TEOLOGIA DOS MOVIMENTOS
Por: CNBB Itaici, Indaiatuba-SP, abril de 1997 - Comissão Episcopal de Doutrina - Publicado em 26/04/2001
Muitos bispos pediram
que a Comissão Episcopal de Doutrina estudasse a Teologia de alguns Movimentos,
presentes hoje nas nossas comunidades.A CED analisou, seguindo autores dos
próprios Movimentos, os conteúdos teológicos. E apresenta aqui esses estudos e uma
avaliação teológico-pastoral.Esta avaliação, colocada após o estudo de cada
Movimento, é tirada, em seus aspectos positivos e negativos, da bibliografia
consultada e disponível.Analisar mais profundamente as linhas doutrinais
exigiria um trabalho a ultrapassar os limites desta comunicação.Também não foi
possível examinar todos os movimentos pelo número e variedade existentes.Desta
vez nos limitamos aos que nos foram solicitados:
1)-Comunhão e libertação
2)-Focolares
3)-Movimento de
Schönstatt
4)-Neocatecumenais
5)-Renovação Carismática
Conclusão Católica
1. COMUNHÃO
E LIBERTAÇÃO
1. HISTÓRICO. O
nascimento do movimento, em Milão no ano de 1954, coincide com o surgimento da
presença cristã nas escolas secundárias, denominado "Juventude
Estudantil", em parte ligado à Ação Católica. Seu grande inspirador e
ainda hoje seu coordenador é o Pe. Luigi Giussani, então professor do Liceu
Berchet, que desejava ajudar os jovens a manifestar-se decisivamente cristãos
em seu ambiente e unir-se entre si para crescer na fé e praticar a caridade. Cultura,
fé e caridade foram as diretrizes maiores da Juventude Estudantil por 10 anos.
Pelo ano de 1964, o Movimento passa por uma crise, acontecendo êxodo da
instituição, que culmina em 1969, quando é reformulado com o nome de
"COMUNHÃO E LIBERTAÇÃO".
2. LINHAS DOUTRINAIS
1. Essência do anúncio cristão. O Movimento sublinha ser essencialmente o
cristianismo não uma teoria, filosofia ou projeto de vida, nem uma praxe, no
sentido de normas e ritos, aos quais o homem se conforma mediante um esforço
moral. O cristianismo é essencialmente acontecimento, o acontecimento de Deus
que irrompe na história na pessoa de Jesus Cristo para salvar o homem e a
realidade. Este acontecimento e, conseqüentemente, a pessoa de Jesus Cristo, é
a única possibilidade de verdadeira vida e de libertação adequada do homem. Sem
Cristo, o homem é incapaz de superar a contradição entre a necessidade profunda
de libertação, isto é, de relação nova, harmônica consigo mesmo, com os outros
homens e as coisas, e as insuficiências e limites de suas realizações
concretas. O homem tem necessidade de alguém "diferente", capaz
de mudá-lo no ser. Este alguém é Cristo na sua morte e ressurreição. Ele toma
posse definitiva de toda a realidade e a transforma. Portanto, só a comunhão
com Cristo é princípio de verdadeira liberdade e harmonia com toda a realidade.Tarefa do homem é a
fé. Com ela, abre-se, acolhe e dá crédito ao acontecimento misericordioso de
Deus, que vem ao seu encontro em Jesus Cristo. Por meio do ato de fé, o
acontecimento de Deus encontra, objetivamente, a liberdade do homem e o
transforma num ser novo. Mas tal atitude é impossível sem conversão e contrição
profundas. Admitir lucidamente que a salvação e a libertação vem do Outro e que
a essência da própria vida consiste nessa relação de dependência estrutural do
Outro, é fruto de um evento e dom gratuitos, que exigem esvaziamento radical de
si e afastamento de toda presunção.O homem não é o protagonista da sua vida.
Sua vida não é constituída e construída por planos e empreendimentos da sua
humanidade, inexoravelmente manchados pela ambigüidade, mas a base de sua
identidade está em ser amado, tenaz e fielmente, por Deus em Cristo.
2. A realidade
Igreja. Se Jesus Cristo é a única resposta autêntica e exaustiva, o homem só
pode encontrar resposta na Igreja. A Igreja é o âmbito no qual, por vontade
positiva do Senhor, o evento salvífico e libertador reacontece continuamente ao
longo da história. O homem encontra Cristo dentro do sinal-Igreja. Por isso é
necessário que a realidade Igreja se ramifique e multiplique sua presença. As
comunidades da "Comunhão e Libertação" têm este objetivo exclusivo:
tornar-se ambientes nos quais a Igreja vive. Em particular, o Movimento
orientou sua atenção na importância das comunidades cristãs ambientais, onde o
indivíduo está inserido. A escola e o trabalho são 2 ambientes, onde a CL
intensificou sua atividade.Como Cristo é a resposta definitiva à necessidade de
libertação do homem e o encontro com Ele acontece normalmente na Igreja, o
aporte específico dos cristãos será o de reconstruir e dilatar as genuínas
realidades eclesiais. Esta missão não é concebida como um dever a mais, mas
como uma exigência vital, para oferecer aos outros a oportunidade de participar
do evento da Comunhão libertadora, da qual se fez experiência. A tensão à
missão está em proporção exata com a verdade da "comunhão" com Cristo
e sua Igreja.A Igreja tem o
direito e o dever de contestar ao mundo a presunção de querer construir com as
próprias mãos, através de análises e mudanças estruturais, uma resposta global
e exaustiva às interrogações profundas do homem.CL evidencia duas condições
para uma autêntica presença da Igreja. A primeira é a unidade dos cristãos, que
deriva do reconhecimento de uma identidade comum: o estar em comunhão com
Cristo. Esta unidade tem no batismo sua raiz, alimenta-se e exprime-se na
participação comum aos sacramentos, e tende a gerar uma estrutura comunitária
global. A unidade é condição essencial para que a Igreja seja Igreja, isto é,
sacramento de comunhão com Cristo. - A segunda condição é a ligação com a
autoridade, isto é, com o bispo. A esta referência tudo deve ser, interior e
geneticamente subordinado, e eventualmente sacrificado. Por meio da autoridade
brota a energia do mistério.
