela operação da virtude da luz divina e da graça; pois Deus, que manifestamente
vê, esquadrinha e sabe a mente, ânimo, pensamentos e costumes de todos, não
consente, de modo algum, conforme sua suma bondade e clemência, que ninguém
seja castigado com eternos suplícios, se não é réu de culpa voluntária. Porém,
bem conhecido é também o dogma católico, a saber, que ninguém pode salvar-se
fora da Igreja Católica, e que os contumazes contra a autoridade e definições
da mesma Igreja, e os pertinazmente divididos da unidade da mesma Igreja e do
Romano Pontífice, sucessor de Pedro, 'a quem foi encomendada pelo Salvador a
guarda da vinha', não podem alcançar a eterna salvação" (Pio IX,Quanto
Confficiamur Moerore, Denzinger, 1677).Ainda no século XX, durante o pontificado de Pio XII, o
Santo Ofício, ao ter que condenar os erros do Padre Leonard Feeney,negador da
existência do batismo de desejo , reafirmou em carta ao Arcebispo de Boston,
tanto o dogma de que "fora da Igreja não há salvação", como a
legitimidade do chamado "batismo de desejo".
Ensinou o Santo Ofício, em 1949, nessa carta contra o
Padre Feeney:
"Entre as coisas que a Igreja sempre pregou e nunca deixa
de pregar, está contida aquela sentença
infalível que nos ensina que "fora da Igreja não há
salvação". Este dogma,
entretanto, deve ser entendido no sentido em que a própria Igreja o entende.
Nosso Senhor, de fato, não confiou a explicação das coisas contidas no depósito
da fé aos julgamentos privados, mas sim ao magistério eclesiástico."
"E em primeiro lugar, a Igreja ensina que neste caso se
trata de um rigorosíssimo preceito de Jesus Cristo. De fato, Ele mesmo disse
explicitamente aos seus discípulos que ensinassem todos os povos a observar o
que Ele havia ordenado. (cfr. Mt XXVIII, 19-20). Entre os mandamentos de Cristo,
não tem menos valor aquele que nos ordena que os incorporemos, com o batismo,
ao Corpo místico de Cristo, que é a Igreja, e a aderirmos a Cristo e ao seu
Vigário, por meio de quem Ele mesmo governa na terra de modo visível a Igreja. Por
isso, não se salvará aquele que, sabendo que a Igreja foi divinamente
instituída por Cristo, não aceitar, mesmo assim, submeter-se à Igreja, ou
recusar a obediência ao Pontífice Romano, Vigário de Cristo na terra.O Salvador, então, não só predispôs em um preceito que
todos os povos deveriam aderir à Igreja, como chegou a estabelecer que a Igreja
era o meio de salvação sem o qual ninguém poderia entrar no Reino da glória
celeste."
"Daqueles meios para a salvação que só por
instituição divina, e não por necessidade intrínseca, estão dirigidos para o
fim último, Deus, na sua infinita misericórdia, quis que, em certas
circunstâncias, seus efeitos, necessários para a salvação, pudessem ser obtidos
também quando estes meios sejam ativados apenas pelo anseio ou pelo desejo. Isso vemos claramente enunciado no
sagrado Concílio de Trento, quer em relação ao sacramento da regeneração, quer
a respeito do sacramento da penitência."
"Nas devidas proporções, o mesmo deve ser dito com
relação à Igreja, já que esta é um meio geral de salvação. Pois, para se obter
a salvação, não se exige a incorporação real (reapse), como membro, à Igreja,
mas é exigido, pelo menos, a adesão a esta pelo voto e o desejo (voto et
desiderio). Não é necessário que este voto seja sempre explícito, como se exige
dos catecúmenos.
Se o homem sofre de ignorância invencível, Deus aceita um voto implícito, assim
chamado porque contido naquela boa disposição da alma com a qual
o homem quer a sua vontade conforme à vontade de Deus."
