(foto reprodução)
Foi censura? Não! Censura é a análise da obra
artística por um censor baseando-se em critérios morais e, ou, políticos para a
liberação ao público. Ali foi um BOICOTE não de um censor, mas da sociedade que
se sentiu ofendida! Aliás. Boicotes têm sido uma ferramenta especialmente usada
pela comunidade LGBT. Quando os estilistas Domenico Dolce e Stefano Gabbana,
eles mesmos homossexuais, se disseram favoráveis à família natural, o cantor e
compositor Elton John convocou um boicote aos produtos da grife. Em 2013, Guido
Barilla, presidente da empresa de massas que leva seu sobrenome, disse a uma
rádio italiana que os anúncios publicitários da marca só teriam famílias
tradicionais, também foi alvo de boicote. E um caso especialmente emblemático é
o de Brendan Eich, criador do Java Script. Em 2008, quando os californianos
votaram em plebiscito sobre o status do casamento homoafetivo no estado, Eich
havia doado US$ 1 mil para a campanha favorável ao casamento natural. Poucos
dias após Eich se tornar CEO da Mozilla, começou uma campanha de boicote ao
navegador de internet produzido pela empresa. Mesmo defendido por funcionários
e executivos, que informaram jamais ter presenciado algum ato discriminatório cometido
por Eich contra homossexuais, ele pediu demissão do cargo. O Santander cancelou
a exposição por conta própria, sem que nenhuma coerção estatal fosse
necessária. Conservadores, liberais, o Terça Livre e o MBL não pediram que o
Estado proibisse ou fechasse a mostra, mas agiram no campo das ideias e por
pura pressão popular conseguiram o que queriam. Além do mais, os fascistas do
MBL e os "obscurantistas conservadores" conseguiram, com essa
campanha de boicote (belo e moral), 800 mil reais de volta aos cofres públicos,
já que o Santander cancelou a exposição com um mês de antecedência. Esse
montante poderá ser investido em saúde e segurança, por exemplo. Já os
esquerdistas histéricos, fizeram o que pelo Brasil?
Os artistas podem usar seu próprio dinheiro
e espaço para fazê-lo, ou achar quem queira. Ninguém, nem o estado irá
impedi-los,ou seja, censurá-los. As obras poderão continuar sendo expostas em
outros locais, com outros patrocinadores,sinal de que não sofreram sensura
alguma.Cada um é livre para expressar o que der vontade, dentro da lei, mas não
pode obrigar ninguém a financiar ou assistir isso! Simples! Claro! Cartesiano! A
dificuldade em aceitar que o outro também pensa é fruto de décadas de grupos e
cartilhas dominando o cenário “intelectual” da Terra de Santa Cruz.
Ora a sociedade não está entendo este discurso
esquizofrênico, porque as premissas sempre foram: a arte suscita a crítica, e a
crítica está ocorrendo, e qualquer pessoa pode interpretar uma obra como
quiser, o que tem sido feito, então por que a indignação?De todo modo, o que se
extrai de mais importante disso tudo é que nenhum de nós é irrelevante. Mesmo
uma onda é formada por suas gotas.Você só pode responder por suas ações, e não
pelo outro, e entender isso aborta o germe de ditador e vítima dentro de
você.Vinte mil pessoas apagando as luzes ao saírem de um ambiente, fechando a
torneira ao escovar os dentes, dizendo “obrigado”e “por favor”, não praticando
pequenos atos de corrupção ou deixando de gastar o seu dinheiro nos lugares que
vilipendiam seus valores: o mundo pode mudar.
E já que falamos de críticas à
religião, é oportuno recordar que Buda lecionava que não se deve acreditar em
algo porque alguém disse ou porque está num livro, mas somente após o
escrutínio racional, livre das paixões e guiado pelo bem, deve-se chegar a uma
conclusão.
O
respeito a diversidade é uma via de mão dupla, pois a liberdade de um termina
onde começa a do outro, precisamos entender que liberdade não é licença para
ofender e agredir quem pensa diferente. A liberdade de expressão, como qualquer
outro direito fundamental, não é absoluta. Tem limites! Não deve servir como
justificativa ou pretexto para incitar a violência, ofender a honra alheia,
desrespeitando, com isso, frontalmente outros direitos fundamentais, igualmente
protegidos pela Constituição. Agredir os valores culturais, inclusive os
de base religiosa, de qualquer grupo humano, é gesto deplorável. Não importa se
o alvo é um bem imaterial de tradição cristã - ocidental, africana, indígena,
muçulmana. A arte não pode tudo!
Ninguém pode tudo! Respeito é linguagem
universal. Shakespeare disse a mesma coisa por intermédio de sua Julieta:
"o que há num nome? aquilo a que chamamos rosa, por qualquer outra
palavra, exalaria perfume igualmente doce” .E qual o cheiro de algumas das
obras da exposição em voga? Cada um decide.O obejtivo da exposição não é a
arte, mas o mesmo de parte de seus idealizadores: Atacar o cristianismo, atacar
valores caros para muitas pessoas. E sexo, muita exposição gratuita de sexo,
inclusive com animais. É uma tentativa que está pelo menos trinta anos
atrasada, porque me lembro de ver críticas mais inteligentes.Ora, os apoiadores
da Queermuseu deveriam estar satisfeitos. Se o objetivo da arte é suscitar o
debate, ele foi alcançado. Agora, se o objetivo é conduzir a mentalidade das
pessoas para caminhos pré-traçados por uma minoria, aí talvez não tenha
funcionado mesmo.Dessa vez não houve o monopólio do discurso. De forma
espontânea, as pessoas entenderam que poderiam criticar a exposição, e, sim,
crítica não é censura.Anos de aparelhamento intelectual parecem ruir lentamente
quando o “homem comum” resolve dizer “não”, seja ao estado, seja às grandes
corporações, seja às cartilhas ideológicas gestadas por seletos grupos.Desnecessária
nesse caso a intervenção de políticos ou o uso do Judiciário, este último
símbolo do grande paternalismo nacional com seus 80 milhões de processos,
considerando que a sociedade prefere judicializar qualquer questão, de briga de
vizinho a eutanásia, e terceirizar o rumo de suas vidas a uma turma, a debater
racionalmente o assunto.Milhares de correntistas do banco disseram: “Ei, não
queremos financiar isso. Vamos procurar algum outro banco”.O Santander,
instituição privada que é, percebeu que a ideia que parecia genial gestada no
ar condicionado entre um cafezinho e outro, como qualquer flor de estufa, não
resistiu ao primeiro vento de realidade.
Se o propósito foi fortalecer o grupo na minha ótica
apenas o enfraqueceu, pois na medida em que se utilizam de estratégias
deliberadamente provocativas, desrespeitosas, de escárnio e deboche, a única
coisa que conseguem é aumentar o preconceito e o desprezo de muitos que já têm
dificuldade de aceitá-los, jogando por terra o esforço daqueles ativistas
sérios que buscam derrubar as barreiras do preconceito. Transformaram a sua
causa num palco para as mais espúrias demonstrações de afronta e libertinagem e
depravação moral, que em nada contribui para o bem da sociedade. Estes não
querem direitos, buscam apenas um pretexto para escandalizar e chamar atenção.
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