3. O processo
educativo. A CL repele uma educação "neutra", fundada na
pressuposição de que o Estado tenha condições de produzir autonomamente a
verdade. Tal tese mascara a tentativa ideológica de eliminar a identidade
cultural para consentir ao Estado o monopólio da cultura e de sua transmissão,
que cria no educando a indiferença, o ceticismo, o "qualunquismo",
pressupostos ideais para o desenvolvimento de personalidades fanáticas ou
carolas. CL considera que a educação introduz o jovem na experiência da
realidade total, como desenvolvimento de todas as estruturas de um indivíduo
até sua realização integral, e ao mesmo tempo afirmação de todas as
possibilidade de conexão ativa dessas estruturas com toda a realidade.A
educação deve implicar em tudo o que contribui para evocar e ouvir o desejo de
Deus ( = sentido religioso), que existe em cada homem. Para alcançar esta meta
é indispensável oferecer ao jovem uma hipótese explicativa unitária, que o
liberte da desassociação desgastante, na qual inevitavelmente virá a
encontrar-se diante da disparidade e da contrariedade de propostas e soluções
da sociedade, e em particular da escola."Só uma época de discípulos, pode dar uma época de gênios, porque
somente quem é antes capaz de escutar e compreender, alimenta em si uma
maturidade pessoal que o torna capaz de julgar e de afrontar até -
eventualmente - abandonar o que alimentou".Se isto é verdadeiro
para a vida em geral, em particular é verdadeiro para a vida cristã, um evento
iniciado há 2000 anos e conservado vivo pela transmissão ininterrupta da
Igreja, ideado por Cristo para esta finalidade. Por isso, o jovem é convidado a
confrontar-se com esse patrimônio tradicional de forma atenta e leal. Não num
confronto dialético e discursivo, mas no plano da experiência.Na referência
responsável e cordial a essa autoridade reside a garantia de estar
objetivamente enxertados na vida da Igreja. Mas também, em cada comunidade, é
indispensável que existam pólos de referência autorizados. Na CL essas
autoridades têm um caráter histórico baseado em duplo título: enquanto são
fruto do reconhecimento concorde da comunidade, tendo como critério a qualidade
e relevância de seus testemunho de fé e de vida, e enquanto à duração de seu
mandato é ligada à permanência da vitalidade do testemunho. A autoridade, para
não se tornar despótica e opressora, deve procurar compreender, respeitar e
valorizar os carismas de cada um, isto é, o projeto que o Senhor tem sobre ele. A
pessoa usa mal da sua liberdade, seja quando aceita tudo passivamente, seja
quando defronte a uma proposta que, para ser avaliada, deve ser acolhida
integralmente, faz um trabalho de pré-seleção, fruto do capricho e da correção.
3. AVALIAÇÃO.
1. -
Aspectos positivos. A CL tem apresentado o anúncio cristão aos jovens na sua
essencialidade, em seus elementos fundamentais, aberto e flexível em relação às
possíveis traduções. Privilegia também o indicativo dogmático sobre o imperativo
moral. Outro aspecto: o anuncio cristão deve ser verificado experiencialmente,
como proposta cristã a responder à necessidade profunda de felicidade e de
vida.O anúncio cristão é possível dentro da Igreja, sacramento do encontro com
Deus. Outros caminhos? A CL não os nega. Apresenta o normal.O evento libertador
de Deus, em Cristo, já é uma realidade, ainda que não completa.
2. Aspectos
negativos. Na impostação doutrinal da CL parece haver pouco espaço ao E. Santo,
uma certa impermeabilidade ideológica e o uso reduzido da Sagrada Escritura. O
movimento é também acusado de integrismo, apresentando os modelos
interpretativos e operativos do empenho histórico, sem levar devidamente em
conta a consistência específica e irredutível do fato humano.Também há os que
observam que a praxe pastoral se move não em referência decisiva ao bispo e ao
plano de pastoral, mas às indicações, textos e planos dos lideres do movimento,
parecendo que a única proposta formativa é a do Movimento.Escrevia Urs von Balthasar, amigo do Pe. Giussani: "Existe também,
depois da humilhação do triunfalismo hierárquico, um triunfalismo mais sutil da
ideologia da comunidade ou do grupo. A humildade dos pequenos grupos é hoje o
mais necessário à Igreja, mas também o mais ameaçado: duma parte por causa da
tentação do mundanismo, doutra por causa da tentação de uma autonomia
fechada".Quer-se
substancialmente opor à crise de identidade do projeto leigo uma identidade
forte ( talvez integrista) do associativismo católico. A identidade católica
seria produtora da sociedade civil, sem mediação de um projeto.
2.
FOCOLARES
1. HISTÓRICO. Foi em
1943, durante a última guerra, que surgiu o Movimento dos Focolares, fundado
por Sílvia Chiara Lubich, chamado oficialmente "Opera di Maria". No
meio da destruição geral, causada pelos bombardeios, Chiara e um grupo de
jovens companheiras se perguntaram: "Haverá um ideal que não passa, que
nenhuma bomba pode destruir"? E a resposta chegou: Sim, este ideal é Deus,
que se manifesta no que realmente é: Amor. Decidiram que se fossem vítimas da guerra, se escrevesse
em suas sepulturas: "Nós acreditamos no amor" (1 Jo 4,16). A data
histórica do Movimento é 7 de dezembro de 1943, quando Chiara se consagrou ao
Senhor.Em pouco tempo, atingiu centenas de pessoas em Trento e, depois da
guerra, espalhou-se pelo mundo inteiro, envolvendo diversas formas de vocação:
focolare masculino e feminino, voluntários, casados no Movimento Famílias
Novas, Sacerdotes, Movimento sacerdotal seminarista, Movimento Gen, e numerosas
publicações. A Santa Sé aprovou em 1962 com João XXIII e em 1965 com Paulo VI,
com uma estrutura interna do conselho geral de coordenação, cujo presidente, por
estatuto, sempre deve ser uma mulher.
2. LINHAS
DOUTRINAIS
As linhas doutrinais inspiradoras da espiritualidade do Movimento
estão contidas em doze verdades evangélicas:
2.1. Deus-Amor é a
primeira centelha inspiradora, a compreensão nunca tida antes de Deus como
Amor.
2.2. Fazer a vontade
de Deus é a resposta que se dá ao Deus-Amor, à imitação de Jesus, o Filho que
fez sempre a vontade do Pai.
2.3. Entre as
vontades de Deus destacam-se duas: o mandamento do amor aos irmãos e a Igreja.
2.4. Reciprocidade do
amor fraterno, exigida pelo mandamento novo de Jesus.
2.5. A presença de
Jesus entre os homens, quando estes, amando-se uns aos outros, se reúnem em seu
nome, dá sentido à fraternidade universal que Jesus trouxe à terra para toda a
humanidade.
2.6. Jesus abandonado
na cruz se manifesta, no cume das dores, como chave para recompor a unidade das
pessoas com Deus e entre si, para sanar toda divisão.
2.7. A Palavra de
Vida do Evangelho, como radical reevangelização do próprio modo de pensar, de
amar, de viver, é apresentada cada mês com um breve comentário espiritual de
Chiara.
2.8. Na Eucaristia,
instituída antes da oração pela unidade "que todos sejam um" Jesus é
o vinculo da unidade, o mais poderoso coeficiente para a plena unidade.