"Estas coisas são claramente ensinadas na [encíclica de Pio
XII Mystici Corporis
Christi] em relação ao Corpo Místico de Jesus Cristo [...] Quase no final
desta encíclica [...] convidando à unidade, com o espírito cheio de amor,
aqueles que não pertencem à estrutura da Igreja Católica [o Sumo Pontífice] recorda
aqueles que, "por anseio ou desejo inconsciente, estão ordenados para o
Corpo Místico do Redentor"; não os exclui absolutamente da salvação
eterna, mas, por outro lado, afirma que eles se encontram em um estado no qual "nada
pode assegurar-lhes a salvação [...] pois que são privados de muitos e grandes
socorros e favores celestes que só podem ser desfrutados na Igreja católica."
"Com estas prudentes palavras, desaprova tanto aqueles que
excluem da salvação eterna todos os que aderem à Igreja apenas com um voto
implícito, como aqueles que defendem falsamente que os homens podem ser
igualmente salvos em qualquer religião."
"E não se deve nem mesmo pensar que seja suficiente um
desejo qualquer de aderir à Igreja para que o homem seja salvo. Exige-se,
realmente, que o desejo mediante o qual alguém é ordenado à Igreja seja moldado
pela perfeita caridade; e o voto implícito não poderá ter efeito se o homem não
tiver a fé sobrenatural" (Carta do Santo Ofício ao Arcebispo de Boston,
1949. Denzinger, 3866 -3872).
Nesses vários documentos do Magistério Extraordinário e
Ordinário da Igreja, fica patente a extrema Sabedoria infalivelmente divina com
que os Papas ensinam os fiéis da Santa Igreja, evitando todos os excessos e
erros, quer por laxismo liberal, quer por um rigorismo sem misericórdia, típico
do jansenismo.
A IGNORÂNCIA INVENCIVEL E "MaGISTÉRIO DA IGRREJA pós
vaticano ii"
Ignorância afetada
1793. Se, pelo contrário, a ignorância é
invencível, ou o juízo erróneo sem responsabilidade do sujeito moral, o mal cometido pela pessoa não pode ser-lhe imputado. Mas nem
por isso deixa de ser um mal, uma privação, uma desordem. É preciso
trabalhar, portanto, para corrigir dos seus erros a consciência moral.
1794. A consciência boa e pura é iluminada
pela fé verdadeira. Porque a caridade procede, ao mesmo tempo, «dum coração
puro, de uma boa consciência e de uma fé sincera» (1 Tim 1, 5) (58).Quanto mais
prevalecer a reta consciência, tanto mais as pessoas e os grupos estarão longe
da arbitrariedade cega e procurarão conformar-se com as normas objetivas da
moralidade”.
1733. Quanto mais o homem fizer o bem, mais
livre se torna. Não há verdadeira liberdade senão no
serviço do bem e da justiça. A opção pela desobediência e pelo mal é um
abuso da liberdade e conduz à escravidão do pecado.
1734. A liberdade torna o homem responsável
pelos seus atos, na medida em que são voluntários. O progresso na virtude, o
conhecimento do bem e a ascese aumentam o domínio da vontade sobre os próprios
atos.
1735. A imputabilidade e responsabilidade
dum ato podem ser diminuídas, e até anuladas, pela ignorância, a inadvertência,
a violência, o medo, os hábitos, as afeições desordenadas e outros fatores
psíquicos ou sociais.
1736. Todo o ato diretamente querido é
imputável ao seu autor. Assim, depois do pecado no paraíso, o Senhor pergunta a
Adão: «Que fizeste'?» (Gn 3, 13). O mesmo faz a Caim. Assim também o profeta
Natan ao rei David, após o adultério com a mulher de Urias e o assassinato
deste. Uma ação pode ser indiretamente voluntária,
quando resulta duma negligência relativa ao que se deveria ter conhecido ou
feito, por exemplo, um acidente de trânsito, provocado por ignorância ao
código rodoviário.
§1859. O pecado mortal requer pleno
conhecimento e pleno consentimento. Pressupõe o conhecimento do caráter
pecaminoso do ato, de sua oposição à lei de Deus. Envolve
também um consentimento suficientemente deliberado para ser uma escolha
pessoal. A ignorância afetada e o endurecimento do coração não diminuem,
antes aumentam, o caráter voluntário do pecado.
Ignorância da consciência acostumada ao pecado
§1790. O juízo errôneo O ser humano deve
sempre obedecer ao juízo certo de sua consciência. Se
agisse deliberadamente contra este último, estaria condenando a si mesmo. Mas
pode acontecer que a consciência moral esteja na ignorância e faça juízos
errôneos sobre atos a praticar ou já praticados.