2.9. Maria, discípula
por excelência, cristã perfeita, é modelo para cada membro do Movimento,
sobretudo porque tem a função de gerar espiritualmente Cristo entre os homens.
O Movimento foi aprovado como "Obra de Maria" e os seus encontros
mais variados são chamados "Mariápolis".
2.10. À presença de
Jesus na Igreja hierárquica, "quem vos escuta a mim me escuta", não
obstante todas as fraquezas humanas, exigindo realizar as suas ordens e
desejos, se atribui a explosão mundial do Movimento. Mas a unidade com a
hierarquia não impediu que o Movimento explicitasse cada vez mais as exigências
dos diálogos: ecumênico, interreligioso e com os não crentes, em vista do ideal
da unidade.
2.11. No Espírito
Santo o Movimento se reconhece a si mesmo pela típica atmosfera que ele difunde
entre seus membros e por aqueles dons tão característicos da Obra de Maria:
alegria, paz, luz.
2.12. A unidade é o
elemento mais típico e característico da espiritualidade do focolare e que lhe
dá o seu nome particular: "espiritualidade da unidade". Todo o resto,
todos os outros elementos estão finalizados para sua atuação, o grande ideal da
espiritualidade focolarina, o seu objetivo único: "que todos sejam um,
como nós somos um, eu neles e tu em mim, para que sejam perfeitos na unidade e
o mundo reconheça que me enviaste e os amaste, como amaste a mim".
3.
AVALIAÇÃO - Aspectos positivos:
1. O ponto mais
positivo do Movimento é o embasamento da sua espiritualidade nas doze verdades
evangélicas resumidas acima, intrinsecamente relacionadas entre si e
finalizadas para o ideal da unidade, cerne da Boa Nova anunciada por Jesus
Cristo.
2. O Movimento busca
ortodoxia através de uma adesão fiel e aberta ao Magistério da Igreja, mas
acima da ortodoxia teórica procura encontrar no evangelho a ortopráxis
inspiradora de uma vivência pessoal e comunitária, coerente com os valores do
Reino de Deus.
3. Pratica um ousado
e abrangente diálogo ecumênico e interreligioso, partindo de uma transparente
identidade cristã e católica, sem sincretismo, nem irenismo, sem proselitismo,
nem fanatismo. O ecumenismo é colocado na perspectiva do amor e da unidade,
visando a que as pessoas de confissões religiosas diferentes procurem, antes de
tudo, amar-se para além das suas diferenças religiosas, a exemplo de Jesus
abandonado.
4. Num mundo marcado
pela globalização econômica excludente, Chiara promoveu, no interior do
Movimento, um compromisso transformador: a busca de uma "economia de
comunhão", incentivando, para isso, a participação na política mesmo
partidária.
2. Questionamentos:
1. As reflexões de Chiara sobre o mistério do Deus-Amor, ponto de partida de
sua experiência espiritual, não parecem suficientemente claras. Deus é amor
porque é Trindade ou Trindade porque é amor? Ao falar da Trindade, a sua
preocupação é definir a natureza do verdadeiro amor que consiste essencialmente
na doação de si, na oblatividade. Parece supor que este aspecto positivo
pressupõe a negação de si, de modo que o amor é (como doação) e não é (como
negação de si) ao mesmo tempo. Falta-lhe compreender melhor o conceito de
pessoa na Trindade, na qual a pessoa é pura relação transparente à outra
pessoa. Na Trindade, para que uma pessoa ame outra, não precisa que ela se
anule a si mesma, porque ela se percebe como pura relação transparente de
abertura às outras pessoas. Entre nós, seres humanos, marcados pelo pecado, a
oblatividade pressupõe a negação do egoísmo, do fechamento narcisista em si
mesmo. E Jesus abandonado, no seu esvaziamento, é para nós modelo de negação do
egoísmo.
2. Chiara tem falado
muito de espiritualidade coletiva ou comunitária. Necessita-se de uma reflexão
sobre as diferenças entre indivíduo e pessoa, entre coletividade e comunidade.
Quanto mais se é pessoa, mais se é comunidade e vice-versa. Basta romper o
egoísmo e o fechamento opaco do indivíduo para uma abertura oblativa e
comunicativa às outras pessoas.
3. As reflexões sobre
Jesus abandonado estimulam a imitação e seguimento de Cristo no aspecto mais
misterioso do seu mistério. É preciso cuidar, entretanto, para que a explicação
do episódio do abandono de Jesus na
cruz, interpretado, aliás, diversamente pelo próprio Novo Testamento, não
desfigure nem a figura do Filho totalmente confiante no Pai e absolutamente
certo de sua presença, nem a figura do Pai, fonte do amor, que jamais
abandonaria o seu Filho, deixando-o sozinho.
3. Aspectos negativos
1. Como acontece em
relação a outros Movimentos, comenta-se que membros do Focolare tendem a
venerar demasiadamente a figura da Fundadora. Nesse sentido, alguns parecem
valorizar a Palavra da Vida, sobretudo pelo comentário que Chiara faz
mensalmente de uma frase do Evangelho.
2. Comenta-se,
também, que os focolares atingem predominantemente pessoas de classe média,
adotando estilo de vida acima das camadas pobres da sociedade. Isto poderia ser
explicado pelo condicionamento sociológico e psicológico de muitos dos seus
membros. É certo, porém, que, à luz das verdades evangélicas por eles
assumidas, os Focolarinos estão orientados para a opção preferencial pelos
pobres.
3. MOVIMENTO
DE SCHÖNSTATT
1. - HISTÓRICO. Aos
18 de outubro de 1914, o Pe. José Kentenich manifesta a um grupo de jovens
Congregados Marianos sua "secreta idéia predileta": transformar a
Capela da Congregação Mariana, situada no vale de Schönstatt, em Vallendar,
junto ao Reno, capela de São Miguel, um Tabor a partir do qual se manifestem as
glórias de Maria. Não poderia deixar herança maior do que levar N.Sra. do
Rosário a estabelecer, nesta capela, seu trono e distribuir tesouros e milagres
da graça. Era plano "fazer suave violência" a Nossa Senhora através
de orações e sacrifícios, e tornar a Capela São Miguel ponto de partida e
centro de um movimento de educação e renovação religiosa e moral.Surgiram
diversos movimentos: A "União apostólica" é a primeira de suas
comunidades apostólicas laicais. - Em 1920 nasce a "Liga" que
compreende sacerdotes, homens e mulheres de diversas idades e, profissões,
agrupados em vários ramos. - Em 1926 surge a fundação dos Institutos Seculares
de Schönstatt. - Em 1924, a Congregação Mariana do Seminário de Schönstatt
transformou-se no "Movimento Apostólico" de Schönstatt. Hoje a Obra
de Schönstatt compreende: Institutos, Uniões, Liga e Movimento Popular de
Peregrinos. Os santuários, que se constróem no mundo, são reproduções fiéis do
Santuário de Schönstatt.
2. - LINHAS DOUTRINAIS
1. A fé convicta do
Pe. Kentenich era de que a missão e atuação da Mãe de Deus continua até o fim
dos tempos, como "companheira e colaboradora" oficial e permanente de
Cristo em toda a obra da redenção. Mesmo após a assunção ao céu desenvolve sua
atuação, de preferência nos lugares de graças que ela mesma escolhe, e por meio
de pessoas que se colocam à sua disposição. Numa peregrinação a Pompéia, na
Itália, surgiu-lhe esta idéia: Por que Pompéia sim, e Schönstatt não?
2. Os Congregados
Marianos resolveram colocar-se a serviço de Nossa Senhora. Esta consagração
tomou o nome de "Aliança de Amor" e as palavras proferidas, neste 18
de outubro de 1914, denominaram-se mais tarde "Documento de
Fundação". Eles tomaram conhecimento da Congregação Mariana que floresceu
no século XVI em Ingolstadt, e dela tomaram o título "Mãe Três Vezes
Admirável" para a imagem de Maria da Capelinha de São Miguel. Em
Schönstatt recebe-se tríplice graça: a graça do abrigo espiritual, a graça da
transformação interior, e a graça da missão e fecundidade apostólica.
3. O elemento
determinante é a Aliança de Amor com a Mãe Três Vezes Admirável. Em si não é
outra coisa que a aliança feita com Deus no batismo. Por que Mãe Três Vezes Admirável?
Porque Deus fez um Aliança de Amor com a Criação através do homem e com a
mediação da Ssma. Virgem. Nesta aliança pessoal, os contraentes se pertencem
mutuamente: a realeza de Maria nos fica entregue, com a sua segurança. A
Aliança é local, vivida integralmente na Capelinha, pois ali recebe-se
graça específica. Na Capelinha a aliança encontra sua materialização e
seu símbolo. Como conseqüência há necessidade de se vincular estreitamente ao
lugar e fazer dele o lar espiritual. A Aliança de Amor se vive se houver
contato de fé com a Capelinha.
4. O típico de
Schönstatt é pretender realizar a missão por meio de Maria, isto é, mostrar ao
mundo a posição, a dignidade e a missão da Ssma. Virgem, que assegurará a
transformação do mundo em Cristo. O Movimento aspira, como missão, converter-se
numa epifania mariana. Schönstatt quer formar um Capital de Graças a ser
oferecido na Capelinha, dentro do Corpo Místico. Para fundamentar isso lembra a
liberdade humana e a generosidade divina.
5. O Movimento cumpre
sua missão pelo Espírito Santo, que age na Capelinha por meio de Maria. É Ele
quem renova todas as coisas. Outra arma é uma forte autoridade: poucas leis,
mas uma autoridade firme e forte.
6. O espírito do
Movimento apostólico de Schönstatt pode ser sintetizado nestes pontos:
*
Piedade mariana. Maria é a mais perfeita realização do homem novo, da nova
criação, objetivo da salvação realizado por Jesus Cristo.
* Piedade da Aliança.
Deve-se decidir livremente com Maria e como Maria: "Unidos com Maria na
Aliança do Amor, chegaremos a Cristo Jesus, e por Cristo, no Espírito Santo, ao
Pai".
* Piedade de
instrumento. A Família Schönstatt cultiva a consciência de ser um instrumento
totalmente dependente de Deus e da sua graça. Há o cuidado de se orientar na
vontade de Deus, à luz da fé na Providência, e estar em total disponibilidade.
* Santidade de vida
diária. Trata-se de santificar o mundo em todos os seus âmbitos. A idéia da
santidade de todos os dias teve papel decisivo na constituição dos Institutos
Seculares.
* Espírito de
magnanimidade. Vínculos que obrigam sob pecado, só os necessários; liberdade
que aspira ao mais alto grau de amor e cultivo da vida espiritual para atingir
este grau.
* Nos Institutos se
faz a consagração-contrato em lugar dos votos. É uma consagração-contrato que
vincula pela força do direito natural. Os contraentes são cada um de seus
membros e a comunidade. Com esta consagração ascética à Mãe Três Vezes
Admirável o contrato é elevado ao caráter de ato religioso e de entrega total a
Deus.
* Espírito de
família. O princípio teológico de que a graça deve unir-se à natureza é básico.
Procura imitar a família, para que o povo de Deus se torne família de Deus. Por
isso os membros vêem em Schönstatt o lugar de seu nascimento espiritual. Olham
o Fundador como pai espiritual, em cuja pessoa transparece o Pai eterno, do
qual vem toda a paternidade no céu e na terra.
3. AVALIAÇÃO
1. Aspectos
positivos. Nota-se o desejo do Pe. Kentenich de prestar um culto especial à Mãe
de Deus e a busca de uma vida de transformação. Elaborou o sentido de uma
espiritualidade que seja testemunho com linhas ascéticas bem definidas.Outro
aspecto positivo é também o fato de santificar a vida diária e de colocar o
sentido da fé na cotidianidade. O Movimento teve ampla difusão entre o povo,
sobretudo pelas Capelinhas da Visitação, em que as casas recebem a imagem de
Maria e rezam diante dela.
2. Aspectos
negativos: deve-se observar a vinculação demais materializada ao Santuário como
se fosse um absoluto, sem o qual não há uma experiência mais profunda de Deus
em outras formas.Parece colocar Maria numa posição quase independente. Sua
vinculação com Cristo parece tênue. Tem-se a impressão de que o primeiro lugar
é de Maria.A própria Aliança de Amor poderia destacar mais os aspectos de
Aliança tão fortes na Bíblia, e destacar menos esta vinculação com a Capelinha.O
sentido de autoridade também se manifesta de modo muito duro, fazendo com que a
obediência se torne mais um ato material, do que uma disponibilidade mais plena
e abrangente da vontade de Deus.Pode-se questionar a consagração-contrato, como
vinculação pelo direito natural, mesmo colocada no plano religioso. É posta
como algo que vincula mais pelo contrato e o direito do que pela consagração e
entrega generosa a Deus.A figura do Fundador assume uma posição de destaque,
que deve ser sempre considerado como algo fundamental, até mesmo se comparando
com a paternidade de Deus.
4. NEOCATECUMENAIS
1. HISTÓRICO. O
caminho neocatecumenal, também chamado de itinerário de iniciação cristã das
comunidades neocatecumenais, nasceu em 1964 em Madri, nas favelas de Palomeras
Altas, por inspiração do pintor Francisco Argüello (Kiko), convertido do
ateísmo existencialista à fé cristã. Caminhava no bairro com a bíblia, um
crucifixo e um violão. Mais tarde um membro de Instituto Religioso, que passava
por Madri rumo à Bolívia, Carmen Hernández, associou-se ao projeto. Hoje o
movimento neocatecumenal está presente em 90 nações e em todos os continentes.