§1791 Muitas vezes esta ignorância pode ser
imputada à responsabilidade pessoal. É o que acontece
"quando o homem não se preocupa suficientemente com a procura da verdade e
do bem, e a consciência pouco a pouco, pelo hábito do pecado, se torna quase
obcecada". Neste caso, a pessoa é culpável pelo mal que comete.
§1793. Se - ao
contrário - a ignorância for invencível ou o julgamento errôneo não for da
responsabilidade do sujeito moral, o mal cometido pela pessoa não lhe poderá
ser imputado. Mas nem por isso deixa de ser um mal, uma privação, uma
desordem. É preciso trabalhar, pois, para corrigir a consciência moral de seus
erros.
Ignorância da Sagrada Escritura
§133 A Igreja exorta com veemência e de
modo peculiar todos os fiéis cristãos a que, pela freqüente leitura das divinas
Escrituras, aprendam “a eminente ciência de Jesus Cristo” (Fl 3,8). Com efeito,
ignorar as Escrituras é ignorar Cristo.
Ignorância de Deus
§2087. Nossa vida moral encontra sua fonte
na fé em Deus, que nos revela seu amor - S. Paulo fala da "obediência da
fé" como da primeira obrigação. Ele vê no "desconhecimento de
Deus" o princípio e a explicação de todos os desvios morais. Nosso dever
em relação a Deus consiste em crer nele e em dar testemunho dele.
Ignorância involuntária
§1860 A ignorância involuntária pode
diminuir ou até escusar a imputabilidade de uma falta grave, mas supõe-se que ninguém ignora os princípios da lei moral
inscritos na consciência de todo ser humano. Os impulsos da
sensibilidade, as paixões podem igualmente reduzir o caráter voluntário e livre
da falta, como também pressões exteriores e perturbações patológicas. O pecado
por malícia, por opção deliberada do mal, é o mais grave.
Responsabilidade e ignorância
§1735 A imputabilidade e a responsabilidade
de uma ação podem ficar diminuídas ou suprimidas pela ignorância,
inadvertência, violência, medo, hábitos, afeições imoderadas e outros fatores
psíquicos ou sociais.
1737. Um efeito pode ser tolerado, sem ter
sido querido pelo agente, por exemplo, o esgotamento duma mãe à cabeceira do
seu filho doente. O efeito mau não é imputável se não tiver sido querido nem
como fim nem como meio do ato, como a morte sofrida quando se levava socorro a
uma pessoa em perigo. Para que o efeito mau seja imputável, é necessário que
seja previsível e que aquele que age tenha a possibilidade de o evitar como,
por exemplo, no caso dum homicídio cometido por um condutor em estado de embriaguez.
1738. A liberdade exercita-se nas relações
entre seres humanos. Toda a pessoa humana, criada à imagem de Deus, tem o
direito natural de ser reconhecida como ser livre e responsável. Todos devem a
todos este dever do respeito. O direito ao exercício da liberdade é uma
exigência inseparável da dignidade da pessoa humana, nomeadamente em matéria
moral e religiosa. Este direito deve ser civilmente reconhecido e protegido
dentro dos limites do bem comum e da ordem pública.
Fraudes devidas à ignorância
§2409 Toda maneira de tomar e de reter
injustamente o bem do outro, mesmo que não contrarie as disposições da lei
civil, é contrária ao sétimo mandamento. Assim, também, reter deliberadamente
os bens emprestados ou objetos perdidos, defraudar no comércio, pagar salários
injustos, elevar os preços especulando sobre a ignorância ou a miséria alheia. São
ainda moralmente ilícitos a especulação, pela qual se faz variar
artificialmente a avaliação dos bens, visando levar vantagem em detrimento do outro;
a corrupção, pela qual se "compra" o
julgamento daqueles que devem tomar decisões de acordo com o direito; a
apropriação e uso privados dos bens sociais de uma empresa; os trabalhos
malfeitos; a fraude fiscal; a falsificação de cheques e de faturas; os gastos
excessivos; o desperdício. Infligir voluntariamente um prejuízo aos
proprietários privados ou públicos é contrário à lei moral e exige reparação.
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