2. LINHAS DOUTRINAIS.
A base doutrinal se fundamenta no anúncio da ressurreição de Jesus Cristo; no
Servo de Deus como sentido da cruz de cada homem; na redescoberta do batismo
como meta; no catecumenato como caminho de conversão e de fé. O caminho
catecumenal se propõe ser uma síntese original da totalidade do cristianismo.Teologicamente
o catecumenato não quer responder à teologia do laicato, mas sim à eclesiologia
da comunhão.
1. Essência do anúncio cristão. O Movimento sublinha ser essencialmente o cristianismo não uma teoria, filosofia ou projeto de vida, nem uma praxe, no sentido de normas e ritos, aos quais o homem se conforma mediante um esforço moral. O cristianismo é essencialmente acontecimento, o acontecimento de Deus que irrompe na história na pessoa de Jesus Cristo para salvar o homem e a realidade. Este acontecimento e, conseqüentemente, a pessoa de Jesus Cristo, é a única possibilidade de verdadeira vida e de libertação adequada do homem. Sem Cristo, o homem é incapaz de superar a contradição entre a necessidade profunda de libertação, isto é, de relação nova, harmônica consigo mesmo, com os outros homens e as coisas, e as insuficiências e limites de suas realizações concretas. O homem tem necessidade de alguém "diferente", capaz de mudá-lo no ser. Este alguém é Cristo na sua morte e ressurreição. Ele toma posse definitiva de toda a realidade e a transforma. Portanto, só a comunhão com Cristo é princípio de verdadeira liberdade e harmonia com toda a realidade.Tarefa do homem é a fé. Com ela, abre-se, acolhe e dá crédito ao acontecimento misericordioso de Deus, que vem ao seu encontro em Jesus Cristo. Por meio do ato de fé, o acontecimento de Deus encontra, objetivamente, a liberdade do homem e o transforma num ser novo. Mas tal atitude é impossível sem conversão e contrição profundas. Admitir lucidamente que a salvação e a libertação vem do Outro e que a essência da própria vida consiste nessa relação de dependência estrutural do Outro, é fruto de um evento e dom gratuitos, que exigem esvaziamento radical de si e afastamento de toda presunção.O homem não é o protagonista da sua vida. Sua vida não é constituída e construída por planos e empreendimentos da sua humanidade, inexoravelmente manchados pela ambigüidade, mas a base de sua identidade está em ser amado, tenaz e fielmente, por Deus em Cristo.
1. - Aspectos positivos. A CL tem apresentado o anúncio cristão aos jovens na sua essencialidade, em seus elementos fundamentais, aberto e flexível em relação às possíveis traduções. Privilegia também o indicativo dogmático sobre o imperativo moral. Outro aspecto: o anuncio cristão deve ser verificado experiencialmente, como proposta cristã a responder à necessidade profunda de felicidade e de vida.O anúncio cristão é possível dentro da Igreja, sacramento do encontro com Deus. Outros caminhos? A CL não os nega. Apresenta o normal.O evento libertador de Deus, em Cristo, já é uma realidade, ainda que não completa.
As linhas doutrinais inspiradoras da espiritualidade do Movimento estão contidas em doze verdades evangélicas:
3.
AVALIAÇÃO - Aspectos positivos:
1. As reflexões de Chiara sobre o mistério do Deus-Amor, ponto de partida de sua experiência espiritual, não parecem suficientemente claras. Deus é amor porque é Trindade ou Trindade porque é amor? Ao falar da Trindade, a sua preocupação é definir a natureza do verdadeiro amor que consiste essencialmente na doação de si, na oblatividade. Parece supor que este aspecto positivo pressupõe a negação de si, de modo que o amor é (como doação) e não é (como negação de si) ao mesmo tempo. Falta-lhe compreender melhor o conceito de pessoa na Trindade, na qual a pessoa é pura relação transparente à outra pessoa. Na Trindade, para que uma pessoa ame outra, não precisa que ela se anule a si mesma, porque ela se percebe como pura relação transparente de abertura às outras pessoas. Entre nós, seres humanos, marcados pelo pecado, a oblatividade pressupõe a negação do egoísmo, do fechamento narcisista em si mesmo. E Jesus abandonado, no seu esvaziamento, é para nós modelo de negação do egoísmo.
Eis alguns pilares, nos quais se baseia o neocatecumenato:
1. O anúncio da
ressurreição de Jesus Cristo. Na primeira etapa afirma o querigma da
ressurreição. Pede-se ao catecúmeno vida nova, que só é possível na medida em
que nascer o homem novo, revestido de Jesus Cristo. A ética cristã tem que ser
moral responsorial: a graça precede ao dever, a iniciativa à resposta humana, a
ação de Deus ao imperativo e à parenese da atuação do homem. No princípio,
pede-se que se escute a palavra de Deus, para se preparar às demais exigências
cristãs. O anúncio da ressurreição se dirige aos homens escravizados pelo temor
da morte. Ao pecar, o homem faz experiência de morte, porque o pecado destrói o
homem por dentro. O momento querigmático é atualizado com a narrativa da queda de
Adão e Eva. Ao pecar, os primeiros pais fizeram uma experiência de morte, de
ruptura, de acusação. Dentro da situação existencial do homem com o temor da
morte, ressoa o querigma da ressurreição de Jesus, como alegre notícia. A
teologia de Paulo (particularmente Romanos e Coríntios) é chave de leitura. O
anúncio da ressurreição abre o caminho neocatecumenal, que inicia a formação da
comunidade e a reconstrução da Igreja. É uma iniciação à experiência pessoal de
conversão.
2. Caminho de fé e
conversão. Os que receberam o querigma começam, comunitariamente como povo, uma
caminhada, um itinerário. Aqui aparecem os paradigmas de Abraão e Maria. É um
autêntico catecumenato, por ser uma iniciação à fé, à conversão e ao batismo.
Por se tratar de catecumenato pós-batismal chama-se neocatecumenato. À medida
que a palavra de Deus ilumina, se aprendem 3 lições fundamentais: a primeira é
que Javé, o Pai de Jesus Cristo, é o único Deus.Cantar o shemá é recordar e
confessar a unicidade de Deus. O catecúmeno deve dar sinais de que o dinheiro
não é seu deus. - O segundo escrutínio é confrontação profunda com as
tentações do dinheiro, da história e dos ídolos. É um passo decisivo no caminho
neocatecumenal - Outro descobrimento é a cruz gloriosa. Deus, ressuscitando Jesus,
mudou a morte ignominiosa da cruz em motivo de esperança, glória e salvação. A
cruz não destrói o homem unido a Cristo pela fé. O catecúmeno vive uma vida que
supera a morte: a vida eterna. A vida começada é garantia de consumação da
promessa e da esperança. Dentro desse horizonte escatológico descobre-se também
a realidade do juízo e do inferno. O evangelho de Jesus Cristo implica num
julgamento de salvação ou de ruína.
3. A comunidade como
realização de Igreja. A pregação querigmática tende à reconstrução da
comunidade. Segundo seus fundadores, não é um grupo espontâneo, nem uma
comunidade de base, nem uma associação de leigos, nem um movimento de
espiritualidade, nem um grupo de elite da paróquia. A comunidade neocatecumenal
quer ser Igreja de Jesus Cristo que se realiza num lugar determinado, onde se
proclama a palavra de Deus e se celebram os sacramentos. A comunidade
neocatecumenal é uma realização local da igreja infra e intraparoquial. A
comunidade, presidida por um presbítero, se insere na paróquia, e para abrir o
caminho neocatecumenal numa diocese os catequistas pedem autorização ao bispo.
Segundo os neocatecumenais, não há dupla hierarquia: uma, de Kiko, passando
pelos catequistas; e outra, do bispo, passando pelo pároco ou pelo presbítero
da comunidade. O caminho neocatecumenal é um caminho de evangelização no mundo
secularizado, descristianizado e descrente. Nisso são decisivos os
"catequistas itinerantes", que saem de suas comunidades, e a elas
retornam para ir a outros lugares. Eles devem ser: enviados pela Igreja em seus
presidentes, testemunhas da ressurreição pelo encontro pessoal com o Senhor
vivo, e desprovidos de bolsa e toda segurança.Resumindo, as dimensões que
constituem o neocatecumenato são: Querigma, Caminho e Comunidade. O anúncio
abre um caminho de conversão e cria comunhão nos que acolhem a palavra da
salvação. Na comunidade se recebe e se desenvolve a fé. A quenose faz chegar à
realidade, por vezes desconhecida ou rejeitada.O caminho quer ser demorado, sem
queimar etapas. A inquietude de diversos pastores é de parecer prolongar-se
indefinidamente. Forma-se o tripé na palavra, liturgia e comunidade. A palavra
de Deus alimenta a fé, na mesa eucarística entra-se no dinamismo de Jesus
Cristo morto e ressuscitado, e assim nasce a Igreja, como corpo do Senhor.Nas
comunidades se celebra a Palavra uma vez por semana; nos sábados à noite,
abrindo o descanso dominical, reúnem-se para a Eucaristia; e a comunhão se
propicia particularmente por uma convivência mensal, onde cada um comunica a
experiência do seu itinerário de fé.
O
caminho neocatecumenal é marcado por etapas, escrutínios, passos, exorcismos,
ritos. Eis as etapas mais caracterizadas:
a) Etapa querigmática
(poucos meses). Começa quando um pároco manifesta desejo de abrir o caminho
neocatecumenal. Recebe então uma equipe de catequistas. Isso dura uns 2 meses
com catequeses semanais em 3 partes: a 1a. tem como ponto culminante o anúncio
de Jesus Cristo, vencedor da morte e do mal. Termina com uma celebração
penitencial. - A 2a. se abre com a Palavra de Deus, anunciando o querigma.
Abraão torna-se um paradigma forte com sua fé e o sacrifício do filho Isac. O
êxodo do Egito mostra o poder de Deus quebrando todos as formas de morte e
escravidão. Na celebração da Palavra os participantes recebem a Bíblia das mãos
do bispo. - A 3a. etapa é a convivência num final de semana com a Eucaristia
através de catequeses e duma celebração solene e festiva.
b) Pré-catecumenato
(2 anos). Faz-se com catequeses, encontros por grupos e reflexão pessoal.
Culmina com o primeiro escrutínio no marco duma celebração pré-batismal, na
qual se escreve o nome na Bíblia da comunidade, pede à Igreja a fé, mostra
disponibilidade de receber o Espírito Santo. A Igreja, morada do Espírito,
acolhe, sob sua custódia maternal, os que terminam esta etapa, guiando-os à
renovação do batismo.
c) Passo ao
catecumenato (2 anos). É uma etapa para reconhecer e aceitar a própria
realidade pessoal. A celebração da Palavra tem como conteúdo as grandes
realidades da história da Salvação: Abraão, Êxodo, Deserto, Aliança, Terra
Prometida, Reino, Exílio, Profetas, Criação, Messias, Ressurreição, Igreja,
Parusia. Através de 4 semanas é introduzida a comunidade em cada tema.
Termina-se com o segundo escrutínio, iluminado pelas tentações de Jesus e de
Israel, e a renúncia aos bens. No primeiro escrutínio se havia entregue o
Espírito com seus dons para amar a Deus e o próximo na dimensão da Cruz; aqui,
se interroga sobre a negociação realizada com aqueles talentos na luta contra o
poder do dinheiro. Neste momento, se arrecada quantias de dinheiro para se
destinar aos pobres da paróquia.
d) Catecumenato (3
anos). Destacam-se: o símbolo da fé, o Pai Nosso, os mandamentos de Deus que se
resumem no shemá e no amor ao próximo, e nos sacramentos. Destacam-se algumas
figuras bíblicas: Abraão é a fé, Jacó a eleição, José a providência, Moisés a
condução do povo. Os catecúmenos são, então iniciados na oração quotidiana. Nas
celebrações domésticas, busca-se valorizar os salmos, começando rezar Laudes.
Passado um ano com os salmos, a Igreja entrega o símbolo da fé. São enviados
dois a dois a visitar as famílias, incorporando-se à missão evangelizadora da
Igreja. Terminado o anúncio pelas casas, numa assembléia paroquial farão a
"redditio" do Creio, confessando publicamente a fé. No domingo de
Ramos receberão a palma, como sinal do testemunho de Cristo que pode chegar até
o martírio. Transcorrido um ano, recebem o Pai Nosso.
e) Eleição (2
anos). Numa liturgia se escreve o nome no Livro da Vida. Só passam aqueles que demonstraram
aliança com Deus em Jesus Cristo.
f) Renovação das
promessas batismais. É o último passo. É o tempo pascal para os que terminaram
de renovar o batismo. Conclui-se assim o caminho do catecumenato.Cada fase é
marcada por gestos e símbolos especiais, e por escrutínios, feitos por pessoas
"fora" do grupo local.
3. AVALIAÇÃO.
1. Aspectos
positivos: O neocatecumenato preocupa-se em reviver o sentido profundo do
batismo com sua vivência cristã e pertença à Igreja. Quer recuperar a antiga
tradição da Igreja, desejando produzir nos cristãos verdadeira conversão. O
caminho é exigente e demorado. Há muitos aspectos positivos, sobretudo pela
busca da vivência batismal compromissada. É intenção de seus fundadores
recuperar o sentido do batismo e seu testemunho de vida nova. São etapas muito
exigentes, que exigem perseverança. É de admirar a austeridade do caminho.
2. Aspectos negativos:
a)- Diversos autores
apontam ser um itinerário muito rígido, parecendo que a vida em Deus e na
Igreja é marcada por critérios matemáticos. É uma exigência muito forte para
leigos, parecendo-se mais um modelo de vida consagrada.
b)- Outro aspecto
levantado é a tonalidade forte do pecado, particularmente na primeira fase,
chegando alguns a chamar de "protestantização". A impressão é de que
o pecado é a força maior, enquanto a ressurreição e a Palavra de Deus não se
apresentam fortemente como valor permanente de vida nova.
c)- Questiona-se
também o aspecto de parecer uma espécie de Igreja dentro da Igreja. Os
catecúmenos afirmam que nada se faz sem anuência do bispo e do pároco. Porém,
certas atitudes parecem desfazer as celebrações da comunidade. Convertem-se
numa Igreja paralela, porque se auto excluem da comum vida eclesial e das esperanças
e temores da sociedade, deixando de lado as tarefas sociais e os aspectos
coletivos da fé, ficando a secularidade específica dos leigos escassamente
assumida.
d)- Não faltam os que
observam que o caminho neocatecumenal se apresenta como algo absoluto, quase
desprezando os demais movimentos apostólicos e outros jeitos de viver e
testemunhar a fé, dando a impressão de que o catecumenato é o único caminho de
salvação. Cada cristão deve assumir pessoalmente seu batismo, como sacramento
de fé e conversão.
e)- A teologia do
Movimento deu origem a específicos métodos de arquitetura nas Igrejas, como
também formas próprias de imagens sacras, cantos, ministérios e linguagem
simbólica. Outro aspecto é o organização da pastoral vocacional própria, até
com seminários. Tudo isso serve para aumentar ainda mais a crítica de
"caminho independente".
f)- Alguns dizem que
se absolutiza demais os líderes, Kiko e Carmen, como também questiona-se o
montante de recursos econômicos utilizados.
5. RENOVAÇÃO CARISMÁTICA CATÓLICA
1. - HISTÓRICO. O
Pentecostalismo, de longa data presente no Protestantismo, teve seu despertar
com o surgimento de novos movimentos no início do século XX, nos Estados
Unidos, difundindo-se pelo mundo. A partir de 1967 penetrou na Igreja Católica
com o nome de Renovação Carismática Católica ou Renovação no Espírito.O início
deve-se a um grupo de professores e alunos da Universidade Católica da
Pensylvania e da Universidade Católica de Indiana. Em 1967 realiza-se o
primeiro Congresso do movimento. O movimento carismático chega ao Brasil em
1972 através dos jesuítas. Fala-se hoje de cerca 40 milhões de adeptos
católicos no mundo, dos quais 30% na América Latina.Na sua organização, a
RCC se apresenta em nível internacional com o ICCRO (= Internacional Catholic
Charismatic Ofice - em Roma); - em nível latino-americano em Bogotá com
realização de encontros cada 2 anos; - em nível nacional tem um conselho
nacional de 15 membros, que se reúne 2 vezes por ano; - existem as equipes
regionais de acordo com os Regionais da CNBB.A Comissão Nacional
se encontra em Brasília e consta de 7 membros, que atende as equipes regionais,
promove encontros nacionais e edita o Boletim Nacional.- Em nível local o
núcleo ou equipe de servos organiza reuniões.
2. - LINHAS
DOUTRINAIS
1. A RCC deseja dar
uma teologia trinitária, centrada porém na pessoa e missão do Espírito Santo.
Jesus, em sua humanidade, recebe o Espírito e o envia. E a Igreja, como
sacramento de Cristo, estende aos homens a unção do Cristo pelo Espírito Santo,
que permanece na Igreja como perpétuo Pentecostes. A plenitude de vida no
espírito é um bem comum da Igreja, embora nem todos se apropriem com igual
intensidade. Sem Espírito e seus carismas não há Igreja. Neste
sentido todo cristão deve ser carismático. Os ministérios são carismas de modo
que não há oposição entre Igreja institucional e Igreja carismática. Propõe um
sopro do Espírito Santo para os cristãos terem uma experiência pessoal e vida
da presença e ação de Deus, fazendo-os reconhecer que Jesus Cristo é o Senhor
de suas vidas, da Igreja e da história. Professa um novo Pentecostes, levando a
uma vida nova, de acordo com o Espírito.
2. Valoriza a oração
individual e comunitária, principalmente de louvor, a partir da vida e da
Palavra de Deus. Através de reuniões semanais e Seminários de Vida deseja
evangelizar e aprofundar o estudo da Sagrada Escritura.
3. Não pretende
constituir uma estrutura, mas engajar-se nas estruturas já existentes da
Igreja: CEBs, paróquias e dioceses. Põe-se a serviço da Igreja para a renovação
espiritual.
4. O plano de ação se
desenvolve em diversos níveis com a associação dos servos, e procura se situar
diante das realidades locais, buscando assim espiritualidade e atividades
variadas, quase sempre fundamentadas no tripé: testemunho, perseverança e
crescimento.
3.AVALIAÇÃO.
É útil
recordar que o Conselho Permanente publicou orientações, ressaltando tanto os
pontos positivos, como negativos, chamando a atenção para alguns pontos
considerados essenciais. O Documento 53 da CNBB: "Orientações Pastorais
sobre a Renovação Carismática Católica" é um instrumento válido e claro
para ajudar o Movimento a crescer e ser útil à Igreja.Resumimos alguns pontos:
1. Aspectos
positivos:
Assinalam-se os seguintes: a busca da oração individual e
comunitária, o amor à palavra de Deus, a disponibilidade à vontade de Deus, a
manifestação dos carismas, a maior união familiar, o sentido de louvor, a
valorização do Espírito Santo, a redescoberta do papel de Maria, a freqüência
aos sacramentos, e o surgimento de vocações sacerdotais e religiosos.
2. Aspectos
negativos:
-A oração em línguas pode gerar a impressão de constituir ponto alto
de espiritualidade e o dom das curas cair no curandeirismo, sem valorizar
suficientemente o mistério da cruz e o valor salvífico do sofrimento.
- O
repouso no Espírito pode ocasionar um clima de histeria coletiva e levar à
debilidade psíquica, e o apelo indiscriminado aos carismas ocasionar confusões
e fanatismo, sem distinguir dom do Espírito e desvio psicológico.
- O chamado
"batismo no Espírito" pode criar confusão em relação às dimensões do
sacramento do batismo.
- A fácil credibilidade em profecias e visões podem
levar as pessoas a ser joguete do vento de qualquer doutrina, comprometendo a
fé católica.
- A insistência unilateral, pneumatológica, pode deixar sombras
no mistério da Encarnação.
- O fechamento na própria espiritualidade, como
única "renovada", causa tensões na própria Igreja.
- A interpretação
da Sagrada Escrituras, sem a devida preparação e orientação, pode gerar um
fundamentalismo e um intimismo não condizentes com a fé católica.
- A
insistência nos exorcismos e na ação maléfica do demônio produz a impressão de
que ele é o senhor do mundo e assim esvaziar a ação libertadora de Cristo.
-
Algumas práticas, como a unção do óleo, aclamações durante e após a
Consagração, a comunhão fora da Missa, podem ser utilizadas fora do espírito
litúrgico. Os pontos acima são reais, se não houver sólida formação ou se a
coordenação da RCC não estiver na mão de pessoas equilibradas e de preparação
eclesial.
CONCLUSÃO
Esta exposição da
teologia dos movimentos destaca apenas alguns pontos, que pareceram importantes
para despertar estudo mais aprofundado. Sabe-se da variedade de opiniões a
favor e contra.Os Movimentos possuem estrutura própria, espiritualidade
própria, orientação própria, líderes próprios. Eles podem ser dentro da Igreja
autêntico fermento evangelizador, como podem criar igrejas paralelas. Se
permanecerem fermento evangélico, poderão prestar grande ajuda às pastorais;
mas se se firmarem como igrejas paralelas, fechadas em si mesmas, podem
prejudicar a evangelização, a pastoral, a Igreja em sua missão evangelizadora. Por
isso, é indispensável que os Movimentos e Grupos se insiram na pastoral de
conjunto de toda a ação evangelizadora e pastoral da Igreja. Sugere-se que teólogos e pastoralistas das várias tendências examinem
atentamente todos os aspectos, positivos e negativos de cada movimento, para
assim se chegar a uma sadia e proveitosa discussão para o bem da Igreja e da
evangelização.
Itaici,
Indaiatuba-SP, abril de 1997
Comissão Episcopal de
Doutrina
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APOSTOLADO BERAKASH: Como você pode ver, ao contrário de outros meios midiáticos, decidimos por manter a nossa página livre de anúncios, porque geralmente, estes querem determinar os conteúdos a serem publicados. Infelizmente, os algoritmos definem quem vai ler o quê. Não buscamos aplausos, queremos é que nossos leitores estejam bem informados, vendo sempre os TRÊS LADOS da moeda para emitir seu juízo. Acreditamos que cada um de nós no Brasil, e nos demais países que nos leem, merece o acesso a conteúdo verdadeiro e com profundidade. É o que praticamos desde o início deste blog a mais de 20 anos atrás. Isso nos dá essa credibilidade que orgulhosamente a preservamos, inclusive nestes tempos tumultuados, de narrativas polarizadas e de muita Fake News. O apoio e a propaganda de vocês nossos leitores é o que garante nossa linha de conduta. A mera veiculação, ou reprodução de matérias e entrevistas deste blog não significa, necessariamente, adesão às ideias neles contidas. Tal material deve ser considerado à luz do objetivo informativo deste blog. Os comentários devem ser respeitosos e relacionados estritamente ao assunto do post. Toda polêmica desnecessária será prontamente banida. Todos as postagens e comentários são de inteira responsabilidade de seus autores e não representam necessariamente, a posição do blog. A edição deste blog se reserva o direito de excluir qualquer artigo ou comentário que julgar oportuno, sem demais explicações. Todo material produzido por este blog é de livre difusão, contanto que se remeta nossa fonte. Não somos bancados por nenhum tipo de recurso ou patrocinadores internos, ou externo ao Brasil. Este blog é independente e representamos uma alternativa concreta de comunicação. Se você gosta de nossas publicações, junte-se a nós com sua propaganda, ou doação, para que possamos crescer e fazer a comunicação dos fatos, doa a quem doer. Entre em contato conosco pelo nosso e-mail abaixo, caso queira colaborar:
filhodedeusshalom@gmail.com
O
caminho neocatecumenal é marcado por etapas, escrutínios, passos, exorcismos,
ritos. Eis as etapas mais caracterizadas:
-A oração em línguas pode gerar a impressão de constituir ponto alto de espiritualidade e o dom das curas cair no curandeirismo, sem valorizar suficientemente o mistério da cruz e o valor salvífico do sofrimento.
- O repouso no Espírito pode ocasionar um clima de histeria coletiva e levar à debilidade psíquica, e o apelo indiscriminado aos carismas ocasionar confusões e fanatismo, sem distinguir dom do Espírito e desvio psicológico.
- O chamado "batismo no Espírito" pode criar confusão em relação às dimensões do sacramento do batismo.
- A fácil credibilidade em profecias e visões podem levar as pessoas a ser joguete do vento de qualquer doutrina, comprometendo a fé católica.
- A insistência unilateral, pneumatológica, pode deixar sombras no mistério da Encarnação.
- O fechamento na própria espiritualidade, como única "renovada", causa tensões na própria Igreja.
- A interpretação da Sagrada Escrituras, sem a devida preparação e orientação, pode gerar um fundamentalismo e um intimismo não condizentes com a fé católica.
- A insistência nos exorcismos e na ação maléfica do demônio produz a impressão de que ele é o senhor do mundo e assim esvaziar a ação libertadora de Cristo.
- Algumas práticas, como a unção do óleo, aclamações durante e após a Consagração, a comunhão fora da Missa, podem ser utilizadas fora do espírito litúrgico. Os pontos acima são reais, se não houver sólida formação ou se a coordenação da RCC não estiver na mão de pessoas equilibradas e de preparação eclesial.
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Amados irmãos e irmãs em Cristo Jesus!
O respeito as autoridades da Igreja é de uma importância vital para cada um de nós, todavia não está no querer do homem definir o que o Espirito Santo deseja realizar!.
Até porque, Jesus mesmo disse: O Espirito sopra onde quer, vc houve o ruído mas não sabe de onde vem e nem para onde vai.
Amados imaginemos a seguinte cena: O Espirito Santo, capacita vc a viver na graça santificadora e de uma comunhão perfeita com Ele, ao ponto da Ação Dele em vc os mortos ressuscitem.
O que diria os homens do nosso tempo, a respeito desse fato?
Por ventura, O Espirito Santo precisa fazer um comunicado prévio a alguém, para realizar o que Ele quer em nossas vidas?
Ou até mesmo Ele, querendo realizar esses prodigios em nosso tempo, qual homem pode impedi-lo?
Amados, não podemos colocar limites no Poder de Deus.
Nós homens, não temos intelecto de santidade suficiente para determinar o que Deus quer ou não fazer!
Deus abençoe a todos e que através de Jesus Cristo, sejamos repletos do Espirito Santo.
Paulo Bandeira( Charles ).
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